Transposição – sim e não Geografia Regional Nordeste Profa. Dra. Rita de Cássia Ariza da Cruz Transposição do Rio São Francisco “razões” do projeto antecedentes históricos paralelos no mundo o projeto atual o EIA-RIMA Transposição SIM Transposição NÃO O semi-árido e o São Francisco Razões de projetos de transposição no mundo O crescimento vertiginoso de cidades O atendimento a demandas agrícolas Razões da transposição do São Francisco Características do semi-árido: baixos níveis de umidade escassez de chuvas anuais irregularidade no ritmo das precipitações ao longo dos anos prolongados períodos de carência hídrica solos problemáticos do ponto de vista físico e geoquímico (parcialmente salinos, carbonáticos) Ainda quanto às razões... Perfil climático: inverno seco e quase sem chuva, com duração de 5 a 8 meses e verão chuvoso, com 4 a 7 meses de precipitações pluviais (ente 268 e 800mm anuais); Perfil hidrográfico: extensivamente servido por redes hidrográficas hierarquizadas, com drenagem aberta para o mar; dependência do ritmo das estações seca e chuvosa, o que faz da grande parte dos rios que atravessam os sertões intermitentes e sazonais (exceção ao São Francisco e ao Parnaíba); Antecedentes históricos 1847 - (Dep. Prov. do Ceará, Marcos Antônio de Macedo) 1852-54 – levantamento detalhado do Vale, solicitado por Dom Pedro II 1856 - Comissão Científica de Exploração, à frente Barão de Capanema 1908 – Euclides da Cunha (plano estratégico de cruzada contra o deserto) 1913/1919 – IFOCS – estudos p/ atransposição 1972 – retomado pelo Dep. Wilson Roriz 1981-1984 – projeto de engenharia do DNOS (300 m3/s) 1994 – Ministério da Integração Regional – projeto básico de engenharia (180 m3/s) Hoje: 26 m3/s Paralelos no mundo Califórnia (EUA) (média 200mm)– transposição dos rios São Joaquim e Sacramento (N) e Colorado (S); início do século XX; irrigação de áreas agrícolas (c. de 500 mil ha); Israel (média 70mm) – transposição Lago Tibiríades (Mar da Galiléia); irrigação de áreas agrícolas (c. de 250 mil ha) Outros exemplos no mundo Turkmenistão – águas retiradas do Rio Amou Darya (c. de 11 milhões de m3 , com perda de c. de 50% ao longo do percurso); Líbia – transferência de águas fósseis, de reservas subterrâneas ao sul do país, para terras agrícolas na região mediterrânea; década de 1980; Mar de Aral – contexto geográfico MAR DE ARAL – 1973/1987/2000 Rio São Francisco – caracterização geral Números do Rio Extensão: 2.700 quilômetros – desde a Serra da Canastra, no município mineiro de São Roque de Minas, onde nasce, até a sua foz, entre os estados de Sergipe e Alagoas. Área da Bacia: 634 mil km2 Está dividido em quatro trechos: - Alto São Francisco – das nascentes até a cidade de Pirapora (MG), com 100.076 km2, ou 16% da área da Bacia, e 702 km de extensão. Sua população é de 6,247 milhões de habitantes - Médio São Francisco – de Pirapora (MG) até Remanso (BA) com 402.531 km2, ou 53% da área da Bacia, e 1.230 km de extensão. Sua população é de 3,232 milhões de habitantes - Submédio São Francisco – de Remanso (BA) até Paulo Afonso (BA), com 110.446 km2, ou 17% da área da Bacia, e 440 km de extensão. Sua população é de 1,944 miulhões de habitantes - Baixo São Francisco – de Paulo Afonso (BA) até a foz, entre Sergipe e Alagoas, com 25.523 km2, ou 4% da área da Bacia, e 214 km de extensão. Sua população é de 1,373 milhões de habitanbtes ainda sobre o rio... O Rio S. Francisco banha 5 estados: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, mas sua Bacia alcança também Goiás e o Distrito Federal A Bacia do rio abrange 504 municípios, ou 9% do total de municípios do país. Desse total, 48,2% estão na Bahia, 36,8% em Minas Gerais, 10,9% em Pernambuco, 2,2% em Alagoas, 1,2% em Sergipe, 0,5% em Goiás e 0,2% no Distrito Federal Cerca de 13 milhões de pessoas (Censo de 2000) habitam a área da Bacia do São Francisco Consumo atual de água da Bacia do rio São Francisco: 91 m³/s Vazão firme na foz (garantia de 100%): 1.850 m³/s Vazão média na foz: 2.700 m3/s Vazão disponibilizada para consumos variados: 360 m³/s Vazão mínima fixada após Sobradinho: 1.300 m³/s Vazão firme para a integração das bacias: 26 m³/s (1,4% de 1.850 m³/s) Transposição do São Francisco – projeto atual O projeto atual Transposição SIM O projeto captaria apenas cerca de 1,4% do volume de água que o rio despeja no mar O projeto contribuiria para perenizar as bacias dos rios Jaguaribe (CE), Apodi (RN), Piranhas-Açu (PB e RN), Paraíba (PB), Moxotó e Brígida (PE) Aumento da disponibilidade água para consumo no semi-árido Desenvolvimento da agricultura irrigada Geração de empregos Transposição NÃO - Dom Luiz Flávio Cappio – entre a razão e a loucura Concentração de terras Assoreamento e diminuição da vazão Intoxicação nos eucaliptais As veredas do grande sertão (Buritizeiro e o carvoejamento) Industrialização e êxodo rural (Montes Claros e seus 90.000 favelados) Poluição do ar e das águas (Pirapora e a produção de ferro silício) O Polígono da Maconha (entre Bahia e Pernambuco, a maior área produtora de maconha do mundo) As meninas-formicida (Felixlândia) Transposição NÃO – Aziz Ab’Saber Impactos negativos: a) sobre os vazanteiros b) sobre o próprio rio: maior demanda por energia nos períodos mais secos c) sobre o preço da terra (especulação imobiliária) d) sobre o povo pobre de um modo geral Único impacto positivo: movimentação de águas dos açudes, evitando salinização