PRESS MONITORING
Pequenos gestos fazem grandes diferenças na defesa do Planeta
Terça-Feira, 22 de Abril de 2008
Leila Santinha
Reduzir, reutilizar, reciclar. Lâmpadas de baixo consumo e painéis solares.
Emissão de gases, protocolo de Quioto e comportamentos «verdes».
Todas estas expressões entraram já no vocabulário quotidiano graças a
uma «moda ecológica», cada vez mais em voga. Infelizmente, falar não
chega e ainda “há muito mas mesmo muito por fazer” pela preservação do
ambiente. “As pessoas sabem o que devem fazer mas não o fazem e não
se altera nada por sermos apenas sabedores. Não basta estar solidário, é
preciso um contributo prático”, sublinhou Hélder Spínola, presidente da Quercus, em
conversa com o NM.
Na lógica dos “pequenos gestos fazem grandes diferenças”, Hélder Spínola considera o
contributo quotidiano de todos, “nós cidadãos, nós empresas, nós governantes”, valioso.
E destaca duas áreas onde a mudança de comportamentos e atitudes das pessoas
poderá ter um impacto significativo: “a produção de energia eléctrica e os combustíveis”.
E exemplifica com um assunto já velho na luta ambientalista: trocar o transporte individual
pelos transportes colectivos. O carro continua no topo das preferências dos portugueses,
apesar de todas as campanhas feitas sobre as vantagens de usar os transportes públicos.
Na opinião do jovem presidente da Quercus, “a preguiça e a falta de hábito” são as
principais causas mas não se pode também esquecer “que as pessoas estão à espera de
melhor resposta por partes dos transportes”. “Em Lisboa e no Porto não há desculpa”,
explica Hélder Spínola, considerando que as redes de transportes públicos das áreas
metropolitanas já atingiram um bom nível de eficiência, “mas noutras zonas do País as
pessoas não têm a resposta que precisam dos serviços de transporte colectivo”. Como
fazer então as pessoas largarem o hábito de usar o carro para todas as deslocações, em
particular nas áreas do Grande Porto e da Grande Lisboa? “É preciso que as pessoas
percebam que os transportes colectivos são mais rápidos, mais confortáveis e mais
económicos, é preciso punir os condutores e acabar com o estacionamento ilegal e não
pago e fechar zonas das cidades” a veículos de uso pessoal. “Fundamentalmente, é
preciso que as pessoas percebam que andar de carro, com o estacionar e o preço dos
parquímetros, é uma carga de chatices”.
Quem polui mais deve pagar mais
As grandes cidades continuam a acumular de forma mais intensa diversos problemas
ambientais. “Não há dúvida que Lisboa e Porto, do ponto de vista da qualidade do ar, da
poluição sonora, de exageros de consumo de água e energia” sofrem mais do que o resto
do país. Mais um motivo, na opinião do presidente da Quercus, para que se aja e pense
de forma mais ecológica, uma vez que estas fenómenos interferem directamente com a
saúde dos cidadãos. “Há dados que apontam para quatro mil mortes prematuras devido à
poluição atmosférica em Portugal”. E apesar da haver uma maior consciencialização, em
especial entre os mais novos, “não temos tempo para esperar pelas as crianças, os
adultos têm de começar a agir já”. Para “passar da teoria à prática”, Hélder Spínola afirma
que é necessário uma política de fomento de atitudes «verdes» e penalização dos
comportamentos pouco ecológicos. “Os impostos têm de cair mais sobre quem polui e
degrada o ambiente e menos sobre quem preserva, é preciso que os cidadãos sintam no
dia-a-dia que se gastarem em excesso são penalizados”. O presidente da Quercus
considera que o argumento da punição económica é “muito forte”, visto que “poupar no
ambiente é poupar na economia”, e que se deve “extremar a diferença” entre quem gasta
menos e quem se excede. “Se calhar as pessoas pensam sou só um, poupar um ou dois
litros de água não faz diferença, mas não, é isso mesmo, faz diferença”.
Quioto: missão impossível?
No domingo passado, um comunicado da Quercus alertou para a dificuldade de Portugal
em cumprir o Protocolo de Quioto. A meta estabelecida, para 2012, permite que Portugal
aumente até 27 por cento as suas emissões de gases, em relação aos valores de 1990,
um compromisso que entrou em vigor em Janeiro de 2008. Os dados relativos a 2006,
agora revelados pela Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza,
mostraram que, actualmente, Portugal está já 13 por cento acima desse valor. “Já
estamos em período de cumprimento mas não estamos a cumprir, o que é estranho
porque podíamos aumentar até 27 por cento”, afirma o presidente da Quercus. “Apesar
dessa folga, abusámos”. Uma situação que dificilmente poderá ser remediada, uma vez
que o ambiente não se compadece com medidas imediatas. “Podíamos evitar os gastos
financeiros das penalizações se se tivessem implementado medidas ao longo do tempo”.
O facto do Plano Nacional para as Alterações Energéticas, revisto em 2006, “dado o
atraso na implementação [das medidas], reconhecer que irá ficar acima da meta e já ter
criado o Fundo do Carbono para pagar as penalizações [futuras]” é a prova disso.
Entretanto, a Quercus não baixa os braços e trabalha para que “se não cumprirmos a
meta, ao menos que seja pelo mínimo valor possível”. Mas será ainda possível honrar o
compromisso de 2012? “Até conseguiríamos, se todos contribuíssemos”, na opinião do
presidente da Quercus.
O Dia da Terra foi assinalado pela primeira vez em 1970, por ocasião do primeiro protesto
nacional norte-americano contra a poluição. Em 1990, dia 22 de Abril foi adoptado
mundialmente como Dia da Terra, mas nunca como hoje, 18 anos passados, fez tanto
sentido alertar consciências para a preservação ambiental.
--------------------------Planeta Terra um Condomínio Gigante
Condomínio da Terra é um novo conceito apresentado pela Quercus, que encara o
Planeta Azul como um “condomínio gigante e visa sensibilizar para que se tenha noção
que todos partilham as partes comuns”, como explicou Hélder Spínola. O projecto tem
três áreas-chave de intervenção: atmosfera, hidrosfera e biodiversidade. A Quercus quer
futuramente poder exportar o conceito para outros países “mas enquanto não se chega a
esse nível, pretendemos criar modelos de organização locais, regionais e até mesmo
nacionais, para gerir convenientemente estes bens comuns”, como a água, o ar, a fauna e
a flora. O projecto tem sensivelmente um ano e está apoiado num livro de Paulo
Magalhães, o responsável por este conceito inovador.
----------------------------Actividades de Norte a Sul
O Dia Mundial da Terra vai ser assinalado com as mais diferentes iniciativas por todo o
País. Hoje, pelas 11h00, na sede da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), em
Alfragide, são apresentados os Green Project Awards. A iniciativa do Grupo GCI, em
parceria com a Quercus e a APA, procura premiar e reconhecer as boas práticas e
projectos ambientais ligados à promoção do desenvolvimento sustentável. Os prémios
terão a periodicidade anual e três categorias (Projectos, Investigação & Desenvolvimento
e Comunicação).
No Largo de Camões, em Lisboa, está montado, ao longo do dia de hoje, um stand do
projecto «Movimento e Energia», patrocinado pela Quercus e pela Toyota, onde é
possível “as pessoas pedalarem e moverem um conjunto de mecanismos que fazem
mover vento e água e gerar energia, acendendo lâmpadas, para que as pessoas
percebam o esforço da energia que consomem”, como explicou Hélder Spínola. No
mesmo local, pelas 11h30, é inaugurado o evento «Lisboa pelo Clima», com a presença
de responsáveis da Câmara Municipal de Lisboa, Quercus, C20 e Ben&Jerry’s, marca
mentora do projecto. Cada um dos parceiros envolvidos terá um espaço aberto a visitas e
as exposições dedicadas ao ambiente apresentam soluções, serviços e produtos
existentes no mercado que podem ajudar os lisboetas a adoptar hábitos mais ecológicos.
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Ainda em Lisboa, a partir das 16h00, quatro grupo de voluntários vão atravessar a cidade
a pé ou de bicicleta em direcção ao Largo de Camões. Os cidadãos estão convidados a
juntarem-se a esta iniciativa que parte das Amoreiras, da Estação da CP em Alcântara, da
Estação da Carris junto à Praça de Londres e da Estação de Metro de Entrecampos.
Em Loures, um grupo de voluntários procede a uma operação de limpeza florestal, no
Parque Municipal de Cabeço de Montachique, em Fanhões, com corte selectivo de matos
e selecção de espécies a preservar.
Em Coimbra, às 11h00, no restaurante Alfredo, dá-se o pontapé de saída a uma
campanha de recolha de rolhas de cortiça, uma iniciativa nacional da Quercus que hoje
arranca nos restaurantes. A partir de Junho haverá pontos de recolha nos hipermercados
Modelo/Continente e futuramente nas escolas.
No Porto, a Quercus apresenta no Dolce Vita das Antas uma instalação intitulada «Torre
de Babel dos Bens Comuns», que traduz as consequências na natureza provocadas pelo
desentendimento dos homens.
Uma outra iniciativa de âmbito nacional, promovida pela Quercus e pela Compal Fresh,
vai oferecer 12 mil sementes de azevinho às universidades portuguesas, uma acção
simbólica que convida os estudantes a plantarem esta espécie protegida.
Na televisão, o canal de cabo National Geographic emite uma maratona de 24 horas de
documentários dedicados à conservação do ambiente, com destaque para a estreia de
quatro produções.
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