Unidade: GUIA ALIMENTAR
PARA A POPULAÇÃO
Unidade I: BRASILEIRA
0
Unidade:
GUIA
ALIMENTAR
PARA
A
POPULAÇÃO
BRASILEIRA
O Guia Alimentar é um instrumento que define as diretrizes alimentares
a serem utilizadas para orientar a escolha de alimentos mais saudáveis pela
população brasileira.
Sua elaboração se baseou na transição epidemiologia e nutricional atual,
bem como com no seu propósito de incorporar as sugestões da Estratégia
Global da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Ele foi elaborado com a participação e incorporação de sugestões de
diversos autores e parceiros, entre os quais a rede nacional de alimentação e
nutrição. Sua publicação somente ocorreu após análise da dessa rede de apoio
à Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição: Coordenações
Estaduais, Centros Colaboradores e de Referência em Alimentação e Nutrição,
Sistema CFN/CRN, ASBRAN entre outros parceiros.
Objetivo
deficiências
nutricionais
e
proteger
contra
doenças
infecciosas e doenças crônicas não transmissíveis, tais como: diabetes,
hipertensão, acidente vascular cerebral, doenças cardíacas e câncer.
Atualmente, o Brasil enfrenta por um lado as deficiências nutricionais e
as infecções, consideradas problemas de saúde pública do país, e por outro
lado as doenças crônicas não transmissíveis que estão associadas às causas
mais comuns de mortes registradas.
No Brasil, a população de mais baixa renda se encontra com uma dupla
carga de problemas relacionados à alimentação, como por exemplo, a
desnutrição e a obesidade. Cabe destacar que a implementação das diretrizes
do Guia Alimentar são preventivas para ambas as situações enfrentadas pela
população brasileira, independente da classe de renda.
Para
a
elaboração
do
Guia
Alimentar
foram
incorporadas
as
recomendações da Estratégia Global da OMS e baseado na Política Nacional
de Alimentação e Nutrição. O Guia Alimentar reflete em suas diretrizes e
Unidade: GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Prevenir
1
orientações práticas as seguintes metas dietéticas aplicadas aos indivíduos e à
população:
• Limitar a ingestão energética procedente de gorduras; substituir as
gorduras saturadas por insaturadas e eliminar as gorduras trans
(hidrogenadas);
• Aumentar o consumo de frutas, legumes e verduras, cereais
integrais e leguminosas (feijões);
• Limitar a ingestão de açúcar livre;
• Limitar a ingestão de sal (sódio) de todas as procedências;
• Manter o equilíbrio energético e o peso saudável;
Para a elaboração do Guia Alimentar foi estabelecido o parâmetro de
2000 calorias (Kcal). Este valor é apenas um exemplo, uma vez que a ingestão
de energia para manutenção da saúde e da boa nutrição varia de acordo com o
gênero, idade, nível de atividade física, estado fisiológico, presença ou
ausência de doenças e ainda do estado nutricional atual da pessoa. Assim,
para exemplificar as quantidades de porções, o Guia adotou como parâmetro o
mesmo valor adotado pela Rotulagem Nutricional (ANVISA).

Sete diretrizes elaboradas de acordo com os grupos de alimentos

Duas diretrizes especiais que abordam a atividade física e a qualidade
sanitária dos alimentos como elementos indissociáveis na promoção da
alimentação saudável.
As diretrizes são apresentadas a seguir
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O documento é composto por nove diretrizes:
2
Nº
DIRETRIZ
DE
PORÇÕES
GRUPO
DE
RECOMEN
ALIMENTOS
OBJETIVOS
DADAS
•
Alimentos
1
saudáveis
e
as
Estimular
o
convívio
familiar
nas
refeições cotidianas.
___
• Não “pular” as refeições
___-
• Valorizar todos os grupos de alimentos
refeições
para refeições variadas e coloridas.
• Orientar o consumo de alimentos ricos
Arroz,
massas,
Cereais,
2
tubérculos
pães,
6
e raízes
em
carboidratos
complexos
(amido),
como cereais de preferência integrais,
tubérculos e raízes,
tubérculos,
raízes, trigo e
milho,batata
mandioca.
e
• Proteger as pessoas contra o excesso
de peso e obesidade, alguns tipos de
câncer, pois uma alimentação rica em
carboidratos, possivelmente, terá menor
quantidade de gorduras e menos açúcar.
e • Diminuir o risco de desenvolvimento de
verduras
como doenças crônicas não transmissíveis e
cenoura,
manter o peso adequado, por meio do
beterraba,
consumo de pelo menos 400 g/dia de
abobrinha
acelga,
3
Frutas,
e frutas, legumes e verduras.
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3
Legumes
agrião, • Aumentar a resistência contra infecções
alface e rúcula.
por meio do consumo de frutas, legumes
legumes e
e verduras que são fonte da maior parte
verduras
de vitaminas e minerais necessários ao
organismo.
3
Frutas
• Informar sobre a grande variedade
desses alimentos disponíveis em todas as
regiões do País e incentivar diferentes
modos de preparo destes alimentos para
valorizar o sabor.
3
Orientar e estimular o consumo de feijão,
que quando combinado com o arroz, na
Feijões
e
proporção de 1 parte de feijão para 2
outros
Feijão, lentilha,
alimentos
4
vegetais
ricos
1
em
ervilha
seca,
grão-de-bico,
completa
de
proteínas
para
o
ser
humano.
• Aumentar a resistência contra doenças
soja e outros
proteínas
partes de arroz, fornecem uma fonte
nutricionais, já que os feijões contêm
carboidratos complexos e é rico em fibra
alimentar, vitaminas do complexo B, ferro,
cálcio e outros minerais.
3
Leite
derivados
e
• Garantir uma alimentação saudável por
meio dos alimentos de origem animal que
são nutritivos, desde que consumidos
com moderação.
• Orientar o consumo de carnes e peixes
já que são boas fontes de todos os
5
e
derivados,
carnes
ovos
e
1
aminoácidos
essenciais,
química
compõe
que
as
substância
proteínas,
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Leite
necessárias para o crescimento e a
Carnes, peixe e manutenção do corpo humano, além de
ovos
serem fontes importantes de ferro e
vitamina B12.
• Orientar o consumo de leite como uma
fonte importante de riboflavina (B2) e
principal fonte de cálcio na alimentação.
Gorduras,
6
açucares e 1
sal
Margarinas,
• Orientar quanto à diminuição redução do
manteigas,
consumo de gorduras e açúcares, e sal
óleos vegetais, (máximo de 5g/dia) para diminuir o risco
banha
gorduras
carnes
7
Água
2 litros (6 a água
e de ocorrência de obesidade, hipertensão
das arterial, diabetes, colesterol e doenças
cardiovasculares.
•
Incentivar
o
consumo
de
água
4
8 copos)
independente dos outros líquidos já que a
mesma desempenha papel fundamental
na regulação de muitas funções vitais ao
organismo.
• Abordar de maneira integrada a promoção da alimentação
Diretriz Especial 1
saudável e o incentivo à prática regular de atividade física e
Atividade Física
orientar sobre o equilíbrio entre o consumo alimentar e o
gasto energético para manutenção do peso saudável.
• Orientar sobre as medidas preventivas e de controle,
Diretriz Especial 2
Qualidade
Sanitária
dos incluindo práticas de higiene que devem ser adotadas a fim
Alimentos
de garantir a qualidade sanitária dos alimentos.
O número de porções poderá variar de acordo com as necessidades
nutricionais de cada indivíduo. Por isso, o Guia Alimentar não prescreve ou
define as 2000 Kcal. Ao contrário, em várias oportunidades enfatiza que
prescrições dietéticas individuais e porções recomendadas para grupos e
pessoas com exigências expressivamente diferentes de 2000 calorias (Kcal)
por dia devem ser calculadas por nutricionistas. As recomendações do Guia,
portadoras de doenças ou apresentam risco elevado de desenvolvimento de
doenças diversas. Igualmente, estas pessoas devem ter orientação dietética
individualizada.
Para definição do número de porções de cada grupo de alimentos,
consideraram-se as recomendações dietéticas estabelecidas pela OMS quanto
à distribuição percentual dos macronutrientes (carboidratos, gorduras e
proteínas) no VET (2000 Kcal) e teores próximos do ideal de fibras alimentares,
ferro e cálcio.
NUTRIENTES
FAO/OMS,2003
PROTEÍNA
10% A 15%
GORDURA
15% A 30%
CARBOIDRATO
55% A 75%
O quadro a seguir apresenta a recomendação da FAO/OMS de ingestão
de nutrientes.(FAO/OMS/ 2003)
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inclusive energéticas, também não são adequadas para pessoas que são
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Nutrientes
Quantidade (% do total de energia)
Gordura Total
15 – 30%
Ácidos graxos saturados
< 10%
Ácidos graxos polinsaturados (PUFAs)
6 – 10%
Ácidos graxos polinsaturados n-6 (PUFAs) 5 - 8%
Ácidos graxos trans
< 1%
Ácidos graxos monoinsaturados (MUFAs)
Pela diferença*
Total de carboidratos
55 – 75%
Açúcares
< 10%
Proteínas
10 – 15%
Colesterol
< 300mg/dia
Cloreto de Sódio (Sódio)
< 5g/dia (< 2 g/dia)
Frutas e vegetais
 400g/dia
Fibra total
> 25g/dia
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Ácidos graxos polinsaturados n-3 (PUFAs) 1 - 2%
6
Distribuição das porções pelos grupos alimentares - VET 2000 kcal
Recomendaç
GRUPOS
DE ão
ALIMENTOS
calórica
média
do
Número
de Valor
porções diárias médio por porção
do grupo
(kcal)
900
6
150
55
1
55
210
3
70
Legumes e Verduras
45
3
15
Leite e derivados
360
3
120
Carnes e ovos
190
1
190
73
1
73
110
1
110
grupo (kcal)
Cereais, tubérculos e
raízes e derivados
Feijões
e
sucos
de
frutas naturais
Óleos,
gorduras,
e
sementes oleaginosas
Açúcares e doces
O equivalente dos grupos alimentares em medidas caseiras está no Anexo 1.
Os propósitos do guia alimentar são:

Promover a saúde;

Contribuir para a orientação de práticas alimentares a fim de promover a
saúde e prevenção de doenças relacionadas à alimentação;

Prevenir as deficiências de ferro e vitamina A;

Aumento da resistência imunológica relacionada com as doenças
infecciosas.
Doenças relacionadas à alimentação
Diabetes Melitus
Obesidade
Hipertensão
Doenças cardiovasculares
Câncer.
No Guia Alimentar está inserido o conceito de alimentação saudável
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Frutas
energético
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que deve ser entendida como um direito humano, compreendendo uma
alimentação adequada às necessidades dos indivíduos, nas diversas fases da
vida. Acessibilidade física e financeira, sabor, variedade, cor, harmonia e
segurança sanitária. Esses atributos definem o conceito de Alimentação
Saudável.
A base principal de uma alimentação saudável é composta de alimentos
in natura e por aqueles produzidos regionalmente, visando a valorizar a cultura
alimentar
local,
tornando-a,
muitas
vezes,
mais
acessíveis
física
e
financeiramente para a população.
E, ao contrário do que indica o senso comum, uma alimentação
saudável não é necessariamente cara e requintada. As diretrizes do Guia
Alimentar enfatizam os alimentos e as refeições tradicionalmente consumidas
pelas famílias brasileiras de todos os níveis sócio-econômicos e adequadas às
pessoas acima dos dois anos de idade. O acesso à renda mínima é
indispensável para a viabilização da alimentação saudável.
O Guia Alimentar da População Brasileira é um instrumento importante a
ser utilizado pelo governo, pela família, pelas empresas privadas e profissionais
de saúde na orientação de demais ações relativas à promoção da alimentação
base nas diretrizes do guia, a saber:

Trabalhos complementares de estados e municípios de implementação
das diretrizes do guia alimentar;

Ações de profissionais de saúde, famílias e empresas produtoras de
alimentos na implementação das diretrizes do guia alimentar;

Elaboração de cartilhas educativas;

Campanhas de mídia de orientação à população das diretrizes do guia.
A indústria pode participar como nesse processo?
Apoiar as diretrizes do Guia Alimentar;

Disponibilização de alimentos mais saudáveis;

Alimentos com menos teores de sódio, gorduras e açúcares;

Busca de tecnologias e processamentos que preservem mais os
nutrientes ou não modifiquem sua composição de forma
inadequada (por exemplo, gordura trans).
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saudável. Várias são as propostas de ação que podem ser desenvolvidas com
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Referências
GALISA, M.; GUIMARAES, A. Cálculos Nutricionais: Conceitos e Aplicações
Práticas. São Paulo: M.Books, 2008.
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause: Alimentos, Nutrição &
Dietoterapia. 11. ed. São Paulo: Roca, 2005
PHILIPPI, S. T. Pirâmide dos Alimentos: Fundamentos Básicos da Nutrição.
Unidade: GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Barueri, Sp: Manole, 2008.
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