UIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Mestrado em Educação Física Autor: Rosa Zilda Aquino Zanin Um programa de Educação utricional e Alimentar inserido no Projeto Sênior para a Vida Ativa da Universidade São Judas Tadeu – USJT. São Paulo 2010 Um programa de Educação utricional e Alimentar inserido no Projeto Sênior para a Vida Ativa da Universidade São Judas Tadeu – USJT. ROSA ZILDA AQUIO ZAI Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação Física – Linha de Pesquisa Bases Psicológicas e Pedagógicas da Educação Física e do Esporte. Orientadora: Profª. Dra. Sandra Maria Lima Ribeiro São Paulo 2010 Zanin, Rosa Zilda Aquino Um programa de educação nutricional e alimentar inserido no projeto sênior para a vida da Universidade São Judas Tadeu – USJT / Rosa Zilda Aquino Zanin ; orientador, Sandra Maria Lima Ribeiro. - São Paulo, 2010. 80 f. : il., tab. ; 30 cm Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2010. 1. Educação alimentar. 2. Alimentação - qualidade. 3. Idosos - nutrição – avaliação. I. Ribeiro, Sandra Maria Lima. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título CDD – 613.0438 Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878 Rosa Zilda Aquino Zanin Um programa de Educação Nutricional e Alimentar inserido no Projeto Sênior para a Vida Ativa da Universidade São Judas Tadeu – USJT. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação Física – Linha de Pesquisa Bases Psicológicas e Pedagógicas da Educação Física e do Esporte. Aprovada em ____/____/____ BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Profª Dra. Sandra Maria Lima Ribeiro (Orientadora) Universidade de São Paulo - USP ____________________________________________________________ Profª Dra. Rita de Cássia de Aquino Universidade São Judas Tadeu - USJT ____________________________________________________________ Profª Dra. Ana Maria Cervato Universidade de São Paulo - USP Dedicatória A todos os idosos do Projeto Sênior para a Vida Ativa da Universidade São Judas Tadeu – USJT, inspiração para um envelhecimento ativo. A meu esposo Ângelo Roberto Zanin, em quem sinto segurança. A meus filhos, Erica, Alice, Anderson, Roberto, Andressa e Ariana, motivo de todo o meu entusiasmo. Agradecimentos Todo projeto concluído apresenta uma cadeia de ações que conjuntamente colaboram para o seu êxito. O marco do presente trabalho ocorreu na graduação em Nutrição com uma pesquisa para a Exponutri, onde a orientação da Profª Karina Olbrich despertou em mim o interesse pela pesquisa. Depois veio o estágio em Educação Nutricional com a colega Patrícia Paiva e sob a supervisão da Profª Elizabeth Egashira, decisivo no direcionamento para a educação. Após a graduação o aprimoramento junto com a colega Vanessa Moretti onde a Profª Cássia de Aquino não só orientou como acreditou em mim me incentivando para o mestrado. Já no mestrado o apoio dos colegas e de todos os professores contribuiu para a continuidade do amadurecimento acadêmico. Era hora de testar os conhecimentos em campo com a realização da pesquisa objeto deste trabalho, momento em que a equipe responsável pelo Projeto Sênior para a vida ativa da Universidade São Judas Tadeu não mediu esforços, tudo fazendo para o bom êxito da mesma. Os idosos que tão gentilmente colaboraram. Na qualificação a Profª Marília Velardi reconheceu em mim uma educadora. Minha orientadora a Profª Sandra Ribeiro me acompanhou em todos os passos. Meu esposo Ângelo e os filhos Erica, Alice, Anderson, Roberto, Andressa e Ariana, e todos os demais familiares e agregados sempre orgulhosos. Os colegas de trabalho sempre incentivando. Todos foram e são muito importantes para mim, por isso meus mais sinceros agradecimentos. Obrigada a Deus meu Pai, ajudador e redentor, de quem o cuidado, direcionamento e alegrias proporcionadas são inconfundíveis. RESUMO ZANIN, R. Z. A. Um programa de Educação Nutricional e Alimentar Inserido no Projeto Sênior Para a Vida Ativa da Universidade São Judas Tadeu - USJT. São Paulo; 20. (Universidade São Judas Tadeu - USJT). As mudanças na alimentação através dos anos têm repercutido na saúde e no estado nutricional das populações, contribuindo para uma maior prevalência de doenças crônicas. Essas mudanças incluem a população idosa. Com o envelhecimento, várias funções fisiológicas e metabólicas estão alteradas, e estas acabam por se refletir na saúde como um todo. Programas de educação nutricional têm sido desenvolvidos nos últimos anos, porém com pouca efetividade como agentes de mudanças do comportamento alimentar. Diante desse fato e do já amplamente envelhecimento populacional, faz-se necessário o desenvolvimento de programas de educação nutricional e alimentar, de maneira permanente, e aliados aos programas de educação em atividade física para esse público, contribuindo para a promoção de saúde e um envelhecimento bem sucedido. O presente estudo teve por objetivos: Geral – desenvolver e aplicar um programa de educação nutricional e alimentar inserido no Projeto Sênior para a Vida Ativa – USJT, para a promoção e adoção de alimentação saudável e modos de vida saudáveis, a partir da análise do consumo alimentar e dos depoimentos; e Específicos - analisar o consumo alimentar de um grupo de idosos participante do Projeto SENIOR para a vida ativa; - analisar as percepções dos idosos sobre conceitos de saúde e da relação entre alimentação e saúde. O percurso metodológico aliou as técnicas quantitativas e qualitativas, com a participação de 20 idosos. A coleta dos dados foi por meio de Recordatório alimentar de 24 h (R24h) e de entrevistas gravadas a partir de um roteiro semi-estruturado. Os dados das entrevistas foram analisados pela técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. Como principais resultados registraram-se consumo alimentar inadequado quanto às porções diárias estimadas para os grupos alimentares, quanto ao número e tipo de refeições diárias. Em contraste, a percepção dos idosos sobre alimentação equilibrada indicou atributos de uma alimentação saudável e o reconhecimento da sua interferência na saúde. Esses dados confirmam a necessidade de programas especificamente direcionados a essa população, construídos sobre o ideário da promoção da saúde. Palavras-chave: idosos, alimentação saudável, educação contínua, autonomia, discurso do sujeito coletivo. ABSTRACT ZANIN, R. Z. A. Nutrition education programme related to Senior project to an active life from São Judas Tadeu University - USJT. São Paulo; 2010. (Universidade São Judas Tadeu - USJT). Feeding practices have changed across the years, and these changes have contributed to high prevalence of chronic diseases. Elderly people are also included in those changes. With ageing, many physiological and metabolic functions are deleteriously modified, with health consequences. Nutrition education programmes have been developed over the last years, however without effective achievements regarded to food behavior changes. Considering that information and also considering the known population’s ageing, we recognize the need of specific nutrition education programmes, combined with physical activity, looking forward a successful ageing. This study had the aims to: General - Develop and implement a program of nutrition education and food inserted into the Senior Project to an Active Life - USJT for the promotion and adoption of healthy eating and healthy lifestyles, from the analysis of consumption food and statements, and Specific - analyse food consumption from a group of elderly people registered on a programme related to health (SENIOR Project for an active life); analyse the perceptions of those individuals about health and the relations between food and health. As such, we have adopted qualitative and quantitative methods, including 20 elderly individuals. Data collection included 24-hour food recall and semi-structured interviews, recorded, transcript and analysed according to collective subject discourse. As mains findings, we observed inadequate food consumption from food groups, in opposition to discourses, which showed healthy feeding practices and the recognition of its relation to health. Our data have confirmed the need of specific programmes drove to elderly, built on the heath promotion construct. Key-words: elderly, healthy feeding, continuous education, autonomy, collective subject discourse. Lista de Tabelas Tabela 1 - Características sócio-demográficas dos sujeitos estudados em número e proporção. Universidade São Judas Tadeu, 2008. .............26 Tabela 2 - Condições de saúde dos sujeitos estudados em número e Universidade São Judas Tadeu, 2008. .............................27 proporção. Tabela 3 - Número de porções diárias estimadas, média e desvio padrão de porções diárias consumidas de cada grupo de alimento (exceto óleos e gorduras) e porcentagem atingida da estimativa. Universidade São Judas Tadeu, 2008. ...............................................28 Tabela 4 - Número de refeições diárias recomendadas, média e desvio padrão de refeições diárias consumidas, segundo as classificações completas, incompletas, ou lanches, e porcentagem atingida do recomendado. Universidade São Judas Tadeu, 2008.....................................................28 Lista de Quadros Quadro 1a - Instrumento de Análise de Discurso 3 (IAD-3). Expressões-chave e Idéias Centrais obtidas dos depoimentos dos idosos em resposta à pergunta 1: O que significa saúde para O que significa saúde para você?........................................................................................................29 Quadro 1b - Idéia Central e Discurso do Sujeito Coletivo em resposta à questão 1ª: O que significa saúde para você? ......................................................31 Quadro 2a - Instrumento de Análise de Duscirso 3 (IAD-3). Expressões-chave e Idéias Centrais obtidas dos depoimentos dos idosos em resposta à pergunta 2: De que forma a alimentação interfere na saúde? ...........32 Quadro 2b - Idéia Central e Discurso do Sujeito Coletivo em resposta à questão 2ª: De que forma a alimentação interfere na saúde? ..............................35 Quadro 3a - Instrumento de Análise de Discurso 3 (IAD-3). Expressões-chave e Idéias Centrais obtidas dos depoimentos dos idosos em resposta à pergunta 3: Como você definiria uma alimentação equilibrada?..............................................................................................37 Quadro 3b - Idéia Central e Discurso do Sujeito Coletivo em resposta à questão 3ª: Como você definiria uma alimentação equilibrada?...........................40 Quadro 4 - Programa Educativo ............................................................................43 SUMÁRIO 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 2 2.1 2.2 3 3.1 3.1.1 3.1.2 3.2 3.3 3.4 3.4.1 3.4.1.1 3.4.1.2 3.4.2 3.4.2.1 3.4.2.1.1 3.4.2.1.2 3.4.2.1.3 3.4.2.2 3.4.2.2.1 3.4.2.2.2 3.4.3 4 4.1 4.2 4.3 4.3.1 4.3.2 4.3.3 4.4 5 6 7 8 INTRODUÇÃO ..........................................................................................1 Educação nutricional e alimentar...............................................................1 Educação para a autonomia......................................................................3 Educação para a promoção da saúde.......................................................6 Alimentação saudável relacionada à atividade física na promoção da saúde ........................................................................................................8 Educação nutricional e envelhecimento bem sucedido ...........................11 OBJETIVOS ............................................................................................14 Geral.........................................................................................................14 Específicos ..............................................................................................14 CASUÍSTICA E MÉTODOS ....................................................................15 Sujeitos e local de estudo........................................................................15 Sujeitos....................................................................................................15 Local de estudo e o Projeto Sênior para a Vida Ativa .............................15 Tipo de estudo.........................................................................................16 Delineamento do estudo..........................................................................16 Procedimentos metodológicos ................................................................17 Variáveis do estudo .................................................................................17 Avaliação do consumo alimentar.............................................................17 Entrevista semi-estruturada.....................................................................18 Análise dos dados ...................................................................................18 Consumo alimentar .................................................................................18 Quanto ao número de porções ................................................................18 Quanto à classificação das refeições ......................................................20 Quanto ao número de refeições ..............................................................20 Discurso do Sujeito Coletivo....................................................................20 Organização e tabulação dos dados .......................................................20 Conceito de alimentação saudável..........................................................22 O programa educativo .............................................................................23 RESULTADOS........................................................................................25 Características da população estudada ..................................................25 Consumo alimentar .................................................................................27 Discurso do sujeito coletivo .....................................................................29 Pergunta “O que significa saúde para você?” .........................................29 Pergunta “De que forma a alimentação interfere na saúde?”..................31 Pergunta “Como você definiria uma alimentação equilibrada?” ..............36 Programa Educativo ................................................................................42 DISCUSSÃO ...........................................................................................45 CONCLUSÕES ......................................................................................56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................58 ANEXOS ................................................................................................67 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. Educação Nutricional e Alimentar Nos últimos anos a população tem experimentado rápidas mudanças em função do padrão de consumo alimentar e do modo de vida, impostos pela industrialização, urbanização, desenvolvimento econômico e globalização dos mercados. Isto tem repercutido na saúde e no estado nutricional das populações, sobretudo nos países em desenvolvimento e em transição. Positivamente foi ampliada a disponibilidade e aumentada a diversidade de alimentos e de acesso aos serviços; em contrapartida, destacam-se os aspectos negativos como hábitos alimentares inapropriados e diminuição da atividade física, com o correspondente incremento das enfermidades crônicas relacionadas com a dieta, especialmente entre as pessoas menos favorecidas economicamente (OMS, 2003). As sociedades atuais vivem num ambiente que desestimula a atividade física e promove a ingestão excessiva de alimentos (FRENCH et al, 2001). Os hábitos alimentares inapropriados constituem um grande desafio segundo a Política Nacional de Alimentação e Nutrição - PNAN (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003). Nas diferentes regiões do Brasil são preservadas tradições e práticas alimentares errôneas sobre o valor nutritivo, propriedades terapêuticas, indicações ou interdições de alimentos ou de suas combinações. Ressalte-se, por outro lado, a multiplicação do comércio de fast food que oferece alimentação rápida e que agrada ao paladar de grande parte da população, entretanto, pobre em nutrientes e fibras alimentares e rica em açúcares e gorduras saturadas (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003). Também houve aumento na aquisição de alimentos ricos em gordura, com diminuição dos alimentos ricos em carboidratos complexos. Por outro lado, a vida sedentária está associada a um número significativo de horas vendo TV e ingerindo alimentos (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998). Essas mudanças fazem com que a população brasileira apresente, ao mesmo tempo, aspectos nutricionais característicos de países subdesenvolvidos e de países desenvolvidos: ... é bastante complexa a situação da alimentação e nutrição no Brasil, país com características epidemiológicas e regionais bastantes 2 heterogêneas, no qual coexistem problemas típicos de sociedades subdesenvolvidas e de países desenvolvidos (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003, p.16). No Brasil, onde ainda prevalecem a desnutrição infantil e as deficiências de micronutrientes em vários grupos populacionais, vivencia-se a evolução das doenças crônicas não-transmissíveis – DCNT (PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 1998; ONU, 2003), coexistindo sobrepeso e baixo peso (DOAK et al, 2000), sendo necessário que as ações de promoção da saúde objetivem reverter ambos os quadros epidemiológicos. A ingestão alimentar, quando dentro das recomendações oficiais, pode contribuir, de forma decisiva, na prevenção de tais problemas, bem como minimizar os já existentes. A alimentação, necessária à nutrição humana, importante tanto na prevenção como no tratamento de algumas doenças, é um dos aspectos fundamentais para a promoção da saúde (OPAS, 1986; BURR, 1994; FLAGG, 1995; WILLET, 1998; WHO, 2003). De acordo com a PNAN (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003): A alimentação e a nutrição constituem requisitos básicos para a promoção e a proteção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania (p. 11). A promoção de hábitos e práticas alimentares saudáveis é uma das diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003), através de programas de educação nutricional. “A educação nutricional é um processo que orienta e apóia escolhas alimentares saudáveis através do conhecimento da ciência da nutrição e da inter-relação desta com a saúde” (p. 429), sendo, portanto, fundamental na promoção da saúde (CELES; COELHO, 2004). Programas de educação nutricional têm sido desenvolvidos nos últimos anos para os diversos grupos da população (MILLER et al, 2002; CERVATO et al, 2005; VALVERDE, 2006, RODRIGUES; BOOG, 2006, RUSSEL, 2007). Embora todos relatem resultados positivos, alguns autores falam da pouca efetividade dos programas de educação nutricional como agentes de mudanças do comportamento alimentar (MOTTA; BOOG, 1988). “A maioria dos programas de educação nutricional acredita que 3 os indivíduos estão dispostos a mudar seus comportamentos, o que nem sempre ocorre” (CERVATO et al, 2004). (Sahyoun et al (2004) analisando 21 programas de educação nutricional desenvolvidos para idosos, publicados de 1990 a 2003, concluíram que a maioria dos estudos revisados teve sucesso limitado. Esses programas foram desenvolvidos num determinado contexto, num período curto e sem continuidade, o que leva a crer que tais fatores tenham concorrido para a pouca efetividade na adoção e incorporação de um estilo de vida saudável, especialmente em relação ao consumo alimentar. Desta forma é importante educar a população, em todas as fases da vida, de maneira permanente, e com metodologia apropriada e específica, inclusive contribuindo para os saberes sobre alimentos e processo de alimentação, destacando a importância das escolhas individuais no sentido de prevenir problemas nutricionais que vão desde a desnutrição até a obesidade. 1.2. Educação Para a Autonomia “A educação é um processo contínuo vivido pelo ser humano ao longo de toda a vida” (CACHIONI; NERI, 2004, p. 29), e “deve contribuir para a autoformação da pessoa (ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver) e ensinar como se tornar cidadão” (MORIN, 2005, p.65). De fato o papel essencial da educação, destacado no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI (DELORS et al, 1998), é conduzir o indivíduo ao desenvolvimento humano decorrente do crescimento contínuo tanto individual, como da sociedade. A educação deve capacitar cada um para a realização de projetos pessoais e também desenvolver no indivíduo a percepção da interdependência que o conduza na realização de projetos comuns, de tal forma que contribua para a inclusão social. De acordo com o mesmo relatório (DELORS et al, 1998), para que o desenvolvimento humano aconteça é necessário: - “caminhar para uma sociedade educativa” (p. 18), cujas características são: desenvolvimento humano, educação ao longo de toda a vida, consciência de si próprio 4 e do ambiente que o rodeia, consciência de seu papel individual e inserido na sociedade, exercício da autocrítica, responsabilidade nos projetos pessoais e comuns; - possibilitar aos indivíduos “enriquecimento contínuo dos saberes e do exercício de uma cidadania adaptada às exigências do nosso tempo” (p. 68); - que os saberes transmitidos sejam adaptados à população alvo e estejam embasados cientificamente a fim de que as pessoas não sejam orientadas por informações efêmeras na realização de seus projetos de desenvolvimento individuais e coletivos; - “ampliar as possibilidades oferecidas às pessoas”, possibilidades incontáveis e que podem evoluir com o tempo, sendo que para as pessoas as principais, e sem as quais o acesso às demais é impossível, são ter uma vida longa e com saúde, adquirir conhecimentos e ter acesso aos recursos necessários a um nível de vida decente (p. 81). Não existe para o ser humano uma fase da vida onde se interrompa seu desenvolvimento. Desde o nascimento até a sua morte o homem deve aproveitar todas as oportunidades para adquirir novos conhecimentos, aprofundar, atualizar e enriquecer outros, como condição para se adaptar a um mundo que está em constante mudança (DELORS, 1998), e também porque, como membro de uma sociedade, vive uma troca constante de conhecimentos e experiências, num aprender-ensinar-aprender sem fim. A educação ao longo de toda a vida é primordial num mundo que exige atualização contínua dos saberes que levam o homem, em todo o decurso de sua vida, a “tomar consciência de si próprio e do meio que o envolve e a desempenhar o papel social que lhe cabe” (p. 107) na comunidade onde está inserido, através de “um conhecimento dinâmico do mundo, dos outros e de si mesmo” (p. 104), combinando, num continuum educativo, os quatro pilares (DELORS, 1998). A educação pode nos tornar melhores (MORIN, 2005), pois, ao longo de toda a vida é uma construção contínua da pessoa humana, do seu saber e das suas aptidões, mas também da sua capacidade de discernir e agir” (DELORS, 1998, p. 106). Onde, de forma independente, cada indivíduo possa “recolher, selecionar, ordenar, gerir e utilizar as mesmas informações” (p. 20). Por outro lado, “o aumento dos saberes [...] favorece o 5 despertar da curiosidade intelectual, estimula o sentido crítico e permite compreender o real, mediante a aquisição de autonomia na capacidade de discernir” (p. 91). Freire (2003) já reconhecia “que a educação é essencialmente um ato de conhecimento e de conscientização” (p. 10), e “deve ser desinibidora e não restritiva” (p. 32). O homem sabe-se inacabado, a consciência desse inacabamento ou inconclusão faz com que ele se eduque, portanto, o inacabamento (ou a inconclusão) do homem é o núcleo fundamental que sustenta o processo de educação, exigindo que a educação tenha caráter permanente, ou seja, todos estão se educando (p. 28), sabendo-se responsáveis pelo seu destino. Se todos estão se educando, então todos estão se ensinando. Ensinar é todo um processo de troca onde ambos (quem ensina e quem aprende) aprendem, ambos adquirem e sanam dúvidas, ambos crescem como seres humanos. Ao ensinar é preciso respeitar o educando quanto à sua autonomia, sua dignidade, seus saberes e experiências vividas, seus gostos próprios, é preciso ouvir, estimular a discussão, despertar a curiosidade, permitir a criticidade, encorajar a opção, favorecer a mudança (FREIRE, 2009). Por isso a educação deve ser dialógica, indo além do simples diálogo entre os diferentes, para buscar a valorização, o respeito e a preservação da diversidade. Assim crescendo e aprendendo na diferença, como seres inacabados, conscientes disso, e cuja presença inserida no mundo faz com que sejam sujeitos também da história. A consciência do inacabamento faz seres responsáveis, seres da opção, da decisão. Como educar não é apenas transferir conhecimentos, mas compartilhar vida, a autonomia “deve ser entendida como um processo de construção permanente onde devem ser conjugados, entrelaçados e equilibrados muitos elementos: os aspectos pessoais, os aspectos contextuais, os aspectos formativos” (GIACON; TAINO, 2001, p. 158). A abrangência dos elementos envolvidos nesse processo de construção reflete nos aspectos físico, mental, emocional e social. Dessa forma, é primordial uma educação permanente, global e harmoniosa em saúde que possibilite aos indivíduos construírem e reconstruírem seu conhecimento, o que os capacitará a intervir sobre aqueles fatores sob seu controle e que influenciam diretamente seu bem estar. 6 1.3. Educação Para a Promoção da Saúde Para Czeresnia e Freitas (2003) “a discussão do conceito de promoção da saúde tem como ponto de partida o próprio conceito de saúde” (p.11). De acordo com Houaiss e Villar (2001) saúde é o “estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para a forma particular de vida (raça, gênero, espécie) e para a fase particular de seu ciclo vital” (p. 2525). De forma ampliada saúde é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o completo bem estar físico, mental e social, e, não somente a ausência de doença e enfermidade. De acordo com a VIII Conferência Nacional de Saúde (BRASIL, 1986), a saúde, em seu sentido mais abrangente, “é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio-ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde” (p. 4), e é construída pelo cuidado consigo mesmo e com os outros e pela capacidade de tomar decisões e controlar os fatores determinantes de sua saúde (OPAS, 1986). Buss (2003) menciona que as bases conceituais e políticas contemporâneas da promoção da saúde foram estabelecidas pelas conferências internacionais de Otawa (OPAS, 1986), de Adelaide (OPAS, 1988) e de Sundsvall (OPAS, 1991), observando que o significado de promoção da saúde sofreu mudanças ao longo do tempo, passando de um nível de atenção da medicina preventiva a um enfoque político e técnico em torno do processo saúde-doença-cuidado. Segundo a Carta de Otawa (OPAS, 1986): Promoção de saúde é: “o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo”; Uma vez que a saúde pode ser favorecida ou prejudicada por fatores culturais e comportamentais, entre outros, as ações de promoção da saúde devem contribuir para que estas condições sejam mais favoráveis, através, por exemplo, do acesso a informações e de oportunidades de aprendizado em assuntos de saúde, desta forma permitindo escolhas por uma vida mais sadia; 7 Entre as condições e os recursos fundamentais para a saúde estão a educação e a alimentação. O tema central da Conferência de Adelaide foi “as políticas públicas saudáveis” a serem desenvolvidas pelo setor público, dentro da visão global de que a saúde é responsabilidade de todos, cabendo aos países desenvolvidos assegurar políticas públicas que contribuam para a saúde das nações em desenvolvimento, bem como identificou quatro áreas prioritárias para as ações imediatas, entre as quais, a alimentação e nutrição (OPAS, 1988). A Conferência de Sundsvall teve como foco a interdependência entre saúde e os espaços onde as pessoas vivem, convocando o governo, as organizações e as pessoas a se empenharem ativamente no desenvolvimento de ambientes mais favoráveis à saúde. Estes ambientes envolvem as dimensões políticas, econômicas, físicas e sociais (OPAS, 1991). À época da Conferência de Sundsvall o envelhecimento da população já era um fenômeno mundial, entretanto não se vislumbrou o quadro epidemiológico hoje decorrente de tal acontecimento. Com o envelhecimento populacional faz-se necessário ir além do conceito clássico da OMS, “já que [para os idosos] a ausência de doenças é privilégio de poucos, e o completo bem estar pode ser atingido por muitos, independentemente da presença ou não de doenças”. Portanto, quando se fala do universo de saúde dessa população, “a saúde não é mais medida pela presença ou não de doenças, e sim pelo grau de preservação da capacidade funcional (RAMOS, 2003, p. 793). De fato, a saúde, por ser dinâmica, deve ser construída a cada instante, e assim permitir que se mantenha a capacidade funcional em todas as fases da vida, inclusive na velhice. A saúde, dentro do conceito da promoção da saúde, “tem sido considerada menos como um estado abstrato e mais como um meio para um fim, que pode ser expresso em termos funcionais, como um recurso que permite que as pessoas levem uma vida social individual e economicamente produtiva” (WHO, 1998, p. 1, tradução nossa). Neste sentido a saúde é um recurso que possibilita o envelhecimento bem sucedido e, portanto, deve ser promovida, em todas as fases da vida e independentemente das condições de saúde existentes. De acordo com a ONU (2003): 8 Promover a saúde supõe estimular as pessoas a vigiar e melhorar sua própria saúde, e as ações nesse sentido devem contribuir para a prevenção e retardo de doenças com vistas à manutenção da independência, bem como para a melhoria da qualidade de vida dos que já sofrem incapacidades ( p. 52). A educação nutricional e alimentar é o processo pelo qual as pessoas são efetivamente auxiliadas a selecionar e implementar comportamentos desejáveis de nutrição e estilo de vida, constituindo-se assim uma estratégia fundamental para a promoção da saúde, através do conhecimento compartilhado que as capacita a intervir sobre suas vidas e sobre o ambiente, criando condições para sua própria existência (BOOG, 1997; FERRAZ et al, 2000; MENDONÇA, 2006), contribuindo para ampliar as possibilidades de vida longa e com saúde, devendo ser adotada como estratégia primeira de ação para conter o avanço das doenças não transmissíveis (MONTEIRO et al 1995). Em revisão de literatura científica, no período de 1990 a 2002, Assis et al (2004) concluíram que no Brasil não é comum a realização de programas de promoção da saúde do idoso. 1.4. Alimentação Saudável relacionada à Atividade Física na Promoção da Saúde Quando se fala de promoção da saúde do idoso é importante lembrar que a alimentação saudável isoladamente pode trazer muitos benefícios à saúde, conforme as evidências científicas. Entretanto, a atividade física é um “elemento potencializador dos resultados esperados pela adoção de práticas alimentares adequadas” (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a, p. 24). Referindo-se à atividade física, o Guia Alimentar (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a) define “como qualquer movimento realizado pelo sistema esquelético com gasto de energia” e “implica adotar hábitos mais ativos em pequenas, mas importantes, modificações no cotidiano, optando-se pela realização de tarefas no âmbito doméstico e no local de trabalho e por atividades de lazer e sociais mais ativas” (p. 24). 9 O baixo nível de atividade física é um importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002), inclusive obesidade (BARRETO et al, 2003) e conseqüentemente para o aumento de morbi-mortalidade. Por outro lado, estudos epidemiológicos comprovam os benefícios da atividade física: Paffenbarger (1988) em acompanhamento de 16.000 indivíduos por 16 anos constatou que a atividade física regular protege contra as doenças coronárias e contribui para aumentar a longevidade; numa avaliação durante vinte anos constatou-se que é um importante fator de saúde para a população idosa (LISSNER et al, 1996); reduz a prevalência de limitações funcionais (BRILL et al, 2000); sua prática regular tem sido indicada tanto para a prevenção como para a reabilitação de diferentes tipos de doenças (HERREIRA, 2001); reduz riscos de síndrome metabólica (MÉNDEZHERNÁNDEZ, 2009); melhora a sobrevida e a capacidade funcional (STESSMAN, J. et al, 2009); otimiza a saúde em todo o processo de envelhecimento (SATTELMAIR et al, 2009). Desta forma, um estilo de vida ativo e saudável pode retardar as alterações morfofuncionais que ocorrem com o processo de envelhecimento (NÓBREGA et al, 1999) e evidências científicas mais recentes mostram que o sedentarismo e a alimentação não saudável estão entre os condicionantes diretamente relacionados à produção das chamadas doenças modernas (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a). É possível que a principal relação entre alimentação saudável e atividade física seja relacionada ao equilíbrio entre o consumo de calorias e o gasto de energia. Em indivíduos fisicamente ativos esse equilíbrio ocorre normalmente, o que não ocorre em pessoas de vida sedentária. Nessas, as calorias ingeridas excedem o dispêndio diário de energia, resultando num balanço energético positivo, que, em longo prazo, leva à obesidade (KATCH; McARDLE, 1996). O consumo per capita de energia por dia tem aumentado. Segundo a WHO – World Health Organization (2003) esse aumento é em torno de 130 quilocalorias por década. A redução da atividade física e as mudanças no consumo alimentar são os principais fatores para o balanço energético positivo (KUMANYIKA, 2001). Estilo de vida sedentário associado ao consumo de alimentos de 10 alta densidade energética são fatores determinantes no aumento da prevalência da obesidade em diversas partes do mundo (WHO, 2002a). Além da ação conjunta da alimentação e atividade física na determinação do balanço energético merece destaque o fato de que quando abordadas conjuntamente podem influenciar positivamente comportamentos, e, pelo fato de compartilharem as mesmas vias metabólicas, podem interagir de várias maneiras, influindo nos riscos de várias doenças crônicas (WHO, 2003). A alimentação saudável e a atividade física regular são aliadas fundamentais para a manutenção do peso saudável, redução do risco de doenças e melhoria da qualidade de vida (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a). Dietas com alta ingestão de gorduras saturadas e sal, e baixo consumo de frutas e vegetais e insuficiente quantidade de fibras e vitaminas combinada com sedentarismo, são os maiores fatores de risco para condições crônicas como diabetes, doenças cardiovasculares, sobrepeso e obesidade, artrite e alguns cânceres (WHO, 2002b) Em relação aos idosos, existem orientações para a prática de atividade física e de uma dieta alimentar saudável para manter peso ideal (WHO, 2002a), além do que as atividades de promoção da saúde com abordagem em nutrição e atividade física podem atenuar as principais causas de morte, incapacidade e mortalidade nessa população (ONU, 2003), e prevenir doenças e o declínio funcional, aumentar a longevidade e a qualidade de vida (WHO, 2005; MATSUDO, 2006). Dietas saudáveis e atividade física são fundamentais para boa nutrição e necessárias para uma vida longa e saudável (OPAS, 2003). De acordo com Ferreira (2005) um programa de intervenção em atividade física e orientação nutricional promove aumento significativo do nível de atividade física até entre idosos fisicamente ativos. Whofford et al (2007) realizaram um programa educacional em alimentação e atividade física para 2.624 indivíduos com idade entre 30 e 80 anos e concluíram que as mudanças no estilo de vida ocorridas após o programa resultaram em redução do IMC e/ou aumento da atividade física, contribuindo para a redução significativa de distúrbios do sono e estresse. 11 1.5. Educação Nutricional e Envelhecimento Bem Sucedido O processo de envelhecimento é caracterizado por acentuado declínio fisiológico, limitando a capacidade de cada sistema na manutenção do organismo. Esse declínio sofre a influência de fatores genéticos; de risco, como fumo, álcool, obesidade, colesterol; e ambientais, como dieta, estilo de vida (FREITAS, 2004). Outros fatores como deficiência física, a situação econômica prejudicada, o isolamento social, o uso de medicamentos, estado mental alterado, além das mudanças que ocorrem com o envelhecimento, podem causar maus hábitos alimentares que levam ao suprimento inadequado das necessidades nutricionais requeridas nesta fase da vida. A má nutrição, por exemplo, pode ser uma das causas da redução de massa muscular (RIBEIRO et al, 2006b). Por outro lado, a ingestão energética em excesso aumenta consideravelmente o risco de obesidade e outras doenças a ela associadas, bem como deficiências físicas nas pessoas que estão envelhecendo (WHO, 2002b). Esses fatores, isoladamente ou em conjunto, podem acelerar o envelhecimento, e, indiscutivelmente, favorecem o aparecimento de doenças. A maioria das enfermidades crônicas se manifesta nesta etapa da vida (OMS, 2003). De acordo com o IBGE (2009) as doenças crônicas crescem de forma muito importante com o passar dos anos, e já atingem 75,5% dos idosos brasileiros, ou seja, de quatro idosos três são portadores de DCNT, que, geralmente levam à incapacitação. Apesar de que o envelhecer não está necessariamente relacionado a doenças e incapacidades, com tais constatações pode-se concluir que o processo de envelhecimento pode contribuir para o declínio da capacidade funcional e uma crescente dependência, o que estaria incompatível com o desenvolvimento humano. Fica claro que não importa apenas aumentar os anos vividos, mas também garantir possibilidades de um crescer contínuo, envelhecendo sim, mas com boa qualidade de vida individual e social. É o que se intitula boa e saudável velhice, ou, velhice bem sucedida. De acordo com Néri (1995): Velhice bem-sucedida é uma condição individual e grupal de bem-estar físico e social, referenciada aos ideais da sociedade, às condições e aos valores existentes no ambiente em que o indivíduo envelhece, e às circunstâncias de sua história pessoal e de seu grupo etário. Finalmente, uma velhice bem-sucedida preserva o potencial individual para o 12 desenvolvimento, respeitados os limites da plasticidade de cada um (p. 34). Dessa forma para envelhecer satisfatoriamente cabe ao indivíduo equilibrar suas limitações e potencialidades aprendendo a compensar as perdas inerentes ao processo de envelhecimento; e à sociedade realizar ações focalizando a longevidade, a saúde física e um ambiente adequado para os idosos (NERI, 1995). Além disso, o envelhecimento bem sucedido depende de alguns elementos (NERI, 1995): De ordem econômica – o qual ela chama de principal, pois possibilita a promoção de boa saúde física e educação ao longo do curso de vida; Educação contínua – potencializa o desenvolvimento e a adaptação às mudanças ao mundo em que está inserido; Estímulo à flexibilidade individual e social em relação às questões da velhice. Diante das necessidades do idoso buscar novos saberes, compreender e adequar-se às mudanças na sociedade através da participação ativa, Cachioni e Néri (2004) chamam a atenção para o aspecto transformador da educação, que pode favorecer o envelhecimento bem-sucedido. Dentre os fatores que determinam longevidade bem sucedida, um dos mais relevantes e plenamente modificável é, sem dúvida, a nutrição (FILHO, 2007). Com o aumento da expectativa de vida e das exigências impostas por um mundo globalizado e em constante transformação, os idosos enfrentam o desafio de escolher uma dieta saudável que forneça todos os nutrientes que necessitam e que ofereça a quantidade de energia requerida de acordo com seu nível de atividade física (GASTON et al, 1999). Por outro lado, quando se fala no desenvolvimento integral do indivíduo, não há como separar a atividade física da dieta. Mesmo com abordagens específicas, tanto a educação alimentar e nutricional quanto a educação em atividade física precisam caminhar juntas, contextualizadas, integradas. Seguindo o pensamento de Morin (2005), dissociá-las seria hiperespecializar, ou seja, não permitir sua integração na problemática global da promoção da saúde. 13 Diante dessa realidade, e do já amplamente divulgado aumento da população idosa, faz-se necessário o desenvolvimento de programas que abordem juntamente a educação nutricional e alimentar e a educação em atividade física, direcionados para essa população, contribuindo para um “envelhecimento bem sucedido” e todos os benefícios dele decorrentes (WHO, 2002a). 14 2. OBJETIVOS 2.1. Geral Desenvolver e aplicar um programa de educação nutricional e alimentar inserido no Projeto Sênior para a Vida Ativa – Universidade São Judas Tadeu – USJT, para a promoção e adoção de alimentação saudável e modos de vida saudáveis, a partir da análise do consumo alimentar e dos depoimentos. 2.2. Específicos - Analisar o consumo alimentar do grupo estudado; - Analisar as percepções dos idosos sobre conceitos de saúde e da relação entre alimentação e saúde. 15 3. CASUÍSTICA E MÉTODOS De acordo com dados do censo de 2000 (IBGE, 2000), São Paulo é a quarta cidade do Brasil em número de idosos, e a maior concentração dessa faixa etária, acima de 60 anos, encontra-se na zona Leste da cidade. Com base nessa informação e para atender a necessidade de realização de um programa de educação nutricional para os idosos do Projeto Sênior para a Vida Ativa é que se escolheu o local para a pesquisa. 3.1. Sujeitos 3.1.1. e Local de Estudo Sujeitos Os sujeitos do estudo foram todos os idosos participantes do Projeto Sênior para a Vida Ativa da Universidade São Judas Tadeu - USJT. Critérios de inclusão: Os participantes tinham idade de 60 anos ou mais, de ambos os gêneros e fisicamente independentes. Critérios de exclusão: estarem participando simultaneamente de algum outro programa de Educação ou Orientação Nutricional. Os dois idosos submetidos a acompanhamento com nutricionista foram excluídos da amostra avaliada, sendo permitida sua participação nas atividades educativas. Aspectos Éticos: todos os participantes foram informados quanto aos procedimentos e objetivos da pesquisa, e assinaram termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO 1). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da USJT (COEP nº 11/08). 3.1.2. Local de estudo e o Projeto Sênior para a Vida Ativa De acordo com Miranda et al (2004) o Projeto Sênior para a Vida Ativa na USJT foi estruturado sobre o Ideário da Promoção da Saúde (BUSS, 2003; CZERESNIA, 2003), a Perspectiva Teórica da Velhice Bem-Sucedida (NÉRI, 1995) e a Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire, tendo como meta a melhora da qualidade do envelhecer dos idosos. O projeto tem como objetivo contribuir para uma velhice bem sucedida, 16 através da disseminação de informações e ações necessárias à aquisição de autonomia para a manutenção de hábitos saudáveis, como a prática sistemática de atividades físicas, a adoção de dieta adequada e o constante autocuidado. Para tal, integra as áreas de Educação Física, Nutrição e Farmácia. O programa teve início em outubro de 2001 e ocorre anualmente, após inscrição prévia e avaliação dos participantes. Os idosos participam das atividades por um período de doze meses com três encontros semanais. A fase seguinte é a chamada fase de transição por igual período de doze meses com encontros apenas uma vez a cada mês, após a qual, e diante do que foi proposto no sentido de favorecer a autonomia, devem deixar o projeto para, de alguma forma, colaborarem buscando soluções para novos programas ou espaços para a prática de atividades físicas das pessoas idosas. O presente estudo foi desenvolvido na Universidade São Judas Tadeu – USJT, atendendo ao Projeto Sênior para a Vida Ativa no que diz respeito à área de Nutrição. Diversos são os fatores ao longo do processo de envelhecimento que podem alterar o comportamento alimentar, causando ao idoso comprometimento da qualidade de vida, em médio ou longo prazo, requerendo ações de uma equipe multiprofissional. É nesse sentido que a intervenção em nutrição, através do programa de educação nutricional e alimentar constitui uma ferramenta obrigatória para o desenvolvimento do projeto. 3.2. Tipo de estudo Trata-se de um estudo quantitativo e qualitativo, longitudinal e prospectivo (ALMEIDA FILHO e ROUQUAYROL, 1992), descritivo e analítico. O foco essencial do estudo descritivo é o desejo de conhecer a comunidade, suas características, seus valores (TRIVIÑOS, 1995). 3.3. Delineamento do estudo O projeto foi desenvolvido em duas etapas, uma para avaliação inicial e a outra consistiu no desenvolvimento do programa educativo. 17 Primeira etapa: foram avaliados o consumo alimentar por meio da aplicação de dois Recordatórios 24h, em dias alternados, e os aspectos cognitivos do comportamento alimentar por meio de uma entrevista semi-estruturada. Segunda etapa: a partir da análise do consumo alimentar e das falas em resposta à entrevista semi-estruturada foi desenvolvido o programa de educação nutricional objetivando contribuir para a adoção de um estilo de vida saudável. 3.4. Procedimentos 3.4.1 metodológicos Variáveis do estudo 3.4.1.1 Avaliação do consumo alimentar Devido às dificuldades metodológicas na avaliação do consumo alimentar, não existe um instrumento de inquérito dietético ideal, devendo-se escolher o instrumento mais adequado em função dos propósitos do estudo e da população estudada (BEATON et al, 1983). Para a investigação do consumo alimentar, quanto ao número de porções e classificação e número de refeições, foram aplicados dois recordatórios alimentares de 24h – R24h (ANEXO 2) em dias não consecutivos. Através do método recordatório 24 horas se obtém informações sobre a ingestão alimentar das últimas 24 horas, tipo de alimento e peso/tamanho das porções (CAVALCANTE et al, 2004), apesar da possibilidade de informações de ingestão subestimada, manifestando uma idealização de sua alimentação (BRATTEBY et al, 1998), é o método mais usado porque é simples, prático e barato (FAO, 2008). BINGHAM citado por CAVALCANTE et al, 2004, recomenda a aplicação do método recordatório 24 horas por três dias, devido a sua capacidade de estimar as diferenças entre grupos de indivíduos em pesquisas epidemiológicas. No presente estudo buscou-se conhecer o consumo alimentar dos idosos antes do programa de educação nutricional, para avaliar o consumo de alimentos e verificar os hábitos alimentares, o que explica o emprego em apenas dois dias. O R24h foi construído com informações sobre a ingestão dos alimentos, qual o horário, em que local, qual o tipo de preparação e ingredientes e a quantidade em medidas caseiras. 18 3.4.1.2 Entrevista semi-estruturada A entrevista é considerada um importante instrumento de trabalho nos vários campos das ciências sociais (MARCONI e LAKATOS, 2006). Através da entrevista podem ser obtidos dados que se referem diretamente ao sujeito entrevistado, sejam suas atitudes, valores e opiniões (MINAYO, 1992). A forma utilizada foi a entrevista semi-estruturada constituída de perguntas abertas onde o entrevistado pôde falar livremente sobre o tema proposto, usando linguagem própria, e emitir opiniões (MINAYO, 1992; MARCONI e LAKATOS, 2006), pretendendo-se “superar a limitação implícita na compreensão dos campos através de dados objetivos” (LEFÈVRE, 2000, p.16), dados estes que não levariam à compreensão do comportamento alimentar da população estudada, nem a maneira como o problema alimentar é vivenciado, com todas as questões de natureza subjetiva e interpessoal a ele inerentes (BOOG, 2008). As questões semi-estruturadas foram elaboradas para saber o que pensam os idosos sobre saúde e de que forma a alimentação interfere nela, e sobre alimentação equilibrada. As entrevistas foram realizadas de forma individualizada, gravadas em meio magnético e depois transcritas. O roteiro para a entrevista encontra-se no ANEXO 3. 3.4.2. Análise dos dados 3.4.2.1 Consumo alimentar 3.4.2.1.1 Quanto ao número de porções No Guia Alimentar (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a) estão traçadas as recomendações de porções dos diferentes grupos de alimentos com base em um consumo energético médio diário da população de 2.000 calorias. É uma estimativa da necessidade média de energia para uma população considerada sedentária. Cereais, tubérculos e raízes A recomendação para o consumo dos alimentos do grupo dos cereais, tubérculos e raízes é de seis porções diárias, dando-se preferência aos grãos 19 integrais e evitando-se o consumo de bolachas que têm elevado teor de gorduras trans e sal ou açúcar. O consumo diário dos alimentos ricos em carboidratos complexos (grãos, tubérculos e raízes) vem diminuindo, o que deve ser revertido através de incentivo ao consumo dos alimentos desse grupo. Frutas, legumes e verduras A orientação para esse grupo de alimento é consumir diariamente três porções de frutas e três porções de legumes e verduras, variando nas refeições e ao longo da semana. Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteína O consumo diário recomendado é de uma porção de leguminosas (feijões). As leguminosas, além de fontes de proteína são também fontes de fibra alimentar. Neste grupo são também incluídas as castanhas e sementes, que podem ser consumidas também como ingredientes de diferentes preparações. Leite e derivados, carnes e ovos A recomendação para o consumo de leite e derivados é de três porções por dia, dando-se preferência, relativamente ao consumo por adultos, aqueles com menores quantidades de gordura. Leite e derivados são fontes de proteínas, vitaminas e a principal fonte de cálcio, sendo seu consumo importante em todas as fases da vida. Recomenda-se também, consumir diariamente uma porção de carnes, peixes ou ovos, preferencialmente magros e com toda a gordura aparente retirada antes da preparação. Gorduras, açúcares e sal É recomendado o consumo máximo diário de uma porção de alimentos do grupo dos óleos e gorduras, preferindo-se os óleos vegetais, azeite e margarina livres de ácidos graxos trans. Em relação ao grupo dos açúcares e doces e também do sal a recomendação de consumo diário é de, no máximo, uma porção. 20 3.4.2.1.2 Quanto à classificação das refeições Com relação à classificação das refeições diárias, foram consideradas: I) completas as refeições constituídas por todos os tipos de alimentos básicos, ou seja: a) - os alimentos com alta concentração de carboidratos (cereais, tubérculos e raízes); b) os alimentos ricos em vitaminas, minerais e fibras (frutas, legumes e verduras) e c) - os alimentos fonte de proteínas (leguminosas, sementes, castanhas, leite e derivados, carnes e ovos); II) incompletas as refeições que incluem apenas dois dos tipos de alimentos básicos e III) lanches aquelas onde apenas um tipo de alimento básico está presente (LENNERNÃS; ANDERSSON, 1999; ASSIS et al, 2003; BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a). 3.4.2.1.3 Quanto ao número de refeições Quanto às refeições e lanches diários, para garantir a saúde, o Guia Alimentar (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a) estabelece que devem ser feitas “pelo menos três refeições por dia (café da manhã, almoço e jantar), intercaladas por pequenos lanches” (p. 41). 3.4.2.2 Discurso 3.4.2.2.1 do Sujeito Coletivo Organização e tabulação dos dados Para a organização e tabulação dos dados qualitativos obtidos nos depoimentos foi utilizada a metodologia da Análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) conforme proposto por Lefèvre et al (2000) e Lefèvre e Lefèvre (2003, 2005). Na tabulação dos depoimentos foram utilizadas as seguintes figuras metodológicas: Expressões-chave: são pedaços, trechos ou transcrições literais de partes dos depoimentos, que revelam a essência do depoimento e permitem o resgate do essencial do conteúdo discursivo dos segmentos em que se divide o depoimento, são segmentos de discursos que remetem á idéia central e a corporificam. Idéia Central: são fórmulas sintéticas que descrevem o(s) sentido(s) presente(s) nos depoimentos de cada resposta e também nos conjuntos de respostas de diferentes indivíduos, que apresentam sentido semelhante ou complementar e permitem traduzir o 21 essencial do conteúdo discursivo explicitado pelos sujeitos em seus depoimentos. É uma descrição (a mais sucinta e objetiva possível) do sentido desse discurso. A idéia central tem a função de individualizar um dado discurso ou conjunto de discursos, descrevendo, positivamente, suas especificidades semânticas o que permite distingui-lo de outros discursos portadores de outras especificidades semânticas. Discurso do Sujeito Coletivo: o DSC é um recurso metodológico utilizado em pesquisas onde se busca resgatar as opiniões coletivas: ... é uma forma não-matemática nem metalinguística de representar (e de produzir), de modo rigoroso, o pensamento de uma coletividade, o que se faz mediante uma série de operações sobre os depoimentos, que culmina em discursos-síntese que reúnem respostas de diferentes indivíduos, com conteúdos discursivos de sentido semelhante. (LEFÈVRE, 2005) Os dados que originaram os discursos do sujeito coletivo foram trabalhados nas seguintes etapas: 1ª Etapa: As entrevistas foram ouvidas e transcritas literalmente através de um processador de texto. Após, cada depoimento foi lido, selecionado e separado os trechos ou pedaços do discurso mais relevantes daqueles menos relevantes como repetições literais da mesma idéia, particularidades como fatos relativos ao sujeito especificamente, resultando as expressões-chave. 2ª Etapa: As expressões-chave foram organizadas no Instrumento de Análise de Discurso 1 (IAD-1). Este instrumento descreve as expressões-chave para cada resposta de uma determinada pergunta. 3ª Etapa: Todas as idéias centrais e todas as expressões-chave para cada um dos sujeitos, referentes às mesmas respostas a uma pergunta da entrevista, foram listadas e organizadas como no Instrumento de Análise de Discurso 2 (IAD-2). 4ª Etapa: Consistiu na organização das falas de acordo com cada idéia central. Para isso elaborou-se o Instrumento de Análise de Discurso 3 (IAD-3). 5ª Etapa: Por fim, foi construído o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), com as falas dos diversos indivíduos para as quais foi identificada a mesma idéia central, estruturadas de maneira seqüencial, clara e coerente, como se apenas um indivíduo falasse, ou seja, “como se o discurso de todos fosse o discurso de um” (LEFÈVRE, 2000, p. 20). 22 3.4.2.2.2 Conceito de alimentação saudável Muitas podem ser as definições de alimentação saudável em função do local, no que diz respeito aos alimentos ali produzidos e à cultura alimentar; bem como das aversões, gostos e preferências. Baseado no referencial científico e na cultura alimentar o Guia alimentar para a população brasileira – Guia Alimentar (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a) define que refeições saudáveis são aquelas: “preparadas com alimentos variados, com tipos e quantidades adequadas às fases do curso da vida, compondo refeições coloridas e saborosas que incluem alimentos tanto de origem vegetal como animal.” (p. 41) e destaca os atributos e as características de uma alimentação saudável: a) – É composta, no dia-a-dia, por todos os grupos de alimentos: 1) cereais (preferencialmente na sua forma integral), tubérculos e raízes, fonte primeira de carboidratos; 2) frutas, legumes e verduras, ricos em fibras alimentares, vitaminas e minerais; 3) feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteínas e fibras alimentares; 4) leite e derivados (preferencialmente desnatados), carnes (preferencialmente magras) e ovos, fontes de proteína animal; 5) gorduras, açúcares e sal, alimentos cujo consumo deve ser reduzido por estarem associados ao maior risco de doenças crônicas não transmissíveis. b) – Tem sabor, variedade, cor e harmonia: A alimentação saudável é saborosa. O fato de alguns classificarem o alimento saudável como não saboroso pode dever-se ao marketing que, geralmente, associa sabor ao alimento industrializado não saudável; É necessário variar os alimentos, tanto entre como intra grupos para evitar a monotonia alimentar e fornecer os diversos nutrientes nas quantidades recomendadas para o atendimento das demandas fisiológicas; A diversidade de cores não só torna a refeição atraente como garante maior riqueza em vitaminas e minerais. 23 A harmonia garante o equilíbrio em qualidade e em quantidade dos alimentos consumidos, de acordo com a idade, o sexo, o estado de saúde e nutricional, e o grau de atividade física. Em termos de qualidade, além do aporte adequado de nutrientes existem, entre estes as interações: benéficas (p. ex. a vitamina C favorece a absorção de ferro) e prejudiciais (p. ex. o Cálcio prejudica a absorção do ferro). Recomenda-se também escolher alimentos ricos em nutrientes e, ao mesmo tempo, de baixa concentração energética para prevenir o excesso de peso e a obesidade, relacionados ao aumento do risco de DCNT (p. 42). Quanto à quantidade, é importante ingerir as porções recomendadas como garantia do fornecimento dos nutrientes e também do equilíbrio energético. c) – Contribui para a prevenção das deficiências nutricionais e protege contra as doenças infecciosas (SCRIMSHAW et al, 1968; FEIGIN, 1977) e doenças crônicas nãotransmissíveis – DCNT (WHO, 2003). Além disso, uma alimentação saudável não deve desprezar o significado social, cultural e comportamental das práticas alimentares, contribuindo para que o ato de se alimentar seja um evento agradável e de socialização. Para garantir a nutrição adequada ao favorecimento da saúde, evitando desequilíbrio do balanço energético ou deficiência nutricional, é necessário que os alimentos sejam ingeridos de forma variada e em quantidades que forneçam os nutrientes suficientes para atender as demandas do organismo. 3.4.3. O programa educativo Muito embora a população desse estudo seja portadora de doenças crônicas, o programa educativo teve como foco principal a parte alimentar e nutricional dentro dos objetivos da vida ativa do projeto sênior, com o fim de promover a adoção de alimentação e estilos de vida saudáveis. Com base nesses aspectos e a partir da análise das respostas obtidas através da entrevista e do recordatório alimentar de 24h elaborou-se o programa educativo. O programa foi desenvolvido em nove encontros, nos meses de setembro a novembro, sendo oito encontros às quartas-feiras, no horário das 13:00h às 14:00h, na mesma sala utilizada para as atividades físicas do Projeto Sênior. O período de uma 24 hora destes oito encontros consistiu em 30 minutos para explanação do tema, com aulas expositivas; quinze minutos para discussão do tema abordado objetivando saber qual o aprendizado e como eles pretendiam colocar em prática; e quinze minutos para dinâmicas com o propósito de fixação dos conhecimentos adquiridos. O último encontro foi em uma cozinha designada para a prática de culinária, no horário das 13:00h às 17:00h, que propiciou a familiarização com cereais integrais, e a degustação de preparações inéditas para os participantes. As datas, objetivos, conteúdos e dinâmicas dos encontros encontram-se no ANEXO 4. As informações fornecidas tiveram como base o Guia Alimentar para a população brasileira (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a). Para Motta e Boog (1988) é necessário conhecimento suficiente para que os indivíduos selecionem os alimentos e se alimentem adequadamente. A forma de comunicação utilizada foi a interpessoal grupal, combinada com dinâmicas, material impresso, visual e audiovisual. Os melhores resultados obtidos na mudança de hábitos alimentares indesejáveis ocorrem quando se utiliza esse tipo de comunicação em conjunto com outros métodos (FAO, 1999). Comunicação eficaz é aquela capaz de criar consciência, melhorar os conhecimentos e, em longo prazo, produzir mudanças de comportamentos tanto individuais quanto sociais, que, neste caso, se traduz em consumo de alimentos saudáveis e na incorporação da atividade física para a saúde (OMS, 2003, p. 140 – tradução nossa). 25 4. RESULTADOS 4.1. Características da população estudada Foram avaliados 20 idosos. A caracterização da população estudada encontra-se nas Tabelas 1 e 2. Os idosos participantes, em sua maioria, apresentaram baixo nível de escolaridade e relataram serem portadores de três ou mais doenças crônicas. 26 Tabela 1. Características sócio-demográficas dos sujeitos estudados em número e proporção. Universidade São Judas Tadeu, 2008. Variáveis Homens (n=5) Mulheres (n=15) Total (n=20) N % N % N % 60-64 2 40,00 3 20,00 5 25,00 65-69 1 20,00 4 26,67 5 25,00 70-74 1 20,00 5 33,33 6 30,00 75-79 0 - 3 20,00 3 15,00 80-82 1 20,00 0 - 1 5,00 Casado(a) 3 60,00 4 26,67 7 35,00 Viúvo(a) 1 20,00 9 60,00 10 50,00 Divorciado(a) 1 20,00 2 13,33 3 15,00 Esposo(a)/companheiro(a) 4 80,00 5 33,33 9 45,00 Familiares 1 20,00 6 40,00 7 35,00 Sozinho(a) 0 - 4 26,67 4 20,00 Aposentado(a) 5 100,00 5 33,33 10 50,00 Do lar 0 - 8 53,34 8 40,00 Trabalha 0 - 2 13,33 2 10,00 Ensino fundamental incompleto 3 60,00 13 86,67 16 80,00 Ensino médio incompleto 0 - 2 13,33 2 10,00 Ensino médio completo 1 20,00 0 - 1 5,00 Ensino superior completo 1 20,00 0 - 1 5,00 5 100,00 15 100,00 20 100,00 Idade Estado civil Com quem mora Ocupação Escolaridade Renda familiar 0 a 5 Salários mínimos* * Um Salário mínimo vigente de 01/03/2008 a 31/01/2009: R$ 415,00 27 Tabela 2. Condições de saúde dos sujeitos estudados em numero e proporção. Universidade São Judas Tadeu, 2008. Variáveis Homens (n=5) N % Mulheres (n=15) Total (n=20) N % N % Condições de saúde Diabetes 2 40,00 3 20,00 5 25,00 Hipertensão arterial 2 40,00 12 80,00 14 70,00 Dislipidemias 2 40,00 11 73,33 13 65,00 DPOC 2 40,00 3 20,00 5 25,00 0 - 14 93,33 14 70,00 Ex-tabagista 4 80,00 2 13,33 6 30,00 Não fumante 1 20,00 13 86,67 14 70,00 Etilista eventual 3 60,00 4 26,67 7 35,00 Não etilista 2 40,00 11 73,33 13 65,00 Quedas nos últimos 5 anos 3 60,00 11 73,33 14 70,00 Doenças do esqueleto articulações 4.2. Consumo e alimentar Os dados obtidos nos recordatórios de 24h (R24h) e que, juntamente com as análises dos discursos do sujeito coletivo, serviram de base para a elaboração do programa educacional encontram-se nas Tabelas 3 e 4 . Quanto às porções diárias consumidas deixamos de incluir o grupo de óleos e gorduras devido à dificuldade em obter informações mais precisas do consumo desse grupo. 28 Tabela 3. Número de porções diárias estimadas, média e desvio padrão de porções diárias consumidas de cada grupo de alimento (exceto óleos e gorduras) e porcentagem atingida da estimativa. Universidade São Judas Tadeu, 2008. Grupos de alimentos Porções diárias Porções diárias % atingida da estimadas consumidas estimativa Cereais, tubérculos e raízes 6 2,73 ± 1,23 45,5 Frutas 3 1,55 ± 1,66 51,66 Legumes e verduras 3 1,53 ± 0,85 51,0 Feijões e outros alimentos 1 0,83 ± 0,97 83,0 Leite e derivados 3 1,57 ± 1,02 52,3 Carnes e ovos 1 1,19 ± 0,91 119,0 Açúcares 1 0,79 ± 0,79 79,0 vegetais ricos em proteínas 1) Total de idosos n=20. 2) A média de porções diárias consumidas refere-se aos dois Recordatórios de 24h (R24h) aplicados em dias alternados. 3) Número de porções diárias recomendadas (para dieta de 2.000kcal) e % do consumo são baseados no Guia Alimentar para a População Brasileira. Tabela 4. Número de refeições diárias recomendadas, média e desvio padrão de refeições diárias consumidas, segundo as classificações completas, incompletas, ou lanches, e porcentagem atingida do recomendado. Universidade São Judas Tadeu, 2008. Refeições Refeições diárias Refeições % atingida do recomendadas diárias recomendado consumidas Completas 3 0,98 ± 0,66 32,6 Incompletas 0 1,70 ± 0,85 170,0 Lanches 2 1,45 ± 1,48 72,5 1) Total de idosos n=20. 2) A média de refeições diárias consumidas refere-se aos dois Recordatórios de 24h (R24h) aplicados em dias alternados. 3) Número de refeições diárias recomendadas e % do consumo são baseados no Guia Alimentar para a População Brasileira. 29 4.3. Discurso 4.3.1. do sujeito coletivo Pergunta “O que significa saúde para você?” O Quadro 1a mostra as idéias centrais e expressões-chave, dos depoimentos obtidos para a pergunta “O que significa saúde para você?”. Os Instrumentos de Análise do Discurso IAD-1, IAD-2, encontram-se nos ANEXOS 4.1 e 4.2. Quadro 1a. Instrumento de Análise de Discurso 3 (IAD-3). Expressões-chave e Idéias Centrais obtidas dos depoimentos dos idosos em resposta à pergunta 1: O que significa saúde para você? Idéia Central Expressões-chave Idéia Central: Saúde é o bem maior. ID 1 – Significa a vida. Significa a vida. É se cuidar, é se amar. ID 2 – É ter uma boa qualidade de vida. Significa ter uma boa qualidade de vida: viver bem, poder se locomover sem precisar de ajuda. ID 3 – É tudo de bom. Saúde é tudo de bom (risos). É a vida, é alegria. ID 4 – É tudo. É tudo: não ter doença nenhuma, ter disposição para fazer o serviço. ID 5 – É ter qualidade de vida. Significa ter uma atividade física, comer razoavelmente bem, é qualidade de vida. Qualidade de vida é estar alegre, feliz, gostar da vida, mesmo que ela traga alguns probleminhas. Mas a gente enfrenta. Eu acho que qualidade de vida é fazer o que gosta e estar vivendo como gosta de viver, sair, passear, ir ao shopping, caminhar. ID 6 – É tudo. É tudo pra gente. Se não tiver saúde a gente não faz nada. Saúde é tudo. ID 8 – É muito importante. Saúde é muito importante. É o que a gente mais quer é ter saúde. ID 10 – É o bem estar. Saúde é o bem estar. ID 11 – É tudo. Pra mim saúde é tudo. Significa uma vida 30 boa, uma qualidade de vida boa. ID 12 – É tudo. É tudo. Se não tiver saúde não precisa nem dinheiro. ID 13 – É tudo, é bem estar. A saúde é bem estar na vida, estar tudo bem. Se tiver saúde a gente tem tudo. ID 14 – Significa tudo. Saúde significa tudo. É complicado quando a gente começa a ter os problemas e não consegue fazer as coisas que a gente fazia. Traz aborrecimento, sensação de inutilidade. ID 15 – É bem estar. É bem estar. ID 16 – É tudo. Eu acho que é tudo. Se não tem saúde não tem nem prazer de viver. Saúde é se sentir bem, não ter problema de saúde, poder desfrutar da vida. ID 17 – É estar de bem com a vida. É estar de bem com a vida, bem disposto, a gente sentir bem, ter saúde. ID 18 – É uma das coisas mais importantes. Saúde, eu acho que para o ser humano é uma das coisas mais importantes. ID 19 – Eu acho que é tudo. É estar são. Eu acho que é tudo na vida. Saúde é estar são. ID 20 – É tudo. É tudo. Porque sem a saúde você não consegue usufruir nada, de passeio, de amizade, de lazer, de nada. Saúde é importantíssimo, número um. Idéia Central 2: Saúde é uma coisa que a gente exerce. ID 1 – É uma coisa que a gente exerce. Para mim saúde é uma coisa que a gente exerce. ID 7 – É cuidar da alimentação e fazer Eu acho que significa o seguinte: a gente não atividade física. exagerar em nada na alimentação e ter algumas horas de exercício. ID 9 – É cuidar da alimentação. Eu acho que saúde é cuidar com alimentação e com a higiene. 31 Do discurso referente a essa pergunta foram retiradas duas idéias centrais que originaram os discursos do sujeito coletivo: DSC-1 que tem como idéia central saúde é o bem maior, e DSC-2 cuja idéia central é saúde é uma coisa que a gente exerce, conforme transcritos no Quadro 1b abaixo: Quadro 1b. Idéia Central e Discurso do Sujeito Coletivo em resposta à questão 1ª: O que significa saúde para você? Idéia Central - 1 Discurso do Sujeito Coletivo - 1 Saúde é o bem maior. Significa ter uma boa qualidade de vida: viver bem, poder se locomover sem precisar de ajuda é não ter doença nenhuma, ter disposição para fazer o serviço. É fazer o que gosta e estar vivendo como gosta de viver, sair, passear, ir ao shopping, caminhar. É complicado quando a gente começa a ter os problemas e não consegue fazer as coisas que a gente fazia. Traz aborrecimento, sensação de inutilidade. Saúde é tudo de bom. É a vida, é alegria. É o que a gente mais quer, é ter saúde. Porque sem a saúde você não consegue usufruir de nada, de passeio, de amizade, de lazer, de nada. Se não tem saúde não tem nem prazer de viver. Saúde é importantíssimo, número um. Idéia Central - 2 Discurso do Sujeito Coletivo - 2 Saúde é uma coisa que a Para mim saúde é uma coisa que a gente exerce. É não gente exerce. exagerar em nada na alimentação, cuidar com a higiene e ter algumas horas de exercício. 4.3.2. Pergunta “De que forma a alimentação interfere na saúde?” O Quadro 2a mostra as idéias centrais e expressões-chave, dos depoimentos obtidos para a pergunta “De que forma a alimentação interfere na saúde?”. Os Instrumentos de Análise do Discurso IAD-1, IAD-2, encontram-se nos ANEXOS 5.1 e 5.2. 32 Quadro 2a . Instrumento de Análise de Discurso 3 (IAD-3). Expressões-chave e Idéias Centrais obtidas dos depoimentos dos idosos em resposta à pergunta 2: De que forma a alimentação interfere na saúde? Idéia Central Expressões-chave Idéia Central 1: A alimentação correta permite a atividade. ID 1 – A alimentação interfere como forma Se eu me alimentar direitinho eu dou conta de atividade, independência, auto-estima e de tudo aquilo que eu quero fazer: vir aqui vontade de viver. no grupo, sair quando eu quero, ir ao shopping. A gente tem vontade de viver. Tem que se cuidar para não ser peso para os filhos. Ter auto-estima é muito bom. ID 3 – A alimentação interfere como forma A alimentação interfere em todos os de atividade. sentidos. Se eu não me alimentar como vou me sustentar em pé? Idéia Central 2: A alimentação serve para proporcionar prazer. ID 20 – A alimentação serve para A alimentação serve para proporcionar proporcionar prazer. prazer ao comer. Idéia Central 3: Dependendo da quantidade e qualidade a alimentação favorece a saúde ou a doença. ID 2 – Dependendo da quantidade e Interfere muito porque o que a gente come qualidade a alimentação favorece a saúde é o que ajuda a gente em tudo, por ou a doença. exemplo: comer muito e comer comidas muito gordurosas fazem mal; alimentar-se de saladas e legumes e menor quantidade de comida faz sentir melhor; comer o que não é bom faz a gente não se sentir bem, não tem tanta disposição. ID 6 - A alimentação que engorda. A alimentação interfere em tudo, em tudo. Basta dizer que se a gente comer tudo o que tem vontade e quer a gente vai engordar. ID 7 - Dependendo da quantidade e Interfere porque se a gente evitar gorduras, qualidade a alimentação melhora a saúde. frituras, diminuir pão e massas, comer 33 menos doces e bastantes verduras, eu acho que isso já melhora bastante a saúde. ID 9 – Alimentar-se bem favorece a saúde e Interfere porque se você não come bem, alimentar-se mal favorece a doença. não se alimenta bem, como é que vai formar o sangue? Passa a ter um sangue que não é legal, então a gente passa a ficar doente, porque se não se alimenta bem como é que vai poder estar bem de saúde? Dá fraqueza, tontura, não por causa da pressão, mas porque não se alimenta bem. ID 10 – A alimentação que engorda. Interfere muito porque dependendo do que se come a gente engorda. ID 11 - Há alguns alimentos que fazem mal. Há também alguns alimentos que fazem mal, como gorduras e alimentos não tão saudáveis em excesso, como o açúcar e o sal. ID 12 – Tem alimento que faz mal, como Tem alimento que faz mal, como gordura. gordura. ID 13 – Para ter saúde a gente tem que Interfere porque para ter saúde a gente tem comer menos massa e doce e mais frutas e que ter uma alimentação certa: não comer verduras. muita massa nem muito doce, e comer mais frutas e verduras. ID 14 - Dependendo do alimento interfere, Dependendo do alimento interfere, como como gordura, muito sal. gordura, muito sal. ID 15 – Nessa idade se a gente come muito Interfere, por exemplo, na quantidade, não é bom, quanto menos comer é melhor. principalmente nessa idade se a gente come muito não é bom, quanto menos comer é melhor. ID 17 - Interfere, a gordura entope as veias. Interfere, a gordura entope as veias. ID 18 – A gente percebe a interferência E como interfere! E a gente percebe isso quando vai chegando uma certa idade. quando vai chegando uma certa idade pois aparecem mil problemas que quando jovem não sentia. 34 ID 20 - Há alimentos que são pro mal e Há alimentos que são mais pro mal, como alimentos que são pro bem. feijoada que é muito gordurosa, e alimentos que são mais pro bem, como salada que faz a gente se sentir mais leve. Idéia Central 4: A alimentação fornece o que o organismo precisa: vitaminas, proteínas e energia. ID 5 - A alimentação fornece o que o A alimentação é o principal porque o organismo precisa: vitaminas, proteínas e organismo precisa de vitaminas, proteínas e energia. os carboidratos que são importantes para dar força. ID 11 – A alimentação é importante porque Eu sei que é importante porque a gente a gente precisa ingerir vitaminas. precisa ingerir vitaminas. ID 20 – A alimentação fornece energia. A alimentação é energia para você se manter. Idéia Central 5: Alimentar-se não é que vai melhorar ou piorar a saúde. ID 8 – Não sei, porque eu como e eu tenho Não sei, porque eu como e eu tenho saúde. saúde. ID 16 – Alimentar-se bem não é que vai Eu acho que se alimentar bem não é que melhorar ou piorar a saúde. vai melhorar ou piorar a saúde. Do discurso referente a essa pergunta foram retiradas cinco idéias centrais que originaram os discursos do sujeito coletivo: DSC-1 que tem como idéia central a alimentação correta permite a atividade, o DSC-2 cuja idéia central é a alimentação serve para proporcionar prazer, o DSC-3 onde a idéia central é dependendo da quantidade e qualidade a alimentação favorece a saúde ou a doença, o DSC-4 com a idéia central a alimentação fornece o que o organismo precisa: vitaminas, proteínas e energia, e o DSC-5 que tem como idéia central alimentar-se não é que vai melhorar ou piorar a saúde, conforme transcritos no Quadro 2b abaixo: 35 Quadro 2b. Idéia Central e Discurso do Sujeito Coletivo em resposta à questão 2ª: De que forma a alimentação interfere na saúde? Idéia Central - 1 Discurso do Sujeito Coletivo - 1 A alimentação correta permite A alimentação interfere em todos os sentidos. Se eu não a atividade. me alimentar como vou me sustentar em pé? Se eu me alimentar direitinho eu dou conta de tudo aquilo que eu quero fazer: vir aqui no grupo, sair quando eu quero, ir ao shopping. Tem que se cuidar para não ser peso para os filhos. Assim a gente tem vontade de viver e melhora a auto-estima. Ter auto-estima elevada é muito bom. Idéia Central - 2 A alimentação Discurso do Sujeito Coletivo - 2 serve para A alimentação serve para proporcionar prazer ao comer. proporcionar prazer. Idéia Central - 3 Discurso do Sujeito Coletivo - 3 Dependendo da quantidade e A alimentação interfere em tudo, em tudo. Dependendo qualidade a alimentação do alimento interfere, como gordura, muito sal. E como favorece a saúde ou a interfere! Há alimentos que são mais pro mal, como doença. feijoada que é muito gordurosa, (gorduras entopem as veias), e alimentos não tão saudáveis em excesso, como o açúcar e o sal; e alimentos que são mais pro bem, como salada que faz a gente se sentir mais leve. Interfere porque para ter saúde a gente tem que ter uma alimentação certa: não comer muita massa nem muito doce, e comer mais frutas e verduras. É que se você não come bem, não se alimenta bem, como é que vai formar o sangue? Passa a ter um sangue que não é legal, então a gente passa a ficar doente, porque se não se alimenta bem como é que vai poder estar bem de saúde? Dá fraqueza, tontura, não por causa da pressão, mas porque não se alimenta bem. Também interfere muito porque dependendo do que se come a gente engorda. Basta dizer que se a gente comer tudo o que tem vontade e quer a gente vai engordar. Interfere até na quantidade, principalmente nessa idade, se a gente 36 come muito não é bom, quanto menos comer é melhor. E a gente percebe isso quando vai chegando uma certa idade pois aparecem mil problemas que quando jovem não sentia. O que a gente come é o que ajuda a gente em tudo, por exemplo: comer muito e comer comidas muito gordurosas fazem mal; alimentar-se de saladas e legumes e menor quantidade de comida faz sentir melhor; comer o que não é bom faz a gente não se sentir bem, não tem tanta disposição. Se a gente evitar gorduras, frituras, diminuir pão e massas, comer menos doces e bastantes verduras, eu acho que isso já melhora bastante a saúde. Idéia Central - 4 Discurso do Sujeito Coletivo - 4 A alimentação fornece o que o A alimentação é o principal porque o organismo precisa organismo precisa: vitaminas, de vitaminas, proteínas e os carboidratos que são proteínas e energia. importantes para dar força. É importante porque a gente precisa ingerir vitaminas. A alimentação é energia para você se manter. Idéia Central - 5 Discurso do Sujeito Coletivo - 5 Alimentar-se não é que vai Eu acho que se alimentar bem não é que vai melhorar melhorar ou piorar a saúde. ou piorar a saúde, porque eu como e eu tenho saúde. 4.3.3. Pergunta “Como você definiria uma alimentação equilibrada?” O Quadro 3a mostra as idéias centrais e expressões-chave, dos depoimentos obtidos para a pergunta “Como você definiria uma alimentação equilibrada?”. Os Instrumentos de Análise do Discurso IAD-1, IAD-2, encontram-se nos ANEXOS 6.1 e 6.2. 37 Quadro 3a . Instrumento de Análise de Discurso 3 (IAD-3). Expressões-chave e Idéias Centrais obtidas dos depoimentos dos idosos em resposta à pergunta 3: Como você definiria uma alimentação equilibrada? Idéia Central Expressões-chave Idéia Central 1: É o nosso prato cotidiano. ID 1 – É o nosso prato cotidiano. É o nosso prato cotidiano: arroz, feijão, batatinha, carboidrato, uma saladinha e um legume. Idéia Central 2: É aquela que a gente se alimenta de tudo. ID 2 – É aquela que a gente se alimenta de É aquela que a gente se alimenta de tudo. tudo. Tudo é arroz, feijão, carne, de vez em quando um bolo quando num aniversário, doce em geral. ID 3 – O principal é o alimento energético. O principal é o alimento energético, aquele que dá energia ao corpo, como pão, arroz, macarrão. ID 4 - Tem que comer muita verdura, Também tem que comer muita verdura, legumes e frutas. legumes e frutas. ID 5 – A gente precisa comer de tudo. A gente precisa comer de tudo. Se comer só carboidrato fica obeso e com falta das outras vitaminas. ID 7 – Tem que ter proteína, verdura, carne, Tem que ter proteína, verdura, carne, coisinhas verdes, coloridas. coisinhas verdes, coloridas Comer 2 a 3 frutas por dia, tomar um copo de leite de manhã, de noite um iogurte. Ter sempre ou cenoura, ou mandioquinha, ou couve-flor, verduras junto com carne ou frango. E ter mais peixe. O peixe faz falta. ID 11 – É comer de tudo um pouco. Comer de tudo um pouco, mas também com sabedoria. Tudo seria: todo dia um pouco de cada coisa, fruta, verdura, carne, leite, doce. ID 12 – É leite, queijo e carne. Tomar leite, comer queijo fresco e também 38 carne. ID 15 – É comer fruta, verdura, carne. É comer fruta, verdura, carne, tudo na medida para ter equilíbrio e vitamina. ID 20 – É comer tudo que precisa. É comer tudo que você precisa: todas as vitaminas A, B, C, D, F, gorduras, proteínas (as carnes têm as proteínas). Idéia Central 3: É a que tem variedade. ID 6 – É variar as coisas. É variar as coisas: comer uma coisa no almoço, outra no jantar. Idéia Central 4: Envolve as atitudes de não comer muito, comer na hora certa, de 3 em 3 horas, 6 vezes ao dia e devagarzinho. ID 4 – É comer na hora certa. É comer na hora certa. ID 9 – É se alimentar de 3 em 3 horas, 6 Eu acho que a pessoa tem que se alimentar vezes ao dia. de 3 em 3 horas, 6 vezes ao dia. Não é o - É não comer muito, e devagarzinho. comer muito, é comer devagarzinho. ID 13 – É comer pouco. Comer pouco. ID 16 – É não abusar. É não abusar. Idéia Central 5: É uma comida saudável. ID 9 – É uma comida saudável. É ir se alimentando com frutas, uma comida saudável sem trans. Muita bolacha, biscoito, não é legal. Comendo isso não está se alimentando, está se estragando. ID 17 – É com menos sal e gordura. Acho que é a que faz bem para a saúde: comer menos sal e gordura. Idéia Central 6: É aquela que seja bem balanceada. ID 5 – Tem que ser balanceada. Alimentação tem que ser balanceada. ID 18 - É balanceada. É aquela que seja bem balanceada. Idéia Central 7: É comer certo. ID 13 - É comer certo. É comer certo: comer mais fruta, mais 39 verdura. Idéia Central 8: É comer o que não engorda. ID 14 – É comer o que não engorda. Comer arroz e feijão porque não engorda, junto com uma salada e carne cozida. Idéia Central 9: É comer todo dia o essencial. ID 16 - É comer todo dia o arroz e feijão. É comer todo dia o arroz e feijão que são essenciais e também um pedacinho de carne. Idéia Central 10: É aquela que não tem muita gordura. ID 18 – Não tem muita gordura. É aquela que não tem muita gordura. Idéia Central 11: É não usar óleo para nada. ID 10 – É não usar óleo para nada. É não usar óleo para nada. Não fazer nada à milanesa, mas fazer no forno. Idéia Central 12: É aquela que dá prazer, embora faça mal. ID 2 – É aquela que dá prazer embora faça Eu acho que se a gente tiver que deixar de mal. tudo fica meio ruim, porque comer é bom não é? A gente não precisa deixar de comer o que gosta, a gente precisa ver qual a quantidade necessária que o nosso corpo precisa. ID 5 – No fim de semana pode comer No fim de semana a gente pode comer alguma coisa diferente. alguma coisa diferente: um doce, apesar de que muitos doces e muitas massas não são bons. ID 12 - É comer também carne que pode É comer também carne que pode ser de ser de porco, apesar de fazer mal. porco, apesar de fazer mal a gente come para matar a vontade. ID 17 - Alimento que tem muita gordura eu Alimento que tem muita gordura eu gosto. gosto. Do discurso referente a essa pergunta foram retiradas doze idéias centrais que originaram os discursos do sujeito coletivo: DSC-1 que tem como idéia central é o 40 nosso prato cotidiano, o DSC-2 cuja idéia central é aquela que a gente se alimenta de tudo, o DSC-3 onde a idéia central é a que tem variedade, o DSC-4 com a idéia central envolve as atitudes de não comer muito, comer na hora certa, de 3 em 3 horas, 6 vezes ao dia e devagarzinho, o DSC-5 referente à idéia central é uma comida saudável, o DSC-6 cuja idéia central é aquela que seja bem balanceada, o DSC-7 onde a idéia central é comer certo, o DSC-8 com a idéia central é comer o que não engorda, o DSC-9 cuja idéia central é comer todo dia o essencial, o DSC-10 com a idéia central é aquela que não tem muita gordura, o DSC-11 referente à idéia central é não usar óleo para nada, e o DSC-12 onde a idéia central é aquela que dá prazer, embora faça mal, conforme transcritos no Quadro 3b abaixo: Quadro 3b. Idéia Central e Discurso do Sujeito Coletivo em resposta à questão 3ª: Como você definiria uma alimentação equilibrada? Idéia Central - 1 Discurso do Sujeito Coletivo - 1 É o nosso prato cotidiano. É o nosso prato cotidiano: arroz, feijão, batatinha, carboidrato, uma saladinha e um legume. Idéia Central - 2 Discurso do Sujeito Coletivo - 2 É aquela que a gente se É aquela que a gente se alimenta de tudo. Comer um alimenta de tudo. pouco de tudo que precisa: todas as vitaminas A, B, C, D, F, gorduras, proteínas (as carnes têm as proteínas), mas também com sabedoria. Tudo seria um pouco de cada coisa: arroz, feijão, fruta, verdura, leite, carne, de vez em quando um bolo quando num aniversário, doce em geral, tudo na medida. O principal é o alimento energético, aquele que dá energia ao corpo, como pão, arroz, macarrão. Mas se comer só carboidrato fica obeso e com falta das outras vitaminas. Também tem que comer muita verdura, legumes, frutas e queijo fresco. Tem que ter proteína, verdura, carne, coisinhas verdes, coloridas. Comer 2 a 3 frutas por dia, tomar um copo de leite de manhã, de noite um iogurte. Ter sempre ou cenoura, ou mandioquinha, ou couve-flor, verduras junto com carne ou frango. E ter mais peixe. O 41 peixe faz falta. Idéia Central - 3 Discurso do Sujeito Coletivo - 3 É a que tem variedade É variar as coisas: comer uma coisa no almoço, outra no jantar. Idéia Central - 4 Discurso do Sujeito Coletivo - 4 Envolve as atitudes de não Não é o comer muito, é comer pouco, devagarzinho e comer muito, comer na hora na hora certa. A pessoa tem que se alimentar de três certa, de três em três horas, em três horas, seis vezes ao dia e não abusar. seis vezes ao dia e devagarzinho. Idéia Central - 5 Discurso do Sujeito Coletivo - 5 É uma comida saudável. É ir se alimentando com frutas, uma comida saudável sem trans. A que faz bem para a saúde é comer menos sal e gordura. Muita bolacha, biscoito, não é legal. Comendo isso não está se alimentando, está se estragando. Idéia Central - 6 Discurso do Sujeito Coletivo - 6 É aquela que seja bem É aquela que seja bem balanceada. balanceada. Idéia Central - 7 Discurso do Sujeito Coletivo - 7 É comer certo. É comer certo: comer mais fruta, mais verdura. Idéia Central - 8 Discurso do Sujeito Coletivo - 8 É comer o que não engorda. É comer arroz e feijão porque não engorda, junto com uma salada e carne cozida. Idéia Central - 9 Discurso do Sujeito Coletivo - 9 É comer todo dia o essencial. É comer todo dia o arroz e feijão que são essenciais e também um pedacinho de carne. Idéia Central - 10 Discurso do Sujeito Coletivo - 10 É aquela que não tem muita É aquela que não tem muita gordura. gordura. Idéia Central - 11 Discurso do Sujeito Coletivo - 11 É não usar óleo para nada. É não usar óleo para nada. Não fazer nada à milanesa, mas fazer no forno. 42 Idéia Central - 12 É aquela que Discurso do Sujeito Coletivo - 12 dá prazer, No fim de semana a gente pode comer alguma coisa embora faça mal. diferente: um doce, apesar de que muitos doces e muitas massas não são bons. Alimento que tem muita gordura eu gosto, como a carne de porco, apesar de fazer mal a gente come para matar a vontade. Eu acho que se a gente tiver que deixar de tudo fica meio ruim, porque comer é bom não é? A gente não precisa deixar de comer o que gosta, a gente precisa ver qual a quantidade necessária que o nosso corpo precisa. 4.4. Programa educativo O detalhamento das estratégias do programa educativo encontra-se no quadro 4, onde os temas abordados foram: O panorama das doenças/mortes evitáveis com alimentação saudável e atividade física; Os seis grupos de alimentos, seus benefícios/riscos e a orientação quanto às porções a serem consumidas diariamente; Os alimentos diet e light; Os alimentos funcionais; O uso de ervas para dar mais sabor aos alimentos; A importância de ler os rótulos dos alimentos. 43 Quadro 4. Programa educativo. Data Objetivo Conteúdo (30 minutos) Discussão (15 minutos) Dinâmica (15 minutos) 17/09 Que possam se familiarizar com a situação da Panorama das doenças/mortes O que você não sabia e aprendeu Troca de conhecimentos do saúde no Brasil e quantas doenças/mortes evitáveis com alimentação saudável e hoje? que precisa ter numa refeição seriam evitadas com alimentação saudável e atividade física. Como pretende colocar em prática saudável. atividade física. Relação alimentação e nutrição. em sua vida? Pedir para trazerem figuras de Programa educativo. alimentos para montagem de alimentação saudável: desjejum e almoço. 24/09 Que conheçam o Guia Alimentar Brasileiro. Guia alimentar brasileiro. O que você não sabia e aprendeu Montar um prato que eles Que conheçam o que é alimentação saudável e Diretriz 1 – Os alimentos saudáveis e hoje? julguem saudável. quebrem o tabu “alimentar-se bem é caro”. as refeições. Como pretende colocar em prática Calcular o custo desse prato. Que saibam qual a quantidade recomendada de em sua vida? refeições/dia. 01/10 08/10 Que conheçam o grupo de alimentos dos cereais Diretriz 2 – Cereais, tubérculos e O que você não sabia e aprendeu Troca dos pratos para (preferencialmente integrais), tubérculos e hoje? avaliação e discussão. raízes raízes, para que servem e porções Como pretende colocar em prática recomendadas. em sua vida? Que conheçam o grupo de alimentos das frutas, Diretriz 3 – Frutas, legumes e O que você não sabia e aprendeu Amigo fruta – troca, por sorteio, legumes e verduras, para que servem, sua verduras. hoje? das frutas trazidas onde cada importância na saúde e porções recomendadas Diretriz especial 2 – Qualidade Como pretende colocar em prática um explicava propriedades da Que saibam a importância das práticas de sanitária dos alimentos. em sua vida? fruta e o que motivou a higiene. escolha. Degustação de frutas. 22/10 Que conheçam o grupo de alimentos vegetais Diretriz 4 – Feijões e outros alimentos ricos em proteínas, a importância de consumi-los vegetais ricos em proteínas. O que você não sabia e aprendeu Amostra de leguminosas, hoje? castanhas e sementes. 44 e as porções recomendadas. Diretriz 5 – Leite e derivados, carnes e Como pretende colocar em prática Que conheçam o grupo de alimentos animais ovos. em sua vida? Que conheçam o grupo das gorduras, açúcares Diretriz 6 – Gorduras, açúcares e sal. O que você não sabia e aprendeu Dividir em duas equipes para e sal, para que servem e quais os riscos e Ervas que dão sabor. ricos em proteínas e saibam que devem consumi-los moderadamente. 29/10 05/11 hoje? montagem da pirâmide porções recomendadas. Como pretende colocar em prática alimentar. Que aprendam o uso de ervas. em sua vida? Pedir para trazerem rótulos. Que saibam que a água é um alimento Diretriz 7 – Água. O que você não sabia e aprendeu Leitura e discussão dos rótulos indispensável ao funcionamento adequado do Alimentos diet e light. hoje? trazidos. organismo, a recomendação. Rotulagem. Como pretende colocar em prática Que conheçam os alimentos diet e light. em sua vida? Que saibam a importância de ler os rótulos dos alimentos. 12/11 Que conheçam os alimentos que têm Alimentos fortificados. propriedades específicas em benefício da saúde. Alimentos funcionais. O que você não sabia e aprendeu Divisão em dois grupos e troca hoje? das pirâmides para avaliação e Como pretende colocar em prática discussão. em sua vida? Troca de idéias do que fazer na prática de culinária. 14/11 Que aprendam a cozinhar novos pratos. Prática de culinária. Foram elaborados pratos tendo como um dos Distribuição de apostilas de ingredientes a farinha integral, a soja ou seus derivados, tendo-se em vista orientações nutricionais. suas características funcionais. Receitas desenvolvidas e degustadas: feijoada vegetariana, quibe com recheio de carne vegetal. Receitas apenas degustadas: esfiha de massa integral com recheio de tomate e queijo e escondidinho de mandioca com carne vegetal. 45 5. DISCUSSÃO Caracterização do grupo e análise da dieta Os idosos participantes desta pesquisa eram predominantemente do gênero feminino, aproximando-se dos valores de 76,4% encontrados por Moreira et al (2007), acima dos 60,3% registrados por Fiore et al (2006), porém bem abaixo do relatado por Cervato et al (2005), onde dos idosos pesquisados 100% eram do sexo feminino. Tal fato decorre da elevada participação de mulheres em Universidades Abertas para a Terceira Idade, provavelmente por se preocuparem mais com as demandas relacionadas à promoção de saúde (CERVATO et al, 2005). Dos idosos viúvos e dos que moram sozinhos a maioria são mulheres. De acordo com Camarano (2003) isto se deve a maior longevidade das mulheres e ao fato da prevalência da cultura de os homens casarem novamente e com mulheres mais jovens. Miguel e Fortes (2005) entendem que os idosos que escolhem morar sozinhos devem ser incentivados pelos familiares, porém participando cotidianamente de sua companhia dispensando-lhes carinho e atenção. Dos idosos que trabalham todos são mulheres. Estudo de Rocha et al (2005) mostra que as mulheres idosas, na perda do companheiro, exercem outras atividades independentes de seus familiares, porém mantendo a boa relação com estes. Essas constatações podem ser explicadas pelo fato de que o número de mulheres supera o de homens na população idosa, tal fenômeno é chamado “feminização do envelhecimento” (WHO, 2002a, p. 39). Verificou-se também prevalência de baixa escolaridade e renda familiar. Cabe destacar que a renda é o principal elemento para o envelhecimento bem-sucedido, pois possibilita a promoção da saúde e educação ao longo de toda a vida (NERI, 1995). A doença de maior prevalência foi referente ao esqueleto e articulações (presente apenas nas mulheres), seguida da hipertensão arterial e dislipidemias. Lebrão e Laurenti (2005) apontaram a hipertensão como de maior prevalência e com freqüência relativamente alta, vindo logo após as referentes ao esqueleto e articulações, seguidas dos problemas cardíacos. Já em estudo realizado por Ribeiro et al (2006a) com um grupo de idosas participantes de um programa de educação física as doenças mais frequentemente referidas foram diabetes, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Um número bem significativo de homens referiu ser ex- 46 tabagista e etilista eventual. Tal fato é significativo uma vez que o tabagismo e o etilismo são fatores que contribuem para o aparecimento de doenças crônicas, bem como potencializam outros fatores. A prevalência de quedas mostrou-se alta, sendo relatadas por 73,33% das mulheres e 60% dos homens, bem acima do encontrado por Lebrão e Laurenti (2005), que relatam 26,2% naqueles com 60 a 74 anos e 36,9% acima de 75 anos, sendo mais freqüentes nas mulheres. Conforme SANTOS (2008) a ocorrência de quedas nos idosos tem aumentado em todo o mundo de forma exponencial, e constituem a principal causa da síndrome de imobilidade, originando assim a síndrome de dependência, consistindo em um grande problema para as pessoas idosas (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006b). O consumo alimentar mostrou-se inadequado quanto às porções diárias estimadas para os diversos grupos alimentares. Isso deveu-se tanto à ausência de consumo, como ao consumo abaixo ou acima do recomendado. Quanto às refeições diárias, o consumo também foi inadequado tanto no que se refere ao número abaixo do recomendado, quanto à qualidade, uma vez que apresentou um número insatisfatório de refeições completas. Para que uma alimentação seja saudável é necessário que seja composta por todos os grupos de alimentos e nas porções estimadas para que atenda às necessidades de nutrientes: carboidratos, lipídios, proteínas (os macronutrientes), e vitaminas e minerais (os micronutrientes) (BRASIL, 2006a). Os nutrientes carboidratos, lipídios e proteínas fornecem a energia necessária para a preservação da integridade funcional e estrutural do organismo, tanto no repouso, quanto em atividade física (McARDLE et al, 2008a). Os cereais são os principais fornecedores de carboidratos. A média diária de consumo de alimentos do grupo dos cereais foi de 2,73 porções, abaixo de 50% do recomendado, o que pode ser prejudicial ao funcionamento do organismo. Os carboidratos, além de serem a principal fonte de energia para a maioria das células (WAITZBERG; GALIZIA,2004), ajudam a preservar a proteína tecidual, auxiliam na oxidação das gorduras e são responsáveis pelo funcionamento adequado do sistema nervoso central. A quantidade ingerida deve manter as reservas corporais de glicogênio, portanto, se o consumo diário de carboidratos não é suficiente: a) ocorre a depleção das reservas de glicogênio, o que leva a uma readaptação do organismo que passa a utilizar as proteínas para obtenção de energia, prejudicando assim a manutenção tecidual quanto ao reparo e crescimento; b) prejudica a 47 oxidação das gorduras gerando acúmulo de corpos cetônicos; c) produz quantidade insuficiente de glicose. A glicose é o combustível principal utilizado pelo cérebro e a única fonte de energia das hemácias (McARDLE et al, 2008a). Os cereais para consumo na alimentação humana podem ser refinados (aqueles que passaram por processo de beneficiamento) e integrais. As dietas ricas em cereais integrais são associadas com menor ocorrência de doenças coronárias e câncer de pulmão, cólon, esôfago e estômago (FDA, 1999). O consumo de cereais integrais vem sendo recomendado: a) para melhor alimentação e estilo de vida na prevenção de doenças cardiovasculares (LICHSTENSTEIN, 2006); b) na prevenção de doenças crônicas (WHO, 2004); c) no guia dietético americano (DEPARTAMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 2005). Os alimentos de origem animal, como carnes e ovos, e leite e seus derivados, são fontes de proteínas de origem animal e de lipídios na forma de gorduras saturadas. O consumo diário dos alimentos do grupo de carnes e ovos apresentou 19% acima do recomendado, ou seja, 1,19 porções diárias. Já o consumo de leite e derivados foi abaixo do recomendado, constatando-se no presente estudo o consumo diário de 1,57 porções. O consumo elevado de gorduras saturadas está relacionado, geralmente, com dietas com alto consumo de produtos animais (WAITZBERG; BORGES, 2004). Alimentos de origem animal quando ingeridos em quantidade acima da recomendada elevam a concentração sanguínea de colesterol e promovem a doença coronariana. Quando utilizados para produzir energia elevam o catabolismo das proteínas, aumentando as necessidades hídricas do corpo (McARDLE, 2008a). Por outro lado, leite e derivados são fontes importantes de cálcio. O cálcio é importante na contração muscular e mineralização dos ossos e o reduzido consumo de alimentos fontes contribuem para o surgimento de doenças do esqueleto e articulações (BORGES et al, 2004). Existem alimentos vegetais que também são fonte de proteínas, como os feijões e as oleaginosas. O consumo diário de feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteínas, no presente estudo foi de 0,83 porções, o que representa 20% abaixo do recomendado. A POF 2002-2003 apontou redução no consumo de feijão (IBGE, 2004). Os feijões contêm, entre outros nutrientes, carboidratos complexos, proteínas de alta qualidade, ferro e fibras dietéticas. Os feijões diminuem as concentrações de colesterol sérico, fator positivamente relacionado com maior risco de doenças cardiovasculares; melhoram muitos aspectos do diabético e 48 proporcionam benefícios metabólicos que ajudam no controle do peso (ANDERSON et al, 1999, LETERME, 2002). Os micronutrientes desempenham papéis altamente específicos facilitando a transferência de energia e a síntese dos tecidos, garantindo, desta forma, a regulação de todos os processos metabólicos. Os principais alimentos fornecedores de micronutrientes, bem como de fibras alimentares, são as frutas, legumes e verduras (McARDLE, 2008b). Nesse estudo constatou-se consumo médio diário de frutas de 1,55 porções e de legumes e verduras de 1,53 porções, alcançando apenas 51,66% do recomendado. A POF 2002-2003 mostrou que o consumo na zona urbana é inferior às recomendações diárias (IBGE, 2004). Deficiências substanciais de micronutrientes afetam o estado nutricional, a saúde e o desenvolvimento de grande parte da população em muitos países, tanto desenvolvidos quanto em desenvolvimento (FAO/WHO, 1992). Em estudo realizado com mulheres observou-se um risco menor de enfermidades ateroscleróticas de aproximadamente 30% nas mulheres que comiam de cinco a dez porções de frutas e verduras por dia, comparando-se com aquelas que comiam de duas a cinco porções por dia (LIU et al, 2000). As dietas ricas em frutas, verduras e legumes são associadas com menor ocorrência de doenças coronárias e alguns tipos de câncer (LIU et al, 2000; FDA, 1999). Autores salientam a necessidade do consumo adequado desses alimentos para o devido suprimento de vitaminas, minerais e fibras, inclusive para proteção contra doenças cardíacas, diabetes e desordens gastrointestinais (BARRETO e CYRILLO, 2001; BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a). O Informe sobre a saúde no mundo 2002, citado na APM (2003), ressalta que o consumo de frutas e hortaliças em quantidades adequadas é útil para prevenir as enfermidades cardiovasculares e alguns cânceres e que uma baixa ingestão desses alimentos contribui para gerar quase três milhões de morte ao ano como resultado dessas afecções. O consumo de açúcares ficou em 0,79 porções por dia, abaixo do máximo permitido. Os açúcares são ricos em sacarose. A ingestão de alimentos ricos em sacarose está relacionada com risco de desenvolvimento de obesidade (FUNG et al, 2001). O consumo desses alimentos pela população brasileira vem aumentando, onde alimentos industrializados ricos em carboidratos simples e gorduras saturadas 49 substituem os alimentos ricos em fibras e nutrientes, favorecendo a obesidade e todas as doenças decorrentes (TRAEBERT et al, 2004). Existem várias pesquisas onde foi avaliado o consumo diário dos diversos grupos de alimentos. Em estudo com 1740 idosos Foote et al (2000), ao avaliarem a ingestão alimentar quanto às porções diárias recomendadas de acordo com a pirâmide alimentar, constataram que menos de 10% consumiam as porções recomendadas de feijões e de leite e seus derivados, apenas 49% das mulheres e 40% dos homens consumiam as porções recomendadas de legumes e verduras, 53% das mulheres e 48% dos homens consumiam as porções recomendadas de frutas. O consumo de carboidratos ficou abaixo, atingindo apenas 60% do recomendado, enquanto que a ingestão diária de proteínas ultrapassou as porções recomendadas em 20%. Já de acordo com Risonar et al (2009) foi constatado 47,9 e 84,1% para a ingestão de proteína e carboidratos, respectivamente, e baixo consumo de micronutrientes, sendo que, o consumo de cálcio foi de apenas 1/3 do recomendado. Constatou-se inadequação também quanto ao número de refeições e quanto aos tipos de refeições diárias, onde foi relatado número abaixo do recomendado e ocorrência elevada de refeições incompletas. As refeições completas atingiram apenas 32,6% do recomendado e os lanches 72,5%, enquanto que para refeições incompletas, que não são recomendadas, foi registrado alto consumo. O consumo de refeições incompletas preferencialmente às completas resulta em aporte insuficiente de nutrientes, colaborando para o aparecimento de outras doenças, bem como para o agravo das já existentes. Em relação aos depoimentos coletados, o DSC representa o que se pode pensar sobre um determinado tema e é composto por aquilo que um dado indivíduo falou e também por aquilo que poderia ter falado e que seu “companheiro de coletividade” atualizou por ele. Desta forma os discursos informam sobre as possibilidades disponíveis para se pensar um dado tema, numa determinada formação social e num dado momento histórico (LEFÈVRE et al, 2000). Análise dos discursos Em virtude do caráter educativo, tornou-se relevante refletir sobre quais concepções de saúde, alimentação saudável, e a interferência desta na saúde. 50 Na matéria prima para a elaboração do discurso do sujeito coletivo originado da idéia central saúde é o bem maior, percebe-se repetição de expressões-chave como: “tudo, tudo de bom”, “qualidade de vida”, “mais importante, importantíssimo”. Buss (2000) menciona que existem abundantes evidências científicas mostrando a contribuição da saúde para a qualidade de vida de indivíduos ou populações. Nas representações aqui coletadas, saúde significa qualidade de vida. A WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION (1998) define qualidade de vida como "a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações". Desta forma, apresenta a possibilidade de o idoso ter qualidade de vida, apesar da existência de doenças (se o caso), mesmo porque as doenças não surgem apenas com o envelhecimento, é comum nos dias de hoje a existência de jovens e até crianças com doenças que anos atrás ocorriam apenas em pessoas idosas. De acordo com o conceito da WHO e dentro do contexto de velhice bem sucedida, ter qualidade de vida na velhice vai depender de como o idoso vai desenvolver suas potencialidades para que consiga equilibrar suas perdas e limitações e também de seu cuidado com a saúde. Diferentemente o discurso do sujeito coletivo apresenta a qualidade de vida, o mesmo que saúde, como algo impossível, inatingível, pois as alterações decorrentes do processo normal de envelhecimento não permitem que se faça o que se fazia e como se fazia quando mais jovem. O discurso do sujeito coletivo originado da idéia central saúde é uma coisa que a gente exerce, fala de atitudes dos idosos no sentido da responsabilidade quanto ao comer, ao cuidado com a higiene e a prática de atividades físicas, exercendo assim seu direito de escolha por atitudes que promovam a saúde. Aqui as percepções deixam subentendido que fatores extrínsecos determinantes da saúde, como econômicos, culturais, ambientais, não podem impedir o indivíduo de atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde. Apesar de que temos um discurso reduzido, pois, embora cuidados com a alimentação, com a higiene e a prática de atividade física promovam a saúde, são apenas parte de tantas outras ações que devem ser efetivadas nesse sentido, percebe-se aqui uma forma de pensar na vida ativa. A participação regular em atividade física moderada pode retardar declínios funcionais, reduzir o aparecimento de doenças crônicas, melhora a saúde mental e, 51 muitas vezes, promove contatos sociais. Ser ativo pode ajudar as pessoas mais velhas a continuarem tão independentes, quanto possível, por mais tempo (WHO, 2002a). Nas representações sobre saúde percebe-se o quanto é significativo para o idoso a ausência de doença, ser útil, ter independência, poder se locomover sem precisar de ajuda, fazer atividades como: caminhar, sair, passear, ir ao shopping. Expressando, assim, sua preocupação com a saúde. A preocupação com a saúde afeta os hábitos alimentares, exercendo forte impacto sobre estes (HAYES; ROSS, 1987). Nos discursos construídos referentes ao tema interferência da alimentação na saúde, foi possível perceber, por um lado o reconhecimento da importância da alimentação como fornecedora de energia e nutrientes, como determinante da capacidade funcional preservada e, consequentemente, promotora de autoestima, e, por outro lado, a colocação da alimentação como fonte de prazer. Quando se fala da alimentação como fornecedora de energia e nutrientes fica clara a idéia do papel de alguns alimentos no surgimento de doenças, especialmente a obesidade; bem como daqueles alimentos que favorecem a ausência de doenças. Saúde não é apenas a ausência de doença, entretanto, estar doente pode interferir na capacidade de o idoso levar uma vida social individual e economicamente produtiva. O discurso que fala da alimentação como fonte de prazer não se refere aos atributos intrínsecos que conferem sabor ao alimento, mas sim aos gostos e preferências de cada indivíduo, bem como a fatores sociais e culturais. Pelo fato de existir grande variedade de alimentos saudáveis, das mais diversas cores e sabores, podemos afirmar que alimentos saudáveis são saborosos e dão prazer. Entretanto, conhecer o modo de pensar dos idosos, é especialmente importante, vez que, devido à presença de doenças, alguns têm restrição alimentar. Os resultados encontrados por Appleton e McGowan (2006) sugerem que o prazer é um mediador importante no relacionamento entre restrição alimentar e saúde psicológica. Estudo realizado por Remick et al (2009) confirmou que o prazer associado ao comer é um importante moderador da relação entre a restrição alimentar e o bem-estar. Emergiu também a ideia central de que a alimentação em nada interfere originando o discurso de que não é a alimentação que vai melhorar ou piorar a 52 saúde. São inúmeros os estudos científicos que mostram a estreita relação entre alimentação e saúde, conforme citados neste trabalho. É interessante notar que na fala dos idosos sobre alimentação equilibrada encontram-se os atributos de uma alimentação saudável: a) contem todos os grupos de alimentos: “comer um pouco de tudo que precisa”; b) é variada: “variar as coisas”; c) é colorida: “tem que ter coisinhas coloridas”; d) regularidade nas refeições: “se alimentar de três em três horas”; e) controlar a ingestão de alimentos que, em excesso, são prejudiciais: “comer menos sal e gordura”; f) não ingerir alimentos totalmente desnecessários e prejudiciais: “sem trans”. O discurso que ressalta a combinação arroz e feijão demonstra que, embora o brasileiro tenha reduzido o uso combinado desses alimentos, sua importância permanece no modo de pensar dos idosos. Estiveram presentes também os discursos que apresentaram conceitos influenciados pela indevida supervalorização de determinados alimentos e de certas práticas alimentares, como “comer certo é comer mais fruta, mais verdura” e “é comer pouco”; bem como da falta de esclarecimento do papel de alimentos importantes para o organismo “é não usar óleo para nada”. Em inquérito realizado por Kearney e McElhone (1999) as definições de dieta saudável apresentadas foram “comer menos gordura”, “comer mais frutas e legumes”. Apesar da importância deste grupo de alimentos, legumes e verduras, os vegetais são apenas um dos grupos dos alimentos que devem fazer parte de uma dieta saudável, e, portanto, não fornecem todos os nutrientes necessários às demandas do organismo. Falando de “comer pouco”, apesar de que, para estar bem alimentado não precisa necessariamente comer muito, a quantidade do alimento deve ser determinada pelo gasto energético para garantir um estado nutricional adequado. Quanto às gorduras, devido ao importante papel por elas desempenhado, as monoinsaturadas devem fazer parte da dieta, nas quantidades recomendadas. Por fim, temos que destacar aqui também o prazer como atributo de uma alimentação saudável. De fato, a alimentação saudável deve proporcionar prazer, em decorrência dos diversos atributos, inclusive: a) da boa qualidade do alimento que o torna adequado para consumo; b) do preparo com as devidas técnicas de higiene e de forma a preservar ao máximo os nutrientes e o sabor. Entretanto, no discurso dos idosos, o prazer refere-se ao alimento “que gosta”: doces, muita gordura, muita massa, que, “apesar de fazer mal a gente come para matar a 53 vontade”, afinal, “se a gente tiver que deixar de tudo fica meio ruim, porque comer é bom, não é?”. Um estilo de vida saudável envolve as práticas alimentares recomendadas pela ciência da nutrição e uma das barreiras que pode impedir as pessoas de dietas alimentares mais saudáveis é o sabor dos alimentos, pois, geralmente, os indivíduos acreditam que uma alimentação saudável seja sempre desagradável e enfadonha (HOLM, 1993). De acordo com Lemmens et al (2009) comer muito um alimento que se aprecia bastante, provoca uma nítida diminuição no desejo de ingerir outros alimentos, até mesmo aquele que se gosta, mas não muito. Programa educativo O Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI (DELORS, 1998, p. 90) delineou os quatro pilares da educação para o desenvolvimento humano: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Embora com conceitos genéricos, deve-se procurar estender esses pilares no tema educação nutricional e alimentar. Aprender a conhecer - perceber que dentre tantas informações desencontradas sobre nutrição e alimentação existem fatos comprovados que atestam tanto os benefícios de uma alimentação saudável, como os malefícios de uma alimentação não saudável. Desta forma, capacitando o indivíduo para analisar o conhecimento e fazer a escolha que lhe parecer adequada. Aprender a fazer – todo conhecimento deve levar a uma atitude. Ao praticar o conhecimento nutricional e alimentar o homem tem a possibilidade de ter sua própria experiência, que o levará a rejeitar ou a incorporar ao seu estilo de vida. Claro é que, se sua escolha o leva a colher os benefícios de uma alimentação saudável, isso traz momentaneamente o desprazer de abrir mão de alimentos que lhe eram saborosos (embora prejudiciais à saúde), mas, ao mesmo tempo e, por toda a vida, vai viver a satisfação de gerenciar sua saúde influindo de maneira positiva para o bem-estar, tanto seu quanto da família e da comunidade da qual faz parte. Aprender a viver junto – cada um tem em suas mãos a responsabilidade do seu destino, mas, de forma a contribuir para o progresso da humanidade, onde uns dependem dos outros (DELORS, 1998). A escolha nutricional e alimentar de cada um traz conseqüências boas ou más não só para o indivíduo mas também para todos que o cercam, que podem ser obrigados a despenderem tempo que não 54 possuem para cuidados, privarem-se de sua companhia, além de gastos que poderiam não só ser evitados como melhor aproveitados. Aprender a ser – conforme a prática dos três pilares anteriores o homem aprende a ser saudável. Cada escolha feita na busca de melhor saúde dará maior capacidade de discernimento das experiências vividas, de liberdade e independência para escolher as que merecem ser revividas, e, desta forma, de responsabilidade pessoal para as decisões diárias no gerenciamento de sua saúde. Estes pilares devem receber atenção igual a fim de que a educação [nutricional e alimentar] forneça uma experiência global, ao longo de toda a vida, no plano cognitivo como no prático, para o ser humano em sua individualidade e também inserido em uma comunidade (DELORS, 1998). O indivíduo é um todo indissociável e, por isso, seu desenvolvimento deve ser global e harmonioso, onde cada aspecto de seu ser: físico, mental, emocional e social carece de atenção e cuidados uma vez que se afetam mutuamente. Todo programa de educação nutricional e alimentar deve objetivar contribuir para a adoção de um estilo de vida saudável e, consequentemente, o desenvolvimento humano. Desta forma o programa educativo desenvolvido discutiu temas pertinentes às dificuldades apontadas quanto ao consumo alimentar e também nas falas do discurso do sujeito coletivo. De modo geral o conjunto de todos os resultados apontados é que norteou a escolha dos temas, entretanto, de modo mais específico pode-se dizer que: A representação encontrada de que a alimentação em nada interfere na saúde levou a abordagem do assunto das doenças/mortes evitáveis com alimentação saudável; O consumo inadequado dos diversos grupos de alimentos, a preocupação com o excesso de peso, o conceito errôneo sobre o papel das gorduras e a supervalorização do consumo de vegetais em detrimento de outros alimentos motivaram a escolha do tema dos grupos alimentares e suas recomendações quanto ao consumo; A representação do prazer que a alimentação proporciona originou a escolha do tema relacionado ao uso de ervas e aos alimentos diet e light; 55 As representações gerais sobre saúde e as formas de interferência da alimentação conduziram à discussão dos alimentos funcionais e da importância de ler os rótulos dos alimentos. 56 6. CONCLUSÕES Os idosos participantes apresentaram baixa renda e escolaridade. Não foi objetivo desse trabalho discutir a relação entre tais fatores e o desenvolvimento de programas de educação nutricional, entretanto, tal constatação aponta o hiato existente entre o ideal dos direitos iguais e de uma educação em todas as fases da vida e de forma permanente e o que na realidade é vivenciado. Tal fato pode limitar a maneira de assimilar as informações referentes à alimentação, que às vezes são confusas e conflitantes, bem como as ações dessa população no sentido da busca de seus direitos ao acesso a serviços que diretamente interfiram em sua saúde e qualidade de vida. O registro do consumo alimentar, quanto às porções, apontou uma inversão em relação à quantidade consumida dos alimentos do grupo dos cereais, tubérculos e raízes, e à quantidade consumida dos alimentos do grupo das carnes e ovos, erroneamente priorizando esse grupo como principal fornecedor da energia diária. Devido ao crescente aumento de sobrepeso e obesidade, uma das preocupações, inclusive da população idosa, é manter o peso ideal. As dietas para emagrecimento, veiculadas nos meios de comunicação, são pobres em carboidratos e ricas em gorduras e proteínas de origem animal. Estas dietas coincidem com as preferências por esses alimentos, tidos como “saborosos” e “que se gosta”, constituindo-se importante fator que influencia os idosos em relação às escolhas alimentares. Por outro lado, a larga divulgação da típica dieta do Mediterrâneo não tem sido suficiente para aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras, entre eles, as frutas, legumes e verduras, muito baixo entre os idosos estudados. Aqui também fica demonstrado que a preocupação com a saúde dura apenas até quando se depara com aquele alimento que, embora prejudicial à saúde, é gostoso. O consumo inadequado das refeições diárias, quanto ao número e qualidade, deixa exposto que, apesar de representarem uma alimentação saudável como aquela regular, variada e que tem de tudo um pouco, tal concepção perde o sentido diante da liberdade de consumir alimentos de seu gosto e preferência. Importante ressaltar que uma alimentação equilibrada não é necessariamente cara e que na grande diversidade de alimentos saudáveis, disponíveis e aos quais podem ter acesso, é possível encontrar aqueles que mais apeteçam. 57 A discrepância verificada entre a maneira de pensar alimentação saudável, expressada no discurso do sujeito coletivo, e as práticas alimentares revelou as dificuldades dos idosos na adoção de modos de vida saudáveis. Deve-se ressaltar a importância das representações dos grupos de idosos, aos quais são destinados os programas educativos, norteando as escolhas dos temas a serem apresentados, para uma efetiva contribuição no desenvolvimento humano. A utilização de dinâmicas bem como a promoção de discussões sobre o tema abordado funcionam como incentivo à participação assim como podem ser detectores de adaptações necessárias no decorrer da aplicação do programa educativo. O programa de educação nutricional e alimentar realizado foi apenas o início de um conjunto de estratégias que devem ser desenvolvidas, dentro de um programa de abordagem conjunta dos aspectos relacionados à nutrição e à educação física, onde também as ações para a educação nutricional e alimentar sejam permanentes, com vistas a mudanças efetivas no comportamento dos idosos participantes do Projeto Sênior para a Vida Ativa. Desta forma, programas de educação nutricional e alimentar nos moldes do programa apresentado neste estudo, desenvolvidos de maneira permanente, e aliados aos programas de educação em atividade física, são fundamentais para a promoção de saúde dos idosos e necessários para uma velhice bem sucedida. 58 7. 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Em dois dias não consecutivos, será perguntado a você quais foram os alimentos consumidos no dia anterior; - nos mesmos dias do recordatório alimentar, será perguntado todo o tipo de atividade física realizado no dia anterior; - faremos ainda uma pequena entrevista com perguntas relacionadas àquilo que você sabe sobre nutrição. Uma parte dessas questões será gravada e depois passada para o papel por nós. Essa entrevista tem por finalidade nos mostrar como o seu conhecimento sobre nutrição interfere naquilo que você come. Faremos ainda algumas medidas no seu corpo: peso, altura, circunferência do abdômen (na região da cintura) a circunferência da panturrilha (da batata da perna). Existem riscos mínimos na sua participação, ou seja, o que eventualmente pode ocorrer é você se sentir incomodado ou constrangido em responder a algumas questões ou em ser medido. Nesse caso, você tem liberdade de não responder ou não participar das medidas. Você também tem liberdade para se retirar da pesquisa, no momento em que você quiser, sem que haja qualquer problema ou represália. Os dados coletados, além de serem informados a você (nós lhe mostraremos os resultados da pesquisa), serão empregados para a elaboração de trabalhos científicos da Universidade. É importante destacar que não é feita nenhuma referência nominal aos dados coletados, ou seja, todos os dados permanecem anônimos. Seu nome não será divulgado. A professora responsável pela coleta dos dados é a Nutricionista Rosa Zilda Aquino Zanin (telefone 7120-7544), que se propõe a dirimir quaisquer dúvidas e assume total responsabilidade pela coleta de dados. Com base na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde solicitamos que seja assinada, de forma totalmente voluntária, a autorização para a coleta dos dados acima dos dados descritos. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu_____________________________________________ RG________________________________, Endereço:_______________________________________ telefone ____________________________, data nascimento __/__/__, declaro que tomei ciência e dou o meu consentimento para realização do projeto intitulado ASPECTOS RELACIONADOS AO ESTADO NUTRICIONAL DE INDIVÍDUOS IDOSOS ANTES E APÓS UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE. Concordo com a realização da pesquisa e autorizo a utilização dos dados coletados para a publicação de trabalhos, unicamente para fins de pesquisa científica, guardando o anonimato dos avaliados. São Paulo,______________de__________de________ ____________________________________________ Assinatura do sujeito da pesquisa ___________________________________ Assinatura do avaliador 68 ANEXO 2 – Recordatório Alimentar de 24h – R24h Nome:__________________________________________Data nascimento__/__/______ Data do recordatório:______________________________________________________ HORÁRIO LOCAL PREPARAÇÃO e INGREDIENTES QUANTIDADE (Medidas Caseiras) 69 ANEXO 3 – Entrevista semi-estruturada Nome____________________________________________Data nascimento:___/___/___ Data entrevista: _________________ Entrevistador:______________________________ Sexo ( ) M ( ) F ROTEIRO PARA A ENTREVISTA GRAVADA 1. O que significa saúde para você? 2. De que forma a alimentação interfere na saúde? 3. Como você definiria uma alimentação equilibrada? 70 Anexo 4.1 – Instrumento de Análise de Discurso 1 (IAD-1 da Pergunta 1) 1. O que significa saúde para você? ID 1 ... Significa a vida. Para mim saúde é uma coisa que a gente exerce. Saúde é se cuidar, é se amar. ID 2 ... Significa ter uma boa qualidade de vida: viver bem, poder se locomover sem precisar de ajuda. ID 3 ... Saúde é tudo de bom (risos). É a vida, é alegria. ID 4 ... É tudo: não ter doença nenhuma, ter disposição para fazer o serviço. ID 5 ... Significa ter uma atividade física, comer razoavelmente bem, é qualidade de vida. Qualidade de vida é estar alegre, feliz, gostar da vida, mesmo que ela traga alguns probleminhas. Mas a gente enfrenta. Eu acho que qualidade de vida é fazer o que gosta e estar vivendo como gosta de viver, sair, passear, ir ao shopping, caminhar. ID 6 ... É tudo pra gente. Se não tiver saúde a gente não faz nada. Saúde é tudo. ID 7 ... Eu acho que significa o seguinte: a gente não exagerar em nada na alimentação e ter algumas horas de exercício. ID 8 ... Saúde é muito importante. É o que a gente mais quer: é ter saúde. ID 9 ... Eu acho que saúde é cuidar com alimentação e com a higiene. ID 10 ... Saúde é o bem estar. ID 11 ... Pra mim saúde é tudo. Significa ter uma vida boa, uma qualidade de vida boa. ID 12 ... É tudo. Se não tiver saúde não precisa nem dinheiro. ID 13 ... A saúde é o bem estar na vida, estar tudo bem. Tendo saúde a gente tem tudo. ID 14 ... Saúde significa tudo. É complicado quando a gente começa a ter problemas e não consegue fazer as coisas que a gente fazia. Traz aborrecimento, sensação de inutilidade. ID 15 ... É bem estar. ID 16 ... Eu acho que é tudo. Se não tem saúde não tem nem prazer de viver. Saúde é se sentir bem, não ter problema de saúde, poder desfrutar a vida. ID 17 ... É estar de bem com a vida, bem disposto, a gente sentir bem, ter saúde. ID 18 ... Saúde, eu acho que, para o ser humano, é uma das coisas mais importantes. ID 19 ... Eu acho que é tudo na vida. Saúde é estar são. ID 20 ... É tudo. Porque sem a saúde você não consegue usufruir nada, de passeio, de amizade, de lazer, de nada. Saúde é importantíssimo, número um. 71 Anexo 4.2 – Instrumento de Análise de Discurso 2 (IAD-2 da Pergunta 1) 1. O que significa saúde para você? Idéia Central ID 1 – Significa a vida. - É uma coisa que a gente exerce. ID 2 – É ter uma boa qualidade de vida. Expressões-chave Significa a vida. Pra mim saúde e uma coisa que a gente exerce. Saúde é se cuidar, é se amar. Significa ter uma boa qualidade de vida: viver bem, poder se locomover sem precisar de ajuda. ID 3 – É tudo de bom. Saúde é tudo de bom (risos) É a vida, é alegria. ID 4 – É tudo. É tudo: não ter doença nenhuma, ter disposição para fazer o serviço. ID 5 – É ter qualidade de vida. Significa ter uma atividade física, comer razoavelmente bem, é qualidade de vida. Qualidade de vida é estar alegre, feliz, gostar da vida, mesmo que ela traga alguns probleminhas. Mas a gente enfrenta. Eu acho que qualidade de vida é fazer o que gosta e estar vivendo como gosta de vier, sair, passear, ir ao shopping, caminhar. ID 6 – É tudo. É tudo pra gente. Se não tiver saúde a gente não faz nada. Saúde é tudo. ID 7 – É cuidar da alimentação e fazer Eu acho que significa o seguinte: a gente não atividade física. exagerar em nada na alimentação e ter algumas horas de exercício. ID 8 – É muito importante. Saúde é muito importante. É o que a gente mais quer é ter saúde. ID 9 – É cuidar da alimentação. Eu acho que saúde é cuidar com alimentação e com a higiene. ID 10 – É o bem estar. Saúde é o bem estar. ID 11 – É tudo. Pra mim saúde é tudo. Significa uma vida boa, uma qualidade de vida boa. ID 12 – É tudo. É tudo. Se não tiver saúde não precisa nem dinheiro. ID 13 – É tudo, é bem estar. A saúde é bem estar na vida, estar tudo bem. Se tem saúde a gente tem tudo. ID 14 – Significa tudo. Saúde significa tudo. É complicado quando a gente começa a ter os problemas e não consegue fazer as coisas que a gente fazia. Traz aborrecimento, sensação de inutilidade. ID 15 – É bem estar. É bem estar. ID 16 – É tudo. Eu acho que é tudo. Se não tem saúde não tem nem prazer de viver. Saúde é se sentir bem, não ter problema de saúde, poder desfrutar da vida. ID 17 – É estar de bem com a vida. É estar de bem com a vida, bem disposto, a gente se sentir bem, ter saúde. ID 18 – É uma das coisas mais importantes. Saúde, eu acho que, para o ser humano, é uma das coisas mais importantes. ID 19 – É tudo. Eu acho que é tudo na vida. Saúde é estar são. ID 20 – É tudo. É tudo. Porque sem a saúde você não consegue usufruir nada, de passeio, de amizade, de lazer, de nada. Saúde é importantíssimo, número um. 72 Anexo 5.1 – Instrumento de Análise de Discurso 1 (IAD-1 da Pergunta 2) 2. De que forma a alimentação interfere na saúde? ID 1 ... Se eu me alimentar direitinho eu dou conta de tudo aquilo que eu quero fazer: vir aqui no grupo, sair quando eu quero, ir ao shopping. A gente tem vontade de viver. Tem que se cuidar para não ser peso para os filhos. Ter auto-estima é muito bom. ID 2 ... Interfere muito porque o que a gente come é o que ajuda a gente em tudo, por exemplo: comer muito e comer comidas muito gordurosas fazem ma; alimentar-se de saladas e legumes e menor quantidade de comida faz sentir melhor; comer o que não é bom faz a gente não se sentir bem, não tem tanta disposição. ID 3 ... A alimentação interfere em todos os sentidos. Se eu não me alimentar como vou me sustentar em pé? ID 4 ... Não respondeu. ID 5 ... A alimentação é o principal porque o organismo precisa de vitaminas, proteínas e os carboidratos que são importantes para dar força. ID 6 ... A alimentação interfere em tudo, em tudo. Basta dizer que se a gente comer tudo o que tem vontade e quer a gente vai engordar. ID 7 ... Interfere porque se a gente evitar gorduras, frituras, diminuir pão e massas, comer menos doces e bastante verduras, eu acho que isso já melhora bastante a saúde . ID 8 ... Não sei, porque eu como e eu tenho saúde. ID 9 ... Interfere porque se você não come bem, não se alimenta bem, como é que vai formar o sangue? Passa a ter um sangue que não é legal, então a gente passa a ficar doente, porque se não se alimenta bem como é que vai poder estar bem de saúde? Dá fraqueza, tontura, não por causa da pressão, mas porque não se alimenta bem. ID 10 ... Interfere muito porque dependendo do que se come a gente engorda. ID 11 ... Eu sei que é importante porque a gente precisa ingerir vitaminas. Há também alguns alimentos que fazem mal, como gorduras e alimentos não tão saudáveis em excesso, como o açúcar e o sal. ID 12 ... Tem alimento que faz mal, como gordura. ID 13 ... Interfere porque para ter saúde a gente tem que ter uma alimentação certa: não comer muita massa nem muito doce, e comer mais frutas e verduras. ID 14 ... Dependendo do alimento interfere, como gordura, muito sal. ID 15 ... Interfere, por exemplo na quantidade, principalmente nessa idade se a gente come muito não é bom, quanto menos comer é melhor. ID 16 ... Eu acho que se alimentar bem não é que vai melhorar ou piorar a saúde. ID 17 ... Interfere, a gordura entope as veias. ID 18 ... E como interfere! E a gente percebe isso quando vai chegando uma certa idade pois aparecem mil problemas que quando jovem não sentia. 73 ID 19 ... Não respondeu. ID 20 ... Interfere diretamente. A alimentação tanto é energia para você se manter quanto serve para proporcionar prazer ao comer. Há alimentos que são mais pro mal, como feijoada que é muito gordurosa, e alimentos que são mais pro bem, como salada que faz a gente se sentir mais leve. 74 Anexo 5.2 – Instrumento de Análise de Discurso 2 (IAD-2 da Pergunta 2) 2. De que forma a alimentação interfere na saúde? Idéia Central Expressões-chave ID 1 – A alimentação interfere como forma de Se eu me alimentar direitinho eu dou conta de atividade, independência, auto-estima, prazer e tudo aquilo que eu quero fazer: vir aqui no vontade de viver. grupo, sair quando eu quero, ir ao shopping. A gente tem vontade de viver. Tem que se cuidar para não ser peso para os filhos. Ter autoestima é muito bom. ID 2 – Dependendo da quantidade e qualidade a Interfere muito porque o que a gente come é o alimentação favorece a saúde ou a doença. que ajuda a gente em tudo, por exemplo: comer muito e comer comidas muito gordurosas fazem mal; alimentar-se de saladas e legumes e menor quantidade de comida faz sentir melhor; comer o que não é bom faz a gente não se sentir bem, não tem tanta disposição. ID 3 – A alimentação como forma de atividade. A alimentação interfere em todos os sentidos. Se eu não me alimentar como vou me sustentar em pé? ID 4 – Não respondeu. - ID 5 – A alimentação fornece o que o organismo A alimentação é o principal porque o organismo precisa: vitaminas, proteínas e energia. precisa de vitaminas, proteínas e os carboidratos que são importantes para dar força. ID 6 – A alimentação que engorda. A alimentação interfere em tudo, em tudo. Basta dizer que se a gente comer tudo o que tem vontade e quer a gente vai engordar. ID 7 – Dependendo da quantidade e qualidade a Interfere porque se a gente evitar gorduras, alimentação melhora a saúde. frituras, diminuir pão e massas, comer menos doces e bastante verduras, eu acho que isso já melhora bastante a saúde . ID 8 – Não sei, porque eu como e eu tenho Não sei, porque eu como e eu tenho saúde. saúde. ID 9 – Alimentar-se bem favorece a saúde e Interfere porque se você não come bem, não se alimentar-se mal favorece a doença. alimenta bem, como é que vai formar o sangue? Passa a ter um sangue que não é legal, então a gente passa a ficar doente, porque se não se alimenta bem como é que vai poder estar bem 75 de saúde? Dá fraqueza, tontura, não por causa da pressão, mas porque não se alimenta bem. ID 10 – A alimentação que engorda. Interfere muito porque dependendo do que se come a gente engorda. ID 11 – A alimentação é importante porque a Eu sei que é importante porque a gente precisa gente precisa ingerir vitaminas. ingerir vitaminas. Há também alguns alimentos - Há alguns alimentos que fazem mal. que fazem mal, como gorduras e alimentos não tão saudáveis em excesso, como o açúcar e o sal. ID 12 – Tem alimento que faz mal, como Tem alimento que faz mal, como gordura. gordura. ID 13 – Para ter saúde a gente tem que comer Interfere porque para ter saúde a gente tem que menos massa e doce e mais frutas e verduras. ter uma alimentação certa: não comer muita massa nem muito doce, e comer mais frutas e verduras. ID 14 - Dependendo do alimento interfere, como Dependendo do alimento interfere, como gordura, muito sal. gordura, muito sal. ID 15 – Nessa idade se a gente come muito não Interfere, por exemplo na quantidade, é bom, quanto menos comer é melhor. principalmente nessa idade se a gente come muito não é bom, quanto menos comer é melhor. ID 16 – Alimentar-se bem não é que vai Eu acho que se alimentar bem não é que vai melhorar ou piorar a saúde. melhorar ou piorar a saúde. ID 17 - Interfere, a gordura entope as veias. Interfere, a gordura entope as veias. ID 18 – A gente percebe a interferência quando E como interfere! E a gente percebe isso quando vai chegando uma certa idade. vai chegando uma certa idade pois aparecem mil problemas que quando jovem não sentia. ID 19 – Não respondeu. - ID 20 – A alimentação fornece energia. A alimentação tanto é energia para você se - A alimentação interfere como forma de prazer. - Há alimentos que são pro mal e alimentos que são pro bem. manter quanto serve para proporcionar prazer ao comer. Há alimentos que são mais pro mal, como feijoada que é muito gordurosa, e alimentos que são mais pro bem, como salada que faz a gente se sentir mais leve. 76 Anexo 6.1 – Instrumento de Análise de Discurso 1 (IAD-1 da Pergunta 3) 3. Como você definiria uma alimentação equilibrada? ID 1 ... É o nosso prato cotidiano: arroz, feijão, batatinha, carboidrato, uma saladinha e um legume. ID 2 ... É aquela que a gente se alimenta de tudo. Tudo é arroz, feijão, carne, de vez em quando um bolo quando num aniversário, doce em geral. Eu acho que se a gente tiver que deixar de tudo fica meio ruim, porque comer é bom não é? A gente não precisa deixar de comer o que gosta, a gente precisa ver qual a quantidade necessária que o nosso corpo precisa. ID 3 ... O principal é o alimento energético, aquele que dá energia ao corpo, como pão, arroz, macarrão. ID 4 ... É comer na hora certa. Também tem que comer muita verdura, legumes e frutas. ID 5 ... Alimentação tem que ser balanceada, mas a gente precisa comer de tudo. Se comer só carboidrato fica obeso e com falta das outras vitaminas. No fim de semana a gente pode comer alguma coisa diferente: um doce, apesar de que muitos doces e muitas massas não são bons. ID 6 ... É variar as coisas: comer uma coisa no almoço, outra no jantar. ID 7 ... Tem que ter proteína, verdura, carne, coisinhas verdes, coloridas Comer 2 a 3 frutas por dia, tomar um copo de leite de manhã, de noite um iogurte. Ter sempre ou cenoura, ou mandioquinha, ou couve-flor, verduras junto com carne ou frango. E ter mais peixe. O peixe faz falta. ID 8 ... Não sei. ID 9 ... Eu acho que a pessoa tem que se alimentar de 3 em 3 horas, 6 vezes ao dia. Não é o comer muito, é comer devagarzinho ir se alimentando com frutas,uma comida saudável sem trans. Muita bolacha, biscoito, não é legal. Comendo isso não está se alimentando, está se estragando. ID 10 ... É não usar óleo para nada. Não fazer nada à milanesa, mas fazer no forno. ID 11 ... Comer de tudo um pouco, mas também com sabedoria. Tudo seria: todo dia um pouco de cada coisa, fruta, verdura, carne, leite, doce. ID 12 ... Tomar leite, comer queijo fresco e também carne que pode ser de porco, apesar de fazer mal a gente come para matar a vontade. ID 13 ... Comer pouco e comer certo: comer mais fruta, mais verdura. ID 14 ... Comer arroz e feijão porque não engorda, junto com uma salada e carne cozida. ID 15 ... É comer fruta, verdura, carne, tudo na medida para ter equilíbrio e vitamina. ID 16 ... É não abusar. É comer todo dia o arroz e feijão que são essenciais e também um pedacinho de carne. ID 17 ... Acho que é a que faz bem para a saúde: comer menos sal e gordura. Alimento que tem muita gordura eu gosto. ID 18 ... É aquela que não tem muita gordura, que seja bem balanceada. ID 19 ... Eu não sei. ID 20 ... É comer tudo que você precisa: todas as vitaminas A, B, C, D, F, gorduras, proteínas (as carnes têm as proteínas). 77 Anexo 6.2 – Instrumento de Análise de Discurso 2 (IAD-2 da Pergunta 3) 3. Como você definiria uma alimentação equilibrada? Idéia Central ID 1 – É o nosso prato cotidiano. Expressões-chave É o nosso prato cotidiano: arroz, feijão, batatinha, carboidrato, uma saladinha e um legume. ID 2 – É aquela que a gente se alimenta de tudo. É aquela que a gente se alimenta de tudo. Tudo - É aquela que dá prazer embora faça mal. é arroz, feijão, carne, de vez em quando um bolo quando num aniversário, doce em geral. Eu acho que se a gente tiver que deixar de tudo fica meio ruim, porque comer é bom não é? A gente não precisa deixar de comer o que gosta, a gente precisa ver qual a quantidade necessária que o nosso corpo precisa. ID 3 – O principal é o alimento energético. O principal é o alimento energético, aquele que dá energia ao corpo, como pão, arroz, macarrão. ID 4 – É comer na hora certa. - Tem que comer muita verdura, legumes e É comer na hora certa. Também tem que comer muita verdura, legumes e frutas. frutas. ID 5 – Alimentação tem que ser balanceada. Alimentação tem que ser balanceada, mas a - A gente precisa comer de tudo. gente precisa comer de tudo. Se comer só - No fim de semana pode comer alguma carboidrato fica obeso e com falta das outras coisa diferente. vitaminas. No fim de semana a gente pode comer alguma coisa diferente: um doce, apesar de que muitos doces e muitas massas não são bons. ID 6 – É variar as coisas. É variar as coisas: comer uma coisa no almoço, outra no jantar. ID 7 – Tem que ter proteína, verdura, carne, Tem que ter proteína, verdura, carne, coisinhas coisinhas verdes, coloridas. verdes, coloridas Comer 2 a 3 frutas por dia, tomar um copo de leite de manhã, de noite um iogurte. Ter sempre ou cenoura, ou mandioquinha, ou couve-flor, verduras junto com carne ou frango. E ter mais peixe. O peixe faz falta. ID 8 – Não respondeu. - ID 9 – É se alimentar de 3 em 3 horas, 6 vezes Eu acho que a pessoa tem que se alimentar de 78 ao dia. 3 em 3 horas, 6 vezes ao dia. Não é o comer - É não comer muito. muito, é comer devagarzinho ir se alimentando - É comer devagarzinho. com frutas, uma comida saudável sem trans. - É uma comida saudável. Muita bolacha, biscoito, não é legal. Comendo isso não está se alimentando, está se estragando. ID 10 – É não usar óleo para nada. É não usar óleo para nada. Não fazer nada à milanesa, mas fazer no forno. ID 11 – É comer de tudo um pouco. Comer de tudo um pouco, mas também com sabedoria. Tudo seria: todo dia um pouco de cada coisa, fruta, verdura, carne, leite, doce. ID 12 – É leite, queijo e carne. - É comer também carne que pode ser de Tomar leite, comer queijo fresco e também carne que pode ser de porco, apesar de fazer porco, apesar de fazer mal. mal a gente come para matar a vontade. ID 13 – É comer pouco. Comer pouco e comer certo: comer mais fruta, - É comer certo. ID 14 – É comer arroz e feijão. mais verdura. Comer arroz e feijão porque não engorda, junto com uma salada e carne cozida. ID 15 – É comer fruta, verdura, carne. É comer fruta, verdura, carne, tudo na medida para ter equilíbrio e vitamina. ID 16 – É não abusar. - É comer todo dia o arroz e feijão. É não abusar. É comer todo dia o arroz e feijão que são essenciais e também um pedacinho de carne. ID 17 – É com menos sal e gordura. - Alimento que tem muita gordura eu Acho que é a que faz bem para a saúde: comer menos sal e gordura. Alimento que tem muita gosto. gordura eu gosto. ID 18 – Não tem muita gordura. É aquela que não tem muita gordura, que seja - É balanceada. bem balanceada. ID 19 – Não respondeu. - ID 20 – É comer tudo que precisa. É comer tudo que você precisa: todas as vitaminas A, B, C, D, F, gorduras, proteínas (as carnes têm as proteínas). 79 80