A INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NA VIDA ACADÊMICA E NO AUXÍLIO DE
EDUCANDOS DA ESCOLA PÚBLICA
Kellyn Brenda Chriezanoski Carneiro1
Rejane Klein2
Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo apresentar um breve relato de experiências propiciadas
pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, o qual tem por objetivo
possibilitar aos graduandos de licenciaturas o contato com a realidade de seu futuro campo de
trabalho, através da atuação dos bolsistas em escola públicas. Deste modo, o projeto proposto
pelo PIBID propicia ao acadêmico um modo de ligação entre a teoria estudada em sala de aula,
e sua prática em uma situação real. O Programa visa atender a alunos de escolas públicas, que
apresentam déficits de aprendizagem, através de um atendimento individualizado. A atuação do
bolsista acontece através da participação em reuniões regulares na universidade para estudo com
a professora coordenadora, e também durante os momentos de atendimento específico aos
alunos na escola. Pode-se perceber, grande aceitação do projeto por parte dos alunos atendidos e
também a melhora no desempenho dos mesmos. Desse modo, a experiência proporcionada pelo
programa é muito importante, não somente para a formação do graduando como professor
pesquisador, mas também por auxiliar alunos cujas situações escolares se apresentam, na maior
parte das vezes, comprometida.
Palavras-chave: teoria; prática; aprendizagem.
Introdução
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID, é um
programa promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – CAPES, que visa valorizar e aperfeiçoar a formação de professores de nível
superior, propiciando aos graduandos de cursos de licenciaturas o contato com a
realidade da rede pública desde o início de sua formação, proporcionando assim
experiências práticas daquelas teorias apresentadas em sala de aula.
O PIBID tem por objetivo o atendimento individualizado de alunos da rede
pública com diferentes níveis de aprendizado, priorizando aqueles cujos déficits de
aprendizagem acabam sendo mais preocupantes. Deste modo, o programa contribui com
a formação dos acadêmicos através das experiências que podem ser adquiridas desde
1
Acadêmica do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro-Oeste – bolsista do PIBID
Docente do Curso de Pedagogia da UNICENTRO - Coordenadora do sub-projeto Pedagogia linha Anos
Iniciais
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seus primeiros anos de sua formação acadêmica, sempre trabalhando com a relação
entre a teoria e a prática.
A atuação do bolsista acontece com auxílio de um professor orientador (da
universidade) e também de um professor da escola, fazendo assim a ponte universidadeescola. Neste ano, o projeto iniciou no mês de maio, tendo como coordenadora a
professora Doutora Rejane Klein. A escola a receber o atendimento proposto foi a
Escola Municipal Rosalina Cordeiro de Araújo, localizada no Bairro Vila São João, na
cidade de Irati/PR.
Segundo o projeto político pedagógico – PPP (2012) da escola na qual o PIBID
foi implantado neste ano, há na instituição a falta de salas de aula e o resultante excesso
de alunos em sala de aula, desse modo, a quantidade acaba ganhando maior valor do
que a qualidade.
Outro dado que contribui com o índice de reprovação de alunos nesta escola,
segundo o PPP, é o não comprometimento de alguns pais com a educação de seus
filhos, não os enviando, muitas vezes, para o contra-turno ou sala de recursos aos quais
são encaminhados. É com o objetivo de atender a alunos com algumas destas
características que o programa se desenvolve, e auxilia não somente na formação do
acadêmico como também na mudança da situação de algumas destas crianças.
A atuação do bolsista
A parte prática do programa inicia com a observação em sala, assim o graduando
já poderá conhecer a realidade dos alunos e também identificar, juntamente com a
professora regente, aqueles que precisam de apoio pedagógico individual e
caracterizado para atender suas necessidades específicas.
Com o grupo de alunos definido, é realizado, com o auxílio da professora
coordenadora, um planejamento com objetivo de trabalhar as dificuldades encontradas
no grupo. As atividades presentes nesses planos são baseadas nos conteúdos que serão
apresentados para a turma pela professora regente, ou seja, os exercícios propostos
estarão dentro dos mesmos conteúdos, que serão trabalhados pela professora em sala.
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Quando o planejamento está pronto, corrigido pela coordenadora e reestruturado
quando necessário, é passado para a professora supervisora, responsável pelo programa
dentro da escola, a qual o deixa à disposição da pedagoga ou da professora regente, para
que esses responsáveis também possam acompanhar o trabalho a ser realizado.
Porém, não é tão simples observar um aluno e simplesmente elaborar atividades
para ajudá-lo a superá-las, para tanto, são feitas reuniões periodicamente na
universidade, juntamente com a coordenadora, para o estudo teórico, que é onde o plano
tem suas origens.
O atendimento individual
Para o atendimento individualizado, os alunos são tirados de sala de aula e
direcionados a um espaço alternativo, realizado no próprio período escolar. As
atividades propostas norteiam a tríplice oralidade, leitura e escrita. Para este trabalho
parte-se de gêneros textuais como poesias, parlendas, adivinhas, contos, dramatizações e
jogos educativos, por exemplo.
Busca-se trabalhar com os alunos, em fase de alfabetização, atividades que
partem do texto para as estruturas menores (palavras, sílabas e até letras), assim
alfabetização e letramento estão lado a lado. No material organizado por Brasil (2007)
“PRALER”, do Ministério da Educação é muito importante o contato com diversos
gêneros textuais neste início de alfabetização, pois além de motivar a criança à leitura,
ainda mostra a importância desta prática no dia-a-dia.
A criança está cercada por inúmeros gêneros textuais, poesia e poemas em
músicas e brincadeiras, convites para festas ou comemorações, avisos e recados com o
que deve ou não ser feito, propagandas e rótulos de produtos em todos os lugares,
narrações quando é necessário contar ou ouvir acontecimentos, e muitos outros. Nada
melhor que explorar esse contato, pois a interação da criança diretamente com o texto
dá a ela a sensação de progresso mediante a prática de leitura e compreensão da
mensagem. (BRASIL, 2007).
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Ana Teberosky (2005), pesquisadora do tema alfabetização, também ressalta a
importância de não ensinar as escrever, ou a ler, sem um contexto. Segundo ela, quando
se ensina os sons e as letras para posterior contato com o texto, a criança acaba tendo
mais dificuldades em compreender essa relação.
Desse modo no PIBID, os bolsistas procuram textos que englobem as
dificuldades encontradas no grupo e a partir dele, elas são trabalhadas. Outro fator que é
levado em consideração durante os encontros com os alunos é o desenvolvimento da
oralidade e da independência da criança, pois, segundo Teberosky (2005), antes de
exercitar o que a criança aprendeu acerca de uma história de forma escrita, é necessário
explorar o tema oralmente. Desse modo, as crianças interagem, e além de exporem cada
uma sua idéia, ainda aprendem a trabalhar em grupo e a respeitar a vez de cada um.
Sendo assim, pode-se entender que o projeto proposto pelo programa visa
auxiliar as crianças, não somente a atingir a alfabetização e letramento, mas também a
resgatar seus níveis de confiança e independência, que podem acabar sendo debilitadas,
tanto por situações familiares, como também por situações desencorajadoras em sala de
aula.
Acreditar que o aluno pode aprender é a melhor atitude de um
professor para chegar a um resultado positivo em termos de
alfabetização. A grande vantagem de trabalhar com os pequenos é ter
a evolução natural a seu favor. Se não existe patologia, maus-tratos
familiares ou algo parecido, eles são máquinas de aprender: processam
rapidamente as informações, têm boa memória, estão sempre
dispostos a receber novidades e se empolgam com elas. Um professor
que não acha que o estudante seja capaz de aprender é semelhante a
um pai que não compra uma bicicleta para o filho porque esse não
sabe pedalar. Sem a bicicleta, vai ser mais difícil
aprender! (TEBEROSKY, 2005, s/p.)
O desempenho dos alunos
Como já dito anteriormente, o programa tem como objetivo atender crianças
com dificuldades, que por diferentes motivos e razões não conseguem acompanhar o
restante do grupo em sala de aula.
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Pode-se perceber ao longo do processo, o desempenho dos alunos selecionados
para o atendimento. Neste caso, haviam sido selecionados 6 alunos de um 3°ano, quatro
em nível inicial de alfabetização, e os outros com dificuldades menos agravantes.
O trabalho proposto pelo PIBID é muito gratificante, muitas vezes, os progressos
são pequenos, mas ainda assim são progressos. Os alunos cujos déficits eram menores,
sendo motivados demonstraram grande avanço em sua leitura, escrita e oralidade.
E mesmo aqueles que não tiveram suas dificuldades completamente resolvidas,
demonstraram progressos em relação à oralidade, independência e motivação.
Durante os horários de atividades, os alunos demonstravam interesse e
empolgação, porque as atividades do projeto são algo novo e diferente. Sempre
participavam dos temas propostos e contribuíam com suas idéias.
Conclusões
O programa, além de auxiliar alunos, cujas situações eram preocupantes, ainda é
de extremamente importante no auxilio da formação de docentes. Não somente por
colocar os graduandos em um campo prático de sua área, mas sim por possibilitar ao
educando o contato com a pesquisa, que é um dos três eixos de uma Universidade.
Segundo Assis e Bonifácio (2011), é a tríplice, ensino, pesquisa e extensão, que
diferenciam uma Universidade de uma instituição de educação básica. O ensino, que é o
campo no qual o PIBID se insere, na sua relação com a pesquisa, devido as reflexões
que proporciona, está ligado à produção de conhecimento, é o que possibilita ao docente
ser um professor investigador.
Assim, é por isso que programas como este são importantes na formação de
profissionais, uma vez que, desde o início de sua atuação precisam pesquisar os
melhores meios de alcançarem os objetivos propostos.
No início do programa, por exemplo, notou-se a dificuldade de alguns alunos em
sala de aula, e com base nelas foi preparado o primeiro planejamento, porém depois do
primeiro encontro com os alunos no grupo menor, perceberam-se algumas outras
características que, em sala, eram camufladas. Diante desta situação, algumas atividades
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do plano precisaram ser mudadas, exigindo do acadêmico essa flexibilidade, e procura
de novos exercícios.
Além do auxílio na formação do acadêmico, o PIBID também propicia melhor
formação pessoal e profissional ao colocar o atuante em frente a situações reais dos
alunos, presentes na escolas de rede pública.
Referências
ASSIS, Renata Machado de; BONIFÁCIO, Naiêssa Araújo. A formação docente na
universidade:ensino, pesquisa e extensão. Educação e Fronteiras. v1,n.3,p.3650.set/dez;Dourado/MS,2011.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria da Educação Básica. Do texto à
sílaba. Brasília, D.F, 2007. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/praler/tp/tp2.pdf
http://www2.unicentro.br/pibid/ - Acesso em 14/08/2014
IRATI, Proposta Político Pedagógica da Escola. Escola Municipal Rosalina Cordeiro
de Araújo, Irati, 2012.
TEBEROSKY, Ana. Debater e opinar estimulam a leitura e a escrita. Nova Escola,
São Paulo, n.187, 2005. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/linguaportuguesa/pratica-pedagogica/debater-opinar-estimulam-leitura-escrita-423497.shtml
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