dezembro de 2009
www.arauto.info
circulação em Salto e Itu
distribuição gratuita
O Jornal O Arauto é uma publicação da Faculdade de Comunicação e Artes do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio - CEUNSP
Nº 12
Completamos
Criado com o desafio de
informar e propor debates,
este jornal completa 12
edições. Leia e participe da
festa de aniversário!
Foto/Arte: Murilo Santos
1 ANO
Máscaras caíram!
2009 termina e deixa
para trás acontecimentos
importantes que marcaram a
virada 1969-1970.
Muita arte e energia uniram quem
participou ou foi assistir o ‘Talentos CEUNSP 2009’: veja como foi a
“festa” no Teatro Escola.
pág.12
40 anos de...
Veja no Jornal do Ceunsp:
Fashion Show 2009
TCC de Moda é diferente: formandos apresentaram coleção/criação
no salão Palma de Ouro.
Por que o salto alto
fascina tanto as mulheres?
(e os homens também...)
Solidariedade
Como a alimentação afeta o
padrão de beleza.
pág.10
A sabedoria de um dos maiores
empreendedores da região.
pág.09
pág.03
Triângulo amoroso:
pai-filho-cinema
pág.03
Motociclistas da região vão
arrecadar donativos para
promover “Natal de Paz”.
Detalhe: Papai Noel vai de moto...
pág.06
Olhando por cima
pág.10
DA MESA DO REDATOR
Finalizando o ano. Nosso primeiro ano...
“Professor… nem bem comecei a ler o
jornal e já encontrei erros...” Ou então: “Por
que tem tanto branco nO Arauto?”. Teve
quem não gostou de certa foto... Questionamentos como esses são comuns quando
a edição deste periódico chega da gráfica.
Normal. E sadio. Crítica (desde que bem
feita) ajuda a melhorar o produto. E confessamos: temos de melhorar bastante!
Sempre. E por que estamos falando disso e
não de nascimento importante, Papai Noel
ou reveillon” - como manda o mês. Porque
é época de falar de O Arauto. Afinal, doze
edições foram concebidas. Ou seja, comemoramos 1 ano do lançamento do jornal.
Aí alguém pode perguntar: “Mas se há
motivo para comemoração por que começar o editorial falando em erros?” Primeiro,
porque, como bons jornalistas, não escondemos a realidade. Também para que ninguém diga que somos soberbos ao afirmar:
“Nossa produção é muito útil”. Ajudamos
a melhorar o processo de comunicação
do CEUNSP. Estabelecemos um elo entre o
Centro Universitário e a comunidade. Enriquecemos debates, não apenas no ninho,
a FCA, mas em toda a região (este jornal é
distribuído em escolas públicas). Lucram
estudantes e professores, que exercitam a
prática da comunicação.
Depois de explicado que “só reclamamos
do que sentimos” e que “criticamos aquilo
que gostamos ou queremos gostar”, vamos
aos destaques deste mês. No fim de 2009,
devemos lembrar do ano que foi de muitas
datas comemorativas. Em edições anteriores, mostramos a importância de Darwin,
Carmem Miranda, Woodstock e outras efemérides. Em dezembro, vamos lembrar
acontecimentos do mundo artístico, como
discos importantes de Elvis, Beatles e Michael Jackson (que perdemos este ano).
Também lembraremos uma época difícil da
política brasileira, que O Pasquim tentava
ironizar. Mais recente, mas também data
importante: 20 anos da queda do Muro de
Berlim, marco do fim da Guerra Fria.
Mas não é só isso não! Tem salto alto, viagem ao Chile, dicas de empreendedorismo,
o padrão de beleza pela (falta de) alimentação, Atlética, a arte de flanar e outros. Feliz
Natal! E que o melhor de 2009 seja apenas
o pior de 2010. (Pedro Courbassier)
O Arauto / dez.09
pág.02
Salto recebe Festival de Viola
Pela segunda vez Salto vai ter o “Festival Paulista de Viola
Caipira – Violas e Ponteios”. Uma opção para quem gosta do
chamado som de raiz. Será nos dias 4, 5 e 6 de dezembro, na
Praça XV de Novembro (Centro), que receberá um grande palco. Além da atração musical, o local terá tendas para artesãos
exporem produtos da luteria, a arte de produção de instrumentos de corda.
O evento não vai ocorrer apenas na praça. A Sala Palma de
Ouro, no Centro de Educação e Cultura, também abrigará rodas de viola, nas mesmas datas do festival. (Paulo Inácio)
Ops...
(As mancadas da edição anterior.)
- Por erro deste editor, que após a revisão do jornal inseriu material editorial a mais, alguns erros de digitação apareceram: No editorial; na reportagem sobre o encontro de Relações Públicas; da programação da
Mostra de Cinema; e na da visita de estudantes de Jornalismo à Folha de SP; em Videogame; e no texto “Bjomeliga” .
- A grafia correta do sobrenome da estudante autora do texto “Bjomeliga” é Takeno.
ACONTECE NA FCA
A Faculdade de Comunicação e Artes do CEUNSP mostra todo o repertório de atividades:
Alma Corsária, de 1993, é um dos principais trabalhos de
um dos principais diretores brasileiros contemporâneos. No
filme, dois amigos de infância lançam um livro de poesia. Enquanto a festa de lançamento rola, a mais variada fauna humana aparece para o evento, incluindo um suicida. Viaduto do
Chá e a década de 1950 são mostrados durante a história, levando a um final de expectativa e grandes surpresas. O debate
sobre as intenções desse filme foi apenas uma das pautas da
palestra dada por Carlos Reichenbach (foto), em visita ao Cineclube da FCA, na noite do dia 17 de novembro.
Angela Trabachini/O Arauto
Mas o diretor gaúcho tem outros filmes, como Dois Córregos, Anjos do Arrabalde e Meninas do ABC. Participou também
de trabalhos como ator. Todas essas experiências foram passadas aos alunos, principalmente aos de Cinema. (da Redação)
Carlos Oliveira/O Arauto
Cineclube mostra filme e traz
Reichenbach junto a público
Palestra explica arrecadação de direito autoral
Promovido pelo estudante Fernando Mauri Branco, do curso de Eventos, a pedido da professora Maria Regina, de Ética e Legislação, representantes do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), estiveram no dia 24 de novembro na FCA, para o evento denominado “Mundo Ético”. O palestrante foi o gerente da filial Campinas, Fausto Remédio (foto).
Após didática apresentação de dados sobre a instituição, bem como de alguns aspectos
da Lei do Direito Autoral, Fausto respondeu perguntas do público, principalmente sobre a
arrecadação e distribuição de renda advinda da execução pública de músicas. (da Redação)
Blog: arautomania.blogspot.com
expediente
Trabalho da Agência Experimental (AECA) da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Pastrocínio (CEUNSP).
Jornalista Responsável: Pedro Courbassier (MTb.: 23.727).
Projeto Gráfico e Diagramação: Prof. Murilo Santos.
Revisão e normatização da língua: Profª Maria Regina Amélio.
Coordenador de Imagens e Fotografia: Carlos Oliveira (Arfoc-SP 23.862).
Conselho Editorial: Prof. Amauri Chamorro; Prof. Edson Cortez; Prof. Ms. Filipe Salles; Profª Ms. Maria Paula Piotto S. Guimarães; Prof. Esp. Pedro Courbassier; Prof. Dr. Rubens Anganuzzi Filho.
Projeto da Agência Experimental de Comunicação e Artes (AECA):
Coordenador Geral da FCA: Prof. Edson Cortez. / Coordenador da AECA: Prof. Amauri Chamorro. / Coordenação Empresa O Arauto: Prof. Esp. Pedro Courbassier.
Alunos participantes: Amanda Duarte, Ana Paula Oliveira, Daniele Bellani, Francis Cunha, Jean Pluvinage, Jéssica Bonatti, Lígia Martin, Luana Silva, Luiz Pesseudônimo, Marcos Freddi, Mariana Campos, Mariana Sugahara, Melissa
Castro, Nelson Lisboa, Pedro Brito, Rosana Beatriz Silva, Thuany Martins, Tiago Rodrigues (pautas e textos); Adriane Souza (coordenação web); Angela Trabachini, Joseane Carvalho e Marcelino Carvalho (fotos).
Tiragem: 20.000 exemplares
Contatos: [email protected]
www.ceunsp.edu.br
Todos os textos são de responsabilidade de seus autores.
DEBATE
O Arauto / dez.09
pág.03
A Herança da Memória
Recentemente acabei de
ler o livro O Clube do Filme,
2009, do crítico de cinema
canadense David Gilmour – o
autor é homônimo, mas não é
o guitarrista da banda de rock
progressivo Pink Floyd. É interessante ver como Gilmour
fez concessões, por vezes
descabidas, com o intuito de
fazer com que seu filho Jesse
se encaixasse na sociedade,
talvez da maneira mais torta
possível, como ter permitido
que o mesmo deixasse os estudos formais e se dedicasse somente aos filmes para
construir seu aprendizado. A
partir daí a relação entre pai
e filho toma um novo rumo,
vai se construindo e fortalecendo em torno dos filmes
assistidos nas sessões da tarde onde se realizava o clube.
Mais tocante ainda é reconhecer como os filmes escolhidos
pelo pai - em módulos temáticos e aleatórios - embasaram
por alguns anos discussões
pertinentes ao crescimento
de ambos, sim, porque não
somente Jesse aprendeu com
Gilmour, mas este também
cresceu enquanto seu filho
saia da adolescência para
a vida adulta. É fato de que
quando ensinamos também
aprendemos.
Minha crônica, porém, não
se baseia no corajoso relato
de vida encontrado no livro
de Gilmour e sim na relação
entre pais e filhos, melhor, na
relevância do cinema para a
fortificação desta relação, por
mais latente que esta possa
parecer. Lembro-me como se
fosse hoje quando meu pai
levou a família a um passeio
cinematográfico a São Paulo
para assistirmos Superman
– O Filme, realizado por Richard Donner em 1978. Na
época os filmes lançados nos
EUA demoravam um pouco
mais para chegar ao Brasil,
sobretudo nas pequenas cidades do interior como era
Salto no final na década de
70. Era na Capital do estado
onde as novidades desembarcavam antes e meu pai
cultuava o gosto pela metrópole, por seus restaurantes,
seus hotéis e pelas salas de
cinema da região da Praça da
República ainda mantenedoras do glamour de outrora...
Mais uma herança da memória passada de geração para
geração, mas essa é história
para outra crônica.
A herança a que me refiro
agora diz respeito à paixão
pelo cinema que ambos, eu
e meu pai, nutríamos, mesmo em silêncio ou em breves
conversas sabíamos que o cinema formava um elo entre
nós. Meu pai era um cinéfilo
de carteirinha, daqueles de
frequentar sessões ininterruptas pelas salas dos cines
Comodoro, Ipiranga, Marabá e Olido seguidamente, às
vezes até com uma mania irritante de entrar com a exibição já iniciada, para não
perder tempo, e ver o início
do filme na sessão seguinte,
após ter visto o final. Para ele
pouco importava se o filme já
estivesse começado porque o
final era seguramente previsível. Alguns anos depois, na
década de 80, nossa peregrinação era feita pelos cinemas
de Campinas, sobretudo no
Windsor situado em frente
ao Largo do Rosário, sempre
com um bom restaurante por
perto.
Hoje eu o entendo. Como
professor de Estética e Teoria Cinematográfica tenho
ciência que o encerramento
de uma trama no cinema de
gênero hollywoodiano, daqueles clássicos que meu pai
gostava de assistir, já se define nos primeiros minutos de
sua exibição e que o sentido
de sua narrativa é estabelecido por uma divisão em etapas
que nos permite identificar
claramente seus acontecimentos. Essa regra, que estabelece uma estrutura básica
para o cinema de gênero, foi
definida por D. W. Griffith no
início do século XX e meu pai
sabia disso, seguramente por
Por Prof. Ms.
Ricardo Zani
intuição e não através dos livros e das aulas na academia
como eu sei hoje, mas o fato é
que ele sabia e dominava essa
estrutura como poucos.
Voltemos então àquele final de semana de 1979 onde
começamos a ver o filme desde o início. Por menor que eu
fosse e não somente na idade,
mas também na estatura - o
oposto do meu irmão mais
velho -, o encantamento que
senti por esse filme foi arrebatador, fiquei fascinado
pela história do garoto órfão,
colocado por seu pai Jor-El
(Marlon Brando) ainda bebê
dentro de uma nave, que viaja
pelo espaço até chegar a terra
e que aqui, por meio da radiação amarela do sistema solar
terrestre, desenvolve superpoderes que o tornam capaz
de combater as artimanhas
do seu grande rival Lex Luthor (Gene Hackman). Embora a origem do herói remonte
aos quadrinhos, foi por meio
de Superman - O Filme que
descobri a aura deste personagem vindo de Krypton
para ajudar a humanidade,
sempre vestindo uma roupa
colante com as cores da bandeira dos Estados Unidos da
América. E mais, a presença
de Lex Luthor como o grande
antagonista do filme ressalta sobremaneira a estrutura
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clássica da obra e as qualidades inquestionáveis do bom
moço Superman, ou seria melhor dizer Clark Kent ou ainda
Kal-El (Christopher Reeve).
Lembro-me de termos saído da sala de cinema e parado
na primeira banca de revistas
para comprarmos o álbum
de figurinhas do filme e uma
espécie de marionete de papelão do personagem Superman que, quando montada,
ficava maior do que eu, com
seus braços, pernas e pescoço moduláveis. As bugigangas
de plásticos ou as eletrônicas
eram capazes de me entreter
muito mais do que uma barra
de chocolate, mas nesse caso
não era só o brinquedo que
me interessava e hoje eu sei o
porquê. A identificação com o
herói me remete à descoberta
de um mundo diferente, lúdico e, sobretudo, impregnado
de valores que marcaram a
minha experiência de vida, a
infância principalmente. Foi
uma época indescritível, feliz,
onde nós quatro (eu, meu pai,
minha mãe e meu irmão) curtíamos cada final de semana
intensamente e numa união
de dar inveja.
Hoje não temos mais isso,
tenho uma nova família e
vejo em meu filho a projeção
do que melhor poderei fazer.
Meu pai não conheceu esse
neto, talvez o bajulasse tan-
to quanto fez com os outros
que viu nascer, mas o fato é
que não o conheceu. Eu mesmo não sei se conheci meu
pai como deveria ou se ele
me conhecia de fato. Quando
olho para meu filho Pedro e
procuro vislumbrar tudo de
bom que eu poderei deixar a
ele, relembro minha relação
com meu pai e o quanto ela
foi surda e muda na maioria
das vezes, o quanto nós éramos teimosos e ao mesmo
tempo compartilhávamos os
gostos pelas mesmas coisas
que não conseguíamos dizer.
Retorno ao livro de Gilmour e
em como foi superada a distância existente entre ele e o
filho, uma superação real que
não aconteceu entre meu pai
e eu.
Talvez este texto não seja
de fato uma discussão sobre
um dos filmes que mais me
agradam na história do cinema e sim somente uma crônica de redenção ao avô que
não conheceu seu neto, que
herança este poderia ter deixado a ele. A mim isto já está
claro, para além de toda a influência que a postura e os
ensinamentos de um personagem/super-herói possam
exercer sobre uma criança,
é a herança da memória que
me envolve mais, aquela que
dinheiro algum pode comprar e que só pode ser legada
quando algo em comum foi
vivido.
VIDA UNIVERSITÁRIA
O Arauto / dez.09
pág.04
Estudantes se unem e
organizam a primeira
ATLÉTICA do CEUNSP
da Redação
Você sabe o que é uma Atlética?
Atlética... Associação Acadêmica... são as entidades
responsáveis em promover e coordenar as atividades
esportivas de cada faculdade, organizando treinos e
campeonatos externos e internos em diversas modalidades esportivas.
Um dos objetivos desses
times esportivos é participar
do Juca – os Jogos Universitários de Comunicação e Artes.
Esse é um dos maiores encontros universitários do estado,
que, em 2010, chega a 16ª
edição. O principal objetivo
é a convivência e o fortalecimento da amizade entre os
estudantes de oito das mais
conceituadas Faculdades de
Comunicação e Artes de São
Paulo: Belas Artes, Cásper
Líbero, ECA-USP, FAAP, Mackenzie, Metodista, Puccamp
e PUC-SP. Como? Por meio de
competições esportivas.
Como surgiu a Atlética
FCA-CEUNSP - A Atlética da
FCA-CEUNSP surgiu de uma
conversa entre dois alunos,
pelo MSN (rede social disponível em computadores
conectados a internet, para
troca de mensagens): Mayara
Calixto e Guilherme Brozoski.
Ambos concordaram que faltava uma atlética no Centro
Universitário. A criação de
uma entidade voltada ao esporte ajudaria no reconhecimento do CEUNSP perante
outras instituições de ensino.
Daí, conversando com outros
colegas de faculdade, pedindo
a aprovação dos coordenadores de cursos e passando da
teoria à prática, a Atlética foi
criada. “É um movimento estudantil, como um grêmio escolar, que representa os alunos, mas dirigido para o lado
esportivo de sua faculdade.
No começo serão formados
times masculinos e femininos
de handebol, vôlei, basquete
e futsal. E um time masculino
de futebol. E também haverá
a formação de uma bateria
para a torcida, e de um grupo de dança, com líderes de
torcida. Todos os alunos da
FCA-CEUNSP
interessados
em jogar, ajudar ou participar
das atividades e das reuniões
serão bem-vindos”, informa
Mayara Calixto.
Para participar os
estudantes devem se
inscrever com os representantes da Atlética da
FCA: Mayara Calixto e Pedro
Baptistella do 2º semestre de
RTV; Tatiana Leutewiler, Guilherme Brozoski, Lucas Formenton, Fernando Reis, Everton Thadeu, Renan Pianucci e
William Nagasi, do 2º semestre de PP.
Contatos – Atividade de
jovens, não pode ficar de
fora das redes sociais da internet. “Já estamos no Orkut,
com a comunidade Atlética
FCA-CEUNSP e também respondendo dúvidas pelo email [email protected]”, informa Guilherme
Brozoski.
Professores entram “na
dança”- Segundo os criadores da Atlética FCA, os professores serão importantes para
o funcionamento da entidade.
“Contamos com o apoio deles.
Já temos parcerias, por exemplo, com o professor Murilo,
de Computação Gráfica, que
vai mexer nas artes, criando
um desenho de mascote, definindo o padrão visual da Atlética. A bateria contará com a
colaboração do professor Alexandre Caetano, de Teatro. E
esperamos ter parceria de
todos. Também há a possibilidade, se houver interesse,
que os professores treinem
os times”, comentam Mayara
e Guilherme.
Entidade será a responsável
por agitar a vida esportiva
dentro da FCA. Treinos já
começaram. Participe!
Angela Trabachini/O Arauto
A entidade também é responsável pela integração e
interação dos alunos de cada
faculdade. Para isso, organizam festas, confeccionam
e comercialização produtos
como canecas e camisetas
(normalmente relacionando
o produto ao curso).
Inscrições abertas:
- Handebol: masculino/feminino
- Basquete: masculino/feminino
- Futebol: masculino
- Líder de torcida: feminino.
- Futsal: masculino/feminino
- Vôlei: masculino/feminino
Não há envolvimento com
notas. A Atlética é uma atividade extraclasse. É um projeto de alunos. Tanto que os
treinos serão aos sábados à
tarde e as reuniões em horário de intervalo, para que
nada atrapalhe as aulas.
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- Bateria: masculino/feminino
TRILHANDO
O Arauto / dez.09
pág.05
Obsevações de
um estudante de
Publicidade no Chile...
por (texto e fotos)
Dyego Bendassoli (8º semestre de PP)
Frio. Muito frio. Esse é o
único pensamento que tomou
minha cabeça ao desembarcar no Aeroporto Arturo Merino Benitez, no Chile, em junho deste ano. A sensação de
estar dentro de um refrigerador gigante demorou um pouco a passar: saí de uma São
Paulo com aproximadamente
23º C para pousar numa Santiago quase perto de 0ºC. Depois de uns minutos respirando fundo, me acostumei com
o novo oxigênio e me apressei
para tomar um táxi. Ah... que
quentinho: ar-condicionado
abençoado!
Ao “retomar a consciência”, passei a ver as primeiras características desse país
comprido geograficamente e
muito bem estruturado economicamente. O Chile está
entre as potências da América Latina, ocupando importante papel no cenário comercial mundial. Sua política
de exportação favorece a realização de parcerias com países europeus e asiáticos. Segundo a Fundação Heritage,
dos Estados Unidos, o país é
uma das dez economias mais
abertas do planeta.
Todo esse resultado só foi
possível a partir de medidas
econômicas impostas pelo
governo de Augusto Pinochet,
que é lembrado por muitos
como um ditador sanguinário, e por outros como o líder
que plantou as primeiras sementes para o país ser o que é
hoje: se até 2012 a economia
chilena crescer no ritmo dos
últimos tempos, alcançará
renda superior a US$ 21 mil
per capita, índice padrão
de país rico. Nem mesmo a
crise mundial abalou essa
perspectiva, que poderá tornar o Chile a primeira nação
da América Latina a alcançar
o status de país de Primeiro
Mundo. Muito diferente da
nossa realidade tupiniquim...
Andando pelas ruas do
centro de Santiago, pouca
coisa nos reporta ao Brasil.
Muitos ângulos lembravam
filmes guardados em meu incosciente, com edificios modernos contrastando com o
design europeu. Não é à toa.
Em comum com o Brasil, posso dizer que vi no Chile três
coisas que encontramos em
qualquer outro lugar do mundo: pombas, Mc’Donalds e...
brasileiros! Não é difícil topar
com alguns deles, que em geral são turistas muito bemhumorados e falantes. Mas há
muitos que vão atrás de objetivos profissionais e acabam
ficando por lá.
A publicidade está em
toda parte. De maneira sutil,
parece que há tempos adotaram ali a “Lei da Cidade
Limpa”, sendo que não existe
poluição visual em nenhuma
parte externa. Outdoors são
poucos, a maioria em estradas e em outros locais distantes da área urbana central. O
campo de trabalho para um
publicitário é amplo, principalmente nas revistas e nos
‘periódicos’, que se utilizam
tanto do formato standart
quanto do tablóide. As propagandas externas são bem utilizadas nos ônibus e estações
de metrô, tal como no Brasil.
Os anúncios em gigantocromia diminuem gradualmente à medida que nos
aproximamos das regiões
mais ricas, tal como Vitacura
e Las Condes. E é nessa região que está sendo construído aquilo que será o maior
edifício da América Latina,
o Gran Costanera, com 70
andares e 300 metros de altura. Toda essa imponência
do Chile é reflexo de uma
economia invejável, servindo de modelo para países do
Mercosul.
Conheci também algumas
regiões litorâneas, como
Viña del Mar e Valparaíso,
banhadas pela maré forte e
gelada do Pacífico. Existem
ali regiões mais pobres, com
menos recursos, mas nada
que venha intervir no alto
índice de desenvolvimento
nacional.
Em linhas gerais, o Chile tem inúmeras oportunidades profissionais, principalmente na área da
Comunicação. E podemos
facilmente nos sentir em
casa: a receptividade do
povo chileno é um artigo à
parte. São calorosamente
encantados por brasileiros.
Descobre-se num breve diálogo muitas afinidades,
como futebol, o gosto
pelo litoral nos feriados
e finais de semanas e,
claro, a relutância em
chamar argentino de
“hermano querido”...rs.
Viva a Globalização.!
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COMPORTAMENTO
Sapatos podem guardar
lembranças dos momentos
em que foram usados, memórias vivas como de um álbum de fotografias; como o
primeiro sapatinho de uma
criança ou de uma noiva.
História - A origem se perde no tempo. Devido a sua
simplicidade, as sandálias foram os primeiros calçados feitos pelo homem, substituindo
as primitivas peles de animais enroladas nos pés. Cada
civilização antiga adotou um
modelo. Perto de 3500 a.C.
eram usadas no Egito como
proteção às areias escaldantes. Foram adotadas também
pelos romanos, japoneses,
persas, indianos e africanos.
A maioria revelava a posição
social de quem as usava como
símbolo de prestígio, nobreza, castidade ou luxúria.
O “verdadeiro salto” para
o mundo aconteceu em 1533,
por motivo de vaidade, quando Catarina de Médicis trouxe
sapatos de salto para Paris e
utilizou em seu casamento
com o duque de Orleães, lançando moda, entre os pés ricos da época. Já o modelo de
salto ‘Louis’, muito famoso,
nasceu na corte francesa de
Luís XV e tem sido usado até
os dias atuais.
Dois grandes acontecimentos tiveram papel fundamental na popularização da
peça: a Revolução Industrial e
a 2ª Guerra Mundial. Mulheres, em busca de independência, abandonaram a rotina
doméstica e migraram para
as fábricas. Neste período de
mudanças, o salto passa a ganhar espaço nos trajes femininos.
Tamanhos e gostos – Ele,
o salto alto, ainda não reina
absoluto em todos os pés,
mas é difícil ir a algum lugar e não ver ao menos uma
mulher desfilando com seus
centímetros a mais de altura.
Geralmente, os modelos mais
baixos variam de 4 a 5 centímetros e os maiores superam
os 12 cm. “Acho que não existe regra para usá-lo. No meu
caso, prefiro saltos mais baixos para o dia-a-dia e abuso
dos saltos mais altos nos finais de semana”, diz a consultora de vendas Michelle Cristina Pereira, 20 anos.
Mas, existem também as
que não gostam, nada havendo que as façam mudar
de ideia. É o que conta a estudante Ana Paula Stahl, de
18 anos. “Gosto de tênis, pois
prefiro conforto. Em 2007,
deixei de ir à formatura de
minha irmã porque tinha que
usar salto. Ela ficou muito
chateada, não conversamos
durante seis meses”, lembra a
jovem.
Sempre na moda - O tempo passa, as estações do ano
mudam e ele não sai de cena.
No verão aparece nos tamancos e sandálias; no inverno,
nas botas e scarpins. Para a
designer de acessórios de
moda, Érika Matheus, “o salto
alto, juntamente com aquele
pretinho básico do guardaroupa feminino, formam bons
coringas da moda, dão um
“up” final no look seja ele casual ou fashion”.
Impulso - Mulheres e seus
sapatos mantêm uma relação
de amor, poder e desejos. É
o que revela uma pesquisa
realizada em cinco estados
brasileiros, que aponta: as
mulheres têm em média 32
pares de sapatos, sendo que
em 89% dos casos, o impulso da compra nada tem a ver
com necessidade. Na hora de
decidir entre conforto e beleza, 99% delas preferem a
estética. A responsável pela
pesquisa, a professora universitária Vanessa Guimarães
Tobias, afirma que elas estão
dispostas a gastar em média
até R$ 215,00 num par de
sapatos, independentemente de quanto ganham. “Adoro comprar sapatos de salto,
eles me fazem sentir sensual, uma mulher mais segura.
Vejo sapatos nas vitrines e
meus olhos brilham. Na dúvida escolho sempre o que
achei mais bonito, afinal, um
sapato novo nunca é demais”,
confessa Michelle Pereira.
Uma paixão chamada
Salto Alto...
por Beatriz Silva
conhecemos hoje surgiu na
Inglaterra no século XIX. Derivado do português, o termo
feitiço se relaciona à fantasia
de uma atração ou fixação incontrolável por situações diversas, como praticas sexuais
em locais públicos, carros e
elevadores ou parte do corpo,
cabelos, mãos, pés ou por objetos como roupas, jóias, tatuagens e sapatos.
Lima, 25 anos, casada há 10
meses.
O salto stilleto, também
conhecido como salto agulha,
foi inventado na década de
50, tornou-se símbolo de sedução provocante, ‘sex appel’
e a marca das meninas mal
comportadas da época. Sua
aparência delicada proporciona à mulher um andar sinuoso e, quando acompanhado de roupas ultrafemininas
(vestidos e saias), dá origem
ao que é considerado pelos
homens como o campeão de
preferência fetichista. “Com
o passar dos anos, fui ficando mais velho e começando a
admirar mulheres que usam
salto alto. Ele realça as pernas, parte do corpo que eu
mais gosto, deixando-as mais
belas, despertando todo tipo
de fantasias, desejos e maior
sensação de prazer. Gosto de
beijar os pés e as pernas de
uma mulher que esteja usando salto alto”, revela Kroth.
Dores da beleza - Um argumento sempre usado pelas
mulheres para justificar as
dores, é que é possível suportar e se acostumar a elas. Mas
em decorrência desse hábito
podem surgir alguns problemas, é o que alerta a fisioterapeuta Maria Regina de Moraes Peres. “O uso prolongado
do salto alto pode provocar
mudanças na musculatura,
encurtamento na panturrilha, danos à coluna, aumento
da lordose, dores nos joelhos,
pelve em anteversão (bumbum empinado), joanetes,
calosidades, unhas encravadas, joelho em valgo (joelhos
aproximados) e favorecer o
surgimento de varizes. A melhor forma de evitar dores
e prejuízos à saúde é manter uma postura correta, não
utilizá-los por muito tempo e
intercalar o uso com modelos
mais baixos”.
A adoração por pés recebe
o nome de podolatria e pode
levar a práticas de sadomasoquismo e voyeurismo (busca
de prazer pela observação
de pessoas). “Alguns homens
têm fixação a se sentirem excitados quando há contato
sexual com uma mulher que
estava ou continua usando
sapatos de salto. Os fetiches
são saudáveis. Apenas quando exclusivista (só gosta do
fetiche) provocará limitações
nos relacionamentos”, afirma
psicólogo Rodrigues Jr.
Sedução – Mulher usa o
corpo para seduzir o sexo
oposto. Com o salto e, consequentemente, maior altura, o poder de atração pode
aumentar. Fica mais “vista” e
pode parecer a ‘femme fatale’,
despertando a libido. “Ao observar uma mulher andando
pela rua, percebo o poder de
atração que seu sapato exerce. O ritmo de seus passos é
auditivo e visual. Todas as
Associados à fantasia de
mulheres deveriam usar saluma mulher bonita, os pés
to”, afirma o jogador de futee os saltos são idealizados,
bol Daniel Kroth, de 19 anos.
despertando diversas formas
de simbolismo erótico para
“Do ponto de vista psicolóo fetichista. “Quando conheci
gico, a pessoa que usa sapato
meu marido ele logo pediu
de salto alto encontra a idenpara ver os meus pés, pois
tificação social de ser mulher.
achava lindos os pequenos,
Se sua busca particular for a
delicados e com salto alto.
de sentir-se integrante do gêMeses antes de nossa união,
nero feminino, usá-lo (o salto
ele sugeriu que eu mostrasse
alto) pode ter essa importânos pés em nosso casamento,
cia”, explica o diretor do Instidecidi usar um vestido na altuto Paulista de Sexualidade,
tura dos joelhos e com uma
INPASEX, o psicólogo Oswalsandália alta. Foi a combinado Rodrigues Junior.
ção perfeita. Os saltos seduzem sim e muito”, declara a
Fetiche - Os adoradores de
professora de Educação Físisapatos existem desde a antica Monique de Campos Souza
guidade; o fetichismo como
www.ceunsp.edu.br
A pornografia, frequentemente, rotula a mulher de
salto alto com vulgaridade,
como um objeto sexual acessível, ao contrário do discurso
das revistas de moda feminina que se concentra na fantasia de que os homens, apenas,
veneram os pés, como um
príncipe encantado, seduzido
pela Cinderela com seu sapatinho de cristal. “Ele deixa a
mulher mais elegante, embora, dependendo da ocasião,
possa parecer vulgar, pois em
alguns momentos ele é desnecessário. A mulher pode
ser atraente sem o salto, aliás,
se ela não souber combinar o
que está usando poderá até
causar um efeito contrário.
Beleza vai muito além do sapato, o que conta mesmo é
como ela se sente”, comenta
a estudante de rádio e TV do
CEUNSP Lea Cogo, 26 anos.
Agora, você mulher, deve
estar pensando em fazer um
motim em prol da boa saúde
e jogar fora todas as suas sandálias, scarpins e botas de salto alto no lixo? Não, o segredo
depois de um dia inteiro de
uso é relaxar, “sempre ao final
do dia tirar o calçado e elevar
as pernas, pois os pés podem
ter inchado. Os tratamentos
para alívio das dores podem
ser de fisioterapia ou reeducação postural global, (RPG).
Em determinados casos é
necessário o uso de medicamentos e a duração de cada
tratamento vai depender do
problema que a pessoa apresenta e de uma avaliação físi-
Carlos Oliveira/O Arauto
Sinônimo de elegância e
sensualidade. Variedade de
modelos, cores e formatos.
Agrada aos mais diversos
gostos e estilos. Para andar
nas alturas é preciso equilíbrio, feminilidade e, ainda,
manter uma postura imponente, charmosa e sofisticada
como a da boneca Barbie, que
já nasceu usando salto alto,
peça importante do universo
feminino.
O Arauto / dez.09
pág.07
ca”, destaca a fisioterapeuta Morais Peres.
usado diariamente, é de até 4 cm
de altura, não deve ser muito fino,
Boa Notícia - Sempre considerado vilão e inimigo garantindo assim mais estabilidados médicos e ortopedistas, ele pode estar próxi- de. O uso continuo é perigoso e
mo da redenção. Um estudo realizado pelo pro- deve ser usado com moderação.
fessor e cirurgião vascular João Potério Filho
e sua equipe da Universidade Estadual de
Já que a recomendação, sauCampinas, Unicamp, revela uma exceção à dável, é variar o salto, algo que a
regra de que ‘usar salto alto faz mal a saú- maioria das mulheres adora, está
de’. A tese foi comprovada por um novo aí um bom motivo para usar um
método denominado “Estudo de Mar- diferente a cada dia, em um concha” que mede a pressão interna das junto de elegância e beleza onde
veias. Por meio de um exame feito vestuário, educação, e conforto
com mulheres usando saltos de 7 podem caminhar juntos. “A impora 10cm de altura, foi constatado tância dos saltos para a moda está
que o uso reduz a pressão nas na postura imponente que eles
veias e uma melhor circulação propõem, até porque uma mulher
do sangue, impedindo que as que calça um sapato de salto difipernas fiquem inchadas. O pro- cilmente não deseja ser vista, ou
fessor Potério diz, também, seja, mulheres seguras costumam
que o uso do salto proporcio- usar saltos com maior frequência.
na maior contração muscu- Lembre-se sempre de usar um callar, o que aumenta em até çado discreto, que não chega antes
30% o bombeamento do de você, já que ele te faz ser percesangue, diminuindo a bida primeira”, diz a profª. Luciane
chance de edemas (in- Panisson, coordenadora do curso
chaços).
de tecnologia em Design de Moda
Para a ortopedis- do CEUNSP.
ta Evelin Goldenberg,
doutora em reumatoSolte-se. Sinta-se livre para sulogia pela Universidade bir de vez no salto.
Federal de São Paulo,
Unifesp, o tamanho do
salto ideal, para ser
Dicas para comprar um calçado novo:
° Compre pelo conforto. Pode ser difícil, mas pense o quanto você
terá que aguentar em cima do salto;
° Não compre apenas pela beleza, na esperança de que ele fique
confortável depois de usar várias vezes;
° Experimente o sapato no fim da tarde, quando os pés estão mais
largos ou inchados;
° O calçado não deve ser feito de material duro.
Como combinar saltos, roupas e ocasiões?
Salto Plataforma
Use em ocasiões bem informais;
Evite usar em casamentos;
Lembre-se: o plataforma distribui bem o peso do corpo;
Atente para a existência do meia-plataforma.
Salto Sabrina
Fino e delicado;
Tamanho médio;
Elegante com calças curtas, saias e vestidos na altura dos joelhos.
Salto Anabela
É parecido com o plataforma, de solado reto ou curvo;
Pode ser usado no dia-a-dia e com roupas mais finas;
Segundo especialistas, são considerados uma boa opção, menos prejudicial à saúde.
Salto Stiletto ou Agulha
Extremamente fino, geralmente bem alto;
Está sempre presente na moda;
Tem diversas opções de uso: versátil durante o dia e sofisticado à noite.
Salto Luis XV ou Carretel
Alto ou baixo, sua forma lembra um carretel;
Ideal para usar com calças, vestidos, shorts, minissaias e vestidos longos.
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COMEMORAÇÃO
O Arauto / dez.09
pág.08
O Arauto completa
Mauricio Bueno /O Arauto
Prof. Pedro Courbassier
1 ANO!
Integrantes
do quadro de
colaboradores
de O Arauto
debatem
edição.
ados Assim
Um velho jornalista foi convidado a dar uma palestra
para focas que participavam do Curso de Treinamento
de Jovens Jornalistas do Estadão. Depois do “bom dia!”
e das apresentações, ele perguntou: “Qual é a função do
jornal?”.
?
PM
12/2/08 6:27
novembro de
2009
www.arauto.
info
circulação em
Salto e Itu
distribuição
gratuita
Nº 11
Atire a prim
eira pedra que
m nunca brin
cou
seriamente ou
tentou entend
er o
Foto: Marcelo
Baptista / Arte:
Murilo Santos
Videogame
Robson Nascime
pág.10
nto/O Arauto
Promessa paga
Morre o únic
o
laureado com brasileiro
a Palma de
Ouro de Can
nes
Anselmo Dua . Cineasta
rte recebeu
homenagens
(foto do velór
io) na
terra natal:
Salto.
Debate 2:
O que criança deve
assistir na TV?
Pedagogia
Vida universitária
fala sobre mudan
ça de curso
Enxergando long
e!
Eventos e Moda
se unem e produzem desfil
e beneficente
e in-pág.03
clusivo: porta
dor de neces
sidade
especial em
visão participou.
pág.04
Vinícius Corrêa/O
pág.02
Debate 1:
A usuabilidade
na web
Conheça as várias
oportunidades
da faculdade
com
voltada ao merca tecnologia
do.
Curso ganho
u três estre
las de
qualidade no
Guia do Estud
ante.
prós e con
do polêmico tras
pro
de ensino sem cesso
das escolas repetência
paulistas.
pág.03
pág.08
Arauto
Progressão cont
inuada?
Os
Veja no Jorna
l do Ceunsp:
Fatec
Braços se levantaram (sabe como é: jovem jornalista, em empresa que pode se tornar empregadora.. “empolga”, né...). Muitos tinham respostas. O experiente foi
apontando o dedo: “Você.” E o foca respondia: “Ajudar
a melhorar o mundo.” O jornalista apontava para outro,
que respondia: “Levar informações a milhares de pessoas.” E respostas seguiam ditas uma atrás da outra:
“Ser o Quarto Poder.”; “Mostrar o que está errado na sociedade.”; “Ajudar a população a entender o mundo.”
Após umas quinze respostas o profissional da informação respirou fundo e disse que todos estavam errados. A sala ficou em silêncio, mas era possível sentir
que palavras foram abafadas. Antes que alguém pudesse
protestar, o velho (não porque era de idade avançada,
mas porque a idade dele era mais velha em relação a da
média da plateia...) disse, firme: “A função do jornal é
estar na banca, cedinho, para o leitor comprá-lo.” Mais
silêncio.
Sem análises filosóficas ou com intenções de “autoajuda” (argh!), o que o profissional experiente quis mostrar aos novatos é que, antes de qualquer pretensão profissional de inovação ou sucesso, é necessário conhecer
as técnicas e manhas do processo de produção. E é sobre
esse ponto que quero falar de O Arauto.
O jornal era um velho sonho da Faculdade de Comunicação e Artes e de um dos seus idealizadores, o próreitor administrativo e professor Rubens Anganuzzi
Filho. Com a chegada deste “que vos escreve” e do professor Edson Cortez à coordenação da FCA, começou-se
a montar o projeto que deu cara à publicação. Eu tive de
sair por uns meses desse processo, mas os que ficaram
- entre eles o estudante Jean Pluvinage e o professor
Amauri Chamorro - deram ao sonho uma impressão em
papel. O jornal começou devagar, mas já com conteúdo
diferenciado. Voltei e outros colaboradores ajudaram a
melhorar - prncipalmente nosso “artísta”, o professor
Murilo Santos, the designer off the all - o produto (que
tem de estar na gráfica em prazo certo, como no caso
citado no início do texto).
N’O Arauto, os estudantes sentem, dentro do possível, toda a pressão que é trabalhar numa redação. São
cobrados... ouvem que o texto está “ uma porcaria”...
aprendem qual a melhor abordagem... recebem a gratificação de ver o nome estampado na reportagem. Enfim, repito aqui o dito no editorial: precisamos melhorar
cada vez mais, mas já ajudamos no processo de formação de novos focas.
Para terminar, parabéns a todos que ajudaram ou ajudam no processo de fechamento do jornal. Que venham
décadas...
Ah, foca, para quem não sabe, é o jornalista recémformado, inexperiente.
O ARAUTO
COMPLETA
ANO!
“A função
de um jornal
é estar1na
banca, cedinho.”
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LIÇÃO
Carlos Oliveira/O Arauto
O Arauto / dez.09
pág.09
Nossos ascendentes
sempre dizem: “Respeitem os mais velhos”,
não é mesmo? Pois é
bom aproveitar as palavras de um engenheiro
aposentado/empreendedor na ativa de 83
anos. Por que? Porque
ele somou conquistas
ao longo da vida e soube enfrentar dificuldades para realizar o sonho de trazer ao Brasil
empreendimentos imobiliários de excelência.
Falamos de Jacob Ferdemann, paranaense de Ponta
Grossa, formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR),
em Curitiba. Começou a trabalhar jovem, primeiro como
balconista e depois como
caixeiro viajante das Lojas
Pernambucanas. Durante os
estudos, passou a vender seguros de vida. “Nesse contato
adquiri a autoconfiança necessária para vender”, explica
o mestre. Quer saber por que
o chamamos de mestre. Calma. Leia o resto da reportagem e verá.
Construtor - Em 1954
mudou-se para São Paulo, cidade que então crescia sem
parar. Montou uma empresa (a Senpar Ltda. – Terras
de São José) que contratava
obras governamentais, principalmente asfaltamento ou
duplicação de rodovias. Isso
com o sócio, o advogado também formado pela UFPR, Rosaldo Malucelli.
Jacob Ferdemann:
décadas de
histórias e bons
conselhos para dar
pela Câmara dos Vereadores.
Administra os negócios num
belo escritório, localizado na
entrada do condomínio que
criou, o Terras de São José
I (está entendendo porque
ele “ sabe o que faz”?). O local começou a sair da teoria
quando a empresa de Jacob
comprou a área - então um sítio - do colégio Nossa Senhora
do Patrocínio (hoje, CEUNSP).
Antes, numa viagem aos
Estados Unidos, em 1972, Jacob teve contato com “uns tais
de condomínios fechados”. Ele
explica: “O conceito de loteamento e urbanização em áreas verdes fechadas, próximo a
grandes centros, me pareceu
uma boa idéia para o futuro
que estava para chegar”, conta Jacob. No Terras tinha tudo
isso e uma ótima ligação para
São Paulo, a Castello. “Nesse
tipo de condomínio que pensei, você tem de oferecer todo
o tipo de conforto que existe
na Capital, como lojas, clubes
de serviços, escolas. E tem de
mostrar ao morador que não
vai encontrar os mesmo problemas: violência, trânsito
ruim, poluição.”
A viagem ao Texas também
fez Jacob pensar em questões
até que então não eram presentes nos meios de comunicação como hoje: ecologia e
segurança. “Disse para o norte-americano que me mostrava o projeto. Violência não
tem no Brasil (nota do editor:
pelo menos nesse aspecto,
pode-se dizer: “boa época,
não?”). Mas faça por que o
Foram essas obras, prin- brasileiro aprende rápido”,
cipalmente a construção da recomendou o gringo.
Castello Branco e o prolonE deu certo? Jacob resgamento da Anhanguera, que
mostraram o interior paulista ponde com o mesmo tom de
para Jacob. Depois de desco- voz, calmo e passando a imbrir Itu e Salto comandando a pressão de que nada pode
pavimentação da rodovia que abalá-lo, afinal tem vasta exliga as duas cidades, pensou periência adquirida ao longo
em agir além da Engenharia dos vários negócios (bem)
fechados: “A coisa deu cerCivil.
to. Hoje o Terras é o maior
Em Itu, o surgimento do empregador da região. São
“Terras” - Desde a década de quatro mil empregos diretos.
1970 tem laços com Itu - é Desde prestadores de servicidadão ituano, reconhecido ço, como faxineiras e jardineiros, às profissões ligadas à
da Redação
construção civil”, gosta de frisar. O realizador faz questão
de lembrar: “´Nosso empreendimento é economicamente correto.”
Meio ambiente - Correto
é um adjetivo que costuma,
atualmente, vir acompanhado a outra palavra: “ecologicamente”. E a preocupação
com o meio ambiente, já presente no Terras I, foi destacada no segundo Terras de São
José. “Lá já funciona uma rede
subterrânea de fibra óptica. O
abastecimento de água é totalmente feito por poços artesianos. Pode abrir a torneira e
tomar sem medo. Além disso,
todos os resíduos são tratados e reaproveitados. A reutilização da água serve para
irrigar os jardins – e voltar
à natureza. Nosso empreendimento é tão bem feito que
é constantemente visitado
por técnicos estrangeiros e é
sempre fiscalizado pelo pessoal da Cetesb.
Quem realiza sabe
Serra Azul – Mas quem
disse que Jacob e o sócio se
contentaram em serem os
“criadores do estilo Terras
de São José de morar”. Não se
contentaram. Também baseado em projetos vistos nos Estados Unidos, tiveram a idéia
de criar um megaespaço de
serviço, compras e entretenimento às margens de um dos
sistemas de rodovias mais
importantes e movimentados do país, a AnhangueraBandeirantes. Aliás, no quilômetro 73 da Bandeirantes,
funciona o maior complexo
de entretenimento e serviços
da América Latina: Lá estão,
entre outros empreendimentos, o Hopi Hari, o Wet’n Wild
e o Outlet Premium, por onde
circulam seis milhões de pessoas por ano. Foram muitos
desafios para vencer a burocracia, mas conseguiram
inaugurar o “shopping aéreo”,
nome dado ao Serra Azul por
ter restaurantes construídos
sobre a rodovia. “Empreendedor tem de procurar o que
está acontecendo de melhor
no mundo. Quando vi um
projeto parecido no exterior,
pensei – podemos fazer isso
no Brasil também”, diz o realizador de 83 anos.
mas fiz que eles procurassem
especialização.”
E como fazer para liderar? Para Jacob, nem todo
mundo vai conseguir ser líder: “Nem todo soldado vai
ser general”, costuma dizer.
Para ele, liderar é desenvolver a equipe de trabalho, motivá-la. “E selecionar bem os
parceiros. A intuição também
é muito importante. Tente ter
seu próprio negócio e – importante – evite passar pela
frente da porta do banco”,
brinca, se referindo aos juros
cobrados em empréstimos.
“Mas tem de arriscar. Só faça
as contas direito e tente não
precisar que o banco te dê
todo o dinheiro. Tenha sempre algum”, ensina.
Privado x Público - Outra
área que Jacob conhece bastante é a entranha do poder
público. Afinal, durante anos,
teve de lidar com vários níveis de autoridades (federais,
estaduais e municipais) para
poder por em prática seus
projetos e construir. “Gostaria de ver uma máquina pública mais ágil”. Eu pago taxas
e impostos e tudo demora.
Deveria ter reciprocidade. Tenho deveres, certo? Cumpro
todos. Então o Estado tem
de cumprir com a parte dele
também. Órgão público deveria ter prazo. Para o Terras
de São José-2 foram sete anos
de burocracia. “Mas, com trabalho e paciência, vencemos”,
diz, criticando a morosidade
presente em alguns órgãos
públicos.
Uma Itu diferente – Costuma-se dizer na cidade que
Itu tem duas histórias. Um
antes e outra depois do surgimento do Terras de São José.
Os US$ 500 milhões investidos no condomínio atraíram
uma população diferente para
a cidade e criaram empregos.
“Negócios surgiram a partir do Terras: escolas e lojas
foram abertas para atender
Dicas - Realizadores noressa demanda”, afirma Jacob. malmente são bons conselheiros. E quais seriam as
Além da ebulição na eco- dicas dadas por Jacob para
nomia, os empreendedores os jovens estudantes que sotambém deram uma força à nham com o brilhantismo emeducação de parte dos mora- presarial no futuro? “No meu
dores da cidade. “Todo fun- tempo se fazia a faculdade e
cionário que veio trabalhar estava com a vida ganha. Hoje
conosco era incentivado a não. Qualquer um conhece
fazer os filhos em idade apro- tecnologia. Então se diferenEsse foi um pouco de Jacob
priada estudar. A bolsa era cie. Quem não sabe inglês Ferdemann, um exemplo de
bancada por nossa empresa, é analfabeto. Portanto, faça sucesso da região. Para termesmo que não tivesse rela- mandarim, além do inglês, já
minar, mais uma dele: “Uma
ção com nosso negócio. Então que a China vem com tudo. Se
não eram só futuro engenhei- prepare, pois o mercado está casa construída e um
ros sendo ajudados, mas en- exigente.” Sábios conselhos, filho crescido são bem
fermeiros e outros”, comenta, não? Ele tem outros. “Meus diferentes dos projecom orgulho, o engenheiro três filhos são engenheiros
tos originais.”
civil.
civis. Eu acredito na carreira.
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COMPORTAMENTO
Você tem fome de quê?
Marcelino Carvalho/O Arauto
A busca pelo padrão de beleza (imposto) e o melhor
acesso dos humanos às calorias transformaram o
alimento num mal... Ou tudo não passa de exagero
e desequílibrio de alguns?
X
por Thuany Martins
O que vem a ser a perfeição? A Vênus de Michelangelo? Ou Gisele Bündchen?
O tempo passa, mas a busca
pelo “belo” não para. O mundo está cada vez mais “entupido” de remédios que prometem milagre. A ideologia
de um corpo magro e perfeito trouxe consigo doenças e
transtornos incuráveis como
bulimia, anorexia, ortorexia
e compulsão alimentar. Ataca
homens e mulheres independentemente da idade.
te fome, podendo levar a doenças, principalmente a obesidade), Tudo começou em
2006 quando iniciou a faculdade de Educação Artística.
“Essa obsessão por comida
veio quando vim morar sozinha em Itu para estudar. Era
uma cidade totalmente estranha. Por ficar só e não conhecer ninguém, não tinha nada
para fazer e passava meu
tempo comendo”, lembra.
Bulimia - Além da compulsão alimentar, outro transtorno que muito abordado
pela mídia, é a bulimia nervosa. A pessoa ingere uma
grande quantidade de comida, mas depois purga-a, quer
induzindo vômitos, quer tomando laxante ou diuréticos. “Quando eu tinha 12
utilização de medicamentos,
até mesmo de forma ilegal.
“Eu procurei médicos e nutricionistas, mas não quiseram
me receitar remédios para
emagrecer, mas eu conseguia
de forma ilegal. Tem farmácia que vende remédio sem
receita pelo dobro do preço.
Tomei por muito tempo, mas
já não fazia mais efeito, meu
corpo se adaptou, então parei
de tomar. Hoje tomo apenas
antidepressivo”, denuncia J.O.
“Quando eu me alimentava
eu enfiava não só o dedo na
O transtorno alimentar
garganta, mas escova, pente,
pode ocorrer de diversas mapresilhas, tudo o que eu via
neiras, seja por conta da anna minha frente. Com o passiedade, solidão, outros tipos
sar do tempo não precisava
de doenças ou até mesmo em
mais disso, só o fato de comer
razão da mídia, que comunica
já me fazia vomitar, cheguei a
ao ser humano a falsa constomar até remédios para dorciência que a beleza está em
um corpo magro, um padrão anos comecei a prestar mir para ficar sem comer”,
conta L.O..
quase inalcançável.
“Existem fatores que chamamos de predisponentes,
ou seja, fatores que predispõe
o organismo ao aparecimento
do transtorno alimentar (TA),
como por exemplo: baixa
auto-estima, perfeccionismo,
instabilidade afetiva, impulsividade, depressão, ansiedade, desarranjo familiar e o
culto à magreza presente na
sociedade moderna”, explica
a coordenadora do curso de
Nutrição do Ceunsp, Carolina
de Souza.
Caso - Para J.O., 23 anos, a
compulsão alimentar (transtorno em que o indivíduo
consome uma grande quantidade de comida de uma só
vez, mesmo quando não sen-
atenção no meu corpo,
e era bem na época em
que as modelos estavam cada vez mais magras. Quando comia me
sentia a menina mais
gorda do mundo. Então
comecei a tomar remédios e diuréticos. Aos
14 anos foi quando enfiei o dedo na garganta
pela primeira vez. Foi a
forma mais rápida que
encontrei para se livrar
da comida”, relata a estu-
dante L.O., de 19 anos.
Tais transtornos levam os
doentes a cometerem atos
impensáveis, como a “mutilação” do próprio corpo e a
Família - Na maioria das
vezes os portadores desses
transtornos não acreditam
que estão doentes. Acham
normal essa loucura e obsessão pelo corpo. Por esse motivo que a família é de extrema importância, pois muitas
crianças e jovens só percebem a gravidade do problema com a ajuda dos pais e
familiares que acabam sendo
fundamentais para o inicio
de um tratamento que longo
e cansativo, mas pode salvar
muitas vidas.
“Faço tratamento a dois
anos e meio, época em que
meus pais descobriram minha
doença. Se não fosse por eles,
não teria feito tratamento ne-
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nhum, porque, para mim, não
estava doente. Já cheguei ver
minha mãe chorar na igreja e
pedir que acontecesse qualquer coisa com ela, mas que
me livrassem disso. Hoje só
tomo remédios para dormir.
Estou sem tomar diuréticos a
uma ano, e faz dois meses que
não vomito, isso para mim é
uma vitória”, desabafa L.O. .
“Quando ia para casa de
meus pais, minha mãe sempre falava que eu estava muito
gorda, por isso fui ao médico
que me indicou a nutricionista na qual faço tratamento”,
diz J.O..
Tratamento - Alguns desses transtornos podem não
ter cura, mas o tratamento é
essencial para conseguir um
autocontrole e levar uma vida
normal. “Quando há indícios
de que a pessoa sofra de TA
um médico deverá ser consultado e, se for realmente
diagnosticado o distúrbio, o
tratamento deverá ser feito
por uma equipe multiprofissional, constituída por médico psiquiatra, psicólogo e
nutricionista”, diz Carolina do
Santos.
“Por causa dessa doença
perdi as coisas que mais gostava como as lembranças que
todos têm de uma adolescência feliz. Minha vida inteira
foi do quarto ao banheiro,
lagrimas, psicólogos e médicos”, lamenta L.O.. “O pior é
quando a gente entra em uma
loja e pede o tamanho GG, e a
roupa não fica boa”, descontrai J.O..
O Arauto / dez.09
pág.11
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e
r
g
a
m
a
d
a
“estétic
por Amanda Duarte
William de Moraes/O Arauto
O padrão de beleza estabelecido pela mídia faz
com que as pessoas, principalmente as mulheres,
tenham problemas alimentares, que podem levar a
morte. “Quando falamos em estética corporal pensamos em um corpo magro e perfeito como é mostrado
na televisão e em revistas”, comenta Aline Reis, dona
de casa. É verdade. Ao folhearmos revistas e assistirmos comerciais de TV percebemos que o modelo do
belo corpo humano está relacionado a músculos no
lugar de gordura. Faça uma experiência: observe dez
peças publicitárias e conte quantas pessoas são gordas e quantas são magras.
Mas nem sempre foi assim. “Até o século XX as
mulheres eram retratadas mais ‘cheinhas’. Esta era a
beleza da época. Isso mudou quando chegou a Jovem
Guarda e surgiram as propagandas com mulheres
magras”, explica o professor de História da Arte, Ricardo Zani.
Para realizar o sonho de ser “clicada” e estar na
‘telinha’ como uma modelo famosa, muitas meninas
simplesmente param de comer. Aí o sonho vira um
pesadelo. O que é para ser apenas uma dieta vira uma
obsessão. E aí, nos faz refletir: Até onde vai a busca
pela estética corporal?
Pesquisas mostram que apenas 2% das mulheres
do planeta estão satisfeitas quando se olham no espelho. E que 60% delas se sentem deprimidas com o
corpo. Não é para menos, a maioria se compara com
imagens de mulheres perfeitas exibidas em propagandas de beleza.
Mudanças - Mas essa tendência pode estar mudando. A Unilever, grande empresa de produtos para
o lar e cuidados pessoais, proibiu em suas propagandas mulheres extremamente magras. Uma das marcas da multinacional, a Dove, trocou as “fininhas”
por mulheres com curvas, retratando a ‘mulher real’
e criou o programa “Dove pela autoestima”, que tem
como objetivo fazer as consumidoras se aceitarem - e
se amarem - como elas realmente são.
Outro exemplo é a foto que rendeu aplausos na
edição de setembro da revista Glamour, isso por que
a modelo Lizzie Miller apareceu nua com uma barriguinha mais saliente. “A imagem mostra a mulher
como ela realmente é, com imperfeições. É muito
da Redação
bom as revistas mostrarem
a realidade das mulheres.
Isso ajuda a aumentar a autoestima”, diz Lígia Martin,
estudante de jornalismo. Segundo os editores da revista, foram muitos comentários positivos. E a edição
de novembro teve sete mulheres nuas. Todas “gordinhas”, como julga o mundo da moda, mas que não
passam de mulheres normais.
Referencial – A Medicina usa o Índice de Massa
Corporal (IMC) para estabelecer padrões de magreza,
normalidade ou obesidade. O IMC relaciona o peso
com a altura do indivíduo. Para estar no peso ideal
e saudável, o índice tem que estar entre 18 e 24,9. O
cálculo do IMC é feito pela equação:
PESO
ALTURA
O que é beleza do corpo? - Algumas pessoas
opinaram:
• “Cada um é belo do jeito que é. O importante é
se sentir bem com seu corpo, independentemente do
que os outros pensam.” - Jaqueline Santos, estudante
de Jornalismo.
• “Mulher tem que ter onde pegar. Prefiro picanha a costela.” – Davi Morijo, estudante de Direito.
• “A estética é uma questão de ponto de vista.
O que é belo pra mim pode não ser belo para você.
A estética da magreza é ditatorial. É o que Hitler fez
na Alemanha. Você não tem escolha, tem que ser do
jeito que um grupo de pessoa determina. A mídia expõe corpos quase anorexos e se você não seguir este
padrão de beleza será excluído.” – Professora Paula
Piotto.
• “Beleza corporal é se sentir bem. Mas o que
importa mesmo não é a casca é o conteúdo.” – Alessandra Martins, assessora de imprensa.
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ESPECIAL
(1969-2009)
O fim do
ano que
comemorou
muitos
por Thales Puglia
O que será de você daqui
a 40 anos? Essa pergunta foi
feita no ano de 1969. Na TV, o
desenho animado Os Jacksons
mostrava “o futuro” da sociedade. Mas e a política? O mundo?
Desde um ano antes a humanidade estava em ebulição (1968
foi ano da grande manifestação estudantil na França, da
Primavera de Praga e da criação do terrível AI-5, no Brasil).
Em 1969, o mundo girou mais
rápido. O homem dava passos
importantes. E não eram apenas os passos do astronauta
Neil Armstrong, que pisava na
lua em julho, nem a passada de
Pelé, em outubro, rumo à cobrança do pênalti do milésimo
gol, num Maracanã lotado.
O fim da década de 60 ficou
marcado pelas mudanças radicais. A contracultura hippie se
confrontava com intelectuais
de bata preta que saiam dos
conservatórios musicais. Época de fazer rock de cores psicodélicas. Os iê-iê-iês e os Mike
Jaggers começam a dar lugar
aos loucos viajantes do rock
progressivo.
Tudo ao mesmo tempo - E
não foi só na música que tudo
começava a ficar mais preto e
Stones, Brian Jones, que foi encontrado morto na piscina de
sua casa. Várias teorias foram
criadas em cima do fato. Exemplo: no final do filme Stoned
(feito em 2005) é revelado que
a morte de Brian foi causada
por Frank Thorogood, um dos
empreiteiros que trabalhava
na reforma na casa do guitarrista. No filme Thorogood
assume a culpa em frente do
túmulo do músico (confissão
feita em 1993).
E o futebol? Essa é para
todos os corinthianos: há 40
anos foi fundada a maior torcida organizada do país, a Gaviões da Fiel. Agora, para alegrar
mais torcidas: a Argentina ficava fora de sua primeira Copa
do Mundo (1970), ao perder
a vaga nas Eliminatórias, em
1969, para o Peru.
No dia 28 de julho de 1969
houve a primeira ação de resistência dos homossexuais. No
bar nova-iorquino Stonewall,
policiais (que eram acostumados a usar muita violência) foram dar “uma batida” e, ao entrar, foram recepcionados com
garrafadas.
branco. O mundo estava todo
virado. Woodstock chegava ao
fim. A guerra no Vietnã estava a todo vapor. Nixon renunciou. Golpes militares derrubavam governos a todo instante.
Guerra Fria e corrida espacial.
Exílios políticos. Novos tipos
de droga. Meu Deus do céu!
...Parece que tudo aconteceu
nesse ano!
No Brasil, os “anos de
chumbo” não perdoavam. Exílio de artistas como Caetano
Veloso e Gilberto Gil, de pensadores como Paulo Freire e
o sociólogo Betinho. Muitos
outros foram mandados embora. Até um certo deputado,
de nome Mário Covas, que na
época fez um discurso de oposição no Congresso Nacional. O
embaixador americano no Brasil Charles Burke Elbrick foi
sequestrado pelo MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de
Outubro), do qual fazia parte o
atual deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ)... “O que é
isso, companheiro?”
Os anos 60 foram singuUm ano cheio de pergun- lares e ponto de partida para
tas até hoje sem respostas. É o novos costumes, assim como
caso do guitarrista do Rolling também foi uma panela de
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pressão. Se de um lado fechava
uma década das mais criativas
e bagunçadas, do outro abria
uma época cheia de esperanças
aonde as coisas começaram a
se encaixar, organizando uma
salada de frutas de 40 anos.
Na música, o começo,
o recomeço e o fim
De cabeça para baixo, a virada da década (1969-1970)
também virou palco para muitos fatos históricos. As portas
se abriram para muitos. A banda de “um tal” garoto Michael Jackson (ex-Jackson Five)
aproveitava a chance. O futuro
rei do pop dava seus primeiros
passos com muito estilo, sem
contar as musas/divas negras,
como a cantora e atriz Diana
Ross, madrinha de Michael. Aliás, foi com o disco ‘Diana Ross
presents The Jackson Five’ que
o grupo teve o primeiro grande
êxito, com o single “I want you
back” - apenas o primeiro de
muitos (para Michael) sucessos.
Enquanto o Rei do Pop dava
seus primeiros passos, o Rei do
Rock se ergue novamente em
um recomeço devastador para
quem estava a sua volta: ‘From
Memphis to Vegas/From Vegas
to Memphis’ foi o primeiro - e
único - disco duplo de Elvis
Presley, depois de um descanso de 7 anos: e mais, quebrou
o monopólio que se instalou
de 65 até 69 (by Beatles, Bob
Dylan e Beach Boys) da ponteaérea Londres/Los Angeles,
deixando o mundo de boca
aberta. O álbum começou a
ser gravado como um especial
de fim de ano, ao vivo (após
8 anos sem se apresentar),
com sua antiga banda - que o
acompanhara nos anos 50. O
formato deu origem ao famoso
“acústico” usado décadas depois pela MTV.
Se uns levantam, outros jogam a toalha. Foi o caso dos
Beatles. Fabfour (os quatro
fabulosos), como eram conhecidos, estavam cansados. Os
nervos estavam à flor da pele:
Paul não aceitava o novo empresário da banda, Allen Klein.
George Harisson não aguentava mais Yoko Ono (mulher de
John Lennon). Depois do fracasso no projeto Get Back (disco lançado como Let Be), Paul
sugeriu ao produtor George
Martin que o grupo se reunisse e fizesse um disco “como no
velhos tempos... como a gente
fazia antes”. Isso parecia não
ser apenas a vontade do baixista. John Lennon adorou a ideia
e os meninos de Liverpool (cidade natal da banda) foram
para o estúdio, elaborando
um álbum magistral, cheio de
paixões, angústias, nostalgia e
muitas mágoas: Abbey Road.
George Martin confessou que
considerava Abbey Road “o
melhor disco que os Beatles fizeram.”
Melhor do que dar a volta
por cima é fechar com “chave
de ouro”. E os três – Michael
Jackson, Elvis Presley e os Beatles - fizeram bem mais que
isso. Sucesso ao fechar uma década, deixando gosto de quero
mais e se tornando imortais.
4
40
Enquanto isso,
no Jornalismo
do Brasil...
Há quatro décadas o jornalismo nacional
passava por uma de suas fazes mais criativas.
No meio da bagunça, a resistência aos atos
políticos autoritários do ano de 1969 surtia
efeito no Brasil. A mudança de identidade era
visível. “O Pasquim” vinha chutando todas as
portas das bancas com sua primeira edição,
enquanto o telejornalismo brasileiro chegava à maioridade com o Jornal Nacional. Não
havia melhor final de década para a de 60 do
que essa: de um lado o Pasquim, de humor
ácido em forma de tablóide, do outro a seriedade servil do Jornal Nacional.
O Pasquim surgiu com uma linguagem
humorística e irônica, dando um impulso inovador à imprensa que se via enforcada pelos
anos de chumbo e sua censura implantada.
Foi um veiculo importante, de criticas sempre
dissimuladas à ditadura. Além de criticar os
costumes da época. Seus integrantes eram:
Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Millôr
Fernandes, Paulo Francis, Ivan Lessa, Ziraldo
e Henfil - gente boa, heim?
A partir da edição número 39 o jornal passou a sofrer censura prévia. No ano de 1970,
a redação toda foi presa depois que eles publicaram uma sátira do quadro de Dom Pedro
às margens do rio Ipiranga. A intenção dos
militares, com a prisão dos integrantes de
O Pasquim, era que o semanário, saindo de
circulação, entrasse no esquecimento. Mas
o que aconteceu foi o contrário. Único que
havia escapado da prisão, Millôr Fernandes
assumiu a editoria e contou com a ajuda de
vários intelectuais da época (Chico Buarque,
Glauber Rocha, Antonio Callado, Odete Lara)
O Arauto /dez.09
pág.13
anos...
para continuar lançando o jornal. Assim, só fez aumentar a popularidade
do semanário.
O Jornal Nacional foi o criador de
uma nova linguagem jornalística no
Brasil. Foi o primeiro a ser transmitido em todo país. Com um texto de
palavras simples e a frases curtas,
sempre procurou uma linguagem
clara, com grande objetividade. Teve
também ao longo dos anos acusações
de manipulação da notícia, como no
caso da apuração para o governo do
estado do Rio de Janeiro, em 1982,
a primeira para governador desde a
Ditadura Militar, na qual houve acusação de fraude: o JN simplesmente
ignorou a denúncia. Muitos dizem
que o fato foi causado pela grande
rivalidade entre o dono da emissora,
Roberto Marinho, e o candidato que
ganhou a eleição, Leonel Brizola. Ou
o famoso caso de 1984, quando o
jornal foi acusado de omitir informações sobre a campanha das Diretas Já. Além disso, muitos dizem que
manipulou a edição do último debate entre os então presidenciáveis
Fernando Collor e Lula, em 1989,
favorecendo o primeiro, sócio na
retransmissora Globo de Alagoas.
Hoje o Jornal Nacional conta como apresentadores o casal
Willian Bonner e Fátima Bernardes. Bem diferente de seu começo,
quando contava com Cid Moreira e
Hilton Gomes (depois substituído por
Sérgio Chapelin, atual apresentador do Globo
Repórter), dupla que apareceu diariamente nos
lares brasileiros por 11 anos consecutivos.
Enfim, tanto com bom humor ou com um formato de seriedade profissional, a década de 60
acaba disfarçando o que se passava no Brasil.
Foto de Caetano Veloso e
Gilberto Gil no exílio estampa
capa de revista
E os 20 anos do fim de um muro e de um mundo..
O fim de Segunda Guerra Mundial (1945) fez surgir dois grandes jogadores no planeta, que entraram em campo para o “clássico das potências”. Do lado
ocidental, adotando o sistema capitalista, os Estados Unidos da América. Do lado oriental, com um estatismo totalitário, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A disputa pela hegemonia mundial dessas duas “filosofias” - seja na corrida espacial (O Arauto publicou em Julho os 40 anos da chegada do
homem à lua...) ou quem ganhava mais medalhas nas olimpíadas – tinha um marco: o Muro de Berlim, imposto pelos soviéticos no meio da capital alemã.
A chegada de Ronald Reagan ao comando dos EUA e de Mikhail Gorbachev, com sua política do binômio Glasnot-Perestroika (transparênciareconstrução), fez os mais otimistas sonharem com o fim da divisão e a reunificação alemã. E não é que o sonho se concretizou!
Em 1987, Reagan teria dito a Gorbachev: “Tear down this wall!”, em um discurso no Portão de Brandemburgo, na comemoração ao 750º aniversário de Berlim. Medidas políticas e econômicas tomadas a seguir fizeram com que, em novembro de 1989, protestos e pessoas chegassem mais perto
da infame construção do que nunca antes haviam feito. Mais, carros conseguiram passar de um lado para outro sem que o Exército Vermelho ligasse.
A seguir, com picaretas na mão, os alemães (e turistas) derrubaram os tijolos e iniciaram a festa. O premier alemão, Helmut Kohl, conduziu o processo
de unificação, que em 2009, completou duas décadas. (Pedro Courbassier)
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REALIDADE
O Arauto / dez.09
pág.14
Marcelino Carvalho/O Arauto
Profissões
Noturnas
por Tiago Rodrigues
Será que algum dia
você parou para pensar que enquanto você
dorme outros trabalham? Para desvendar
as atividades profissionais noturnas O Arauto
foi às ruas e descobriu
que nem todos dormem “horário comum
de sono” das 23h às 6h.
Ou, vendo por outro
lado, nem todos “picam
o cartão” às 7h ou às estuprada pelo ex-namorado sional, simplesmente diz: “JÁ pontos bons e outros ruins,
18h. Podem ser considera- da filha. Ela não tinha sido PRESENCIEI DE TUDO NA no dia-a-dia, como todos. Mas
das profissões noturnas as
que envolvem plantões, como
as de policial, bombeiro e médico; as que “não podem deixar o mundo parar”, como taxistas, funcionários de rádio e
televisão, aqueles que pegam
o chamado terceiro turno das
fábricas; e as do ramo de entretenimento, como barmen,
DJs e - por que não? - dragqueens e prostitutas.
Plantão em delegacia Um dos locais com grande
quantidade de profissionais
que se esforçam durante a
madrugada é a delegacia de
polícia. Delegados, carcereiros, investigadores, policiais
militares (que se dirigem ao
local para registrar a ocorrência) e escrivães fazem parte
desse rol. Ver viaturas policiais cruzando ruas e avenidas pela noite é normal, é um
trabalho de 24 horas. Mas enquanto as sirenes estão ligadas, alguém fica na delegacia
registrando o que acontece
fora. É o trabalho dos escrivães. Quem encara a madrugada, normalmente começa a
jornada às 20h, que só se encerra às 8h da manhã seguinte. Eles elaboram os boletins
de ocorrências, atendem aos
policiais militares, trabalham
com a elaboração das peças
dos flagrantes, entre outras
atividades. “As ocorrências
mais frequentes são de embriaguês ao volante, furtos a
residências e tráfico de entorpecentes”, conta o escrivão
Cláudio de Campos que atua
na área à cerca de 20 anos, e
que atualmente está no 11º
DP na cidade de Sorocaba.
Na rotina, eles ouvem histórias tristes. A escrivã Suely
de Camargo Santos, que trabalhou durante 11 anos na
capital paulista, no bairro do
Jaçanã, lembra da história
ocorrida durante um plantão: “Chegou uma senhora de
seus 80 anos de idade, que foi
socorrida, estava em choque,
arranhada e com marcas de
mordida”, lembra. Passado
o trauma, ela disse que vivia
em um barraco com a filha e
o acusado, e eles brigavam o
tempo todo. Por esse motivo,
a filha colocou o rapaz para
fora. Ele se revoltou e voltou
a casa num dia em que a filha estava no forró. Por causa
disso, ele praticou o crime,
alegando que o ato era uma
vingança contra a filha. Suely comenta que a vida dentro
de uma delegacia não tem a
mesma intensidade da rua,
mas nem por isso é menos
triste e desgastante: “Coisas
absurdas acontecem durante
a noite nas cidades e sempre
estamos prontos para ajudar
quando possível, mas nem
sempre isso é possível, como
no caso de uma moça de seus
25 anos, que chegou em estado deplorável após ser espancada pelo marido. Tomou
doze pontos no rosto. Pior, no
outro dia, ela mesma pagou a
fiança dele, alegando gostar
do marido.”
Diversidade na noite Há outros profissionais que
trabalham nas ruas e que
chamam a atenção de quem
passa, por causa da forma de
agir e de se vestir. São pessoas extravagantes: é caso - e
o mundo - das dragqueens,
nome “específico” para uma
espécie de ator performático
(do inglês, “rainha dragão” na
tradução literal, ou homem
fantasiado de mulher, no contexto mais amplo).
As “drags” preferem ser
chamadas por nomes de
guerra. Como da Candice
Kay, de 28 anos, profissional
que atua em casas noturnas,
festas e eventos. Candice diz
que não existe horário fixo
de serviço. “Atuamos durante toda a noite”, diz. Quando
“cutucada” para falar algo
inusitado, que já tenha presenciado na atividade profis-
NOITE, MAS DRAG NÃO TEM há o risco da violência urbaOLHOS,BOCA E OUVIDOS.”¬¬ na, cada vez mais presente. Afinal, há risco nas ruas,
Trabalho na diversão - Já principalmente para quem
como outras profissões que trabalha com dinheiro vivo o
não se lida com proteção de tempo todo. No entanto, a expessoas, mas lida com ser- periência pode ajudar “Quem
viços aos frequentadores de está na rua sabe quem é ruim
festas de aniversários, casaPorque alguns deles já pasmentos, bodas, os garçons saram pelo banco de traz de
nem sempre são notados em seu carro”, explica João Batismeio a uma festa. Ao menos ta, 57 anos, sendo 30 deles
que se queira uma dose de dedicados à profissão.
uísque ou uma garrafa de cerJoão diz que “para quem
veja geladinha pra animar a dirige o tempo todo tem que
noite, ou aquele refrigerante pelo menos amar dirigir”. Que
para se refrescar. Parece ser continua: “Quem lida com púfácil ser garçom, mas quem blico o tempo todo e com
fica em média dezesseis hotrânsito tem que ter pelo
ras em um salão antes da fes- menos um mínimo de paciênta mostra que não é assim.
cia e carisma.” Então é fácil só
O garçom e maitre Jonas dirigir falar um bom dia, boa
Rodrigues descreve passo a tarde, boa noite e sorrir?
passo como é o trabalho e a
Não. Ser taxista é muito
função correta de um garçom mais. É saber que é ruim não
dentro de uma festa: “Primei- ter o tempo mínimo para firo, chegamos ao buffet , carre- car com a família: “Deixo eles
gamos nosso caminhão com em casa de tarde e chego no
as coisas necessárias, logo outro dia, de manhã. Não ter
depois vamos ao salão e des- muito tempo nos finais de secarregamos, esterilizamos os mana, não poder curtir os fitalheres, louças, arrumamos lhos direito. Esse é um dilema
as mesas como a etiqueta que só um bom taxista conhemanda, tomamos banho, ser- ce”, explica João.
vimos. Temos de preencher
a festa inteira. Em cada espaço do salão não pode deixar
faltar nada. E tem a questão
de limpeza: ao final da festa
Comentário do repórter
limpamos tudo que usamos
e carregamos de volta para o
Noite é boa para sair/passear/ dormir. Mas
buffet, descarregamos o cae quando se trabalha, se torna chata? Não.
minhão novamente e, por fim,
Podemos falar que a noite serve sustentar
vamos para nossas casas. Isso
vidas e mostra que o mundo não para. Nesjá no início da manhã.” Tarese movimento, pessoas mostram seu valor,
fa cansativa para uma pessoa
mas quase ninguém repara. Na verdade é
que saiu de casa no dia antecomo se fosse uma simples tarde de serviço.
rior, por volta das 15h. Rotina
Na noite, os profissionais vivem situações
de todos os fins de semana.
que muitos de nós nem imaginamos.
Motorista - Aquele que
leva todos a todos os lugares:
Ao fazer esta reportagem, observei que traos inquietos taxistas. Uma
balhadores tem os mesmos princípios, indevida profissional que não
pendentemente do horário em que trabalha.
permite ócio, folga ou inércia.
“Parado não rende”, diz um
Tenham uma boa noite!
experiente motorista “de praça”. O motorista é um autônomo. Como toda função, tem
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GALERIA
O Arauto / dez.09
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A arte de flanar:
o olhar vagabundo
texto e fotos: Carlos Oliveira
Quando me pediram um texto sobre Fotografia, fiquei pensando: nossa do que vou falar? Afinal, são
tantos assuntos, tantos temas. Falo das novas tecnologias, das novas câmeras digitais que a cada mês são
lançadas? Falo dos megapixels? Mas, revirando minhas
fotos, meus livros, para ver se encontrava algo que pudesse sugerir assunto, me deparei com uma publicação
que nada tem a ver com o assunto. É do escritor João do
Rio, que escreveu sobre a alma encantadora das ruas,
lá em 1907. Ele fala de uma nova maneira de descrever as cidades (no caso dele: o Rio de Janeiro do século
XIX) ao “flanar” pelas ruas.
Mas o que quer dizer FLANAR? Olhando no dicionário, seria andar ociosamente sem rumo certo; vaguear,
perambular. Flanar é ser vagabundo, refletir, ter o olhar
da curiosidade. FLANAR é ir por aí de manhã, de tarde
ou de noite, observar o mundo que está ao redor. FLANAR é visitar a cidade que você mora.
Posso aqui dizer alguns nomes da fotografia que
tinham esse “olhar vagabundo”, descompromissado:
Henri Cartier-Bresson, que fotografou pelo mundo;
Flávio Damm, que na época da revista O Cruzeiro saiu
fotografando por todos os cantos do Brasil; Cristiano
Mascaro, que retrata São Paulo como ninguém; e, nos
tempos digitais, podemos citar Klaus Mitteldorf, que
com sua pequena máquina digital sai em busca de imagens únicas da periferia paulistana.
Vamos esquecer um pouco o lado tecnológico. Vamos, cada um, pegar a câmera fotográfica - seja ela ainda analógica ou digital, pequena ou grande - e vam’bora
sair fotografando com esse “Olhar Vagabundo”, que o
escritor João do Rio criou para escrever o citado livro.
Nós podemos fazer imagens!
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Edição de Aniversário