junho/julho de 2010
www.arauto.info
circulação em Salto e Itu
distribuição gratuita
Nº 16
O Jornal O Arauto é uma publicação da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio - CEUNSP
A ditadura do
CORPO
Foto: Tabata Coradini/Arte: Murilo Santos
Exercícios físicos, dietas,
operações plásticas... Mais um
capítulo da obsessiva busca
por uma aparência melhor
pág.06
Paulo H. Baldini/O Arauto
Faz mais de 1 ano...
Leia no Jornal do CEUNSP:
que alguém estuprou
e matou duas
adolescentes em Salto.
Ninguém sabe quem foi.
E poucos se importam.
Responsabilidade Social
Engenharia debate
sociedade e meio ambiente
no mundo corporativo.
Literatura sabor CEUNSP
Ex-estudante de Letras de Itu pág.10
lança segundo romance.
Agora conta a história de Héron,
que se arrepende da vida e
quer recuperar o tempo perdido.
Que bicho é esse
que tanto assusta
os universitários?
FCA brilha no Intercom
pág.10
Copa do Mundo:
a evolução dos televisores
Solidariedade
pág.03
Toneladas de alimentos e
produtos de primeira necessidade
foram doados a instituições
graças a Semana da Fatec.
pág.09
Como faturar algum
nas férias escolares
pág.07
pág.04
Alessandra Luvisotto/O Arauto
O “monstro” TCC
DA MESA DO REDATOR
Leitura preparatória para as férias
O Arauto / jun.10
pág.02
Flagra
O Arauto chega ao número 16 com muito para contar. E não falamos
de festas juninas, da questão nuclear-Irã ou do futebol apresentado na
Copa do Mundo. Porque, você leitor assíduo de O Arauto, sabe: o factual
é encontrado nos meios de comunicação diários. Aqui, você encontra
debate e perspectivas novas sobre velhos temas.
Evandro Ananias/O Arauto
A lista é grande: como tratar os filhos; como ter um corpo bonito
e como não ficar maluco para conseguir essa proeza; o tão falado - e,
sem motivos, amedrontador TCC; como aproveitar as férias escolares
de julho para se dar bem e levantar um dinherinho; a evolução do tubo
que nos traz as imagens da Copa de futebol; o Mix Total que brilhou em
Vitória; A música que aquece o inverno; a histórica/erótica personagem Valetina, dos quadrinhos; um olhar sobre a crise européia. Até a
falta de educação. E mais.
Depois de pensar sob tudo isso (e – aconselhamos – estar sempre
ligado nos acontecimentos da região, estado, país e mundo), que tal
descansar nas férias de julho? Sim. E voltar renovado para mais no segundo semestre.
Fico por aqui, pois pretendo estourar pipoca. Afinal, ninguém é de
ferro e junho tem festa junina e Copa... Até! (Pedro Courbassier)
O Dia Mundial do Meio Ambiente foi comemorado no 5 de junho. Importante para tocar e conscientizar corações e mentes, mas
ainda está longe a comemoração de um rio Tietê decente. Pelo menos
no trecho que corta Salto, como esse clicado pelo estudante de Fotografia Evandro Ananias, do 3º semestre. A foto já havia aparecido
na edição nº 4 de O Arauto, mas agora foi o destaque do Concurso
Ambiental de Fotografia Erasmo Peixoto, promovido pela Prefeitura
de Tatuí: ele conquistou dois prêmios, de 1º e 4º lugares. Essas conquistas deram a Evandro prêmios, como uma câmera digital.
Todos os trabalhos fotográficos inscritos naquele concurso estão
expostos no Centro Cultural de Tatuí (Praça Martinho Guedes, 12),
até 14 de junho. O horário de visita pública é das 10 às 17h, com entrada grátis.
Ops...
O que erramos na edição nº 15 de O Arauto:
- Melikardi: este é o sobrenome correto do Juliano, autor da reportagem “A Mureta” (Vida Universitária);
- Erro de digitação em desperdício (Flagra);
- A compressão de coluna foi mudada pós-revisão e a palavra “não”
apareceu duas vezes no texto “Fifa x IDH: qual ranking é mais importante?” No mesmo artigo a tabela acabu não mostrando as posições de
Coreia do Norte (85º) e Costa do Marfim (22º) no ranking da Fifa.
Fomos à escola...
Comunicação do Leitor
Exemplares da edição
nº 13 de O Arauto (ao lado)
seguiram no início de junho para a Escola Municipal Ermelinda Machado,
no bairro Presidente Médici, em Itu. Isso porque a
reportagem principal fala
sobre o bullying, o terror –
físico ou psicológico – entre estudantes que convivem no mesmo espaço.
Li na edição nº 15 sobre a inauguração do Diretório Acadêmico
de Relações Públicas Eduardo Pinheiro Lobo. Gostaria de dar meus
parabéns aos estudantes.
No ano passado, representando os alunos dos cursos, participamos de reunião com representantes do CPA e encaminhamos requerimentos à Reitoria, sobre a realização de duas semanas de provas,
redução do valor das DPs (com aumento do valor do desconto concedido aos estudantes), criação de enfermaria e colocação de uma
ambulância nas dependências (como alternativa à contratação de
profissional para atendimento aos alunos), dentre outras reivindicações, dentro do espírito democrático de uma instituição de ensino
superior.
O assunto foi debatido
nas salas de aulas da escola, o que O Arauto acha
uma ótima iniciativa.
Lembro que no CEUNSP foram criados outros centros acadêmicos, como o João Walter Toscano, de Arquitetura; Miguel Reale, de
Direito e o Professor Gerson, de História.
Julio Yamamoto
pres. do C.A. Miguel Reale - Faculdade de Direito - Salto
expediente
Publicação da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP).
Contato: [email protected]
Jornalista Responsável: Prof. Pedro Courbassier (MTb.: 23.727).
Projeto Gráfico e Diagramação: Prof. Murilo Santos.
Revisão: Profª Ms. Renata Boutin Becate.
Coordenador de Fotografia: Carlos Oliveira (Arfoc-SP 23.862).
Conselho Editorial: Prof. Edson Cortez; Prof. Ms. Filipe Salles; Profª Ms. Maria Paula Piotto S. Guimarães; Prof. Murilo Santos; Prof. Esp. Pedro Courbassier; Prof. Dr. Rubens Anganuzzi Filho.
O Arauto é um produo da Agência Experimental de Comunicação e Artes (AECA), feito em parceria com os estudantes de Comunicação que assinam as reportagens, fotografam e abastacem o blog Arautomania.
Coordenador Geral da FCA: Prof. Edson Cortez. Coordenador da AECA: Prof. Esp. Pedro Courbassier.
Tiragem: 10.000 exemplares
Blog:arautomania.blogspot.com
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Todos os textos são de responsabilidade de seus autores
DEBATE
O Arauto / jun.10
pág.03
Suemos todos!
Certa vez, lendo um livro da pedagoga e filósofa carioca Tânia Zagury,
marcou-me um trecho que socializo com vocês: “São essas lutas que temos de travar com nossos filhos, dia após dia, hora após hora, minuto
após minuto. É uma tarefa árdua, longa e cansativa, porém é a melhor
forma para nos levar a ter filhos cidadãos, conscientes dos seus deveres
e direitos (...)” Zagury. T. (2006).
Educar é uma das tarefas mais árduas que um ser humano pode empreitar. É preciso suar a camisa! Suar como pais e suar como educadores.
A que persistirmos, perseverarmos e nunca desistirmos! Outro dia recebi um email que falava da importância de preservarmos o meio ambiente
para as futuras gerações. Penso que, mais importante ainda que preservarmos o meio ambiente para as gerações futuras temos a hercúlea tarefa de formarmos uma geração melhor e mais ética, do ponto de vista
moral, para habitar o planeta futuramente. É de pequeno que se torce
o pepino, diz o conhecimento empírico popular. Não se sabe se na horticultura isso é uma regra, mas em educação o é. Ética se ensina desde
pequeno. Parafraseando o economista Stephen Kanitz devemos definir a
ética de nossos filhos antes das suas ambições.
Futuramente, quando estes forem colocados diante de suas escolhas,
principiando o exercício do livre arbítrio, alicerçados por nós, deverão
escolher pela opção mais ética, mesmo que essa malogre seus objetivos.
Quando perceberem que não poderão alcançar seus objetivos e metas,
tenderão a recuar em suas ambições e não reduzirão o seu rigor ético.
O que nos assusta é que muitas crianças e jovens, encorajados por seus
pais, tendem a burlar a regra, fraudar o código de conduta ética contido no
contrato de convivência social; para alcançarem seus objetivos, suas ambições. Uma das grandes preocupações apresentadas pelos pais de hoje
restringe-se ao fato de seus filhos não demonstrarem uma ambição razoavelmente exacerbada. Suas parcas aspirações não convencem seus pais
de que serão adultos conjugadores do verbo “ter”.
Não devemos pressionar nossas crianças e jovens a serem ambiciosos,
ou melhor, não devemos cobrá-los a demonstrarem suas ambições precocemente. O problema não está em ser ambicioso. Isso é positivo, na medida em que respeitamos o código de conduta ética do grupo social ao qual
estamos inseridos. A questão está em definirmos a ética a priori das ambições. O desafio consiste em termos como nossa maior ambição, tornar
mais éticas as novas gerações, começando por nossos filhos. E vale lembrar “a ambição nunca pode anteceder a ética. É ela que tem que preceder
a ambição” Kanitz. S. (2001).
Não deixemos nossos filhos à deriva, como barquinhos de papel em pleno oceano tempestuoso.
Bibliografia:
- ZAGURY, Tânia. Limites sem Trauma: construindo cidadãos. Rio de Janeiro: Record,
2006. 48 p.
- KANITZ, Stephen. et. al. Ambição e Ética. Revista Veja, São Paulo, p. 21, 24 jan 2001.
por Marilia Carrenho Camillo Coltri
Bacharel em Ciências Sociais pela PUC-SP,
Licenciada em Sociologia pela Unimes, pósgraduada em Sócio-Psicologia (FESPSP). Leciona
as disciplinas de Sociologia Organizacional,
Sociologia da Educação, Ética, Legislação e
Atribuições Profissionais, Ciências Sociais
Aplicadas e Metodologia da Pesquisa Científica,
no INSEAD/CEUNSP
(e-mail: [email protected]).
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Valter Lenzi Jr./ Jornal Taperá
DEBATE
por Marcos Freddi e Nelson Lisboa
Combate à violência?
Daniela e Tamires foram estupradas
e mortas há mais de 1 ano.
Crime segue sem solução
Daniela de Souza Pereira, 16 anos, era uma das mais alegres de uma família com cinco filhos. Cheia de amigas, cheia
de vida e de planos. Tamires Alves Vicente, 15 anos, a segunda
de três filhos, era mais tímida, o contrário de Daniela. Amigas inseparáveis, juntas, seriam brutalmente assassinadas na
madrugada de 31 de maio de 2009, quando retornavam para
suas casas, após se divertirem na Praça XV de Novembro, em
Salto.
O crime - O que de fato aconteceu ninguém sabe. Mais de
12 meses após o crime, ninguém foi efetivamente acusado
pela Polícia Civil e colocado à disposição da Justiça. O que se
sabe é que ambas decidiram retornar a pé para o Santa Cruz,
em um trajeto de cinco quilômetros. Informações apontam
que elas foram pegas pelos seus assassinos 800 metros antes
de chegarem ao bairro. Levadas para um terreno baldio atrás
da Escola Estadual Padre Francisco Rigolin, no bairro Salto
Ville (foto acima), foram estupradas, mortas com pedradas na
cabeça e jogadas nuas em um grande buraco. Daniela, provavelmente a que mais lutou para não ser morta, teve a cabeça
coberta com terra. Assim ficaram algumas horas, até que o
dia clarear e os corpos serem encontrados.
Os pais de ambas, ouvidas pelO Arauto, revelam que por
volta da 1h da madrugada já pressentiam o pior. O pai de
Daniela, Valdecir, ao ser informado que poderia ser sua filha
uma das duas garotas encontradas mortas, correu centenas
de metros até chegar ao palco da tragédia.
A agonia - No dia 30 de maio de 2009, às 21h, Tamires saiu
de casa na companhia de Daniela, para irem à Associação
Atlética Saltense, no centro da cidade. Por volta da meia noite
a mãe de Tamires, Maria Alves resolve ligar para a filha. O telefone celular cai na caixa postal. Ela tenta novamente e está
desligado. Maria entra em desespero. Pressente algo ruim.
Enquanto isso, na Praça XV de Novembro, Daniela, Tamires e
mais uma amiga decidem voltar a pé para casa. O transporte
coletivo só funciona até 23h. Elas saem da praça XV de Novembro, na avenida D. Pedro II e entram na rua 9 de Julho. De
lá elas caminham para a rua José Galvão e deixam a amiga na
Barra, onde existe um conjunto de casas no início da rua Marechal. É tarde da noite. As duas amigas seguem o caminho.
Passam em frente a um salão de festas, já perto da Avenida
Eugênio Coltro, uma via de acesso ao Santa Cruz. São vistas,
de mãos dadas. O local é escuro. Desde então, sabe-se apenas
que ambas seriam encontradas no dia seguinte, mortas.
Dia seguinte - Com o dia claro, às 8h30, Policiais Militares
são informados do encontro do corpo de duas meninas em
um buraco, entre os bairros Marechal Rondon e Salto Ville. O
caso chama a atenção de populares, que se amontoam ao lado
do buraco para ver as duas meninas mortas, nuas, agredidas
e jogadas ali.
Na casa de Daniela, o pai Valdecir recebe um telefonema
da filha mais velha. Está preocupada com a informação do
encontro de dois corpos de adolescentes num terreno baldio.
A filha pergunta pela irmã Daniela. O pai diz que ela deve ter
dormido na casa de Tamires. Logo depois, em um segundo
telefonena da filha, ela pede ao pai para ir correndo para o
terreno atrás da Escola do CAIC, pois as meninas mortas poderiam ser Dani e Tamires. Ele sai desesperado. Maria Alves,
mãe de Tamires, vai até a casa de Valdecir, mais ele já tinha
saído e recebe a informação de que Daniela não havia dormido ali. O desespero chega à outra família. Os corpos encontrados eram de Daniela e Tamires. A Polícia isola o local e inicia
as investigações.
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OOArauto
mai.10
Arauto//jun.10
pág.13
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Morte das meninas = números
Enquanto as famílias choraram em 31 de maio de 2010 o primeiro ano da
morte de suas filhas a Polícia Civil segue tratando o caso de forma fria. A matemática dá às meninas um número: foi o 7º caso dos 14 homicídios em
Salto, em 2009. Apenas isso. É que, até hoje, um ano após o crime bárbaro que colocou Salto em manchetes fora da cidade, não há um único suspeito
apontado e em julgamento.
A reportagem procurou a Polícia Civil de Salto, que diz estar tentando
o desfecho do caso. Mas recentemente outras manchetes - roubo de bolsa
dentro da delegacia e invasão do prédio - acarretaram em mudanças na
direção do órgão na cidade. E mais atraso na conclusão de quem estuprou
e matou as duas adolescentes.
Nelson Lisboa/ Jornal Taperá
As investigações até tiveram bons capítulos ao longo de doze meses. Foi assumida pela Delegacia de Investigação Geral (DIG) de Sorocaba. Um suspeito
foi preso já no domingo, dia 31, porém, ele era procurado por outro crime. Outros três nomes foram averiguados, um carro apreendido, buscas feitas, material humano coletado para análise laboratorial. Nenhum sucesso.
“Segredo de Justiça” esse foi o status que o caso ganhou. Fontes ouvidas pela imprensa local e por O Arauto atestam que as investigações
criminais voltaram à estaca zero. É que os exames feitos comprovaram
apenas que as duas meninas foram estupradas. Não foram identificados
os fragmentos de pele e pelos encontrados nos corpos das vítimas.
Passeata do dia 6 de junho de 2009 percorreu o centro de Salto e parou o comércio: protesto pediu resolução do caso. Nada até agora
Maria Alves, mãe de Tamires
Valdecir e Irene, pais da Daniela
O que mais dói, um ano depois da morte da sua filha, a saudade ou a impunidade?
A impunidade. Ao lado da perda. A dor é muito grande (silêncio e choro).
O que incomoda mais, um ano após o crime?
Valdecir - Temos muita saudade. Faz um ano, mas para nós o crime foi ontem. A dor
não passa. Toda noite eu lembro do que aconteceu. A injustiça também dói muito porque ninguém foi punido. A gente queria uma resposta das autoridades saltenses sobre
aquele crime. Diziam que estava com 90% do crime resolvido e a gente tinha esperança de ver quem fez aquilo julgado. Mas tudo acabou em nada.
Por que, até hoje, não se sabe quem matou sua filha?
Fui falar com o delegado e ele me mostrou laudos dos exames que não deram
em nada. Disse que iria recomeçar do zero. Eu acho que ninguém está fazendo
nada neste caso. Até os exames podem ter sido mal feitos. Eu ouvi de um delegado que poderia ter sido feito exame de DNA com material de pessoa diferente do principal suspeito. Eu perguntei mais detalhes e ele desconversou. Eu
espero que não tenha nada encoberto neste caso.
Além da inconclusão do caso, o que a pertuba?
Não se fala mais no assunto, esqueceram nossa dor. Eu continuo reclamando.
Percebo o descaso que fizeram no dia da morte da minha filha. A Polícia parecia que estava lidando com dois cachorros e não com o corpo de duas garotas.
Não cobriram o corpo de minha filha. Elas ficaram nuas e expostas para todos.
Tiraram fotos, colocaram na Internet. A população toda foi ao local fotografar
minha filha nua e colocar na Internet. Ela tinha vergonha de colocar roupa na
minha frente e os policiais estacionaram a viatura de qualquer jeito e ficaram
apreciando as meninas como se fosse um desfile de modas. Colocaram uma pequena fita e todo mundo invadia. Deveriam ter coberto as meninas. Eu mesmo
vi as fotos na Internet. Foi um desrespeito. Eu perguntei ao delegado e ele disse
que eu estava certa: se fosse filho de policial, não deixavam nem chegar perto.
Se fossem filhas de rico também não deixariam as meninas expostas, nuas e
mortas. Eu precisei de muita oração e amor de Deus para me levantar.
Como a senhora soube da morte das meninas?
Era meia-noite e meia e eu decidi ligar. Deu caixa postal no celular dela. Eu já
estranhei. Ela nunca desligava. Na segunda vez deu desligado o celular. Já me
apavorei. Fui à casa da Dani e o pai dela não estava. Tinha saído de carro. A
irmã da Dani, casada, falou que a Dani não havia dormido em casa. Eu soube
que as meninas ligaram para o namorado da Dani até meia-noite, para subirem
para o bairro juntos. Perderam o último ônibus e ficaram esperando ele.
Onde elas foram pegas e como explicar tanta brutalidade?
Eu não sei o que fizeram (silêncio). Segundo soube do delegado foram feito
laudos em cinco suspeitos e todos deram negativos. Eu ouvia de um delegado
que era 95% de chance de ser algum deles. Um está preso por outro assunto.
Mesmo assim a polícia não provou nada. O carro que foi encontrado com sangue também foi descartado.
A gente sabe que duas pessoas que teriam visto elas passando pelo Salão Estrela Azul, no caminho para o Santa Cruz, as viram juntas. Então, elas foram
pegas depois daquele trecho, depois do trailer que existe na entrada para o
Cecap. Era um trecho muito escuro.
Qual é a última informação que vocês têm da Polícia, sobre a apuração dos fatos?
Valdecir – Eles ficaram de chamar a gente quando tivessem novidades. Estamos esperando.
Irene – O delegado fala e não explica nada. A última notícia que temos é que havia três
suspeitos. A gente ouviu que foram presos, mas soltaram dois.
O que falam do que aconteceu?
Valdecir – As pessoas se calaram. Eu converso com muita gente no bairro. Ninguém
nunca sabe nada e nem viu ou ouviu nada. A gente espera que surjam denúncias, novidades.
O fato de a Polícia demorar tanto para resolver os crimes, mesmo havendo os
suspeitos, pode ser explicado pelo fato da vítima ser de família pobre?
Valdecir – Se fosse família de alto nível financeiro (longo silêncio) eu acho que não estavam tão calados como estão. O crime estaria resolvido. Até hoje não temos resposta
de nada.
A Dani estava esperando o namorado na Praça XV e depois decidiu ir embora
sozinha com a Tamires? O que o rapaz que a namorava fala?
Valdecir – Ele diz que está disposto a tudo. Ele sempre nos ajudou porque quer entender. É um bom menino.
Perto do local das mortes há uma escola e uma guarita da Guarda Civil Municipal
(GMC). Ninguém viu nada?
Irene – Eu fui questionar o guarda que estava no dia. Ele disse que estava lá e não tinha
nada para fazer, que dormiu por duas ou três horas e que não viu nem ouviu nada. Eu
discuti com ele e ele disse que não poderia fazer nada. Minha filha era muito forte e
lutava e ele diz que não ouviu nem viu nada.
O que a família tem feito para continuar vivendo?
Valdecir – Temos nos apegado muito em Deus, pedindo muita força. Não é fácil sobreviver sem a minha filha. Para nós, o crime continua doendo. A Dani era feliz. Quando ela
reunia amigas em casa, era um agito só. Todas gostavam da Dani.
Vocês estão presos e quem matou sua filha está livre?
Valdecir – É claro que estamos presos. A gente mudou a rotina em tudo. Temos trauma
de sair ou quando alguém quer sair. Se algum familiar ou amigo se atrasa a gente se
desespera e procura ligar.
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VIDA UNIVERSITÁRIA
TCC:
por Sandra Ribeiro
que “monstro de 7 cabeças” é esse?
Paulo H. Baldini/O Arauto
O que é? - O trabalho que vai avaliar o quanto o aluno assimilou
de seu curso e se ele está pronto para o mercado de trabalho, exige
dedicação às longas bibliografias, horas de orientação e organização das idéias. E se você acha que comprar um pronto é a saída,
saiba que existem softwares farejadores, que encontram padrões
em textos publicados na internet. Ferramenta muito utilizada pelos
professores para pegar os espertinhos de plantão.
Mas calma, o momento não é desesperador: os que estão passando pela experiência dizem que é trabalhoso, mas recompensador.
Principalmente quando se pode empregar a pesquisa na sua área
de atuação.
Frio na barriga, coração disparado e mãos transpirando. É amor? Não, é apresentação de TCC, ao menos para a maioria dos alunos que já passaram por este momento. Uns não vêem a hora de tudo acabar. Outros se apaixonam pela idea e fazem dela
mais do que um Trabalho de Conclusão de Curso.
É o caso da jornalista Fernanda Ikedo, autora do livro-reportagem Ditadura e repressão em Sorocaba: Histórias de quem resistiu e sobreviveu, publicado com apoio
da Lei de Incentivo a Cultura (Linc) daquele município. “Minha banca foi composta
por quatro professores. Deu um frio na barriga porque o auditório estava lotado, de
amigos, familiares, alunos e professores. Correu tudo bem e foi uma experiência boa,
que está registrada”, recorda a hoje jornalista.
Fernanda defendeu seu TCC em 2002, na Universidade de Sorocaba. O trabalho
ficou tão bom que alguns professores a incentivaram a se inscrever no edital da Linc.
O projeto foi aprovado em 2003 e a verba liberada viabilizou o livro. “Sempre gostei
de História e como queria fazer um livro-reportagem, acreditei que seria importante
para minha formação estudar a ditadura militar”, observa.
“Já faz tempo que defendi meu TCC, mas fiquei tão nervoso que a banca achou graça. Como a apresentação foi em grupo, os colegas seguraram a barra. Era uma campanha publicitária e eu desenvolvi o produto visual. No fim, tivemos nota máxima,
mas suamos frio. Depois disso meu orientador me convidou para estagiar na agência
dele”, conta Marcelo Nascimento, 39 anos, publicitário, que se diverte ao expor sua
experiência na ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing.
Conselhos - Escolher um tema que mais agrade o aluno é o primeiro passo para
um bom TCC. Antecipar esta escolha pelo menos dois anos antes do final do curso
é ideal, segundo análise do professor Pedro Courbassier, docente da Faculdade de
Comunicação e Artes do CEUNSP. “Se no segundo ano da faculdade já tiver predileção por uma temática, uma abordagem, assegure-se e vá colecionando informações
e pesquisas sobre o assunto. Não deixe para o último semestre, vai faltar tempo e
consequentemente pesquisa e conteúdo”, alerta ele.
Mas será que os calouros já pensam nisto? A estudante do 1º semestre de Jornalismo Adriana Brumer acha que ainda é cedo: “Sinceramente, ainda não pensei não.
Preciso de um pouco mais de tempo. Mas espero fazer um trabalho que me acrescente conhecimentos e valores. E que possa ser útil, ou ao menos interessante para as
outras pessoas. E, claro, além de tudo, me garanta uma boa média”, diz.
Priscila Piccinato está cursando Ciências Contábeis na Faculdade Anhanguera de
Sorocaba. Mesmo estando no 1º semestre, já estabeleceu o foco da sua pesquisa: “Não
sei o tema ainda, mas quero falar sobre custo industrial. É uma área que paga muito
bem e faltam profissionais especializados no mercado. Acho que o TCC vai me ajudar
a entender o assunto”, conclui ela.
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De olho no mercado - Estudante do 9º semestre de Engenharia
de Produção Mecânica, Deivede Souza tirou o tema do seu TCC da
empresa onde trabalha. “Minha pesquisa é sobre redução de custos através de reaproveitamento de óleo mineral. Trabalho em uma
multinacional e participo de um programa que tem essa finalidade. Depois de implantado, tivemos uma redução significativa de
descarte de resíduos e, portanto, de economia em transporte dos
resíduos”, explica o futuro engenheiro, que faz planos para sua pesquisa: “Quero ampliar este trabalho e me especializar nesta idéia.”
Preocupação com o meio ambiente e economia empresarial foi
o que levou Felipe Tardelli, também aluno de Engenharia de Produção, a se dedicar ao tema, reutilização e reaproveitamento de
pneus. “O que mais está me agradando nesta pesquisa é descobrir
os meios que uma empresa pode utilizar para, ao mesmo tempo, aumentar seus lucros e preservar a natureza”, explica. Como Deivede,
ele também pretende levar o projeto adiante. “Sem dúvida alguma
pretendo fazer uma pós-graduação em relação ao tema.”
E quando o TCC se torna a realização de um sonho? Tatiani
Faria está cursando o último ano de cinema. O projeto dela, apesar
de estar tomando todo seu tempo e causando algumas mechas de
cabelo branco, contagia quem está ao seu redor e gosta de um bom
filme. Tatiani dirige um longametragem de 60 minutos e mobiliza
muitos alunos da FCA. “ Todos que aderiram ao projeto se apaixonaram pela história do filme. Cerca de 35 pessoas estão envolvidas,
não só do campus, mas também de fora”, conta ela empolgada. A
ideia de tornar um projeto antigo em trabalho de conclusão de curso veio no ano passado. Ela tinha o roteiro e começou este ano a
formatá-lo para o TCC. O filme Depois de Hoje, que discute males
contemporâneos da sociedade, a solidão e a depressão, está em fase
de captação de recursos. Alunos dos cursos de Jornalismo, Cinema,
Rádio e TV e Relações Públicas, estão envolvidos na produção. “O
projeto vai além do TCC, quero fazer um bom portfólio e me lançar
no mercado. Além de chamar a atenção para o problema.”
Etapas do TCC
Na prática, o TCC é um trabalho denso, sobre um único tema,
estabelecido pelo aluno e elaborado com a orientação de um professor. Precisa ser pertinente a área do conhecimento que está
cursando. Por se tratar de um trabalho acadêmico, precisa estar
em acordo com as normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. “Aqui na FCA, consta de duas tarefas. Uma deve ser
o embasamento teórico, científico e rico em pesquisa. E a outra que
é um produto prático. Ambos ficam à disposição da comunidade
na biblioteca do Centro Universitário. Tudo isso, para ser aprovado, precisa passar por uma banca. Normalmente ela é composta de
três professores, sendo um deles o orientador do projeto,” explica
o professor Pedro.
Pronto. Você já sabe o que precisa sobre TCC. Pesquise bastante
e viaje nas diversas possibilidades de temas. E bom trabalho!
Dicas
•Antecipe-se: não deixe o TCC para o último ano da faculdade.
•Mostre constantemente seu material (textos, pesquisas...) para
vários professores.
•Mostre os dois trabalhos (prático e teórico) para revisão do
orientador pelo menos 30 dias antes da apresentação, para ter
tempo de possíveis correções.
•Na apresentação, mostre tranquilidade e tenha sempre um
apoio audiovisual.
•Não se alongue, a banca prefere apresentações sucintas.
•Leia manuais que auxiliam na elaboração do projeto e se
atente às normas da ABNT.
O Arauto / jun.10
pág.07
Férias chegando... Que tal
aproveitar para faturar
um dinheirinho e
ganhar experiência?
Cátia Guillardi
Mary Vieira/O Arauto
Profª. Ms.
Você já pensou o que se ganha em ficar na
frente da televisão ou do computador no período de férias da faculdade? Para a maioria,
nada! Encontrar um emprego temporário
nas férias de julho é uma opção para vários
estudantes. Os objetivos vão desde fazer uma
poupança, ter dinheiro para uma sonhada
viagem, buscar o primeiro emprego, ocuparse durante a folga das aulas até conhecer as
“regras” do mercado de trabalho.
Muitas das vagas temporárias de férias
são oferecidas pelo setor comercial, lojas,
empresas de entretenimento e pontos de
vendas que precisam de funcionários extras
devido à demanda das férias de julho. Uma
grande parte das oportunidades de emprego
deverá ser preenchida por jovens sem experiência profissional.
Direitos - Muitos estudantes não sabem,
mas o emprego temporário também oferece
direitos trabalhistas, os mesmos de qualquer
outro trabalhador, ou seja, carteira assinada,
previdência, fundo de garantia, 13º salário
e férias. Mas esses benefícios dependem do
tempo de trabalho exercido e do período de
contribuição à previdência. O contrato tem
duração máxima de três meses, e pode ser
renovado por mais três. O temporário só não
tem direito a aviso prévio e multa de 40%
para demissão sem justa causa. Isso porque
seu trabalho já tem um prazo determinado
para acabar. No contrato, devem constar o
valor do salário e o cargo que ele vai exercer.
De acordo com a lei 9.601/98, que trata do
Contrato de Trabalho por Prazo Determinado, um dos objetivos desse acordo de trabalho provisório é justamente o de aumentar
o número de empregados em períodos exigidos pela demanda.
Mercado - Os empregos temporários estão nos segmentos de serviços e comércio e
tendem a ter uma remuneração média aproximadamente 20% menor do que os contratos feitos por tempo indeterminado. Entretanto, esse tipo de trabalho não pode ser
confundido com o informal, visto que todos
os direitos trabalhistas são pagos, ou pelo
menos deveriam ser.
Onde - Existem alguns caminhos para
quem quer encontrar um emprego temporário. Um é procurar diretamente as lojas e
shopping que estão recrutando funcionários
extras e entregar o currículo pessoalmente.
Outro é levar direto nas agências de emprego, consultorias físicas ou virtuais, além dos
classificados nos jornais da região.
Qual o perfil desses candidatos às vagas
temporárias? Pessoas comunicativas e que
lidam bem com o público tem maiores chances. Para garantir sua colocação no mercado,
é preciso lidar bem com o público, ser dinâmico e comunicativo, ter disposição e muita
vontade de trabalhar. Deve aprender rapidamente as atividades relacionadas à sua função e mostrar que agrega valor à empresa.
Precisa saber se relacionar em equipe, tanto
com os colegas quanto com a liderança e ter
em mente que a sua presença fará diferença
na empresa.
É essencial que o temporário tenha próatividade para resolver os problemas durante as tarefas, ter vontade de aprender, bom
humor e simpatia, além de ser atencioso com
os clientes, já que boa parte das vagas temporárias envolve atendimento ao público.
Quando - A seleção de candidatos começa
geralmente em abril e vai até junho. As chances são boas para quem está em busca do
primeiro emprego ou precisa retornar a ele.
temporário como bico, pois existe uma
possibilidade muito grande de o temporário
se tornar permanente.
No entanto, nem sempre os temporários
são chamados logo após o término do contrato porque naquele momento não existe
uma nova vaga para ser preenchida após as
férias de julho. Por isso o funcionário deve
marcar presença durante o período em
que está atuando no emprego temporário, para vir a ser lembrado. Na primeira
oportunidade o patrão vai se lembrar e vai
chamar aquele que mais se destacou.
É uma grande oportunidade de desenvolver um bom trabalho, adquirir experiência
e treinamento, ser efetivado e sair mais habilitado e seguro para se lançar no mercado
de trabalho. Em geral, os contratantes pedem como requisito básico o ensino médio
completo ou desejável estar cursando nível
superior, com a finalidade de ter funcionários com um nível intelectual mais adequado e de qualidade. Quanto mais qualificado
o candidato for, com cursos de informática
e línguas no currículo, por exemplo, maiores
são as chances de ele conseguir o trabalho e
ser efetivado posteriormente.
Em alguns casos o temporário que se destaca acaba substituindo um antigo funcionário que não estava correspondendo mais
às expectativas, ou apresentou um baixo
desempenho. Quem quer se efetivar num
emprego temporário nunca deve faltar
ou chegar atrasado no trabalho, precisa tratar o emprego temporário sempre
como permanente e ter iniciativa, força
de vontade e mostrar interesse pelas tarefas. Ele nunca deve encarar o trabalho
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Consultora Organizacional em Gestão de
Pessoas, Professora de MBA, Pós-graduação e Graduação, Palestrante, Articulista, Especialista em Desenvolvimento
Humano e Organizacional, Orientação de
Carreira e em assuntos da área de Gestão
da Qualidade e Responsabilidade Social
Empresarial.
ESTIMAÇÃO
André Timex/O Arauto
O Arauto / jun.10
pág.08
E quando o cão
vira um membro da
família?
por Beatriz Silva
“Troque seu cachorro por
uma criança pobre...
(Baptuba! Uap Baptuba!)
Sem parente, sem carinho
Sem rango, sem cobre...
(Baptuba! Uap Baptuba!)
Deixe na história de sua vida
Uma notícia nobre...”
(letra de “ Rock da Cachorra”, de
Eduardo Duzek, grande sucesso
musical dos anos 1980)
A relação entre homens e cães
existe a milhares de anos. Uma
ligação que, ao longo do tempo,
sofreu diversas mudanças. Atualmente é possível encontrar um
forte vínculo entre ambos. “Cachorros e seres humanos são espécies que não vivem sozinhos.
Eles precisam de nossos cuidados
e carinho e nós precisamos de sua
fidelidade, companhia, amizade e
amor”, explica a psicóloga Maria
Dulce Freitas Marques, especialista pela Sociedade Brasileira de
Psicologia Analítica (SBPA).
Vivemos num mundo cada vez
mais agitado. É grande a preocupação e dedicação aos estudos e
carreira profissional. A solidão
também faz parte de nossa rotina. Trabalhamos demais e muitas
vezes estamos longe de nossos
parentes e amigos. “Nas grandes cidades fica nítido o quanto
o cão ganhou espaço, passeando
em praças e ruas, acompanhando para buscar os filhos na hora
da escola, das compras e ainda
garantindo a segurança em tempos de tanta violência”, compara
a psicóloga.
A experiência de ser dona
de um cachorro vem acompanhada da responsabilidade de
alimentar, assegurar uma vida
saudável e longa ao animal. Teria
isso a ver com instinto maternal?
“Muitas mulheres respondem a
esta necessidade materna cuidando, amando e criando seus
filhos, outras não têm esta oportunidade, ou ainda estão se pre-
parando para ela. Ser dona de um
cachorro pode ser um exercício
de proteção e maternidade”, diz a
psicóloga Maria Dulce. Contudo,
alguns homens não escondem o
carinho e o cuidado maternal que
também sentem por seus animais, como é o caso do ajudante
geral Danilo Tedeschi Schroeder,
que revela cuidar de seus cães
da raça Fox Paulistinha e Lhasa
Apso como filhos. “Meus cachorros fazem parte da minha família,
eles são companheiros, amigos e
crianças da casa”, explica.
Tamanho do animal - As raças
pequenas costumam estar mais
próximas de seus donos, pois
muitas vezes vivem dentro de
casa. Mas alguns cachorros maiores também sejam tratados como
parte da família, despertando um
sentimento maternal. “Minha relação com meu cão Rottweiller, o
Bruce, é de extrema cumplicidade. Não tenho filhos, mas sei que
sinto por ele um amor de mãe”,
afirma estudante de Jornalismo
Juliana Ferraz.
Em alguns lares ele é o cão de
guarda sempre alerta no quintal.
Em outros é tratado como parte da família, cheio de regalias e
mordomias. Quando o carinho
passa a ser demais o animal começa a cobrar atenção do dono.
Um ambiente sem regras, nem
limites e a falta de investimento
na socialização do animal podem
provocar problemas de comportamento “Esses mimos excessivos acabam atrapalhando a edu-
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cação e o adestramento dos cães”,
destaca o adestrador Sergio Nato,
conhecido como Ferrugem.
O dono do pedaço - Se o animal percebe que pode tudo e
é atendido sempre que solicita
algo, por instinto, acaba achando
que é o líder e passa a defender
essa condição. “Ele pode se tornar agressivo, inclusive com o
dono, sempre que for contrariado, por isso é importante corrigir
o animal”, enfatiza Ferrugem.
Psicologia canina - Além de
hostil, um cão mimado é mais ansioso, sensível e tem a saúde vulnerável. Aos “pais” o adestrador
recomenda. “Devemos sempre
lembrar que apesar de muitas
vezes tratar os cães como filhos
eles são na verdade animais e os
cuidados não podem ser exagerados”, salienta Ferrugem.
Perigo - A psicóloga alerta que
é importante manter o equilíbrio
para um vínculo saudável com o
animal. “Embora muitos se relacionam bem com um cachorro,
isso não é suficiente. É importante ter cuidado para não ter a vida
limitada, se afastar do contato
com outras pessoas em função
desse relacionamento com o animal”, conclui Maria Dulce. Preservar a harmonia em qualquer
tipo de relação contribui satisfatoriamente para todos.
INFOTEC+BOLA
Arte: Murilo Santos
As Copas do Mundo e os
1958
1962
O Arauto / jun.10
pág.09
televisores
1970
A cada ano de Copa do Mundo, é sempre a mesma história. Todos têm
um motivo para trocar de televisão. Afinal, nada melhor do que torcer pelo
Brasil numa televisão nova e, se possível, da melhor qualidade.
A expectativa da Associação Nacional de Fabricantes de Eletroeletrônicos é que mais de 10 milhões de aparelhos sejam vendidos, 50% a mais do
que no ano passado. Os mais procurados são os televisores de LCD. A maior
procura é da classe C. É que aparelhos desse tipo, de 32 polegadas, estão
com preços cada vez mais acessíveis, o que quer dizer por pouco mais de R$
1 mil, facilitados em várias prestações.
1994
2002
por Caio Dellagiustina
2010
Esse ano os brasileiros esperam pelo hexacampeonato da seleção - que já
passou já por 18 copas, conquistando cinco títulos. Mas nem todos puderam
ser vistos pela TV. Somente a partir de 1970 é que os televisores se tornaram acessíveis a grande maioria da população.
O Brasil tem a curiosidade de ter ganhado um título em cada década,
com exceção de 80. A cada dez anos é visível a mudança nos televisores,
não só nos componentes mas também na programação. A seguir veja como
eram as televisões nos cinco títulos mundiais do Brasil:
58
19
– Era a época do rádio. As poucas TVs do ano do primeiro título mundial do Brasil
eram, na maioria, da marca Philco, vindas dos Estados Unidos. A mais tradicional da época
era a Philco Holiday 4243: 21 polegadas, com cinescópio rotativo para que o telespectador
pudesse ajustar a melhor posição para assistir. Um pouco melhor era a Philco Penthouse 4710.
Ficou conhecida por ser um dos primeiros aparelhos com (algo que parecia) controle remoto,
podendo ser levado a pouco mais de 7 metros de distância. Mais não, pois o controle seria
desconectado do gabinete de circuitos. A top de linha da época era a Philco Pedestal 4654, que
parecia uma bomba de gasolina e foi uma das primeiras a usar um receptor UHF de canais.
62
– O bicampeonato ficou marcado pela pouca evolução nos aparelhos em relação a
19
1958 e pela fabricação de aparelhos no Brasil. Muito maiores do que antigamente, pois passaram a ser não somente televisores e sim um conjunto com aparelho de rádio e uma vitrola.
O equipamento se parecia com um pequeno armário. As maiores marcas nacionalizadas da
época eram a RCA e a Philco, em especial o modelo B193-CR, que iniciou a criação dos controles remotos sem fio. A Tube Magnavox era a mais famosa das estrangeiras, pois a empresa
também iniciou a fabricação de vídeogames. Já a Doney inovou com um design moderno e era
considerado símbolo de eficácia e um dos maiores conceitos de eletrônica da época. A única
desvantagem é que foram poucos os que conseguiam trazer uma dessas dos Estados Unidos.
70
19
– O ano do tri consolidou o aumento no número de aparelhos nos lares brasileiros.
Além disso, essa Copa ficou na história como a primeira a transmitir as partidas ao vivo para
o Brasil. Apesar de originalmente ter a transmissão em cores, o sinal chegava em preto-ebranco aqui, pois as emissoras só passaram a transmitir em cor em 1972. Diferente da Copa
de 1962, os aparelhos voltaram a ser compactos, sendo que alguns tinham a possibilidade de
serem levados de um lugar para outro com facilidade. As grandes marcas da época eram a
Phillips, que entrara no mercado nacional a pouco tempo, a Philco, Admiral, Sony e a Motorola,
hoje conhecida pelos aparelhos celulares, mas que na época fez sucesso com o modelo Quasar.
94
19
– Como na década de 1980 o Brasil não conquistou mundiais, 1994 trouxe muita
inovação nos televisores. Foi uma época em que, devido ao recém-criado Plano Real, houve um grande crescimento na venda de aparelhos. Alavancados pela Copa do Mundo, foram
vendidos mais de 5 milhões de televisores. O Plano Real, que combateu a inflação, também
possibilitou que as classes D e E pudessem ter acesso aos aparelhos. A Philips e a Philco foram
as empresas que mais venderam e, diferentemente dos últimos títulos, o telespectador tinha
grande possibilidade de marcas e modelos para escolher. Outras marcas da época eram Mitsubishi, Sharp, CCE, Semp-Toshiba, Gradiente, Panasonic, Sanyo entre outras.
Inovações da época: foi o início, em caráter experimental, da transmissão em alta definição para as TV abertas, numa parceria entre a Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e a Associação Brasileira de Rádio e Televisão. A maior “zebra” da época foi causado
pelo cinescópio, principal componente da televisão, que chegou a faltar no mercado devido ao
crescimento nas vendas de microcomputadores (os dois produtos usavam o componente), o
que ocasionou a falta de aparelhos de TV’s em algumas localidades.
02
20
– Durante o penta, a quantidade de aparelhos maiores do que 21 polegadas cresceu. Apareceram os modelos de 29, 33 e até 42 polegadas. Telas planas e som estéreo passaram a ser itens obrigatórios de quem procurava uma nova televisão. Também foi o início da
era dos televisores de plasma que, apesar de terem surgidos em 1997, só ficaram acessíveis ao
grande público a partir do início da década. A principal mudança foi com o som estéreo, pois
surgia a capacidade de se perceber efeitos. A Philips foi a empresa que se caracterizou por ter
uma das melhores qualidades de som do mercado.
2010
Para o sonhado hexa, houve uma grande mudança nos
aparelhos de TV. É cada vez menor o número de aparelhos com tubo. A tendência é cada vez mais pessoas
comprem as “finas” LCD, Plasma, Full HD ou LED.
Explicando um pouco de cada uma:
- Plasma é a primeira tela fina que surgiu no mercado.
Sua tecnologia é baseada nos painéis de plasma, seu
funcionamento consiste na ionização dos gases nobres
contidos. Sua resolução pode chegar a 2.000 pixels de
resolução vertical.
- LCD, ou Display de Cristal Liquido são lâminas polarizadas que providas de contatos elétricos produzem as cores. Sua leveza e portabilidade a fizeram ter
mais sucesso que o plasma.
- Full HD é a qualidade de reprodução em alta definição. Uma TV Full HD possui 1.920 pixels de resolução
vertical por 1.080 pixels de resolução horizontal, proporcionando melhor qualidade de imagem.
- LED são diodos emissores de luz que proporcionam
maior qualidade da imagem, maior durabilidade do
aparelho e menor consumo de energia, mas com maior
preço.
ACONTECE NA FCA
Edson Cortez/O Arauto
Mix Total vence melhor
vinheta da Expocom
da Redação
Os trabalhos foram apresentados na Universidade Federal do Espírito Santo e
marcou a primeira participação do CEUNSP em eventos acadêmicos interestaduais. Os três produtos universitários são da FCA, produzidos por estudantes de Jornalismo e de RTV, tanto em atividades disciplinares como em trabalhos da Agência
Experimental de Comunicação e Artes (AECA), foram selecionados entre dezenas
de concorrentes de quatro estados (São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio
de Janeiro). O Mix Total, como vencedor do Sudeste, vai participar da mostra nacional da Expocom, marcada para setembro, em Caxias do Sul (RS).
A aventura - Oito estudantes, acompanhados da professora orientadora Renata
Becate e do coordenador-geral da FCA, professor Edson Cortez (abaixo) - que atualizava constantemente seu Twitter com novidades sobre o Intercom - viajaram de
avião (ao lado) ao Espírito Santo. O grupo participou de oficinas, minicursos e até
mesmo do programa de rádio universitária da UFES, o Bandejão. No último dia
do evento os estudantes André Tambucci, 5º de RTV; Giulia Braga, 7º de RTV, e
Jean-Frédéric Pluvinage, 5º de Jornalismo, defenderam os trabalhos de seus colegas para uma banca de avaliadores.
Roger Mometto/O Arauto
Um prêmio (foto da premição ao lado: profª Renata Becate, André Tambucci e profº Edson Cortez), de melhor vinheta, produzida por estudantes de Comunicação das faculdades
da região Sudeste do Brasil, dado à edição do programa audiovisual Mix Total feito pelos alunos (foto acima) de Rádio e TV da FCA. Além disso, dois trabalhos bastante elogiados - o jornal O Arauto e o podcast (arquivo digital de áudio) “Papo
Profissional”. Todas essas “massagens no ego” foram conquistadas na Expocom,
que ocorreu nos dias 13, 14 e 15 de maio, em Vitória. O evento é uma mostras de
trabalhos de estudantes, promovido pela Intercom, maior instituição brasileira de
pesquisa em Comunicação.
Roger Mometto/O Arauto
Outros
produtos
também brilham
no Intercom
Na noite de premiação dos trabalhos, a ansiedade dos estudantes se transformou em alegria quando a vinheta Mix Total, defendida por André, foi selecionada
como finalista para a etapa nacional da Expocom. Ao ouvirem o resultado todos
pularam de alegria, se abraçaram e gritaram espontaneamente o lema da FCA:
Equipe - André, muito emocionado, destacou o trabalho conjunto de seus colegas que representou no evento: “A vitória é nossa!”, disse. Após o evento todos comemoraram e conheceram o lado festivo da Intercom: uma festa de encerramento
oficial com muita música eletrônica. Comemoração que continuou com uma visita
à praia da Costa, em Vila Velha.
A avaliação acadêmica sobre O Arauto foi curiosa. A banca elogiou muito a publicação, dizendo que o jornal estava num patamar superior aos demais trabalhos
apresentados e que por isso não poderia participar do julgamento da Expocom.
“Respeitamos a decisão da banca examinadora, apesar de termos certeza de que,
se pudessemos concorrer, venceriamos a categoria jornal-laboratório”, explica o
professor Edson Cortez.
Mais - Ainda segundo o coordenador da FCA, a participação pioneira dos estudantes significa o começo de uma presença cada vez maior do CEUNSP no cenário acadêmico nacional: “A partir de agora inscreveremos mais trabalhos para os
próximos e em mais categorias”, afirma. Para os estudantes, além da alegria e da
experiência acadêmica, a viagem traz uma certeza: “Estamos páreos com as melhores faculdades”, como definiu Giulia Braga.
Apoio - A viagem foi possível graças a uma parceria com a companhia Azul, intermediada pelo professor Vaucir Teixeira, que atua em ambas as empresas.
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Roger Mometto/O Arauto
“Aqui é mais legal!”.
ACONTECE NA FCA
O Arauto / jun.10
pág.11
“Aqui a música aquece”: campanha do
agasalho que arrecadou mil peças
Vida em redação, investimentos e Warhol
numa única visita técnica
Quesada também trabalha na Escola de Música e Tecnologia de São Paulo (EMT), onde a campanha começou. Para
incrementar o movimento, a EMT doou acessórios musicais que foram sorteados entre os doadores. A relação da
campanha com a música foi sentida até mesmo no slogan:
“Na FCA, a música aquece”.
O material arrecadado no CEUNSP vai ser direcionado à
Casa da Criança de Salto. (da Redação)
Paulo H. Baldini/O Arauto
Eduardo Turati/ O Arauto
Mais de mil peças de roupas. Essa foi a marca atingida
pela Campanha do Agasalho da FCA. “Foi uma iniciativa
sensacional, que comprovou a solidariedade de estudantes,
professores e funcionários”, comentou Fernando Quesada,
professor de Som e coordenador do Laboratório de Áudio
da faculdade. Ele foi um dos organizadores da iniciativa,
que foi de todo o pessoal da Produtora de Áudio da AECA –
Agência Experimental de Comunicação e Artes.
No início de maio, acadêmicos do curso de Jornalismo fizeram uma visita técnica à Folha de S.Paulo e BM&F Bovespa, acompanhados pelos professores Graziela Jimenez e Pedro
Courbassier. “A visita técnica é uma oportunidade única de vivenciar a prática, perceber o
cotidiano, as rotinas e os desafios profissionais da área”, comentou Graziela, professora de
Economia, entre outras disciplinas do curso.
A primeira parada foi na Folha de S.Paulo, onde visitaram a redação e as respectivas editorias de um dos maiores jornais do Brasil: Conheceram as redações da Folha On Line e do
Jornal Agora. Assistiram a uma palestra na sala de pauta sobre o cotidiano dos jornalistas,
relatando suas dificuldades e desafios.
Na Bovespa, os estudantes assistiram a um filme institucional em 3D e a uma palestra
sobre o mercado financeiro e de ações. Também estiveram no museu virtual que conta a trajetória da Bolsa de Valores de São Paulo.
Fabiana Ritta/O Arauto
A última parada foi na Estação Pinacoteca (antiga Estação Júlio Prestes), onde tiveram a
oportunidade de apreciar a exposição Mr. America, de Andy Warhol, composta por 44 filmes, 26 pinturas, 58 gravuras, 39 fotos e duas ilustrações do artista. Warhol é o nome mais
conhecido do movimento chamado pop art, surgido na Inglaterra na década de 1950. Usava
os produtos do Capitalismo (como embalagens e propagandas) para expressar arte, fazendo
assim uma crítica ao consumo de massa. A mostra foi organizada pelo The Andy Warhol
Museum, de Pittsburgh, nos Estados Unidos, e já passou por outros países da América Latina,
como Colômbia e Argentina.
Repórter do Bom Dia
“bate-papo” com
futuros jornalistas
Concurso de Cosplay agita
noite de terça
Sabe o que é cosplay? É quando fãs de histórias em quadrinhos, animações ou games japoneses se vestem - e atuam - como os personagens. Explicado, vamos à notícia: A
FCA organizou e fez no dia 1º de junho um inédito Concurso de Cosplay. O evento contou com a participação com
16 participantes e de cobertura fotográfica dos alunos dos
cursos de Fotografia.
Aula diferenciada foi o que tiveram os estudantes de Jornalismo do 1º semestre no dia 26
de maio. A repórter Jaqueline França, do jornal Bom Dia Sorocaba, foi convidada a contar algumas experiências profissionais na área. Simpática e à vontade, emocionou-se ao falar das
histórias que viu ao longo da carreira.
“Relacionamento é tudo na vida da pessoa, só assim você conseguirá espaço. O jornalista
tem que ter esse olho, sair um pouco do lugar comum, fugir da superficialidade e despertar o
interesse do outro a ler”, relatou.
Falando sobre o mercado de trabalho avaliou a carreira de jornalista como uma das mais
difíceis para quem pretende se destacar profissionalmente.
O bate-papo foi com os alunos do 1º e 3º semestres, nas disciplinas Mercado e Formação
Profissional e Reportagem e Entrevista, do professor Pedro Courbassier. (Marcela Cortez)
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Além disso, houve exibição de animes, os desenhos animados japoneses (como o famoso “Cavaleiros do Zodíaco”)
no Cineclube CEUNSP. Também foi montado um stand com
produtos de cosplay, quadrinhos e DVDs japoneses à venda. Os fãs desse universo de personagens nipônicos são
conhecidos como otakus e todos prezam a qualidade das
histórias japonesas com seus roteiros fora dos padrões e
sua diversidade de temas. Caso, por exemplo, do otaku Leonardo Mazzer, que treina para ser desenhista e já realiza
ilustrações usando o estilo mangá.
Um júri - composto pelos professores Agnelo Fedel,
Edson Cortez e pelas estudantes Tabata Coradini e Priscila Machado - escolheu o melhor da noite. O vencedor foi
Diogo Ryugi Mitsuse, de apenas 6 anos, que representou o
personagem Kakashi Hatake, do anime-mangá Naruto. Ele
ganhou um book fotográfico que vai ser desenvolvido pelos alunos da FCA. (Luana Oliviera e Jaqueline Santos)
ESPECIAL
Dietas, fórmulas, plásticas, exercícios
físicos, academia:
A DITADURA DO
CORPO
por Jaqueline Santos
Nos tempos de hoje ter uma vida saudável e sem exageros na hora das refeições é uma tarefa difícil. A dificuldade aumenta se considerarmos que as pessoas passam mais
tempo fora de casa, seja no trabalho, estudando ou a passeio.
Os famosos fast-foods estão espalhados por todas as esquinas e muitas vezes acabam se transformam no almoço ou na
janta. Isso não é bom, dizem os nutricionistas. Pois deixar
de comer alimentos saudáveis pode contribuir para doenças
como a obesidade. Situação agravada por outro resultado da
vida moderna: vida sedentária. Sem contar que os cachorrosquentes da vida se transformam naquelas gordurinhas localizadas, que acabam se destacando e são um terror, principalmente para as mulheres.
Lipoaspiração - Existem outros meios de se conseguir eliminar aquela “barriguinha” tão indesejável. Os que não são
adeptos das dietas e que querem um resultado mais rápido,
podem procurar uma clínica e fazer a famosa “lipo”. A lipoaspiração está na moda entre as celebridades que querem eliminar gorduras localizadas rapidamente sem fechar a boca
ou ir à academia. E como tudo o que está na mídia vira moda,
as pessoas que podem pagar por esse privilégio não pensam
duas vezes antes de optar pela forma mais fácil e mais rápida
de reduzir as gordurinhas. E esse método já não é mais tão
difícil para as pessoas “comuns” que agora podem pagar esse
procedimento de diversas formas que possam caber em seu
orçamento. Mas o método é passageiro. Depois que você faz
a cirurgia, deve começar uma dieta ou reeducação alimentar
para manter o peso. Caso contrário, voltará à forma de antes.
Malhar - Os que são fissurados por academia preferem
perder seus quilos extras malhando exaustivamente todos
os dias. Mas academia não é sinônimo de saúde. Para Lucas
Ferrari, instrutor de uma academia em Boituva, muitas pessoas acham que só malhando podem conseguir emagrecer
sem ter que fazer uma dieta saudável. “As pessoas vêm aqui
e acham que podem continuar comendo de tudo, que vão sair
daqui magras e durinhas. Não é assim. Existem regras, elas
precisam começar uma reeducação alimentar. Mais importante que emagrecer rápido é emagrecer com saúde”, afirma
o instrutor. Ele lembra também que “muitos dos homens que
Arte: Murilo Santos
São muitas as formas usadas para que se obtenha um
corpo ideal. Variedades de dietas que prometem “milagres” e
a perda de muitos quilos em pouco tempo. Muitas delas são
receitadas rigorosamente por especialistas da área, nutricionistas que indicam ao paciente a melhor forma para emagrecer com saúde. Mas muitas pessoas preferem fazer sua própria dieta correndo o risco de ter algumas doenças, como a
anemia, que é causada pela deficiência de ferro no organismo.
Geralmente as pessoas que fazem sua própria dieta sem o auxílio de um nutricionista, cortam de seu cardápio proteínas e
outras substâncias importantes para o corpo. Não se pode, de
repente, deixar de lado o ferro (feijão e a carne) e ingerir somente salada. É primordial não abrir mão de alimentos ricos
em ferro.
frequentam a academia querem viver apenas à base de suplementos alimentares, o
que é um erro, pois eles não contém tudo o que o corpo precisa para estar saudável”.
E completa dizendo que os suplementos podem trazer grande benefício ao corpo,
mas se utilizados sem limites e sem orientação prejudicam a saúde.
As dietas mais comuns são aquelas à base de salada, vegetais, frutas, muita
água, pouco açúcar. Exercícios físicos são primordiais para quem quer manter uma
vida saudável. É o que pensa a estudante de Educação Física Aline Silva: “Sempre
quis estudar Educação Física, pois os exercícios sempre fizeram parte da minha
vida. Minha mãe é nutricionista e meu irmão professor de academia. Lá em casa a
palavra chave é saúde”.
O excesso de peso não é uma preocupação somente estética esse mal pode
causar muitas doenças como por exemplo, as doenças cardiovasculares (doenças
do coração). A médica endocrinologista Tatiana Camargo Pereira, formada também
em nutrologia pela PUC, explica algumas doenças passíveis em obesos e afirma que
“as dietas da moda são oportunistas e trazem a falsa ideia de que apenas um alimento pode ser responsável pela perda de peso. Essas dietas devem ser vistas com
desconfiança”, aconselha ela.
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O Arauto /jun.10
pág.13
Dietas - Há inúmeras receitas para se perder peso pela (pouca) alimentação. Dietas de
diferentes formas e gostos. Há fórmulas a base de líquidos, como a dieta do chá. Para quem prefere
algo “mais sólido”, pode-se optar também pelas dietas das sopas. Há muitos casos de pessoas que
gastarão muito dinheiro em dietas e não conseguirão emagrecer ou pelo menos não conseguirão
o resultado desejado, alguns por não ter feito tudo o que a dieta pedia outros por acreditarem em
produtos “fajutos” e outros ainda por não conseguirem levar a dieta até o fim. Alice Barbosa se
encantou com um produto emagrecedor que lhe prometia o corpo perfeito. Segundo ela, chegou
a gastar quase mil reais na compra de vários frascos do emagrecedor: “a minha vida se resumia
àquele produto. Todo dinheiro que eu ganhava era gasto com ele. Quando fui percebendo que ele
não fazia efeito algum já havia passado quase 1 ano e eu não tinha perdido nada a não ser o meu
dinheiro” desabafa a vendedora. O mercado está cheio de produtos emagrecedores, promessas de
dietas eficazes, mas o consumidor deve estar ciente do que está adquirindo para mais tarde não se
arrepender da escolha que fez. “Nunca consegui fazer nenhuma dieta. Sempre começo, mas nunca
vou até o fim. Quando começo a perceber que não estou emagrecendo nada, desanimo e como mais
ainda. Fora o dinheirão que gasto com shakes emagrecedores e que são inúteis”, afirma a dona de
casa Helena Oliveira.
Mas há também pessoas que conseguiram muito mais do que emagrecer. Conseguiram
sua auto-estima de volta e junto com ela o prazer de viver uma vida saudável. É
famoso o caso da antropóloga Sílvia Bonini, que emagreceu 102 quilos sem
fazer qualquer redução de estômago ou cirurgia plástica. Ela adotou
uma reeducação alimentar e viu sua vida mudar de 167 kg para 65 kg
em apenas quatro anos. E depois disso decidiu lançar o livro “Mulhersegura.com sem redutores de apetite e sem cirurgias”, contando sua experiência de vida e podendo assim ajudar outras
pessoas como ela. Em entrevista ao portal Terra, Sílvia confessa: “A maior dor da minha vida foi quando descobri que
ninguém iria me salvar, que eu deveria tomar uma atitude.
Chorei por três dias seguidos”.
O fato é que as dietas fazem parte da vida de muitos, seja
por necessidade ou por pura vaidade. Quem é que não se olha
no espelho e pensa: “Ah, estou precisando perder uns três
quilos.” Nós nunca estamos satisfeitos com o nosso peso - seja
ele acima ou abaixo. Mas uma dieta, feita com saúde e acompanhamento profissional, que mal tem? O bom mesmo é poder
se sentir bem e feliz com seu corpo.
Saiba mais sobre
as principais
dietas
Dieta Dr. Atkins:
Incentiva o
consumo de gorduras e elimina todos os carboidratos da dieta. Os médicos não a recomendam
por não considerarem muito saudável no longo
prazo. A dieta acontece da seguinte forma: eliminando os carboidratos do seu cardápio, o corpo
é obrigado a queimar a gordura armazenada (ao
invés dos carboidratos).
Dieta South Beach: Nessa dieta
você não precisa tirar do seu cardápio os carboidratos e as gorduras. Basicamente deverá comer
carboidratos que sejam benéficos ao corpo como,
por exemplo, pão integral e cereais (aveia, soja).
Mas também devem ser ingeridos verduras, legumes e gorduras “boas”, como peixes de água
fria (sardinha, atum e salmão), que tem mais
Ômega3.
Dieta do tipo sanguíneo:
Essa é uma das mais inusitadas dos últimos tempos, apesar de muitos especialistas não concordarem com o método. Ela segue a linha de que
cada grupo sanguíneo (A, B, AB, O) deve seguir
dietas especificas e assim conseguir obter o resultado desejado.
A linhaça:
Não é uma dieta. É uma
dica alimentar que vem sendo muito utilizada. O
segredo está na casca da linhaça, que é rica em
proteínas, minerais e vitaminas. Se você quer
emagrecer com saúde é só acrescentar a linhaça
na alimentação. Ela possui lignina, uma substância que ajuda na perda de peso.
A cerveja engorda?
Alguns problemas causados
pelo excesso de peso
Quem não gosta de sair do trabalho no fim de
tarde e dar aquela passadinha em um barzinho
para beber com os amigos? É o famoso happy- hour,
a descontração depois do trabalho. E é nesse momento de total distração e irreverência que surge a
pergunta. Será que aquela “barriguinha de chope”
é mesmo causada pela “loira”? Segundo pesquisadores do Reino Unido e da República Checa, não. Se
houver qualquer vínculo entre a bebida e a obesidade é mínimo. A cerveja como qualquer outro alimento ingerido de forma incorreta contribui para
uma peso maior, mas nada que uma boa malhação
ou outros tipos de exercícios físicos não resolvam.
“Eu não abro mão da minha cervejinha. Adoro tomar uma depois do serviço, me ajuda a chegar em
casa de bom humor, além do mais, minha mulher
adora minha barriguinha de cerveja (risos)”, é o que
diz o gerente de banco Marcos da Silva.
Coração – quando alguém pesa mais do que
deveria, o coração tem que trabalhar mais
e, portanto, fica sobrecarregado.
Hipertrofia ventricular – que é o aumento
do músculo do coração por excesso de trabalho. E que pode levar à arritmia que leva
à morte súbita
Trombose – é o mau bombeamento do sangue para o corpo inteiro, levando à doenças
vasculares.
Apnéia – é quando paramos de respirar involuntariamente durante o sono, e a doença
atinge mais da metade dos obesos.
A cerveja em si não engorda. O que engorda são
os acompanhamentos da bebida, como o amendoim,
batatas fritas, queijo e outros aperitivos geralmente consumidos. Além disso, o álcool tem efeito diurético que aumenta a produção da urina, que - por
sua vez - elimina as vitaminas e minerais antes que
o organismo os absorva. Por isso, você que gosta de
tomar uma cervejinha de vez em quando, pode tomar sem culpa. Desde que, é claro, não abuse nos
aperitivos.
Esteatose hepática - é o acumulo de gordura no fígado.
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CONTRACULTURA
Do mundo das HQ, a erótica...
Valentina, cara mia!
Desta vez minhas reminiscências
alcançam um passado nem tão distante: o período em que conheci Valentina! Encontrei-a pela primeira
vez na livraria “Muito Prazer” (nome
até sugestivo!), do meu grande amigo Walter Fernandes, quando escarafunchava as prateleiras em busca
de mais um exemplar para minha
coleção. Ela surgiu do nada dizendo
“piacere” e olhando para mim com
aquele jeito sedutor e lânguido, lábios carnudos e úmidos, num corpo
de deusa totalmente... nua! Bem, foi
assim que a vi pela primeira vez, na
capa de uma das edições da antiga
revista “Grilo”.
Quando comecei a folheá-la (a revista, é claro!) percebi o quanto que
os quadrinhos tinham e ainda têm
para oferecer em Estética e Arte.
O contato com o desenho e o texto
de (Guido) Crepax foi emocionante, para não dizer excitante. Tudo
era novo para mim: a história, o desenho, a diagramação, o erotismo
sadomasô explícito, além da heroína que, aqui entre nós, realmente é
muito, mas muito gostosa!
Apaixonei-me! Uma paixão adolescente é claro, mas não deixou de
ser paixão, que cresceu mais ainda
quando descobri que ela possuía a
minha idade (ambos nascemos em
junho de 1965 - ela na Itália e eu
aqui em terra brasilis!). Não preciso dizer que acabei comprando
aquele exemplar da “Grilo”, com direito até mesmo de conhecer os
álbuns que a Editora L&PM, de
Porto Alegre, estava lançando naquela época. Edições de luxo com
preços não menos que isso. Não adquiri, na época, os álbuns, mas acabei encontrando vários exemplares
da “Grilo” onde minha heroína favorita, a partir daquele instante,
aparecia. Confesso que me tornei
seu fã. Nesse período não me importavam as histórias (que só fui
compreender um pouco mais tarde),
mas sim a figura de Valentina. Queria vê-la, queria encontrá-la, tocá-la
e sentir seu cheiro (que na realidade
era de papel velho!).
O tempo passou, mas não curou
aquela paixão. Na realidade só a
fez aumentar, de forma que hoje
possuo todos seus álbuns publicados no Brasil, várias “Grilo”, além
de alguma coisa publicada na Itália,
Espanha e Estados Unidos. Paixão é
assim mesmo: você vai até o fim do
mundo para encontrar o seu amor e
quando consegue não o larga mais e
nem troca por outro... “gibi”.
Nota do editor: Agnelo Fedel é jornalista (como Tintin) e professor universitário, adora álbuns de quadrinhos europeus, principalmente da grande musa, da deusa, da caríssima (e “gostosíssima”)... bem, vocês já sabem.
Onde estão os “obrigada”, “por favor” e “com licença”?
por Adriana Brumer Lourencini
Muito se discute sobre o comportamento do homem moderno no meio em que vive, no âmbito profissional, social,
sentimental e familiar. Há colunistas, especialistas e gurus
com muitas dicas para se dar bem na entrevista de emprego, não dar um fora na hora de conquistar a pessoa desejada,
evitar gafes em reuniões sociais e de trabalho (aqui estão inclusas as festinhas da empresa) e até mesmo como se tornar
“o popular” da turma. O caminho das pedras está revelado
em diversas publicações, tanto em revistas como em livros
– o telejornalismo também entrou para esse nicho, incluindo
reportagens sobre etiqueta social em sua grade.
O que pouco se questiona é sobre a educação. Aqui não se
trata da cultura adquirida nos bancos escolares, nem tampouco do descaso em que se encontra a política educacional
no Brasil. Refiro-me à cortesia, à gentileza que se costumava
observar entre as pessoas. Até pouco tempo atrás elas ainda
figuravam entre os vizinhos, parentes e amigos, e - porque
não? - entre pessoas desconhecidas.
O que assistimos hoje, impassíveis? Em primeiríssimo lugar, a grosseria no trânsito - isso é um eufemismo! Nem os
animais irracionais se estranham tanto quando se “esbarram”. Fabio Santos, morador de Indaiatuba e estudante do 3º
ano de Engenharia, comenta: “Chega a ser bizarro! São motoqueiros que têm entrega para ontem, o carrão conduzido por
uma pessoa distinta, mas apressada e mal-humorada até aos
domingos. Sem falar dos motoristas de ônibus e caminhões
que, por serem os gigantes do pedaço, adoram o desafio de
tentar passar por cima de todo mundo”.
para desespero dos pouquíssimos motoristas educados, curtem andar bem no meio da rua. São igualmente grosseiros. Porém, sem blindagem.
Logo em seguida, nota-se a falta de consideração – aquela
educação básica que “era” aprendida ainda em casa – e que
ensinava que o meu direito termina onde começa o do outro.
Hoje, as crianças já aprendem a ser mal educadas e a não ter
qualquer noção de espaço e direito alheios. A analista de importação Edna Sousa afirma que “vivemos a cultura do eu: eu
tenho, eu preciso, eu quero – o outro que espere, que saia da
frente, que desocupe.”
Não poderíamos nos esquecer de falar da violência, artigo
“da moda”. É fácil constatar nos noticiários a onda entre a garotada de agendar brigas e lutas pela internet, conforme relata a adolescente Verônica Celso, estudante de São Caetano do
Sul: “É como marcar um encontro para o happy-hour: a hora
feliz dos trogloditas! A violência tem sido comum nas escolas,
por causa das drogas. Alguns até vão armados. Outros costumam levar os pais para bater nos colegas e até nos professores.
É tipo assim: o aluno é repreendido ou entra numa briga, vai
para casa e conta tudo o que aconteceu. A mãe do aluno vai até
a escola para acertar as contas.”
É desnecessário dizer que palavras como por favor, com licença e obrigado estão esquecidas no dicionário empoeirado.
Se não acordarmos depressa, podem ser retiradas do vocabulário na próxima reforma ortográfica. A corrida contra o relógio, a sociedade capitalista e competitiva e a necessidade de
ter cada vez mais acabaram por deixar essas “trivialidades”
Nessa salada metálica e veloz está o pedestre. Em alguns de lado. Não há tempo para o bom dia! O que precisa acontecer
locais chamados “desenvolvidos” ele é rei, mas por aqui cos- para nos lembrar que ainda somos humanos, próximos, e que
tuma ser alvo. Há alguns mais aventureiros (e malucos) que, há tempo sim, para mudar, olhar para o outro e conceder a vez?
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“vivemos a
cultura do eu:
eu tenho, eu
preciso, eu
quero...”
FOTOGALERIA
O Arauto / jun.10
pág.15
Olhar sobre a Crise na Europa
A estudante de Fotografia Fabiana Ritta esteve
em Madri, em maio. Conseguiu identificar nas ruas
da capital espanhola efeitos da crise econômica que
envolveu o “velho continente”, sobretudo nos países
mediterrâneos, como Grécia, Portugal, Itália e Espanha. “Não foi minha primeira vez lá e notei que
agora há muito mais trabalhadores de rua, artistas,
na rua”, conta Fabiana. São pessoas, que mesmo com
talento artístico e - talvez - algum charme, sobrevivem como os “ambulantes” dos grandes centros
urbanos brasileiros.
fotos: Fabiana Ritta/O Arauto
Fabiana, como boa fotógrafa, registrou as cenas:
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Edição 16