Discurso do novo presidente do PSDB-RS, Cláudio Diaz
APRESENTAÇÃO:
Quero saudar a Deputada Zilá por ter cumprido esta tarefa tão
difícil, num momento histórico do Partido e do Estado, muitas vezes
incompreendida, outras com imensas dificuldades, mas, em
momento algum deixou que essas dificuldades diminuíssem o seu
amor e a sua dedicação pelo PSDB.
Quero dizer a todos que recebo esta missão com muita humildade e
honra, mas acima de tudo, com a clareza necessária de saber o
tamanho da missão e da responsabilidade que eu e os meus pares
teremos pela frente.
Sei que liderar o PSDB gaúcho neste momento requer estar
disposto a assumir todos os ônus necessários para atingir os
objetivos para que o nosso partido esteja pronto para as eleições de
2010.
Entendo que, para termos um embasamento que sustente o nosso
trabalho político, devemos considerar o cenário político eleitoral do
País e do nosso Estado.
CONJUNTURA NACIONAL
É fato que o Brasil atravessa um momento político, econômico e
social repleto de contradições. Se, por um lado, o país apresenta
excepcionais índices econômicos, por outro é inegável as profundas
desigualdades socioeconômicas entre pessoas e regiões.
As vitórias econômicas capitalizadas pelo atual governo foram
frutos do trabalho desenvolvido durante os dois governos do
Presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, com a
contenção da inflação e a consolidação da abertura do comércio
exterior.
No campo social, o atual governo se apropriou de programas
iniciados durante o governo tucano, utilizando uma propaganda
massiva baseada em culto à personalidade do presidente, recriando
a figura de “Pai dos Pobres”.
No aspecto político é visível que o presidente Lula busca fazer seu
sucessor através da acomodação dos espaços no governo, das
estruturas partidárias de sua base de sustentação política e do que
puder agregar em torno de quem escolheu para sucedê-lo, em uma
atitude predatória e sem respeito com a coisa pública.
Busca se valer da sua popularidade para tentar impor uma
candidata sem nenhum carisma e absolutamente inexperiente em
embates eleitorais. O que parece claro é que os candidatos mais
fortes à sucessão presidencial serão a candidata do próprio
presidente, se mantida até o final, e a candidatura do PSDB, pois a
construção de outro eixo político com força eleitoral capaz de alterar
esse cenário parece de difícil construção, ainda que Ciro Gomes e
Marina Silva e, até mesmo a hipótese de um candidato do PDT ou
de outro partido, se vierem a existir, possam alterar o cenário
eleitoral.
Entretanto, ainda não é possível apostar as fichas no fato de que o
cenário político de 2010 esteja definitivamente determinado, pois
devemos considerar que a busca de alianças em torno dos dois
candidatos mais prováveis para irem ao segundo turno ainda não se
esgotou. A movimentação dos partidos em torno de candidaturas
viáveis ainda nem sequer começou de fato.
CONJUNTURA ESTADUAL
No plano estadual o nosso foco deve se dar no sentido da completa
articulação do Diretório Estadual, com participação direta nas
grandes questões do Partido e do Governo, como forma de
enfrentarmos as eleições do próximo ano.
Nesse momento temos um partido de excelentes dimensões,
temos:
O governo do estado
2 Deputados Federais
8 Deputados Estaduais
20 Prefeitos
33 Vice-Prefeitos
251 Vereadores
120 Secretários Municipais
Cerca de 100 mil Filiados
Estamos organizados em 388 municípios (o equivalente a 79% dos
municípios gaúchos) com 314 diretórios e 74 Comissões Provisórias
Temos um partido já organizado, precisamos municiá-lo de dados e
de informações que permitam aos nossos filiados a defesa do
governo do Estado, com demonstração do importante trabalho na
gestão pública, com política de ajuste do orçamento ousada
recuperando a capacidade de investimento do governo.
Devemos enfrentar o debate sobre a moralidade pública com
coragem, admitindo que se alguém cometeu erros deve ser julgado
e, se condenado, que pague pelos erros cometidos, mas não
aceitaremos, sob nenhuma hipótese, a tentativa sórdida da
oposição de linchamento moral, na qual visa atingir a honra da
nossa governadora, e desqualificar o nosso governo.
O presidente do Partido, sua Executiva e seu diretório, deve ter
ouvidos para ouvir, olhos para ver e critérios para julgar e não
seremos omissos diante de fatos que exijam nossa ação, mas
também não vamos dar trégua ao discurso irresponsável que acusa
sem prova e tenta, de todas as formas, desqualificar governos e
pessoas de bem, pelo simples fato de não pertencerem a suas
fileiras.
Não aceitaremos os discursos desses falsos arautos da moralidade
pública que costuma jogar a sujeira dos seus atos para baixo do
tapete e tratam adversários políticos com a lógica de que “se não
tem rabo a gente bota”. E como é imensa a sujeira embaixo do
tapete do Governo Federal comandado pelo PT.
Amanhã será outro dia, hoje é de festa, mas chegará o momento
onde será fundamental a coalizão de forças, com o espírito de
abnegação e de entrega e sacrifícios, pois, se aproxima o momento
da campanha, dos embates eleitorais. O tempo das críticas
internas deve ficar para trás, as palavras de ordem devem ser:
Unidade e Fidelidade Partidária.
O debate é necessário, mas não pode se dar de forma
irreconciliável entre os contraditórios; contrariedades existem, mas
não devem eclipsar o objetivo maior de um partido político. Este
processo sucessório é um exemplo dos nossos próximos passos,
agindo com a convergência das mais diversas orientações de
nossas lideranças, primando pelo fortalecimento de nossas
candidaturas a governador e presidente da República e buscando,
acima de tudo, preservar a qualidade que têm nos feito notáveis no
trato com a coisa pública: colocando o bem coletivo acima do
interesse individual. O fundamental é trabalhar as candidaturas do
PSDB, a partir da unidade, com todas as forças políticas
trabalhando na mesma direção. Não há espaço para personalismos,
para vaidades ou para projetos individuais.
O PSDB precisa resgatar sua funcionalidade orgânica de debate e
democracia participativa para servir de exemplo à sociedade e para
que possamos voltar a atrair pessoas de bem para fazer política.
Nos afastamos bastante do trabalho coletivo e da sociedade e
colocamos o Partido a olhar demais para o governo e pouco para
sua base, sem nenhuma autocrítica. Estamos pagando um preço
alto por não termos cuidado devidamente disso.
Nesse momento ressalto a memória de Mário Covas, que deve ser
sempre lembrado como exemplo vivo de unidade partidária. Ele
jamais deixou de mirar o interesse coletivo por um interesse
pessoal. Covas nunca deixou de atender aos chamados do partido.
E, o mais importante, para o Espanhol, o poder do partido emana
dos diretórios e cabe à Executiva cumprir as deliberações. Quero
dizer a todos, que conduzirei esta Presidência com o Estatuto
debaixo do braço! Não transigirei em hipótese alguma ao que ele
determina.
Esse mandato que ora se inicia será marcado pelo trabalho diuturno
na busca do fortalecimento do PSDB, onde todos terão missões a
cumprir e onde a entrega total às necessidades partidárias será
exigida de todos os seus membros, quem não entender isso, com
certeza está no Partido errado.
Tenho a grande virtude de delegar, demonstrando confiança em
cada companheiro comprometido com a causa partidária, mas
também tenho um pequeno vício: assim como delego irei cobrar
resultados, e também quero ser cobrado, pois nosso mandato, em
vez de uma vantagem pessoal, deve ser um ganho coletivo. Meu
compromisso permanente, de que é evidência minha própria vida, é
com a verdade e sobre ela hei de ancorar minha gestão. Jamais fiz,
não faço e não farei nenhum tipo de concessão de natureza
personalista.
É importante lembrarmos que o PSDB é construído a partir da
profunda
compreensão
da
realidade
e
do
senso
de
responsabilidade pública, aliados a uma capacidade invulgar de
gestão e de coragem para tomar medidas que permitam modificar a
realidade desigual. Foi assim com nosso Presidente Fernando
Henrique Cardoso, é assim com nossos governadores de estado e,
especialmente, com NOSSA Governadora Yeda Crusius. Todos
eles têm legados incontestáveis.
É nosso dever combater os
ataques raivosos e mentirosos da oposição. A verdade deverá ser
sempre a nossa arma política.
Esta é a nossa obrigação a partir de agora, propagar nosso ideal de
uma sociedade solidária, com a diminuição das distâncias sociais,
tornando objetivo o anseio de justiça e eqüidade, combatendo,
entretanto, o discurso populista das soluções fáceis com novas
realizações produtivas e concretas.
Alerto que o nosso combate ao PT, como principal adversário
político, não pode nos transformar num partido conservador,
retrógrado, e que acabe desconstituindo o que temos de melhor,
que são nossas propostas originais, calcadas em uma visão socialdemocrata de centro-esquerda, que não combina em sermos
alternativa para salvar segmentos partidários com os quais a
sociedade
está
decepcionada,
e
que
por
isso
sente-se
desesperançada com o futuro da política e dos políticos.
Precisamos nos colocar como referências para o que a chamada
“Sociedade do Conhecimento” necessita para o futuro, de modo
a atrair pessoas e organizações dispostas a construir uma
sociedade mais próspera e justa, onde todos tenham, pelo menos,
suas necessidades básicas satisfeitas.
Necessitamos ser “Partido”, organização social, movimento e
abandonarmos a prática política que vem transformando os partidos
brasileiros em “clubes políticos de grandes e respeitáveis líderes”.
O PSDB não pode perder a oportunidade de se diferenciar por
postura, sabedoria, propostas e coerência, seguindo o exemplo de
seus líderes nacionais mais importantes, como Montoro, Covas e
Fernando Henrique.
Temos as melhores propostas, temos os melhores quadros. Nosso
partido, quando ocupou o Palácio do Planalto, devolveu o Brasil
aos trilhos, permitindo as conquistas hoje usufruídas, nossa
governadora tem feito um trabalho brilhante no Rio Grande do Sul,
sem dúvida o melhor governo em décadas. Equacionou uma dívida
impagável, atingiu o déficit zero e hoje, de forma planejada, tem
investido na infraestrutura do Estado, permitindo a volta de
empresas e investimentos, capitalizou o Banrisul, criou a lei de
recomposição salarial, retomou o pagamento de precatórios, criou o
programa “Saúde mais perto de você”, aumentou o efetivo na área
de segurança pública, construiu mais de 4,9 mil moradias, concluiu
estradas e retomou obras em cerca de 60 acessos municipais,
investiu
no
Porto
Responsabilidade
de
Fiscal
Rio
e,
Grande,
respeitou
principalmente,
a
Lei
investiu
de
na
transparência pública, prestando contas à sociedade. São algumas
das inúmeras conquistas que este governo trouxe para os gaúchos,
conquistas que devem ser defendidas por todos nós.
Somos tucanos! Sabemos do nosso valor e devemos ostentar,
com orgulho, nossa convicção. É nossa obrigação sair de uma
postura pacífica e combatermos, através do debate, as mentiras
propaladas pela oposição aventureira. Somos a melhor alternativa
para o Estado e para o Brasil e devemos demonstrar isso, sempre,
com a força da nossa militância, da nossa juventude e das
nossas mulheres.
Deixo aqui, nesta tribuna, o meu único pedido. Peço que a
partir de agora o PSDB gaúcho volte a ganhar as ruas de todas
as cidades – como aconteceu na vitoriosa campanha de 2006 -
com suas bandeiras, mostrando o orgulho de ser social-democrata,
o orgulho de ser tucano. Como dizia Franco Montoro: “Longe das
benesses do poder, mas perto do pulsar das ruas”, é assim que
continuaremos a promover mudanças estruturais em nosso Rio
Grande do Sul e no País.
Nós queremos e podemos continuar conduzindo o Rio Grande do
Sul ao progresso e ao desenvolvimento, para isso será necessário
que todos nós, com espírito de solidariedade, sacrifício e dedicação,
façamos a nossa parte.
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