SCPCIEDACiE BRAS/LE/RA OE FiS/CA ATAS DO XIII SIMPOSIO NACIONAL DE ENSINO DE FISICA "Ensino de Fisica: em busca da sua identidade" Organizacao: Maria de Fatima Rodrigues Makiuchi Universidade de Brasilia 25 a 29 de janeiro de 1999 Brasilia - Distrito Federal ATAS DO XIII SIMPOSIO NACIONAL DE ENSINO DE FISICA ■0, .SOCIEDADE EtF?ASILE-11=?A DE FISICA ATAS DO XIII SIMPOSIO NACIONAL DE ENSINO DE FISICA "Ensino de Fisica: em busca da sua identidade" Organizaedo: Maria de Fatima Rodrigues Makiuchi Universidade de Brasilia 25 a 29 de janeiro de 1999 Brasilia - Distrito Federal XIII SIMPOSIO NACIONAL DE ENSINO DE FISICA Comissao de Ensino da Sociedade Brasileira de Fisica Prof. Eduardo Adolfo Terrazan - Secretario de Ensino Prof.a Umbelina Giacometti Piubelli - UFMS Prof.a Isabel Martins - UFMG Prof. Demetrio Delizoicov - UFSC Prof. Moyses Nussenzveig - UFRJ Comissao Organizadora Local do XIII SNEF Prof.a Maria de Fatima Rodrigues Makiuchi - Coordenacao Local Prof.a Eliana dos Reis Nunes - IF/UnB Prof. Fernando Albuquerque de Oliveira - IF/C1FMC/UnB Prof. Orzenil Bonfim da Silva Jtinior - FEDF Prof. Jose Eduardo Martins- IF/UnB Agradecimentos Orgaos Financiadores FAPDF Fundacao de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal CAPES Coordenacao de Aperfeicoamento Pessoal de Nivel Superior CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientlilco e Tecnologico FAPESP Fundacdo de Apoio a Pesquisa do estado de Sao Paulo FAPERJ Fundacao de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - - - - - Apoios Sociedade Brasileira de Fisica Universidade de Brasilia Institute de Fisica da Universidade de Brasilia MAROTEC Livraria de Fisica da USP XIII SIMPOSIO NACIONAL DE ENSINO FISICA Em busca da sua identidade CRONOGRAMA GERAL DE EVENTOS Horario 08:00 10:00 10:30 Segunda-feira Terca-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Inscricoes Cerimonial de Abertura Conferencia de Abertura Cursos A Sessao de Paineis Mesas Redondas B Sessao de Paineis Cursos A Mesas Redondas C Cursos A Conferencias ALM0c0 12:00 14:00 16:00 18:00 19:30 Cursos A Cursos B Mesas Redondas A Cursos B Noite Livre Palestras Palestras Cursos B JANTAR Encontros Tematicos Conferencia Plenaria Noite Livre Cursos B Encerramento INDICE Prefacio 01 Sessdo de Abertura 03 Conferencias 05 Palestras 24 Mesa Redonda 49 Cursos 87 Paineis 97 ❖ Paine! 1 99 ❖ Painel 2 121 ❖ Painel3 138 ❖ Paine!. 4 156 ❖ Paine! 5 173 ❖ Paine! 6 192 ❖ Painel 7 209 Paine! 8 ??5 ❖ Painel 9 239 ❖ Paine! 10 259 ❖ Paine! 11 275 + Paine112 292 ❖ Paine! 13 313 + Paine! 14 331 + Paine! 15 346 ❖ Paine! 16 353 Encontros 379 Plendria 381 PREFACIO E com grande satisfacdo que apresentamos as Atas do XIII Simposio Nacional de Ensino de Fisica , realizado na Universidade de Brasilia, no periodo de 25 a 29 de Janeiro de 1999. Primeiramente, gostariamos de agradecer a todos que participaram do XIII SNEF. Sem o apoio e a persistencia de voces, este evento nao teria ocorrido. N5o costa lembrar que o final do ano de 1998 foi muito tumultuado quanto as questOes referentes as verbas para financiar o evento. As tradicionais agendas de financiamento passavam por serios comes orcamentarios, a Banda cambial disparava, havia o medo do retorno da in1145o, e no caso do Distrito Federal passavamos por uma epoca de transicao de governo devido as f ► ltimas eleicOes. Todos esses fatores, somados ao fate da comissao local ser composta por apenas 5 membros, e da Universidade de Brasilia estar em period° letivo regular quando da realizacao do evento, dificultou, e muito, a organizac5o da infra-estrutura do XIII SNEF. Nos tivemos a certeza da realizacao do XIII SNEF no dia 21 de ,janeiro, ou sela, 5 dias antes do inicio do evento, quando foi conlirmado o apoio da lacc-io de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal - FAP-DE. Apesar dos problemas, acreditamos que o XIII SNEF transcorreu satis1atoriamente. Nos surpreendemos corn o ninnero signif ► cativo de trabalhos apresentados, como podera ser atestado - por estas Atas, pela freqiiCsncia em algumas mesas e palestras, pela participac5o praticamente macica nos minicursos ofertados e pelo clima de confratemizacao e dialog() que pudemos perceber nos corredores da universidade. Esse resultado, se nilo ,justifica, ao menos nos alenta quanto aos percalcos pelos quais todos passamos para organizar e participar deste SNEF. F isso esta relacionado com o tema deste Simposio: "Ensino de Fisica: em busca de sua identidade". Este movimento constante de trabalhar, lecionar, trocar ideias, expor ideias em pOblico, promover mudancas, partilhar... AcOes que lazem parte da busca de uma identidade, identidade esta que estas Atas mostrarao ser diversificada. Queremos agradecer aos colegas do Institute de Fisica que colaboraram conosco nesta empreitada, a seeretaria Antonia Vieira dos Santos pelo envio de certificados e digitacao destas Atas e a Universidade de Brasilia por ter sediado este Simposio. Queremos tinalizar ainda agradecendo, em nome das comissOes organizadoras local e nacional, aos Org5os rmanciadores hem como a todos que contribuiram e participaram do XIII SNEF. - Brasilia, 10 de julho de 1999. Maria de Fatima Rodrigues Makiuchi Coordenadora do XIII SNEF SESSAO ABERTURA DO XIII SIMPOSIO NACIONAL DE ENSINO DE FISICA A sessao de abertura do XIII Simposio Nacional de Ensino de Fisica teve inicio as 10:00 h do dia 25 de janeiro de 1999 no Cine Brasilia. Segundo o Cerimonial da Universidade de Brasilia participaram da mesa as seguintes personalidades: ❑ Magnifico Reitor da Universidade de Brasilia Prof. Dr. Lauro Morhy ❑ Diretor do Instituto de Fisica da Universidade de Brasilia Prof. Dr. Luciano de A. Fonseca ❑ Conselheiro da Sociedade Brasileira de Fisica representando a presidencia Prof. Dr. Gil da Costa Marques ❑ Secretario de Ensino da Sociedade Brasileira de Fisica Prof. Dr. Eduardo Adolfo Terrazzan ❑ Coordenadora do XIII Simposio Nacional de Ensino de Fisica Prof.a. Maria de Fatima Rodrigues Makiuchi Dando inicio a sessao. o Magnifico Reitor da Universidade de Brasilia, Prof. Dr. Lauro Morhy, declarou aberto o XIII Simposio Nacional de Ensino de Fisica passando a palavra a Prof.a Maria de Fatima Makiuchi que agradeceu a presenca de tOdos, comentou as dificuldades na organizacao, principalmente as . financeiras, agradeceu os apoios recebidos ❑aos orgaos financiadores, desejando que todos aproveitassem ao maxim° o simposio. Em seguida o diretor do Instituto de Fisica, Prof. Dr. Luciano Fonseca comentou sobre a importancia da realizacao Simposio Nacional de Ensino de Fisica para o desenvolvimento do Ensino de Fisica no pais. Prosseguindo os trabalhos, o Secretario de Ensino da Sociedade Brasileira de Fisica, Prof. Eduardo Terrazzan deu boas vindas a todos, parabenizou a equipe local pela on4anizacao do simposio e a todos os participantes por terem vindo ao XIII SNEF. 0 Prof. Eduardo Terrazzan comentou sobre a necessidade de articular os esforcos dispendidos corn a melhoria do ensino de fisica corn a melhoria da qualidade da educacao de forma mais ampla. Na sequencia, o Prof. Gil da Costa Marques discutiu a importancia da incorporacao de novas tecnologias no ensino de fisica, em especial comentou sobre urn projeto subvencionado pela National Science Foundation que disponibiliza urn conjunto de rnateriais didaticos na internet. Finalizando a sessao, o Reitor da Universidade de Brasilia, Prof. Dr. Lauro Morhy, lembrou *limas iniciativas que a Universidade de Brasilia tern tornado no sentido de contribuir coin a melhoria do ensino no pais, entre elas, uma nova modalidade de ingresso na Universidade - o Programa de Avaliacao Seriada - PAS, a Universidade Virtual e o LaboratOrio do Fututro e colocou a Universidade de Brasilia a disposicao de todos desejando boas vindas aos participantes. A seguir, a Prof.a Susana de Souza Barros do Instituto de Fisica foi convidada a proferir a Conterencia de Abertura, cujo resumo transcreve-se a seguir. 3 CONFERENCIAS 1. Conferencia de Abertura Ensi no de Fisica.. em busca c/a sua identidade Susana L. de Souza Barros - IF/UFRJ 2. Conferencia 1 Bridging the gap between teaching and learning.. the role of research Lillian McDermott - Dept. of Physics - University of Washington 3. Conferencia 2 lip r e n di z ag e m reconstrutiva moderna e pos-moderna Pedro Demo - Dept. de Servico Social - UnB 4. Conferencia 3 Accessing the world ofscience from your p. c.: the British Open Universitys experience Denise Whitelock - Open University CONFERENCIA DE ABERTURA ENSINO DE FISICA: A PROCURA DE SUA IDENTIDADE I Susana Lehrer de Sousa Barros Institute de Fisica, UFRJ e-mail: [email protected] "Ensinar bem ulna lisica inadequada ou mal umna fisica adequada ?" P. Black, Prefacio Thinking Physics for teaching, 1996 Buscar 0 novo e perigoso ?? Milton Santos Introducdo A4eus sinceros agradecimentos CMS organizadores deste evenlo, due me honraram C0171 a eseolha para a apresentacdo da ConJerencia TC1710 do Evento. A discussao do terra central deste SimpOsio, 0 ensino de fisica a procura do silo identidade, 1 -15o é tarefa facil. Aceitei o desafio e ate tive que 'digerir' o titulo desta Conferencia, porque o dilema da identidade tern sido a grande dificuldade desta area •de conhecimento, que, concentrando saberes interdisciplinares, caracteriza urn novo campo que nem sempre é reconhecido como tal, desde que os conte6dos da fisica sao tratados a luz dos conhecimentos oriundos da histaria, psicodidatica, lingiifstica ciencias cognitivas, sociologia, estatistica, avaliacao, informatica aplicada, comunicacao, dentre outras. Mesmo assim, essa identidade esta ganhando terreno, como pode ser observado pelo Minter° de revistas internacionais nacionais e internacionais dedicadas a este campo assim como a criacao de novas, como por exemplo o Physics Education Research, a ser editado em 1999, como Suplemento Anual pela American Association of Physics Teachers, devido a necessidade de atender as demandas do campo. Nao devido que meu enfoque e_a minha analise divergirao daqueles dos mews colegas. 0 que adiciona urn desafio interessante para a discussao que sera travada ao longo desta semana, quando estaremos perseguindo ideias praticas, inteligentes, operacionais, que nos levem, a um estado excitado, que possa sim, ser transformado em acao. 0 curioso e observar que pese ter sido a Educacao em Fisica, tanto no Brasil como no mundo, uma area pioneira nas tentativas de compreender, modificar e contribuir para o melhor conhecimento do fenomeno pedagogic°, ainda seja necessaria sair a procura de 11111C1 identidade. Acho que identidade e personalidade ja possui, e cada vez melhor caracterizada. SO que é necessario que os outros grupos, especialmente das areas das ciencias duras, nao apenas a reconhecam como tambem demonstrem respeito pelo trabalho desenvolvido, nao se tornando juizes sem conhecer melhor aquilo que estao .julgando. Os nossos Simposios tern sido marcos, corn lastro positivo, de conhecimento e ideias que, esperamos, em algum moment°, sejam utilizados corn eficiencia para a melhoria efetiva do ensino da fisica, contribuindo para a educacao do cidadao pensante que gostariamos de formar. A dicotomia entre a baixa eficiencia do ensino de fisica formal, tanto no ensino medio como no superior, e os avancos nada despreziveis dos conhecimentos no campo da Educacao em Fisica, espelham, em menor ou maior grau, aquela que existe em outros paises que tambem desenvolveram pesquisas e estudos neste campo do saber. Tenho sido testemunha ao longo deste quarto de seculo, que vivenciou os do'e Simpasios Nacionais de Ensino de Fisica anteriores, do empenho corn que foram acompanhadas rapidamente as lases e os enfoques que a pedagogia, a psicologia, a sociologia, a epistemologia imprimiram ao ensino da fisica, nas suas caracteristicas mais interdisciplinares. Entramos e saimos das mais variadas correntes d-senvolvidas na educacao em ciencias. Houve 'faro' e jogo de cintura para acompanhar inovacoes e coragem na tentativa de provocar mudancas. Estao ai os grupos pioneiros da Pesquisa em Ensino de Fisica - iniciados nos idos 70's nos Institute de Fisica da USP e UFRGS, que fizeram a histaria do ensino de fisica, cada vez mais voltados para os aspectos da aplicacao da pesquisa na escola. Este ultimo SimpOsio do milenio deveria desvendar ideias que levem a retlexao dos problemas conjunlitrais e e.s'Inilurais a resolver; propor a intervencao naqueles que sabemos equacionar e ajudar desvendar como utilizar o cabedal de conhecimentos que possuimos (contend°, contexto, metodologia, novas tecnologias, materiais didaticos,etc) para podermos desenvolver as novas formas do saber e da educacdo das ciencias fisicas. • Como repensar o curriculo de fisica ? ciencia e uma former de pensar (C.Sagan, 0 cerebro de Broca, Se a afirmativa abaixo e verdadeira: 1976), entao porque insistir que um curricula deva conter nude? Devemos procurar o equilibrio entre abrangencia versus profundidade, nos contextos adequados. A comunicacao cientifica e o ensino informal, , 7 nao tern curriculo especifico, mas suas caracteristicas e apresentacao dependem fortemente do (Inc a 'escola' faz ou, especialmente, deixa de fazer 3 . E devemos lembrar que essa discussao, na qual nao entrarei, esta fortemente relacionada corn a alfabetizacao cientifica. Hoje em dia os curriculos dos proramas de ensino de ciencias vein sendo questionados por varias razOes, dentre as gnats apontamos algumas: Queda de interesse pela ciencia (em paises ern que a escolha e voluntaria, somente 20% dos • alunos escolhe estudar fisica na escola secundaria ). Os curriculos nao estao preparando as futuras LI.eracOes para participar de uma sociedade de • tecnologias avancadas. 0 desempenho dos estudantes nas ciencias esta aquem do esperado. • Assim, consideramos que as seguintes perguntas devam ser respondidas: Quais os sucessos e as falhas da educacao cientifica? Qual o tipo de EC' necessario ? Qual devera ser a forma e estrutura de Lim novo modelo para o curriculo de ciencias e para o ensino da fisica ? Quais os problemas e implicacOes da implementacao de novo(s) curriculo(s)? Para pensarmos nesses c outros pontos vejamos o que aparece nos periOdicos c o que aparece na sala de aula: Den na secao Ciencia do ,1B: Galaxia com 99% de materia escura é comum. • • Palmilhas maneticas diminuem dor crOnica. • • Alcool: dose diaria diminui risco de derrame. Nova droga para o cancer: proteina leva celula infectada ao suicfdio (caspase). • PlutOnio em lencais de ali,Lia nos EUA. Plasticos inteligentes: auto-estruturacao. • E o que e dado na aula de fisica ? • MUV (movimento uniformemente variado) • MUR (movimento uniforme e retilineo). e nao neccssariamente nessa ordem !!! Como compatibilizar ? A dispariclade entre a motivacao e o interesse dos jovens e o EC hoje ofereciclo na escola, requer revisao fundamental de propositos e objetivos do CC necessario para desenvolver as capacidades mais abranitentes: formacao para o trabalho e a cidadania. Essas sac as premissas clue, as atuais Diretrizes Curriculares do SEMTEC/MEC (setembro 1998) trazcm, cuja filosofia educacional utiliza muitos dos estudos sobre ensino das Ciencias. Certamente modificacOes introduzidas nessa base poderao, a meio prazo, contribuir para uma educacao cientifica mais harmOnica. moderna e adequada as realidades. A interdisciplinariclade, o desenvolvimento de projetos abertos, o ensino de fisica fundamental e aplicado, sao as caracteristicas desejaveis do tratamento curricular hoje solicitado dos professores, que devem repensar num conhecimento dividido em tres grandes areas, que se interrelacionam: • • Linguaoem c cOdigos. Ciencias naturais e matematicas e suas tecnolouias. • Ciencias humanas. O que e que esse curriculo tens realmente de novo: • A terminalidade do ensino medio (1_,D13,1997) que solicita ALFABETIZACAO CIENTiFICA como produto Final aos 16 anon com objetivos claramente definidos: trabalho e cidadania. • Curriculo comum nacional abranu,e 75% ficanclo o 25% restante sob a responsabiliclade do projeto pedagogico (escola, regiflo. etc).. Para implemental - este projeto teremos que lutar contra as diliculdades inerentes Os mudancas educacionais e manter viva a memOria da lei 5692/71. que tendo estabelecido o ensino prolissionalizante, desgastou o ensino propedeutico, sem no entanto atingir os objetivos propostos. Apontamos algumas das causas dense 'desastre" - infra-estrutura inadequada, rapidcz de implementa0o e falta de recursos para fazelo, professores nao preparados e sent condicoes de atualizacao, falta de materials didaticos mesmo nas boas escolas. dentre muitas outras. On seja, temos causa para a desconfianca de que esse quadro voile a se repetir. A diferenca e que hoje temos muito pouco a destruir...o que pode ate ser a tabua de salvacao. ja que em existindo um projeto utOpico, pode ser que tenhamos condicOes de dar partida as inovacOes possiveis. Certamente estamos hoje vivenciancio um grande interesse por parte dos professores e tambem das escolas. e decidam levar a seri() as reformas Assim, precisamos que as autoridades competentes .vin/am cove necessarias, que dependem tao fortemente da vontade dos executores da politica educacional. Acho que neste moment() os grupos da academia, universidades e educadores de ciencias est5o colaboranclo, na medida das suas limitacCies. Este SimpOsio e os outros encontros de Pesquisa em Ensino de Fisica e Pesquisa cm Ensino de Ciencias s5o testemunhos do curto alcance dos esforcos realizados por grupos pioneiros, na educac5o continuada. atraves de awes esporadicas de programas nacionais. tais como os 8 da Capes (SPEC) e das FtmdacOes de Amparo a Pesquisa Estaduais (Pro-Ciencias), da VITAE (RENAF) e outras instituicOes de financiamento, nas duas Ultimas duas decadas. Problemas: causas e conseqUencias Porcine a comunidade de educadores nao resolvers sozinha o problema da identidade. Ha urn esgotamento da escola convencional hoje? Sera que nao sabemos como substitui-la ou o que colocar no local dela? Hoje, diploma nao assegura emprego, hs uma demanda de novos conhecimentos, mas, uma boa educacao basica e necessaria para que isso possa acontecer. E importante ter clareza sobre por quern e como é decidida essa quest5o. Aponto alguns depoimentos sobre A escola hoje ouvidos no VI Encontro de Pesquisa em Ensino de Fisica, Florianopolis, outubro, 1998: I. Eduardo Terrazzan, fala da Atualizacao curricular no ensino de Fisica na escola media • Escola media brasileira: baixa qualidade. • DesatualizacAo curricular. • • DesatualizacAo metodoloi;ica dos professores e da escola. 2. Bernardo I3unchweitz fala da Crise da qualidade do ensino de fisica no Brasil : • Ensino inadequado. • Formacao deficiente do professor. • • Falta laboratorio c use de recursos das tecnoloLtias modernas. Infra-esti - Laura escolar deficiente. • Situacao trabalhista do professor. 3. Luiz Carlos de Menezes fala da Fisica na reforma do ensino medio. • Otimismo em relac5o as possibilidades que as novas Diretrizes de Ensino de Ciencias poderAo trazer para a mudanca na educacao brasileira. 4. Susana de Souza Banos: Papel da escola tradicional no contexto da discussAo das novas Diretrizes Curriculares para o Ensino Medio, A teoria do a-e-i-o-u : • Mundo .real nao e disciplinar mas a escola 6 : pensar nisso. • Saber preservar o melhor que a escola tradicional possa oferecer. 0 que ela Faz, quando funciona hem, nin,(2ttem sabe fazer na sociedade. • A escola simplifica e dificulta, porcine se afasta do real e trabalha corn analoujas, metaforas, modelos, mas nao sera que isso e necessario antes de passar para a outra etapa, interdisciplinar de construcao de conhecimento libcrado . , apOs termos aprendido as letras e os nnmeros e muito hem aprendidos (a teoria do a-e-i-o-u). • Ler / escrever / ninneros e operacOes basicas para uma aprendizagem significativa. 5. Fatima R. Makiuchi e Halle Nunes, repensam a problematica da Licenciatura Noturna _UM dos problemas a cnji enior e a fOrinacao de projessores de jisica nn MAWS iClUde, repC0S017(10 0 COMprOMiSSO dOCC10C as licenciaturas 00101710s, 0 curricula dikrenciado e uma 110-001 participacao no jOrmacdo especilica, coin() objetivo mor. Cons uma dedicacao especial tr !Om(' de ensino...postura, capacidade, etc, dos prolessorcs que nao devem .Se limilor apenas ao contend() estanque dc sua disciplina. A avaliacao positivo dos protessores e do adequacao do cu•riculo nao parecem influenciar grandemente nos resuliados: apenas 10% de jOrmandos nos torsos c uma evasdo media semelhame as (los ()taros cursos (40% a 50%7). Outros depoimentos relevantes: Zaia Brandao na "Isto-6" de 15/11/1998, enfrenta a realidade como cla 0: • "...mttil0 pO1IC:0'S C.S'colas saberao jazer 0u gkle-Cel• 100 CU 111(011 0 jlexiver qualidade 11(70 se improvisa e 0(70 se much a cabeca do prolessor nuns posse de magica... • A escola nao e uma enciclopedia, corn coda materia em calvinha separada.. Federico Major (UNESCO 3 1998), usa 0 horn senso e a experiencia: • Educacao para todos, incluir os excluidos... • Poder oferecer bent a escola tradicional c preparar a escola do futuro. Cheou a hora de "mudar on dcsaparecer": "uma esco/a .yeni/com jiauro ', (Nelson Pretto, 1996). Temos que aprender a utilizar as tecnolov,ias educacionais corn cliciencia. Sera que sabcremos desenvolver um sistema educacional de qualidade na era do Computador, do Video, da TV, da Internet, da comunicacao da midia e da interatividade ?? 0 prOprio Pretto (dczembro 1998), em comunicacao pessoal comenn -t: ...,0 (plc inc impression(' e epic nao vc!ja tamos avancos assim no use de novas iecnlogias nu educacao._ A jOrma de incorporar tecnologias ainda ndo se conhece... Para isso o professor precisa de educacao continuada e acesso a materiais didaticos e novas tecnolo2tas sempre. Devem ser criadas condicOes de aprendizaggm ao longo da vida, atraves de processos continuados de estimulos e do esforco individual para adquirir conhecimentos, valores, habilidades e competencias .0 conceito de educacao permanents nas suas diversas facetas, educacAo formal / informal, aberta, fechada, o ensino a distancia, tern clue deixar de ser modismo para entrar na era do prolissionalismo. F dificil...mas nao e impossivel. 9 Nesse olhar de passaro, varios aspectos devem ser considerados quando desejamos apontar quern somas os educadores e pesquisadores em ciencias, quais as caracteristicas do conhecimento que possuimos e o sistema ao qual pertencemos. Uma coisa é falar da pesquisa em ensino de fisica, outra é falar do ensino de fisica e ainda uma terceira é considerar o fisico pesquisador e professor universitario como o formador dos futuros professores... Essas seriam as tr'es componentes de um tripe que deveria compor a base do sistema para a melhoria do ensino da fisica. Metodologia versus contendo? 0 Physics Today de novembro 1998, discute a disputa, entre educadores de ciencias e cientistas acontecida na California, para desenvolver urn novo curriculo de ciencias, na qual nem urn nem outro grupo teria sido capaz de fazer a proposta adequada. Por urn lado, as propostas dos cientistas entre os quais estava o Nobel Seaborg, (manifesto: U117C1 nac:ao em risco, 1983) exigem informacao clemais C0177 nivel cognitivo muito alto, incompativel com os pacIr5es da AAAS', o clue condus a 11117(1 compreensao conceitual pobre. Por outro lado, as propostas dos educadores em ciencias carecem de aprofundamento, trabalham muito corn metodologias, e os contendos trabalhados por professores mal formados contribuira para urn ensino superficial. Este exemplo mostra que o importante e desenvolver urn modus vivendi entre os especialistas das duas areas que devem reconhecer-se como duas partes complementares contribuindo para urn mesmo fim. importante mencionar que existe urn movimento mundial para a melhoria do ensino de ciencias na escola primaria, do qual participam grander cientistas, incluindo-se nesse grupo premios [labels (de Gennes (Franca) e Lederman (USA). Nos temos hoje uma Sociedade Brasileira de Fisica presente e que defende muito bem os interesses da comunidade de fisicos. Esta Sociedade e respeitada tanto no pais como no exterior. Precisamos agilizar a colaboracao entre o fisico e o educador, no sentido que nem urn nem o outro sozinhos poderao levar enfrente a ardua tarefa de melhorar o set] objeto .de conhecimento de forma parcial. Na realidade a interacao entre esses Bois grupos, que participam da SBF, e precaria. A SBF trata os educadores de fisica de forma assimetrica em relacao a participacao dos fisicos pesquisadores na sociedade. Nao estou acusando de parcialidade e/ou injustica, explico como desconhecimento e de alguma forma `iniopia' dos fisicos, no que se refere ao ato de ensinar, onde todos sempre se sentem competentes para ensinar sem conhecimento dos processos de ensino / aprendizagem. Estou desejando chamar a atencao em que pese o fato de que a area de ensino de fisica dentro da SBF, tenha urn contingente apreciavel de secios, sua participacao nos rumos da sociedade e pouco' sentida. Se a bem da verdade este e o Unico grupo que tern uma secretaria especial, o bloco de conselheiros da SBF e geralmente oriundo das areas `duras' Este efeito tern sido bastante evidente na escolha de representantes da Sociedade para participacao em eventos tipicamente relacionados corn Educacao em Fisica: os representantes para o !CASE, 1CPE(IUPAP), editores Revista Brasileira de Fisica, todos estes indicados pela Diretoria / Conselho, sem qualquer solicitacdo para que a Secretaria de Ensino se manifeste, indique representantes, opine ou faca indicacOes. Na atualidade, a preocupacao genuina corn o fracasso educacional, associada ao fato que o govern() e as agencias financiadoras estao destinando verbas para esse fim , tern levado cientistas de todas as areas de conhecimento a se arvorarem em especialistas em educacao na ciencia, pensando que assim serao resolvidos os problemas educacionais. Ledo engano! Seria born que ate nao fosse. Mas o que e necessario 6 a cooperacao e o respeito mntuo dos grupos corn identidades definidas, para podermos levar em frente as tarefas necessarias para que a educacrio em fisica de sua parcela de contribuicao a educacdo desse cidadao que todos estamos a desejar. ConclusOes As solucides para superar a crise do ensino de fisica pertencem ao ambito major da crise educacional. Ndo ha duvjda que as mudancas tecnologicas, a globalizacao e a invasao cultural corn perda de identidade, os objetos , de consumo visual e virtual, sao parte de um grave problema e poderiam, se bem utilizados, fazer parte das solucaes. Nao podemos menosprezar on ;deixar de lado' o poder da midia, internet, video, informatica. Mas precisamos conhecer melhor os efeitos e as formas de uso. E bem verdade que existe uma atracao autentica da maioria dos alunos e agora dos professores para sua utilizacao. Mas nao e trio verdade que a introducao das tecnologias per se' podera trazer a desejada qualidade ao processo ensino/aprendizagem. Nao tenho chividas quanto a importancia de muitos dos assuntos aqui tratados. Corn certeza a selecao que muitos colegas teriam feito apresentaria intersecao nao nula corn este conjunto assim como tambem en rogues di ferentes. Como fazer que a nossa sala de aula se modifique de forma estruturada, modernize procedimentos, !eve em frente mudancas curriculares, metodolOgicas, sem destruir aquilo que e necessario, fornecendo ao aprendiz contendos fundamentals que constituem o abecedario basico da ciencia. Para Tins, como as ferramentas basicas para urn futuro profissional na area das ciencias. Para outros, como um conhecimento que flexibiliza a compreensao e acompanhamento do conhecimento cientifico ao longo da villa cidada e Ihes permita participar dignamente da construcao da sociedade atual, na.era dominada pela cultura cientificotecnologica. 10 A ciencia constitta 0 mei() mats poderoso para a compreensao do universo fisico, sendo ainda uma grande aventura do espirilo human°, replela de desafios formidaveis e de premios inigualaveis, de oportunidades fanlaslicas e de responsabilidades sent paralelo. Ela possibilita ver 0 mundo C0171 !MVOS (Am., explorando 0 sett passado„sondando o e.spaco e descohrindo a unidade na maquinaria do cosmos.. Fortalecidos corn esses conhecimentos, podemos combater doencas, criar 170VOS materials e inodificar ambiente de muitas maneiras maravilhosas. A ciencia nos da tambem os 177eiOS de prover as C011SCquenCiaS de nossas acoes e a sabedoria necessaria para, calves nos salvar-nos de nos memos. (Hazen e Trefill : Saber ciencia, 1991, Cultura Editores Associados). i Conferencia de abertura proferida no XIII Simposio Nacional de Ensino de Fisica. Sociedade Brasileira de Fisica, Brasilia, 25-29 de janeiro, 1999. 'No restante do text° utilizaremos as abreviaturas EC para fazer referencia ao Ensino de Ciencias e CC para denotar Curriculo de Ciencias. 3 Na divulgacao cientifica a descricao da ciencia é menos fiel. A inforrnacao `arriena' perde profundidade as custas da clareza necessaria aos textos para nao especialistas. 'AAAS: Associacao Americana para o Avanco da Ciencia. 0 text° abaixo foi apresentado na Conferencia de abertura do SimpOsio, devido a relevancia do assunto no context° da Alfabetizaeao Cientifica. ALFABETIZACA- 0 CIENTIFICA E ASSUNTO DE CIDADANIA' Fernando e Susana de Sousa /3arros Institute de Fisica, UFRJ 0 objetivo maior do conhecimento cientifico gerado ao longo dos seculos tem lido o bem-estar e a qualidade de vida no Planeta. Mesmo assim, neste final de milenio temos que perguntarnos porque nao temos conseguido desenvolver uma educacao liberalizante para a qual a ciencia deveria contribuir fortemente. 0 engajamento da sociedade deveria ser considerado como essencial. (R.M.Hazen e J. Trefill, Science Matters, Doubleday, USA, 1991) ..."a educaceio clef/1(11m para iodos deveria significaria clue e possivel preparar cidadaos (pie sabem prover consequencias e possuir .sabedoria para proiegerse das suas proprias RI 6. tempo de podermos fazer escolhas adequadas para a educacao do cidadao criticamente consciente, capaz de assumir esse papel num mundo dominado pela ciencia e a tecnologia e no qual a politica e a economia estao nas maos de umas poucas pessoas que detem o poder. Nos curriculos escolares nao existe qualquer mencao as armas, quimicas, biologicas ou nucleares ! Os estudantes acabam setts estudos secundarios sem jamais terem discutido, durante suas alias de ciencias, as implicacOes socials e tecnologicas dessa ciencia, e ainda menos, as implicacOes eticas e morals relacionadas preservacao da ordem mundial e da raca humana... Gostariamos de propor uma Agenda Minima [para esta Assembleia] para que a formacao do educador cm ciencias no mundo inteiro, contenha elementos bastantes para trabalhar na sua sala de aula Os pontos basicos (desarmamento, etica e moral na utilizacao da ciencia e a tecnologia, etc.) acima mencionados. Esta agenda deveria enfatizar a introducao curricular de nocOes dos Direitos Humanos que estao relacionadas ao direito de uma vida de paz permanence. A alfabetizacao cientifica do cidadao educado deveria ter como objetivo maior nao apenas compreensao da ciencia e a tecnologia, mas deveria prove-lo de informacao qualificada sobre aqueles desenvolvimentos cientificos e tecnologicos que podem afetar negativamente a sociedade. Essa compreensao deve certamente incluir o estudo dos problemas criados pela intervencao do ser human° sobre a Naturcza, tais como : buraco de ozonio, aquecimento global, manipulacao de codigos, etc. mas lambent trabalhar e refletir sobre o efeito de armas de destruicao massiva e outros. Os objetivos gerais da AGENDA EDUCACIONAL proposta seriam: a) preparar materials didaticos que contenham informacao qualificada e quantificada sobre as tecnolog,ias modernas associadas as armas e as correspondentes estatisticas sobre seu custo e poder de destruicao (efeitos); b) introduzir elementos curriculares que assegurem a educacao do futuro cidadao para procurar e utilizar informacao qualificada e reconhecer as implicacees do desenvolvimento tecnologico para a sociedade e c) motivar os estudantes quanto a importancia de permanecer alertas para sempre en quanto cidadaos conscientes dos setts direitos a paz e a liberdade assegurados pela Declaracao Universal dos Direitos Humanos. 11 1 Texto parcial do trabalho: Global security and human rights: the case for disarmement, apresentado na Conferencia Internacional sobre os Direitos Humanos, Edmonton, Canada, Novembro 1998. CONFERENCIA ESPECIAL BRIDGING THE GAP BETWEEN TEACHING AND LEARNING: THE ROLE OF RESEARCH Dr. Lilian MaeDermott Department of Physics — UniVerSill; of Washington (sem resumo) CONFERENCIA I DESAFIO RECONSTRUTIVO E POLITICO DA APRENDIZAGEM Pedro Demo Departamento de Servico Social — UnI3 Principalmente desde as propostas de Piaget e liygotsky, a questa° da aprendizagem tern evoluicio de modo significativo nas teorias modernas e pos-modernas. Nestas ern particular, existe hoje farto reconhecimento de que o fenOmeno da aprendizagem é intrinsecamente reconstrutivo, no sentido precis() de que e marcado pela conjugacao de dinamicas desconstrutivas e reconstrutivas, aperleicoando as condicOes do saber pensar e intervir. A tradicao plantada em processos de teor transmissivo, aquisitivo, reprodutivo esta fortemente abalada, porque ja nao significa uma proposta sustentavel de aprendizagem. Para o aluno aprender, 6 mister que se dedique pessoalmente a reconstruir conhecimento, sob a orientacao de um professor. Este, porem, nao tern como funcao primeira dar aula — no sentido classic° da rnera exposiccio repetitiva — mas garantir a aprendizagem do aluno, quer dizer, contribuindo para que o aluno reconstrua, pesquise, elabore corn ma° propria, arguments corn autonomia, etc. Apesar de os meios modernos de comunicacao representarem, cm si, uma das fronteiras mais tipicas da pes-modernidade, abrigam ate hoje, corn visivel predominfincia, metodologias didaticas fortemente reprodutivas, a comecar pelo agarramento a aula. 0 que se tern chamado de "educacao a diStancia" encalha, quase sempre, no enfeite da aula (uma aula "bonitinhal na televisAo por exemplo, mas que nao alcanca ultrapassar este ambiente de mero ensino. A rigor, nao existe "educa0o" a clistancia, mas mero ensino. Faz parte destas teorias da aprendizagem a valorizacao ostensiva do professor, porque a aprendizagem nao 6 urn fenomeno eletranico, mas humano. 0 mundo da eletranica ja e insuperavel na transmiss5o da informacilo, de sorte que um professor que apenas informa e desnecessario, mas nao se desernpenha adequadarnente no campo da formac5o, porque este 6 marcado pela interacao humana intensa. Teve muito impact() algumas ideias da 1ingiijslica, por exemplo, de Rm ./1,', segundo as quais a linguagem nao e cspelho da realidade, mas uma trama reconstrutiva clue seria incompreensivel sem a presenca de um sujeito. Por certo. o mundo la fora existe por si, nao depende de mint para sua existencia. Mas o mundo no qual habit°, me movo, me comunico. no qual interfiro, 6 um mundo que me tem como sujeito. Alaturana chama a isto a condic50 gerativa da linguagem, e que estaria na base do fenomeno propriamente humano. Neste caso. trata-se de uma argumentac5o corn base na biologia dos seres vivos, enquanto em Rorty o ponto de partida esta mais proximo dos fundamentos sociais e filosoficos da linguagem, sendo, porem, o resultado muito similar. Tomanclo o lado mais forte fiesta hipatese, a realidade, a rigor, nao existe sem o observador que a constitui. donde dccorreria, entre outras coisas, que e impossivel muter qualquer expectativa de cariz passivo na aprendizagem. 0 mero escutar, tomar rota, fazer prova, e outras coisas do genet- 0. nao levam a aprender. Surpreende, sem dilvicia, que tais teorias ressaltam, mais do que a prOpria pedagogia, o lado politico (la aprendizagem, porque esta se refere sempre a constitui0o de urn sujeito capaz de histaria propria. A instrumentacfto tecnica nao e nunca descartada, mas assume seu papel correto. ou scja, instrumental. I: preciso, Nis, saber matematica, mas seu sentido major e a cidadania capaz de, corn ela, melhor intervir na realiclade. Neste patamar, tal maneira clever se encontra corn as teorias do desenvolvimento humano, que, mesmo nascendo em berco neoliberal, apontam para a importancia da face politica como competencia major do ser humano. Por coma disso, as oportunidades dc desenvolvimento depenclem, em primeiro Ingar, da capaciclacle de saber pensar para melhor intervir. nao de recursos naturais, tamanho do pais, geografia especilica, c nem da economia como tal. A qualidade educativa popular vein em primeiro lugar, porque desenvolvimento humano SO pods ser obra de strieitos e nao apenas de acumulac5o de capital. Dito de outra 12 maneira, desenvolvimento e fundamentalmente uma questa° de aprendizagem reconstrutiva por parte de um povo que sabe aprender a aprender. Podemos usar os temos "qualidade formal" e "qualidade politica" para aludir, de urn lado, para necessario fundamento instrumental da competencia, dado sobretudo pela sua solidez cientifica e manejo das respectivas metodologias, e, de outro lado, para o compromisso etico e politico. Surpreende tambem, neste contexto, que mesmo fisicos e matematicos, como Prigogine, hoje subsidiado ostensivamente por Capra, alarguem esta percepcao politica da aprendizagem ate mesmo para a realidade como urn todo, propondo que sendo esta urn "caos estruturado" e dotado de dinamicas nao-lineares, aparece sob a condicao de fenomenos abertos, em formacao, ou em equilibrio precario, tambem marcados pela "flecha do tempo", o que a tornaria, pelo menos metaforicamente, tambem uma especie de sujeito historic° capaz de histaria prOpria. Pois a "vida" nao é uma substancia, mas urn modo de organizacao. Nao custa reconhecer que tudo isto ainda é "hipOtese" de trabalho, ate porque, numa epoca marcada pelo "fim das certezas", como diria Prigogine, a ciencia no comparece mais como o tranquilizante academic°, mas como tatica de instabilizacao de todas as pretensas certezas. Esta ideia, por mais que possa ser estranha, 6, no fundo, parte constituinte da aprendizagem pos-moderna, acenando para a necessidade de ambiente menos rigido e mais criativo. Ao contrario do que muitas vezes se pensa, professor nao existe para "tirar dirvidas", mas para faze-las tanto mais, ou seja, se papel e "maieutico", no sentido de motivar, orientar, instigar, mas jamais de substituir o exercicio reconstrutivo pessoal do aluno. Esta percepcao, por outra, faz ressaltar o compromisso emancipatOrio da cidadania aut6noma, que, sabendo pensar, é capaz de propor corn postura critica e criativa. Desta otica e possivel tambem rever, pelo menos parcialmente, a preocupacao em torno da "indisciplina" em sala de aula, porquanto, em alguma medida, e expressao da rebeldia de urn aluno que gostaria de ser sujeito. Nao interessa a sociedade o "born menino", mas aquele que a vai conturbar, provocar, transformar. Ora, "bons meninos" deixam tudo como esta, quer dizer, nao aprendem grande coisa. Seriam significativas as consequencias desta maneira de ver para a escola de hoje e em particular para seus professores. Como regra, apenas "ensinamos", nao sabemos fazer aprender, pela razao simples de que, nos mesmos, fomos ensinados, instruidos, domesticados, treinados. Repetimos em sala de aula o que fizeram conosco na universidade ou na escola normal. Neste sentido, tais teorias apontam para urn rumo obsessivo: a necessidade de resgatar o professor, poise a melhor maneira de resgatar o aluno. Ao lado do esforco reconstrutivo do aluno, o fator mais decisivo na aprendizagem é a presenca maieutica de urn professor que sabe aprender bem. Sera, pois, vital que os professores estudem tais teorias corn aline() e as reconstruam para aplicacao na escola, tendo como objetivo imico e maior a aprendizagem mais adequada dos alunos. NA° se pode fazer into de modo apressado, Inas, como as proprias teorias querem, e mister reconstruir uma proposta como comeco, meio e rim. Reconstruir uma tradicao considerada ultrapassada nao 6, jamais, jog,a-la fora, mas "refaze-la", "reconstrui-la". Pois a criatividade, mesmo supondo sempre alguma desconstrucao, precisa estar marcada pela habilidade de construir. Ainda, e nosso compromisso permanente inovar de tal modo que a aprendizagem melhore. Nao cabe inovar por inovar, ou, sobretudo, inovar de tal modo que o aluno aprenda ainda menos. APRENDIZAGEM DE ESTILO RECONSTRUTIVO Em particular apes a obra de Piaget, tornou-se mais comum entender a aprendizagem como fenOmeno reconstrutivo, no sentido tendencialmente politico de capacidade do sujeito individual e coletivo de fazer histOria prapria, mesmo que muitas pesquisas estejam sob a suspeita de excessivo estruturalismo (lases dadas da evolucao da aprendizagem)'. Talvez a perspectiva mais interessante seja a descoberta do teor politico da aprendizagem, para alem das formulacOes vagas e exacerbadas sobre "transformacao social" destituidas de satisfatOria instrumentacao teorica e metodolOgica. Para tanto contribuiu tambem o ambiente dito p6smodem° da discussao em torso do conhecimento e da educacao, enriquecendo sobremaneira o debate', apesar de seu freqtiente carater contraditorio, disperso e impertinente 3 . E mais conhecida a terminologia da "construcao do conhecimento", por conta da obra de Plage! que leva o nome de "construtivismo". Nao a adotamos aqui, apenas para nao insinuar que a aprendizagem reconstrutiva so poderia ser feita atraves das ideias deste autor e tambem para nao reforcar uma certa tendencia excessivamente rigorosa ou menos hermeneutica, a saber: normalmente reconstruimos conhecimento, porque partimos do que ja conhecemos, aprendemos do que ja esta disponivel na cultura; a construcao do conhecimento tambem pode ocorrer, mas 6 um passe de originalidade acentuada, dificilmente aplicavel como regra predominante. Do ponto de vista hermeneutic° e cultural, o termo reconstrucao e mais real ista. Entendemos por aprendizagem reconstrutiva aquela marcada pela relacao de sujeitos e que tern como fulcro principal o desatio de aprender, mais do que de ensinar, coma presenca do professor na condicao de orientador "maieutico". Tern como contexto central a formacao da competencia humana, de cunho politico, certamente instrumentada tecnicamente, mas efetivada pela ideia central de formar sujeitos capazes de historia propria, individual e coletiva. Assim, quando se aproxima este tipo de aprendizagem, do saber pensar e do aprender a aprender, a diferenca substancial frente as ideias tecnicistas escola-novistas ou da assim chamada qualidade total esta em que o propOsito etico-politico se constitui na razao de ser do processo, permanecendo o manejo do conhecimento e a referencia ao mercado como meio. Ou seja, 13 qualidade politica prevalece sobre a qualidade formal, ainda que uma nao substitua nem se desfaca na outra. Ao mesmo tempo, a presenca do professor é considerada componente intrinseco da aprendizagem, por ser esta uma habil idade humana e social, nao eletrOnica ou apenas tecnica 4 . Por outra, o desafio da aprendizagem reconstrutiva se alimenta igualmente de certas linhas de pensamento do conhecimento pos-moderno, sobretudo frente a problematica da incerteza, da complexidade do real e da interdisciplinaridade. Ao contrario do ensino, que se esforca por repassar certezas e que sao reconfirmadas na prova, a aprendizagem busca a necessaria flexibilidade diante de uma realidade apenas relativamente formalizavel, valorizando o contexto do erro e da duvida. Pois quem nao erra, nem duvida, nao pode aprender. Pode estranhar, mas esta visao mais dinamica do processo de aprender encontra hoje fundamentos mais explicitos nas areas das ciencias naturais, do que na pedagogia ou nas ciencias ditas humanas. Combate-se a propensao instrucionista da pedagogia atual, fixada no treinamento de fora para dentro e marcada pela ideia de ensino. Essas teorias reforcam a aprendizagem como processo de formacao da competencia humana politica, mais do que apenas o substrato tecnico-instrumental. Sao menos teorias de como ensinar, do que de como aprender. Chama muito a atencao a convergencia formidavel das varias teorias, sobretudo daquelas corn origem fora das ditas ciencias sociais e humanas, alem de sua tendencia interdisciplinar. Analisamos aqui algumas delas, de maneira preliminar e rapida, com o objetivo de apenas introduzir o debate e alimentar a pesquisa, sendo impraticavel aqui esgotar qualquer uma destas perspectivas. 1. Comecando pela filosofia, é conhecida a proposta de Kohlberg, aproveitada por Haberinas e Apel, em torno do desenvolvimento das noceies de moral na crianca e no adolescente, tendo como base o construtivismo piagetiano. Tern de interessante o reconhecimento de que moral se aprende e permite trabalhar a iddia de etica historica e politica'. Afasta-se a pretensao de "incutir" a moral nas pessoas, como algo que venha de fora para dentro e de cima para baixo, sob o signo da autoridade e que privilegia na crianca e no adolescente o senso pela obediencia. Trabalha-se muito mais os conceitos de responsabilidade e de autonomia, que sao a capacidade de responder pelos seus atos em contexto histOrico e social. Pode correr o risco de apelar para bases transcendentais da moral, validas para toda sociedade e todo tempo, contando mais corn estruturas dadas do que corn a construcao histOrica, como seria o caso da teoria da justica de Rawls, por exemplo'. A visao de Habernia.v depende diretamente de sua teoria da acao comunicativa', na qual, entre tantos componentes criativos e interessantes, existe o espaco do consenso negociado, que deveria sobrepor-se a intentos estrategicos, para que exista real comunicacao''. Esta criatividade histOrica, hermeneuticamente plantada e dialetica, sofreu criticas acerbas, em parte de socialogos como Bourdieu, que entendem a validade da linguagem como algo principalmente social`', ou de criticos da comunicacao como Sfiz, que chega a tachar a teoria da acao comunicativa como ingenua e presa a "forte mofo kantiano" / ". Mesmo assim, nao deixa de ser muito interessante que os filOsofos tambem se dediquem a urn estilo tipicamente reconstrutivo de aprendizagem, que se torna tanto mais momentosa por voltar-sea questao da moral como obra humana calcada na competencia politica. Apesar de resquicios transcendentais e de dicotomias desnecessa'rias (por exempt() entre agir comunicativo e estrategico), é marcante a proposta de aprendizagem da moral como caminho para a autonomia responsavel H . 2. Quanto a psicologia, a contribuicao mais importante ainda é a de Piagel, tendencialmente cognitivista", no sentido de dar importancia maior ao lado cognitivo da mente humana, certamente mais do que, por exemplo, ao lado emocional. Encontrou eco nas propostas de Maturana e Varela, bem como de Capra, que tendem a coincidir . vida corn cognicao", dentro de uma visao de "auto-regulacao". 0 construtivismo estabelece o processo de aprendizagem como o desenvolvimento permanente e cada vez mais elevado da capacidade de elaboracao propria", sem incidir necessariamente no evolucionismo teleolOgico, e orientado para a criatividade (fenOmeno da equilibracao). Em termos estruturais, tern-se dedicado a descobrir as condicOes gerais e invariantes do conhecimento human°, o que, quando mal entendido, leva a acusacao de estruturalismo excessive. Diante das tendencias pOs-modernas do conhecimento, este tipo de intento tende a ser mal visto, mas, em si, nao precisa significar nada mais que o esforco tipicamente formalizante de construir o objeto de estudo. Se o autor reduzisse o fenomeno da aprendizagem a meros esquemas formais dados, teriamos o vicio que a critica gostaria de vituperar e neste caso corn razao. Dificilmente se poderia superestimar a importancia da obra de Piagel e deste estilo de psicologia para a sustentacao de inovacOes educacionais, muitas vezes estereotipadas em modismos banais, mas, se devidamente reconstruidas, capazes de oferecer as criancas condicaes alternativas de aprendizagem. Mesmo sob a suspeita de estruturalismo excessivo, é postura que pode valorizar muito o pano de fundo hermeneutic° da crianca, consagrando a ideia correta de que a crianca é ponto de partida e de chegada na escola, sendo sua aprendizagem o criterio central de todo processo de avaliacao. Os modismos refletem sobretudo uma contradicao dos prOprios educadores que se dizem piagetianos, pois nisto mesmo negam a tese fundamental de Nagel: conhecimento se constroi, nao se copia; copiar Piaget é assassina-lo no ate'. Por outra, trata-se de uma proposta que marca ainda fortemente o ambiente latino-americano, como é o caso notorio de Ferreire. 0 enfoque psicolOgico é por vezes tambem mal interpretado, porque tenderia a ignorar o condicionamento social, como se a aprendizagem fosse algo que ocorresse solitariamente na cabeca da crianca, sem relacao corn o mundo. A fundamentacao piagetiana nao comporta este estreitamento, ate porque o conceito de equilibracao admite que a passagem para uma prOxima fase superior se da igualmente pelos 14 condicionamentos socials. Assim, esta objecao poderia facilmente ser levada ao absurdo: se o meio nab tivesse influencia na aprendizagem, educacao faria pouco sentido, ja que o caminho de cada qual estaria estruturalmente tracado sem possibilidade de inovacao histOrica. Educacao torna-se fenomeno relevante e decisivo, se nao nos atrelarmos a conceitos rigidos de estrutura. Pois é a maneira de conquistar histeiria propria, nao de apenas preencher estruturas 3. Observando a psicanalise, na esteira de Freud, é possivel ressaltar a importancia Ora a aprendizagem da relacao afetiva e emocional, coin reflexo decisivo para a auto-estima do aluno e para uma forma de autonomia emancipada. Pode servir de equilibrio a tendencias por vezes excessivamente cognitivistas ou que apreciam apenas tipos logico-formais de inteligencia". Entre as varias vertentes, pode-se chamar a atencao para o grupo de "psicoterapeutas construtivistas", que busca desenhar os processos de tratamento como similares a processos de aprendizagem de estilo reconstrutive. A cura sup6e, ao lado do esforco medico ou de especialistas, um projeto participativo do paciente, o que, na verdade, eliminaria a condicao de "paciente", como usualmente se coloca. Ou seja, nao basta a quimica dos remedios ou os procedimentos formais de tratamento, mas é mister a participacao do sujeito. E interessante notar que o conceito de auto-estima of vai muito alem da simples atitude de nao perder a confianca em si, ganhando a esfera muito mais relevante da capacidade de autonomia reconstrutiva. Apoios afetivos e emocionais nao poderiam descambar em producdo de dependencias neuroticas, mas na construcao da capacidade de autonomia reconstrutiva. E ocioso alegar que a psicanalise freudiana recebe criticas de todos os lados 21 , tanto mais hoje que seus fundamentos psicologicos podem ser mais facilmente contestados diante de novas achados cientificos T2 . Ademais, esta em yoga urn abuso freqfiente de suas bases, quando, por exemplo, se insiste em excesso sobre a "seducao" da aprendizagem, como se s6 fosse possivel aprender corn prazer. A qualidade total usou e abusou destas premissas, banalizando cursos que nao iam alem de "encantar". Entretanto, uma consideracdo mais atenta a teoria da neurose, por exemplo, vai descobrir logo que, na vida , real, aprendemos sobretudo a que nao gostamos de aprender, a comecar pela matematica na escola. E totalmente futil a ideia de aprendizagem como pura diversae. E papel do professor fazer da aprendizagem a coisa mais agradavel possivel, sedutora e envolvente, mas isto nao pode deixar de reconhecer que a vida nao é somente seducao. Trata-se da alegria do born combate, nao do bobo alegre. 4. Na psico-sociologia, a vertente principal e o interacionismo de Vygolsky, que realm o papel do contexto social da aprendizagem, o que pode, de urn lado, diminuir a tendencia cognitivista e estruturalista, e, de outro, valorizar a ambiencia humana, contribuindo para entender a aprendizagem como competencia humana, mais do que somente competencia formal. Ao mesmo tempo, esta visdo abre camp() mais facilmente para valorizar os contextos culturais e histOricos, inclusive a relacao ludica realcando sobremaneira as possibilidades de intervencao dentro de horizontes mais dialeticos 24 . Na America Latina, todavia, a valorizacao extrema feita hoje desta posicao se deve tambem a facilidade de estabelecer urn vinculo entre Vygotsky e Gramsci, ambos de origem marxista, cuja combinacao pode ser muito inspirada, nao fosse geralmente tambem muito banalizada. 0 que mais encanta sobre este pano de fundo é a teoria do "intelectual organico", sempre apta a salvar urn profissional too desvalorizado como é o professor, pelo menos na teoria. Deve-se alegar ainda que ja existe certo cansaco em torn() da teoria piagetiana, nao tanto por fraqueza desta, quanta por conta de fortes abusos teOricos e praticos. Entretanto, de pouco vale passar de um extremo a outro. Neste sentido, ja e comum contrapor Plage! e lzygot.cky como antipodas, quase sempre sob a alegacao superficial e apressada de que o primeiro é conservador e suporte do neoliberalismo em educacao, enquanto o segundo seria urn esteio da libertacao dos povos. Fla de se reconhecer que esta modista pode ter pelo menos o impact() de introduzir nos cursos algo de espirito critico diante do sistema atual, o que ja nao é desprezivel. Todavia, se a relacao nao e bem reconstruida, decorre urn tipo de educacao tambem nao menos mimetica que aquelas consideradas conservadoras. Urn ponto que pode ser ressaltado e a valorizacao do papel do professor, o que tambem ajuda a retirar propostas construtivistas do solipsisimo, como diria Tal solipsismo poderia provir da tendencia a considerar o sujeito ideolado e autodidata, ja que ele mesmo constroi seu trajeto, ainda que percorrendo fases estruturais dadas. Na pratica, porem, todos aprendemos juntos, dentro de um contexto social, mesmo quando imaginamos nos retirar para a solidao para estudar melhor. 5. Na biologia detem grande forca ainda a visa() de 114(llurana e Varela, coin base no conceit() de "autopoiesis", para expressar a ideia de autoformacao 2n , valida para qualquer ser vivo, nao so para seres humanos. Primeiro, o vivo nao e uma substancia, mas um modo de se organizer (auto-organizacao); .regundo, todo ser vivo é um sistema fechado, correspondendo isto a sua individualidade e a marca de sistema autodeterminado; terceiro, é dotado da capacidade de reagir construtivamente diante dos estimulos externos, de tal sorte que faz, dentro de seu ambito, hist:aria propria. Ao contrario da teoria do reflex() condicionado de Pavlov (tipica proposta de ensino domesticador), ressalta-se tambem a criatividade que caracteriza a vida sob todas suas formas, o que levaria a retocar a teoria da evolucao das especies de . DoTwin, no que tern de apreco excessivo pelo acaso, ja que a sobrevivencia estaria mais ligada a capacidade de aprender, do que a circunstancias fortuitas. Ponta mais alto desta visa() e o combate expresso as teorias instrucionistas, tomando como base sobretudo a epistemologia tomada do ponto de vista do observador. Nao 6 a realidade que se , 15 impf5e, mas o observador que nela seleciona o que é possivel ver, aproximando-se nisto bastante da teoria do "objeto construido" em metodologia cientifica. Infelizmente, Maturana nem sempre é bern conhecido na America Latina, como é exemplo clamoroso disso o Brasil, que apenas recentemente se dedicou a estuda-lo (sobretudo grupo de academicos da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte). Na verdade, ja é urn classico e urn patrimonio latino-americano, mesmo sendo suas propostas extremamente complexas e muitas vezes polemicas 27 . Chama a atenc5o, por exemplo, que a ideia de autopoiese, tambem incorporada na sociologia sistemicista de Luhman, foi interpretada por outros autores mais criticos como conservadora, sendo o caso de Habermas na Alemanha e Slez na Franca. A quest5o esta no mecanicismo determinista ai embutido, como reconhece explicitamente Maturana: a realidade externa nao se impOe ao sujeito, porque é o contrario que sucede — do ponto de vista do observador, é este que formata a realidade a sua imagem e semelhanca, selecionando nela aquilo que é captavel pelo cerebro human°. Nega, pois, o paradigma representacionista epistemologico, tipico do positivismo, mas nao vai alem de urn mecanismo circular. Este é tipicamente dinamico, mas voltado para si mesmo, e, neste sentido, -pouco criativo. A criatividade que se auto-regenera tem a si mesma como parametro, impedindo a percepc5o de estilo expressive, como diz Slez, que exige tambem o salto descontinuo 2 . Todavia, por estas e por outras, a biologia passou a ser vista como a regiao academica mais charmosa para a discuss5o sobre aprendizagem, ao lado do debate sobre inteligencia artificial. Segundo Sfez, Varela estaria um passo a frente de Maturana. "A argumentacao se apoia na introducao de dois novos termos para caracterizar a autopoiese: o lazer emergir' e a 'enacAo'. Corn efeito, se o conexionismo se prevalece da noc5o de `emergencia", que designa a producfto, no seio de urn conjunto, de uma nova `configurac5o de estados', afastando-se ja de uma analise em termos de representac5o para se dirigir a uma especie de construtivismo, a marca propria da quarta etapa, 'vareliana', é a passagem da noc5o de emergencia a de lazer emergir'. Corn o `fazer emergir', reconhece-se haver urn estado de coisas preexistente e a proposito do qual o sistema faz emergir uma configuracao de estados. Dinamizac5o do conjunto e impulso na direcao de uma adaptac5o reciproca: ent5o, a `enacao' (porque é assim que se designa essa ac5o interacional e emergencial) e mais do que uma simples interacao, do que urn contato de interface; trata-se da criacfto de configuracOes de estados em evoluc5o continua, dentre todas as configuracCies possiveis" (Ste' z, p. 206). Corn isto Vat-ela busca tlexibilizar o mecanicismo de Ailciturana, cuja rigidez pode aparecer, por exemplo, no reconhecimento de que é impossivel ao observador saber se sua visao da realidade esta deturpada, ja que esta, no fundo, somente entregue a si mesmo. Dentro do contexto da "enac5o", seria possivel admitir que, primeiro, o observador tambem é observado, pois nao e factivel urn posicionamento estritamente unilateral dentro de uma realidade tipicamente complexa e emaranhada, e, segundo, existindo uma comunidade de observadores, seria imaginavel que sua comunicacfto poderia contribuir para consensos em torno de visOes mais e menos deturpadas da realidade, sem, no entanto, se poder chegar a conclusOes peremptOrias, impossiveis em ciencia. Ademais, uma visao biolOgica deste porte pode nem sempre ser considerada suliciente para os cientistas sociais, como é o caso da teoria do amor, segundo a qual Maturana sustenta consistir o amor na aceitac5o do outro, deixando de lado a dialetica do desamor, certamente tambem parte integrante do dinamismo do encontro. Qualquer visao um pouco mais dialetica vai aceitar que a rejeic5o do outro e apenas a contraface da mesma moeda. Algo similar pode-se dizer da proposta de Wilson sobre "eonsiliencia", em torno da unidade das ciencias, corn base na matematica e na biologia, ao referir-sea esfera do social e do cultural, facilmente reduzidas a determinismos biolOgicos 2 `) . Embora Wilson aceite que a evolucao hoje tern como novidade importante a intervenc5o cada vez mais presente do ser humano, o que a retira do mero acaso, sua visao de sociedade é claramente positivista. Por outra, 7150 deixa de chamar a atencAo o fato de que nao cita, em momento algum, Maturana ou Varela, o que mostra o quanto este campo ainda e polemic°. Seja como for, nao deixa de ser Lima proposta fantastica da biologia o combate tao frontal ao instrucionismo. 6. VisualizacOes muito relevantes surgiram tambem na fisica p6s-moderns, tanto mais surpreendente ao reconhecer que o conceito de vida deveria incluir tambem a materia, cabendo a esta igualmente predicados sempre reservados apenas aos seres humanos, como criatividade, conquista de espacos, capacidade r 'cutiva, etc. Colocando em xeque a matematica linear e a visao positivista da realidade (sobretudo a ditadura do metodo), Prigogine encontra um isomorfismo nos seres maior do que se imagina, e parte para entender o caos estruturado, colocando a desordem da realidade como fato primeiro e como fator de criatividade. Embora nao tenha feito propriamente uma teoria da aprendizagem, seus estudos admitem estender a ideia tambem para o universo, que, estando em formac5o, tern um sentido histOrico irreversivel e é dotado da capacidade de auto-regulacao, sem qualquer ligac5o corn uma ordem teleolOgica; instiga fortemente a nocAo de realidade complexa ou de ordem complexa, que se aplica tambem ao processo de aprendizagem de estilo historico-estrutura1 30 . A quern provem das ditas ciencias humanas agrada muito ouvir de um autOr como Prigogine a expectativa do ressurgimento da dialetica (dedica-se ate mesmo a restaurar a proposta de Et/gets sobre a dialetica da natureza) 31 , imaginando que o encontro interdisciplinar da ciencia acabaria tomando a direcao das ciencias socials. Isto e abertamente contraditado por Wilson, que, corn base na matematica e na biologia, constroi uma "consiliencia" (consenso!) que vai ate a religiAo, passando pela cultura, ciencias socials, ciencias naturals, etc. Seja como for, para a aprendizagem de teor reconstrutivo esta polemica é de suma 16 importancia, porque restabelece alguns principios socraticos classicos, tais como: ambiente mais adequado de aprendizagem e o "caos estruturado", ja que ninguem aprende sem disciplina, mas aprender autenticamente é coisa que so combina com indisciplina, se for realmente algo criativo e critico; papel do professor nao e o de retirar dnvidas, apresentando conhecimentos acabados, mas o contrario, ou seja, arquitetar urn ambiente de eterna diivida, que leva muito mais ao saber perguntar, do que ao saber responder, tal qual se fez no "mundo de Sofia" 32 ; ao mesmo tempo, o erro faz parte intrinseca da apreliclizagem humana, consentaneo a concepcao de uma realidade de tessitura imprecisa, o que tambem pode preparar melhor para os desafios desconhecidos. Pode espantar que cientistas naturals digam tais coisas, propondo uma dinamica praticamente infinita no esforco cientifico", contrario aqueles que ja acreditam no "firn da ciencia" 34 . Surpreendentemente, tais cientistas sac, mais abertos que muitos cientistas sociais, sobretudo pedagogos, que, pregando a inovacao como coisa intrinseca da educacao, nao conseguem inovar em nada a pedagogia. Para a aprendizagem reconstrutiva, tipicamente inovadora, é fu; -,,lamental o reconhecimento de que o mentor ambiente de aprendizagem e o da incerteza, on, dito de outra maneira, da pesquisa, nao o da aula. Esta comete, entre outras barbaridades, o erro crasso de propor para o aluno coisas feitas, discursos prontos, dados definitivos, a tal ponto que precisa ser copiada. A ideia de que a escola oferece ao aluno um pacote ja definido na cabeca dos professores e nos livros didaticos, cabendo a ele "adquirir" conhecimento pela via da reproducao, é coisa medieval. Dal decorre urn aluno que cumpre ordens, pensa o que Ihe é oferecido e permitido, mas nao alguem que sabe contestar, perguntar, pesquisar, propor corn autonomia. A aula nao deixara de ocupar urn lugar na aprendizagem, mas certamente de teor coadjuvante apenas, pela razao simples de que a peca chave da aprendizagem é urn aluno que saber reconstruir conhecimento, acompanhado de urn professor que o auxilia na tarefa da reconstrucao. 7. Sao bastante conhecidas as propostas tipicamente interdisciplinares: ja é modismo o apreco a obras que talent psicologia e biologic e realcam a emocao e a subjetividade na aprendizagem, alcunhado de "novo paradigma". A pesquisa nao esta tao avancada como as modas desejariam, mas os resultados sao ja muito significativos, seja na critica forte contra os testes de inteligencia tradicionais (racionalistas, de cariz europeu e colonizadores), seja na valorizacao da emocao como motivacaa e ate mesmo como referencia principal da mente (mais que a raz5o), seja na importancia da pesquisa interdisciplinar, mais apta a captar as complexidades da vida concreta l) . Cabe apontar tambem para a pesquisa da consciencia, que tern en frentado a questao da inteligencia artificial, em ambiente de polemica acirrada. Os que defendem a inteligencia e a aprendizagem como fenomeno nao computacional, como Searle e Penrose36 , apostam na criatividade do ser humano, geralmente apelando para a ciencia da complexidade de cariz quantice, enquanto outros confiam que, sendo o ser vivo apenas um modo alternativo de organizacao da materia disponivel, nao estariamos longe de decifrar a questa() e que seria tipicamente computacional 3N . Ademais, algumas polemicas se tornaram ociosas diante fiesta nova maneira de ver a realidade e a inteligencia humana. Uma delas é a discussao geralmente esteril da questa) da qualidade, definida apenas como nao-quantidade ou coisas vagas como esta. Tomando o caso descrito por Damask) e vastamente usado nesta literatura, o mestre de obras que teve o cranio perfurado, ao perder massa encefalica, nao chegou a morrer, 1150 deixou de pensar, mas foi perdendo o senso moral. Embora tais fenomenos estejam ainda pouco delineados, foi o suficiente para colocar alguma luz sobre a necessaria combinacao entre quantidade e qualidade no ser humano: nenhuma qualidade humana e destituida de base material, e vice-versa. Sem adrenalina nao aparece emocao, ainda que emocao nao seja adrenalina. Outra polemica superada e aquela sobre quociente de inteligencia, sobretudo em seu aspecto mais behaviorista, porque representa uma imposicao unilateral de urn tipo de cultura, sem filar no cognitivismo, considerado parcial porque ignora a emocao. Por mais que esta vertente seja abusada na teoria e na pratica, 6 fundamental reconhecer a necessidade de que o professor, a par de sua competencia formal, carece de competencia politica, incluida a emocional. Este tipo de visa) mais interdisciplinar tern levado a valorizacao do que A SS117a1717 chama de "socieclade aprenclente", para indicar a caracteristica humana e biologica da capacidade de aprender em sentido sobretudo Trata-se de urn reencantamento da educacao, a medida que a subjetividade entra em jogo, seja no sentido mais radical de que vida pode se confundir em grande parte corn a aprendizagem reconstrutiva, seja no mais imediato de que, sendo aprendizagem algo tao natural, precisa representar tambem a vontade de viver, incluindo fortemente a face do prazer e da seduc5o. E claro que tais ideias se prestam as mais sonsas banalizacOes, mas isto nao lies retira o merit° intrinseco, hoje dotadas de base cientifica mais clara. Embora seja impraticavel entender o prazer sem a dor, esta fora de cliivicla que a escola carece urg,entemente de encanto. 8. A lingiiistica tambem trouxe colaboracao inestimavel, porque descortinou o horizonte da fala como acao 4" (Austin), ou da linguagem como nao espelho da realidade ij (Roily), ou como construc5o social da realidade 42 (Searle). liahermas tern utilizado esta nocao em sua teoria da acao comunicativa, indicando que a linguagem humana, alem de ser o diferencial mais importante de sua identidade (Mantrana), significa sempre uma postura reconstrutiva diante da realidade. Por certo, o mundo la forma nao depende de nossa linguagem para existir, mas nossos mundos sao aqueles que a linguagem permite e reconstrOi 13 . Esta maneira de ver coincide, com referencia a metodologia cientifica, a tese do "objeto construido", hoje tao difundida tambem em ambientes da ciencias naturals. como a fisica pos-moclerna que pretende tambem redescobrir a dialetica 44 . 17 A visao mais estruturalista da linguagem estaria cedendo a um paradigma mais dinamico, por vezes ja excessivo (Searle teme isto expressamente), que Sfez denomina como paradigma expressivo, contrapondo-se ao modelo "tataisia" de comunicacao (mescla perversa de autismo, tautologia e totalitarismo). A comunicacao é um fenomeno marcado sobretudo pela expressividade nao linear emergente, supondo por tras um consenso nao discutido (o "mundo da vida" de Habertnas) e hermeneuticamente plantado, mas nao encerrado al, porquanto a criatividade inesperada tambem nao Ihe é menos prOpria. 0 senso comum, tao desprestigiado na metodologia cientifica, sobretudo de estilo bachelardiano a , constitui o protOtipo desta linguagem complexa e expressiva, feita de textos e sobretudo de contextos, ironias e metaforas, sensibilidades e intuicoes, que fogem a formalizaceies excessivas. "E de fato curioso (e malicioso) constatar que se alguma coisa constitui um obstaculo ao empreendimento da linguagem artificial trata-se da conversa comum, corn suas idas e vindas, suas ligagoes omitidas, suas incoerencias, seas hiatos e seus lapsos, bem como a carga implicita por ela transportada. Nesse ponto fracassam todas as tentativas de organizacao e inclusao em diagramas. Ha um resto, e esse resto é o comum da fala; o insignificante, o falar para nada dizer, o banal e suas modalidades singulares. 0 superficial, aqui, faz as vezes do profundo: o que permanece inatingivel é bem essa errancia do sentido e seu carater vago, que flutua e hesita, e que exige a interpretacao. Reversao de valores que faz do objeto comum (a opiniao e os discursos corriqueiros) o foco dos programas mais elaborados, quando ha pouco tempo ele era considerado desprezivel e sem interesse" 46 . Dai parte a critica a ciencia cognitiva, tipicamente computacional e representational, ignorando o pano de fundo expressive e hermeneutico da linguagem. "... Ao contrario do computador, corn suas imagens que representam processos linguisticos, a palavra viva tern urn aspecto desordenado, urn modo de dizer toda e qualquer coisa, que e uma maneira disfarcada de ocultar o que pode ser duo, e menos ainda mostrado" (Siez, p. 321). A linguagem artificial tern proposto avancos notaveis e ocupa ja urn lugar definitivo na esfera cientifica, mas esta longe de substituir a linguagem humana, tipicamente reconstrutiva, pelo menos por enquanto. 9. Poderiamos encontrar apoio tambem em representantes da matematica, como ja aludido, possivelmente corn destaque para Penrose. Apresenta pelo menos dois argumentos interessantes: de urn lado, apelando para o teorema da incompletude de Godel, busca mostrar que todas as formalizacOes mais complexas nao conseguem ser levadas ate ao fim, por conta de sua incompletude intrinseca, o que lembra o "circulo hermeneutico" na filosofia e nas ciencias hi:Imams (toda definicao de termos inclui termos ainda nao definidos, de tal modo que nenhuma discussao pode, a rigor, fechar, recaindo numa regressao ao infinito ou numa "cegueira" -"); de outro, imagina que faz parte da aprendizagem humana o erro, que, menos que urn fracasso, é o signo do processo reconstrutivo permanente 4 . Neste sentido, entre outros, rejeita que a inteligencia humana seja computacional, donde seguiria que o computador nao saberia aprender. Trata-se obviamente de urn estilo nao linear de matematica, possivelmente quantica (talvez a fisica quantica pudesse explicar melhor o cerebro), capaz de dar conta de processos dialeticamente reconstrutivos. Pode-se incluir neste movimento tambem esforcos atuais em torno da aprendizagem da matematica, como a "etnomatematica", que expressa, entre outros horizontes, a caracteristica social da descoberta e do use da matematica como linguagem do cotidiano 49 . 10. Ja a pedagogia continua mantendo a tendencia instrucionista, coin base em didaticas de mero ensino, tendo como fundamentos principals a aula e a prova. Os proprios resultados muito magros do aproveitamento escolar dos alunos indicam que se trata de propostas obsoletas 50 . 0 que mais estranha é que, cabendo a pedagogia o mandato de renovar os procedimentos de aprendizagem de maneira permanente, siga resistindo a qualquer inovacao mais profunda nesta parte )/ . Nossas instituicOes educacionais continuam tacanhamente instrucionistas, nas quais o aluno é levado a absorver conhecimento como uma esponja, tendo a sua frente urn professor que oferece conhecimentos acabados, tao acabados que precisam ser copiados e reproduzidos nas provas. 0 problema talvez mais grave esteja nas entidades de formacao dos professores, onde a regra é dar e assistir aula, em ambiente marcado pela reproducao. As teorias modernas e pOs-modernas consagram a conviccao de que o melhor ambiente de aprendizagem é o da pesquisa e da elaboraefio prOpria, individual e coletiva. Pesquisa vem entendida nao so como "principio cientifico" (metodo de gestacao da ciencia), mas sobretudo como "principio educativo", ou seja, como estrategia de aprendizagem reconstrutiva' - . Nao é viavel aprender sem esforco reconstrutivo pessoal, que exige estudo sistematico e sempre elaborado, corn a presenca maieutica do professor. Esta visa° nao acarreta o solipsisrno autodidata, porque o processo é inseparavel da insercao social, no sentido interacionista. 0 que se pretende acentuar e que nao se aprende apenas escutando professores, tomando nota, vendo televisao, ouvindo conferencias, fazendo prova, porque ainda nao se teria atingido o nivel especificamente reconstrutivo. Ao mesmo tempo, esta maneira de ver ressalta a cidadania, no sentido de que aprender é coisa de sujeito participante e empenhade. Neste sentido, é fundamental reconhecer que a aprendizagem dos alunos e diretamente proportional capacidade de aprender dos professores. A definicao tradicional de professor supunha-o como repassador de conhecimento e por isso era urn perito em aula. Hoje, esta funcao e facilmente assumida pela informatica ou pelos meios modernos de comunicacao, o que dispensa o docente que apenas sabe dar aula. Sua funcao, todavia, continua central no sentido do orientador do processo de aprendizagem do aluno, corn .qualidade maieutica. Dai segue que, para resgatar os sistemas educacionais latino-americanos, a premissa mais sensivel 18 é o professor: enquanto for prova da exclusao, nao sera a figura capaz de trabalhar a inclusao popular''. Ademais, nao é mais possivel aceitar que o especialista em formacao possa ser mal formado. E fenomeno marcante, tipicamente pOs-moderno, que os profissionais da aprendizagem, geralmente pedagogos, comparecam na discussao como a parte mais desatualizada. Encontramos aqui, na linguagem de Habermas, uma frontal contradicao performativa, no sentido de que o discurso, sendo incoerente consigo mesmo, se desfaz na pr6pria contradicao". INao é possivel inovar sem se inovar. Assim como é contraditOrio questionar e nao admitir ser questionado, ou avaliar e fugir de ser avaliado, é absurdo pretenderse inovador permanecendo sempre o mesmo. 0 que estamos chamando aqui de fenomeno tipicamente posmoderno rs esta coerencia metodolOgica do conhecimento, que é inovador porque se oferece a si mesmo, antes de mais nada, como objeto da inovacao. Literalmente, so pode ser cientifico, o que for discutivel. Enquanto a pedagogia lido se aceitar como discutivel, nao souber se desconstruir, nao tiver a coragem de conviver corn o dinamismo estrutural das mudancas permanentes, pode fazer o discurso que quiser sobre mudanca e transformacao social, porque sera apenas inconsequente e inoperante. De nada adianta, por outra, esta resistencia, porque a vida continua e argumentacOes poderosos surgem de outras partes, por vezes de onde menos esperamos, como da fisica e da matematica. E algo surpreendente e sobretudo gratificante ver que tais areas cientificas se dispOem a abrir-se por inteiro, tendo como razao maior a necessidade de aprender sempre. Quem nao sabe escutar uma critica, nao sabe aprender. / FREITAG, B. (Org.). 1998. Piaget - 100 Anos. Cortez, Sao Paulo. BECKER, F. 1997. Da Acao a Operacao - 0 caminho da aprendizagem em J. Piaget e P. Freire. DP&A Edit., Rio de Janeiro. 2 MORAES, M.C. 1997. 0 Paradigma Educational Emergente. Papirus, Campinas. 3 EAGLETON, T. 1998. As IlusOes do Pes-modernismo. Jorge Zahar Ed., Rio de Janeiro. 4 DEMO, P. 1998. Questbes para a Teleducacao. Vozes, PetrOpolis - veja capitulo sobre aprendizagem. DEMO, P. 1998. Educar pela Pesquisa. Autores Associados, Campinas, 4". ed. 'HABERMAS, J. 1986. Consciencia Moral e Agir Comunicativo. 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UNIJUI, ljui. 12 Existe atualmente tambem a objecao baseada na descoberta de que a capacidade perceptiva da crianca seria hem mais ampla do que Piaget imaginava. "A percepcao depende da deteccao das propriedades fixas e variaveis do ambiente, mais do que da sua construcao por intermedio da acao" (BUTTERWORTH, G. 1997. Inteligencia Infantil. In: J. Khalfa (Org.). 1997. A Natureza da Inteligencia. Ed. UNESP, Sao Paulo, p. 61). Dai nao segue que as criancas sejam "meros receptores passivos dos estimulos visuals" (p. 62), mas "as relacOes entre os sentidos sao mais desenvolvidas do que a explicacao de Piaget assumiu" (p. 64). /3 Veja principalmente recepcao de Capra da teoria de Maul-arm e Varella: CAPRA, F. 1997. A Teia da Vida, op. cit. "GROSS!, E.P./BORDIN, J. (Orgs.). 1993. Construtivismo POs-piagetiano - Um novo paradigma sobre aprendizagem. Vozes, PetrOpolis. GOULART, 1.B. 1996. Piaget - Experiencias basicas para utilizacao pelo professor. Vozes, PetrOpolis. 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CONFER ENCIA 2 ACCESSING THE WORLD OF SCIENCE FROM YOUR P.C.: THE, BRITISH OPEN UNIVERSITY'S EXPERIENCE Dr. Denise Whilelock Open Universio , (sem resumo) 23 PALESTRAS Pl: Mecanica Quantica: epistemologia e histOria Olival Freire Junior - IF/UFBA P2: Ensino de Astronomia: desafios e perspectivas Silvia H. Becker Livi - IF/UFRGS P3: Modelos Mentais Marco Antonio Moreira - IF/UFRGS P4: 0 use da Internet nas aulas de Fisica Basica Nilo Makiuchi - IF/UnB P5: 0 ensino de Fisica IntrodutOria na universidade Miguel Angelo Gregorio - IF/UFRJ P6: 0 Ensino de Fisica na prOxima decada a partir de uma analise da HistOria da Ciencia Joao Zanetic - IF/USP P7: Modelos e realidade no conhecimento cientifico: limites da abordagem construtivista Mauricio Pietrocola - Depto. Fisica/UFSC PALESTRA Ph MECANICA QUANTICA: EPISTEMOLOGIA E HISTORIA Olinal Freirelr. Institute de Fisica — UFBa — [email protected] Pretendo examinar quais as contribuiciies que a epistemologia e a histOria da fisica podem trazer para a difusao da teoria quantica, entendendo por difusao especialmente o sett ensino no ciclo basico dos cursos universitarios, na formacao dos professores de fisica, os nossos colegas licenciados, e mesmo no ensino de Fisica no segundo grau. Quern portanto focar aqui o pnblico que possivelmente nao tern outro contato em ensino formal corn esta teoria fisica. Restringindo ainda mais a questa°, pergunto: que licoes podemos extrair, apoiados na historia e na epistemologia, dos 70 anos de controversias sobre a interpretacao e os fundamentos, que sejam relevantes para a divulgacao e o ensino desta teoria? Antecipo a opiniao de que ha muita fisica a aprender corn a controversia dos quanta, e tambem ha muito a aprender sobre a fisica. 0 ponto de partida da minha reflexao e a constatacao de que somos contemporaneos de uma controversia cientifica inconclusa. E verdade que se trata de uma controversia sui generic, porque ela coexiste corn urn amplo e crescente consenso sobre o use do formalism° da teoria, e mesmo urn consenso quase unanime de que ela é a teoria fisica mais precisa e mais fundamental que dispomos. Observo aqui que esta coexistencia de controversia e consenso nos impossibilita acomodar a histOria da teoria quantica pos 1927 nos marcos da concepcao de T, S. Kuhn de alternancia entre periodos de revolucao cientifica e periodos de ciencia normal. A controversia na teoria quantica persiste porque segmentos da comunidade dos fisicos tern posicao diferenciada face a uma serie de problemas e porque uma parcela mais expressiva reconhece a existencia de problemas sem solucao satisfatoria. 0 reconhecimento da existencia de uma controversia inconclusa nos leva de imediato a uma constatacao e a uma pergunta. E forcoso constatar que nao sabemos como difundir uma teoria cientifica quando persistent controversias sobre alguns de seus aspectos; etas, face a controversia, o que deve ser divulgado e ensinado da teoria quantica? De inicio penso que deve ser difundida a prepria existencia da controversia. Joga-la debaixo do tapete nao e uma boa sugestao. lneficaz e antipedagogica. Sua divulgacao poderia nos ensinar nao s6 ciencia, no caso a teoria quantica, como muita coisa sobre a ciencia, especialmente sobre relacOes indissolnveis entre ciencia e filosofia, etas tambem sobre as relacoes destes dois campos do conhecimento corn a esfera da ideologic e da politica. A histOria da controversia pode nos ensinar tambem o valor da critica na ciencia para o seu proprio esclarecimento e desenvolvimento, afinal hoje existent propriedades quanticas, como a naolocalidade e a descoerencia, que passamos a conhecer precisamente como fruto da controversia continuada. Corn a historia desta controversia podemos aprender algo tambem sobre os criterios de decisao que os cientistas adotarn face a controversias cientiticas; podemos, portanto, aprender coisas sobre a dinamica da construcao da ciencia. Resta, contudo, o problema mais delicado: como difundir a teoria quantica e a controversia sobre sua interpretacao e seus fundamentos? Fazendo uma 'suspensao de juizo' sobre todos os temas sobre os quais incidam a controversia? Se adotarmos esta postura o que restara da teoria quantica? Restara aquilo que Michael Redhead chamou de inierprenvie instrumentalista 11711.7%111(1, a juncao do algorinne de quantizacao corn o algorinno ou seja, seu formalism° matematico e relacOes entre o formalism° e dados experimentais. Deve se notar que a controversia incide sobre diversificados aspectos da teoria quantica, a exemplo da descricao probabilista (contraposta a existencia de interpretacOes deterministas como a das variaveis escondidas), dualidade onda-particula (complementaridade, ou onda e particula, ou apenas particulas, ou apenas ondas?), nao-localidade, etc. Uma teoria quantica isenta de todos sells elementos interpretativos, feita uma assepsia total dos seus aspectos controversos, seria algo inodoro, sem atrativos conceituais e epistemoleg,icos, e de discutivel valor na formacao dos licenciados em fisica ou para o ensino em niveis mais basicos. Scria, contudo, mesmo assim, urn inst•umento eficaz para a produczio da fisica, que nao e o aspect() do qual nos ocupamos agora. Por outro lado, apresentar em pe de igualdade todas as posicOes concernentes a todos os aspectos sob controversia nao parece uma postura razoavel e plausivel. Aqui esta uma questao, me parece, onde a historia e a epistemologia podem nos ajudar a tomar decisOes concernentes ao ensino e a divulgacao de uma dada disciplina cientifica. Nao devemos resvalar para uma posicao empirista e difundir apenas Os conceitos ou teorias que derivem diretamente da experiencia, pois isto nos levara a um beco sem saida. "A exigencia de tao-somente admitir teorias que decorram dos fatos deixa-nos sem teoria alguma", anota Feyerabend i retomando a critica ao empirismo que comeca com Hume. Do conjunto de resultados experimentais destes cent anos de teoria quantica nao se pode deduzir nenhum conceito ou teoria, pois ha um gap logic° entre estes dados e os conceitos e teorias. Teorias como interpretacees de formalismos matematicos igualmente inclucm componentes filosOficos alem da mera interpretacao de dados empiricos, como Max Born lembrava a Leon Rosenfeld' Conceitos e teorias da Fisica sao byres criacOes humanas, a experiencia pode, no maxim°, sugerir caminhos, como afirmava Einstein. Nao devemos, contudo, it para um relativismo extremado e afirmar que todas as teorias, ou interpretacaes, que nao tenham sido refutadas pelos dados empiricos (independente de quad problematica seja esta afirmativa), sal° igualmente equivalentes. Ao adotarmos uma postura realista, 25 como a de Chalmers', afirmando que a Fisica "encerra o objetivo de estabelecer generalizacOes [tearicas] aplicaveis ao mundo fisico", e que seu exit° deve ser avaliado em funcao da sua capacidade de se aproximar deste objetivo, devemos ousar examinar a historia deste seculo de teoria quantica, extraindo aspectos conceituais e interpretativos que devam ser valorizados na difusao da teoria quantica, incluindo aspectos que sao ainda objeto de contestacao, [ao lado da difusao da propria existencia da contestacao]. Ern especial devemos perguntar: qual Fisica temos aprendido como decorrencia da controversia e nao de seu desenvolvimento menos problematico? Como conjecturas, carecendo de maior exame e aprolundamento, sugiro incluir entre tais questOes as seguintes: 1 - A teoria quantica introduziu na fisica, pela primeira vez, descricOes probabilistas como descricOes fundamentals, nao redutiveis a descricOes ainda mais basicas. De modo mais precise ela quebrou o ideal do determinismo laplaciano como mode de determinismo prOprio a fisica. Ao lado da teoria quantica, e independents dela, a teoria dos sistemas dinamicos limitou fortemente o conceito de previsibilidade nas teorias da fisica. Aqui deve ser dito que ha uma formulacao alternativa determinista para a teoria quantica, a teoria de variaveis escondidas de David Bohm, e que nao ha resultados experimentais que invalidem ou que criem dificuldades para esta formulacao. Contudo, coma o praprio Bohm reconheceu no seu 'Causality Chance in Modern Physics", a HO ° epistemolOgica mais geral a ser extraida é que tanto teorias deterniinistas quanto teorias probabilistas podem se apresentar como candidatas ao estatuto de teorias fisicas fundamentals, tudo dependendo do dominio e da natureza dos fenomenos considerados. E importante registrar que a prOpria critica a interpretacao usual (da complementaridade) deslocou-se de uma enfase initial na quebra do determinismo para outros aspectos daquela interpretacao. 0 caso de Mario Bunge, fisico e filOsofo argentine é interessante neste sentido, pois Bunge no inicio dos anos 50 aderiu a interpretacao causal proposta por David Bohm, tendo trabalhado corn ele na Universidade de Sao Paulo, mas ulteriormente mudou o foco de sua critica a interpretacao usual, concentrando-se em uma critica ao papel adquirido pelo observador naquela interpretacao. 2 - A teoria quantica implica que sistemas correlacionados quanticamente, a exempla de sistemas que interagem e se separam espacialmente, mantem esta correlacao mesmo que separados no espaco-tempo. Esta consequencia da teoria foi primeiro apontada por Einstein, em 1935, que considerou-a urn sinal de insuficiencia da teoria. Na decacla de 60 Bell traduziu a evidencia eiristeiniana de independencia de sistemas que estao separados espacialmente em urn criterio bem definido matematicamente que denominou de localidade. Bell mostrou tambem que as predicOes da teoria quantica nao se adequavam a esta evidencia. Diversos experimentos tens sido realizadas desde entao corn resultados que corroboram a teoria quantica, dos quais o mais significativo, pela sua precisao a epoca e pela sua repercussao na comunidade cientifica foi aquele realizado par Aspect e sua equipe em Paris. A atirmativa anterior poderia ser contestada por aqueles que, partindo do fato de que nesses experimentos estao envolvidos, alem dos resultados de Bell, hipOteses adicionais, sao de opiniao que os resultados experinientais desfavoraveis devern ser debitados na responsabilidade das hipateses adicionais e nao na evidencia einsteiniana da localidade, chegando a conclusao de que tais experimentos nao sao de maneira alguma conclusivos. Ora, Pierre Duheni nos alertava, desde o inicio do seculo, que nao existem experimentos cruciais na Fisica, porque os experimentos testam sempre uma previsao teOrica e um conjunto de hipotese tearicas suplementares 4 . E ilus5o portanto esperar por um experiment° que teste sem nenhunia ambiguidade o conllito entre a localidade e a nao localidade. Aqui a analise epistemolOgica e histarica do problema é insubstituivel. A nao-localidade e propriedade que decorre diretamente do formalism° matematico da teoria quantica, o qual tem sido submetido a testes diversiticados, e nao so aqueles relacionados a nao-localidade. E sintomatico que a mais bem sucedida interpretacao rival da complementaridade, a das variaveis escondidas, que apresenta uma equivalencia empirica quase total face a teoria quantica, apresente a mesma propriedade da nao-localidade. Concorde, portanto, corn a analise de Paty, que a nao-localidade se converteu em urn fate, no sentido de "uma propriedade fisica dos sistemas quanticos", devido a sua "inscricao no formalism° e corroboracao pela experiencia"'. Valorizar a propriedade da nao-localidade na divulgacao da teoria quantica nao nos isenta de colocar em evidencia as dificuldades interpretativas que ela acarreta. Fla nao representa uma violacao da relatividade restrita etas ela evidencia que a descricao dos fenomenos quanticos nao pressupOe uma arena do espaco-tempo para o acontecimento destes lenOmenos. Reconhecer a nao-localidade implica, portanto, em reconhecer que as relacOes entre a teoria quantica c a geometria, ou entre aquela teoria e o continuo espaco-tempo, ainda demandam um major esclarecimento. 3 - A ciescricao fornecida pela teoria quantica para a interacao entre sistemas quanticos simples, e sistemas macroscapicos coma aparelhos de medida, pode levar a Lima superposicao coerente de auto-estados macroscopicos, ou seja, a teoria quantica preve que sistemas macroscapicos podem exibir superposicOes tipicas de fenomenos quanticos. J. von Neumann parece ter sido o primeiro a colocar isto em evidencia, no inicio dos anos 30. Schrodinger, em 1935, mostrou cam a seu 'paradoxo do gala' que tal conclusao era inaceitavel. Ora, foi precisamente a continuidade da cantroversia sabre o problema da medicao que levou a desenvolvimentos, nos marcos da prepria teoria quantica, que mostraram que a interacao entree sistema mais o aparelho de urn lado, e o mcio ambiente de outro, sendo este Ultimo expresso por sistemas com um tinnier° muito grande de gratis de liberdade, destruira em intervalos de tempo muito pequenos aquela superposicao 6 . 26 Aqui deve ser dito que a Fisica brasileira tern tido participacao relevante nestes esclarecimentos, tanto corn o trabalho de Arnir Caldeira, quanto corn o trabalho de Luis Davidovich, que foi urn dos autores, ern 1996, da proposta do sutil experiment° onde se observou, no intervalo de tempo previsto pela teoria, a destruicao da superposicao coerente de estados macroscopicos. A compreensao deste cleft() lanca luzes para a compreensao de urn problema mais geral, o da relacao entre sistemas microscapicos e sistemas macroscapicos, ainda que uma compreensao exaustiva do problema da medicao nao tenha sido atingida'. Embora os primeiros experimentos significativos neste terreno tenham sido realizados ha mews de tres anos, o Professor Moyses Nussenzveig acaba de nos demonstrar que nao precisamos esperar muito para incluir este problema no ensino de Fisica basica, introduzindo no 4° volume de seu C'ursa de Fisica Basica, uma discussao sobre a interpretacao da mecanica quantica, abrangendo a descoerencia e a nao-localidade. Do mesmo mode e alvissareiro que Halliday, Resnick & Walker tenham incluido na quinta edicao de seu F1117ClallICI7kIIS Of PIMP. CS, publicado em 1997, uma referencia ao experiment° EPR e seas testes experimentais. 4 — Decorridos 70 anos desde o anitncio da interpretacao da complementaridade por Niels Bohr, e mais de 40 anos de urn periodo de major ceticismo face a esta interpretacao, portanto urn periodo de major exame critic(); continua atrial a necessidade de desembaracar esta interpretacao de suas ambic6es filosoficas e de sua roupagem positivists e observacionalista. Acredito haver urn `melee duro' na complementaridade que tern resistido bem as criticas. Trata-se da tese que a principal inovacao conceitual da teoria, o `postulado quantico' na expressao de Niels Bohr, reside na afirmacao de Planck da existencia de urn quantidade minima de acao, expresso na constante clue hoje leva sett nomc. Ora, 6 este quanIum de acao o responsavel pela complementaridade entre grandezas canonicamente conjugadas; (la qual decorre a complementaridade entre ondas e particulas. Sendo assim a divulgacao da Fisica Moderna deveria destacar a centralidade da grandeza acao, e do seu quantum minim°, ainda que um estudante de Fisica, ou de Engenharia, so tenha contato corn esta grandeza ern cursos mais avancados de Mecnnica on ern cursos de Mecanica Analitica. Que isto possivel, esta bent demonstrado no livro de Levy-Leblond e I3alibar — ()mimics — Rudiments, dirigido precisamente a alunos de ciencias on engenharias ern um curso basico de Fisica. Os autores dedicam o primeiro capitulo a discussao do 'regime quantico' corn o objetivo de estabelecer o limite de validade da fisica classica e a necessidade de uma fisica quantica, sugerindo como `o criterio quantico' saber se a acao envolvida e da ordem de grandeza da constante de Planck; concluinclo que caso seja bcm maior o fenomeno se presta ao tratamento classic°. Ate aqui nenhuma novidade conceitual, a inovacao didatica 6 o calculo da acao associacia a cellos fenomenos usando simplesmente a Analise Dimensional e a identificacao das variaveis relevantes para o estudo do fenOmeno ern tela. SO teriamos a ganhar se na divulgacao da teoria quantica nao limitasscmos a expressao acao para indicar a dimensao da constante de Planck. Concluo, resumindo, a controversia sobre a interpretacao da teoria quantica tern nos ensinado compreencler melhor as implicacOes fisicas da propria teoria, a exemplo da nao-localiclade e da transicao coerencia — descoerencia, alem de ser urn ()limo 'exemplar' para o estudo da natureza deste procluto humano, a ciencia. 'P. Feyerabend — Contra a metodo, Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1977, p. 87. think I know what you mean by saying that the complementarily attitude is not metaphysics, about which one ould be of different opinion, but straight-forward interpretation of empirical facts. But I cannot quite agree to this. tithe situation is carefully analysed a lot of non-empirical intermediate steps are easily discovered which one could call metaphysical". Carta de Max Born a Leon Rosenfeld, 28.01.1953. (Rosenfeld Papers, Niels Bohr Archive). 3 A. Chalmers — A jabricacao da ciencia, Editora UNESP, Sao Paulo, 1994, p.57. 'Pierre Duhem — Algumas rellexOes acerca da Fisica experimental, Ciencia e Filosolia, 4, 87-118, 1989. 'Michel Paty — La non-separabilite locale et ('objet de la theorie physique, Fundament(' Scientiae, 7(1), 4787, 1986, esp. p.54. ° Para uma apresentacao da teoria e dos experimentos sobre o fenOmeno da descoerencia, ver L. Davidovich Hole, 24(143), 1998, 26-35; e S. Haroche, Physics. Today, 51, July 1998, 36-42. '0. Pessoa Jr. — How can the decoherence approach help to solve the measurement problem?, SO// 113(3), 323-46, 1997-8. 2 "1 PALESTRA P2: ENSINO DE ASTRONOMIA: DESAFIOS E PERSPECTI VAS Prof" Sjhis Becker Livi Departamento de Astronomia do Institute de Fisica da UFROS si Iv i a(i-0 ufrgs.br Aceitei o gentil convite para ministrar esta palestra, cujo titulo foi proposto pelos organizadores do simpOsio, pensando compartilhar mens anseios por urn melhor ensino de Astronomia. Iniciarei apresentanclo algumas caracteristicas que identificam a Astronomia e a distinguem das demais ciencias, desde sua origem. 27 - A Astronomia é citada em muitos textos como a mais antiga ciencia, pois apenas alguns ramos da Matematica seriam igualmente remotos. Desde o inicio, a Astronomia se desenvolveu em conjuncao corn a Matematica. A trigonometria, por exemplo, foi criada por astronomos. Como as "posicOes" das estrelas no ceu so podem ser identificadas atraves de angulos, medidas angulares sao essenciais. A circunferencia foi dividida em 360 gratis pois esse é o nnmero de dias que se atribuia ao ano naquela epoca. - 0 movimento dos astros parece regular e uniforme, sempre circular. As estrelas "fixas" mantem um movimento circular simples; as "errantes" ou planetas, que se deslocam em relacao as fixas, teriam uma composicao de diversos movimentos circulares uniformes. Esse sistema, baseado na mais perfeita forma matematica, o circulo, foi reforcado por Plata° e Ptolomeu e se manteve como o ideal - dos astronomos ate Copernico, inclusive. Para ajustar os movimentos observados foram propostos diversos mecanismos, geralmente corn a Terra no centro, e usando varias tecnicas. - Os astros sao inacessiveis e se comportam de modo distinto dos corpos que costumamos observar no ambiente terrestre, nao apenas por seu movimento. Sao imperceptiveis modificacOes no brilho e posicao angular relativa das estrelas, organizadas em constelacoes aparentemente invariaveis. Na classificacao proposta por Aristateles, a materia que formava os corpos celestes era considerada imutavel, de natureza diferente da existente na Terra. Portanto, quaisquer eventos observados no ceu que indicavam alteracOes intrinsecas, como os cometas, eram considerados "sublunares", isto e, eram atribuidos a objetos ou fenomenos atmosfericos e, portanto, corruptiveis e variaveis como os demais corpos terrestres. - Embora os conceitos acima referidos parecam alienar os astros do ambiente terrestre, sabemos que, desde os primordios da humanidade, foram reconhecidas as relacOes entre os astros e eventos do nosso cotidiano, como o ciclo diurno do movimento do Sol (dia e noite) e as variacOes da trajetoria do Sol no ceu (estacoes do ano), que regulam os ciclos de vida na Terra. Corn base neles foram feitos os calendarios, que tambem levavam em conta as fases da Lua, definindo as atividades civis e religiosas. 0 tempo, portanto, tem suas raizes na Astronomia. - Os astros sao usados para orientacao de diversas ayes e outros animals. Imaginamos que os primitivos hominideos tambem teriam observado os astros, reconhecido seus padrOes, utilizando-os para se orientar e, finalmente, transmitido para outros essa habilidade. - Paralelamente aos modelos matematicos, havia a mitologia, associada as constelacOes e aos planetas, baseada nas relacOes corn os eventos locais na epoca do aparecimento dessas constelacOes, no seu aspecto e como recurso mnemonic° para navegadores e agricultores. Esses mitos tentavam dar uma explicacao para o aspecto do ceu e setts fenomenos. - Desenvolveu-se, tambem, a cosmologia, especulacrio e elaboracao sobre a constituicao e estrutura do Universo. 0 prOprio nome "cosmos" (ordem, harmonia), ja envolve o conceito de que o Universo e organizado segundo regras que podemos tentar desvendar. Era originalmente parte da Filosofia (ainda encontramos essa classificacrio nas bibliotecas de Filosofia). Hoje, entretanto, os filOsofos nao mais consideram poder contribuir nessa area, que se desenvolve corn tecnicas observacionais e metodos matematicos muito elaborados. Os modelos se sucederam, desde os mitos, passando pelos que supunham a Terra estatica e no centro, como os de Plata°, AristOteles e Ptolomeu; os centrados no Sol, como os de Copernico e Kepler, ate o reconhecimento de que o Sistema Solar nao deve ser unico e sequer sua posicao e privilegiada. Mas, para chegar a vislumbrar tais possibilidades, foi essencial conceber que os objetos celestes sao constituidos pelos mesmos elementos e seguem as mesmos leis basicas que deduzimos para os corpos na Terra, que podem ser testados e examinados atraves de experimentos (fisicos e coimicos). Galileo, usando was observacOes corn o telescopio, encontrou evidencias que julgou suficientes para derrubar o antigo sistema aristotelico. Mas foi atraves da espectroscopia que se pode conferir que os elementos identificados nos astros ocorriam tambem na Terra. Corn ela, tambem se pode verificar que alguns objetos nebulosos sac, nuvens de gas, Inas outros sao imensos aolomerados de estrelas. la em suas primeiras observacOes telescOpicas, Galileo encontrara um impressionante nOmero de estrelas na reoirio da Via Lactea. Ela corresponde a urn imenso ao,lomerado de estrelas, oas e poeira, distribuidas em urn disco muito achatado, que foi denominado "a Galaxia". Mas so neste seculo ficou estabelecklo que existem muitas out -as galaxias, em nOmero semelhante ao de estrelas da nossa galaxia, avaliado hoje em cem bilhOes de estrelas. Edwin Hubble, a partir de observacOes, determinou, em 1930, que, nas galaxias mais distantes, o deslocamento no comprimento de onda das linhas do espectro era sempre para o vermelho e proporcional a distancia da galaxia Terra. Deslocamentos semelhantes, que afetam todas as linhas espectrais, tanto para o azul quanto para o vermelho (comparado cool o dessas linhas medidas em repouso nos laboratOrios), ha haviam sido observados em estrelas, sendo constantes em alguns casos, porem variaveis em outros. A interpretacao como efeito Doppler-Fizeau, isto C. devido ao movimento relativo entre essas estrelas e a Terra, abrira uma importante area de investigacao, permitindo que se obtivesse a velocidade radial das estrelas. As linhas do espectro de algumas estrelas tinham variacOes ciclicas compativeis corn a interpretacao de ser efeito Doppler gerado por variacOes de velocidade de duas estrelas, uma gravitando em torno da outra. Nesses casos de sistemas binarios surge a possibilidade de inferir a relacao entre as massas das estrelas, o tamanho de suas Orbitas e outros, medindo a razrio entre os deslocamentos das linhas, mesmo se o telescOpio usado sequer possui resolocao angular soliciente para permitir a visao de duas estrelas. 0 efeito Doppler nao foi contestado para explicar o que ocorria corn as estrelas, ate porque, quando telescopios mais potentes eram usados, o par de estrelas acabava sendo detectado. No caso das galaxias, se o 28 deslocamento para o vermelho ("redshift")das linhas, que se observava aumentar coal a distancia das galaxias, fosse gerado por efeito Doppler, a sua velocidade de afastamento aumentaria na proporcao de sua distancia. Esse contexto, de expansao em larga escala, feria o principio do Universo ser, em grande escala, invariavel no tempo, como geralmente era aceito em Cosmologia. Foram tentadas outras interpretacOes, inclusive a de que o aspecto geral do Universo (sua densidade, por exemplo), se manteria devido a continua criacao de materia, que iria preenchendo os vazios decorrentes da expansao entre as galaxias. Atualmente é geralmente aceito o contexto do "Big Bang", isto 6, a suposicao que o Universo iniciou em uma especie de super explosao, a partir de urn estado de imensa condensacao e altissima temperatura, tao grande que, nos instantes iniciais, todas as leis da Fisica falham, impedindo qualquer conhecimento sobre epocas anteriores. 0 movimento de afastamento mutuo, iniciado ha cerca de 12 a 15 bilh'Oes de - anos, se mantem a despeito da acao da gravidade. Na medida que a temperatura foi diminuindo, as particulas foram sendo formadas, inicialmente em uma "sopa" de quarks (particulas nunca observadas cuja carga eletrica é uma fracao da do eletron e que, em grupos de 3, formariam os prOtons, os neutrons e outras que se observant), eletrons e neutrinos. Depois se combinaram gerando os prOtons (p, futuros nncleos de H) e os neutrons (n), os quais se agregaram para formar o deuterio (p+n) e as particulas alfa (2p+2n, futuros nficleos de hello), alem de poucos nficleos de elementos leves, como tritio (3p) e o litio. Mas, embora os proponentes originais do Big Bang pensassem que todos os elementos quimicos conhecidos poderiam ser gerados logo a seguir, os oponentes desta teoria conseguiram demostrar que os elementos mais pesados que o litio, como o carbono, boro, magi -Iasi° e quase todos os demais, foram gerados muito mais tarde, pois sao processados no interior das estrelas. Elas se formaram em grandes aglomeracOes, as galaxias. A cosmologia e o ramo mais instigante, atraindo muitas perguntas, tanto dos jovens quanto dos adultos. (Quern examinou os livros a venda neste SimpOsio, talvez tenha notado uma significativa proporcao de livros de Astronomia, especialmente os que abordam esses assuntos. Na plateia alguem informou que eles foram muito vend idos). Nao e apenas a inacessibilidade que torna os astros "misteriosos" e fascinantes e atrai a curiosidade. Precisamos exercitar a imaginacao para conceber caracteristicas tao distintas, desvendadas corn tecnicas tao variadas. Embora contenham os mesmos elementos da Terra, os astros possuem condicOes extremas. HO, por exemplo, estrelas cujas atmosferas sao mais tenues que o melhor vacuo dos laboratOrios terrestres, bem como as que se transformam em objetos tao densos que nem a luz deles escapa (os buracos negros). Fisicos, portanto, devem testar suas teorias, verificando se permanecem validas nas condicOes extremas existentes nos astros. Muitas vezes, nao se consegue interpretar o que esta ocorrendo nas estrelas, porque os processos fisicos correspondentes sao totalmente desconhecidos. Isso ocorreu coin a energia do Sol, apps estar estabelecida a lei de conservacao, porque as reacOes nucleares que geram essa energia eram desconhecidos na epoca. Atualmente, entendemos que ocorre no centro do Sol a transformacao de 4 nficleos de hidrogenio em um n6cleo de hello 4 e a diferenca de massa e liberada como energia. A descricao da estrutura do Sol e das demais estrelas e os modelos que permitem calcular as etapas de evolucao das mesmas, foram resultado do entrelacamento de diversas disciplinas, como hidrostatica, termodinamica, fisica nuclear e astrofisica observational, especialmente corn tecnicas fotometricas, espectroscOpicas e computacionais. A piramide de metodos observacionais e a rede de consideracOes teOricas necessarias para estudar a estrutura e evolucao das estrelas torna essa uma das areas mais fascinantes. Que ocorre se for formada uma estrela de massa bem menor (ou maior) que a do Sol? JO que no Sistema Solar existem planetas, inclusive a Terra, onde evoluiu vida inteligente, seria possivel prever a possibilidade de haver vida em outras estrelas? Esse tema foi desenvolvido como atividade interdisciplinar capaz de atrair o interesse de estudantes de todos os niveis do ensino, num projeto que preparou material para estudantes de 8 a 16 anos e agregou cientistas do projeto SETT (Search for ExtraTerrestrial I ntel igence) e professores (Bi Ilinghan et al., 1998). Vemos que a Astronomia leva facilmente a uma abordagem interdisciplinar. Nesse sentido, apresento algumas experiencias que visitei em Porto Alegre: No Colegio Anchieta, acompanhei a atividade elaborada pelo professor Luiz Carlos Gomes, de Fisica, junto a disciplina Ciencias, para alunos de terceira serie, apps um mes de estudo de Astronomia. A professora comparecia com seus alunos, por cerca de uma horn, a sala usada para atividades de Fisica, escurecida e especialmente preparada, corn paineis em toda a volta, representando as constelacOes. Os alunos eram instruidos a se mover e observar diversas situacOes preparadas pelo professor de Fisica, que os questionava sobre os fenomenos representados. Iluminando bolas de isopor foram ilustradas as lases da lua e os eclipses; com globos foram discutidas as estacOes do ano. A mudanca das estrelas que se observant ao longs) do ano, em Porto Alegre, foi vista andando em volta e olhando os painels. Ao final, os alunos fizeram livremente as perguntas que surgiram ao estudarem o assunto, ou como consequencia da exposicao e discussao durante a atividade. Os temas das perguntas foram bastante variados. Ouso dizer que surgiram questOes em todas as areas que apresentei no inicio. Eles pareceram muito interessados, tanto na atividade quanto na discussao final. Pude perceber que as prOprias professoras demonstravam bastante interesse. Em professoras de series iniciais tern grande dificuldade para ensinar Astronomia. Corn esse projeto, que ja vent ocorrendo em anos anteriores, elas acompanham seus alunos para uma discussao com urn "especialista", numa sala especial, aprendendo junto com eles. Todas as turmas dessa serie da escola sao atendidas nessa atividade, mas nao ha continuidade nas series seguintes. Aparentemente, o estudo de Astronomia na quinta serie, apresentado em Geografia, tern poucos atrativos. Embora muitos prolessores de Geografia reconhecam e ate tentem explorar o interesse dos alunos por Astronomia, a maioria tern dificuldades. Nao 29 é raro encontrar livros corn desenhos que os alunos nao conseguem interpretar em tres dimensOes ou interpretam errado. Atividades como descrevi sanam esses problemas. No Colegio de Aplicacao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na quinta e sexta series, os alunos formam grupos para desenvolver temas do seu interesse e, apes alguns meses de estudo, elaboram uma pagina para a rede (Internet). Em todos os anos, alguns grupos escolhem temas de Astronomia. 0 projeto, que tern o sugestivo nome de "Aurora", é essencialmente interdisciplinar, pois se desenvolve independentemente das disciplinas e os alunos sao acompanhados por professores de diversas areas. No Colegio Estadual Julio de Castilhos, o Clube de AStronomia foi criado como complemento das atividades de Fisica, compensando o laboraterio muito "estruturado". Conseguimos material para ampliar o Ambito do Clube, atingindo tambem a Geografia, durante o period() em que tivemos apoio do Projeto Capes/PADCT/ SPEC. Depois, corn a crise de professores no ensino estadual, nao houve condicOes de manter o Clube. Para bem ensinar Astronomia e necessario urn esforco no atendimento aos professores envolvidos - de Geografia, Ciencias, Fisica e Biologia. Porem, pela natureza dos metodos e conceitos basicos necessarios para desenvolver os temas ream referidos, deveremos contar especialmente corn os professores de Fisica. Para isso sugiro que os professores habilitados a ensinar Astronomia sejam aproveitados, nao apenas ministrando aulas de Astronomia nas disciplinas pelas quais sao responsaveis, etas, tambem, auxiliando os demais professores em atividades de ensino de Astronomia. Creio que esse e o motivo que torna o SNEF urn foro privilegiado na discussao do ensino de Astronomia. A atracao que a Astronomia exerce sobre os jovens pode ser aproveitada para levy-los a se interessar mais pelo estudo de Fisica no nivel medio e ate nos cursos de Fisica de nivel superior, caminho quase obrigatorio para a pOs-graduacao em Astronomia. Entretanto, o objetivo do ensino de Astronomia nao deve ser levar a formacao de astronomos. Alias, a posicao de alguns educadores (Bower) quanto ao ensino de Astronomia, e de que sequer devemos forcar os alunos a responder "corretamente", isto 6, apresentar os modelos que aceitamos atualmente. 0 valor da Astronomia estaria ern possibilitar que eles criem setts prOprios modelos e os testem frente as observacOes; explorem suas proprias concepcOes e confrontem corn as que foram elaboradas por diversos povos. A Astronomia tambem apresenta modelos que sac) contraintuitivos e, a despeito disso, mais elegantes e proficuos, como os que supOe a Terra girando em torno do Sol. Set, papel mais importante seria desenvolver as habilidades intelectuais e cientificas, atraves da geracao de modelos e seu confronto corn dados observacionais, explorando inclusive explicacOes contraintuitivas e suas consequencias. Devemos fornecer ao aluno a oportunidade de considerar seu lugar no Cosmos e como ele e os cientistas, ao longo do tempo, podem descobri-lo. Billinghan, J, DeVore, E. , Milne, D., O'Sulivan, K., Stoneburner, C. e Tarter, J. The life in the Universe Series. In: Gouguenheim, L. , McNally, D. e Percy, J. R. New Trends in Astronomy Teaching. Cambridge University Press, 1998. Bower, James, 1998, comunicacao privada. PALESTRA P3: MODEL OS MENTAIS A4orco Antonio Moreira Institute de Fisica, UFRGS Caixa Postal 15051 9 I 501-970 Porto Alegre, RS more i ra@ i Eufrgs.br Introducao RepresentacOes interims, on representaci5es menials, sac) maneiras de "re-presentar" internamente mundo externo. As pessoas nao captam o mundo exterior diretamente, elas constroem representacOes mentais (quer dizer, internas) dele. Em principio, pode-se distinguir entre representacOes mentais analogic .. .as e proposicionais. A irnagem visual e o exemplo tipico de representacao analogica, mas ha outras como as auditivas, as olfativas, as tacteis. As representayies analogicas sac) nao-discretas (nao-individuais), concretas (representam entidades especificas do mundo exterior), organizadas por regras frouxas de combinacao e especificas a modalidade atraves da qual a informacao foi originalmente encontrada (Eisenck e Keane, p. 184). As representacees proposicionais sac) discretas (individuais), abstratas, organizadas segundo regras rigidas e captain o contendo ideacional da mente independente da modalidade original na qual a informacao foi encontrada, em qualquer lingua e atraves de qualquer dos sentidos (ibid.). Estas representacOes sac) "tipolinguagem", mas trata-se de uma linguagem que nao tens a ver corn a lingua nem corn a modalidade de percepc5o, e uma linguagem da mente que poderiamos chamar de "mentales". RepresentacOes proposicionais nao s5o frases em uma certa lingua. Sao entidades individuals e abstratas formuladas em lingua g em prOpria da mente. 30 Ha psicOlogos cognitivos para os quais a cognic5o deve ser analisada exclusivamente em termos de representacOes proposicionais, ou seja, nao ha necessidade de supor que as imagens sao urn tipo especial, separado, de representac5o mental. Para estes,•"os proposicionalistas", as imagens podem ser reduzidas a representaciies proposicionais; seriam tambem processadas no "mentales". Mas existent °taros, os "imagistas" que nao aceitam esta posicao. A questao imagens/proposicOes é polemica na Psicologia Cognitiva. Ha defensores ferrenhos de ambas posicOes. Mas ha tambem uma terceira via, uma sintese, uma terceira forma de construto representacional, chamada modelos menials, proposta por Johnson-Laird (1983). Para ele, proposicoes sao representacOes de significados, totalmente abstraidas, que sao verhalmente expressaveis. 0 criterio de expressabilidade verbal disting,ue Johnson-Laird de outros psicologos cognitivos (Sternberg, 1996, p.181). imagens sao representacOes bastante especificas que retem muitos dos aspectos perceptivos de cleterminados objetos ou eventos, vistos de urn angulo particular, corn detalhes de uma certa instancia do objeto on evento. Modelos menials sat) representaceies analOgicas, urn tanto quanto abstraidas, de conceitos, objetos ou eventos que sao espacial e temporalmente analogos a impressOes sensoriais, mas que podem ser vistos de qualquer angulo (e ai tcmos imagens!) e que, em geral, nao retem aspectos distintivos de uma dada instancia de urn objeto on evento (ibid.). Por exemplo, a situacao "o quadro esta na parede" poderia ser representada mentalmente como uma proposicao (porque c verbalmente expressavel), como urn modelo mental (de qualquer quadro em qualquer parede, possivelmente prototipicos) ou como uma imagem (de urn quadro em particular em uma certa parede). Modelos mentais, proposieoes e imagens Johnson-Laird sugere que as pessoas raciocinam corn modelos mentais. Modelos mentais sao como blocos de construck) cognitivos que podem ser combinados e recombinados conforme necessario. Como quaisquer outros modelos, eles representam o objeto ou situacdo em si; uma de alas caracteristicas mais importantes é que sua estrutura capta a essencia (se parece analogicamente) dessa situactio ou objeto (4-lampson e Morris, 1996, p. 243). Um modelo menial e uma representacao inferno de infOrmacnes clue corresponde analogamente corn aquilo que esta sendo represeinado. A analogia pode ser total on partial, isto é, um modelo mental é uma representactio que pode ser totalmente analogica ou parcialmente analogica e parcialmente proposicional (Eisenck e Keane, 1994, p. 209). Quer dizer, urn modelo mental pode conter proposicOes, mas estas podem existir como representack) mental, no sentido de Johnson-Laird, sem fazer parte de urn modelo mental. Contudo, para ele, as representacOes proposicionais sac) interpretadas ern relac5o a modelos mentais: uma proposic5o e verdadeira on falsa em relacao a urn modelo mental de um estado de coisas do mundo. As imagens, por sua vez, correspondent a vistas dos modelos. Portanto, na perspectiva cle Johnson-Laird, represeniacaes proposicionais sao cadeias de sintholos que correspondem a linguagem naiural, modelos menials sao analogos esiruturais do mundo c imagens sao modelos vistos de urn deierminado pont() de vista (1983, p. 165). Segundo ele, os modelos mentais e as imagens sao representacOes de alto nivel, essenciais para o entendimento da cognicfto humana (Eisenck e Keane, 1994, p. 210). Ainda que ern sea nivel basic° o cerebro humano possa computar as imagens e os modelos em algum cOdigo proposicional (o "mentales"), o use destas representacOes liberta a cognicao humana da obrigacfio de operar proposicionalmente em "codigo de maquina". Estas representacOes de alto nivel podem ser comparadas as linguagens de programac5o dos computadores. Ern - Ultima analise, o computador trabalha cm um codigo binario, mas o programador nao: ele usa linguagens de alto nivel que Ihe permitem pensar sobre o que o computador tem que fazer usando o cOdigo binario. As linguagens de programacAo de alto nivel sao traduzidas pelos computadores em cOdigos binarios quando compiladas. Analogamente, as imagens c os modelos mentais poderiam ser traduzidos pela mente em algum codigo proposicional semelhante ao do codigo binario. A metafora do computador, a mente como urn sistema de computo, e urn credo fundamental da psicologia cognitive, mas isso nao signitica que a mente opere necessariamente em um codigo binario. A mente tern um cOdigo proprio, o "mentales", clue nao consciente, ao qual n5o temos acesso e nevi precisamos ter pois operamos muito bent corn proposicOes, imagens e modelos mentais (todos no sentido de Johnson-Laird). Modelos mentais Suponhamos que a urn grupo de pessoas seja dado urn conjunto bent determinado de ciescricaes de uma distribuicAo espacial (indicando a posick) exata de cada objeto no arranjo espacial) e a outro grupo de pessoas seja dado um conjunto nao bent determinado de descricOes da mesma organizactio espacial (dando localizacOes ambiguas, ponco precisas, dos objetos no arranjo espacial). Mani e Johnson-Laird (1982, apud. Sternberg, 1996, p. 181) fizeram uma investigac5o Besse tipo e encontraram que os snjeitos que receberam informacOes hem determinadas foram 'capazes de inferir informacoes espaciais adicionais nao incluidas nas descricOes que receberam, mas tiveram dificuldades em lembrar literalmente das informacOes recebidas. Esta constatacao foi interpretada como indicadora de que 31 esses sujeitos formaram urn modelo mental da informacao recebida e, por isso mesmo, foram capazes de • fazer inferencias. Alen disso, por terem formado o modelo passaram a confiar nele ao inves de ficarem dependendo de recordar descricaes verbais literais detalhadas. Por outro lado, os sujeitos que receberam informacties pouco precisas raramente foram capazes de inferir informacaes espaciais nao incluidas nas descricaes recebidas, podem recordavam melhor do que o outro grupo estas descricaes. Os pesquisadores sugeriram que neste caso os sujeitos nao construiram urn modelo mental devido as iniimeras possibilidades de modelos mentais que poderiam ser inferidos a partir das informacOes (indeterminadas) recebidas. Ao inves disso, os sujeitos parecem haver representado mentalmente as descricOes recebidas como proposicOes verbalmente.expressaveis (ibid.). Quer dizer, em ambos os casos os sujeitos representaram mentalmente o arranjo espacial, mas no primeiro formaram urn modelo mental que Ihes permitiu fazer inferencias e no segundo trabalharam apenas corn urn conjunto de proposicOes descritivas. Os modelos menials sao, portanto, Jima forma de representacdo analog- lea do conhecimento: existe ulna correspondencia direta entre entidades e relacoes presentes na estrutura dessa represenlaceio e as entidades e relacdes que se busca representar. Urn modelo mental é composto de elementos ("tokens") e relacdes que representam urn estado de coisas especifico, estruturados de uma maneira adequada ao processo sobre o qual deverao operar. Ou seja, cada modelo já é construido de uma maneira coerente coin o uso previsto (STAF I 1, 1996). Nao existe urn Unico model() mental para urn determinado estado de coisas. Ao contrario, podem existir varios, mesmo que apenas urn deles represente de maneira otima esse estado de coisas (ibid.). Cada modelo mental é uma representacao analOgica desse estado de coisas e, reciprocamente, coda representacao analogica corresponde a am modelo mental (princiPio cla e•onomia). Estados de coisas muitas vezes sao descritos por conceitos. 0 modelo mental de urn conceito deve ser capaz de representar tanto o essencial como a amplitude de um conceito. 0 nncleo do modelo representa o essencial do conceito, ou seja, as propriedades caracteristicas do estado de coisas que ele descreve; os procedimentos de gestao do modelo definem a amplitude desse conceito, isto é, o conjunto de estados de coisas possiveis que o conceito descreve (ibid.). 0 modelo mental de aviao, por exemplo, possui distintas versCies conforme os diferentes usos que se possa fazer de urn aviao: reconhece-lo, construi-lo, embarcar nele, falar sobre ele. 0 modelo varia tambem segundo outran dimenstles: a competencia aeronautica do sujeito, sua idade, sua cultura, etc. Representar urn aviao em voo ou urn aviao aberto para mostrar os lugares aos passageiros tambem corresponde a diferentes versifies do modelo mental de aviao. Cada versa°, no entanto, deve incluir o nncleo central que identifica o modelo corn sendo de aviao. Deve tambem incluir proposicOes e procedirnentos de manipulacao diversificados, visto que, conforme o uso, sao outros os aspectos do modelo que sao acionados. E possivel que dois exemplares do mesmo modelo pouco ou nada tenham em comum se forem construidos corn finalidades totalmente diferentes (ibid.). Neste porno, é conveniente mencionar a distincao feita por Norman (em Gentner e Stevens, 1983, p. 8) entre modelos conceituais e modelos mentais: modelos conceituais sao projetados conic insirumentos para a compreensdo ou para 0 ensino de sistemas Jisico.v; modelos menials sao o que as pessoa.s realmente tem em sum cabecas e o que gala o uso quelazem das coisas. Idealmente, deveria haver uma relacao direta e simples entre o modelo conceitual e o modelo mental. Muito frequentemente, no entanto, nao é ben isso que acontece. Os modelos a que se refere Johnson-Laird, dos quais estivemos falando ate aqui (inclusive no caso do modelo do conceito do aviao), sao, portanto, menials e podem nao ter uma relacao direta e simples corn algum modelo conceitual no significado dodo por Norman. E importante que isto fique claro! Repetindo, modelo menial e 11111C1 represeniaceio interina de injOrmacoes (pie corresponde, analogrimenie, an evade de coisas que estiver sendo representado, .seja gaol for ele. Modelos menials silo analogos estraturais do wand°. A teoria dos modelos mentais parece ter significativas implicacaes para o ensino da Fisica e para a pesquisa ern ensino de Fisica. Tais implicacOes estao discutidas ern Moreira (1996), Graca e Moreira (1996, 1997 e 1998), Moreira e Lagreca (1998), Lagreca e Moreira (1999) e Borges (1997 e 1998). Referencias e bibliografia I. Borges, A.T. (1997). Um estado sobre modelos mentais. lnvestiga•des em Encino de Ciencias, Porto Alegre, 2(3): 207-226. Borges, A.T. (1998). 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PALESTRA P4: 0 USO DA INTERNET NAS A ULAS DE FISICA BASICA Nilo Makiuchi Institute de Fisica - Universidade de Brasilia [email protected] Discute-se nesta palestra, algumas possibilidades de uso da internet no ensino. Considerando que o desenvolvimento de materials didaticos para a Internet e uma atividade relativamente nova, procura-se colocar algumas questOes basicas no intuito de delinear o papel que a internet pode ter no ensino, em termos de suas caracteristicas e potencialidades. Cita-se os aspectos favoraveis ao uso da informatica de uma forma geral, comparada com outras tecnologias, como a quest5o do preco dos equipamentos e da facilidade tecnica de desenvolver materiais didaticos nesse meio. Apresenta-se como exemplo, as facilidades atuais de criar paginas da web, usando utilitarios que permitem salvar arquivos como arquivo html. Usa-se na apresentacao, o processador de texto do pacote Office 97, mostrando como salvar um arquivo qualquer, para o formate de pagina da web, e como usar alguns recursos importantes, como a criacao de links, modificac5o das cores do texto e do fundo, alem da possibilidade de uso de figuras. No caso da inclus5o de links, mostra-se o uso de recurso mais sofisticado de referenciar a UM ponto do texto que nao seja o inicio do arquivo. Esta parte da apresentacao objetiva mostrar que qualquer professor interessado em criar suas primeiras paginas na web, pode faze-lo, sem o minimo conhecimento da linguagem html (1 ), bastando para tanto, urn pouco de criatividade. Discute-se algumas caracteristicas da Internet, e mais precisamente da web, objetivando a criacao de paginas adequadas a este meio. Compara-se a web com outras midias, mostrando que alguns aspectos, como a leitura de texto, esta melhor adaptada a uma midia, impressa em papel, neste caso especifico, do que para outras, como leitura do texto diretamente na tela do computador. Discute-se a semelhanca entre a web e a televisao, no sentido de procurar outras vocacOes e potencialidades de comunicacao na web, tirando dal, a importancia da apresentacao visual e dos recursos graficos, incluindo o movimento. Mostra-se que a web tem caracteristicas e possibilidades de uso semelhantes a de outras midias, competindo por espaco com essas midias, mas que o ponto forte da web e da internet em relayab a outros meios de comunicacao de massa é a interatividade. Assim, coloca-se que uma pagina na web no minim°, deve coiner links de navegacao para mudanca de pagina. 33 Coloca-se que a criacao de paginas da web para ensinar algum contend° especifico é apenas uma das possibilidades de uso da internet no ensino. Cita-se outras possibilidades de uso como: apresentar informacOes basicas sobre uma disciplina, servir de forte de consulta, realizar autoavaliacOes, realizar atendimento a distancia, promover discussOes em grupo e por ultimo e talvez a aplicacao mais trabalhosa, apresentar contend° especifico sobre urn tema (2). Em relacao ao uso da internet como forte de informacOes sobre uma disciplina, ressalta-se importancia de ter essas informacOes na rede para consulta do pUblico em geral interessado em conhecer o contend° curricular de uma escola. Sob este aspecto, cita-se a importancia das informacOes sobre a ementa e programa da disciplina. Como material de interesse especifico dos estudantes, cita-se a possibilidade de incluir no site, listas de exercicios e os gabaritos, avisos, guia de estudos, cronograma e eventualmente, as notas dos alunos. Cita-se a importancia do uso da internet como forte de consulta em toda a rede. Discute-se a dificuldade de obter informacOes sobre urn assunto especifico, devido a falta de hierarquia na internet e do tamanho da rede, alem da escassez de informacOes, por exemplo, sobre as escolas, seus curriculos e contend° das disciplinas. Coloca-se a importancia dos trabalhos de pesquisa realizados por alguns grupos de ensino para catalogar inffirmacOes sobre assuntos especiflcos (3). 0 recurso de formularios é colocado como uma possibilidade de uso em alguns tipos de avaliacao, tais como teste de conhecimento ou autoavaliacao do site ou da metodologia. Coloca-se a possibilidade de utilizacao de formularios pre-fabricados, disponiveis gratuitamente em alguns sites (4), para criar questionarios de avaliacao. Para fazer testes a distancia, corn resposta automatica, coloca-se a necessidade de uso de recursos mais sofisticados ou auxilio de programador que domine o CGI. Apresenta-se a possibilidade de atendimento a distancia como ponto forte da internet, ainda pouco explorado. Coloca-se a facilidade de uso desde recurso atraves do correio eletrOnico. Cita-se ainda, sites que oferecem servicos gratuitamente de uso de correio eletronico, listas de discussao e as salas de bate-papo (58). A Oltima parte da apresentacao consiste na discussao sobre a construcao de paginas destinadas ao ensino de um assunto especifico. Apresenta-se algumas sugestOes de recursos para a construcao de paginas. Reforcou-se que a web é uma nova midia cujo ponto forte é a interatividade e que a comunicactio atraves da mesma pode ser considerada como uma nova linguagem, baseada na hipermidia, escrita corn hipertextos, com links de navegacao, uso de imagens animadas e eventualmente com efeitos sonoros. Cita-se alguns cuidados que se deve ter no uso da nova linguagem, principalmente no compromisso que se deve ter entre transmitir informacOes e manter a atencao do visitante ao site. Afirma-se que existent duas formas de ocultar uma informacao presente no site: a primeira e omitir a informacao nao colocando link para a mesma nas outras paginas e a segunda é esconder a informacao, colocando o link .juntamente corn urn grande 'limier° de outros links. Discute-se que a atencao maxima para os links é obtida quando seu nnmero é em torno de cinco con' oscilacao de dois para mais ou para menos. Apresenta-se a importancia das informacoes de identificacho de cada pagina atraves de cabecalho e/ou rodape, contend° informacOes como nome da instituicao, disciplina, autor, data da criacao ou da Oltima modificacao da pagina e menu de navegacao que permite acessar a pagina anterior e a proxima pagina no mesmo nivel de hierarquia on it para a pagina hierarquicamente superior. Para o uso adequado de links em hipertextos, coloca-se a necessidade que cada link seja aberto preferencialmente em uma nova janela, corn uso da opcao "target=_blank", ou de pequeno script em ,java, para que o texto original seja mantido na tela e que a atencao do leitor permaneca no texto principal. Discute-se por ultimo, a importancia de usar recursos visuals para chamar atencao do visitante ao site, principalmente corn uso de animacao, desde que estas nao aumentem demasiadamente o tempo de carregamento da pagina. Mostra-se que é possivel criar imagens corn animacao usando programas gratuitos (9,10) juntamente corn urn editor de fotos e/ou figuras. Particularmente mostra-se como criar no PowerPoint, sequencia de imagens a serem animadas. Como uso mais nobre e eficiente das figuras animadas no ensino, coloca-se a apresentacao de sequencia de slides na discussao de novos conceitos. Faz-se as consideracOes finals, colocando que grande parte das possibilidades de uso da internet ainda nab foram aplicadas na UnB, e que o material trabalhado para a web (I I) restringe-sea transposicao de textos para laboratOrios didaticos, corn algumas adaptacoes para a web. A consulta a estas paginas, sem ter sido divulgado amplamente aos alunos, oscila em torno de 150 visitas no por semestre, para urn universo de 1000 alunos. Nota-se a import5ncia de urn trabalho grafico e de contend° maior, quando se compara corn alguns espelhos de pagina de Eletricidade e Magnetismo (12) colocados no site do Instituto de Fisica, onde o nnmero de visitas é cerca de ties vezes maior. Comentarios c sugesteies de leitura a visitas a sites I. Para consulta rapida sobre linguagem html veja a Revista Guia da Internet.br no 29 2. Veja o Painel 1.6: Projetos WBL - Gustavo Killner (FEUSP) . 3. Veja o Painel 8.8: R. Boareto, N. Ferreira, M. R. Kawamura (IFUSP) 4. Consulte o site http://www.uky.edu/AnyForm/ para usar formularios prontos 5. Use o site http://www.egroups.com para criar lista de discussao e sala de bate-papo 34 6. Conculte o site http://www.prossiga.br/comoachar/dica.htm para ver alguns recursos 6teis 7. Use o site http://chat.magma.ca para criar sala de bate-papo 8. No site http://www.cgi-resources.com pode-se obter cOdigo forte para sala de bate-papo 9. Para criar figuras animadas visite o site http://www.ulead.com 10. Outro programa para criar figura animada esta no site http://www.mindworkshop.com 11. Para acessar os trabalhos, entre no site do Institute de Fisica da UnB: http://www.fis.unb.br em seguida clique em graduacdo e depois em notas de aula 12. Os espelhos de pagina estao no link Fisica 3 Experimental, acessivel na pagina principal do Institute de Fisica da UnB: http://www.fis.unb.br PALESTRA P5: 0 ENSINO DE FISICA INTRODUTORIA NA UNIVERSIDADE Prof. Miguel Angelo GregOrio Institute de Fisica — UFRJ (sem resumo) PALESTRA P6: 0 ENSINO DE FISICA NA PROXIMA DECADA A PARTIR DE UMA ANA USE DA HISTORIA DA CIENCIA I dodo Zanet ic Instituto de Fisica/USP "Contra o positivism°, clue tiara perante os fenomenos e diz: "Ha (Tends eu digo: "Ao contrario, faros e 0 (pie nao ha; ha upends interpretayies. - Nietsche Mesmo contrariando a aritmetica, pelo menos simbolicamente podemos entender este ano que se inicia como o ultimo deste seculo e deste milenio. Afinal, e o ultimo ano que se inicia pelo algarismo um. Ao final de qualquer urn desses periodos temporais é comum a producfto de balancos economicos, sociais e culturais. E comum tambem ensaiar perspectivas de desenvolvimento futuro dessas tres dimensOes que animam em diferentes esferas nossa sociedade contempor5nea. Ate mesmo enquanto individuos produzimos balancos de realizacOes pessoais e de sonhos vindouros. Muitas vezes os dois balancos estao estreitamente vinculados. 0 mesmo pode ser feito com relacao ao ensino fiesta area do conhecimento que nos traz aqui reunidos neste simposio. E aqui podemos trazer a tona algumas elemerides significativas: I" efemeride: tambern simbolicamente poderiamos comemorar aqui os trinta anos do primeiro SimpOsio Nacional de Ensino de Fisica, que foi idealizado, proposto e organizado por Ernesto Hamburger, em janeiro de 1970, no Institute de Fisica da USP. Afinal, o prOximo SNEF vai acontecer no abrir do novo milenio. Esse evento teve uma importnncia mono grande inclusive para o tema desta palestra. 2" efemeride: ha 20 anos, em janeiro de 1979, durante o IV SNEF, era lancado o 1° nnmero da Revista de Ensino de Fisica (REF), da Sociedade Brasileira de Fisica (SBF), que muitos aqui presentes certamente desconhecem. A REF falhou no seu objetivo de atingir o professor do ensino medio. Mas, acredito que foi hem sucedida na divulgacao academica da pesquisa em ensino de Fisica nacionalmente. Infelizmente, a Revista Brasileira de Ensino de Fisica, editada nos nItimos anos pela SBF, nao representa mais a media do pensamento e investigacao dos pesquisadores em ensino de Fisica do pais. Creio que o Caderno Catarinense de Ensino de Fisica (CCEF) cumpre hoje urn papel fundamental de divulgacao da pesquisa em ensino de Fisica, tanto nas universidades quanto no ensino medic). Quando pensava no contend° desta palestra, pretendia fazer urn esboco de um balanco do que ocorreu nas de.cadas recentes e do que podera ocorrer, ou gostariamos que ocorresse, na prOxima decada, com relacfto ao papel da histOria da dada no ensino de Fisica. NA° pretendo apresentar uma analise detalhada do que ocorreu, com relacfto ao tema desta palestra, desde o I SNEF. Vou apenas me ater a alguns topicos relacionados corn o ensino de fisica e a presenca/ausEncia da histOria da ciencia. Ja no primeiro SNEF, que produziu um admiravel quadro do Este texto praticamente reproduz as transparencias que utilizei durante a minha conferencia no XIII SNEF, realizado em 13rasileira no Ines de janeiro de 1999. 35 ensino de fisica em nosso pais compreendendo deste o nivel fundamental ate a pOs-graduacao, que comecava a se institucionalizar entre nOs, encontramos palidas referencias a histOria da ciencia no ensino. 2 Viviamos, entao, a epoca da implantacdo dos grandes projetos de ensino de fisica, quimica, biologia e matematica, entre nos, provocada de alguma forma pela competicao, tambem batizada de guerra fria, entre os Estados Unidos e a Unido Sovietica, dramatizada em 1957 pelo lancamento do primeiro satelite artificial terrestre pelos sovieticos, o famoso Sputnik. Hoje, para muitos dos presentes, parece coisa de outro milenio! Assim é a histOria da humanidade. Para poder situar melhor esse balanco torna-se necessario mencionar algo acerca de alguns desses projetos que marcavam aqueles anos. No ensino de fisica viviamos a influencia do projeto norte-americano Physical Science Study Committee (PSSC). Alias, nao podemos ignorar que a primeira versa() em portugues, de 1962, foi financiada pela Alianca para o Progresso, corn recursos da USAID, agencia que integraria durante a ditadura militar o famigerado acordo MEC-USAID. Nesse ano, Cuba foi expulsa da comunidade dos paises americanos em decisao aprovada pela OEA. Fag° esse breve registro como homenagem a Walter Benjamin que, de certa forma coerente corn o epigrafe de Nietsche, conceituava uma historia que rememorasse a tragedia dos vencidos e nao a pretensa historia verdadeira e factual dos vencedores ou, como querem alguns, "o fm da historia". Os educadores e cientistas, proponentes do projeto, imaginavam aproximar a realidade dos laboratorios de pesquisa e as salas de aula. Alguns analistas sintetizavam num nnico objetivo essa meta: considerar cada aluno como um futuro cientista em potencial. Essa premissa, entre outras, foi bastante criticada nos anos seguintes por outros cientistas e educadores que acusavam o PSSC de elitista, reservado a urn pequeno nOmero de escolares corn a finalidade de leva-los a pensar exclusivamente em termos cientificos e desprezando a abordagem e compreensao do funcionamento das coisas da vida cotidiana, da relacao da fisica com a sociedade, sua interacao corn outros aspectos culturais mais amplos, sua historia e filosofia, por exemplo. Nessas criticas destacaram-se cientistas integrantes do grupo "Science for the people". Mesmo levando em consideracao tais criticas, que nao podem ser esquecidas, nao se pode ignorar que o PSSC desempenhou forte influencia positiva em inOmeros projetos e livros didaticos editados entre nOs nos anos seguintes. Por exemplo, foram positivas as seguintes caracteristicas desse projeto: 1. introduzia atividades experimentais associadas aos diversos temas abordados, enfatizando o trabalho em pequenos grupos; 2. reduzia o nilmero de topicos em favor de urn maior aprofundamento daqueles selecionados; 3. apresentava uma introducao conceitual e metodologica norteadas pela fisica contempordnea; 4. ilustrava as aulas com fumes de media duracao que apresentavam palestras e/ou atividades experimentais significativas; 5. incluia guias para os professores corn sugestOes metodologicas e de aprofundamento do contend°. A partir de 1962 os curriculos das licenciaturas em Fisica passaram a contar corn a disciplina "Instrumentacao para o Ensino de Fisica", que contribuiu para a divulgacao do PSSC no pais. Durante a discussao sobre o ensino medio de Fisica no I SNEF, que ocorreu 8 anos apps o inicio da implantacao do PSSC, pelo menos nos cursos universitarios e em algumas escolas medias dos diferentes estados do pais, muito tempo foi dedicado ao PSSC. Em meados da decada de sessenta surgiu, ainda nos Estado Unidos, o Projeto Harvard, com componentes de acao didatica similares aos do PSSC, mas corn contefidos e metodologias totalmente diferentes. Este tinha a histOria e filosofia da ciencia como eixo definidor dos conteudos tematicos e das estrategias educacionais. Foi, neste aspecto, urn projeto pioneiro. Seus principals objetivos eram: 1. tornar o ensino de fisica mais "palatavel" para um amplo espectro de alunos da escola media; 2. apresentar um cenario cultural que situe a fisica e seu desenvolvirnento; 3. enfatizar os contextos histOrico e filosefico do surgimento das ideias fisicas; 4. diminuir as exigencias matematicas normalmente presentes nos curriculos tradicionais. Deve-se ressaltar que o impacto dessas propostas no ensino medio da maioria da populacao era quase nulo, embora tenham intluenciado a elaboracao de alguns projetos brasileiros no inicio dos anos 70. Nos primeiros simposios ainda apareciam poucas comunicacOes relatando trabalhos sobre a histOria da ciencia e o ensino. Por outro lado, os cursos neles realizados que apresentavam temas historicos sempre tinham muitos alunos. A partir do IX SNEF, realizado em Sao Carlos — SP, em janeiro de 1991, tens inicio a realizacao de uma secao de comunicacao de trabalhos especificos sobre a historia da ciencia. Neste SNEF tivemos a apresentacao de 12 comunicacOes na secao "HistOria e Filosotia no Ensino de Fisica", contando com estudos teoricos e propostas de intervencao em sala de aula nos ensinos medio e superior. Atas do I SIMPOSIO NACIONAL DE ENSINO DE FISICA, janeiro de 1970. 36 Portanto, nestes Ultimos anos temos presenciado urn significativo aumento de pesquisas relacionadas corn o ensino de fisica e sua historia, resultando em experiencias de sala de aula, edicao de Iivros e artigos sobre o terra e dissertacOes de mestrado c teses de doutorado. Esse amadurecimento do terra reticle-se ate no polemic° documento sobre as diretrizes curriculares para o ensino medio de Fisica, como podemos notar a partir deste breve trecho extraido de documento de julho/98: "(...) e essential que o conhecimento fisico seja explicitado como urn processo historic°, produzido em sociedade, objeto de continua tran.sf brmaccio em sua relacdo com a vida social e associado com outras lbrmas de expressa° e producdo humanas." 3 E claro que estamos muito distantes ainda da possibilidade de universalizar a utilizacao da histOria da ciencia no ensino de fisica para o conjunto da populacao. Na maioria das escolas medias ainda dominam os Iivros didaticos que nasceram sob a influencia dos exames vestibulares que ainda detem grande poder definidor do curriculo real de nossas escolas, apesar dos esforcos no sentido de disseminar conteodos novos emanados das pesquisas acima mencionadas. Por exemplo, a FUVEST, responsavel pelos exames vestibulares da USP, e que exerce forte influencia nos "cursinhos" e no dia a dia da sala de aula, ainda se pauta por urn programa de fisica de antes do advento da era PSSC, como podemos compreender desta citacao de pequeno trecho desse programa: "As questoes de Fisica procurarOo avaliar a compreensOo dos topicos do programa e a capacidade de manipulaccio dos conceitos liazdamentais, tratando prele rencialmente de casos concretos • relacionados a resultados de experiencias on de situacOes de vida cotidiana. (...) Na resoluctio das questoes, poderOo ser exigidas manipula•5es matemciticas assim C01170 construccie e interpretaccio de gralicos." 4 Eis urn exemplo de uma questa° dificil da segunda fase do vestibular de 1999: "Sobre a parte horizontal da supetlicie representada na figura, encontra-se parado um corpo B de Massa M, no qual esto presa mola ideal de comprimento natural Lo e constante &Utica k. Os coeficientes de atrito estatico e 11171a dincimico, Mire o corpo B e o plan°, .vcio iguais e valem Ct . Um outro corpo A, tambem de massa M abandoliado na parte inclinada. 0 atrito entre o corpo A e a superficie e desprezivel. Determine: a) A maxima (littera Ho, na (pal o corpo A pode ser ahandonado, para que, apos colidir coin o corpo B, relorne ate a ahura original Ho. 1.7) 0 valor da delormacOo X da mola, durance a colisao, no instance em clue os corpus A e B tem a mesma velocidade, 17a sintacCio em que 0 corpo A e ahandonado de uma altura H > Ho. (Despreze 0 trabalh° realizado pelo cnrito durance a colisOo). Corn este tipo de influencia real pairando no imaginario de qualquer futuro candidato as nossas universidades e como, infelizmente, os Iivros didaticos mais populares em nossas salas de aula do ensino medio sac) os emanados dos cursinhos, flea dificil imaginar, mesmo para aqueles alunos que nao estejam interessados em prosseguir sells estudos, urn ensino de fisica que resista a essa influencia. Portanto, a universalizacao de urn cardapio escolar que contemple o use da Historia da ciencia ainda e algo distante. Mas, caso decidissemos pela insercao da histOria, cabe perguntar: o que e historia da ciencia? Internalista ou externalista? Idealista ou materialista? Realista ou reconstruida racionalmente? Tematica ou cronologica? Assim como a histOria geral admite diferentes concepcOes, o mesmo ocorre corn a nossa possibilidade de compreensao do que seja a histOria da ciencia. Ha ate o caso do historiador geral que propagou a ideia de que "a historic, acabou" apos o "desmonte do mundo socialista", apesar da resistencia cubana. Eu ainda me pauto pelas ideias defendidas pelo historiador marxista ingles E. H. Carr e pelo filOsolo alemao Walter Benjamin que, ao conceituarem histOria, criticavam os positivistas, os idealistas, em suma, o historicism°. Nas palavras de Walter Benjamin: "0 historicism° culmina legitimanzerne na historic, universal. Em sett metodo, a historiogratia materialista se distancia dela mais radicahnente que de qualquer outra. A historia universal nao tem qualquer arma•70 teorica. Sett procedimento e (allay°. Ela utiliz-a a massa dos faros, para com eles preencher o tempo homogeneo e vazio. A° cornrcirio, a historiografict marxista tem em szta base 11177 principio construtivo." 5 Caminhando em sentido coerente con) essa avaliacao de Benjamin, o historiador E. H. Carr, acrescenta: "Os positivistas, ansiovas por sustentar sua alirmacO° da historia como uma ciencia, contribuiram com o peso de slat influencia para este cult° dos faros. Primeir° verifique os faros, dInXlm os positivistas, depois tire suers conclusoes. (..) A conviccOo 1711177 micleo solid() de faros historicas que existent objetiva e independentemente da interpretacia, do historiador e uma falacia aunt-du, etas que e &licit de erradicar. (..) A jitnccio do historiador nao e amar o passado on emancipar-se do 'muscat() (PUS domino-10 e entende-lo como a chave para a compreensao do presente."' 3 Documento do MEC de julho/98. Manual da FUVEST, 1999, pag. 47. 5 Walter Benjamin. Obras escolhidas, vol. I, Ed. Brasiliense, 1985, pag.23 I. 6 Edward. H. Car. Que é Historia?, Ed. Paz e Terra, Sao Paulo, 1985, pigs. 13 e 25. 4 37 Essas duas citacOes a men ver explicitarn a frase utilizada como epigrafe desta conferencia. Nietsche enfatizava o aspecto interpretativo presente nas teorias cientificas. Apenas para exemplificar poderia mencionar possiveis interpretacOes dos trabalhos de alguns personagens marcantes do desenvolvimento da fisica: tearico ou empirico? (Alexandre Koyre e Stilman Drake); ii. Newton: como interpreter o sen "hypothesis non lingo" (P. Abrantes); Mach: positivista on dialetico? (Feyerabend); iv. Planck: classic° on quantico (Kuhn); v. Einstein x Bohr: quern ganhou (text - 0s dos preprios) e muitos ()taros. ComunicacOes apresentadas nests SNEF e nos anteriores, assim como em muitas publicacOes, como o CCEF, livros recentemente publicados, como Os originals de Galileo e Newton, dissertacOes e teses defendidas, pociem nos inspirar na construc5o de urn ensino de fisica balizado pela histOria da ciencia. Parte das minhas reflexOes sobre a utilizacao da histOria e da filosofia da ciencia no ensino de fisica tenho utilizado em disciplinas da graduacOo do IFUSP. Numa delas faro uma polite entre histOria e a epistemologia kuhniana, noutra discuto urn terra da histOria da Fisica vinculanclo-o a diversas propostas epistemolegicas produzidas pela filosofia da ciencia contemporfinca. Varios outros colegas ern diferentes universidades do pals tern feito outros tipos de experiencias relacionadas corn a tematica desta palestra. "ludo isso me leva a concluir que, pelo menos do porno de vista da academia, estamos caminhando bem para o inicio do milenio ou, pelo menos, para o inicio da proxima decada. 0 problema e o que fazer para que tudo isso atinja as escolas publicas, o conjunto dos alunos do pals. Como faze!: corn que toclo esse trabalho produzido na academia saia das prateleiras c entre na sala de aula. E necessario, sem diivicla nenhurna, que os governantes, do preleito ao presidente, se convencam que é necessario investir criteriosamente ern programas de reforma curricular e na formactio adequada dos atuais e dos futuros professores. So uma acAo continuacla e de longo prazo vai conseguir reverter o quadro melancOlico dc nossa realidade educacional efetivanclo o preceito constitutional de clue a educacOo C. urn direito de todos e urn clever do Estado. Recentemente estivemos envolvidos nas batalhas para aprovar uma LDB que atendesse aquele preceito ao contrario da que acabou sendo aprovada; ainda estamos envolvidos na construcAo de urn Plano Nacional de Educacilo, discutem-se parametros e cliretrizes curriculares, provOes e provinhas. Mas o dia a dia da escola ptiblica, corn os baixos salarios, infra estrutura inadequada. entre outros problemas. n5o permite grandes sonhos. E ai, tcmos que nos confrontar corn aqueles que comandam os destinos do pats de modo servil aos ditames do FMI, Banco Mundial e congeneres, reafirmando, 50 anos depois, uma outra frase de Walter Benjamin: "A learia e, nu lls ainda, a prOlica da social-democracia foram deierminadas por 11171 C011eCil0 clogmOt icy) de prOgIT,VS0 sent (mulattor vincula tom a realidade." 7 Para finalizar, completo minha rata corn uma poesia ern homenagem a Galileu Galilei, publicada no prirneiro nnmero da Revista de Ensino de Fisica, e que pode clespertar aqueles individuos que tradicionalmente nAo sedan' atraidos pelo estudo da fisica, pelo menos aqueles corn pendores poeticos, ilustrando temas relacionados corn a histOria da ciencia que nos ocupou nessa palestra. La vai: Poema para Galileo Antonio Gedeao (Poeta portugues contemporaneo) Estou oThando 0 lea renyao, meu velho pisano, aquele teu reiraio que lathe a genie conhece, C111 que a tua beta cabeca desabrocha elloresce solve tlm modesto cahecao de patio. Acme renyao da Galeria dos Oficios da tua velha Florenca. (MTh, m70, Galileo! Eu 17(1(1 disc Santo ()lido. Disse Galeria dos Oficias). Ague renyao c/a Galeria clos Ojicios c/a requiniada Florenca. Lembras-le? A Ponie Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria sei Eu sei As MargCI1S daces do Arno as horas inertias da melancolia Ai que saudade, Galileo GaNei! Olha. Sales? Lcr na Floren•a estO guardado um dedo da lua mao direaa1711111 l'CliCoriO. laVI'd de honra que esia! As voltas clue 0 munch dO! Se calhar atc: lth genie (pie poesy (file elaraVle 170 CUlerldoliO. Eu queria agradecer-/e, Galileo, Walter Benjamin. op. cit. peg. 229. 38 a inteligWwicr das coisas que roe destc. Eu, e quantos milhaes de homers como co a gown esclarecesie, is juror — (pre disparate, Galileo! eftrrava a pes juntas C ctpostava a cabcca rein a menor liesnactio — (pre os corpos caem tanto orals depressa guano) mail pCS(7010S Pols ink) e evidence, Galileo" 011C111 acredila clue 71177 peliC(10 cola cony cr niCS111 rapid): (pre tun hoick) de camisa hit (plc 71177 seixo da Praia? Est(' era a intcligWicia (pre Deus 1705 dell. Estava agora a lembrar-me, daquela CC17(1 C171 que 177 estavas sentado 17111)1 escahelo tinhas a too /genie um filso de homens thorn's, ho /us, de toga c de capelo a olharem-le severamente. Estavani today a ralhar coring°, clue parecia impassive/ clue 1011 h0177C111 c/a MO idade e dal Ora condicao, sc estivesse tornando urn perigo Para a Humanidade C Para a Civilizac•lo. e/7iharc7Qaclo C coniproniclido, em silencio mordiseavas os tablas., e percorrias, chef' de piedade, os rosins impenetraveis daquela filo de sabios. Tell olhos hahintaday G observacao dos satelites c dos esn-clas, dcsceram lG clay suas alturas C poisaram, C01110 ayes atordidas — e parece-me clue estou a vc-/as nas faces gravidas daquelas reVCIC17(11.1'.1'11770S (TI(7111111S. E to Jarte (11=C17(10 a 111d0 gut? Sim, (plc sin senhor, gut era little !al goal ten/urine suas (21771.17(?17C10S (1C,S'e1(11;(1111, e dirias (pre o Sol era quadrado e a Loa pentagonal c clue os astray bailavam c entoavam G mein-tulle louvores a 1701171017 10 universal. Ejuraste (pre 171117C0 171(11S repenrias rani a ti me.cmo, 170 171'6[71'10 076111 01(701C (10 lea pensamenlo, livre e culotte, aquclas ahominaveis heresias am? MS11701)0,1' e escrevias para werna perdicdo (la nra alma. i, Galileo! Mal .yabiam os ICHS (107110,5j1117.CS„rancles scnhores desk! pequeno 1771117(10 clue assim meson), C117pC11 1g(1(10S 170S SCI'S C(1(ICIrriCS hr(7(0S, (117d0V0177 a curie/ C 0 Polar 17C1OS C,SplI•OS 0 !Will° (IC trinta quilirmetros per' segued'. Tir e (pre sabias, Galileo Guide'. per I,V,V0 eru177 ICU S 01170N 111 ISC1'1C01'(11 °SOS, 1701 /550 era IC11 C'0104170 ("ICI' (IC p1C(10(1C, picdade pC1OS 17011/C17S (pre 1700 precisam dc .Yolrer, honway (Nacos a quern Deus dispensou de buscar a verdade. Por isso, esloicumenle, numsumeMe, resislisle a today cis tor-turas, Cl today as anglistias, a today os contrawmpos. enquaroo Wes, do olio lnacCslv)l das .suns alturas, /)ram caindo, wraith), wraith), 39 caindo, caindo sempre, e sempre, ininterruptamente, na rctzcio direta dos quadrados dos tempos. PALESTRA P7: MODEL OS E REALIDADE NO CONHECIMENTO CIENTIFICO LIIVIITES DA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA Mauricio Pietrocola l Dep. de Fisica - UFSC Campus universitario - Trindade 88040-900 - Florianopolis - Santa Catarina ([email protected] ) INTRODUCAO A Educacao em geral foi marcada nos ultimos vinte anos pelo construtivismo, que se tornou palavra de ordem de um movimento que revolucionou a concepcao e as praticas pedagOgicas. Influenciado por trabalhos oriundos de varias areas do conhecimento, como a psicologia, a epistemologia, entre outras, o construtivismo na Educacao redimensionou o papel do individuo no processo de ensino/aprendizagem, que de mero espectador, passou a ser concebido como o agente do seu prOprio conhecimento. Seria injusto afirmar que tal movimento nao fora importante e que essa mudanca de enfoque no tenha sido fundamental no estabelecimento de um novo paradigma educacional na orientacao de estudos e pesquisas realizadas 2 . Porem, passadas quase duas decadas é importante promover uma continua avaliacao dos pressupostos teOricos adotados e dos resultados obtidos a partir deles. Nosso objetivo nesse trabalho sera mostrar que os pressupostos epistemolOgicos que orientaram o movimento construtivista imprimiram urn perfil relativista ao conhecimento presente no ensino de Fisica. Particularmente, a transposicao dos trabalhos de Thomas Kuhn para area de pesquisa em ensino de Fisica sobre-valorizaram o aspecto processual da atividade cientifica, centrada na ideia de revolucclo cientifica e no sentido pouco preciso do termo paradigma, presente na sua principal obra. Para essa analise procuraremos tracar urn rapida cronologia, enfatizando principalmente os debates no campo da filosofia da ciencia nos anos 50 e 60, que visavam ultrapassar o empiricismo Iogico e que terminaram por lancar as bases de uma epistemologia construtivista. Em seguida, a partir da ideia de transposicao cliclatica passaremos a mostrar que os ecos desse debate atingiram a area de ensino, gerando relativizacao do conhecimento frente a outras formas de conhecimento, ao mesmo tempo que praticamente baniram a "realidade" como referente das teorias construidas sobre os fenomenos fisicos. Para levar essa analise a frente, buscaremos apoio em filosofias da ciencia reatistas, centrando nossa atencao principalrnente nas questOes ligadas ao contexto da descoberta em fisica, a nocao de verdade, as forma de vinculacao das teorias fisica corn a realidade atraves dos modefos. , Origens epistemologicas do construtivismo no Ensino de Fisica Tracar as origens do construtivismo na educacao cientifica nao é algo facil. Porem, é possivel acompanhar em grandes linhas as mudancas processadas na prOpria forma de conceber o conhecimento cientifico a partir do inicio do seculo. Desde a materializacao do programa newtoniano, a ciencia moderna passou por um longo period° de valorizacao do conhecimento atraves de praticas empiricistas, onde o acesso objetivo aos fatos garantia a qualidade das teorias. 0 apice desse processo configurou-se corn a proposicao do empiricismo-I6g,ico no inicio do seculo, que foi praticamente hegemenico ate sua primeira metade. Grosso modo, nessa concepcao o conhecimento estaria depositado na propria realidade e caberia ao cientista desveld-lo, descobri-lo evitando a introducao de tudo que fosse opiniao e hipOteses nao comprovadas. Atraves de tecnicas experimentais seriam obtidos resultados que permitiriam formular as leis e teorias A influencia desse concepcao da ciencia se fez sentir na educacao cientifica de varias maneiras. Uma detas se deu na forma de assumir o papel passivo do estudante corn relacao ao processo de apreensao do conhecimento cientifico. Ao professor caberia fazer compreender ao estudante sua organizacao interna on seja sua "estrutura" atraves de analises lOgicas cuidadosas. A "dissecacao" das teorias resultaria nos blocos fundamentals de conhecimento habilitando os educadores a determinar as estrategias para o seu aprendizado, encadeando os conceitos em sequencias do simples ao complex°. Esse processo seria semelhante ao desmontar e montar de urn mobiliario na ocasiao de uma mudanca. 0 ensino passaria a ser a transferencia das teorias para a cabeca dos alunos. 0 processo pedagOgico, em particular, teria como principal funcao fornecer as instrucOes de montagem ao professor, materializada em sequencias didaticas eficientes. 40 Essa concepcao de conhecimento levou os educadores durante muitos anos a nao se preocupar corn as relacOes que se estabelecem no contexto de producao das teorias. 0 papel do educador resumiu-se ao burilamento das sequencias de ensino, a insistencia no ensino do metodo cientifico e a completa desconsideracao do conhecimento proprio trazido pelo estudante. Talvez, o tecnicismo tenha sido o apice dessa concepcao educacional. E importante ressaltar a coerencia entre a epistemologia empiricista e a concepcao tecnicista, pois o conhecimento reduzido ao status de produto-imagem da realidade nao poderia ser objeto de outro tipo de ensino. A partir da segunda metade do seculo urn forte movimento de questionamento e critica a concepcao empiricista passa a evidenciar as suas insuficiencias. Kuhn e Popper sao os nomes mais lembrados nesse contexto pelos golpes proferidos contra as afirmacOes empiricistas e que terminaram por abalar o consenso estabelecido em torno dele. As principals criticas dizem respeito a dependencia da observacao para corn o contexto tearico e a impossibilidade da lOgica indutiva sustentar a veracidade absoluta do conhecimento. Apesar de discordarem sobre o peso dos diversos elementos presentes no contexto de producao de conhecimento cientifico, tais epistemOlogos tern pontos ern corn um que permitiram enquadra-los sob o reitulo de Con,strulivistas. Para eles, o conhecimento é fruto da acao direta do pesquisador e do contexto no qual ele se insere, seja ele mais ou menos enquadrado pela sua comunidade de pesquisa. 0 conhecimento nao pode ser considerado absolutamente verdadeiro, é tern validade localizada no tempo. Ha uma serie de outros pontos que delineiam as diversas matizes do construtivismo na epistemologia. Descreve-las serie por demasiado longo. Mas foram sem chlvida, os conceitos de revolue:do cientifica e de paradigma, presentes na "Estrutura das revolucOes cientificas" de Thomas Kuhn, as ideias de major impacto nesse contexto, e que de certa maneira exportaram este debate do ambito estrito da filosofia da ciencia para outras areas de conhecimento. Hole e muito comum encontrarmos o emprego do termo paradigma nas mais diversas areas do conhecimento. Segundo Abrantes os aspectos sociologicos da analise kuhniana foram os mais enfatizados, particularmente em relacao a tese da incontensurabilidade ligada a nocao de Revo!Ka° Cientifica 3 . Ele atribui esse leitura de Kuhn, entre outros aspectos, a "...uma irresistivel seducao para os envolvidos corn a tradicao de sociologia do conhecimento e tambem para os que procuravam paralelos entre a pratica das ciencias naturals e das sociais." 3 Os aspectos da obra kuhniana permitiram, atraves das ditas teses sociologicas e principalmente pelo use da nocao de paradigma, legitimar praticas menos prOximas dos padrOes cientificos nos anteriores moldes empiricistas e elaborar estudos comparativos entre a producao de conhecimento na ciencia e em outros dominios. Especificamente na educacao cientifica os questionamentos aos preceitos empiricista foram beneficos, na medida em que atenuaram o valor atribuido ao ensino do nic'nodo cientifico e colocaram em cheque a fundamentacao da concepcao educacional conhecida como metodo do redescoberta, ambos corn forte inspiracao empiricista. Libertando-nos da ideia de que existiria urn metodo cientifico, que levaria a descoberta de conhecimentos verdadeiros foi possivel orientar as pesquisa educacionais para o delineamento das caracteristicas, condicOes, valores e demais elementos presentes na construcao de conhecimento cientifico. E principalmente, atribuir valor aos conhecimentos produzidos pelos proprios estudantes. Essa nova orientacao gerou na educacao cientifica o movimento cons/rut/vista que tent como principal caracteristica atribuir aos estudantes o papel de construtores de seus prOprios conhecimentos, valorizando todas as etapa desse processo. As pesquisas em concepcbes alternalivas, predominantes nos anos 80 c 90 nas pesquisas em ensino de ciencias, centraram-se no conhecimento produzido pelos prOprios estudantes e sac) a influencia mais clara dessa tradicao construtivista no ensino'. Porem, as influencias no contexto do ensino de ciencias nao se limitaram a isso. Muitas nocbes e analises interims ao debate epistemologico foram transportadas para o contexto especifico da pesquisa em ensino de ciencias, como podem atestar o use de termos como "paradigma", "micleo duro", "perfil epistemologico", "obstaculo epistemologico", etc. A teoria de ensino mais popular nesse periodo, a HueIowa Conceitual, possui uma estrutura muito similar a das muclemms puradignunicas no contexto das ciencias naturals, e utiliza de forma ampla denials conceitos da abordagem kuhniana, alem de outros conceitos tirados do pensamento lakatosiano como os programers de pesquisa, assim como da nocao de ecologic, conceilual presente obra de Toulmin n . Em outras palavras, a tradicao construtivista no ensino de ciencias sofreu forte intluencia dos ditos aspectos sociologicos do debate epistemolOgico centrado na obra de Kuhn, onde se destacam os processos de validacao do conhecimento cientifico relativamente ao contexto de producao. Cabe porem, questionar se esta transposicao do dominio da filosofia da ciencia para aquela do ensinoaprendizagem de ciencias nao resultou em adaptacOes desmesuradas ou restricOes importantes. Segundo as colocacOes de Chevalard sobre a transposicdo &denim', a passagem do conhecimento cientifico desde seu contexto de producao ate se tornar objeto de ensino na forma de contend° escolar configura-se como urn processo seletivo e adaptativo envolvendo a tomada de decisOes frente a valores externos ao contexto original de producao do conhecimento. 0 termo "transposicao didatica" empregado por esse pesquisador delimita justamente os contornos dentro dos quais os processos de construcao de conhecimento se enquadram, desde sua producao no meio cientifico ("saber sabio") ate sua introducao na escola ("saber escolar"). Partindo desse 41 referencia! devemos buscar na transposicao do debate epistemolOgico sobre a producao do conhecimento cientifico os elementos selecionados e as adaptacoes necessarias para o contexto das pesquisa em educacao cientifica, na qual se insere as discussOes sobre o ensino de Fisica. A transposieao do construtivismo para o contexto das pesquisas em ensino Um dos elementos mais importantes que diferenciam o contexto da atividade cientifica, sobre o qual é feita a analise filosofica, daquele relacionado ao ensino das ciencias centra-se nos sujeitos do conhecimento presente em cada um deles, i. e, em cientistas e estudantes. A eles esta associado a genese do conhecimento e que acaba por contribuir na determinacao das suas formas de producao e validacao. A transposicao ingenua desses sujeitos nao tardou a apresentar problemas. Trabathos como o de Driver' s procuraram avancar paralelos nessa direcao e foram posteriormente criticados. Sobre essa colocacao, pode-se destacar dois pontos. 0 primeiro diz respeito ao processo de interacao individtio-objeto do conhecimento. No se trata de simplesmente transportar acriticamente o que acontece no meio cientifico para o processo de ensino. 0 contexto no qual trabatha um cientista nunca podera ser transportado para o ambiente escotar. E praticamente impossivel conceber os alunos como participantes de padrOes de producao de conhecimento presentes na comunidade cientifica de referencia. 0 contexto dessa comunidade nao pode ser simutado na escola. E possivel apreende-lo, dando sentido ao produto a ele vinculado, mas reproduzi-lo nab. Nesse sentido, a construcao de conhecimento pretendida peta escola nao pode ser enquadrada segundo padrbes unicamente epistemolOgicos com referencia ao saber de origem, mas principalmente pedagOgicos no sentido de um epistemologico-pedagogico. Isso e uma epistemologia que possa englobar nao se o contexto de construcao do conhecimento de referencia, mas tambem aquete vincutada ao contexto prOprio do individuo. 0 segundo ponto se vincula aos objetivos presentes na atividade cientifica e nas atividades do dia-adia. No caso da pesquisa cientifica parece dare que o objetivo é obtencao de conhecimentos na forma de teorias que permitam interpretar e predizer dominios determinados de fenOmenos fisicos. Abre-se aqui urn terreno fertil para debate sobre as formas de producao e legitimacao desse conhecimento, Inas existe para alem dete a certeza de que sobre ele podemos gerar operacOes que permitirao obter resultados no dominio empirico. Portanto, pode-Se associar a pratica cientifica e ao seu sujeito em particular a busca de tint conhecimento com atribuicao/imciona/, materializado na capacidade das teorias de permitirem um dialog° com a natureza. Isso e obtido atraves das teorias, leis, conceitos, tecnicas experimentais construidas segundo os padreies ditados peta comunidade em questao e que permitem aos cientistas lidar corn os resuttados obtidos. Portanto o conhecimento cumpre urn papel/funcao dentro da atividade cientifica. Para os individuos dm geral, e especiatmente para os estudantes no contexto da educacao cientifica, nao parece absurdo afirmar que exista essa mesma necessidade de atribuir uma funcao especifica ao conhecimento que espera-se ele aprenda atraves do ensino. Assim qual seria o papel do conhecimento cientifico presente no contexto escolar? Seria possivel associar a ele um valor Juncional como acima mencionado? Ao enfocar aspectos funcionais do conhecimento cientifico para os estudantes, temos de considerar a sua utitidade extra-escotar. Porem eles escapam as analises sobre o contexto de producao tributarias da tradicao kuhniana. A enfase nos aspectos sociolOgicos do desenvolvimento cientifico induz as analises educacionais ressaltar a vinculacao do conhecimento ao seu contexto de producao. Estudos comparativos entre as formas de producao petos estudantes de conhecimento atternativo e de producao de conhecimento cientifica relativizam o valor de ambos aos seus contextos especiticos. Os trabalhos mencionados anteriormente na aptica das mudancas conceituais sao exemptos dessa natureza e tern basicamente cotocado a necessidade de evidenciar as concepcOes previas dos estudantes, para em seguida criar situacOes de lenscio on con/li ng cognilivos que gerem a superacao das mesmas ) . Ao visar a construcao de novas concepcOes capazes de superar os conflitos cognitivos, é de pouca ou »enhuma importancia o papel a ser desempenhado pelo conhecimento para o sujeito em questa° fora do contexto escolar, ou seja aquete que engtoba os fenomenos e situacOes enfocados no processo de ensino. Centrando-se unicamente no aspecto construido do conhecimento, muitas vezes deixa-se de considerar que para alem dele, existem aspectos relacionados ao uso que o estudante fara desse conhecimento. Seria atgo similar a dimensao funcional anteriormente mencionada no contexto da pesquisa cientifica. Nao parece suficiente pensar o ensino cientifico focando-se apenas nos condicionantes ligados ao contexto de producao, limitado aos processos de construcao cientifica. Devemos necessariamente considerar o uso que o estudante fara desse conhecimento numa dimensao mais ampla que ultrapasse o contexto escotar e isso implicara em considerar a funcao que the sera atribuida. Como as teorias cientificas construidas nao tern valor absoluto, mas devem ser sempre relativizadas, nao é importante analisar seu valor intrinseco, mas apenas justifica-lo face ao seu contexto de producao caracterizado historicamente. Essa Ultima questa) escapa do dominio restrito do que defino como construtivismo epis/emohigico processua/ presente nas pesquisas educacionais forjado a partir da tradicao kuhniane. Defino essa abordagem como uma epistemologia centrada nas condicOes de construcao do conhecimento, onde se procura apreender o contexto no qual a atividade do individuo ocorre, detineando seus pressupostos. A filosolia 42 Kuhniana, ou melhor a versa° mais usual dessa tilosotia transporta para o contexto da educacao cientifica valorizou em demasiado as condicOes de apreensao dos paradigmas. Em outras palavras, a epistemologia cientifica nos molder dos paradigmas kuhnianos levou a sobre-valorizacao do dominio heuristic:0 do conhecimento em detrimento de seu valor ontelogico. A dimensao ontolOgica do conhecimento cientifico escolar As pesquisas dentro do movimento construtivista sobre ensino de ciencias tern procurado nas filtimas decades alternatives para o mito empiricista da produce() de conhecimento, contra o estabelecimento de regras que acompanham o tao "propagandiado" metodo cientifico, sobre sistemas filosOficos mais adaptados a embasar nossa reflexoes sobre o processo de construcao de conhecimento. Mas parece que deixou-se de lado a seguinte pergunta: qual a imagem espera-se que os estudantes tenham sobre o conhecimento fisico ensinado? Neo se trata aqui de uma false questao, pois a antiga concepcao empiricista oferecia uma resposta clam a ela. Nesse concepcao, o conhecimento cientifico (as teorias propriamente ditas) seria o retrato aproximado das coisas. A motivacao da educacao cientifica transcendia a propria ciencia, na medida em que se buscava atraves dela a propria essencia da realidade. Porem, o construtivismo, ao extirpar a ideia de verdade absolute, a ideia de metodo cientifico parece ter extirpado desavisadamente a prOpria ideia de Realiciade. Isso 6, falamos da realidade em voz baixa, procurando substitui-la por outras ideias, como dominio empiric°, dominio fenomenologico, contexto experimental, etc. 0 conceito de Realidade parece-nos por demais identificado 00 contexto empiricista que gostariamos de ver banido de flosses mentes. Ao adotar uma concepcao de ensino-aprendizagem cientifica sem a ideia de realidade cria-se uma armadilha epistemologica. Nega-se o empiricisme ingenue corn o risco de adocao de um relativism() ingenue. Nesse caso teriamos as construcks conceituais propostas pela ciencia valoradas apenas no seu proprio interior. Ou mentor, as teorias cientificas seriam simplesmente estruturas conceituais com coerencia interne, dentro da qual podemos estabelecer relacOes de causa e efeito. A comparacao entre diversas teorias nao seria possivel visto tratar-se de estruturas idiossincraticas no tempo e no espaco. Apesar do exagero das idtimas frases, a falta de um referente externo as proprias teorias leva-nos a essas conclus6es relativistas. Embora isso no seja em si urn problema, visto a existencia de diversos sistemas epistemologicos relativistas que procuraram entender a pratica cientifica (Latour e todo programa Forte), no dominio do ensino de ciencias abre-se uma grave lacuna. Sem o conceit° de realidade como referente extern() perdemos uma forte .justificativa para o ensino cientifico. At6 o mein do seculo, ensinavamos ciencias pois ela nos revelaria os segredos da natureza. Isso deve ter motivado AristOteles, Gabler', Newton e outras no curso de scus trabalhos. 0 que deveria dizer um professor corretamente identificado com a cartilha construtivista a essa pergunta? No contexto escolar sempre poderiamos recorrer a respostas institucionais, ressaltando o aspect° da formacao cientifica para determinadas profiss O - es. Apesar de valid°, tal encaminhamento limitaria em demasia a importencia do conhecimento cientifico na formacao do individuos, poise sabido que apenas uma minoria deles desempenharao atividades onde o conhecimento cientifico e ferramenta pro -fissional. Limitando o conhecimento cientifico escolar a desempenhar tal luncao, impedimos que ele se tome ferramenta de interpretacao no cotidiano dos estudantes. Pesquisas tem reveled° que em muitas ocasiOes, os estudantes, mesmo tendo conhecimentos cientificos sobre determinados assuntos, aferidos no contexto escolar, recorrem a concepcOes nao cientificas quando confrontados corn problemas on questOes relacionadas diretamente ao mundo fisico. Como afirmamos acima, o conhecimento cientifico constitui-se numa forma privilegiada historicamente de representacao do real, e 6 essa caracteristica deve garantir sua posicao nos curriculos. Por que entao que de e preterido pelo conhecimento alternativo, desenvolvido pelo proprio aluno. Poderiamos optar pela afirmaceo de que o conhecimento aparentemente aferido pela escola como incorporado pelo aluno, na verdade nao o foi. Isso sugere como soluceo LI Ma intensificaceo nas estrategias de construcao do conhecimento. Culpa-se portanto a eficiencia do processo e sua afericao. Todavia, a nosso ver, nao se trata apenas de rnelhorar a eficiencia do ensino, mas na importencia que tern sido dada ao aspecto funcional do conhecimento cientifico para o cidadao. MUITO POUCA COISA TEM SIDO FEITA PARA QUE OS ALUNOS PERCEBAM QUE 0 CONHECIMENTO CIENTIFICO APRENDIDO NA ESCOLA SERVE COMO FORMA DE INTERPRETACAO DO MUNDO QUE 0 CERCA. SEM IRMOS MUITO LONGE NESSA DIRECAO, NAO PARECE QUE OS ALUNOS PERCEBEM QUE AS TEORIAS CIENTIFICAS PERMITEM A CONSTRUCAO DE EXPLICACOES ENGENHOSAS SOBRE OS FENOMENOS QUE. ELES PRESENCIAM NO SEU DIA-A-DIA. A COR DO CEU, AS SENSACOES TERMICAS DOS OBJETO, A APARENCIA DE SUPERFICIES POLIDAS E OUTRAS SITUACOES SEM RESPOSTA NA ESCOLA MAIS PARECEM INDICAR UMA INCOMPATIBILIDADE ENTRE 0 CONHECIMENTO CIENTIFICO ENSINADO E. AS SITUACOES VIVENCIADAS NO COTIDIANO. 0 CONHECIMENTO CIENTIFICO APRENDIDO PELOS ESTUDANTES PARECE INCAPAZ DE OPERAR SOBRE ESSAS SITUACOES; PIOR, AS VEZES LEVA-OS A CONCLUSOES CONTRARIAS AQUELES OBSERVADAS. NESSAS CONDICOES E MUITO DIFICIL PARA UM ESTUDANTE ABANDONAR SUAS CONCIF,PCOES ALTERNATIVAS. FICANDO A CIENCIA RESTRITA APENAS As SITUACOES ESCOLARES. 43 Nesse sentido, acredito que se deve re-inserir corn urgencia a realidade como objeto da educacao cientifica. Nao nos moldes determinados pelo empiricismo ingenuo, mas enfatizando o conhecimento construido pela ciencia como esbocos da realidade. Para isso, é necessario a ampliacao do construtivismo processual para urn construtivismo ontologico (falta de rnelhor termo). Nele a realidade passa a ser o objetivo final da educacao cientifica, que deve porem ser perseguida pela construe d- o de modelos. Sobre Modelos e modelizac5o na visa° de Mario Bunge Se o construtivismo educacional deve conter uma dimensdo ontologica, devemos necessariamente buscar apoio em sistemas filosOficos que admitam a possibilidade de se alcancar a realidade, i. 6, que tenham urn perfil realista. Apresentaremos a seguir as ideias de Mario Bunge, urn filosofo realista, em cujo sistema de pensarnento os modelos desempenham papel central. A discussao sobre modelos no seu trabalho se inicia pela analise de sua funcao na constituicao do conhecimento teorico das ciencias. Para ele, a capacidade de produzir conhecimento teorico é uma caracteristica da ciencia desenvolvida pelas sociedades modernas, pois nas sociedades pre-industriais crenca, opiniao e conhecimento pre-teorico eram suficientes. Para Bunge, o carater teorico do conhecimento torna-se medida de progresso cientifico, mais do que o volume de dados empiricos acumulados. Ele se daria justamente pelo avanco teOrico de determinado area da ciencia em apreender o real. Nas suas palavras: "Converter coisas concretas em imagens conceituais cada vez mais ricas e expandi-las em modelos teOricos progressivamente complexos e cada vez mais fieis aos fatos, é o onico metodo efetivo para apreender a realidade pelo pensamento."" Dentro desse contexto, ele passa a precisar o papel desempenhado pelas teorias e sua relacao corn a realidade. Corn relacao a isso Bunge coloca que "Coda teoria especifica l2 é na verdade urn modelo maternatico de um pedaco da realidade". (1974, pag 10) Essa afirmacao apresenta os principals elementos do debate epistemologico que ele pretende desenvolver, ou seja Teoria, Model°, Malematicas e Realidade Bunge aborda os modelos na medida em que quer dar costa das relacOes existentes entre as teorias e os dados empiricos. Os modelos sao colocados como intermediarios entre as duas instancias limitrofes do fazer cientifico: as teorias e a realidade. Ao longo de todo seu trabalho ficara claro que, embora de fundamental importancia, as teorias por si so nada valem no contexto cientifico, pois sendo abstracoes produzidas por nossa razao e intuicao nao se aplicariam a priori as coisas reais. Por outro lado, os dados empiricos apesar de mais proximos da realidade, nao podem ser inseridos em sistemas logicos e gerar conhecimento. Dessa aparente dicotomia entre teorico e empiric°, é que é introduzida a modelizacdo como instancia mediadora. Corn efeito, B. define tres elementos fundamentals no processo de teorizacao: Teoria geral - que pelo fato de ser geral se aplica potencialmente a qualquer parte da realidade, mas é impotente por si so na resolucao de problemas; Objeto-modelo — que se constituem em imagens conceituais (e portanto abstratas) dos elementos pertencentes a urn sistema real que se pretende interpreter atraves de uma teoria geral. 3Modelo teorico (ou Teoria e.specifica) — "...é urn sistema hipotetico-dedutivo que concerne a um objeto-modelo"" e "..., e obtido pela adjuncao de suposicOes subsidiarias a uma estrutura geral... cobrindo uma especie em vez de urn genero extenso de sistemas fisicos"". Os objetos-modelos sao formulados atraves das propriedades comuns, ou admitidas como commis de determinado grupo de objetos reais em foco. Apesar de urn alto grau de realidade, nao permitem nenhuma operacionalizacao que vart alem do pr6prio estabelecimento de semelhancas. No extremo oposto temos as teorias gerais, que embora altamente operacionalizaveis (em funcao de sua estruturacao matematica) nao se referem a nada especificamente pertencente ao mundo real, embora possam vir a se referir pela adicao de suposicOes adicionais. A inter-relacao entre os tres elementos acima é exemplificada no seguinte trecho: "Quando suposicifies e dados especiais respeitantes a urn corpo particular [objeto-modelo] sao associados a mecanica classica e a teoria classica da gravitacao [teorias gerais], produz-se uma teoria especial [modelo teorico] sobre esse corpo. Temos deste modo teorias lunares, teorias sobre Marte, teorias sobre Venus, e assim por diante." /' B. coloca que esse processo teorico objetiva a interpretacao de parte da realidade. Porem ela e sempre complexa e seus elementos particulares. A aproximactio deve entao ser obtida inicialmente atraves de simplificacOes (idealizacOes), onde classes de individuos equivalentes sao elaboradas. Aos elementos pertencentes a essas classes atribui-se propriedades e caracteristicas, que poderao entao ser tratadas pelas teorias /6 . Temos o nascimento dos elementos conceituais (on objetos-modelo), que sera° enxertados em teorias gerais e gerarao teorias especificas sobre o dominio real em foco. A forca da teorizacao esta justamente na capacidade das teorias gerais, que a principio nao dizem respeito a nenhum dominio do real, de, ao serem enxertadas desses objetos conceituais, produzirem representacoes da realidade, i. e modelos teOrico. Na tabela a seguir, Bunge apresenta uma lista de situagOes modelizadas pela ciencia: 44 "SISTEMA Lua Luar Pedaco de gelo Cristal OBJETO MODELO MODELO TEORICO TEORIA GERAL Solid° esferico girando Teoria Lunar Mecanica classica e teoria em torno do seu eixo, em gravitacional. rotacao a volta de um ponto fixo, etc. Onda eletromagnetica Equacties de Maxwell Eletromagnetismo polarizada plana para o vacuo classic° Cadeia linear casual de Mecanica estatistica de Mecanica estatistica contas cadeias casuals Grade mais nuvem de Teoria de Bloch Mecanica quantica" /7 eletrons 0 objeto-modelo passa a representar os objetos—reais e o modelo teOrico o comportamento deles. Nesse sentido, o modelo teorico é um sistema hipotetico-dedutivo, uma maquina de gerar proposicOes a partir de proposiceies iniciais, ou seja é possivel realizar previsoes a partir deles. As previsoes sao possiveis pois, em sendo uma rede de relacbes dedutivas, o modelo pode extrapolar as situaceies para as quais foi inicialmente construido e expor propriedades e comportamentos dos objetos-modelos nele inseridos. "Una teoria cientifica é um sistema hipotetico dedutivo; isto é, um sistema baseado em hipoteses, i. é, enunciados que transcendem as observaceies no sentido de que dizem respeito a classes inteiras de fatos, nao apenas aqueles que acontece serem observaveis. " /A Na tabela de exemplos acima, a °tufa eletromagnetica polarizada piano' passa a ser uma representacao possivel do luar, cujo comportamento pode ser obtido pelas relaceies basicas contidas na teoria eletromagnetica classica. De posse disso, explicar o comportamento de tal objeto (por exemplo, a formacao de halos coloridos ao passar por uma fina camada gasosa durante a noite) assim como realizar previsOes (como mostrar que a luminosidade se extingue quando a fazemos passar por urn polarizador convenientemente direcionado, ou rotacionar o piano de polarizacao pela aplicacao de urn campo magnetico) tornam-se tarefas possiveis atraves das relacties ditadas pela teoria eletromagnetica. Dessa forma, flea definido que nao é possivel testar teorias gerais pois elas nao dizem nada a respeito do mundo empirico (realidade), apesar de permitirem o estabelecimento de relacOes dedutivas. Apenas os modelos teoricos produzidos a partir deles podem ser submetidos ao crivo da experiencia e por conseqUencia serem refutados e gerarem problemas. Do mesmo mod° nao ha sentido em se perguntar se urn objeto-modelo é verdadeiro ou falso. Em sendo uma idealizacao mais ou menos arbitraria (em funcao das decisOes do pesquisador), e mais ou menos vinculada aos interesses e possibilidades que a ciencia tern em determinado momento, acaba por ter urn status apenas convencional. Isso fica claro nos seguintes pararafos: "0 que se pode submeter a provas empiricas sao tais modelos teOricos: as teorias [gerais] despreocupadas corn particularidades permanecem incomprovaveis, a menos que sejam enriquecidas corn modelos de seus referentes"". e em outra passagem .. estritamente falando as teorias gerais nao sao testaveis. De fato, por si mesmas, nao podem resolver problemas particulares, por conseguinte, nao podem originar quaisquer predicOes especificas. SO modelos teOricos podem ser con frontados corn os dados... sao testaveis, e sao-no em virtude de conterem objetos-modelos definidos" 2° . B. entende os modelos como capazes de representar a realidade. Mas ele vai alem, atribuindo-Ihes papel de sin/it/ado/ do real, ao dizer que todo modelo teorico deve, cedo ou tarde, definir mecanismos internos que deem sustentacao as relaceies nele existentes. Nesse sentido, as coisas silo o modelos teOrico que as representa, e sua essencia passaria entao a ser determinada pelos mecanismos hipoteticos on escondidos, nele presentes. Ele diz: .. cumpre considerar seriamente os mecanismos hipoteticos, como representando as entranhas da coisa, e cumpre dar prova desta conviccao realista (mas ao mesmo tempo falivel) imaginando experiencias que possam por em evidencia a realidade dos mecanismos imaginados." 2/ " Uma hipotese dos mecanismos escondidos s6 podera ser considerada como confirmada se satisfizer as seguintes condiceies: explicar o funcionamento observado, prover fatos novos alem do previsiveis por modelo de caixa-negra' 2 e concordar corn a rnassa de leis conhecida" 2-'. A denominacao de mecanismos escondidos nao diminui sua acepcao realista, mas apenas indica que eles nao sao acessiveis a percepcao, mas inferidos teoricamente a partir dos modelos. Como todo modelo contem um certa dose de aposta teOrica, a sua falibilidade deve ser constantemente considerada. Nesse sentido a confianca nos modelos deve ser criticamente guiada por testes e previsOes. Assim, os mecanismos hipoteticos so ganhariam status de "coisas" quando pudessem de alguma forma receber confirmacao empirica. Corn efeito, os modelos funcionariam como "dubles" da realidade. A proposicao dos objetos-modelo corn suns propriedades especificas circunscritos pelcs modelos habilitariam os cientistas a abandonar provisoriamente a realidade e toda sua complexidade, c aprofundar-se nas relacoes internas ao mesmo. 45 Nesse sentido, os modelos teriam valor antalcigico, pois •eriam, aproximadamente e provisoriamente a realidade, mesmo que circunscritos local e temporalmente. Ainda sobre a forma de conceber os modelos, Bunge faz questa° de diferenciar modelos corn objeto literals (ou 17 do-familiares ) daqueles corn objetos analogic:as (ou lanfiliares). Pelo fato de qualquer objeto concreto poder ser modelizado de diversas formas, ele nao diferencia essas duas categorias do ponto de vista funcional: ambas classes de idealizacao podem ser engastadas ern teorias gerais e produzir modelos teoricos. 0 Unica criterio seletivo presente nesse processo é o resultado obtido corn esses modelos. Dessa forma, a familiaridade ou no dos objetos presentes num modelo teorico nao serve de criterio para a validacao de modelos, a explicack) e a previsibilidade constituir-se-iam em tais criterios. Modelos teoricos eficientes providos de objetos familiares (analOgicos) srto uma same de caroler psicalOgica, pois contentaria nossa inclinacao em procurar explicar os mecanismos escondidos atraves de esquemas conhecidos. Nesse porno, B. sublinha que uma explicacao nao precisa ser necessariamente metaforica. Ele diz que "nao rejeitaremos a explicacao metaforica inteiramente: sera tolerada, Janie de rnieux, no periodo de construcao da teoria". FF pag 129. Ou seja, uma explicacao pode ser feita metaforicamente quando o problema focalizado ainda nao dispuser de uma teoria especifica e de objeto-modelo apropriados. Por exemplo, as primeiras teorias do calor e da corrente eletrica procuravam explica-los a partir de analogias hidrodinamicas: eles eram pensados como fluidos incompressiveis, urn objeto-modelo construido para os liquidos em geral, e que inserido na mecanica classica havia gerado modelos eficientes. A . explicack) é metaforica na medida em o calor e corrente eletrica nao eram tornados como urn fluido incompressivel, mas apenas pensados como se fossem tal objeto. Nesse caso alem da metafora, temos tambem uma analogia, visto que o objeto-modelo transladado para as teorias do calor e da corrente eletrica tambem possui representack) familiar (bolinhas extremamente duras interagindo atraves de choques) Como comentario final, gostariamos de dizer que para Bunge os modelos srio a essencia do proprio trabalho cientifico. Existiria no processo de produck) de modelos, a passagem progressiva do real-percebido ao real-idealizado. Esse processo iniciaria-se pelas idealizac6es das situacOes tratadas que resultariam nos objetos-modelos, e terminaria pela construcao dos modelos teoricos, que serial» as estruturas que emulariam o real atraves de sisternas conceituais hipotetico-dedutivos. Para chegar-se a eles, é necessario a construcao de objetos-modelos e sua incorporacao numa teoria geral, que por ser geral nao se pronuncia diretamente sobre a realidade. Mas nao se deve interpretar a obtencrio de modelos como uma atividade meramente racional ou mecanica. Apesar de vincular-se aos aspectos empiricos dos fenomenso enfocados, trazidos pela observacao e pelos resultados de experiencias, a modelizacrio é uma atividade criadora. Nela inserem-se as prefere'ncias pessoais, as paixOes intelectuais e a bagagem de conhecimentos anteriores do cientista, balanceadas e organizadas pela intici4ilo pela razdo21 . Segundo Bunge, "nenhuma destas componentes do trabalho cientifico — observacao, intuicrio e razao — pode, por si SO, nos dar a conhecer o real. Elas nao passam de aspectos diversos da atividade tipica da pesquisa contemporanea: a construcao de modelos teoricos e sua comprovac5o." 25 Comentarios finais Ao introduzirmos a modelizactio como objeto do ensino de Fisica estaremos instrumentalizamos os alunos a representarem a realidade a partir das teorias gerais. A preocupacao corn o contexto de construcao do conhecimento cientifico nao deve ser deixado de lado, mas submetido ao objetivo maior da educacao cientifica que e o de assegurar ao individuo uma melhor relacao corn seu ambiente. A explicitacao e exemplificacao das teorias fisicas como algo capaz de nos fornecer um quadro da realidade, mesmo que ele seja pintado em diversos estilos diferentes, gera cornpeticrio (no aspecto positivo do termo) entre as concepcOes cientificas e as concepcOes alternativas. A possibilidade de comparacao e a tomada de decisOes de que forma representar a realidade tornara os alunos mais criticos e mais capazeS de desfrutar dos insights que tern apaixonados pesquisadores ao longo dos tempos. Parcialmente financiado pelo CNPq 0gborn, 1997. 3 Abrantes, 1998, p. 61. j Ibid, p. 62 'Para um ideia da productiO nessa area de pesquisa, ver Duit, 1994. Sobre beneficios e criticas ao paradigma construtivista na educacao cientifica, ver Millar 1989 e mais recentemente Ogborn 1997. Para um ideia da produc5o nessa area de pesquisa, ver Duit, 1994. Sobre beneficios e criticas ao paradigma construtivista na educacao cientifica, ver Millar 1989 e mais recentemente Ogborn 1997. 'Chevalard, 1985. 8 Chevalard, 1985. 9 A meu ver, os cantinas cognitivas de inspirack) piagetiana, sao transpostos para o contexto das pesquisa em ensino de ciencias desprovidos de seu principal element°, a o referente real presente nos fenomenos que se pretende interpretar. 2 46 "'No sentido que enfatiza a analise do periodos de Revoluceio Cientilica em detriment° das praticas mais prOximas da Ciencia Normal. Ver Abrantes, 1998. .//•idem, p. 12 12 0s negritos sAo acrescentados por mini enquanto o italic° representara grifo presente no prOprio texto , "idem, pag 16. "Bunge 1973, pag 53 b idem, pag 54 "Bunge 1974, p. 13. " Bunge 1973, pag 53. pag. 57 Bunge 1974, p. 32 2° Bunge 1973, pag. 56 21 Bunge1974, p.19 22 A referencia aos modelos de caixa-negra é entendido aqui como a mais simples versa:, de urn modelo teorico, do qual nao se conhece nenhum mecanismo interno, mas apenas relacOes dedutivas entre variaveis externas. Mais adiante Bunge procedera a uma classificacao de modelos teoricos em termos de caixa-negra e caixa-transhicida. b idem " pag.21 pag.21 2 "idem, pag. 30 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS: I Abrantes, Paulo, 1998, "Kuhn e a noc5o de 'Exemplar — , Principia, vol. 2, n. I, 1998 Runge, M. 1973, Filosofia da Fisica: edicbes 70, Lisboa, Portugal. 2. 1974, Teoria e Realidade: editora perspectiva S.A., SP, 1974 3. Driver, R.1979, The pupil as scientist. Paper presented to the GIREP conference, Rehovot, 4. Israel, 1979. 5. Chevallard, Y.: 1985, La transposition didactique: du savoir savant au savoir enseigne, La pens& Sauvage, Grenoble, 1985. 6. Kuhn, T. S.: 1970, The Structure of Scientific Revolutions. Chicago: University press, 2 edit, Chicago, EUA. 7. Millar, R. 1989, "Constructivisme Criticism", International ,Journal of Science Education, 1989, 253 - 268. 8. Ogborn„.1. 1997, "Constructivist metaphors of learning science", Science & Education 6: 121-133, 1997. 9. Santos, Flavia, 1996, Do Ensino de ciencias come mudano concenual a .Ironteira de uma abordagem afetiva, dissertacao de mestrado, CED, UFSC, 1996. 47 MESAS RED ONDAS MR Al: 0 curriculo de Fisica para o Ensino Medio e Profissional na perspectiva das diretrizes curriculares nacionais Coordenacao: Susana L. de Souza Barros - IF/UFRJ MR A2: As diretrizes curriculares para o ensino superior Coordenacao: Eliana dos Reis Nunes - IF /UnB MR A3: A pesquisa em Ensino de Fisica e as p6s-graduaciies em Ensino de Ciencias e Ensino de Fisica Coordenacao: Isabel Martins - ColTec/UFMG MR Bl: Ensino de Fisica e a Educacao nao formal: espacos alternativos de aprendizagem Coordenacao: Jose Eduardo Martins - IF/UnB VIR B2: Linguagens da Fisica: o discurso do professor e o ensino de Fisica na escola Coordenacao: Maria Lucia Vital dos Santos Abib MR B3: Fisica Moderna e Contemporanea: desafios para o ensino medio Coordenacao: Eduardo A. Terrazzan - FE/UFSM MR Cl: Formacao em Fisica dos professores de Ciencias do ensino fundamental Coordenacao: Eliana dos Reis Nunes - IF /UnB MR C2: Experiencias atuais na formacao continuada de professores de Fisica Coordenacao: Maria de Fatima R. Makiuchi - IF /UnB MR C3: Novas tecnologias: velhos habitos?? Coordenacao: Jose Eduardo Martins - IF/UnB Mesa Redonda Al: 0 curriculo de Fisica para o ensino medio e professional na perspectiva das diretrizes curriculares nacionais Prof. Luis Carlos de Menezes - IF/USP Prof Ana Tereza Filipecki - SENAI/CETIQT-RJ Prof. Orzenil Bonfim JUnior - UNAB COORDENACAO: Prof" Susana de Souza Barros - IF/UFR.1 0 CURRICULO DE FISICA PARA 0 ENSINO 1\4E1)10 E PROFISSIONAL NA PERSPECTIVA DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS (DCNS) Ana Filipecki Senai-Cetiqt -Rio de Janeiro [email protected] Gostaria de iniciar minha apresentacao abrindo "virtualmente" dois enderecos na internet: www.mec.gov.br/EnsPes/Modalid/mo_profhtm e www.dn.SENAI.br . Utilizarei excertos dessas paginas para introduzir algumas reflexes sobre os possiveis impactos das Diretrizes Curriculares Nacionais no curriculo de Fisica das escolas do SENAI. O SENAI, Servico Nacional de Aprendizagem Industrial, Org5o diretamente ligado a Confederacao Nacional da Ind(Istria — CNI - foi criado atraves do Decreto-Lei n° 4.084, de 22.01.1942, assinado pelo Presidente da Repilblica Getillio Vargas. Segundo Medeiros (1987), na epoca de sua fundacao o SENAI recebeu como "heranca" a experiencia acumulada pelo ensino ferroviario no desenvolvimento e aplicac5o de metodos racionais de aprendizagem industrial (denominada instrucaa rational ) ao incorporar o Centro Ferroviario de Ensino e Selec5o Profissional de Sao Paulo (CFESP). Aleut de transferir seu patrimenio material, o Centro cedeu seu acervo metodolOgico e intelectual constituido de pianos, projetos, estudos e conjunto de series metodicas j elaboradas durante os 15 anos em que se desenvolveram as atividades do ensino ferroviario. A autora destaca o papel que as estradas de Ferro tiveram na evolucao do ensino industrial no Brasil por sua ligacao com os fatores de desenvolvimento do capitalism() no pais: a formac5o de forca de trabalho para os transportes ferroviarios serviram de model° a inc:Istria em geral. O Centro Ferroviario de Ensino e Selec5o Profissional havia sido criado em julho de 1934 pelo IDORT (Institute de Organizacao Racional do Trabalho de S5o Paulo), instituic5o fundada em 23/7/31, responsavel pela difus5o sistematica da doutrina ORT (Organizac3o Racional do Trabalho) no Brasil. No 5mbito da di fusao do ORT no Brasil, segundo Medeiros, a criacii° do Centro Ferroviario de Ensino e SelecAo Profissional foi a sua mais importante realizacao. O period() que antecede!, a criaccio do 1DORT corresponde aquela em que a industrializacao no Brasil, mais especiahnente em Sao Paulo, t omcrna 1701 , 0 impulse illthEid0 peke laillIacao de 171UCIllinaria m ail avancada. Esta exigict consequentemente minor divisao do trabalho e estimulava a especializa00, siminimo da organizacao raciona/ do trabalho, o que conchrzia os donos de ftibrica, a adolarem Os procedimento,v racionais em suas empresas. (Medeiros, 1987, p.96) Alem das "series metedicas" de aprendizagem, idealizadas e divulgadas pelo professor Roberto Mange', outra novidade introduzida nesta mesma epoca no sistema ferroviario foi a pre-selecao de candidatos aos cursos de aprendizes de oficios e a selecao propriamente dita para os cargos de acesso a diferentes funcOes, tendo por base a aplicacao de psicotecnica. E interessante resgatar esse aspect() histOrico n5o apenas pelo papel que as series metOdicas desempenharam no ensino profissional do SENAI, marcando profundamente suas praticas pedagOgicas, como lambent nos impele a confrontar o passado com o context() ecOnomico-social atual. Floje, a Miss3o do Sistema SENAI, conforme estabelecido no seu Plano Estrategico 1996-2010 6 Contribuir para a lartalecimento da imh;stria e u desenvolvimento plow e susienlavel do pais, promovendo a educacilo para 0 trctbalho e a cidadania, a assiTencia tecnica e iecnologica, a produ•ao clisseminacilo de informacao e a adequacdo, geracao e difitscie da tecnologia. 0 NEGOCIO central do SENAI continua a ser a Educac5o para o Trabalho, "com acOes di ferenc iadas conforme as necessidades do cliente e com retracao nas modalidades n5o demandadas on com demanda declinante". E importante ressaltar a coerencia entre o posicionamento do SENAI e a orientac5o atual estabelecida pelo MEC no que tange a identificac5o das demandas para o Ensino Tecnico. A InstituicAo tern como uma de suas metas de curt() e medio prazos a flex/NI/I:cur:do cla model() de ensino/aprendizagem e entre "as coordenadas estrategicas de longo prazo", destacamos: ConsalidacCio e expansao (fartalecimenta) clo mereado — atualizacilo tecnologica dos produlos; atuacao centrackt nas cadeias produlivas; atuaccia nas ocupaciies baseadas nc ma intensive das lecnologias de inft)rmacao e comunicacdo (teletrahalho— "acupacOes virtuais") orientimila para os mercados nacional e internacional. 51 Dentre os objetivos, de curto e medio prazos, do Plano Estrategico 1996-2010 do Sistema SENAI, destacamos: o desenvolvimento de programas de reconversao profissional interna e externamente, dentro de um conceito de educacao permanente e atuacao nas diferentes cadeias produtivas, priorizando os segmentos de alta tecnologia e os segmentos dos "amortecedores sociais. A ampla reestruturacao tecno-organizacional do Sistema SENAI a partir do inicio da decada de 90, caracteriza as profundas alteracOes nas interacOes sociais no meio de producao, nos mercados de trabalho e de consumo e na politica nacional. Diversas awes foram implementadas no Sistema SENAI para atualizar e fortalecer seu papel histOrico na educacao para o trabalho. Nesse sentido, fundou, em parceria com a Confederacao Nacional das Indostrias e corn a UNESCO, o Centro Internacional para a Educacao, Trabalho e Transferencia de Tecnologia — CIET. 0 Centro tern "o objetivo de estudar, antever e propor solucOes para minimizar os impactos da globalizacao sobre as atividades da indnstria brasileira, especialmente no que se refere a formacao dos trabalhadores, as questbes do emprego e as novas tecnologias e processos de producao". Outra acao do Sistema SENAI sintonizada com o processo de implantacao de inovaceies tecnoorganizacionais no mundo do trabalho e seus impactos sobre a educacao profissional foi a institucionalizacdo dos Centros Nacionais de Tecnologia — CENATECs. Sao Centros clue atuam na capacitacao de tecnicos industrial's em nivel de 2" grail, acresciclos das praticas de extenscio tecnologica, consultoria as empresas, da informaecio lecnologica, certificaccio de qualidade e de desenvolvimento experimental de produtos e processos direcionados para o setor industrial em Alta area de competencia. 0 SENAI realiza os tres niveis da Educacao Profissional: Basic°, Tecnico e TecnolOgico. No que tange ao nivel Basic() - destinado a qualificacao, requalificacao e reprofissionalizaccio de trabalhadores independente de escolaridade previa e ao nivel Tecnico - destinado a proporcionar habilitacao profissional a alunos matriculados ou egressos do ensino medio, conforrne estabelece o Decreto n° 2.208, poderiamos dizer que temos familiaridade e experiencia. Vivenciamos ja algum tempo as contradicOes e incertezas da qualificacdo e habilitacao profissional decorrentes das profundas alteracOes no mundo do trabalho. Do ponto de vista do fazer pedagOgico, seja nas escolas, seja nos CENATECs, o major desafio é alcancar a agilidade e a flexibilidade institucional necessaria para atender as demandas atuais e futuras, inovando metodologicamente. Decidir sobre a criacao, manutencao ou extincao areas/cursos de formacao significa romper corn valores instituidos e praticas cristalizadas a nivel local, regional e nacional. No que tange a efetividade das ofertas de formacao profissional a nivel basic°, urn aspecto da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educacao que deve ser enfatizado é o da certificac5o. Os certificados de qualificacao profissional emitidos pelo SENAI tiveram sempre um cunho restrito. Hoje, eles devem adquirir o reconhecimento necessario para permitir ao trabalhador mobilidade no mercado de trabalho em termos geograficos - tendo em vista o Mercosul e as regiOes de incentivos fiscais — e flexibilidade no sentido de conduzir o trabalhador atraves da formacao continuada a niveis de escolarizacao tecnico e tecnolOgico, a fin de ampliar a empregabilidade dos profissionais. Nessa perspectiva, o Departamento Nacional e o Departamento Regional de Sao Paulo estao desenvolvendo o projeto de Certificacao Profissional Baseado em Competencias. 0 Projeto, alinhado as prerrogativas da nova LDB e corn base nos perfis profissionais exigidos pelo mercado de trabalho, visa mecanismos, aislrumenlos, procedimentos e criterios, destinados a .vistemcaizar 0 processo de certificaccio atraves de aciies que possibilitem levar a pratica, por meio de providencias concretes, 0 Sistema de Cerlificaccio 3 . Quanto a oferta de cursos do antigo 2° grau tecnico, cujas grades curriculares estao previstas no Parecer 45/72 que complementa a Lei de Diretrizes e Bases anterior, ate o presente moment() sdo de tres tipos: Curso Tecnico Regular (CT), Tecnico Especial (CTE) e Curso de Qualificacao III/1V (CQPIII e CQPIV). O primeiro confere o diploma de tecnico industrial, tern duracao minima de 2.200 horas, nas quais se incluem 1.200 horas de contend° profissionalizante e a necessaria complementacao do exercicio profissional (estagio). 0 contend° profissionalizante e ministrado concomitantemente corn os estudos de educacao geral. Refere-se a formacao tecnica de alunos que possuem o diploma de conclusao do antigo I° grau. Sua duracao media é de 7 semestres. Os Cursos Tecnicos Especiais (CTE)/ Cursos de Qualificacao Profissional (CQP IV) sao destinados aos candidatos que tenham concluido o 2° grau. Conferem Certificado de Qualificacao Plena em nivel de 2° grau ou Diploma Tecnico. Constam de, no minimo, 1.200 horas de contend° profissionalizante e o estagio obrigatOrio. • O Curso Tecnico Especial Modularizado (CTE — CQP III/CPQ IV) é "constituido por etapas progressives e integradas, corn unidades de contendos intercambiaveis, com flexibilizacao de unidades de entrada e saida, com intercomplementariedade livre e aberta, consubstancia-se num itinerario de niveis cada vez mail elevados de competencia para o trabalho (...) 4 . Flistoricamente, os cursos tecnicos do SENAI comecaram a ganhar impulso a partir da segunda metade da decada de 60, "procurando sempre atender as areas que nao eram privilegiadas• pelas Redes 52 Federal e Estadual de Educacao" (id., p.I 4). A decada de 70 foi marcada pela implantacao do CTE e a criacrio de novos cursos tecnicos (eletrOnica, textil, fundicao, celulose e papel, curtimento, artes graficas, ceramica, mecanica de precisao e instrumentacao). Corn a emergencia da microeletronica aplicada automacao, o setor industrial sofreu modificaclies importantes na decada de 80, o que levou o SENAI a ampliar a oferta de cursos tecnicos, "privilegiando areas como eletrotecnica, a eletronica e a instrumentacao, dentre outras (...). 0 SENA! ostenta urn quadro de mais de quarenta cursos tecnicos distintos, ministrados ern, aproximadamente, sessenta Unidades Operacionais proprias, abrangendo dezesseis Estados da Federacao" (Quadro II) E importante observar que dos 84 cursos ofertados, apenas 12 sao do tipo CT, os demais 72 cursos correspondent ao tipo CTE. Ate 2001 este quadro devera softer alteracoes em virtude da extincao dos cursos do tipo CT nos Departamentos Regionals e no Cetiqt (Centro de Tecnologia da Indristria Quimica e Textil), decorrente da desvinculacao entre o Ensino Medio e o Ensino Tecnico introduzida pela Lei n° 9.394. Reflete, de certa forma, o alinhamento dos Departamentos Regionals corn a postura estrategica do Sistema Senai em buscar a "alternativa mais economica de educack) para o trabalho e disseminacao tecnollig,ica", entendendo que nao caberia ao Sistema SENAI realizar o Ensino Medio e sim absorver democraticamente todos os alunos do sistema de educacao basica. No caso do Cetiqt, localizado no Rio de Janeiro, tend() sido o primeiro curso tecnico do SENAI, o processo de decisao foi longo e dificil. Corn caracteristicas nacionais, isto 6, atendendo a alunos oriundos de diversos estados do Brasil, o Curso 'Nettie° Regular do Cetiqt foi criado ern . 1949. Na ultima decada, no entanto, a demanda por esse curso foi se transformando, caracterizando-se por um perfil de candidato de classe social menos favorecida e media-baixa, oriundo da cidade do Rio de Janeiro, sem orientacao profissional na area textil, atraido simultaneamente pelo diploma de 2° grau, pela perspectiva de emprego e pela excelente infra-estrutura material e humana que o Centro dispOe. 0 Cetiqt é urn CENATEC que realiza formacao profissional para a cadeia textil em niveis basic() e tecnico, nas areas de Quimica Textil, Fiacao, , Malharia e Confeccao. Oferece o curso de Moda e Estilo aos alunos egressos do antigo 2° grau e em Marco de 98 introduziu o primeiro curso de engenharia do Sistema SENAI: a ENGENHARIA INDUSTRIAL TEXTIL - FEITex. Seguindo a trajetOria do DR-SP, optou por nao oferecer o ensino medio e estabelecer convenios corn escolas da rede pnblica e particular para possibilitar a concomitrincia do ensino medio e tecnico, mantendo o vestibular aos cursos tecnicos. Qual o impacto dessa decisao sobre o ensino de Fisica nas escolas do SENAI? A principio uma reducao no nrimero de docentes licenciados ern Fisica. Outros tecnicos-docentes passant a ter campos de acao reduzidos: orientadores educacionais, orientadores pedagligicos, professores de Matematica e Educacao Fisica, por exemplo. E importante lembrar que a gross() modo o docente que ministra as disciplinas da formacao geral tern urn perfil di ferenciado daqueles que ministrant as disciplinas tecnicas. Dentro do Sistema SENAI e elevado o Minter° de docentes/ instrutores/monitores da area tecnica que nao possuem o 3° grau e/ou nao receberam formacao pedagogica, sendo este fat() um dos vetores responsaveis pelo desenvolvimento do Projeto de "Formack) de Formadores" do Departamento Nacional e da criacrio do Centro SENAI Fundacao Romi - Formacao de Formadores, em Santa Barbara d'Oeste, Sao Paulo. Retomando a questao do Ensino de Fisica nas escolas do Sistema SENAI, observamos, atraves da analise das grades curriculares, que a maioria dos Cursos Tecnicos Especiais (CTEs), oferece a disciplina Fisica Aplicada/Industrial/Complementar. Ha cursos como, por exemplo, o Tecnico em Autoniacao Industrial , do Departamento Regional de Minas Gerais, em que nao ha uma disciplina especifica de Fisica Industrial; os conceitos fisicos sao abordados em materias como Eletricidade (80 horas), Termodinamica (30) e Mecanica (I 80). Nos cursos de Informaiica Industrial de varias Escolas do Sistema ocorre o mesmo. Hri cursos que apresentam em suas grades curriculares a disciplina Ciencias Aplicadas a area especifica, como por exemplo, Ciencias Aplicadas a Construcao Civil (Tecnico em Cons/pi/co-() Civil e Desenhisia de Constru•ao Civil); Ciencias Aplicadas a Refrigeracao (Assistente Tecnico de Ar-Conclicionaclo e VerdilacJo e Tecnico en? Ref•igeracao e Ar-Condicionado Tecnico De Rcli .igeracdo Industrial). E interessante observar a ausencia da materia/disciplina Fisica nos cursos de Plastico/Borracha. No curso de Auxiliar Tecnico de Mecrinica Geral (CAT/DR/PA) encontrarnos a disciplina Ciencias Fisicas e Biologicas (150 horas). 0 quadro III apresenta a carga horaria de Fisica Aplicada/Industrial/Complementar oferecida atualmente nos cursos tecnicos especiais. E interessante observar as diferencas entre a carga horaria de Fisica Aplicada no mesmo curso em diferentes Escolas: Tecnico em Celulose e Papel; Tecnico em Ceramica; Tecnico em Eletronica; Tecnico em Calcados; Tecnico em Instrumentack) e Tecnico em Confeccao do Vestuario. De modo geral, a disciplina Fisica Industrial 6 ministrada por docentes graduados em Engenharia que a) nao adotam livro-texto, b) utilizam laboratorios didaticos, recursos audiovisuais e informatica e c) realizam abordagem tecnolligica. No caso especifico do Cetiqt, a Fisica Industrial ainda nao desenvolveu um enfoque tecnologico textil. Metodologicamente, faz use de sua infraestrutura laboratorial e informatica, limitando-se as estrategias de ensino mais "inovadoras" a casos isolados. Com a introducao do Curso de Engenharia Industrial Textil, em Marco de 1998. o ensino de Fisica em nivel tecnico - sofreu os efeitos positiv.,s da contratacao de um docente-doutor - dedicado a pesquisa em aplicack) dos recursos telematicos a Ec'ucacao e corn amply experiencia no ensino de Fisica do antigo 3° grau - tendo como uma de suas atribuic( 6s a orientacao de docentes. Tendo em vista o process() de insercao do SENAI na Educacao 53 Profissional em nivel tecnologico, é bem provavel que outras escolas sintam efeitos similares na elevacao da formacao de seus tecnicos-docentes que atuam nos niveis basic° e tecnico. 0 quadro de mudancas estruturais em que estamos envolvidos e o fato das Diretrizes Curriculares Nacionais e os curriculos basicos para os cursos profissionalizantes de nivel tecnico, estabelecidos respectivamente pelo MEC e pelos- sistemas, ainda nab terem sido divulgadas, criam restricOes ao debate sobre os DCNs no Ensino de Fisica das escolas do Sistema SENA!. Quais serao seus efeitos sobre o ensino de Fisica na Educacao Profissional de nivel tecnico? Nao sabemos. Se "as Competencias e Habilidades a serem objetivadas em Fisica" , descritas no document° CienCiaS da Natureza, Matematica e suers Tecnologias 170 Ensino Medio 6 , forem nacionalmente materializadas, os resultados, sem dilvida, terao impactos sobre a formacao profissional de nivel medio e tecnologico. Gostaria de finalizar essa apresentacao fazendo duas provocacOes. A primeira refere-se ao texto de Mello (1998): 0 Ir-aba/hoe o context° 1710iS importame da experiencia curricular no ensino media de acordo com as direlrize.s teacadas pela LDB em seus artigos 35 e 36. 0 signdicado dense destaque deve ser devidamente considerado: 17(1 medida em due o casino medio e par/c inlegrante do educacao basica e que o dahalho e principio oeQanizador do curricula 17711d0 imeiramenie a nocdo geral academic(' ou. 'nether dao, academicism. 0 irabalho nao e mail ao ensino protis.cionalizante. Mud° ao contrario, a lei reconhece clue 17(1,c sociedades contemporaneas todos, independentemente de sua origem on destino socioprofissional, devem see educados 170 perspecliva do frahalho enquanto uma das principals aliVidadeS 17111710170S, enquanto camp° de prepaeaca° profissional, enquanto espaco de exercicio de cidadania enquanto process° de producdo de hens, ervicos e conhecimento. • Estamos ludo na contra-mao da historia ao enfatizarmos o trabalho como principio educativo ou incentivando urn compromisso politico-social corn a geracao permanente de empregos, rejeitando a possibilidade de uma sociedade do nao-trabalho? • Num contexto de crise econOmica, como desenvolver "metodologias de ensino diversificadas, que estimulem a reconstrucao do conhecimento e mobilizem o raciocinio, a experimentacao, a solucao de problemas e outras competencias cognitivas superiores" (Resolucao CEB N° 3, de 26 de Junho de 1998, Art.5°, III), sem vontade politica e disposicao institucional local para converter dedicacao e boa vontade de docentes em tempo para aquisicao de conhecimento, producao intelectual e reconhecimento profissional? Quadro III Cargo Horaria da Disciplina Fisica Industrial/Aplicada/Complcmentor nos Cursos Tecnicos Especiais Do Sistema SENA!' CURSOS CARGA HORARIA ALLvirsirosinEmAs TECNICO EM CERVLIARIA - ciE (DR/R.1) TEcN lc° EM CONTROIE DE OUALIDADE DE ALIMENTOS - CTE(DR/R.1) Tli.:CNICE) EM PROCESSAMENTO DE CARNES!: DERIVADOS - CUE (1)12/12.1) TECNICO FM PROCESSAMENTO DE ERU lAS E HORTALICAS - CUE (1)12/12.1) ARTES GRAFICAS TECNICO EM ARIES GRAFICAS - CUE (must)) - SENA! "Theobaldo Dc Nigris" TECNICO FM ARIES GRAFICAS - CUE (DR/SE) AI rFONLACAO INDUSTRIAL iy::cmce /:31.41./POM/1(, 'JO /A0)//S1R/4/..- ( . 71:. (DR /W) 100 80 80 80 38 38 Meccinica/Fisica A I)TONIO RII ASTRA AIJXILIAR TECNICO EM MECANICA DE AUTOS - CAT(DR/PA) 60 CELULOSE/PAITI. TiA 'N/C0 EA/ CH. ULOSE E PA PEI, - (CE (DR/PR.1) 11:1 'N/CO / I/ CEL//LOSE C PAPEL - CTE (01//57') 72 152 CERANIICA ASS'S - II:NIL: T k:NICO DI: V !DIMS - CAT (DR/SP) TiC 'A' ICO LAI CER/iMIC.4 - CIE (DR/ R.,) TECNICO FM CER4341C,4 - CTE (DR/SP) 20 85 20 CONSTRUCAO CIVIL TECNICO EM IN.S . 1:1/..4(76.e; DE ED11:1(',4(1)ES -CIE (DIVR1) CONSTRUCAO NAVAL TECNICO EM 1:STRCTURAS NAVAIS - CTE(1)12/SC) COURO/CALCADOS MODETASTA TECNICO EM CALCADOS - CTE (1)12/113) T/A 'N1(.70 EM (1',41,c/IDOS - ( -FE (DR,1'13) TE('A' 1CO 1:- M ( ',41,cil DOS - CIE (DRS P) TECNI(1) EM (7,4 4(7,4DOS - CTE (DR/R.9 TECNICO EM CURT IMENTO - CUE (1)12/113) Ttx 'Alco Em •LiRnmENT0 - (77...- (DR/Ks) ( 54 40 60 80 80 0 0 80 144 - /90 CURSOS CARGA HORARIA ELETRO-ELETRONICARTLECOMIINICAcOES AUXILIAR 1'ECNICO EM ETETRONICA - CAT (DR/SP) 38 TECNICO EM ELE77?0NIC/1-(77: (DR/MG) TECNICO EM ELE77?0NICA- C77: (DR/SC) 0 60 TI:rNICO EM ELETRONICA - CM (DR/SP) TECNICO EM Fil.17.TROTECNICA - CTE (DR/GO) TECNICO EM ELETROTECNICA - cm (DR/PR) TECNICO EM ELI TROTECNICA AGROINDUSTRIAL CIE (DR/MS) AUXILIAR TECNICO EM ETETRICIDADE GERM, - CAT (DR/PA) TECNICO EM ELE77?0NICA - C7T (DR/RS) TECNICO EM ELETRONICA -CTE (DR/R./) TECNICO EM ELETRONIC ✓ - CTE (DR/.SR) TECNICO EM El EIROTECNIC A - Cif (DR/MS) TECNICO Em ELFA - RarEcNICA - C- I E (DR/SC) 'I'ECNICO EM TFI,ECOMUNICACOES - cn (DR/SP) FuNDicAomErmAIRG IA INSTRUMENTA00 TECNICO EA1 INS 7 'RUMEN11C/10 CIE (DR/RS) TOCNICO EM INSTRUMENTKAO INDUSTRIAL - CIE (DR/ES) TECNICO EM INSTRUMENT4c;10 -C172 (DR/RII T)cArro EA,' hysTRIJHENTA,To (DR/Sp) - - (71.: NIECANICA TEc iwco El,/ Aiii-(-AAIrA - CTE (DR/:0 38 47 0 60 60 0 0 0 60 45 38 114 7? 50 SO 76 42 42 0 60 0 0 0 TECNICO Eill ME( '/I N/(7,1 - OF (DR/GO) TECNICO EM MECANICA - C77: (DR/MG) TECNICO 1:111 A71:C/iNICA - CIF (DI?/MS) TECNICO El! MEGAN/CA - CTE (DR117) 7T('NICO EM ME(.', ,iN/C• I CTE (OR/PR) 71:CA7C .0 EM All:C/INICA CTE (DR/W.1) TECNICO 1/I'! mix ./jAR ,A - ( 'TE (DR/Rs) TECNICO EM MEGINIC/1 - C77: (DR/SC) 'TECNICO EM MEC/iNICA - (77: (DR/SI') - - 0 76 SANEANI ENT() 'I'ECNICO EM SANEAMENTO - CUE (DR/PR) IECNICO EM TRATAMENTO DE RI SIDUOS INDUSTRIAIS - CIF (DR/RS) 36 108 Quack° III Carga Honiria da Disciplina Fisica Industrial/Aplicada/Complemcntar nos Cursos Tecnicos Especiais do Sisterna SENAI (continuacno) CURSOS CARGA HORARIA SEG 1 IRANO DO TRABA1.110 TECAR '0 EM ,STGIIRANcil DO 77?/113.41.110 - (1 . 77: (DR/CE) Tir ,V 100 Al S IX; f RANcA DO 78;113;)1,110 - (IT (DR/Dm r ( ny:AR,0 EM ,vo I i RA Alc A DO l' RA RA 4110 - ( . 77: (DR/GO) 7'EX.W1(0 EA 1 SEGURANC/I DO' /RA /31/./10 - CTE (0/?/.111) 11::CAR *0 EM SajURANCA DO' TIMB/11-110 C1E (DR/PR) 7TCNICO EM SEGURANcA DO TR/IBALII0 - C77: (DR/R0) y 'ficAvro EAI ,STG 1 , I RA AV A DO 7764 BA L HO - CTE (/)/C/?S) - SOLDAGEM TECNICO EM SOLDAGFM - Cu: 0)R/1m 40 0 0 0 0 92 36 0 TfAill, TECNICO 1:,M ACARAMENTO TEXTII. CIF (DR/PG) TECNICO EM ACAliAMENTO TEAT! IJOHIMICA - CTI: (CliTIOT-DN) TECNICO TEXT' I CTI (DR/PT) TECNICO TEXTII, - CU (DR/SP) TECNICO EM FIACAO - CTE (DR/PE) TECNICO EM TECTLAGEM - CTE (DR/PI) VESTI1Al210 TECNK:0 EM COA'FECC,40 DE NESTU/iR/0 - ( 'T/ (DR/SC') 7II:AR -0 EAI ( *OATECC/TO OE EESTU/RIO - 0 1 E q *ETOODA) TECNI( . 0 EA/ NESTI.i., i/a0 - OE (D/?/S/) 40 8)) 40 0 40 4)) 0 SO 0 0 'Obedecem a uma ordem de diticuldade progressive. Os alunos trabalharn setzuindo as indicacoes completas, de ordem tecnolot4ica e de execucao. 'Professor suico coniratado pelal3scola Politecnica de SAo Paulo, ern1929, para lecionar Mecanica Aplicada as Maquinas. , 55 3 Documento interno do SENAI/DN - MOdulo I — Sinopse de Projeto Estrategico CERTIFICACAO PROFISSIONAL BASEADA EM COMPETENCIAS. 1998 tatalogo dos Cursos Tecnicos do SENAI, SENAI.DN.DPEA. Rio de Janeiro, 1997, p.12. p Fonte: Catalogo das Grades Curriculares de Curso Tecnico e de Auxiliar Tecnico do SENAI. SENAI/DN, 1997. oP ro posta para a Area das Ciencias da Natureza, da Maternatica e das suas Tecnologias no Ensino Medi° elaborada por Solicitacao da Secretaria de Ensino Medi° e TecnolOgico (SEMTEC/MEC), 18/09/98. Mesa Redonda A 2 : As diretrizes curriculares para o ensino superior Prof. Jose David Mangueira Vianna - IF/UFBA Prof. Marco Antonio Moreira - IF/UFRGS Prof. Fernando Jorge R. Neves - Decano de Graduacao - UnB COORDENACAO: Prof' Eliana dos Reis Nunes DIRETRIZES CURRICULARES PARA CURSOS DE GRADUACAO EM FISICA .lose. David M. Dianna Marco Antonio Moreira 1. IntroducAo Nos termos do inciso II do artigo 53, a Lei de Diretrizes e Bases da Educacao (Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996) confere autonomia as InstituicOes de Ensino Superior para fixar os curriculos de seus cursos, observadas as diretrizes curriculares gerais pertinentes. Considerando a necessidade de definir tais diretrizes, o Ministerio da Educacao e do Desporto MEC, por intermedio da Secretaria de Educacao Superior - SESu, convocou, atraves do Edital n° 4/97, de 10 de dezembro de 1997, as Instituicks de Ensino Superior a apresentarem propostas nesse sentido. Essas propostas foram recebidas ate 15 de julho de 1998 e encaminhadas as ComissOes de Especialistas da SESu/MEC, nas areas de conhecimento correspondentes, para serem consolidadas. Na area da Fisica, foram recebidas propostas de diretrizes curriculares das seguintes IES: UFMG, UFG, UFMA, IFUSP, IFSCUSP, UNICAMP, UNISINOS, UCPEL, UFES, FUNREI, PUCRS, UnB, UEL, UFPR, UEM, UNICENTRO, UEPG, UERN, FAFCL, UFPEL, UFRGS, UFSM e FURG, Uma versa° preliminar das Diretrizes Curriculares para Cursos de Graduacao em Fisica, resultante do trabalho de sistematizacao e consolidacao feito pela Comissao de Especialistas de Ensino de Fisica da SESu/MEC, em agosto de 1998, foi colocada em discussao e submetida a comunidade, pela COESP/SESu/MEC, atraves da Internet. Em novembro de 1998, a Sociedade Brasileira de Fisica convidou os membros da Comissao para uma reuniao, aberta a comunidade, em sua sede, em Sao Paulo, a fim de discutir esta proposta preliminar. A reuniao foi muita concorrida, contando com a presenca de representantes de varias universidades publicas e privadas. Em janeiro de 1999, em Brasilia membros da Comissao participaram de uma mesa redonda, realizada durante o XIII SimpOsio Nacional de Ensino de Fisica, onde novamente o assunto foi discutido com a comunidade. , Ainda em janeiro de 1999, a SESu/MEC recebeu das PrO-Reitorias de Graduacao a resposta rizes se solicitacao feita anteriormente no sentido de que as IES se manifestassem sobre as propostas de diretrizes proposta da Fisica, as seguintes E curriculares em discussao nas diversas areas. Em relacrio manifesiaram junto a SESu/MEC: UFPi, UFU, UFRGS, UFMG, UFF, PUCSP, UFMS e UEFS. Em abril de 1999, a Comissao de Especialistas fez novo trabalho de sistematizacao e consolidacao de today as propostas e sugestOes recebidas nestas instancias, chegando a presente versa() das Diretrizes Curriculares para Cursos Graduacao em Fisica, a qual sera submetida pela SESu/MEC ao Conselho Nacional de Educacao. 56 2. Caracteristicas Gerais dos Cursos de Fisica E praticamente consenso, entre as propostas recebidas, que a formacao em Fisica, na sociedade contemporanea, deve se caracterizar pela flexibilidade do curriculo, de modo a oferecer alternativas aos egressos. E, tambem, bastante consensual que essa formacao deve ter uma carga horaria minima de 2000 horns-aula distribuidas, normalmente, ao longo de quatro anos. Deste total, aproximadamente a metade deve corresponder a urn E comma e a outra metade a madulos sequenciais especializacio.s definidores de perfis especificos. E igualmente consensual que, independente de perfil, a formacao em Fisica deve incluir uma monografia (ou trabalho equivalents) de fim de curso, a titulo de iniciacao cientifica. Em se tratando de cursos noturnos, a (mica diferenca, em todas estas caracteristicas gerais, é a de que a duracao do curso deve ser de urn a dois anos a mais. 3. Perfil Desejado do Formado 0 fisico, seja qual for sua area de atuacao, deve ser urn profissional que, apoiado em conhecimentos sOlidos e atualizados em Fisica, deve ser capaz de abordar e tratar problemas novos e tradicionais e deve estar sempre preocupado em buscar novas formas do saber e do fazer cientifico ou tecnolOgico. Em todas suas atividades, a atitude de investigacao deve estar sempre presente, embora associada a diferentes formas e objetivos de trabalho. Dentro deste perfil geral, pode-se distinguir perils especificos que podem ser tornados como referenciais para o delineamento de perils desejaveis dos formandos em Fisica, em funcao da diversificacao curricular proporcionada atraves de medulos sequenciais especializados cornplementares ao modulo cornum: Fisico — bacharel: ocupa-se preferencialmente de pesquisa, basica ou aplicada, em universidades ou centros de pesquisa. Este é o campo de atuacao mais bem definido e o que tradicionalmente tern representado o perfil profissional idealizado na major parte dos cursos de graduacao que conduzem ao atual Bacharelado em Fisica. Fivico - educador: dedica-se preferentemente a formacao e a disseminacao do saber cientifico em diferentes instancias sociais, seja atraves da atuacao no ensino escolar formal, seja atraves de novas formas de educacao cientifica, como videos, "softwares", ou outros meios de comunicacao. Nao deve se ater, necessariamente, ao perfil da atual Licenciatura em Fisica que esta orientada para o ensino medio formal. Fisico - tecnologo: dedica-se predominantemente ao clesenvolvimento de equipamentos e processos, por exemplo, nas areas de opto-eletranica, telecomunicacOes, adistica, ciencia dos materials, microeletronica, informatica, etc. Trabalha em geral de forma associada a engenheiros e outros profissionais, em microempresas, laboratOrios especializados ou ind(istrias. Este peril corresponderia ao esperado para o egresso de urn Bacharelado em Fisica Aplicada. Fisico - hverchsciplinar: utiliza prioritariamente o instrumental (teOrico e/ ou experimental) da Fisica em conexao corn outras areas do saber como, por exemplo, Medicina, Oceanografia, Meteorologia, Geologia, Biologia, Quimica, Meio Ambiente, Comunicacao, .Economia, Administraccio e varios outros campos. Esta conexao deve ser realizada em nivel de formacao para pesquisa e/ou docencia. No primeiro caso, o fisico atua de forma conjunta e harmonica corn especialistas de outras areas; no segundo, atua como fisico educador na area interdisciplinar correspondente. 4. Competencias, Habilidades e Vivencias Desejadas A formacao do fisico nas InstituicOes de Ensino Superior deve levar em coma tanto as perspectivas tradicionais de atuacao dessa profssao, como novas demandas que vem emergindo nas ultimas decadas. Em uma sociedade em rapida transformacao, como esta em que hoje vivemos, surgem continuamente novas funcOes sociais e novos campos de atuacao, colocando em questa() os paradigmas profissionais anteriores, corn perils ja conhecidos e bem estabelecidos. Dessa forma, o desafio é propor uma formacao, ao mesmo tempo ampla e flexivel, que desenvolva habilidades e conhecimentos necessarios as expectativas atuais e a uma capacidade de adequacao a diferentes perspectivas de atuacao futura. A diversidade de atividades e atuacOes pretendidas para o formado em Fisica necessita de qualificacees profissionais basicas commis, as quids devem corresponder a objetivos claros de formacao para todos os curses de graduacao em Fisica, bacharelados ou licenciaturas, enunciadas sucintamente a seguir, atraves das compere/lc/as' e.esenciai.r desses profissionais. 1. Dominar principios gerais e fundamentos da Fisica, estando familiarizado corn suas areas classica e moderna. Descrever e explicar fenomenos naturals, processes e equipamentos tecnolOgicos em termos de conceitos, teorias e principles fisicos gerais. 57 3. Diagnosticar, formular e encaminhar a solucao de problemas fisicos, experimentais e teoricos, praticos ou abstratos, fazendo uso dos instrumentos laboratoriais on matematicos apropriados. 4. Manter atualizada sua cultura cientifica geral e sua cultura tecnica protissional especifica. 5. Desenvolver uma etica de atuacao profissional e a consequente responsabilidade social, compreendendo a Ciencia como conhecimento histOrico, desenvolvido em diferentes contextos sOcio-politicos, culturais e economicos. 0 desenvolvimento das competencias apontadas nas consideracOes anteriores esta associado aquisicao de determinadas habil/Jades, tambem basicas, a serem complementadas por outras competencias e habilidades mais especificas, conforme os diversos perfis desejados de atuacao. As habi/alac/e.v gerais, que devem ser desenvolvidas pelos formandos em Fisica, independentemente da area de atuacao escolhida, sao as apresentadas a segmir: I. utilizar a matematica como uma linguagem para a expressao dos fenomenos naturals; 2. resolver problemas experimentais, desde sett reconhecimento e realizacao de medicOes ate a analise de resultados; 3. propor, elaborar e utilizar modelos fisicos, identificando setts dominios de validade; 4. concentrar esforcos e persistir na busca de solucOes para problemas de solucao complexa e demorada; 5. utilizar linguagem cientifica na expressao de conceitos fisicos, na descricao de procedimentos de trabalhos cientificos e na divt.11 2, :acao de seus resultados; 6. utilizar os diversos recursos da informatica, dispondo de nocOes de linguagem computacional; 7. conhecer e absorver novas tecnicas, metodos on use de instrumentos, tanto em medicoes como em analise de dados (teericos on experimentais); 8. reconhecer as relacOes do desenvolvimento da Fisica com outras areas do saber, tecnolotjas e instancias sociais, especialmente contemporaneas; 9. apresentar resultados cientificos em lormas distintas de expressao, tais como relatOrios, trabalhos para publicacao, seminarios e palestras. As habilalades espeoficas dependent da area de atuacao, em urn mercado em mudanca continua, nao sendo, portanto, oportuno especihca-las agora. No caso do fisico educador, porem, as habilidades e competencias especilicas devem, necessariamente, incluir tambem: I. o planejamento e o desenvolvimento de diferentes experiencias didaticas em Fisica, reconhecendo os elementos relevantes as estrategias adequadas; a elaboracao on adaptacao de materiais diclaticos de. diferentes naturezas, identificando setts objetivos formativos, de aprendizagem e educacionais. A formacao do fisico nal pode, por outro lado, prescindir de Irma serie de vivimcias que tornam o processo educacional mais integrado. Sao vivdricias gerais, essenciais ao graduado em Fisica, por exemplo: I ter realizado experimentos em laboratOrios; 2. ter tido experiencia com o uso de equipamento de informatica: 3. ter feito pesquisas biblioLvaficas, sabendo identificar e localizar fontes relevantes de infOrmacao: 4. ter entrado em contato corn ideias e conceitos fundamentals da Fisica/Ciencia, atraves da leitura e discussao de textos basicos de divtkaciio cientifica ,(cultura cientifica); 5. ter tido a oportunidade de sistematizar seus conhecimentos e/ou setts resultados em urn dado assunto, atraves de, pelo menos, a elaboracao de urn artigo, comunicacao ou monografia.. 58 6. no caso do fisico-educador, ter tambem participado da elaboracilo e desenvolvimento de atividades de ensino. Em relacdo as habilidades e competencias especificas, estas devem ser delinidas pelas IES a fim de atender as exigencias dos mercados nacionais e locais. Neste sentido, as diretrizes curriculares conferem toda autonomia as IES para defini-las, atraves dos contendos curriculares. Estes podem ser estruturados modularmente, de modo a atender as habilidades e competencias gerais delinidas, podem corn mudancas nos modulos dos Ultimos semestres do curso que atendam ao tipo de especializac5o necessaria para a insercAo do formando na atividade almejada. 5. Estrutura dos Cursos Para atingir uma formack, que contemple os perils, competencias e habilidades ja descritos e, ao mesmo tempo, fTexibilize a insercilo do formando em urn mercado de trabalho diversificado, os curriculos podem ser divididos em duns partes. I. Urn Modulo Comum a todas as modalidades dos cursos de Fisica, ao divisive) em submadulos. II. Modulos Seqiienciais Especializados, nos quais sera dada a orientacao do final do curso. Estes mOdulos podem conter o conjunto de atividades necessarias para completar o Bacharelado on a Licenciatura em Fisica, nos moldes atuais, on poderao ser diversificados, associando a Fisica a outras areas do conhecimento como, por exemplo, Biologia, Quimica, Matematica, Medicina, Tecnologia, ComunicacOes, etc., a criterio de cada IES, seguindo interesses especificos e/ou regionals. 0 esquema geral delta estrutura modular e mostrado a seguir. Modulo Comum Minimo de 1000 horas-aula. MOdulos Seqiienciais Especializados Fisico-Bacharel Fisico-Educador Fisico-Interdisciplinar (Bacharelado em Fisica) (Licenciatura . em Fisica ou Fisica e Associada (Bacharelado em Fisica e Associada) Minimo de 1000 horas- Minimo de 1000 horas —aula. /000 horns-aula. aula. Fisico-TecnOlogo (Bacharelado em Fisica Aplicada) Alininto de Minimo de 1000 horas-aula. 6. Contendos Curriculares 6.1 MOdulo Comum 0 MOdulo .Comum devera ser cumprido por todas as modalidades em Fisica, representando, aproximadamente, metade da carga horaria necessaria para a obtenciio do diploma. Este modulo e caracterizado por conjuntos de disciplinas relativos a Fisica Gera', Matematica, Fisica Classica, Fisica 59 Moderna e Contemporanea e Glenda como atividade humana. Estes conjuntos sao detalhados a seguir. 0 MOdulo Comum, COm os conteodos curriculares essentials, apresenta 1000 horas-aula, em urn fink° modulo. A - Fisica Geral Aborda os conceitos, principios e aplicacOes de todas as areas da Fisica, enfatizando seu inarredavel carater experimental, contemplando praticas de laboratOrio, e introduzindo, gradativamente, o calculo diferencial e integral como parte da linguagem matematica apropriada para sua completa formulacao. B - Matematica E o conjunto minim° de conceitos e ferramentas matematicas necessarias ao tratamento adequado dos fenomenos em Fisica, compost° por calculo diferencial e integral, geometria analitica, algebra linear, calculo vetorial e equagOes diferenciais, conceitos de probabilidade e estatistica e computacao. C - Fisica Classica Sao disciplinas corn conceitos estabelecidos (em sua major parte) anteriormente ao Sec. XX, envolvendo mecanica classica, eletromagnetismo e termodinamica. D - Fisica Moderna e Contemporanea E a Fisica desde o inicio do Sec. XX ate o presente, compreendendo conceitos de mecanica quantica, fisica estatistica, relatividade e aplicacOes, bem como tOpicos de fronteira. Os contendos teoricos devem ser complementados por atividades experimentais. E - Disciplinas Complementares 0 Modulo Comum deve ter ainda urn grupo de disciplinas complementares que amplia a educacao do formando. Estas disciplinas abrangeriam outras ciencias naturals, como Quimica on Biologia e, tambem, as ciencias humanas e sociais, contemplando questOes como etica, filosofia e histOria da ciencia, gerenciamento e politica cientifica, etc. 6.2 MOdulos Seqiienciais Especializados Uma das inovacOes da nova LDB sac) os cursos sequenciais (Art. 44, I), formados por urn conjunto de disciplinas afins, que podem caracterizar especializacOes em algumas areas. A aprovacao em urn seqtiencial possibilita o fornecimento de urn certificado de conclusao. Os sequenciais podem servir para catalisar programas interdisciplinares, minimizando os problemas relativos a criacao de curriculos estanques e dificeis de serem modernizados. Podem, tambem, contribuir para a educacao continuada. Os certificados de conclusao deverao atestar etapas cumpridas corn qualidade, o que é saudavel para todos: alunos, IES e sociedade. Conjuntos de cursos sequenciais constituirao MOdulos Sequenciais Especializados. Estes modulos, deflnidores de perils especiticos, deverao totalizar igualmente o minim° de 1000 horas-aula. Fisico-bacharel - 0 curriculo da formacao do fisico-bacharel deve ser complementado por sequenciais em matematica, fisica teorica eion experimental avancados. Estes sequenciais devem constituir urn modulo especializado corn estrutura coesa e uma desejavel integracao corn o curso de pOs-g,raduacao. Fisico-echicaclor - No caso deste perfil, o modulo especializado estara voltado para o ensino da Fisica on da Fisica e Associada e devera ser acordado corn os prolissionais da area de Educacao, quando pertinente. Os seqtienciais poderao ser distintos para, por exemplo, (i) instrumentalizacao de professores de ciencias do ensino fundamental:, (ii) aperfeicoamento de professores de Fisica do ensino medic): (iii) producao de material instrucional; ( iv ) capacitacao de professores para as series iniciais. Fisico-lecnologo - 0 modulo especializado que completarti a formacao deste profissional sera delmido pela opctio particular feita pelo estudante e tambem pelo mercado de trabalho no qual ele deseja se inserir, dentro do elenco de possibilidades oferecidas pela IES (Institute ou Departamento de Fisica). A cada escolha correspondera um conjunto de cursos sequenciais diferenciados. 60 Fisico-interdiscip/inur - Esta categoric se rerere ao Bacharelado em Fisica e Associada. Pot - Associada entende-se a area (Matematica, Quimica, Qiologia Engenharia, etc) na qua! Os fisicos possam atuar de forma conjunta e harmonica corn especialistas dessa area. Desta forma, poder-se-a ter, por exemplo, o Bacharel em Fisica e Quimica, ou Fisica e Qiologia, on Fisica e Comunicacao. , 7. Duraciio dos Cursos 7.1 Carga horaria E sugerida uma carga hot- aria minima para a obtencao do diploma, em qualquer dos perils especificos em Fisica, de 2000 horas de atividades de sala de aula, ou de estudos programados supervisionados, e de laboraterio. Sugere-se tambem clue, na confeccao do corncob pleno pelas IFS para quaisquer perlis em Fisica, devem ser contcmpladas atividades academicas extra-classe, visando a instrumentalizar Os alunos em tecnicas modernas de acesso a inlormacao cientftica aprendizado de procedimentos cientificos e tecnicos em estagios de diferentes tipos, etc.. , 7.2 Tempo de Integralizaciio Os curriculos de qualquer formacao especifica em Fisica devem ter uma duracao total minima de 4 anos. No entanto, a nova LDI3 prove a existencia de alunos Corn aproveitamento excepcional (Art. 47.§ 2C): Os alunos (Inc lenham exlraordiruirio oprovenamento nos esludos... ...poderlio ler ahrevioda a duracdo dos sous 11111 vista disso, sincere-se que alunos corn aproveitamento extraordinario possam concluir o curso em meuos tempo. Contudo, no caso das Licenciaturas, este tempo nao devera ser inferior a ties anos. A duracao maxima flea a criterio da IFS que levara cm conta, na integralizacao, as diferentes possibilidades de formacao especifica. 8. Estruturacao modular dos cursos A existencia de urn Modulo Comum e dos Modulos Sequenciais Especializadosja define per se uma estrutura modular para os cursos de rormacao em Fisica. Estes cursos poderao ter sett diploma fornecido atraves da obtcncao de urn conjunto adequado de certificados de conclusao de distintos cursos seqiienciais complementares (Inciso II, Art. 3", Res°Inca° NC I, Conselho Nacional de Educacao, 27.01.99). Isto significa uma simplilicacao no processo de transferencias. Os cursos sequenciais complementares nao precisam set - concluidos todos na mesma IFS, podendo ser realizados em diversas IFS e agrupados de forma a conduzirem a urn diploma. 0 diploma scoria expedido pela IES no anal (rhino nnegralizasse o curricnlo ploy) A passagem do Modulo Comum para o MOdulo Especializado. dentro de uma dada IES, dependera do ninnero de vagas disponiveis e seguira urn processo de selecao estabelecido pela propria IFS. assegurando vaga ao aluno em, pelo menos, um dos perils especilicos oferecidos pela IFS. No caso em que o aluno deseje realizar o MOdulo Sequencial Especializado numa outra IFS, sua aceitacao dependera de criterios de selecao estabelecidos pela IFS receptora. A criterio da IFS. urn aluno podera cursar, simultaneamente, disciplinas do MOdulo Commit c de urn ou mats Modulos Seqiienciais Fspecializados. Os modulos sequenciais poderao ser estruturados atravas de sub-mOdulos (cursos sequenciais complementares) de modo a Cadlimn a educacao continuada. A conclusao destes sub-modulos dara direito obtencao dc urn Certificado de Conclusio, conforme a legrslacao sobre cursos sequenciais. 9. Estagios e Atividades Complementares Os estagios realizados em instituicOes de pesquisa, universidades, indUstrias, empresas ou escolas devem ser incluidos na confeccao dos curriculos plenos pelas IFS. 61 Todas as modalidades de graduacao em Fisica devem incluir em seu curriculo pleno urna monografia (on trabalho equivalente) de final de curso, associada, ou nao, a estes cstagios. Esta atividade curricular deve apresentar a aplicacao de procedimentos cientificos na analise de urn problema especifico. Brasilia. 30 de abril de 1999. Comissao de Especialistas: Marco Antonio Moreira (1F-UFRGS)— moreirarii/if.ufrgs.br Jose David M. Vianna (IF-UFBA e UnB) — daviclutba.br Fernando Cerdeira (IF-UNICAMP) — fernandoQifi.unicamp.br Mesa Redonda A 3: A pesquisa em ensino de fisica e as pos-graduacoes em ensino de ciencias e ensino de fisica Prof. Roberto Nardi — Dep. de Educacao/UNESP Prof. Alexandre Medeiros — UFRPE Prof. Joao Zanetic — IF/USP COORDENACAO: Prol' Isabel Martins — COLTEC/UFMG A NOS-GRADUAcA0 EM EDUCAcA0 PARA A C1ENCIA DA UNESP Rohm° Nardi Professor Assistente Doutor do Departamento de Educacao e Coordenador do Programa de Pas-graduacao cm Educacao para a Ciencia Faculdade de Ciencias - UNESP — Campus de Baum nardi a,baurn.unesp.br ) 0 Programa de POs-Graduacao em Educacdo para a Ciencia da UNESP tern como nncleo de pesquisa a Ciencia, a Educacao c as relacOes entre saber cientifico e seu ensino. PropOe-se a formacao de pesquisadores cuja producao intelectual e cientifica possa contribuir para pensar 0 Ensino de Ciencias como si n less de esnalos e pesquisas due lomem como referc -mcia o CnC ila0 C a aprendizagcm de 11177 saber cientifico e lecnol0gico acessivel a todos ON 17 I'VeiS cla populacao estudanid; parncipar c/a producao de conhecimentos que venham a anegrar um corpo Icarico organizado c permnam a medio c long() prazos influenciar expressivamente a JOrmacdo de projessores de ciencias das escolas de dile. rones niveis (casino landameraal, desenvelvimewo 17aeclio e superior); pcnsar a jOrmacao i n itial e conthmada sob novas bases, 170 Sell( de UM 0 C017SCiellCiCI oiucci em relacao ao Emil.) de cieneias e mordenar e.s.lOrcos para laabilizar a implemenia•do de um Centro Inierdisciplinar de Pesquisa c Desenvolvimento do Ensino de Ciencias. Quatro linhas de pesquisa integrant o Programa de POs Graduacao em Educacylo para a Ciencia: - Filoso/la c/a Ciencia c Ensino cle Ciimcias; Formacdo c/o Professor para o Easily) de Ciencias; Teuria e Pralica no Processo de Ensino c Aprendizagem de Ciencias e Emilio de CiMcias c Melo Ambienle. 0 corpo docente do Programa de POs-Graduacao em Educacao para a Ciencia e atualmente constituido por 44 docentes, todos corn o titulo minimo de doutor, a maioria deles (2/3) corn experiencia em Pesquisa na Area de Concentracao do programa, Ensino de Ciencias. Uma parte dos docentcs tens formacao academica cm outras areas como: Fisica. Quimica. Biologia, Matematica, Educacao, Psicologia e Filosofia. 0 regime de trabalho dos integrantes do Programa e de dedicacao exclusiva a seas departamentos (RDIDP). Todos sac) responsaveis por disciplines e estao orientando alunos on siio orientadores em potencial dentro do Programa. Para solicitacao de credenciamento e importante que o pesquisador tenha urn perill que contemple e apresente: i0117711(170 17)117%17711 de Domor, em area compativel corn as linhas de pesquisa do programa; producao OCaCk171iCa 1705 171u1110.S' cinco ernes relacionada a Area de Concentracdo do Programa e compativel corn as exigencias dos orgaos avaliadores e financiadores de pesquisa participacdo CM 11171 dos Grapes de Pesquisa Jiliados ao Programa e/ou consunacao de novo Crupo dentro das linhas de pesquisa estabelecidas; elaboracao e apresentaciio. ao Conselho de Curso, de Proposict de Discipline ligada n Area de C(mcenira•do, aos objetivos do programa e as linhas de pesquisa; disposicao de orientar estudantes em projetos dentro das compromisso de observer e obedecer us 1701'1770S c' craerios Linhas de Pesquisa citadas anteriormente Regulamento do Curso; experiencia cm orienia•do em nivel de Mestrado, Especializacao, 170 cons/antes Iniciacao Cientifica on participacao em Projetos de Pesquisa e/ou Extensa° financiados por orgaos de lomento a pesquisa e relacionados corn a Area de Concentracao do Programa bem como compromisso corn a doccncia lamhem nos Cursos de graduacdo. 62 O Curso oferece 20 vagas em cada turma, tend° duracao prevista para, no maximo, tres anos. Assim, em seu terceiro ano de funcionamento, o Curso atende a 59 alunos. 0 processo de selecdo para o Curso de Mestrado ocorre anualmente e sao oferecidas vinte vagas nos diversas grupos de pesquisa relacionados as linhas de pesquisa pertencentes ao Programa, nnmero este condicionado a disponibilidade de vagas para orientacdo a compatibilidade dos anteprojetos de pesquisa as area de interesse dos orientadores. O perill ideal do postulants a ingresso no Programa de POs-Graduacao em Educacao para a Ciencia contempla candidates: licenciados em h7.cica Ouhnica, on areas alias (Ecologic', Geologia ch..); , que ((wham imeresse no Area de Encino de Cie'ncias e apresentam anieproielo de pesquisa relacionado dirclamenie q Area de Concentracdo e as linhas de pesquisa do Programa; que participarom durance graduacao de projelos de lniciacao e em Grupos de Pesquisa, prejerancialmente na Area de Coneenirocao do Curso; que participaram de evenlos ciennlicos na Area 00 Areas alins a Clue ICl/hal/1 a.x-periencia no magisk;riofitndamemal, mech .° on superior 170 Area de Ciencias on areas Mins. A trim de selecionar os candidatos com o perld acima, 0 process° de selecao inclui as seguintes etapas: inn:pica° de acordo com periodo, normas e documentacao exigidos por Edital publicado no periodo estabelecido pelo calendario do Programa; Provo Escrita (eliminateria) que consta de dissertacao sobre terra relacionado ao Ensino de Ciencias e a Educacao em Geral; Analise do Curriculum Vitae; Entrevista; Analise do anleprojeto de pesquisa adequado a Area de Concentracao do Programa e as linhas de pesquisa desenvolvidas e outros liens, a criterio da Banca Examinadora. O Programa mantem uma das mais conhecidas e respeitadas atividades de difusao cientifica que vem sendo regularmente oferecidas pela Faculdade de Ciencias daINIFSI Jic,os / ; ,,e117.176/.0S em Ensino de Cincias, AilatemMica e Educacao Amhicnial, que ocorrem semestralmente e ja estao em sua 8 edicao. Os Ciclos iniciaram-se cm 1995 como uma das Acaes Imegradas para a Melhoria do Ensino de Ciencias, Malemcilica e Educacao Ambictual, projeto fInanciado pela CAPES (PADCT/SPEC). Esses Ciclos passaram a acontecer semestralmente e foram mais tardy transformados em Projew Permanence apoiado pela ProReiloria de Exiensa0 Universilarict da UNESP (PROEX). A qualidade dos seminarios proferidos e o limitado niimero de participantes, fixado em 70 pelos regulamentos da UNESP para eventos dessa naturcza, levou os participantes, docentes do casino fundamental, medio e superior, a sugerir que Os seminarios fossem registrados, de maneira que as exposicoes e debates ocorridos nao se perdessem. Surgiu assim, em meados de 1995, a Revista CiMcia K Educacao, que viria a tornar-se veiculo de divulgacao do Programa de PasGroduacao cm Educacao para a Cicl7Cia. A Estrutura Curricular para o Curso de Mestrado é composta de urn nnmero de 120 unidades de credit() (1.440 horas), cuja distribuicao e a seguinte: 48 creditos em disciplinas (6 disciplinas de 8 creditos, ou seja, 576 horas em disciplinas); 48 creditos em atividades complementares e 44 creditos (on 528 horas) em atividades ligadas a dissertacao. Para cada credit° sac) computadas 12 semanas de aula. 0 tempo maximo para conclusao do Curso e de tres anos, conforme o Regulamento. As discip/inas sao agrupadas em ires blocas: disciplinas da Area de Concentracao do Programa (Pesquisa em Ensino de Ciencias); disciplinas da Area de Educacao a disciplinas ligadas a Contendos Tematicos Transversais. 0 Pryjet0 Peclogcigico sugere nos alunos cursar, pelo menos 50% das disciplinas do primeiro bloco e as demais disciplinas deverao ser escolhidas dentre as disciplinas dos outros Bois blocos, segundo o Plano de trabalho do aluno, de comum acordo com sett orientador. Foram definidas como atividades comp/ementares: participacao em eventos cientilicos da area corn apresentacao de trabalho; a publicac5o de artigos na area; a participac5o regular em Grupo de Pesquisa ligado ao Programa e a participacao em outras atividades similares. A dissertacao de Mestrado e exigida obrit_tatoriamente para obtenc5o do titulo de desire em Educocao norm a Ciencia (Area de Concentracao cm Emilio de (Wncias) c e regulamentada pelo capitulo VI do Regulamento do Curso. Trata-se de dissertacao sobrc trabalho de pesquisa desenvolvido durante o Curso, onde 0 aluno devera evidenciar clominio tearico, metodologico c tecnico em investigacao que revels criatividade na elaboracao de monogralia, sem no entanto se exigir, nessa lase, trabalho de pesquisa A dissertacao dove ser defendida publicamente perante a Comissao Examinadora, composta por tres docentes portadores do titulo minim° de (lentor e corn formacao compativel com a area cm qua se insere o projeto de pesquisa do candidato. Os trabalhos sao presididos pelo Orientador do candidato e conta corn a colaboracao de um professor do programa e urn terceiro, sem vinculo corn o Curso. O Exame Geral de Qualificacao consiste na analise do desenvolvimento do projeto de Pesquisa apresentado a na discussdo da redacdo inicial da dissertacao final. Dave sac realizado, segundo o Regulamento do Curso, apes o candidato ter completado os creditos em disciplinas e ter o projeto de pesquisa aprovado pelo Conselho de Curso, a dove ocorrer pelo menos seis antes de expirar o prazo previsto para a defesa. Today as mividades acima cic a das devem„semeslralmenic serem aprovados pet(' orientador do al u m', consio•em em seat RelatOrio Semestral de Atividades c ,S11111ClithIS (71 aprOVU(YM 10111bL: 177 (I0 Conselho de Curso. O Programa admire alunos especiais portadores de diploma universitario desde qua sua formac'clo se compatibilize corn o Programa de F.ducacilo para a CiOncia. A matricula de alunos especiais rica condicionada a existencia de vagas, uma yes encerrada a matricula de alunos regulares. 0 nUmero maxim() de 63 alunos especiais admitidos por disciplina nao pode exceder a dois, ouvido o docente responsavel. 0 Mutter° maxim° de disciplinas cursadas na condicao de aluno especial é fixada em duns pelo Conselho de Curso. 0 fat° de cursar disciplinas enquanto aluno especial nao implica qualquer prioridade no processo seletivo ao Programa, ou seta. para passar a condicao de aluno regular o aluno especial devera submeter-sea codas as normas previstas no processo seletivo. 0 Conselho de Curso, apoiado pelo corpo docente e discente, bem como pelos orgaos linanciadores, vem sistematicamente investindo na manutencao e atualizacao da infra-estrutura necessaria ao Programa. Essa infraLestrutura vent sendo constituida desde as primeiras discussOes de instalacao do Programa no Campus de Bauru. em 1992. Assim, alem dos laboratOrios ligados aos departamentos de Fisica, Quimica, Biologia, Computacao, Psicologia, do Polo Computational, da Biblioteca etc. diversos projetos aprovados nos Oltimos anos por Orgaos financiadores (CAPES, FUNDUNESP, FAPESP) vem garantindo tal infraestrutura. Por exemplo: a maioria das revistas nacionais e internacionais da Area de Ensino de Ciencias (Ciencias, Fisica, Quimica e Biologia), bent como na Area de Educacao vem sendo assinadas e encontram-se disposicao na Biblioteca Central do Campus de Bauru. Dos acervos de teses de Ensino de Ciencias da UNICAMP e do IFUSP, quase a totalidade de teses delendidas na area nos Ultimos cinco anos foram reproduzidas e constant tambem do acervo. Recentemente toi aprovado o Pi?? few de Infra - estrulura Commaacional para a Pesquisa na Faculdade ele Cienciav do UNESP (FAPESP), que auxiliary sobremaneira na adequacao das instalacOes do novo predio que abrigara as instalacoes do Programa de pesgraduacao. A conclusao deste predio em outubro pi -exit -no devera viabilizar a instalacao de recursos de multimidia importantes para o Programa, como por exemplo. o oferecimento de cursos y distancia, a diversos outros Campus da UNESP, sob supervisao de docentes do programa. 0 Programa encontra-se em processo de credenciamento junto a CAPES, tendo recentemente reccbido visita de consultores daquele Orgao que sugeriram algumas adequacOes no processo de selecao hem como na estrutura curricular. ja atendidas. Os consultores recomendaram o Programa a CAPES e o relato sobre as alteracOes ocorridas estao sendo submetidos a avaliacao do Conselho Tecnico Consultivo daquele Orgao. 0 credenciamento futuro do Programa podera viabilizar intercambios corn grupos c instituicOes nacionais e internacionais da Area de Ensino de Ciencias. a Mesa Redonda Bl: Emilio de 'Aka e a educactio nao TfOrmal: espacos alternalivos de aprendizagem Prot' Guaracira Gouveia — MAST7R.1 Prof. Silveri° Crestana Estacao Ciencia/IF/USP Prof. Plinio Fasolo — Museu de Ciencias c Tecnologia — PUC/RS COORDENA(AO: Prof Jose Eduardo Martins — IF/UnI3 0 ENSINO DE FISICA E A EDUCACAO NAO-FORMAL: ESPACOS ALTERNATIVOS DE APRENDIZAGEM Guaracira Golivcet Museu de Astronomia e Ciencias Arms Rua: General Bruce, 586 - Sao Cristavao e-mail Gouvea Sousa y„ uol.com.hr INTRODUcA0 Em primeiro lugar gostaria de agradecer aos organizadores do SimpOsio c em particular a Fatima o convite para participar dessa mesa. Esse convite possibilita colocar em discussao urn terra que vem ganhando cada vez mais espaco nas reflexOes do grupo de pesquisadores em educacao para ciencia tanto, no que se refere as pesquisas desenvolvidas, quanto na necessidade de alocacao de recursos por determinacao de politicas pnblicas. Esse terra e a Educacao Nao-Formal. Essas minhas consideracOes estao baseadas nas pesquisas que estao sendo desenvolvidas pelo grupo de pesquisa em educacao para ciencia nos espacos nao-formais de educacao formado por pesquisadores do Museu de Astronomia e Ciencias Afins/RJ e do campo de coniluencia Ciencia, Sociedade e Educacao da Faculdade de Educacao da Universidade Federal Fluminense. Pretendo fazer uma apresentacao geral do terra, acentuando a caracterizacao do museu como espaco nao-formal de educacao e nao tratarei do terra somente sob a Otica da aprendizagem mas sim da cultura cientifica 64 OS ESPACOS NAO-FORMAIS DE EDUCACAO PARA A CIENCIA E A CULTURA CIENTIFICA No mundo contemporaneo os seres humanos participam de relacOes socials cada vez mais diversificadas, construindo teias de significados que geram o que se denomina cultura. Essas relacOes socials desenvolvidas por meio de praticas socials produzem saberes que formam o conjunto da cultura contemporanea. As praticas socials vivenciadas na escola, nos museus, na vida de rua, em casa, etc compOem a cultura caracteristica desses espacos. Os educadores considerando que toda pratica social 6 uma pratica pedagOgica, portanto objeto de estudo da educac5o, preocupam-se em caracterizar esses espacos no sentido de entender as pedagogias all desenvolvidas, tanto nos aspectos psicolOgicos quanto nos socials e politicos. Assim, caracterizam dois espacos distintos: formal e nao-formal. A escola e o representante do cspaco formal e o nao-formal s5o todos os outros, fora da escola. Um dos criterios para essa classifica0o, foi determinado polo estudo de como se processa a aprendizagem nesses espacos (Falcio, 1997; Ramey-Gassert , 1994; Cazelli et al, 1996; Falk, 1992; Marandino e Sousa, 1998). Atualmente, as pesquisas em educac5o nao-formal tern considerado que conceitos como cultura, transposicAo didatica, linguagem e comunicac5o devem tambem ser norteadores das pesquisas nos espacos de educac5o nao-formal (Cazelli et al, 1998; Gouvea e Marandino, 1998; Gaspar, 1992; Marandino e Sousa, 1998; Sousa, 1997). No caso das instituicoes de educac5o nao-formal que tern como saberes de referencia a Ciencia e a Tecnologia, acrescenta-se o conceito de alfabetizac3o cientifica bastante difundido no Brasil a partir da decada de 1990 (Leal e Sousa, 1997; Cazelli, 1994; Gaspar, 1992; Barros, 1990; Shen, 1975; Arons, 1983). A claboracAo desse conceit() surge ao se considerar que no mundo contempor5neo, os artefatos tecnolkicos permeiam o cotidiano alterando praticas socials e produzindo novos saberes. Urn exemplo para ilustrar esse fato e a reclaborac5o do conceito de leitura, na medida em que as formas de impress50 vIio se modificando (do papiro ao computador) a pratica social de leitura modifica-se. (Chartier, 1988) Para Angotti (1991) e Morin (1996) o ciciaclao alfabetizado cientifica e tecnologicamente e aquele que pode controlar o sistema de ciencia e tecnologia, reconhecendo os impactos sobre seu cotidiano e criando formas de controle sobre esse sistema, exercendo sua cidadania. Nesse sentido, o conceito de alfabetizac5o cientifica torna-se relevante e atualmente alguns pesquisadores estao preferindo trabalhar corn o conceito de cultura cientifica que amplia o carater instrumental da alfabetizac5o na medida que considera as teias de significados construidas nas praticas socials que envolvem a ciencia e a tecnologia. A cultura cientifica 6 elaboracia nos espacos formals e nao-formais de educacfio Nestes Oltimos a rotina de aquisicao e/ou producao de saberes nao se impOe aos usuarios, nao se exige tempo determinado para a producAo de sentido e nao se avalia como foi essa produc5o. 0 usuario e gestor independente na realizacao da pratica social. Os idealizadores desses espacos negociam como usuario, mas este pode nao participar da negociac5o, sem que isso signifique receber sancOes tanto dos idealizadores como da sociedade. Para exemplificar citaremos o museu como espaco nao-formal de educac5o. Principalmente a partir do seculo XVIII, quando os museus assumem seu carater pUblico, isto 6, aberto para todos, a pedagogia desenvolvida articula tres elementos, o Itu2,ar, o objeto e o tempo. E no espaco (lugar), onde os idealizadores constroem suas narrativas por meio dos objetos, que o visitante percorre 1k/1 -emerge em seu proprio tempo (Van-Praet, 1996). A pedagogia 6 pautada numa negociacOo, os objetivos pensados pelos idealizadores sao percebidos de forma fragmentada pelos visitantes c como essa neg,ociac5o nao c presencial, s5o as narrativas que a realizam. Assim, as conclicOes socials uncle a pedagogia e elaborada e onde se cla a relacao ensino aprendizagem sao diferentes da escola. Os arcaboucos teOricos gerais para se estudar as praticas socials desses espacos s5o Os mesmos, por exemplo, dos utilizados para se estudar as praticas socials da escola. No entanto quanclo se colhem e analisam os dados, e se estabelecem estrategias 6 fundamental levar em consideracao a caracterizacAo desses espacos. 0 impacto da ac5o educativa 6 dificil dc ser avaliado, mas e importante destacar que mais que elaborar determinados conceitos cientificos, o visitante ao percorrer o museu incorpora elementos que ele utiliza para construir suas teias de significados no sentido de ampliar sua cultura cientifica. A contribuic5o que os espacos nao-formais de educac5o chi° ao desenvolvimento dos visitantes 6 a colocac5o deste diante de situacOes que ele tern que construir a sua producao de senticlo. Quanto mais acesso a bens culturais, oferecidos por esses espacos, a populac50 fiver mais se diversifica a sua cultura, suas teias de signi ficado e a sua possibilidade de ter elementos para o exercicio pleno de sua cidadania. REFERENCIA BIBLIOGRAFICA I. ANGOTTI, J. A. P. (1991) Fragmentos e Totalidade do Cunhecimento Cientifico e do Ensino de Ciencias. Tese de Doutorado, FEUSP, S5o Paulo 2. ARONS, A. B. (1983). Achieving Wider Scientif Literacy. "Daedalus", n ° 112, p. 91-121. 65 I3ARROS, Suzana D. S. (1990) 0 acidente de Goiana - subsidios para urn modulo de ensino relacionado ciencia-tecnologia-sociedade (CTS), in GONCAVES, O.D. 0 ensino de fisica e a fislca da atualidade: trabalhos apresentados durante a Ia. Escola de Verao para licenciados, editora UFR,I, Nova Friburgo, R.I. 4. CAZELLI, S. (1992). Alfabetizacao Cientifica e os Museus Interativos de Ciencia. Rio de Janeiro. Mestrado do Programa de POs-Graduacao em Educacao da PUC/RJ 5. CAZELLI, S. e outros (1997). PadrOes de Interacao e Aprendizagem Compartilhada na Exposicao Laboratorio de Astronomia, Revista Brasileira de Estudos Pedagogicos, v. 78 n". 188, 189, 190, p. 413427 6. CHARTIER, Roger (1988). A Hisioria Cultural — Entre [Willcox e Representacoes. Lisboa: Dile!. Colecao Memoria e Sociedade. 7. FALCAO, Douglas et alli (1997). Muciancas em Modelos Expressos de Estudantes que visitaram uma exposicao de Astronomia. Atas do I Encontro Nacional de Pesquisa em Ensino de Ciencias. 8. FALK, J. H. e DIERKING, L. D. (1992). The Museum Experience. Washington, DC: Whalesback Books. 9. GASPAR, Alberto (1992). 0 Ensino Informal de Ciencias: de sua viabilidade e interacao corn o ensino formal a concepcao de um centro de Ciencias. Caderno 01101illel7SC de Emilio de Fisica. v. 9, n.2, p. 157-163 10. GOUVEA, G. Marandino, M. (1998). Paradigmas em ExposicOes de Museus de Ciencia e Tecnologia. Atas do VI Encontro de Pesquisadores em Ensino de Fisica da Sociedade Brasileira de Fisica (meio eletrOnico) II. LEAL, M. C. e SOUSA, G. G. (1997) Ciencia, Tecnologia e Sociedade no Contexto da Alfabetizacao Cientifica. Anais do Seminario ,,Nacional de Histeria da Ciencia e da Tecnologia, p. 318-322 12. MARANDINO, M. e GOUVEA, G. (1998). A Ciencia, o Brincar e Os Espacos Nao-Formais de Educacao. Atas da XXI Reuniao Anual da ANPED, setembro, Caxambu 13. MORIN, Edgar (1998). Ciencia corn ConsciMcia, Edicao Revista e ampliada pelo autor, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil 14. RAMEY-GASSERT e outros (1994) Reexamining Connections: Museums as Science Learning Enviorements. Science Education 74(4):345-363 15. SHEN, B. S.P. (1975) Science Literacy American Scientist n". 39, p.265-8 16. SOUSA, G. G. (1997). 0 use de iornais e Revistas de Divulgacao Cientifica no Ensino de Ciencias. Alas do XII SimpOsio Nacional de Ensino de Fisica, p. 121-126 17. VAN-PRAff, M. Cultures Scientifiques et Museus d'Histoire Naturelle en France, in Hermes 20, 1996. a OS PROGRAMAS DE EDUCACAO NAO FORMAL, NO BRASIL E NA AMERICA LATINA Cresiana e Ernst W. Hamburger No Ultimo dia 3 de dezembro de 98 foi inaugurado um grande museu interativo de ciencia em Bogota na ColOmbia, com o nome Maloka, que simboliza a aldeia indigena. Numa area total de 17 000 m2, ha urn parque, sala para projecao de filmes de grande gabarito (Imax) e vastas salas de exposicao e laboratOrios. No mesmo mes a Pontificia Universidade CatOlica do Rio Grande do Sul inaugurou em Porto Alegre o maior museu de ciencias brasileiro, corn 14 000 m2. Esforco iniciado ha mais de dez anos, corn investimentos de vinte milhOes de reais, contem aquarios, terrarios e dioramas, para mostrar a vida animal e vegetal dos pampas, modelos de moleculas c cromossomas, demonstracoes de otica, astronomic, mecanica, eletricidade, matematica e muitas areas da ciencia. No mes de maio de 99, foi inaugurado o Museu da Vida na Fundacao Oswald() Cruz no Rio de Janeiro, um grande parque da Ciencia que alem de resuatar a HistOria do Castel() Mourisco e das pesquisas Ia realizacias, insere o visitante no mundo do aprendizado cientifico por meio das innmeras exposicOes de celulas, maquetes e experimentos. Quern visitar esses espacos tern vivencia direta dos fenomenos e conceitos cientificos, e podera aprende-los de forma simples, atraente e agradavel. Certamente os resultados dos exames de ciencias nas escolas melhorarao. Uma das raz'Oes do fraco desempenho dos alunos nos recentes exames nacionais particularmente em Sao Paulo, foi o ensino sem demonstracOes praticas. A divulgacao da ciencia na America Latina ainda e limitada, mas progride rapidamente. 0 Mexico é o pais mais adiantado da regiao, corn 17 grandes centros interativos de ciencias, quase todos fundados nos idtimos dez anos. A Venezuela tern varios museus. 0 Brasil, embora tenha experiencias interessantes nessa area, e extremamente deficitario de centros para atencler o grande publico das metrOpolesl. Sao Paulo, por exemplo. coma com experiencias respeitaveis, como a Esti - Ica° Ciencia da Universidade de Sao Paulo, mas muito pequenas em seu alcance, comparado corn a populacao. 0 setor esta se organizando. Ha dez anos foi fundada. em reuniao patrocinada pela UNESCO no Museu de Astronomia do CNN, no Rio de Janeiro, a Red-Pop — Rede de Popularizacao da Ciencia e da Tecnologia na America Latina e Caribe, que congrega, hoje, 67 centros de doze paises da regiao. Em 1997, 66 em reuniao em La Plata, Argentina, resolveu-se criar urn Projeto para Popularizacao da Ciencia na America Latina e obter apoio de orgaos linanciadores como o BID — Banco Interamericano de Desenvolvimento2. 0 objetivo é fortalecer os centros de divulgacao cientifica. Esses centros , onde o visitante mexe e interage corn os objetos e aparelhos expostos, estao sendo consagrados mundialmente como estrategicos para valorizar a cultura, a ciencia e a tecnologia, c como instrument -0s do processo de desenvolvimento economic° e social. Pertencem a governos ou a entidades privadas; tern como lema apresentar o conhecimento de forma correta Inas, ao mesmo tempo, interessante e divertida, de modo a charnar o pnblico e se constituir inclusive cm valor turistico. E impressionante como pUblicos antes julgados desinteressados acorrem ao museu e o aprendizado se torna eficaz. POr exemplo, meninos de rua sac) rapidamente alfabetizados e aprendem ingles quando sao orientados para utilizar software em microcomputadores. Este projeto implantara intensa cooperacao e integracao regional entre 34 instituicOes de dez paises Argentina, Bolivia, Brasil, ColOmbia, Mexico, Nicaragua, Panama, Trinidad-Tobago, Venezuela, Uruguai. E uma proposta de custo relativamente pequeno mas de grande impacto, atuando em qualm programas: Planciamento, Capacitacao de Recursos Flumanos, Desenho de ExposicOes Cientificas e Intercambio corn Informatizacao. Para adequacao e sistematizacao das propostas dos diversos centros, foram realizadas reuniOes regionais corn, ao todo, 75 dirigentes cm Recife, Rio de Janeiro, Sao Paulo, Porto Alegre, La Plata, Buenos Aires, Mexico e Caracas. Essas reuniOes tiveram excelentes resultados pois, de forma agregadora, clinamica e participative, discutiramse as orientacOes gerais e Os projetos especificos, consolidando o projeto e a propria rede. Nas 1500 paginas do projeto fica evidente a riqueza das experiencias de popularizacao da ciencia, corn grande originalidade e valorizacao das tematicas regionais. Tambem sobressai a imporfancia da troca de experiencias na proclucao de exibicOes, cm acervos museolegicos, exposicOcs itinerantes, publicacOes, videos, e programas educacionais com a rede escolar e para populacOes excluidas. Os centros tern diferentes financiamentos, alguns governamentais, outros parcerias de instituiceics publicas corn empresas, outros fundacOes privadas. A educacao cientifica depende nao somente da rede escolar mas tambem dos centros de divulgacao cientifica. No Brasil faz-se necessario urn planejamento a nivel federal, estadual e municipal para a ampliactio da rede de centros no pals. As universidades e institutos de pesquisa de um lade, o sistema educacional e o setor empresarial - todos tern um importante papel a desempenhar para dotar a populacao brasileira de centros c museus de ciencias, vitrines interativas onde Os pesquisadores podem expor ao pnblico geral o signiticado de seas trabalhos, de mancira clara e concisa. Revelarn-se tambem locais de integracao social, onde o pobre e o rico aprendem juntos os conhecimentos de amanita. I "Centros e Museus de Ciencia: VisOes e Experiencias" S. Crestana et all. Ed. Saraiva, 1998 2 Projeto coordenado pela Estacao Ciencia/USP, RedPop e UNESCO, corn apoio da Fundacao Ford/PI EPA L/SCarlos. Silvc;.rio Crestana, doutor em fisica, pesquisador e gerente de projetos do Centro TecnolOgico da Marinha em Sao Paulo e assessor da Estacao Ciencia - USP. silverio(0±,eciencia.usp.br Eras! W. Hamburger e professor do Institute de Fisica coordenador da Estacao Ciencia da USP e da Associacao Brasileira de Centros e Museus de Ciencias. [email protected] ENSINO DE FISICA E A EDUCACAO NAO FORMAL ESPACOS ALTERNATIVOS DE AI RENDIZAGEM Prof" Guaracira Golf vela — MAST/RJ Prof Silvc;rio Crestana — Estacao Ciencia/IF/USP Prof Plinio Faso/o — MCT/PUCRS Minhas experiencias corn a educacao nao formal tiveram inicio em 1970, quando ingressci no CI CIRS (Centro de Treinamento para Professores de Ciencias do Rio Grande do Sul) como intcgrante do corpo de assessores para assuntos de educacao cm ciencias fisicas. Eu havia trabalhado corn o PSSC (Physical Science Study Comitee) cm 1964 c 1965 no CIEM (Centro Integrado de Ensino Medic)) da UnB (Universidade de Brasilia). Mais tarde (1969/70) conheci o IPS (Introductory Physical Science) no CEC1SP (Centro de Treinamento para Prolessores de Ciencias de Sao Paulo) e tambem no Institute de Fisica da USP. Ism) integrava parte de urn estagio, patrocinado pela Ford Fundation , que tinha o titulo de "Formacao de Lideres para o Ensino de Ciencias". Foi urn estagio longo (800 horas)desenvolvido parte em Sao Paulo e parte no Rio Grande do Sul, junto a grupos de professores cm servico. Considero que o principal produto desta etapa foi ter adquirido a sensacao de que meu aprendizado de Fisica devia-se muito mais ao trabalho corn esses projetos do que aos melts anos de banco escolar incluindo graduacao e pOs-graduacao. Simultaneamente ao trabalho no CECIRS Java alias de Fisica Geral no Institute de Fisica da PUC do RS, onde ingressei em 1966, como professor assistentc do department° de Fisica Geral e Experimental. Confesso que carreguei, desde entao, uma desconfortavel convivencia corn algo contraditerio: a vontade de 67 denunciar, corn veemencia, a quase inutilidade daquele tipo de ensino formal, que en lambent praticava corn as turmas integrantes dos cursos de graduac5o, frente ao rendimento que me pareciam possuir as experiencias mais dinamicas e abertas apresentadas na aplicacfto dos referidos projetos. Frequentemente comparava o crescimento de estudantes estagiarios no CECIRS, envolvidos corn mini-cursos , feiras de ciencias , clubes de ciencias , redacrao de artigos, participantes de atividades variadas nao formals, corn os meus alunos da PUC . Via de regra o resultado reproduzia a mesma sensacao : os melhores alunos do trabalho academic° formal desenvolviam uma personalidade individualista , pretensiosa mas de pouca autonomia intelectual. Embora alunos de licenciatura , eram pouco comprometidos corn a tarefa do ensinar aos outros Absolutamente preocupados corn o seu prOprio saber. 0 que mais Ihes preocupava da sua futura funcao como professor, era poderem dar respostas a todas as perguntas que Ihes fossem feitas. Ja os envolvidos em atividades nao formals, libertavam-se dessas preocupacOes e, desta forma, tornavam-se professores bem mais cedo. Ern janeiro de 1978, eu e mais 4 professores do Institute de Fisica da PUCRS lomos esta2iar ern CoIonia, Alemanha. Era uma empresa especializada em bombas de alto Oen° que produzia materials para laboratOrio de Ensino de Fisica. Como a PUCRS havia adquirido boa quantidade desses equipamentos, c eles desejavam vender ainda mais acertamos urn pequeno estagio nessa fabrica. Durante os fins de semana viajavamos . Como era inverno, o programa mais freqiiente era visitar museus.. Assim, conheci museus de todos os tipos. Terminado o estagio ern Goiania, o grupo saki para conhecer a Europa. Iniciamos por Munique e logicamente pelo Museu Alermio . Ficamos maravilhados corn os experimentos interativos que vimos ali . Lembro agora da mina de carvao, do setor de aerodinamica e de utilizacAo dos ventos. Tambem do "vela sua voz" ( ondas produzidas na tela de urn osciloscopio pela voz humana) e tambem da visita a urn submarino alemclo da epoca da guerra. Mas foi somente na Italia, e na visita a urn castelo que nao lembro o nome, e que tomei contato corn outra forma de educacao nAo formal : as aulas em museus e em outros ambientes de visitacao pnblica. Lembro como fiquei impressionado corn o fato de me ter integrado ao grupo que ouvia atentamente as explicacOes de um professor de Historia (deveria ser pelo assunto que ere abordava, mas poderia ser de Artes ... on de Arquitetura ...) enquanto caminhavamos pelas salas do castelo. Finalmente, em Paris, fomos visitar o "Palacio das Descobertas" . Nele conheci a explanacao tipo "show" e as salas de aulas abertas, apresentando demonstracOes tematicas. Mas o que mais me marcou foram as experiencias em andamento, pesquisas realizaclas as vistas do pnblico. Voltei coin a ideia de que os espacos de int:1141as utilizacOes, do tipo dos que en havia visto nos museu, deveriam ser rapidamente disponibilizados e multiplicados para a nossa populacao, especialmente estudantil. Nessa epoca vivi junto ao CECIRS o melhor periodo de uma atividade nao formal que en admiro muito : as Feiras de Ciencias... Acredito que chegamos a obter niveis altissimos de eficiencia educativa corn as Feiras de Ciencias , especialmente na educacao cientifica. Nosso major interesse era conseguir que Os trabalhos apresentados fossem investigaterios, ern lugar de tecnologicos on artisticos. Para tornar simples a comunicacao desta diferenca. exageravamos nos exemplos, fazendo verdadeiras caricaturas. Para tanto trabalhavamos corn os professores de Ciencias, realizando cursos, oficinas e estagios em prolusAo. Mantinhamos urn boletim informativo, que chegou a se transformar em revista, onde publicavamos muitos artigos sobre esse terra. Mantinhamos uma componente competitiva nas feiras... e por isso recebiamos muitas criticas. Para assegurar a nossa intluencia sobre o programa, assumimos durante Inuit° tempo a tarefa da avaliac5o dos trabalhos nas Feiras. Fiquci muito contente corn a decisAo do Reitor da PUCRS cm inaugural . o Predio do Museu e do Centro de Ciencia e Cultura da PUCRS corn lima grande Feira de Ciencias. Encarregando-me de organizar e coordenar . Realizamos entAo a major era de ciencias ja ocorrida no Brasil : A FEIRA DE CIENCIA E "IIICNOLOG1A DO CONE SUL. Na realidade congregamos tres feiras simultaneas no mesmo espaco. : VIII Feira Internacional de Ciencia e Tecnologia Juvenil , a Feira Sulbrasileira de Ciencia c Tecnologia e a XIII Feira Estadual de Ciencias do RS. Nessa ocasiAo reivindiquei a destinacilo de urn espaco, no museu, para a apresentac5o de trabalhos do tipo que sao apresentados nas Fciras. Urn espaco para que as escolas assumissem, em Forma de rodizio , uma amostra de trabalhos, uma especie de feira permanente, que alem de educativa para a comunidade, tambem representaria um laboratorio para 0 aperleicoamento desse tipo de atividade. F o que temos agora: Lull estrado corn pouco mais de 100 m2 , localizado numa area nobre do museu. Nobre por ser central e bent visivel, no terceiro piso da exposicao, sobre o qual montam-se de 20 a 30 stands padronizados (padr5o UNESCO) disponibilizados aos apresentadores. Chamamos essa area de ESPACO DO JOVEM CIENTISTA. NA° foi uma ideia original. Eu havia visto algo semelhante no museu de Chicago. Mas mesmo assim sinto orgulho por ter conseguido esse espaco. 68 Bern, este foi urn resumo de minhas experiencias ern espacos alternativos para o ensino de Fisica (e de outras ciencias ) e que considero as mais significativas relacionadas corn a educacao 1150 formal. Mesa Redonda B2: Linguagens na .fisica — o discurso do professor e o ensino de .fisica na escola Prof-' Isabel Martins — COLTEC/UFMG Prof' Maria Jose de Almeida — FE/UNICAMP Prof' Yassuko Hosoume — IF/USP COORDENACAO: Profia Maria LOcia dos Santos Abib INTERACOES DISCURSIVAS NA SALA DE AULA DE CIENCIAS Marlins Universidade Federal de Minas Gerais [email protected] Um novo olhar para a sala de aula Ao longo dos illtimos anos temos presenciado uma interessante tendencia de mudanca de foco nas pesquisas que elegem crencas e concepches dos professores de ciencias como objeto de investigacao sistematica. Ate o inicio desta Ultima decada, a maioria dos estudos concentraram-se ern elicitar e analisar as concepches que os professores possum a respell . ° de topicos tais como: (i) o processo eciricativo; (ii) sua pratica de sala de aula; (iii) o conhecimento cientifico: (iv) a natureza da ciencia. Uma variedade de metodologias foi utilizada ern diversos estudos que tiveram como resultado principal tentativas de organizar as ideias dos professores em sistemas de crencas, (alludes, concepyies, episleniologias. Recentemente urn novo olhar para a sala de aula de ciencias, olhar este fortemente intluenciado pelas leorias sociointeracionistas, comeca a prestar atencao nas interaches discursivas entre professores e alunos nos processos de constriicao de significados que acontece no discurso. Esta mudanca re-localiza um dos mais importantes objetos de estudo do campo da Educacao em Ciencias atraves de uma distincao fundamental. De acordo corn a visa° mais recente, crencas, epistemologias, concepches, etc., deixam de ser vistas como algo que individuos possuem e passam a ser entendidas como uma propriedade do discurso, isto e, algo que e realizado nas prOprias interaches discursivas (Roth e Lucas, 1997). Nessa perspectiva abre-se espaco para mais do que a simples descricao do contend° e da natureza das ideias "possuidas" pelos professores, na medida ern que passa a ser possivel examinar situaches nas quaffs estas ideias sao p:opostas, negociadas, defendidas, questionadas e modificadas. Abordagens tearico-metodolegicas que reforcam o papel da linguagem como constitutiva do pensamento e situada na acao passam a fornecer as bases para a discussao dos recursos interpretativos e argumentativos que fundamentam as ideias dos sujeitos do processo educativo. InteracOes discursivas na sala de aula Na tentativa de melhor compreender a natureza das interaches discursivas na sala de aula, diversas abordagens se somam, se integrant, se sobrephem ou ainda, se colocam como alternativas umas as outras (Edwards e Mercer, 1987). A principal contribuicao vem da Linguistica, principalmente da Analise do Discurso que propoe categorias que identificam padrOes e formalmente analisam interaches, enfatizam sua dependencia corn o contexto de producao, ciao conta de lidar corn contradiches presentes nas falas dos sujeitos, revelam entendimentos tacitos, procurando estabelecer as bases para a construcao de significaches compartilhadas. Outra contribuiyao importante vem da Aniropologia na forma de metodologias para estudos etnograficos das relaches e das praticas da sala de aula. A Psicologia Cognitiva, em particular os estudos de Vygotsky acerca do desenvolvimento do pensamento e da linguagem lambent proporciona questionamentos acerca da importancia da participacao em interaches discursivas c do papel da mediacao no desenvolvimento do pensamento. Na area da Educacao ern Ciencias, urn Minter° crescente de investigaches vent chamando atencao para o potencial da analise de situaches discursivas envolvendo professores e alunos ern sala de aula para uma melhor cornpreensao do processo de construcao de entendimentos e significaches compartilhadas (Edwards and Mercer, 1987; Lemke, 1992; Ogborn, Kress, Martins e McGillicuddy, 1996; Mortimer e Machado, 1997, Scott 1997). Construindo material para reflexiio A discussao aqui proposta tenta contribuir para este esforco e sistematiza, a partir.de observaches de situaches de sala de aula, urn conjunto de categorias corn a intencao de proporcionar aos professores clementos para analise e rellexao acerca da sua pratica profissional. Essa linguagem de descricao relaciona categories que permitem a re-descricao e analise de eventos envolvendo explicaches de conceitos cientiticos 69 em sala de aula com vistas a transforms-los em material para reflexao e debate entre professores, sendo capaz de (a) capturar aspectos essenciais e signiticativos da experiencia dos professores e (b) propiciar novas formas de entendimento de um dos elementos mais fundamentals na pratica dos professores: a atividade de explicar. Aqui relatamos, de maneira sucinta, resultados de investigacOes conduzidas em colaboracilo com linguistas e semiologistas acerca de uma das mais fundamentals atribuicOes de um professsor de ciencias em sala de aula: explicar conceitos cientificos (Ogborn, Kress. Martins e McGillicuddy, 1996). Um de nossos pontos de partida nesse estudo foi a constatacAo de que, apesar de extensas discussOes acerca das ideias e conceitos a serem explicados, o ato de explicar nao é tratado como algo que possa ser descrito e analisado. Na ausencia de uma linguagem de descric5o, que possibilite uma descricho do que esta envolvido na tarefa de explicar, nao e possivel avancar alem de impressOes subjetivas e de distil -10es pouco informativas como confuso/claro, clificil/facil, complicado/simples. Para aqueles que se iniciam na profissao resta quase que exclusivamente a prOpria intuicao, a experiencia e o exemplo de colegas mais experientes uma vez que nao ha uma teoria compartilhada sobre o que esta envolvido na tarefa de explicar conceitos cientificos. Este estudo propee, baseado em observacOes empiricas e numa base tearica hem fundamentada, um conjunto de categorias que permitem organizar e fazer sentido de relatos de experiencias de sala de aula facilitando analise e a comunicacao destes episOdios. As categorias da linguagem de descricao relacionam: Uma analogia entre a estrutura das explicacOes cientificas a de estOrias. Isto requer imaginar • protagonistas (por exemplo, eletrons, genes, etc.) que tem poderes proprios de acao e que interagem em a ser sequencias de eventos (uma corrente eletrica flui, uma proteina e formada, etc.) resultando no fen Omen° explicado (uma Iiimpada acende, uma celula se desenvolve, etc.). Como estabelecer diferencas (de interesse, de conhecimento, etc) gerando a necessidade das explicacOes, • por exemplo, usando estOrias para sugerir ideias e construir expectativas. Desta forma, ao tentar lidar com essas difcrencas e resolve-las. permite-sea aproximacao entre participantes e entre discursos. A construc5o das entidades que tomam parte numa explicac5o pois, diferentemente de outras esterias, • nem sempre os protagonistas sac) conhecidos dos estudantes. Por exemplo, antes de estarmos aptos a dizer algo sobre respiracao, precisamos dizer algo sobre pulmOcs, sanguc, gas carbonic°, hemoglobina. Essas entidades que tomam parte nas explica0es s5o construidas no discurso, na inter-relac5o entre ideias e materials, atraves de palavras, gestos e acOes. Uma explicacao nao transfere uma ideia. mas sim, uma base para trabalharmos uma nova icieia. 0 • conhecimento e continuamente transformado, adaptado, moditicado refletindo necessidades de diferentes audiencias, possibilidades de construc5o de significacOes c entendimentos de diferentes sujeitos. Maneiras de faze-lo incluem transforms-lo em narratives e empregar metaforas e analogias, lmpor significac5o a materials e a fenomenos atraves de demonstracOes, isto C. mostrando o mundo se • comportar como a teoria preve, fazendo determinado evento ser "lido" COMO (IM padrao que possui significacao a luz de uma teoria. Esta linguagem de descric5o permite, portant°. fazer sentido da experiencia/de acOes habituais/da pratica de sala de aula fornecendo ao professor elementos para pensar sobre o que die esta fazendo ao engajar-se na tarefa especitica de explicar conceitos cientificos, facilitando am -disc e comunicacao de episOdios, experiencias observadas em sala de aula e re-cfescritas utilizando as categorias propostas, gerando dados para rellexao sobre a experiencia.. A linguagem de descricao tambern proporciona: • Categorias de analise aplicadas a UM grande numero de exemplos de episeclios reais de saki de aula produzinclo relatos clue sao reconhecidos por professores como tipicos c representativos, alem de inteligiveis e nteis na medicla que c1elinciam problemas e levantam discussaes. A discussAo de uma serie de fatores que geram. modificam, inibem, etc, explicacOes e sua relac5o corn • a 'bagagem' cultural do professor (sua l'ormacao, sua experiencia, set use de recursos (liclaticos), sua histOria de relacionamento corn diferentes classes, alem do contend° a ser explicado e como este se estrutura. Um relato de como, em di ferentes contextos. diferentes pessoas explicam diferentes ideias de forma a • caracterizar diferentes estilos e estrategias. A construc5o de novas significacOes na produc5o, discuss5o e entendimento dos cenarios descritos • utilizando as categorias propostas. As categorias acima mencionadas tem a ver com aspectos da comunicacao e compreensao de ideias cientificas. Elas viabilizam a re-construc5o e a rellex5o sobre episOchos de sala de aula envolvencio explicacOes de dual formas. Primeiramente relacionando 11111a variedade de dimensoes ao longo das quais estes episodios podem ser comparados. Em segundo lugar, proporcionando a icientificac5o de um estilo orr estrategia ja que cada episodio pode ser visto como uma performance que relaciona calla uma dessas climensOes simultancamente. como na mnsica nude melodia. ritmo e vocals compOem cada cancao. ConclusOes Apresentamos aqui algumas ideias sobre as relacOes entre o discurso do professor e sua atividade na sala de aula. tentando localiza-las numa discussao mais geral sobre a elicitacao/investigac5o de ideias de professores acerca de sua prOpria pratica. Atraves de observacOes de professores tentamos descrever e 70 explicar suas aches corn base na natureza do processo de comunicacao e de construcao de significaches na sala de aula de ciencias. Esperamos que analises deste tipo proporcionem a possibilidade do professor se distanciar-se de impresshes episodicas e, assim, melhor perceber, a natureza, o escopo, a forma, a abrangencia, as implicaches, as bases, de suas aches. Bibliogra fin 1. Bruner, (1990) Acts of meaning. Cambridge, MA: Harvard University Press "). Edwards D e Mercer N (1987) Common Knowledge. London: Routledge 3. Lemke .1(1992) Talking Science. New York: Ablex 4. Mortimer E c Machado A (1997) Milltiplos olhares sobre um episedio de ensino: Por que o gelo flutua na agua? Anais do Encontro sobre Teoria e Pesquisa em Ensino de Ciencias: Linguagem Cognicao e Cultura, Faculdade de Educacao da UFMG, Belo Horizonte, MG, 5 a 7 de marco, 167-190 5. Ogborn .1, Kress G, Martins 1, McGillicuddy K (1996) Explaining, science in the classroom Buckingham: Open University Press 6. Roth W M e Lucas K B (1997) From "truth" to "invented reality": a discourse analysis of High School Physics students' talk about scientific knowledge..I. Res. Sci. Teach. 34, (2), pp. 145-179. 7. Scott P (1997) Teaching and learning science concepts in the classroom: talking a path from spontaneous to scientific knowledge. Anais do Encontro sobre Teoria e Pesquisa em Ensino de Ciencias: Linguagem Cognicao e Cultura, Faculdade de Educac5o da UFMG, Belo Horizonte, MG, 5 a 7 de marco, 138-156 SINTESE DA INTERVENCAO NA MESA: LINGUAGEM NA FISICA - 0 DISCURSO DO PROFESSOR E 0 ENSINO DA FISICA Maria .losc P.M. de Almeida ] PE - UN1CAMP e-mail: ntipmaturing.unicamp.br Nossa intervencao nesta mesa tern como objetivo abordar alguns aspectos das linguagens comum e matematica na mediacilo do conhecimento cientifico pelo professor de Fisica. Aspectos clue se tornaram presentee em tentativas de entendermos o funcionamento dalinguagem em aulas de Ciencias e de Fisica . Como referencial para o estudo desse funcionamento citamos, entre outros, Michel Pecheux, Para quern o discurso é efeito de sentidos entre locutores e as condiches de sua prOdt.100 sao histericas, ou seja, nao se limitam ao contexto imediato em que sao estabelecidos os sentidos. Os mecanismos do (des)conhecimento ideologic° sao de grande relevancia nas teorizaches desse autor. Outro referencial importante para nosso entendimento de elementos da linguagem, tem sido o trabalho de Lev Vygotsky, o qual nos faz compreender o valor do aprendizado para o desenvolvimento dos individuos, a importnncia da cultura e das relaches interpessoais para o processo de internalizacno de conhecimentos, alem de evidenciar um elemento basic° para se pensar a formacao conceitual, ao apontar que os conceitos, ou significados, referem-sea relaches objetivas na formacao histOrica da palavra e mencionar a existencia do sentido que cada individuo the atribui. Temos olhado a sala de aula buscando fragmentos das linguagens escrita, falada, grafica, das imagens. Frau:mentos que, em contextos especificos, contribuem para a internalizacao de saberes relacionados tanto a Fisica quanto a uma formacao cultural mais ampla, para a qual e fundamental a compreensno das preprias l inguagens. Nno se trata de um olhar que busca apenas a descricao de ocorrencias. Queremos interferir provocando mudancas, e nesse sentido, precisamos levar cm conta as represent -aches, tanto dos alunos quanto do professor, como determinantes de suas aches. Rotina escolar e expectativas, quanto a atitudes habilidades e conhecimentos de LUIS em relacao aos outros na sala de aula podem modificar a natureza do que e ou nao conseguido corn uma certa organizacno do trabalho pedagegico. Para ilustramos essa afirmac5o. citamos initmeras constataches de que a mudanca dos recursos pedagOgicos, sem efetiva transformacao das condiches do trabalho escolar, como conseq(lencia de mudanca nas representaches do professor, mantem inalteradas as aches dos estudantes. Assim, pudemos observar, por exemplo, grande quantidade de alunos efetuando mecanicamente copias e semi - copias de trechos de textos de divulgacao cientifica sobre energia nuclear, - assunto pelo qual haviam manifestado grande intcresse - para responderem a questhes de avaliacao, elaboradas pelo professor nos mesmos moldes em que usualmente realizava suas cobrancas do saber que os estudantes supostamente deveriam ter adquirido na leitura de textos didaticos e na feitura de exercicios. Quanto ao funcionamento das linguagens comum e matematica no ensino escolar da procuraremos argumentar, corn apoio na nocao de obstaculo epistemolOgico de Gaston Bachelard, que as duns linguagens tem papeis relevances nesse ensino. Para Bachelard, e em termos de obstaculos que a questa° do conhecimento cientifico dove ser colocada. Para esse autor o obstaculo esta associado a dados sensoriais. 71 que dificultam o pensamento racional, e o conhecimento ocorre contra um conhecimento anterior. Ele afirma explicitamente que o espirito cientifico deve se opor as imagens, as analogias e as metaforas. Mas, da sua obra tambem se pode concluir que o espirito cientifico se forma retificando erros, numa ruptura corn o conhecimento sensivel. E é no percurso para essa ruptura que situamos os papeis das imagens, das metaforas e das analogias, bem como da linguagem comum ern geral. 0 processo de continuidade do pensamento, a partir da experiencia primeira, leva a ruptura corn essa experiencia, e subentende o funcionamento da linguagem comum, na reflexao e nos intercambios pessoais que contribuem para a superacao dialetica, que inclui e nega o sensivel, o imediato. Tambem defendemos, corn base no fato que a construcao de uma linguagem e a construcao de urn sistema de representacOes, e nao a de urn mero codigo, o trabalho paralelo corn as duas linguagens, ao inves de seqUencial. No trabalho de Emilia Ferreiro pode-se encontrar o argumento de que a construcao de qualquer sistema de representacao envolve urn processo de diferenciacao dos elementos e relacoes reconhecidos no objeto a ser representado e uma selecao daqueles elementos e relacOes que serao retidos na representacao. Num cOdigo ha uma correspondencia direta entre os elementos codificados e os sinais convencionados. Finalmente, gostariamos de lembrar como o trabalho escolar é dependente das representacOes do professor, entendidas na conceituacao de Henri Lefebvre, representacOes sobre si mesmo, sobre o mundo social e fisico, que se manifestam nos seus discursos e nas suas vivencias e se relacionam tanto a conhecimentos adquiridos quanto as suas prOprias vivencias numa cultura especifica. Entre as representacOes que permeiam o trabalho pedagOgico ern aulas de Fisica, citamos: a conviccao de que a compreensilo de urn tema implica apenas no "conhecimento" de cada conceito individual, sem qualquer preocupacao corn a estrutura em que os conceitos constituintes se relacionam.. Uma outra é a preocupacao prioritaria corn a precisao da linguagem utilizada em aula, em detriment° da possibilidade de argumentacao dos estudantes a partir de suas proprias vivencias. RepresentacOes desse tipo geram interacOes escolares nas quais predominam os discursos formals, de sentido anico, ou seja situacOes nas quais apenas o professor se manifesta, servindo-se exclusivamente da metalinguagem. Mesmo sabendo a dificuldade em se conseguir a superacao de representacOes, gostariamos de admitir, como Lefebvre, que a superacao sup& tanto a critica teorica quanto a acao, e nesse sentido sugerir aceies diferenciadas das interlocuci5es que podem ser observadas em grande porcentagem das aulas de Fisica. Trata-se de tentar seguir uma proposta de Eni Orlandi para o discurso pedagogic°, a substituicao, ainda que parcial, do discurso autoritario, ou seja do discurso de sentido Calico, no qual o referente, o objeto de que se fala, esta ausente, oculto pelo que se diz dole, pelo estabelecimento de interlocucOes polemicas, num discurso que mantenha a presenca do seu objeto. Esta proposta nao visa substituir o trabalho escolar corn a metalinguagem, corn a linguagem matematica em aulas de Fisica, e sim torna-lo mais significativo. Para chegarmos ao que foi dito anteriormente, partimos de alguns reconhecimentos (ou, pressupostos): 1- De que o professor, atraves do ensino escolar, e o principal mediador do conhecimento cientifico, quando se pensa na internalizacao desse conhecimento pela maioria da populacao; 2- De que a linguagem da Fisica como a de outras disciplinas, é uma metalinguagem. Para Lefebvre a metalinguagem e um discurso sobre o discurso, que aparece no discurso, e, segundo esse actor, nab haveria mesmo discurso sem metalinguagem: 3- De que a metalinguagem da Fisica e formal, exigindo alto grau de abstracao para sua compreensao: 4- De que para a Fisica a linguagem matematica nao e apenas expressive, comunicativa, é constitutiva, e alguem nao conhece Fisica se nao conhecer a sua linguagem. Segundo Bachelard "... o matemaiicismojci , nan e descrinvo e sin/ jnrmador"; 5- De que mesmo a Fisica tendo a linguagem matematica na sua constituicao, a linguagem comum ciesempenha papeis importantes na sua construcao. 6- De que o conhecimento epistemolOgico sobre a Fisica e de grande importancia para o seu ensino. No entanto, nao se pode pensar a construcao de conhecimento, que ocorre corn o ensino, do mesmo modo que se pensa a construcao da Ciencia. Seus artifices tens finalidades, formacOes conceituais, atitudes e habilidades diferenciadas:, nas duas construc'Oes estao envolvidas estruturas mentais que certamente nao sao identicas, e elas ocorrem em instituicOes diferentes, a academia, o laboraterio cientifico e a escola. 1 Apoio CNN BIBLIOGRAFIA 1. Almeida, M. .1. P. M.; Ricon, A. E. (1993) Divulgacao cientifica e texto litereario: uma perspective cultural em aulas de Fisica. Cadernas. Catarinense de Encino de Fisica. 10(1) pp7-16 2. Bachelard, G. (1996) A lOrmacao do espirito cienttlico. Contrilmica-0 papa ulna psicm7(d ;se (10 conhecimento. Rio de Janeiro: Contraponto. 0 racioncilisino ap/icado (I 977) Rio de Janeiro. Zahar edidtores. 3. 72 4. 5. 6. 7. 8. 9. ID. I I. 12. 13. 14. Cardoso, W. (1985) Os obstaculos epstemologicos segundo Gaston Bachelard. Reviski da Sociedacle Brasileira de Historic! da CIMCICI. I pp 19-26 Ferreiro, E. (1985). Reflex- 5es solve allabelizacdo. Sao Paulo: Cortez Editores Associados, 6a ed. 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Fisica/UEL Prof' Fernanda Ostermann — IFTFRGS COORDENACAO: Prof. Eduardo A. Terrazan — FE/UFSM FISICA MODERNA E CONTEMPORANEA: DESAFIOS PARA 0 ENSINO MEDI° Pro/a. Fe/77(11700 OSICTIlICInn A apresentacao foi dividida em tres parses, nas quais foram abordados Os seguintes pontos: I) Uma visa° panoramica da linha dc pesquisa "Fisica Moderna e Contemporanea (FMC) no ensino medio", a partir de uma revisao da literatura; 2) Um estudo Delphi para levantamento de topicos de FMC; 3) Uma experiencia em sala de aula corn o ensino de dois topicos contemporaneos. Uma visa() panoriimica da linha de pesquisa FMC no ensino medio Esta revisao envolveu consulta a artigos em revistas, livros didaticos, dissertacOes, teses, projetos e navegacOes pela Internet. A preocupacao corn o ensino de FMC nas escolas e nos cursos universitarios introduterios comecou, de certa forma, corn a "Con ferencia sobre o Ensino de Fisica Moderna", realizada no Fermi National Accelerator Laboratory, Batavia, Illinois, Estados Unidos, em abril de 1986, na qual cerca de 100 professores interagiram corn aproximalamente 15 fisicos. 0 objetivo especifico da conferencia era promover a abordagem de topicos de pesquisa em Fisica, cm especial, Fisica de Particulas e Cosmologia, no ensino medio e em cursos introduterios dc graduacao. A partir deste evento, intensificou-se urn forte movimento de elaboracao de materiais para use em sala de aula. As referencias envolvidas 'testa revisao foram classificadas da seguinte maneira: • Justificativas para a insercao de Fisica Moderna e Contemporanea (FMC) no ensino medio; • QuestOes metodologicas, epistemolOgicas, histericas references ao ensino de FMC; estrategias de ensino e curriculos: • • ConcepcOes alternativas dos estudantes acerca de topicos de FMC; "lemas de FMC apresentados; • • Propostas testadas em saki de aula; • Livros didaticos de ensino medio que inserem temas de FMC: teses e clissertacOes; projetos; Novas tecnologias aplicadas ao ensino de FMC. A ideia foi mostrar que: • ha escassez de trabalhos na area de concepcOes alternativas: • poucas sao as pesquisas que relatam propostas testalas em sala de aula; • livros didaticos elaborados sob este enfoque ainda s5o pouco comuns no mercado nacional e internacional; • novas tecnologias aplicadas ao ensino de FMC carecem de uma incorporacao mail Finite a pesquisa em ensino de Fisica e ao contexto escolar. 73 Por outro lado, ainda predomina, na literatura, justificativas para a insercao de FMC nas escolas e a simples apresentacao de temas de FMC, sem preocupacao corn a transposicao didatica dos contendos envolvidos. E possivel que isto demonstre uma necessidade de amadurecimento da linha de pesquisa "FMC no ensino medio". Colocar todas estas reflexOes na pratica da sala de aula é ainda urn desafio. Um estudo Delphi para investigar quais topicos de FMC deveriam ser ensinados na escola media Foram apresentados os resultados de um estudo Delphi (Ostermann e Moreira, 1998), conduzido entre fisicos, pesquisadores em ensino de Fisica e professores de Fisica do ensino medic), cujo objetivo foi chegar a um consenso sobre topicos de Fisica Contemporanea que deveriam ser incluidos no curriculo de Fisica do ensino medio em escolas brasileiras. A pesquisa completa envolveu tres "rodadas". Na primeira "rodada", os respondentes foram apenas solicitados a sugerir topicos de Fisica Contemporanea que em sua opiniao deveriam ser contemplados em uma atualizacao do curriculo de Fisica nesse nivel de ensino. Na segunda "rodada", os participantes foram solicitados a se posicionarem frente aos topicos sugeridos na primeira. Na terceira "rodada", houve possibilidade de revisar posicOes e atribuir gran de prioridade aos temas. Ao foi obtida uma lista dos topicos mais indicados. Em sintese, os seguintes temas de Fisica Moderna e Contemporanea foram apontados, neste estudo, como os de "consenso" para possivel inclusao no curriculo de Fisica do ensino medio: efeito foloeletrico, atomo de Bohr, leis de conservacao, radioatividade, dualidade onda-particula, fissao e fusao nuclear, origem do universo, raios X, metais e isolantes, semicondutores, laser, supercondutores, particulas elementares, relatividade restrita, Big Bang, fibras Opticas. A partir dos resultados obtidos corn o estudo Delphi, foi possivel perceber algtms aspectos relevantes na discussao sobre o ensino de FMC na escola media: ❑ Os professores de Fisica do ensino medic), nesta metodologia, rcvelaram-se o grupo menos engajado na discussao. Pela nossa experiencia nas escolas, percebemos que ha muita resistencia por parte deles corn respeito a atualizacao curricular, principalmente, por implicar uma significativa reformulacao nos contendos usualmente trabalhados c um investimento no estudo de topicos mais atuais. ❑ Nao ha uma definicao de consenso acerca do que e Fisica Contemporanea e como distingui-la da Fisica Moderna. Pela lista obtida ao final do estudo, ve-se que ha topicos modernos mesclados a contemporancos. Ate mesmo temas de Fisica Classica apareceram nesta pesquisa. ❑ ensino de FMC cut escolas de nivel medio: a preparacao de materials didaticos e a experiencia na "Pratica de Ensino de Fisica" do UFRGS Nesta parte da apresentacao, relatou-se urn trabalho que buscou introduzir dois temas de Fisica Contemporanea — Supercondutividade e Particulas Elementares — em escolas de ensino medio(Ostermann e Moreira. 1999). A incorporacao destes topicos atuais ao curriculo foi desenvolvida a partir do trabalho em sala de aula de doze alunos da disciplina "Pratica de Ensino de Fisica" do Ultimo semestre do curso de Licenciatura em Fisica da UFRGS. 0 estudo envolveu preparacao de textos para os licenciandos (Ostermann et alli, 1998), discussOes teoricas sobre cada um dos temas, preparacao das aulas a serem ministraclas pelos estagiarios, reclacao de texto para os alunos do ensino medic), elaboracao de material didatico. Este processo culminou em aulas que foram avaliadas a partir de urn questionario initial corn perguntas abertas sobre os dois temas e um questionario final, que incluia, alem de perguntas abertas, questOes de escolha multipla. Ao todo, foram contempladas tres escolas de Porto Alegre (federal, estadual e particular) e, aproximadamente, quatrocentos alunos foram atingidos. A luz da experiencia na "Pratica de Ensino", algumas implicacOes para a Licenciatura e para formacao de professores em servico em Fisica foram levantadas: E fundamental preparar adequadamente os futuros prolessores para esta complexa tarcfa de inovacao ❑ curricular se o objetivo e implementa-la nas escolas. Para tanto, e preciso investir na producao de materials didaticos adequaclos ao futuro professor de Fisica. ❑ Os prolessores em servico precisam conhecer os resultados das pesquisas em ensino de Fisica, em particular, a problematica da introducao de FMC no ensino medic). Talvez, eles prOprios (levant ser despertados para o prazer de conhecer coisas novas e buscar nesse conhecimento a possibilidade de motivar muito mais sous alunos para as aulas de Fisica. Enquanto nao reconhecerem esta preocupacao da comunidade de ensino como sua tambem, pouco irao fazer nesta direcao. A maneira como muitos cursos de aperfeicoamento em servico sao ministraclos — sob a forma dc palestras - pouco os auxilia. E preciso ajudalos a incorporar estes conhecimentos a sua pratica docente, ajuciando-os a visualizar a transposicao didatica adequada. ❑ Os materials elaborados para os dois temas na pesquisa aqui relatada, certamente, podem ser utilizados em cursos de formacao continuada neste sentido de transposicao didatica. Tambem, neste caso, sera preciso muita discussao teorica para que os professores se sintam seguros em relacao aos contendos. Com certeza, sera necessario mais tempo para o desenvolvimento do trabalho, envolvendo o acompanhamento da pratica docente por parte de professores da universidade. A partir de um trabalho em equipe se podera elaborar novos materials de FMC bem como fazer use das novas tecnologias para melhorar o processo ensinoaprendizagem destes conceitos. 74 Quanto a formac5o dos alunos de ensino medic), a pesquisa teve as seguintes implicacees: ❑ E viavel implementer topicos de Fisica Contemporanea em escolas de nivel medic). Os alunos podem aprende-la. ❑ Sem dnvida, foi possivel verificar-se, na pratica, muito do que fala a literatura: topicos de FMC despertam a curiosidade cientifica dos alunos, os motivam para aprender Fisica. Mas para alem das atitudes positivas frente a ciencia, devemos buscar resultados cog,nitivos. Se ha dificuldades de aprendizagem nao sao muito diferentes das usualmente enfrentadas coin contendos da Fisica Classica. ❑ Os resultados apontam para a assercfto de que deveria haver mais Fisica Contemporanea no ensino medio e menos "fesseis" da Fisica Classica. Os alunos podem aprende-la se, adequadamente preparados, estiverem os professores. Corn isso, os jovens podem ter uma escolarizacao de nivel medio em Fisica atualizacla e coerente corn urn pleno exercicio da cidadania. Talvez todas as ideias trazidas para esta discussao representem uma utopia para o ensino medio de Fisica, tendo ern vista a dura realidade que se ye cm muitas escolas. No entanto, quando houver vontade politica de se investir cm educacAo em nosso pais, precisaremos buscar subsidios nos resultados de pesquisas sobre formacao inicial e continuada de professores para repensarmos qual o pertil do professor para proximo seculo. Certamente, tat perfil passara por urn profissional que conhece os avancos mais recentes da ciencia que ensina e domina ferramentas que possibilitam repensar o curriculo na perspectiva de sua atual izacao. Referencias I. OSTERMANN, F.; FERREIRA, L.M.; CAVALCANTI, Supercondutividade: uma proposta de inserc50 no ensino medio. Porto Alegre, Institute de Fisica — UFRGS, 1998. 74 p. (Textos de Apoio ao Professor de Fisica, 8) 2. 3. 4. OSTE,RMANN, F.; FERREIRA, L.M.; CAVALCANTI, C.J.H. Topicos de Fisica Contemporanea no ensino medio: urn texto para professores sobre supercondutividade. Revista Brasileira de Ensino de Fisica. S5° Paulo, v. 20, n. 3, p. 270-288, set. 1998. OSTERMANN, F.; MOREIRA, M.A. TOpicos de Fisica Contemporanea na escola media brasileira: urn escudo corn a tecnica Delphi. In: ATAS DO VI ENCONTRO DL PESQUISA FM ENSINO DE FISICA. FlorianOpolis, SC, 26-30 de out. de 1998. OSTERMANN, F.; MOREIRA, M.A. 0 Ensino de Fisica Contemporanea em escolas de nivel medio: uma experiencia a partir da disciplina "Pratica de Ensino de Fisica" da UFRGS. In: XIII SIMPOSIO NACIONAL DE ENSINO DE FISICA. Brasilia, 25-29 janeiro de 1999. FISICA MODERNA E CONTEMPORANEA: DESAFIOS PARA 0 ENSINO 1\1E1)10 Marisa C:avalccne PLIC7SP Antes de iniciar a discussa) sobre o terra proposto you apenas fazer algumas observacoes clue a meu ver sao extremamente curiosas e bastante relevantes para este moment°. Estas observacOes sao provenientes de uma leitura dc um artigo publicado pela pi-0ra Rachel Gevertz no " SBPC Documenta" n.o 3; 1995 - pg. 14 " 0 artigo intitula-se; "Carta/ Chamamento Nos Governames/ Educadores: "reconsideranclo 0 61)140" ". Neste artigo a prota. Raquel menciona um "Manual de Ensino Elemental - para 0 use dos Paes c Prolessores" , de N. A. Calkins traduzido por Ruy Barbosa e publicado em 1886 na Imprensa Nacional. ( ha 113 anos!!). Algumas Oases de conteado bastante (dual sao observadas: • "...De. /cite, o clue atc" hole se &Airtime em nossas escolas de prOneirUS 1(4110'S mat mcrecv n nome de easily). Tado nellay e mechanic() e "...coin() exigem OS C1117011eS racionues e .vcienidicos do papel de um recipione passim de jimmulas, dclinicries c .Velen•ac e77SiI70 elemental-, represent(' 0 • mestre e 0 compendio affirmam 0 ahanno 'vele coin afidelidade do automan),.... • 0 dominio ahsohao do "verhalism0".... Ern 1932, foi lancado 0 "Mailiksto dos Pioneiros du Educacao Nova". A leitura deste manifesto. segundo a profa Rachel Gevertz, mostra que Os aspectos apresentados e os caminhos a percorrer, nele propostos, sal ainda hole assuntos discutidos na problematica da CCILICaca0 brasileira. da definicao a ava iac5o. 75 Em 1995, a proposta do Estado compreende melhorai do ensino basic°, valorizacao do professor, preparo do professor via Sistema de TV Educativa, definicao de conte6do/ curriculo e avaliacao. Em 1996 finalmente, o filho do meio ( Ensino Medio), foi lembrado na LDB!!! A lei de Diretrizes e Bases assinada em 20 de dezembro de 1996, no 185 ° . aniversario da Independencia e 105 ° . da Rep6blica temos, na sessao IV do Ensino Medio no Art. 36, 1 ° . paragrafo: "Os conte ► idos, as metodologias e as .formas de avaliaed° ser ► o organizados de tal .forma que ao .final do casino me.dio O educando demonstre: I - domini° dos principios cientificos e ieenologicos que president a produeao ntoderna; con ► ecin ► ento dasJormas contemporaneas de linguagem; IIT - don ► nzio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessarios (10 exercicio da cidadania". Ideias de 1886! Ideias de 1932! 0 que lizemos? N6s nao soubemos fazer? E agora, 1999 o que fazer? Como fazer? E necessario mudar, insistir.. E 17 ece.ssOrio fazer! A nova Lei diz... Conhecer formas contemporaneas de linguagens... A nova Lei diz.... Educacao como exercicio da cidadania. A nova Lei diz.... A nova Lei diz... Como fazer cumprir a Lei? Particularmente so acredito que as "coisas" acontecem quando existe o prazer. Prazer em ensinar, prazer em aprender. Precisamos resgatar o prazer. Precisamos resgatar a alegria. Do ponto de vista pessoal nada melhor que a renovacao para isto. Organizar a casa, arrumar as gavetas. Redimensionar sua funcao como individuo no contexto geral, sua origem, sua historia e saber que voce representa urn pedaco do Universo. Transportando estas concepcOes para o Ensino da Fisica. Precisamos organizar a casa... Atualizar conteOdos, inserir a Fisica, na nossa vida, para que possamos integ•a-la na vida dos nossos alunos! Sabemos que ja nab é mais possivel restringir os conhecimentos dos nossos jovens na Fisica do seculo XVII e XIX. E preciso acompanhar a evolucao dos tempos, é preciso entender as descobertas basicas que deram o origem ao grande avanco tecnologicos que estamos vivenciando. A tecnologia e seus avancos exerce urn grande poder de seducao, poder que estamos desprezando e, que é fundamental para urn resgate do prazer. Sabendo disso nao posso mais seguir os velhos padrOes estabelecidos que considera o conhecimento cientifico como algo acumulativo!! Uma revisao geral do curriculo. Uma insercao de assuntos de Fisica Moderna ao longo dos 3 anon de Ensino Medio exige que o cleta/hismo em alguns tOpicos do programa tenham que ser desprezados. Precisamos de abrir mao da alguma coisa!!! Mas isto nao basta. Esta etapa ja pressupbes que alguma atitude sera tomada. E quern disse isto ? 0 professor é a chave que pode abrir novos caminhos. NOs professores, temos em nossas maos urn trunfo: o poder de ensinar/educar. Formar/ capacitar, aperfeicoar professores. Devolver-Ihe o prazer é a questao. E a quem compete esta tarefa? 76 A men ver esta e a tarefa da Universidade, como apice , "o melhor ensino, pesquisa e extens5° a servico da comunidade". Produzir materiais paradidaticos, criar os mecanismos que permita resgatar o nosso prazer, a nossa alegria na relacao ensino e aprendizagem. Trouxe, para esta nossa discussao, alguns dispositivos e pequenos experimentos desenvolvidos pelo Grupo de pesquisa em Ensino de Fisica da PUC/SP ( GOPEF ) que tem sido utilizados atraves de cursos e Oficinas, mostrando um elevado gran de eficiencia como agentes incentivadores neste processo ; que chamamos de, resczale ckr prazer ern ensinar e CIT)1C17Cler. Este material é utilizado como base para que o professor e/ou altmo construa conceitos em Fisica Moderna atraves de um processo vivencial. Estaremos durante este ano ministrando uma Oficina de Inserc5o de Fisica Moderna utilizando material caseiro para o desenvolvimento do processo de experimentacao na Escola do Futuro/ USP ; Datas: 20 e 27/03 ou 22 e 29/05 ou 24 e 31/07 Horario: das 14 as 1811. Isto é pouco muito pouco...Precisamos muito mais. Neste aspecto encaminhamos, durante o anos de 1998 urn projeto para a FAPESP/SPINFRA4 visando obter uma estrutura minima para o GOPEF dar continuidade as suas atividades de pesquisa em ensino de Fisica . Recebemos como resposta desta instituicao : apesar da qualificacao do projeto ele nao contempla as prioridades estabelecidas em funcao da alta demanda de pedidos encaminhados.4 foio abaixo, re/rata urn pouco a nossa resposia ds diliculdades que nosso grip() vein enfrenlando. Nossa ,Joule inspiradora!!!! Desistir Nunca!! INSERCAO DA FISICA MODERNA E CONTEMPORANEA NO ENSINO MEDIO: PROI3LEMAS E PERSPECTIVAS' ,S'ergio M. Arrlida Depariamento de Fisica, Universidade Esladual de Londrina, PR arruclas(Oercointel.com.br A partir de 1997, comecamos a estruturar junto ao Departamento de Fisica da Universidade Estadual de Londrina, urn grupo de trabalho sobre a introducao da Fisica Moderna e Contemporanea na escola media, constituido por professores do segundo grau e pesquisadores da area de ensino de Fisica. 0 grupo, denominado por nos de Grupo de Fisica Moderna (GFM), surgiu a partir de atividades durante urn curso de atualizacao ministrado em 97 (Prociencias). Na ocasiao, os 90 professores de Fisica que faziam parte do curso, tiveram a oportunidade de participar de algumas atividades relacionadas corn a Fisica Moderna que consistiram, basicamente, de lohs de atlas sobre a natureza ondulatoria e corpuscular da luz. Contribuicao para a mesa redonda "Fisica Moderna e Contemporanea: Desafios para o Ensino Medio", XIII SNEF. Brasilia, janeiro de 1999. 0 trabalho como um todo faz parte de doutorado em andamento na Faculdade de Educac5o da USP e contou corn a colaboracfio dos professores Alberto Villani do IFUSP e Elizabeth Barolli do Depto. de Fisica da Universidade Estadual de Londrina. 77 A partir de urn levantamento preliminar sobre as condicOes e o interesse dos professores em participar de urn trabalho mais a longo prazo sobre o assunto, o GFM foi entao criado corn, inicialmente, dois objetivos gerais: • A discussao conjunta de problemas e perspectivas relacionados a introducao da Fisica Moderna e Contemporanea no curriculo de 2° gran do Estado do Parana. • Atualizacao dos professores participantes ern contendos relacionados a Fisica Moderna e Contemporanea. 0 grupo se reuniu durante todo o ano de 98, em encontros quinzenais. Ao total foram 18 encontros, de mais ou menos 811s, realizados aos sabados. As reuniOes se iniciaram em fevereiro, corn a participacao de apenas 10 professores. Gradativamente, esse nnmero cresceu ate atingir urn total de 30. 0 grupo tern conseguido recursos atraves do programa Prociencias para o desenvolvirnento de suas atividades, o que tern sido positivo no sentido de ajudar a sua consolidacao. Desde o inicio, pretendemos inserir o grupo ern urn processo de resolucao de problemas. Para isso, urn "problema gerador" foi proposto ao grupo e enunciado mais ou menos como segue: Considerando qua esicimay praticamente no seculo XX/ e clue Os contei0los de Fisica abordados no 2° gran sao ba,yicamente do s&Itio XIX, e um dos problemas fimdameniais 610 ensino de Fisica, anialmenle, discutir e apresenlar propostas para a insercao no currieulo de Fisica de 2° grail de conieficlos relacionados as teorias desenvolvidas durante o seculo Contemportinea. Esse prohlema geral passer, 17C1 AX, 00 seja, Fisica Moderna pralica, por tees quesioes Jimdamentais: o clue (clue conic:lidos ou assunlos de FM) deve ou pode ser abordado no segundo onde (em (pie momenta do curricido do I", 2" ou 3"anas) esse conteiido pode ou deve ser inserido; e como isso deveria see Jen° (qua metodologia usai). 0 problema acima deveria nortear todas as discussOes e atividades a serem desenvolvidas nos prOximos 3 anos.. A ideia era nao apenas discutir teoricamente o problema, mas discutir e propor solucOes para situacOes reais geradas a partir do mesmo. Durante os primeiros encontros do grupo procuramos tornar claro os objetivos gerais do trabalho e iniciar as discussOes e aulas sobre conceitos da Fisica Moderna, conforme expectativa dos proprios professores. Nas reuniOes iniciais procuramos enfatizar o processo de resolucao de problemas ao redor do qual se pretendia que o grupo organizasse suas atividades. Ao cabo de alguns encontros, as reuniOes acabaram por atingir urn format() em que se procurava alternar, na parte da nnanha, aulas de contend° e laboratorio e na parte da tarde, discussOes diretamente relacionadas ao problema geral do grupo. Os professores que formam o grupo pertencem a 7 Nncleos Regionais de Educacao (NRE) da regiao norte do Estado do Parana, cobrindo uma area de aproximadamente 100 municipios. 0 NRE é a instancia administrativa regional da Secretaria de Educacao do Estado do Parana e corresponde as Delegacias de Ensino do Estado de S. Paulo. Para facilitar a interacao dos professores entre si e a organizacao dos trabalhos, os 30 professores foram separados em equipes, de acordo corn o NRE ao qual pertencem. Em levantamento feito no inicio de 1999, pudemos constatar que somente 1 5% dos professores do grupo tern formacao em Fisica, sendo que 46% do grupo tem formacao basica em Ciencias, corn habilitacao em Fisica. Em relacao a cursos.de especializacao, 42% ja fizeram ou estao fazendo cursos relacionados a area de Fisica (Ensino de Fisica). Apenas 8% do total nao fizeram nenhum tipo de especializacao. A formacao deficiente explica em parte a procura dos professores por cursos de especializacao em Fisica. 1-1a, portanto, uma procura por LIMilcomplementacao da formacao basica. Nas entrevistas ou nas reunioes alguns professores demostraram por diversas vezes possuir consciencia dessa deficiencia em sua formacao. Portanto, a primeira das nossas expectativas corn relacao ao andamento do grupo foi observar como professores corn tar formacao reagiriam a tarefa que deles se esperava. Assim nossa atencao se dirigiu inicialmente a localizacao dos diferentes problemas que iriarn surgindo no processo de resolucao do problema gerador das atividades do grupo. A primeira dessas questOes a nos chamar a atencao dizia respeito a propria maneira como os professores estavam entendendo o que é a Fisica Moderna. Para quern passou por urn bacharelado ou uma licenciatura plena em Fisica esta acostumado a associar o termo "fisica moderna e contemporanea" a Mecanica Quantica, Relatividade e seus desdobramentos ou aplicacOes. Quase sempre se enfatiza tambem as revolucOes provocadas pelas duals principais teorias da Fisica do seculo XX, opondo seus conceitos aos da Mecanica e Eletromagnetismo Classicos. Entretanto, o que parece ser Obvio para os professores corn tuna melhor formacao pode parecer problematic° para muitos professores do ensino medio, pois a compreensao que alguns professores demonstraram pelo termo foi muito diferente da usual. Por exemplo: as vezes eles vincularam a Fisica Moderna a tecnologia, mesmo quando a tecnologia envolvida em determinado produto tecnologico atual (por exemplo, aviOes supersOnicos, carros de corrida, etc) nao esta explicitamente relacionada ao que usualmente denominamos Fisica Moderna. Nao esta muito claro, portanto, para muitos dos professores participantes do GFM o clue 6 a prOpria Fisica Moderna, no sentido de distinguir os assuntos ou teorias da Fisica Moderna dos da Fisica Classica. E obvio que se os professores rift() conseguem fazer essa separacao de forma Clara vao ter dificuldades em 78 entender e principalmente "comprar" o problema geral do grupo. Por outro lado, se eles nao esrao comprando esse problema o que a participacao no grupo esta trazendo de importante para eles? 0 que de fato eles estao procurando? Temos observado que uma das principals insatisfacOes do professor esta relacionada a maneira usual corn que die aborda a Fisica no segundo grau e da qual ele tern dificuldade de se afastar. Talvez por isso para alguns professores a importancia de participar do grupo, de introduzir a Fisica Moderna no segundo grau, parece residir mais em eta estar sendo relacionada a "urn metodo moderno" de ensinar Fisica, em oposicao a maneira tradicional, relacionada a Fisica Classica, que seria mais "matematica", onde a resolucao de problemas de finals de capitulo e a enfase nas fOrmulas e equacOes predominam. Portanto, ao tentar envolver os professores coin a questa() da insercAo da FMC na escola media, outras preocupacOes e motivacOes foram surgindo, o que provocou um deslocamento do foco da pesquisa para problemas mais amplos, relacionados a formacao de professores em geral. 0 que esta sendo observado, atualmente, é como cada equipe reage ao problema gerador do grupo, ou seja, a quais problemas o grupo como urn todo ou cada professor em particular esta enfrentando quando se propOe (ou nao) a pensar a insercao da Fisica Moderna e Contemporanea na escola. Tambem estamos preocupados em fazer corn que os professores do grupo passem a retletir sobre sua prOpria pratica, de modo que a pesquisa possa realmente ser caracterizada como urn trabalho conjunto, onde o conhecimento do professor faca parte dela como urn element° fundamental. Apesar da gama de problemas diferentes e de caracter geral surgidos durante as reuniOes, alguns dos professores comecaram a se mobilizar para o planejamento de topicos de Fisica Moderna a serem inseridos em suas aulas. Os grupos comecaram gradativamente a se consolidar em 98 e alguns pianos de trabalho foram delineados e ja estao em andamento. Para 1999, a perspectiva é a elaboracao de alguns materials didaticos e teste desses materials em sala de aula, para que, ate o final do ano 2000, o grupo possa ter uma proposta de alteracfto curricular para ser encaminhada a Secretaria de Educacao do Estado do Parana. Mesa Redonda CI: Formaclio em Fisica dos professores de ciencias do ensino fundamental Prof. Jose Andre Peres Angotti — CED/UFSC Prof-' Maria Helena Carneiro — FE/UnB Prof. Arnaldo Vaz — COLTEC/UFMG COORDENAcAO: Prof' Eliana dos Reis Nunes — IF/UnB Mesa Redonda C2: Experiencias atuais na formacao continuada de professores de Fisica Prof. Maurice Bazin — Exploratorium (nao compareceu) Prof Maria Antonieta Teixeira —11 7/UFR.1 Prof. Orzenil Bonfim Junior— UNAB-DF Prof' Marty da Silva — IF/UFF COORDENACAO: Prof-' Maria de Fatima Rodrigues Makiuchi EXPERIENCIA PRO - CIENCIAS/FISICA DA UFRJ Prof. a Maria Antoniela Teixeira 117UFR.1 0 trabalho corn os professores do segundo grau e corn as escolas comeca em 1981 corn a Professora Suzana de Souza Barros , o professor Marcos Elias e a professora Deise Miranda. Os varios org'aos financiadores (CNIN,FUJB,FINEP,PADCT,SPEC,CAPES,Fundacao Vitae) tornaram possivel o treinamento de professores do segundo grau (bolsas de aperfeicoamento) , realizacao de oficinas, acessoria as esoclas, etc. Entre este projetos podemos destacar: I. Projeto Educon (Informatics) 2. Projeto Fundao Projeto de Aperfeicoarnento financiado pela VITAE etc. 3. Em 1996 foi criado o projeto Pro-Ciencias e a professora Susana Barros propos que eu fosse a coordenadora. A origem da proposta e que sou coordenadora e criadora do LaboratOrio Didatico do Institute de Fisica( LADIF). Naquela ocasiao, o LADIF produzia material didatico para o terceiro grau, treinava monitores e atendia turmas de escolas . Aceitei o coordenacao e estou envolvida no projeto PrO-Ciencias 79 desde esta epoca. 0 Institute de Fisica participou de We's editais do projeto Pre-Ciencias e ministrou os seguintes cursos: I) 2) Projeto de Atualizacao de Professores de Fisica em Servico (PAPES I e PAPES II). Projeto de Aperfeicoamento de Professores de Fisica em Servico (PAPES III). PAPES I Coordenadora: Maria Antonieta Teixeira de Almeida O projeto PAPES I treinou 30 professores em um curso de 160 horas (40 horas em uma semana, 40 horas de encontros mensais e 80 de trabalhos a distancia) ministrado em urn semestre. 0 orcamento do projeto foi de RS41419.01. Foi produzido material didatico e experimentos que foram fornecidos aos professores apes trabalho em laboraterio. Tambem foi adquirido Liam colecao do Physics Demonstration Group em ingles. PAPES II Coordenadora: Professora Susana Souza Barros. Este projeto teve urn carater diferente do primeiro. Foram selcionados 40 professores que tiveram uma semana de curso. Foram selecionados 7 professores que trabalharam durante seis meses nos seguintes projetos: Producao de urn multirnfdia (CDROM) de eletrostatica. 1. Confecao de cadernos explicativos dos videos da PHYSICS DEMONSTRATION que foram 2. colocados na videoteca do LADIF apes o final do projeto. Confeccao de urn manual para o TOBOOK. 3. Projeto na area de avaliacao. 4. PAPESIII Coodenadora : Professora Maria Antonieta Teixeira de Almeida Este projeto treinou 40 professores em urn curso de 180 horas (140 presencias e 40 de trabalho a distancia) ministrado em urn ano. 0 orcamento foi de RS6000,00 reais. Foi produzido material didatico (livros, videos, em programas, textos,etc)e experimentos que foram fornecidos aos professores apes serem trabalhados laboraterio. Dificuldades dos projetos. A di ficuldade de mudar o grupo de professores que a varios anos faziam cursos analogos. Isto se lei 1) possivel no PAPESIII. Dificuldade de avaliar profissionais que ja estao exercendo a sua functio no mercado de trabalho e nao 2) tens tempo para realizar as tarefas a distancia. Isto so foi conseguido no PAPES III onde a major parte do trabalho lei felt° nos encontros e oferecemos aos professores a possibilidade de refazer trabalhos corn nota C. Nao conseguimos fiver Lull trabalho de acompanhamento nas escolas. Apesar de termos dado 3) prioridade a inscricao de equipes somente urn das escolas enviou tres professores. EXPERIENCIAS ATUAIS NA FORMACAO CONTINUADA DE PROFESSORES DE FISICA Aiar/v da Silva Santos - IF-UFF niarlyttifulf. br Tod° nosso trabalho tens sido desenvolvido junto a uma busca de embasamento teerico, objetivando desta maneira, uma estrutura que possibilite alteraciies, como consequencia de feedback obtido pelas avaliacOes frequentes de nossas acOes. 80 Nos dias atuais, a formacao continuada e uma problematica que adquire especial relevancia. A busca da construc'do da qualidade de ensino de uma escola fundamental e media comprometida corn a formacao para a cidadania, exige necessariamente um repensar a formacao de professores, tanto inicial como continuada. 0 model° classic° enfatiza a reciclagem — a volta a universidade, considerando-a como o unite locus de producao do conhecimento. O questionamento que levantamos diz respeito ao paralelismo existente entre o conhecimento como process° continuo de construcao (de) construcao e reconstrucao e a pratica cotidiana e reflexiva dos professores. Assim, tentamos deslocar este eixo, a universidade como Unica detentora do saber para a sala de aula, na procura de envolvimento de professores, na busca de sua prOpria identidade sustentada pelos seus prOprios saberes, o da experiencia, os cientificos e os pedagagicos. A chegada do seculo XXI tern despertado serias preocupaches corn a Educacao em ambito mundial. Recentemente, a Conferencia Mundial sobre Educacao Superior, promovida pela UNESCO e realizada em Paris de 05 a 08 de outubro, explicitou em sua declaracao a necessidade de ser reforcado o papel da educacao Superior no servico a Sociedade, hem como de aumcntar sua contribuicao para desenvolvimento do sistema educacional como urn todo, principalmente no tocante a melhoria da formacao do professor e da pesquisa em ensino. Neste mesmo context°, porem cm escala nacional e restrita ao campo da Educacao em Ciencias, o Seminario Educacao em Ciencias no Seculo XXI, auspiciado pelo CNPq e Conselho Britanico e ocorrido em Brasilia no inicio de 1998, discutiu e prophs urn modelo de educacao em ciencias. Trabalhos voltados a introducao da Fisica Moderna e Contemporanca desde 1994 tern silo desenvolvidos por participantes do Grupo de Pesquisa em Ensino de Fisica, voltados inicialmente para alunos do Curso de licenciatura em Fisica da Universidade Federal Fluminense. Atendendo ao edital do Programa PrO-Ciencias, CAPES-FAPER,1 (1996), este trabalho foi estendido para professores em exercicio corn a realizacao de um Workshop, envolvendo professores do Institute de Fisica (IF-UFF). Nesta oportunidade buscou-se levantar os obstaculos e as possibilidades da introducao de Fisica Moderna e Contempornnea na Escola Media e envolver os professores na formacao de urn grupo para aprofundar escudos corn este objetivo. Na interacao professores-pcsquisadores e cm exercicio no ensino medio surgiram os primeiros temas voltados principalmente part alguns antefatos (televisao, forno de microondas, celula fotoeletrica). Cony o objetivo de levar para a sala de aula, foram elahorados textos para professores c alunos e kits quando o assunto permitia. Em 1997, os editais 2° e 3° do Programa Ciencias, oportunizaram a continuidade do trabalho, tom a elaboracao do material diciatico e a divulgacao e testagem do mesmo, atraves de torsos de atualizacao para um universo mais amplo de professores de Fisica da Escola Media em varias cidades do Estado do Rio (Niteroi Sede, Petrepolis, Born Jesus do Itabapoana, Macao), Paralelamente, os professores elaboradores iniciaram a aplicacao deste material em suas salas de atria. Com o 4° edital para desevolvimento ern 1998, a Fisica Classica foi incorporada, de maneira especifica, as atividades do projeto pela parccria com o Centro de Ciencias do Rio de Janeiro (CECIERJ), com a apresentacao da metodologia proposta pelo Grupo dc Reelaboracao do Ensino de Fisica. Nesta etapa, alem dos professores elaboradores, tambem alguns professores cursistas aplicaram o material para os seus alunos. Neste ano de 1999, nao mais em parceria corn o CECIERJ, as atividades sera° desenvolvidas, nao mais na Sede do IF-UFF, mas ern outra regiao do Estado do Rio (Regiao do Medi° Paraiba), na cidade de Volta Redonda. Alguns resultados ja podem ser apontados: • maior envolvimento entre professores-pesquisadores com professor do ensino medic), assumindo desta forma, Os pressupostos proclamados recentemente em dois encontros, o de Paris (outubro/98) sobre as responsabilidades da universidade em todos os gratis de ensino e o de Brasilia (fevereiro/98). • alteraches consideraveis no ensino medio pela introducao da Fisica Moderna e Contemporanea e poi uma nova metodologia de ensino da Fisica Classica, tondo ja alcancado 2200 alunos da escola media, uma vez clue a propostaja foi aplicada por 32 professores. • interesse demonstrado pelos trabalhos dos projetos nao s6 pelos professores do Estado do Rio, mais de todo Brasil, na oportunidade de varios encontros (Encoritro tic Pesquisadores em Ensino tic Fisica — Lindoia, Florianopolis — Simptisio Nacional de Ens inn de Fisica — Belo Horizonte). Em relacao a formacao continuada de professores de Ciencias, outras aches sac) desenvolvidas atraves de um Curse de Pas-Graduacao Law Sensu, corn 4 modalidade: Bio/ogia, Ciencias de 1",qran, Fisica e Quimica. Tal curse funciona desde 1992 c oferece 15 vagas por modalidade. As disciplinas sao divididas em dois blocos, um de micleo coinum e outro de micleo especifico, perfazendo um total de 390 horas: 81 Wide° Especifico: Nncleo Comum: Instrumentacao para o Ensino I, II e III Evolucao dos Conceitos Topicos [specials Estagio Supervisionado Introducao a Pesquisa Articulacao dos Contendos I e II Seminarios Ciencia e Fitosofia Portugues Educacao e Sociedade Curriculos, Programas e Livro Didatico 0 corpo docente do curso conta corn: 10 doutores, 14 mestres e 01 especialista. Alem das disciplinas os atunos devem etaborar junto a urn orientador, uma monografia . , parsedfniolmtpraebncd3ofsr.Depimoandfucret, contava corn bolsas e auxilio financeiro da CAPES e CNN. Em 1997 Em 1998 a CAPES soticitou, que qualquer auxilio fosse dirigido ao Programa Pro-Ciencias que havia sido criado, para atender esta demanda. s6 bolsa CAPES. Em 1999 este ano deveremos contar corn o auxitio do tat programa. Mesa Redonda C3: Novas tecnologias: velhos habitos? Prof. Gustavo I. — Escola do Futuro/USP Prof' Maria Regina D. Kawamura — IF/USP Prof' Flavia Rezende — UFRJ COORDENACAO: Prof. Jose Eduardo Martins — IF/UnB NOVAS TECNOLOGIAS: VELHAS PRATICAS? Flavin Rezende Laboratorio de Tecnologias Cognitivas - NUTES - UFRJ frezende nutes.ufrj.br Este trabatho apresenta uma reflexao sobre como a utilizacao de novas tecnologias pode contribuir corn novas praticas pedagOgicas, examinado duas vertentes: a elaboracao de materials didaticos e a pratica pedagogica propriamente dita. Na primeira parte sao apresentadas algumas abordagens teoricas da aprendizagem baseadas mo enfoque construtivista, que poderiam potenciatizar materials didaticos incorporando novas tecnologias e na segunda, consideracOes sobre alguns aspectos da pratica pedagOgica como por exempto o papel do professor, o planejamento e a avaliacao educational que deveriam estar sendo revistos se quisermos atterar as vethas praticas em projetos de inovacao tecnologica na escota. Novas Tecnologias e a Priltica Pedagogica . uma contraposicao entre o novo e o velho, podendo ser interpretada da 0 tituto do trabatho exp & seguinte maneira: novas tecnologias, mas vethas praticas? Realmente, a introducao de novas tecnologias na educacao nao imptica novas praticas pedagOgicas pois podemos corn eta apenas vestir o velho corn roupa nova, o que seria o caso do livro eletronico, por exemplo. Por outro lado, novas praticas pedagogicas nao implicam o uso de novas tecnologias o que estaria baseado na crenca de que o novo reside exclusivamente no uso das tecnologias educacionais, ou seja, uma visa° tecnicista do processo educativo. Se as novas tecnologias nao implicam novas praticas pedagogicas nem vice-versa, aparentemente poderiamos dizer que nao ha relacdo entre essas duas coisas, o que nab e necessariamente verdade se considerarmos que o use das novas tecnologias pode contribuir para inovacoes na elaboracao de materials didaticos e na pratica pedagogica desde que se baseie em novas concepcOes de conhecimento, do processo de ensino-aprendizagem, do atuno, do professor e por que nao, do contend°. 82 Elaboraeao de materiais didAticos que incorporam as novas tecnologias No ha consenso entre os pesquisadores sobre a contribuicao de ordem conceitual da tecnologia para a elaborac'ao de novas idelas sobre os processos de aprendizagem ou ensino. Uma saida para a questa° é a posicao cuja enfase e o esforco de conceber o design instrucional de um material didatico corn base em novas abordagens teOricas sobre a aprendizagem. Entretanto, a pesquisa tern mostrado que a transferencia de descobertas nas ciencias cognitivas e sociais para a pratica do design instrucional raramente é um processo tao direto (Dillon, 1996), o que nab significa que nao temos que continuar envidando esforcos.. Podemos considerar o construtivismo como urn enfoque hegemonico na area de Tecnologia Educacional (Boyle, 1997). As secks seguintes procuram dar uma visa° panorE'imica de novas abordagens teoricas sobre a aprendizagem corn base nos pressupostos construtivistas que tern servido de teoria instrucional em projetos de inovac5o tecnolOgica na educac5o em ciencias. Abordagem profunda a aprendizagem. Para Morgan (1995) a oposicao entre os papeis ativo e passivo do aluno frente a aprendizagem é insuficiente. Corn o conceito de abordagem profunda, ela pretende dar enfase a intencao de entender, ao major dominio, autonomia e apropriacAo das estrategias metacognitivas que essa abordagem pode proporcionar. Para que o aluno aborde sua aprendizagem dessa maneira e necessario que se desenvOlva dentro dele a consciencia do que consiste aprender uma vez que essa concepcao intluenciara a abordagem. Nao-linearidade do conhecimento (Sistemas Flipermidia de Aprendizagem). A ideia basica dos sistemas hipermidia e ligar informacao que esta relacionada. Setts elementos fundamentals sao as unidades de informac5o e as ligacOes que implementam as relacoes (Marchionini, 1988). Os sistemas hipermidia de aprendizagem oferecem urn alto nivel de controle ao usuario na medida ern que e possivel se mover entre vastas quantidades de informac5o de uma forma nao-linear de de acordo corn sua base de conhecimento e estrutura cognitiva o que torna possivel aprender segundo interesses e experiencias prOprios. Flexibililidade Cognitiva. A Teoria da Flexibilidade Cognitiva se originou do estudo de obstaculos na aprendizagem de conhecimento complex° em niveis avancados de instrucAo ligados a caracteristicas do prOprio dominio de conhecimento como sua ma-estruturacao e excesso de simplifica0o. A teoria se baseia em uma nova orientacilo construtivista (Spiro et al., 1992) que enfatiza a reconstrucAo flexivel do conhecimento previo para se ajustar a uma nova situacao e nao a simples utilizac5o de conhecimento previo pronto e acabado. Aprendizagem baseada em problemas ou casos. 13 uma abordagem na qual o estudante aprende a partir da colocacao de urn problema (ou caso) que pode ser real on simulado. Apesar de haver varias estrategias para implementa-la (Savery & Duffy, 1995), em geral os estudantes obtem dados, formulam hipoteses, tomam decisbes e emitern .julgamentos. Na area da sande, por exemplo, sac, utilizadas simulacOes clinicas que substituem problemas clinicos padronizados, relevantes e analogas a situagOes reais. A partir de perguntas em que o aluno possui alternatives de respostas e das consequencias das decisOes tomadas ele tern a oportunidade de testar sua capacidade de itilgamento frente a urn conjunto de dados. Aprendizagem baseada em recursos. Os estudantes aprendem a partir de sua interacito corn uma gama de recursos de aprendizagem (textos, videos, bases eletrenicas de dados) para responder perguntas ou resolver problemas relacionados ao topico (Rakes, 1996). Essa metodologia coloca como objetivo educacional a compreensao da informacao muito mais do que a sua transmissao ou armazenamento, incluindo a busca, a analise, a organizacAo e avaliacao damesma. Aprendizagem contextualizada. A ideia geral 6 fazer o estudante pensar sobre o dominio do conhecimento como urn especialista engajando-o ativamente na resolucao de problemas do mundo real e na criacfio de projetos para os gnats aqueles problemas s5o relevantes (Brown et al. 1989). 0 objetivo principal é permitir aos estudantes e professores experimentarem os tipos de problemas que especialistas em varias areas encontram, aprendendo a usar teoria, dados, procedimentos experimentais e a construir argumentos sobre pontos de vista especificos. Aprendizagem Colaborativa. 0 individuo aprende e se desenvolve atraves da interacAo Com os outros (Vygotsky, 1984). Esse pressuposto serve de inspiracao para o trabalho colaborativo que significa compartilhar objetivos e ter a intencao de somar, de criar algo novo atraves da colaborac5o, urn processo diferente da simples troca de informacOes ou instrucaes, cujo resultado 6 urn produto de todos. Os meios de comunicacao oferecidos pelas novas tecnologias possuem recursos que podem propiciar a interacao entre grupos, tAvorecendo assim relacOes de colaborac5o. Construcionismo. 0 construcionismo tern suas raizes no trabalho de Seymor Papert e seu pressuposto teOrico vai alem de afirmar que o conhecimento e construido pelo individuo mas que isto acontece especialmente quando o individuo e engajado na construckt de algo externo o que nos levaria a urn modelo de ciclo de internalizacfio do que esta fora e de externalizacAo do que esta dentro de nos, e assim por diante. Introclucao das Novas Tecnologias na Pratica PedagOgica Partimos do pressuposto de que um projeto de inovacao tecnolOgica na educacao sera relevante se contribuir para transformar em profundidade a praticas pedagOgica (Maggio, 1997). Nesta secfio vamos mostrar indicios da transformacao de alguns componentes da pratica pedagOgica no contexto de projetos de 83 inovacao tecnolog,ica na escola como por exemplo o papel do professor, o planejamento pedagogico e a avaliacao educacional. O papel do professor. 0 professor deixa de ser o repassador do conhecimento para ser o criador de ambientes de aprendizagem e facilitador do processo pelo qual o aluno adquire conhecimento. 0 ensino corn as novas midias deveria questionar as relacOes convencionais entre professores e alunos. Para mudar essa situacao, Moran (1998) defende caracteristicas do novo professor como ser aberto, humano, valorizar a busca, o estimulo, o apoio, e ser capaz de estabelecer formas democraticas de pesquisa e de comunicacao. Nas atividades pedagogicas realizadas atraves da internet, por exernplo, professor e aluno tornam-se participantes de urn "novo" jogo discursivo que nao reconhece a autoridade ou os privilegios de monopOlio da fala inaugurando assim relacOes comunicativas e interpessoais que tendem a simetria de oportunidades (Pacheco,1997). O Planelament° PedagOgico. 0 planejamento pedagogic° no paradigms construtivista impOe grandes desaflos a serem enfrentados por nos professores pois nao ha uma formula que permita a transferencia imediata de seus principios a pratica (Boyle, 1997). Nesse enfoque nao se acredita que a aprendizagem ocorra independente do contend° e do contexto da aprendizagem (Bednar et al, 1992). Por isso, nao é possivel dividir o contend° ern pequenos modulos, da mesma forma que se torna dificil pre-definir objetivos especificos. Os objetivos especificos surgem durante a realizacao de tarefas autenticas e solucao de problemas significativos. A construcao do conhecimento do aluno, sendo um processo individual e particular, nao permite o planejamento de tarefas (micas para urn determinad6 perfil mail° de alunos. Para atender a esse novo enfoque e necessario que o ambiente de aprendizagem possa se ajustar a necessidades particulares de . cada aluno e ofereca suporte, estimulem a aprendizagem e possibilitem aos alunos atingirem suas metas (Struchiner et al.. 1998). Avaliacao educacional. Da mesma forma que o planejamento, a avaliacao na perspetiva construtivista diferenciada da tradicional. Apesar de ser uma questa° em aberto, e decorrente deste enforque a priorizacao da avaliacao dos processos mentais dos alunos em relacao aos produtos finais. Nesta perspectiva, os conceitos de certo e errado tornam-se secundarios na medida que o aluno deve ser capaz nao s6 chegar a uma resposta mas .justificar e defender seus . julgamentos e decisOes (Bednar et al., 1992) durante a resolucao de problemas. Conc'tisk) A opcao de alguns teoricos que propOem "defender" os alunos dos perigos das novas tecnologias nao percebe que o desconhecimento de seus aspectos tecnicos, politicos, econemicos e eticos pode impedir que os alunos desenvolvam sua prOpria posicao diante delas (Sancho, 1994). Acreditamos, como Dillon (1996), que a aprendizagem pode ganhar corn a introducao da tecnologia ao contexto educacional desde que esse contexto nao se caracterize somente pela presenca da tecnologia mas seja resultado do use criterioso apoiado pela teoria e pelo trabalho do professor. O sucesso do conjunto "novas tecnologias-novas praticas pedagegicas" depende muito menos das tecnologias disponiveis do que da abertura da mentalidade entre nos, professores (Kamawura 1998) e de colocar em xeque paradigmas tradicionais de planejamento, desenvolvimento, implementacao e avaliacao de atividades e materiais educativos cristalizados ern nossa cultura cuja fundamentacao encontra-se enraizada no objetivismo (Jonassen, 1996) e na postura do professor enquanto detentor do poder e do conhecimento. Referencias I. Bednar. Anne K., Cunningham, Donald, Duffy. Thomas M. & Perry, .1. David. Theory into Practice: How do we link? In T. M. Duffy & D. H. Jonassen, Constructivism and the. Technology of Instruction: ,4 Conversation. London. Lawrence Erlbaum Assoc. Publ.„ 1992. 2. Boyle, Torn. Design fir Multimedia Learning. London, Prentice Hall, 1997. 3. Brown, J. S.. Collins, A. & Duguid, P. Situated cognition and the culture of learning. Educational Researcher, V. 18, 32-42, 1989. 4. Dillon, Andrew. Myths, Misconceptions and an Alternative Perspective on Information Usage and the Electronic Medium. In .1. F. Rouet, .1. J. Levonen, A. Dillon & R. J. Spiro, Hypertext and Cognit Lawrence Erlbaum Assoc. Publ., 1996. 5. Kawamura, Regina. Linguagem e Novas Tecnologias. In Maria Jose P.M. de Almeida & Henrique Cesar Campinas, 1998. da Silva (Ores.) Linguageas Lenuras e Ensino de Jonassen, David H. Using Mindtools to develop critical thinking and foster collaboration in schools. In 6. David H. Jonassen, Computers in the Classroom: Mindlools for Critical Thinking. Englewood Cliffs, N.I, Prentice Hall, 1996. 7. Maggio, Mariana. 0 campo da tecnologia educacional: algumas propostas para sua reconceitualizacao. HistOrias e Proposias. Porto Alegre, Artes In Edith Litwin (Org.), Tecno/ogia Educacional — Medicas. 1997. 8. Marchionini, Gary. Hypermedia and learning: feedom and chaos. Echtcarionu/ Technology, Vol 28(11), 8-12, November, 1988. 84 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. Moran, Jose Manuel. Internet no ensino universitario: pesquisa e comunicacao na sala de aula. Interface - Comunicacao, Safide, Educacao, N ° 3, Agosto, 1998. Morgan, Alistair R. Student Learning and Student's Experiences: Research, Theory and Preactice. In Fred Lockwood (Ed.), Open and Distance Learning Today. London and New York, Routledge, 1995. Pacheco, Samuel Bueno. Internet: as relacOes de ensino-aprendizagem no hiperespaco. Tecnologia Educational, V. 25(136/137), Mai/Jun/Jul/Ago, 1997. Rakes, Glenda C. Using the Internet as a tool in a resource-based learning environment. Educational Technology. Setember-October, 1996. Sancho, Juana. A tecnologia: um modo de transformar o mundo carregado de ambivalencia. In Juana M. Sancho (Org.) Para Ulna Tecnologia Educacional. Porto Alegre, Artes Medicas, 1998. Savery, John R. & Duffy, Thomas M. Problem based learning: an instructional model and its constructivist framework. Educational Technology, Setember-October, 1995. Spiro, Rand J., Feltovitch, Paul J., Jacobson, Michael J. & Coulson, Richard L. Cognitive Flexibility, Constructivism and Hypertext: Random Access Instruction for Advanced Knowledge Acquisition in IllStructured Domains. In Thomas M. Duffy & David H. Jonassen (Eds.) Constructivism and the Technology of Instruction: A Conversation. NJ, Lawrence Erlbaum Assoc. Publ., 1992. Struchiner, Miriam, Rezende, Flavia, Ricciardi, Regina M. V. & Carvalho, Maria Alice P. de. Elementos Fundamentals para o desenvolvimento de ambientes construtivistas de aprendizagem a distancia. Tecnologia Educacional, V. 26(142), Jul/Ago/Set, 1998. Vygotsky, L. A F01171a4C70 Social (la Mente: 0 Desenvolvimento dos Processos Psicologicos Superiores. Sao Paulo, Martins Fontes, 1984. 85 " vrto■tf.. {NNW)) , 0:1-0(411 11, ;(c:Lr-1'‘(7C1)4 j- MINI CURSOS AI - Mecanica a parilr do cotidiano — GREF A2 - 0 casino de opticalisica e geometrica partindo da vivencia cotidiana A3 - Problemailzando a historic da termometria A4 - Novas tecnologias no ensino de experimentacdo assistida por computador A5 - Astronomic, indigena A6 - Optica no ktboratorio: descuios para as concepcoes espontoneas A7 - Astronomic, em solo de aula corn equipamentos de haixo Gusto AS - 0 use do video comb instrumento para o ensino da Fisica Moderna na Escola Sec uncial-la A9 - Filosofia da ciencia no ensino das ciencias A10 - Construct (e use) um espectroscopio All - Mecdnica introdutoria universitarict Al2 - As ctilvidades experimentctis de Fisica no Ensino Medic! — uma proposta de inset-0o A 13 - Novas materials , laser c aplicacoes A14 - Principios de sisiemas e o use do programct STELLA for Windows, em modelos sobre gerenciamento e A15 - Ensino mediado por computctdores ' BI - Eleiromagnetismo a pctrtir de elementos vivenciais B2 - Fisica termica c, partir do cotidictno na solo de aula B3 - Fisica moderna no ensino medio: ulna proposla para o esiltdo do 1e nomeno da dualidade onda-partic ulct B4 - Historic da ciencia e cultura: experiential corn materials didaticos pant o ensino medio elimdamental B5 - Muitos Jotons na Optica geometria, B6 - Curso de atualizacdo em optica moderna: Ulna ctbordagem experimental B7 - Atividades para o trabalho peclogOgico em Jisica no ensino medio B8 - Gravitoedo no ensino medio: elemenlos para Ulna unidade de ensino poutada numct per,spectiva bachalerdiana B9 - Historict (la fisica, concepe5es espontaneas e a elctboracdo de atividades de ensino B10 - Atividades experimentais na soluedo de problemas 1311 - A prolica construtivisto cm solo de ctula: problemas e possiveis ,solucdes B14 - A fisica das imagens medical BI5 - 0 Plancicirio comb recurso didcitico B16 - Analogias no ensino de lisica B - A lisica da 11111S lea B18 - Astronomia: melodologia de ensino B19 - Aprender como 0 homem conseguiu mar e lambent offender ciencias B20 - Avaliacdo dct aprendlzagem: a busca de coerencia no ensino de ciencias B21 - As origeas hisloricas da Teoria dct Interacdo Fracct cict Materia B22 - Textos originals da ciencia c as concepcoes espontanects num planelamento dicalco B23 - Regulcivoe,s termicas nos set-es Oros Al - Nlectinica a partir do cotidiano — GREF Prof dodo Marlins — IF/USP Prof Yassuko Hosowne— IF/USP Tem como objetivos apresentar ao professor a proposta de Mecanica do GREF para o ensino medio; apresentar os principais tOpicos de Mecanica corn uma abordagem do cotidiano e corn enfase nas leis gerais (principios de conservacAo e lei de Newton); propor modancas no ensino de fisica visando uma abordagem que leve em conta a pratica social do aluno na construcao conhecimento. A2 - 0 ensino de optica fisica e geometrica partindo da vivencia cotidiana Prof lair() Alves Pereira — IF/USP Prof: Luis Carlos de Meneze,s. — IF/USP Objetiva mostrar uma proposta alternativa para o aprendizado da Optica fisica e geometrica no ensino medio, partindo de coisas da vivencia de alunos e professores — proposta GREF; realizar e compreender atividades elaboradas nesta perspectiva; discutir a viabilidade de aplicacao desta proposta em sala de aula. A3 - Problematizando a historia da termometria Prof Alexandre Medeiros - UFRPE Este curso apresenta a histOria da termometria, levantando questOes e problemas relativos ao tema. Programa proposto: 1. A temperatura e sua medicAo 2. Os trabalhos de Heron de Alexandria e Philo de de Bizancio 3. A polemica da invencao do termometro 4. 0 termoscopio de Galileo 5. 0 termoscOpio clinico de Sanctorius 6. A contribuic5o da Accademia del Cimento 7. 0 problema dos pontos fixos 8. Os trabalhos de Boyle, Hooke, Mariotte e Amontons 9. 0 misterio da escala Fahrenheit 10. Reaumur e a dilatacdo linear do alcool I. A termometria de Newton 12. As escalas centigradas 13. Desenvolvimentos posteriores da termometria A4 - Novas tecnologias no ensino de fisica: experimentacao assistida por computador Prof Marisa Cavalcante — Dep. Fisica/PUC-SP Prof Cristiane R.C. Tavolaro— Dep. Fisica/PUC-SP I. Informatica Educacional e as novas formas de comunicacao 2. Desenvolvimento social e o desenvolvimento tecnologico 3. Reflex° dos avancos tecnolOgicos na relacdo ensino - aprendizagem 4. Uso de computadores no Ensino 5. Alguns softwares de simulac'ao e os seus diferentes graus de interatividade 6. Simulacao computacional e a realidade do fenomeno fisico (simulac5o x experimento) 7. Recursos computacionais de apoio didatico que podem ser utilizados no dia a dia em urn laboratOrio. 8. Equipamentos disponiveis no mercado nacional, de baixo custo, que permitem tornar o seu computador simultaneamente em: a) multimetro digital (voltimetro, frequencimetro e medicao de dB) b) osciloscopio c) analisador de espectros d) coletor de dados ( aquisicdo de dados ). 9. Analise de fenomenos fisicos em tempo real (aquisicab informatizada dos dados). 10. Principio basico de funcionamento de sensores digitais 1 I. Experimentos Assistidos por computadores e a modanca de postura do professor em sala de aula. 89 12. Exemplos concretos da utilizacao da Experimentacao Assistida por Computador (EAC) em sala de aula. 13. Compartilhar EAC e a Simulacao Computational. A5 - Astronomia indigena Prof Germano IF/UFPR 0 objetivo deste trabalho é fornecer urn metodo didatico-alternativo para auxiliar os alunos do Ensino Fundamental a compreender, de uma maneira pratica, os movimentos de rotacao e de translacao da Terra, bem como a se orientar, utilizando a Astronomia Indigena. A6 - Optica no laboratorio: desafios para as concepciies espontiineas Prof lesuina Pacca - IF/USP Prof Jose Paulo Gircoreano — IF/USP Discussao dos principais pontos de dificuldade apresentados pelos alunos frente ao estudo da Optica, ressaltando a questao da utilizacao de algumas experiencias, incluindo tanto experimentos diagnOsticos que questionem mais diretamente as concepcOes espontaneas como experimentos mais especificos. A7 - Astronomic em sala de aula com equipamentos de baixo custo Prof dodo Batista Garcia Canalle— IF/UERI Aperfeicoamento do conhecimento cientifico dos professores do 2 0 grau, preferencialmente daqueles que atuam na habilitacao magisterio, nos conceitos de astronomia atraves de: a) revisao e aprofundamento dos conhecimentos; b) producao de material didatico corn a participacao direta dos professores do segundo grau corn o respectivo treinamento para seu uso e aplicacao. A8 - 0 uso do video como instruniento para o ensino da Fisica Moderna na Escola Secundaria Prof Ozimar Pereira - IF/USP Procura apresentar as principais tecnicas e formas de utilizacao do video como recurso instrucional e como auxilio no ensino de Fisica Moderna no Ensino Medio. A9 - Filosofia da ciencia no ensino das ciencias Prof. Severino.lose BeZCITO Filho — UPE 0 objetivo deste curso é iniciar professores e estudantes no processo de retlexao sobre a importancia da Filosofia da Ciencia na producao do conhecimento cientifico, apresentando as principals posicOes filoseficas que tem intluenciado no ensino das ciencias, bem como seas principals defensores, discutindo suas diferencas e semelhancas. A 10 - Construa (e use) um espectroscopio Prof Nilson M. D. Garcia - CEFET/PR Tem como objetivo incentivar o estudo da Fisica Contemporanea no Ensino Media e a construcao de dispositivos alternativos e de baixo custo - rede de dir•acao, espectroscopio e espectrometro para uso em atividades experimentais de optica. Al - Mecanica introdutoria universitaria Prof Miguel Gregorio — IF/UFR.I Sem resumo 90 Al2 - As atividades experimentais de Fisica no Ensino Medio — uma proposta de insercao Prof" Ines Prietto Schimith - FE/UFSM Prof Eduardo Adolfo Terrazzan - FE/UFSM Prof' Maria Regina D. Kawamura - IF/USP Este curso pretende discutir o papel das atividades experimentais de Fisica no ensino medic). A partir da explicitacao-do seu papel, procura-se elaborar, junto COm os professores do ensino medio, roteiros para as experiencias selecionadas a partir dos contendos desenvolvidos em sala de aula. Estes roteiros apresentam tres etapas: observacao, previsao e formalizacao. A13 - Novos materiais, laser e aplicacoes Prof Antonio Oliveira — Dep. Fisica/UFMA Este curso pretende ofertar ao pnblico-alvo uma visa() geral de novos materials e mostrar as varias aplicacoes destes materials no moment() e em futuro proximo. A14 - PrinciPios de sistemas e o uso do programa STELLA for Windows, em modelos sobre gerenciamento e Fisica Prof Anion de Castro Kurtz dos Santos — UniVCISidade do Rio Grande Este curso apresenta os seguintes topicos: principios de sistemas: uma visa() geral; o programa Stella for Windows: breve apresentacao do sistema; o elo de retroalimentacao negativo de l a ordem no Stella: o elo de retroalimentacao negativo de 2" ordem no Stella; o elo de retroalimentacao positivo no Stella; elos de retroalimentacao nfio lineares acoplados no Stella; discussao sobre inteLLracao; desenvolvimento de modelos no Stella na area de Fisica: tanques acoplados, estudo dos movimentos e aplicacoes em circuitos eletricos; modelando o caos. A15 - Ensino mediado por computadores Prof Gustavo I. Kilmer — IF/USP Este curso tem por objetivo geral familiarizar Os discentes corn usos e aplicacoes pedagogicas dos computadores, em particular da Internet. Os objetivos especificos sao: aplicacoes didaticas dos utilitarios mais commis, utilizacao de courseware especificos para ensino de Fisica, introducao ao uso de ferramentas Web, tais como Applets e projetos colaborativos. B1 - Eletromagnetismo a partir de elementos vivenciais Prof Anna Cecilia C'opelli — IF/USP Prof Yassuko Hosowne— IF/USP Objetiva apresentar ao professor uma proposta de ensino de Eletromagnetismo COm enfase no cotidiano tecnologico e discutir com Os professores o uso dessa proposta em sala de aula. B2 - Fisica termica a partir do cotidiano na sala de aula Prof Suety 13. Pelai.v — IF/USP Prof Luis Carlos de Menezes — IF/USP Visa apresentar ao professor Lima visao geral da proposta de Fisica Termica GREF para o ensino medio e mostrar a viabilidade da aplicacao da proposta em sala de aula. B3 - Fisica moderna no ensino medio: uma proposta para 0 estudo do fenomeno da dualidade onda-particula Prof Marisa Cavalcante— Dep. Fisica/PVC-SP 91 Prof Cristiane R.C. Tavofaro— Dep. Fisica/PUC-SP 1. Fenomenos OndulatOrios ( energia carregada por uma onda ) 2. Teoria ondulatOria da radiacdo 3. espectro eletromagnetico 4. Interacdo da radiacao corn a materia tomando como exemplo particular os Raios X e raios gama. 5. Polarizacao. Diferentes modos de polarizacao e analise do feixe polarizado - Lei de Malus - (polarizaedo por reflexdo, o angulo de Brewster e, por materials dicr6icos) - Verificar aplicacoes no cotidiano 6. Interferencia , condicOes para interferencia destrutiva e construtiva e demonstracdo experimental da lei de interferencia das frestas de Young. 7. Difracao e Redes de difracao 8. NoeOes sobre espectros, continuos , atemicos e laser - NocOes do modelo atomic° de Bohr. Comentarios sobre a descoberta do nude° contribuicOes de Rutherford - espalhamento de particulas alfa - Experimento de Geiger -Marsden 9. Determinacdo experimental de comprimentos de onda utilizando redes de difracdo 10. Determinacdo experimental do n6mero de sulcos /mm de urn CD, utilizando material de use caseiro 11. Utilizacao de compact disc (CD) para a obtencao de espectros. 12. Obtencdo de aneis de interferencia atraves de CD 13. Estudo de resolucao de filtros. 14. Comportamento corpuscular da luz e o Efeito Fotoeletrico 15. Sensores Opticos e algumas aplicacOes experimentais 16. Natureza Dual da radiacao 17. Simulacao Computacional da experiencia de J J Thomson de determinacdo da carga especifica do eletron ( comportamento corpuscular do eletron) 18. Difracao de raios X - angulo de Bragg 19. Difracao de eletrons e a teoria de De Broglie 20. Analogia entre os resultados dos diferentes espectros obtidos atraves de um CD e a imagem de difracao de eletrons por feixe transmitido (difraedo de G.P Thomson). 21. Dualidade Onda - Particula 22. Principio das Incertezas de Heisenberg. Equacao de SchrOendinger da Mecanica Quantica. B4 - Historia da ciencia e cultura: experiencias coin materials did( ticos para o ensino medio e fundamental Prof Marco Braga CEFET-RJ/TEKN E Prof Andreia Guerra — UFRI/TEKNE Prof Jail?) Freilas — FIOCRUZ/Col. Pedro II/TEKNE Prof Jose Claudio Reis - UFRJ/TEKNE Tem como objetivo apresentar materials didaticos sobre Historia da Ciencia que vem sendo desenvolvidos e discutir experiencias _ja realizadas em escolas do Rio de Janeiro. B5 - IVInitos fetons na Optic(' geometrica (ilio okrlado) Prof Maria Ines Nohre Oia — Dep. Fisica/UEL Quando se pensa em introduzir a Fisica Moderna no Ensino Medi°, muitas vezes isto e realizado atraves do ensino da optica. Entretanto, as propostas que conhecemos limita-se a interpretar a absorcao e emissdo de fOtons pelos atomos. Este curso pretende it alem disto, apresentando modelos de interpretacdo para os comportamentos da luz — que é constituida por tOtons — que sao estudados nos cursos de optica geometrica. B6 - Curso de atualizaciio em optica moderna: uma abordagem experimental Prof Mikiva Muramaisu — IF/USP Prof Felix Claret da Silva — IF/USP Prof 'Mien Silva Santos — IF/USP 92 Objetiva possibilitar ao professor do Ensino Medi° a utilizacao de uma abordagem experimental no ensino de optica e introduzir conceitos de Optica moderna atraves de experiencias demonstrativas. B7 - Atividades para o trabalho pedagogico em fisica no ensino medio Prof. Jorge Megid — FE/UNICA MP Prof Decio Pacheco — FE/UNICAA4P Objetiva apresentar e desenvolver algumas propostas de atividades para o ensino-aprendizagem de contendos de Fisica, com base em pesquisas academicas na area e discutir os fundamentos teericometodologicos das atividades e possibilidades de utilizacao no ensino fundamental e medic. B8 - Gravitacdo no ensino medio: elementos pant tuna unidade de ensino pautada numa perspectiva bachalerdiana Prof Henrique Cesar da Silva — FE/UNICAMP Prof Cesar Cavanha Babichak— IF/FE/USP Tem como objetivos apresentar e discutir elementos da epistemologia e pedagogia de Bachelard; discutir a aplicacao desses elementos na elaboracao de uma unidade de ensino sobre gravitacao; discutir o funcionamento de atividades de ensino sobre esse tema pautadas no use de textos de divulgacao cientifica nessa perspectiva epistemologica e pedagogica. B9 - Historia da fisica, concepcoes espontaneas e a elaboracdo de atividades de ensino Prof Aparecida V. P. dos Santos — Dep. de Fisica/UNESP Prof lodo Jose Caluzi — Dep. Fisica/UNESP Pretende-se com esse curso elaborar atividades de Ensino que levem em conta a evolucao historica e os resultados dos estudos sobre concepcOes espontaneas do conceit° em estudo. Desenvolveremos atividades relacionadas a conservacao da quantidade de movimento. No final das atividades avaliaremos a proposta e a viabilidade de elaboracao de atividades de ensino utilizando-se da Historia da Fisica e dos estudos sobre concepcoes espontaneas. B10 - Atividades experimentais na solucdo de problemas Prof Alberto Gaspar — UNESP/Guaratinguela Prof Crisham) R. de Aialos — UNESP/Guaratingueto Objetiva preparar e desenvolver atividades experimentais destinadas a resolucao de problemas de Fisica para o ensino medio. B1.1 - A pratica construtivista em sala de aula: problemas e possiveis solucdes (r7 do for ()Mimi()) Prof Washington L.P. de Carvalho — UNESP Prot Lizele M. Orquiza de Carvalho Pretende explorar a visao construtivista no ensino de Fisica; detectar e discutir aspectos viaveis do construtivismo para a sala de aula da realidade brasileira; discutir problemas intrinsecos a visa() construtivista e levantar possiveis solucOes. B14 - A fisica das imagens medicas Prof fi 17 (I Maria Marques da Silva — Dep. de Fivica/UFSM 0 objetivo do curso é fornecer uma visao geral da fisica envolvida na aquisicao e analise de algumas modalidades de imagens medicas. A partir da discussao do process° de formacao das imagens, sao abordados topicos de fisica moderna, tais como a interacao da radiacao coma materia e propriedades magneticas dos 93 rincleos. A discussao pretende criar subsidios para professores que trabalham em cursos de fisica e cursos de graduacao na area de sande. B15 - 0 Planetario como recurso didatico (00 ji)/ q1Coaclo) Prof a Sin/ow Pinheiro — A/EIST/R.I Visa ressaltar a astronomia como uma area importante no curriculo primario, devido a sua atualidade, sua importancia educativa, sua incidencia no conhecimento do meio e valor pratico no desenvolvimento do sujeito. Nesse context°, o Planetario — copula inllavel onde imauens do ceu noturno sao projetadas — pretende despertar a curiosidade para Os aspectos relativos ao Universo, simulando o ceu de cada estacao, abordando temas basicos da Astronomia. BIG - Analogias no ensino de fisica Prof-' Liwillaria de A4oraes Silveira — UESAI Prof Taniamara Vizzotto — UFSA4 Tent como objetivo a apresentacao e discussao de modos de utilizacao de analogias como recursos didaticos. B17 - A fivica da nuisica Prof Carlos Alexandre Ifuensche— INPE Objetiva-se apresentar uma proposta que trata a procluca° de sons e o ato de "Fazer mnsica" a partir de uma abordauem fisica que envolve o processo de producao sonora, passando pelas propriedades lisicas do som e pela nossa percepcao sonora, chegando-se a uma analise de instrumentos musicals e seas caracteristicas aciisticas. Ao final do curso, Os participantes sera° estimulados a trazer um instrumento musical, para experiencias em sala de aula, c a desenvolver uma "atividade pratica" dos topicos discutidos. B18 - Astronomia: metodologia de ensino ("7(70 fi.); afertado) Prof C.7eilon 113. — FEA1A/IAIES.4 Este curso pretende discutir uma metodologia para o ensino de astronomia do primeiro e seLmndo gratis com o intuito de abrir novas perspectivas para se tratar os seus temas. PropOe-se uma abordagem construtivista e holistica buscando, a partir do meio em que o individuo vivo, atingir o conhecimento por meios de temas tratados e a sua interrelacao corn 0 todo. B19 - Aprender como o homer, conseguiu voar e lambent aprender ciencias Prof-' GI(jria Pe.v.voa Ouciroz — 'PUFF Prof ,S6flia Krupa— IF/UFF Tem como objetivos introduzir os principios basicos dos voos planado e propulsado; levar os alunos a compreender os desalios enfrentados pelos construtores de planadores no seculo passado e de avibes no nosso seculo atraves da construcao de modelos de "aviOes" com papel e madeira de balsa; discutir a interacao entre Ciencia e Tecnologia para entender como o brasileiro Santos Dumont realizou pela primeira vez no mundo urn voo completo. B20 - Avaliaciio da aprendizagem: a busca de coerencia no ensino de ciencias Prof Direct( da Silva — FE/UNICA AIP Prof. Amur Burros Filho — FE/UNICA MP Seu objetivo e apresentar quais sac) as tendencias, problemas e retlexOes atuais sobre o processo de avaliacao e quais podem ser os elementos e procedimentos que busquem garantir uma coerencia com as propostas atuais da area de Ensino de Ciencias. 94 B21 - As origens histOricas da Teoria da hiteractio Fraca da Materia (nao,fi)i oferkulo) Prof-' lrineia de Lourdes Batista — UEL Tern como objetivos apresentar e discutir os conceitos fisicos envolvidos, ao long° do period() de 1920 a 1970, na formulacao da Teoria de Interacno Fraca da Materia; introduzir o use de textos originais para a compreensno dos problemas no desenvolvimento da teoria; abordar as questOes sobre a elaboracno e a estruturacno de uma nova teoria, as etapas de sua universalizacao, as analises sobre leis gerais, a nova Fisica e a sua linguagern, o senso comum versus o senso construido e a apresentacao analitica da evolucno historica. B22 - Textos originals da ciencia e as concepcoes espontiineas didatico HUM planejaniento Prof' Alaria Christina Bueno— 1F/UST Prof Okivio Yamanaka —IF/UST Este curso tern como objetivos analisar as ideias contidas em textos originals da ciencia, buscando seu significado no context° da epoca; resolver criticamente problemas de fisica identificando neles as "concepgoes espontaneas"; claborar o model° fisico adequado explicitando o seu contend° em conllito corn o senso comm. Os contendos sno relativos a forca e ao movimento. B23 - Regulacoes termicas nos seres vivos Prof Orlando Aguiar Jr. Prof. Helder Figuereido e Paula Os conceitos desenvolvidos estao relacionados corn: I. Nocoes elementares da fisica termica: diferenciacno entre calor e temperatura, formas de proclucno de calor e mecanismos de transferencia de calor (conducno, conveccno, radiacno e evaporacno); 2. A energia enquanto quantidade que se conserva nas transformacOes (balanco energetic° dos organismos, incluindo trocas de calor corn o meio); 3. A diversiclade dos seres vivos e os processos de adaptacno biolegica; 4. 0 entendimento das interacOes dos organismos corn o ambiente em que vivem 95 PAINfIS SP1 - Informatica no Ensino de Fisica I SP2 - Histaria e Filosofia no Ensino de Fisica SP3 - Curriculos e o Ensino Superior de Fisica I SP4 - Formacao Continuada de Professores e Fisica e de Ciencias SP5 - Materiais e Metodos de Ensino de Fisica I SP6 - Aprendizagem Informal e Divulgacao Cientifica SP7 - Ensino de Fisica: Pressupostos Tedsricos I SP8 - Informatica no Ensino de Fisica I SP9 - Curriculos e o Ensino Superior de Fisica II SP10 - Materiais e Metodos de Ensino de Fisica II SP 11 - Materiais e Metodos de Ensino de Fisica III SP12 - Materiais e Metodos de Ensino de Fisica IV SP13 - Ensino de Fisica: Pressupostos TeOricos II SP14 - Ensino de Astronomia SP15 - Materiais e Metodos de Ensino de Fisica V SP16 - Ensino de Fisica: Pressupostos TeOricos III PAINEL 1.1 - UM SOFTWARE DE SIMULA00 DO EXPERIMENTO DE THOMSON PARA A DETERMINACAO DA CARGA ESPECIFICA DO ELETRON, COM UMA ABORDAGEM HISTORICA Alarm Fontes, Alartsa Almeida CavaIcaine C clor E. .1 . Vicente. GOPEF: Grupe de Pesquisa cm Fusin() de Fisica da Pontilicia Universidade Catolica dc Sao Paulo - Deplos de Fisica e Computocao e-mail : [email protected] imp://mesomn.cat.chpf Iniverao98/martso A partir da decada de setenta e inicio dos anos oitenta, os computadores passaram a ser cada vez vitals utilizados nos diversos campos de aplicac5o, atingiram as residencias, inicialmente atraves de videos games e depois atraves de computadores pessoais, provavelmente essa propagacao t5o acentuada se deu pelo baixo custo que estes sistemas atingiram e o alto grau de desenvolvimento tecnolog,ico, tornando estes instrumentos cada vez mais simples de serem operados. A consequencia deste desenvolvimento é que permitiu aos jovens lidar corn estas maquinas desde muito cedo. 0 conjunto destes fatores leva a questao da utilizacao de computadores na Edncacao em geral e em particular, no ensino de Fisica e como se sabe, isso ja e uma realidade em muitas escolas mostrando uma tendencia crescente de sua utilizapoo. Por outro lado a nova Lei de Diretrizes e Bases assinada em dezembro de 1996, estabelece como obrigatOrio a inserc5o de Fisica Moderna no Ensino Medio. Diante destes aspectos e levando-se em coma as dificuldades tecnicas e o alto custo envolvido, no desenvolvimento de muitas experiencias na area de Fisica Moderna iniciamos ( a partir de 1992) um projeto de desenvolvimento de softwares educacionais que permitam simular alguns experimentos de grande relevancia histOrica. Como primeiro trabalho desenvolvemos urn software da simulacao do Experimento de Thomson de determinacc'io da relacao carga massa de urn feixe de eletrons, em Turbo Pascal disponivel (em versao DOS) no endereco: ftp://ftp.pucsp.br/pub/demo e apresentado corn sucesso em diversos Congressos Nacionais e Internacionais. Este trabalho apresenta uma nova versa() deste software trabalhando numa linguagem visual que no caso é o Delphi 2.0. Esta linguagem visual é muito mais interativa trazendo novidades extremamente importantes no que se refere a contendos histOricos que podem ser acessados pelo usuario. Os resultados sao obtidos reproduzindo-se a tecnica experimental convencional, ou seja, efetua-se diretamente na tela a leitura do desvio sofrido pelo feixe para cada valor de campo fixado e o respectivo valor de campo magnetic° para a devida compensacao. Este software permite ao usuario fixar diferentes parametros experimentais e obter o valor cla carga especitica corn elevado grau de precis50, fornecendo urn apoio didatico bastante eticiente para o ensino em Fisica Moderna. EQUACJO QUE TORNA POSSIVEL A DETERMINA4A0 EXPERIMENTAL DA RELA4A0 e/m. Inicialmente o feixe colimado penetra numa regiao que content duas placas metalicas onde pode-se aplicar urn campo eletrico e desviar a sua trojetoria segundo a componente y : Considerando entao a componente y adquirida pelo feixe temos: eE = ma y, (eq I) L lo- M F ig. Temos que: a5. = 2y/t 2 (eq2) Substituindo (eq2) na (eql) temos : eE = m 2y/t 2 (eq3) Se considerarmos a componente x do movimento do feixe temos: v =x/t ou t = x/v (eq4) Substituindo (eq4) na (eq3) temos : eE = m 2y(v/x) 2 ou seja, o desvio Y no final das placas e dado por: y = eE x -/ 2 v - m (eq5) No entanto a dellexa- o observada é dada por Y, desvio observado na tela fluorescente. 99 Quando as particulas percorrem a distancia L, a velocidade horizontal nao é alterada. Estas particulas sofrem a acao de urn campo E vertical dando origem a uma aceleracao a s,. Assim a relacao: dy/dxj,= 1 , = vy/v, = Y/M Portanto teremos: Y/M = eE L/mv 2 (eq6) No entanto para obtermos o valor da relacao elm temos ainda como incognita o valor da velocidade do feixe. Para retirar esta incognita, vamos aplicar urn campo magnetic° na mesma regiao do campo Eletrico de modo a compensar o desvio sofrido pelo feixe. Para isto o campo B devera ser aplicado B = -B k. Assim devemos ter: (em modulo) F,„,= F eieffic „ evB = eE v = E/B (eq7) Substituindo agora eq7 na eq6 temos : Y/M = e L B 2/m E e/m = YE/M L B 2 (eq8) Sabendo-se que: E=V/deB=Ki e/m = Y V/M d L K 2 i 2 (eq9) Onde: Y - Desvio observado na tela, sofrido pelo feixe ao aplicar um campo E entre as placas do condensador. M - Distancia placa-tela ✓ - DDP aplicada entre as placas para produzir o desvio Y. L - Comprimento das placas do condensador. d - Distancia entre as placas do condensador K - Constante de inducao magnetica i - Corrente de inducao magnetica necessaria para compensar o desvio sofrido pelo feixe devido ao campo E e retorna-lo a posicao central da tela. Desta forma podemos determinar a relacao e/m a partir de parametros experimentais devidamente conhecidos. ELABORACAO DO SOFTWARE - Linhas Gerais Inicialmente se faz necessario produzir o desvio do feixe corn a aplicacao do campo E. Neste caso existe neste software uma °KA° que permite a entrada de dados onde fornecemos : e - carga da particula m - massa da particula L - comprimento das placas K - constante de inducao magnetica M - distancia placa - tela d - distancia entre as placas do condensador Executando a experiencia temos: 1) Fixar a diferenca de potencial entre K ( catodo ) e A ( anodo ) , onde o desvio Y pode ser obtido do seguinte modo: Sabendo que: Y=eVLM/mdv2 e que: m v 2 =2 e VAK teremos: Y=VLM /2 d VAK Introduzindo-se entao os valores de V e VAK, obtem-se o desvio Y na tela. Em seguida é necessario conhecer o valor de corrente de inducao magnetica que fara o feixe retornar a posicao central da tela. Para isto utilizamos a eq.9 deduzida anteriormente onde : Y=eMdLK2 i 2/mV O usuario entao varia o valor de corrente ate que o feixe retorne a posicao inicial. Este procedimento é adotado para cada valor de V e VAK fixado. Segue abaixo urn pequeno algoritmo do Programa. Entrada de dados Calculo do Deslocamento Inicial Desenha o feixe Repetir Ler tecla Se tecla = Mais corrente entao Aumenta corrente i 100 Mostra valor de corrente Calcula novo valor deslocamento Desenha novo feixe Se tecla = Menos corrente entao Decremento corrente i Mostre valor corrente Calcule novo deslocamento Desenhe novo deslocamento Desenhe novo feixe Ate valor de corrente desejado ou fim. Na fig. 2, lemos a representacao da tela mostrando Os o desvio sofrido pelo feixe para um dada valor de ddp aplicada entre as placas delletoras. DESCRIcA0 DO PROCEDIMENTO 1) Entrar opcao tabela e; a) Fornecer os dados iniciais de m, e, K, L, d, M ( MKS ) b) Escolher urn valor VAK, que nAo -deve ser alterado ate efetuar toda a coleta de dados. Ao fixar V e VAK, o feixe sofre o desvio inicial Y. Para medir o desvio sofrido pelo feixe o usuario deve inserir a regua, clicando no icone correspondente. Ern seguida clicando no menu exoeriencia e amperimetro. variar o valor da corrente eletrica ate que o feixe retome a posicAo inicial ( y=0) CONCLUSAO E RESULTADOS OBTIDOS Apesar destas dificuldades, uma vers,lo DOS deste software ja vem sendo utilizado no curso de Estrutura da Materia da PUC-SP desde 1993. Desde entao notamos um major interesse dos alunos bem como urn maior aproveitamento corn relac5o ao nivel de absorcab dos conceitos. Os alunos podem desenvolver o experimento em diferentes condicOes de contorno permitindo uma analise muito mais abrangente sobre o assunto. Por outro lado corn a divulgacao ern nossa 1-lomePage deste software, foi possivel interagir corn professores e alunos de diferentes estados brasileiros e ate mesmo latino-americanos repassando uma versao demo que ja vent sendo utilizada. Alem da vers5o demo tambem fornecemos ao professor urn texto de referencia tearica sobre o assunto que sera objeto de investiL,, acbes, bem como das instrucOes para uma utilizacao adequada do software. Corn este procedimento cerca de 80% dos professores contatados que ja introduziram nos seus cursos este experimento, ou seja "Estamos conseguindo introduzir no Ensino Medi° temas de Fisica Moderna", consideramos tal resultado um grande sucesso e, somente este fato is denota a relcvancia do nosso trabalho. Convem salientar que esta nova verscio apresentada neste Simpesio cria um ambiente muito mais interativo e dinamico, alem de permitir o acesso informacoes historicas relevantcs, bem como enderecos de sites importantes relacionados ao assunto . Esta nova verso permitira tambem major precisao e agilidade na coleta c analise de dados. Referencias I. TERINI, R. ; CAVALCANTE, M. , PALS, B. E. C.; VICENTE, E. J. V. : Unlizacao de Meloclos (1.'ompulacionais no Ensino: Experie:ncia de Geiger e Marsden do Espalhamenlo de parliculas al fa. Cad Cal. Ens. his. 1/.11 pag.33 - 42 , 1994. 101 2. ARMANDO GIBERT: Origens Hisloricas do Fisica Modern(' - Fundacao Calouste Gulbenkian - Lisboa - novembro de 1982. 3. VUOLO, I.H ; Fundamemos da Teoria cloy Erros , Edgard Buchen Ltda, pp. 120 - 126 - (1992) 4. SILVA, P. R."0 use de Comptuadore.v no Encino de Fisica. Pallet Potencialidades e Uso Real". Revista Brasileira de Ensino de Fisica, vol.17 n.o 2 (Pg. 182 - 195) em junho de 1995. 5. Thomson Model of the Atom http://dbhs.wvusd.kl2.ca.us/Thomson-Model-Intro.html 6. Biography of J. J. Thomson (I) http://www.nobel.se/laureates/physics-1906-l-bio.html and Philosophers Scientists Smith Image Text & Electronic for 7. Center http://www.library.upenn.edu/etext/smith/t/ link abaixo) principal do (Pagina Electron the and Universe the 8. Life, http://www.iop.org/Physics/Electron/Exhibition/ 9. Discovery, 1897 http://www.iop.org/Physics/Electron/Exhibition/section2 10. Reconstruction of Thomson experiment http://www.iop.org/Physics/Electron/Exhibition/section2/experiment.html na Thomson Internet!!) experiencia do da exemplo (Um . Shockwave2 http:/hvww.iop.org/Physics/Electron/Exhibition/section2/shockwave2.htm PAINEL 1.2 - TRANSFORMANDO 0 SEU PC EM UM INSTRUMENTO VIRTUAL DE MEDIDAS FISICAS E FAZENDO VOCE MESMO A ANALISE E TRATAMENTO DE DADOS GOP Alarisa Nmeida Cavalcanic c Cristionc R. C. Tavolaro - Grupo de pcsquisa tan Ensino de Fisica da Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo - 1)epartamento de Fisica marisacexatas.puesp.br - http://mesonpi.catchpf briverao98/rnarisa - Nos idtimos anos, o desenvolvimento tecnolOgico tem facilitado, de varias maneiras, a vida diaria de cada um de nos. Nossos alunos estao frequentemente interagindo com urn mundo repleto de recursos, provavelmente inexistentes na epoca em que seas pais tinham a sua idade. Nossas escolas nao podem ignorar esta realidade; elas precisam ensinar o estudante a conviver com a tecnologia e prepara-lo para o novo milenio que se aproxima. Este desalio, que atualmente é objeto de preocupacao e/ou disctissao em todas as areas do ensino e em quase todo o mundo, precisa ser enfrentado mais dia menos dia. 0 computador pode desempenhar um papel importante nessa tarefa, pois, quando cmpregado criteriosamente, se transforma numa ferramenta auxiliar de valor inestimavel para o aprendizado e numa forte de estimulo a criatividade inesuotavel. Pode ser usado, por exemplo, para a coleta e analise de dados ern tempo real, para a simulacao de fenilmenos fisicos ou para a instrueiio assistida por computador. 0 trabalho que sera apresentado pretende mostrar novas alternatives de baixo custo, para a utilizacao de computadores na coleta de dados em tempo real. Quando utilizamos interfaces disponiveis no mercado para a aquisicao de dados, geralmente estas _ja vent acompanhadas com o software de aquisicao e analise de dados. Neste caso, o sistema como urn todo é imutavel, cabendo ao experimentador utilizar e explorar os recursos previamente oferecidos. Nos parece portanto que, para permitir o use adequado destes sistemas pelo professor brasileiro, ainda Inuit° distante destas evolucOes tecnologicas, se fez necessario uma enfase major no principio basic° de funcionamento do processo de aquisicao de dados por computador. Este processo chamamos de Educacao Tecnolozica . 0 sistema que sera apresentado e altamente flexivel e fornece as condicOes basicas necessarias para desenvolver este processo educacional. Neste trabalho mostramos como construir sensores utilizando os instrumentos ADC da linha pico technology da impac para a aquisicao de dados disponiveis no mercado. Dentre as diferentes caracteristicas destes instrumentos temos a possibilidade de transformar o computador em um osciloscOpio de armazenagem digital em tempo real. ApOs o processo de aquisicao, os dados podem ser diretamente transferidos para o Excel ou. qualquer software grafico, permitindo ao professor ou ao aluno o tratamento destas informacOes. No sistema apresentado o usuario nao necessity ser urn programador para efetuar uma analise de dados; na realidade esta analise so se viabiliza atraves de urn entendimento de todo o processo de medida, desde a sua aquisicao, atraves da construcao de sensores, ate a interpretacao e tratamento de dados. Descricao Geral do Equipamento A fig.° I mostra o conjunto de sensores e os instrumentos ADC 42 e 100 (uma e duas entradas respectivamente) para a aquisicao de dados. 102 Os instrumentos ADC s5o conectados diretamente na porta paralela do microcomputador e nao necessitam de alimentacao. Urn exempt() de aplicaciio: Sensor de posicao - Potencirimetro Considerando a figura Abaixo Variando-se a posicao do cursor pode-se obter diferentes valores de diferenca de potencial entre o cursor e urn ponto fixo do potenciametro. Este modo de funcionamento é o chamado divisor de tensao. OsciloscOpio = cc Fig.02 Se alterarmos a posiyao do cursor durante urn determinado tempo podemos ter reproduzido na tela do nosso osciloscOpio a funyao que representara variacno da tensao corn o tempo ( V x t ). Para obter esta funcao utilizaremos o instrumento virtual ADC acoplado a porta paralela do microcomputador. Deste modo podemos obter urn sensor de posicao, urna vez que, girando-se o both° da tig.03, podemos obter as informacao de velocidade de giro do cursor. Fig.03: A medida que o objeto se movimenta o sinal e enviado para o ADC 42 . ApOs o lancamento do corpo obtem-se na tela o resultado representado na fig.04. VV 12J El Estes dados podem ser transferidos para o Excel ou urn software grafico qualquer e neste caso podemos obter a equaylo mais provavel da curva V (Volts ) x t ( segundos) Obtemos entao o seguinte grafico para os dados de tensao em funcao do tempo copiados e transferidos para o software grafico GA da Vernier Sofware(fig.05 e 06). .P_T, J L [-11: :11 --, r, Fig.04 103 Fig.05: Grafico V (mV) x Tempo ( ms), obtido pela transferencia direta dos dados. Fig.06: Grafico obtido tomando-se o valor de tensao e transformando-o em espaco percorrido pelo objeto em queda. 0 valor correspondente ao eixo dos tempos tambem deve ser alterado para segundos. Desta forma a equacao da parabola mais provavel nos fomece como valor para a aceleracao deste sistema, 2x482,19. Onde 482,19 corresponde a urn dos coeficientes do polinamio de regressao, cuja equacao encontra-se ao lado do grafico, 111aS certainente ilegivel!!! Aceleracao de queda = 964,4 cm/.c'. y= A. 6 . x • C . 7 . 2 A6 154 67, 95 -48914, 5= 482.19 Mean SO, Err = 2 0274 Conclusao Observe que os resultados obtidos para a aceleracao de queda do corpo considerado assume urn valor limit° proximo ao valor da aceleracao da gravidade. A diferenca observada se da por conta da existencia de atrito na movimentacao do cursor do potenciometro. Esta diferenca se acentua quando utilizamos corpos de menores massas, o que ja era de se esperar. O nosso grupo de pesquisa em Ensino da PUC/SP tern desenvolvido paralelamente as atividades de pesquisas urn trabalho de conscientizacao e aprimoramento de professores atraves de Oficinas realizadas em diferentes Estados brasileiros. Percebe-se claramente uma grande dificuldade e resistencia do corpo docente este novo desafio. No entanto existe uma frase que nos impulsiona e que traduz muito deste trabalho que estamos desenvolvendo: "Na minha vide de educador e portanto, coma politico tenho insistido fortemente no questa() da utopia, na questa() da esperanca, na questa() da etica. Este é um tempo em que, mais do que fakir, e preciso .falar a palavra certa. Fakir a palavra (pie atua, que transforma, ( .5 ja comecar a Iransformar. E precis() ter a caraf•em do risco." - Professor Paulo Freire Referencias 1. Cavalcante, M. A ; Tavolaro C.R.C. : "Esitedo do lanomento horizontal utilizando metodos compulacionais para a aquisicao de dados". Taller lberoamericano de Ensenanza de la Fisica Universitaria - 20 a 24/01/1997-Havana -Cuba 2. Cavalcante, M. A ; Tavolaro C.R.C. : "Banco de Pesquisa Fisica Avancada: Ulna nova proposta para o ensino experimental de MeailliCCI Basica". Taller lberoamericano de Ensenanza de la Fisica Universitaria - 20 a 24/01/1997 - Havana -Cuba 3. Cavalcante, M. A ; Tavolaro C.R.C. "Banco de Pesquisa Fisica Avancada: uma nova proposta para o ensino experimental de Meccinic..a Basica". VI Conferencia Internacional sobre Educacao en la Fisica 29/06 a 04/07 de 1997 - Cordoba - Argentina 4. Cavalcante, M. A ; Tavolaro C.R.C. : "Estudo do lancamento horizontal utilizando metodos computacionais para a aquisicdo de (lades". VI Conferencia Internacional sobre Educacao en la Fisica 29/06 a 04/07 de 1997 - Cordoba - Argentina 5. Cavalcante, M. A ; Tavolaro C.R.C, Silva, E. A : "Determinac.do do coeficiente de atrito dinamico utilizando Tecnicas Compulacionais para a aquisicdo de dados". XII Simpasio Nacional de Ensino de Fisica - Belo Horizonte - MG- 27 a 31/01/1997 104 6. Cavalcante, M. A ; Tavolaro C.R.0 : " Experimentacilo Assistida por Computador (EAC): ulna nova proposta para o ensino de Fisica". XII Simi.)Oslo Nacional de Ensino de Fisica - Belo Horizonte - MG27 a 31/01/1997 7. Cavalcante, M. A ; Tavolaro C.R.0 : "Esludo do lanomento horizontal wilizando tecnicas Computacionais". XII Simposio Nacional de Ensino de Fisica - Belo Horizonte - MG- 27 a 31/01/1997 8. Cavalcante, M. A ; Tavolaro C.R.0 : "Experimentacao Assistida por Computador: um Banco de Pesquisa em Meconica". Segundo Congresso Estadual e Feira de Informatica na Educack) (2.o COINEE)comunicacao oral - Rio de Janeiro - RJ - UERJ - 19 a 22/11/1997 . 9. Cavalcante, M. A ; Tavolaro C.R.0 ;Silva E.: Experimentacqo Assistida por Computador: Uma nova OpcZiO para o Encino de Fisica - Centro Brasileiro de Pesquisas Fisicas - Rio de Janeiro Escola de VerSo 98 - Sess5o de paineis de 12 0 30/01/1998. 10. Cavalcante M.A Tavolaro C. R. C. Estudo do lancamenio horizontal utilizando ieC17iCaS computacionais para a aquisicdo de dudes - Caderno Catarinense de Ensino de Fisica vol 14 no.03 pg 246 - 1997 11. Mulilmidia e Tecnologias Avanoclas Aplicadas ao Ensino de Fisica - minicurso oferecido na IX Semana de Fisica realizada pelo Departamento de Fisica do Institute de Ciencias Exatas da Universidade Federal de Juiz de Fora no periodo de 06 a 10/10/1997. ( Profa Dra. Marisa Almeida Cavalcante e prof Cassiano Z de Carvalho Neto) 12.Cavalcante M. A ; Tavolaro C. R.C; Silva E; Caetano S.C. A . "Proposta de um Laboratorio Didcitico cm microescala assistido par computador para qestudo de Meccinica* " - VI EPEF - FlorianOpolis .SC de 26 a 30/10/98 - publicacao no livro de resumos pag. 320-325. 13. http://mesonpi.cat.cbpf. br/verao98/marisa 14. http://www.ifqsc.sc.usp.br/ifsc/cdcc/cdcc.htm - Centro de divulgac5o Cientifica e Cultural - Sao Carlos SP - Programa Educar - Programa de educack) a distancia usando a Internet. 15. http://cyberland.recife.softex.br/sca/index.html : Educandus Tecnologia Educacional, empresa que produz softwares na area de Fisica e Matematica. 16. http://www.fis.uc.pt/Read_c/experiencias.htm : Departamento de Fisica da Universidade de Coimbra , sessiio READ Ciencias, Atividades Experimentais. • Apoio - PIBIC/CNPq e Laborciencia Tecnologia Educacional PAINEL 1.3 - ESTUDO DE FISICA MODERNA NO ENSINO MEDIO UTILIZANDO A INTERNET: RAIOS COSMICOS Renato Casemiro: Marisa Almeida Cavalcante; Ricardo Andrade Terini: Anderson Pier e Julio C. 13. Lucas GOPFF - Grupo de Pescmisa cm Ensino de Fisica da Pontificia Universidade CatOlica de .Silo Paulo Centro dc CiiMcias F:xatas c TccnolOgicas Rua Marquis dc Paranagun, III - Consolactio - Sao Paulo tombas(a)sti.com.br marisac*xatas.pucsp.hr Ill': http://mesonpi.catchpl.briverao98/marisa Por que estudar Raios Cesmicos no Ensino Medio? Geralmente, no terceiro volume das melhores coleCOes de livros didaticos de Fisica destinados ao Ensino Medic), ha um apendice sobre estudo da Fisica Moderna. Porem, devido a distribuick) da carga horaria letiva e ao contend° exigido pelas provas vestibulares, s5o poucos os alunos que deixam o colegio tondo conhecido este novo universo. Mesmo sem ter contato com esta realidade, uma grande maioria de alunos ao ser questionada sobre cientistas famosos, responde o nome de Albert Einstein como o maior da nossa epoca. E claro que este conhecimento nao foi fruto do curriculo escolar. Os meios de comunicack) como a televis5o e a Internet s5o mais dinamicos e presentes no dia a dia destes adolescentes do que qualquer livro, alem de trazerem informacOes mais interessantes do que as vistas em sala de aula. Um exemplo disto e o grande numero de alunos que se interessam por Astronomia e Astrofisica, pois veem na televisao imagens registradas pelo telescapio espacial Hubble das regiOes mais distantes do Universo, assistem aos filmes de ficc5o, onde gigantescos meteoreides rumam em direcao a Terra ou outros seres se manifestam, estabelecendo contato. Desta forma, a teoria da relatividade, os buracos negros e as sub-particulas tornam-se parte do senso comum destes alunos.. Cabe-nos como professores, aperfeicoar este conhecimento corn o tratamento cientifico necessario para uma melhor compreens5o. E claro que esta proposta nao implica em ensinar derivada ou integral de qualquer ordem, mas pelo menos, apresentar o tratamento histerico da evoluc5o das ideias ("Uma ratho para estudar Historic, c/a Ciencia e ver come, no passado, pes.voas mull() mais espertas c/a que voce se enganaram" - Stephen .la; Gould) e dos experimentos (He 11177a coisa mais importante que as mail helas descobertas: e o conhecimento do metodo pelo (plat foram feelers" - Leibnitz) na Fisica. Este trabalho é o resultado da pesquisa sobre o centenario da descoberta do eletron e do cinquentenario da descoberta do pion. Os textos e complementos, como Biografias e Glossario, visam atender as adaptacOes do contend° para os estudantes de qualquer fase do Ensino Medi°. 105 Descricao geral do Trabalho Originalmente, este trabalho sobre Raios COsmicos foi realizado na forma de seminario para a disciplina Estrutura da Mater- la I e ll do curso de Fisica (Bacharelado) sob orientacao do prof. Dr. Ricardo A Terini. 0 resultado obtido corn o seminario foi muito born e, corn poucos recursos, foi transformado em "paginas" na Internet, visando a publicacao do mesmo para futuras pesquisas, ja que este aborda alguns elementos fundamentals para a compreensao da evolucao das pesquisas experimentais e teOricas de Fisica Nuclear. Neste ano (1998), dentro da disciplina Instrumentacao para o Ensino da Fisica (Licenciatura), foi proposto pela Prof. Dra. Marisa Almeida Cavalcante o aperfeicoamento destas paginas, tornando-as mais didaticas, para publica-las corn o objetivo de ensinar Fisica Moderna atraves de metodos computacionais. Para isto, foi adicionado outros textos e fotos ao original. A preocupacao maior deste novo trabalho, foi dar condicOes (bases) para que qualquer aluno e/ou professor de qualquer estagio do Ensino Medi° possa ler, compreender e discutir posteriormente o que aprendeu. Neste mesmo trabalho segue o amigo seminario sobre Raios COsmicos, corn o intuito de nao limitar as informacOes para quern desejar saber mais. A Internet é um veiculo de informacOes universal. A todo moment°, mais pessoas tern acesso a este mundo virtual e aumenta tambem a expectativa de se encontrar algo interessante nele. Os "sites" sobre Ciencias estao, basicamente, associados a uma instituicao (Universidades e Sociedades) e sac, poucos aqueles que oferecem informacOes para o Ensino Medi°. Levar a Fisica Moderna para este nivel de formacao utilizando uma forma mais dinamica para estabelecer urn auxilio nos estudos e fornecer uma motivacao extra, uma especie de Convite a Ciencia para todos os que puderem acessa-lo. Trabalhar este contend° em sala de aula e abrir espaco a uma nova forma de enxergar o mundo, compreendendo os fatos atuais e expandir o universo das informacOes. Sendo assim, o trabalho deve ser dinamico e informativo ao mesmo tempo. As paginas nao tern, neste primeiro moment°, animacOes e outros recursos para chamar atencao, estas tentam estimular o visitante pela leitura, desenvolvida quase como se foSse uma conversa. Para garantir a dinamica e a interacao, leitorcomputador, os textos apresentam palavras-chaves (links) que levam a °turas paginas, dando continuidade no processo de aprendizagem. A cada texto lido, palavra consultada no glossario ou figura vista, o leitor vai construindo uma imagem total da evolucao dos conceitos da Fisica e dos grandes nomes que a fizeram. A Pagina Inicial : Urn esboco PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DE SAO PAULO RAIOS COSMICOS INDICE Estudo sobre Raios COsmicos para Ensino Superior 1. I. 2. 3. 2. 3. 4. 5. 6. Introducao Definicao Resumo historic° do descobrimento dos Raios COsmicos ObservacOes fundamentals sobre os Raios Cesmicos RadiacOes primarias Metodos de investigacao Processos de conversao Particulas secundarias Fermi e Fontes de Raios COsmicos Estudo sobre Raios Casmicos para Ensino Medi° 7. 8. 9. 10. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 106 Por que estudar Raios Cosmicos no Ensino Medio? 0 que sac, Raios COsmicos? A busca do principio: o Atomo Biografias Rutherford Becquerel Pierre Curie Marie Curie Roentgen Thomson Millikan PUCLSP 8. 9. 9. 10. 11. Einstein Cesar Lattes Glossario Links para outras paginas Bibliografia A LUNOS Renato Casemiro Anderson Pifer Julio Cesar Bezerra Lucas Estudo sobre Raios COsmicos para Ensino Medio : Texto de apresentacao disponivel no site. O que s5o Raios C6smicos? Otima pergunta! Talvez voce tenha entrado neste site e apOs ter subido e descido a barra de rolagem algumas vezes, ainda nao compreendeu o significado de Raios C6smicos. Aconselho voce it ate a sec5o ESTUDOS SOBRE RAIOS COSMICOS PARA ENSINO SUPERIOR e ler a definic5o presente na pagina Introducao. (Posso to dar uma m5ozinha, clique aqui, leia e volte rapido!) Se por acaso voce ainda nao entendeu o que s5o Raios C6smicos (mesmo corn a ajuda do glossario) esta pagina e destinada a voce. Quando o assunto é Fisica, as perguntas que surgem corn mais freqtiencia sac': Para que serve? De onde vem? Qual formula en (Aso? Para os que odeiam Matematica uma Otima noticia: nas prOximas linhas, os Raios C6smicos ser5o explicados sem o auxilio de formulas. Tentarei deixar bem claro o que sfto, para que servem e de onde surgem. (Se nao ficar bem claro aumente o brilho do seu monitor!) Voltemos a definicao: Raios Cesmicos s5o radiacOes naturals cujo poder de penetrac5o é muito superior ao de qualquer outra radiac5o conhecida. Vamos entender primeiro o que s5o radiacOes naturals. Damos o nome de radiacao a propriedade que certos corpos tem de emitir energia em forma de ondas ou particulas. 0 Sol, por exemplo, é urn emissor de radiacfto natural, pois irradia luz e calor para todo o nosso sistema. Os nncleos dos atomos de elementos radioativos, por sua vez, emitem particulas de alta energia e ondas eletromagneticas. Podemos tambem produzir radiacOes (radiacao artificial) como no caso das ondas de radio e de microondas. Portanto, os Raios COsmicos silo urn tipo destas radiaceies, que como o prOprio nome diz, tern origern no Cosmos (Sol, estrelas, Se voce procurou ler no glossario o que e poder de penetracilo, pode entender que e uma caracteristica das particulas de alta energia ern interagir corn a materia. 0 que isto significa? Bom, para voce ter ideia, a todo moment° somos bombarcleados por raios de energia. Ondas de radio, microondas, raios infravermelhos, raios de luz, raios ultravioleta, raios X e raios gama. Estes raios podem interagir corn a materia de varias formas. Uma delis e penetrando-a. Isso, de certa forma, pode ser born ou ruim. Sabemos que a radiac5o ultravioleta que o Sol produz e (ern exposicao continua) prejudicial a nossa pele e olhos. Por isso, usamos bloqueadores delta radiacilo (protetores solar e lentes apropriadas). Ja os raios X atravessam a nossa pele e sao barrados por nossos ossos. Corn isto, podemos revelar em uma chapa fotografica a situac5o em que nos eneontramos por dentro. Na dose certa, silo inofensivos. Os Raios COsmicos possuem urn alto poder de penetracilo. A radiagao mais penetrante conhecida ate 1910 era a dos raios gama, que chegavam a atravessar espessuras de ate 5 cm de chumbo. Quando descoberlo, os Raios COsmicos puderam atravessar corn facilidade 10 cm de chumbo (e ainda sobrava energia!). Mas nao fique assustado, pois esta radiac5o nap vai estragar a sua viagem de ferias! A taxa de incidencia de Raios Cosmicos (corn tamanha energia) na superficie terrestre é muito pequena, pois esta vai perdendo energia nas innmeras colisOes corn outras particulas ao entrar na nossa atmosfera. E tambem pelo fato dos Raios COsmicos serem constituidos de particulas carregadas, gracas ao campo magnetic° terrestre estes tern maiores chances de serem desviados e detectados nos pelos. Ate cerca de 1946, os maiores cientistas s6 faziam experiencias de Fisica Nuclear utilizando o chamado acelerador de particulas. Este equipamento nada mais e que uma maquina que acelera particulas a alias velocidades, utilizando para isto, campos eletricos e magneticos. Quando os feixes atingem velocidade suficiente, s5o direcionados para colidir corn outras particulas, chamadas alvo. Estas trombadas produzem novas particulas e as trajeterias das mesmas pocle ser registradas por um detector. Agora imaginem o trabalho que se tern para construir uma maquina destas! Isso nos leva a crer que devido a complexidade, este tipo de 107 equipamento deve ter suas limitacOes. E tern! Para mais particulas serem descobertas, precisavamos de cada vez mais energia e por isso, grandes cientistas (um deles e o fisico brasileiro Cesar Latttes que teve muita importancia no descobrimento dos mesons. Leia a biografia deste cientista aqui mesmo!), utilizaram-se da alta energia dos Raios Cosmicos. 0 estudo destas novas particulas revolucionou (e ainda traz grandes surpresas) ao mundo da Fisica. A major delas foi a evidencia de uma quarta forca ate entdo desconhecida (face lembrar que as tres anteriores eram a forca gravitational - que atua sobre os planetas e as estrelas, forca eletromagnetica - que atua sobre a carga eletrica de particulas como pr6ton e o eletron e a forca nuclear "fraca" - responsavel pela desintegracdo nuclear): a forca nuclear "forte" - que tern como funcao unir pr6tons e neutrons dentro do nocleo. Espero que esta pagina tenha tirade todas as suas dnvidas iniciais sobre Raios Cosmicos. Visite agora as outras paginas para aprofundar seu conhecimento no assunto e, quern sabe, gerar novas dOvidas! 0 mais importante no processo de aprendizagem e o questionamento e a busca pela resposta. VA em frente! Conclusao Muitas discussOes tem ocorrido entre os especialistas na area de ensino, buscando formas de pensar organicamente sobre a Fisica; uma ciencia em constante evolucao. Este processo evolutivo se torna cada vez mais evidente, visto que o intervalo de tempo entre uma descoberta cientifica e suas aplicacOes tecnolOgicas tern se reduzido drasticamente. Os nossos estudantes nao podem receber uma mensagem atemporal e estatica sobre a Fisica. Assumindo-se o conhecimento desta forma, nega-se qualquer tentativa de inseri-lo em um contexto de construcao humana. Este trabalho visa fornecer mais uma contribuicdo neste processo educational, uma vez que este site permitira aos professores, alunos e interessados em geral, conhecer a evolucao histerica na descoberta dos raios c6smicos e, de que maneira esta evolucao do conhecimento interferiu na vida e cultura deste seculo. Sao apresentados os desafios que os cientistas tiveram que enfrentar para prosseguir seus estudos e vencer as dificuldades tecnolOgicas presentes na epoca. Urn trabalhos semelhante este tern sido desenvolvido pelo grupo da Universidade Federal de Pelotas corn o projeto "Ensinando Fisica atraves de Homepages" que foi recentemente apresentado no VI Encontro de Pesquisa em Ensino de Fisica - de 26 a 30 de outubro em Florian6polis - SC e cujos contato ja foi estabelecido permitindo assim atribuir Links corn outras InstituicOes no pals que ja vem desenvolvendo urn trabalho nesta direcdo. Referencias Introduction a la Fisica atomica y nuclear - Otto Oldenberg I 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Electrones (+ y -), protones, fotones, neutrones y raios cosmicos - Millikan, Robert Fisica AtOm ica - Max Born Fisica do Atom - M.Russel Wher e James A. Richard, Jr. Cosmic Rays and Mesotrons - IAG Cosmic Rays - Millikan Institute de Fisica reflete suas origens - USP Dicionario de Fisica - Macedo Dicionario Brasileiro de Lingua Portuguesa - Jornal da tarde PAINEL 1.4 - TERMOLOGIA XXI A iron Carlos Almeida Borges Cokg.io 13andeirantes aboruescolband.com.hr Objetivos - Suplementar a disciplina de Termologia corn exemplos e aplicacOes sobre tOpicos de "Fisica Moderna". - Introducdo de recursos de multimidia e incorporacao de elementos de Internet. H istO rico Embora a moderna tecnologia seja conseqUencia da Fisica Fundamental, esta, via de regra, ilk) se utiliza daquela para o seu aprendizado em sala de aula. 0 ensino de Fisica no segundo grau ainda utiliza muito ponce recursos de informatica no aprendizado teerico e tambem pence usa aplicacoes modernas nos seus exemplos e exercicios, lancando rndo, ainda hoje, de eventos e sistemas termicos mais faniiliares ao aluno das decadas passadas. • De todos os ramos da Fisica, 6 a Termologia que mais se ressente da existencia de programas de aplicacSo e onde a atualizacdo de exemplos e aplicacOes se fazem mais necessaries. Corn a excessdo de alguns poucos programas que simulam o comportamento de "Gases Ideals", essa disciplina carece de boas ferramentas virtuais. isso é facil de entender pois, ela trata de eventos e fenomenes cujas principais grandezas 108 s'do de carater microscopic°. Conceitos como Energia e Temperatura nao s5o simples de visualizar e por isso muito dificil de serem mostrados para o aluno em uma tela de computador. Alem disso, ate hoje professores e livros ainda usam a "agua fervente" como o melhor atrativo para que o aluno se interesse pela teoria. Exemplos como esse eram bons quando faziam parte do cotidiano do aluno. Projeto Nossos objetivos nesse trabalho foi tentar atualizar o ensino de Termologia atuando em duas frentes: empregar os recursos de informatica (softwares existentes de facil acesso pelo aluno Internet), e apresentar alguns conceitos teOricos que sac) a base da tecnologia desta virada de milenio. Na primeira parte, como é dificil a visualizacao das principals propriedades de um sistema termico, demos enfase ao tratamento quantitativo. 0 acompanhamento de resultados experimentais atraves de tabelas e graficos e ainda urn poderoso meio de se entender as leis que regem sistemas e eventos. Nesta parte, ferramentas como o Microsoft Excel foram extremamente uteis. Permitiram analisar uma amostra de dados em vez de simplesmente se discutir as equacOes teericas. 0 procedimento empirico, apresentando ao aluno valores referentes a urn determinado experimento e estimulando-o e desafiando-o a descobrir possiveis relacOes entre esses valores. Preparando-o para o entendimento das leis gerais. Ainda nesta parte buscaremos na Internet sites onde o aluno pode nao so obter informacOes sobre determinado topic° da disciplina, como tambem exercitar o contend° aprendido em classe. Esses sites ser5o indicados para o aluno na sala de aula, ou atraves de correio eletronico, etc Na segunda parte, falar de usinas nucleares, efeito estufa, efeitos da dilatac5o termica em construcOes civil e naval, entre outras coisas, tornou as aulas mais atraentes e produtivas, melhorando o aproveitamento, aprendizado e a participacalo em Lima disciplina cujo contend° tern se tornado desinteressante ao longo dos anos. Por exemplo, em vez de ficar apenas discutindo as diferencas entre valores de temperatura em diferentes escalas, demos enfase tambem aos aspectos histOricos e sociais que levaram a utilizacao dessas diferentes escalas, situar o uso de cada uma delas nos diferentes paises, daft justificar a necessidade de aprender as transformacOes de escalas. E, e claro, essa segunda parte pode ser ligada a primeira atraves desta poderosa ponte, que é a Internet. A existencia de referencias dos mais variados t6picos de Termologia teve como objetivo dar uma visao mais abrangente ao aluno fazendo corn que ele va alem do que foi ensinado em sala de aula. Temas de Fisica Moderna puderam ser abordados em exemplos e exercicios. Corn pequenas aproximacOes e adaptacOes, tepicos sobre Relatividade e Mecanica Quantica foram apresentados na forma de desafios e textos complementares. As atividades foram concetradas e coordenadas a partir de uma pagina no site do Colegio (http://www.colband.com.briativinete/term/index.htm) onde muitas delas puderam ser realizadas em tempo real ("on-line"). PAINEL 1.5 - SOFTWARE EDUCATIVO: UMA PERSPECTIVA DA PRODUCAO DE UM HIPERTEXTO DE OPTICA Ricardo Haruki Hiramatsit (naruk usp.br) Institute de Fisica. Universidade de SAo Paulo, Siio Paulo, SP Cs. Postal 66318, CEP 05315-970 Introducdo Existem varios meios que podem ser empregados no ensino de fisica, tais como o uso do livro didatico tradicional, do livro auto-instrutivo, atraves de experincias, do video, de uma aula expositiva, do computador etc. Entre os meios citados acima o mais recente e menos explorado e o uso do computador, ainda pelo fato de ter caracteristicas multimidias faz corn que se torne um poderoso equipamento que auxilie o professor na tarefa de ensinar. possibilidade de imprimir microcircuitos em chapinhas de .yilicio Jez. C0171 (pie os precos dos computadore.• dillu17111SSe117, ao mesmo tempo due as dimenvies diminuiram Os precos (anthem diminuiram. Com n ailment° da capacidade de processamento e da facilidade na 171017ipIllacan 0 computador jicou a alcance de todos adubos e criancas. Agora coin a nova gera•do de computadores 111(liS rdpidos, afire-se novas possibilidades no uso dos conipmadores para o ensino de Jisica, abrangendo desde uma simulacOo de 11117a experiencia, hipertextos, imagens due podem ser ate vlyualizadas em 3 dimensi'Ses, jogos echicativos etc. Ao mesmo tempo que o computador flea mais rapido e barato, um dia que nao esta muito longe se tornara urn aparelho comum em muitas casas e escolas, como aconteceu corn a TV. Assim sendo urn equipamento que se tornard muito comum, é necessario urn estudo de como melhor utilizar varios recursos que atualmente oferece, tais como da exibicfio de urn texto, do armazenamento de uma imagem, da animac5o e do som. Quando todos estes recursos foram bem utilizados podemos formar mais do que urn texto simples, pois ao mesmo tempo que 0 usuario le um texto pode ter acesso a urn grupo de imagens, a outros conceitos 109 paralelos, as simulacOes e ainda ter sons que ajudem no seu aprendizado. Para esta modalidade de texto dado o nome de "Hipertexto", pois mais do que urn texto linear o aluno pode ter uma certa maleabilidade na leitura, escolhendo uma direcao a estudar, como o de consultar conceitos paralelos que sac) necessarios para o entendimento do conceito principal. Para este trabalho foi desenvolvido um software de Optica geometrica, voltado para os alunos do segundo grau. A Elaboracclo do contelido A producao do texto seguiu basicamente as seguintes etapas. O indice, é feito a escolha dos contendos a serem tratados no texto, tendo como objetivo dar um panorama dos conceitos que irao constar no texto, dando urn direcionamento para quern vai escrever o texto. A especificacao de tarefas, é o estabelecimento do comportamento final que se espera do aluno ao final de do aprendizado de urn conceito. Tais comportamentos podem ser como: descrever ( ao final do aprendizado o aluno deve descrever o que acontece corn a experiencia....), resolver ( ao final do aprendizado o aluno deve resolver o exercicio dado os seguintes dados...) discriminar ( ao final do aprendizado o aluno deve discriminar ou seja comparar entre dois ou mais determinar(.... ), dar exemplos etc. O objetivo de se fazer a especificacao de tarefas é para saber exatamente o que voce quer do aluno corn a leitura do texto. Para que o texto contenha todas as informacOes necessarias para aprendizado do aluno. Na especificacao operacional de objetivos, é dado uma resposta esperado do aluno, de acordo corn as condicOes estabelecidas na especificacao de tarefas. Na analise é feito um estudo da resposta de cada uma das especificacOes operacionais de objetivos, anal isando quais conceitos serao considerados pre-requisitos e quais devem ser ensinados (macroanalise). Para os conceitos que nab sera° considerados pre-requisitos é feito uma analise, iniciando pela procura das dimensbes criticas do conceito, indicando a condicao necessaria para a existencia do conceito (m icroanali se). Ao determinar a dimensao critica do conceito sera possivel especificar ern duas classes de exemplos: sendo uma delas de exemplos que é a afirmacao das dimensOes criticas de urn conceito e a outra de contraexemplos que é a negacao da dimensdo critica. Corn a escolha de exemplos e contra-exemplos, que sao agrupados aos pares para serem utilizados no texto, de tal forma que cada par ira explicitar uma caracteristica de existencia do conceito e ao final de todos os pares de exemplos o aluno ira saber identificar quais sao as caracteristicas necessarias para a existencia do conceito. O texto, a producao do texto é baseado na analise, apresentando todos os exemplos e contraexemplos, podendo ser utilizados recursos que abrangem desde da utilizacao de imagens, simulacOes, animacOes e sons . Bibliogrcfia 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Dib, C.Z. "Tecnologia da Educacao e sua aplicacao a aprendizagem de fisica" Sao Paulo, Pioneira, 1974. Lollini, P. "DIDATICA E COMPUTADOR, Quando e como a informatica na escola", Sao Paulo, Loyola, 1991. Jarol, S. "Visual Basic para Multimidia" Rio de Janeiro, Campus, 1995. Frerking, G., Wallace, N., Nidder, W. "Delph 1-low-to the definitive Delphi problem solver",waite group, 1995. CantO, M. "Dominando o Delphi" Sao Paulo, Makron Books, 1996. Fisica 2, GREF, Edusp, Sao Paulo, 1996. Colecao Objetivo, volume 15, Optica, Sao Paulo, 1996. Fundamentos de Fisica 4, David Halliday, Robert Resnick, Editora Afiliada, 2" Edicao. Rio de Janeiro 1993 . Aulas de Fisica 2, Nicolau Gilberto Ferraro, Paulo Antonio de Teledo Soares, Jose Ivan Cardoso dos Santos, Editora Atual, 5" edicao , Sao Paulo. PAINEL 1.6 - UMA PROPOSTA PARA ENSINO DE CIENCIAS: PROJETOS WBL Gustavo Isaac Killner ([email protected] ) FEUSI) Tcxto extraido c adaptaclo dc "Aleunas propucstas para use pcdagogico del WEB", de Gustavo Isaac KilIncr, in Material de Desarrollo Docente para el WorLD, LA, Banco Mundial Existem muitas maneiras de se utilizar educacionalmente a Internet e a Web. Nao pretendemos aqui esgota-las, mas simplesmente sugerir algumas possibilidades que vein sendo mais amplamente trabalhadas. ELABORAC Ao DO SITE DA ESCOLA Esta atividade pode parecer simples e individualista, mas na elaboracao do site escolar, muitas questOes sao levantadas. Qual é a cara da escola? Qual sua proposta pedagesica? Quais sao as informacOes 110 pertinentes de se veicular sobre a escola na Internet? Quern organiza, realiza e publica as paginas do site? Quais sao as cores das paginas? Qual imagem fica melhor? Quern é o patrono que empresta o nome a escola? Onde ela se localiza? Estas sao apenas algumas questees que aparecem na construcao da home page escolar e que podem desencadear innmeras questi5es, mobilizando alunos, professores, diretores, e toda a comunidade escolar. INVESTIGACOES NA REDE Como se sabe, a WWW esta cheia de informacOes na forma de sons, textos e imagens, animados ou rift°. Um modo de se utilizar a rede, entdo, é fazer uso desta quantidade de informacao que vem de varias fontes e gerar, a partir delas, novos conhecimentos. Estes, por sua vez, podem ser publicados na Web. 0 fato de ter sells trabalhos publicados na Web, alem de motivar os estudantes, eleva seu nivel de exigencia e, portanto, a qualidade de seus trabalhos. Uma proposta de uso educacional da Web pode ser denominada Investigacaes na Rede e é, sem dnvida, a mais utilizada. Investigar na Rede consiste numa exploracao dirigida pela Web que pode culminar corn a producao de uma pagina ou urn site, onde o resultado da investigacao é publicado. Tal atividade particularmente simples, sendo facilmente implementavel, permitindo tanto aos novatos quanta aos peritos em Internet uma participacdo ativa na construcao coletiva de novos conhecimentos. Pesquisas na Rede envolvem os estudantes em tarefas efetivas, estimulando a colaboracao e a discussdo, sendo tambem de ncil integracao no curricula escolar. Poderiamos diferenciar algumas alternativas de trabalho corn pesquisas na Rede, dependendo da experiencia que professores e estudantes tem no uso da Web. No modo mais elementar de implementacao, o professor pode sugerir urn tapico de exploracao e apontar para alguns locais (sites) da Rede onde os estudantes encontrarao a informacao necessaria. Os alunos devem, entdo, estudar estes documentos e com esta informacao construir urn novo texto que sera publicado por eles na Rede. E mister que, alem de apresentar os sites, apresente-se uma ideia geral do conteiido deles. Depois da investigacao, urn novo document°, resultante do estudo, poderia ser escrito, revisado e finalmente publicado na Web. Projetos de investigacao na Rede podem ser mais elaborados, na medida em que estudantes e profess-ores v5o se familiarizando corn a Web e os mecanismos de busca desenvolvendo, assim, estrategias de otimizacao do saber atraves da procura, processamento e comunicacao de novos conhecimentos. Em estagios de maior autonomia, professores e alunos podem, juntas, definir temas e estrategias de pesquisa e apresentacdo de resultados, da maneira mais conveniente para a aprendizagem pessoal do aluno e do grupo. , E importance enlatizar que o trabalho final nao e so 11177 simples texto para ser lido e avaliado pelo professor, e depois lancaclo ao lixo. 0 resultado final devera ser publicado na Web, poclendo ser lido por qualquer interncnaa. CONSULTE UM ESPECIALISTA Neste tipo de trabalho, professores e alunos podem tirar dnvidas comunicando-se diretamente com algum especialista na area de interesse. Por exempla: http://www.if.usp.br/fisico/ para questOes fisicas: http://www.on.br/portuguese/pergastron/Astronomo.html Para questOes de Astronomia http://www.panix.com/—imediata/infoaids.htm Sobre AIDS; http://www.sbq.org.br/ensino/orienta/orientacao.html Sobre quimica. PROJETOS QUE USAM 0 CORREIO ELETRONICO Outra aplicacao que se pode fazer corn a Internet, e talvez a mais interessante e educativa de todas, interconectar alunos de diferentes escolas, em diferentes pontos do Planeta. Para isto, pode ser usado apenas o correio eletranico, uma Rome Page especifica, ou areas de conversa (chat ou bate papa), corn IRC, software especificos (como a netmeeting), entre outros recursos. Em qualquer caso, e necessario ter-se duas ou mais escolas conectadas entre si, corn as quais vai-se trocar informacOes e construir novos conhecimentos. Esta forma de trabalho e altamente motivacional e colaborativa. Sem cooperacao e/ou colaboracdo, respeito as diferencas e rigor academic°, ndo é possivel desenvolver tal tipo de projeto. Nesta modalidade de projeto, rompem-se os limites fisicos da sala de aula, estimula-se uma etica comunitaria ao inves de uma etica individual, promove-se a uso da linguagem coma instrumento organizador do pensamento e de sua express5o, entre outros beneficios. Corn o uso de Internet e das tecnologias de comunicacao, as estudantes tern a oportunidade de aprender a pensar a si mesmos como cidadaos globais, vendo a mundo, e o seu prOprio lugar nele, de um modo diferente. A grande forca educacional da Internet reside .justamente na capacidade de conectar estudantes, professores, classes, escolas, comunidades, cientistas, etc., todos trabalhando colaborativamente, compartilhando saberes. Dividindo informacOes e trocando experiencias, aumentamos as chances de encontrar solucOes para questeies ou problemas. Com a Internet, rompemos as barreiras do individualismo, atravessamos as paredes das escolas e vencemos os limites geograficos, favorecendo o desenvolvimento de projetos colaborativos. 111 Estes projetos sao desenvolvidos pelos proprios professores, sendo flexiveis e de facil integracao curricular. 0 papel do professor muda naturalmente, passando a trabalhar lado-a-lado corn seus alunos. Para o desenvolvimento de urn projeto desse tipo, e necessario que o professor estabeleca junto corn os alunos urn conjunto de atividades que deve comecar corn a apresentacao dos participantes e ter um ou mais topicos de investigacao por troca de informacOes que serao efetivadas via correio eletronico e outros mecanismos tradicionais. Para guiar esta troca é necessario que o(s) professor(es) organizador(es) prepare(m) urn conjunto de questOes que serao investigadas por todos os alunos envolvidos, de todas as escolas conectadas. As respostas para estas questOes serao discutidas pelos alunos corn seus professores ern cada escola. Depois, formula-se urn texto (e material de apoio como fotos, videos, recortes de jornais ou revistas etc.) que sera remetido as demais escolas participantes. Uma vez recebidas as respostas, elas voltam a ser discutidas ern classe, entre alunos e professores, e assim por diante, ate que se passe a urn novo conjunto de questties. Tais projetos podem ser divididos ern mOdulos relacionados mas ao mesmo tempo independentes e intercambiaveis. Deve-se dar oportunidade aos estudantes para modifica-los, sem perda de contend°, de forma a torna-los mais interessantes e motivadores. E importante, tambem, que se de liberdade aos estudantes envolvidos para que eles possam, ern alguns momentos, realizar uma troca de informacao livre, do interesse proprio deles/delas, mesmo que parecam desnecessarias. Isto os motiva e acalma em momentos de ansiedade. JE) ha varios tipos de projetos desenvolvidos que usam o e-mail como ferramenta pedagogica, conectando diretamente urn estudante de urn colegio corn urn estudante de outra escola (nelpals ou parceiros de rede), e estes passam a trocar mensagens num tOpico especifico, de acordo corn o que seus professores determinam, ou entao conectando a classe (ou urn grupo de alunos que depois apresenta o resultado da investigacao para a classe e publica na Rede) corn urn mentor, urn cientista, urn especialista ou alguma pessoa de interesse; ou ainda conectando uma classe de urn colegio corn classes de outras escolas, possibilitando troca de informacrOes sobre temas variados, envolvendo tambem muitos professores. Cabe lembrar que a "netiqueta" adotada em projetos colaborativos internacionais diz que a lingua nao fator limitante para seu pleno desenvolvimento. Cada pals deve mandar suas mensagens na lingua patria, e os alunos dos outros paises envolvidos devem entao traduzi-la. CONECTAR-SE NUM PROJETO JA EXISTENTE Uma outra possibilidade de use educacional da Rede sera conectando-se a urn projeto que ja esteja em desenvolvimento, isto 6, urn projeto que ja esteja pronto e disponivel na .Rede. Em geral, estes projetos ja sao estruturados, o que os torna de facil aplicacao. Entretanto, uma vez que ja estao estruturados, nao permitem mudancas, tendo urn que adaptar-se a eles em condicOes de metodologia, tempo de dedicacao ao trabalho, epocas de inicio e final da investigacao colaborativa. Para aqueles que recentemente estao comecando a utilizar a Rede em suas atividades educacionais, é aconselhavel que pelo menos deem uma olhada cm alguns projetos existentes. Assim pode-se ter uma ideia de como eles funcionam. Para participar de um destes projetos, e necessario contatar o responsavel pelo mesmo, que sempre aparecem na Home Page de apresentacao do projeto, e comecar a negociar a participacao dos interessados no mesmo. Ha uma inlinidade destes projetos pela Rede, porem aqui apresentamos apenas alguns. De fato, ha muitos projetos, mas a grande maioria deles ainda esta ern ingles, o que os tornam menos acessiveis. PAINEL 1.7 - 0 PROFESSOR COMO PRATICO REFLEXIVO: UMA APLICACAO AO DESENVOLVIMENTO PRO FISSIONAL DO PROFESSOR, VIA INTERNET * Marcie-ma Almendro David e Oho At Borges' l'aculdadc de Educacno - 1.1FMG - marcianaP,cducativa.ora.hr 2 Cole2io Tecnico c Programa dc POs-graduacAo em EducacAo - UFMG - OtoO)coltcc.litimLbr i Num context° de mudanca curricular como ocorre hoje em Minas Gerais, os professores sao chamados a se engajarem em projetos de "capacitacao" ou de desenvolvimento profissional, como temos achado mais adequado denominar tais projetos. Recursos pnblicos tern sido gastos nestes programas educacionais, ainda que considerados insuficientes. Muitos profissionais da educacao tens sido envolvidos em novas propostas educacionais que visam o seu desenvolvimento profissional, ou a implementacao de mudancas educacionais. 0 presente trabalho discute a ideia do desenvolvimento profissional de professores atraves do seu engajamento em projetos, que devera ser iluminada pela teoria do professor C01110 pratico reflexive. Para esta discussao sera utilizada a contribuicao que Scholl e outros autores nos oferecem. Algumas experiencias empiricas sera() analisadas por essa perspectiva, especialmente as experiencias de desenvolvimento profissional de professores, utilizando redes de computadores. Partimos do pressuposto de que os professores, durante o seu exercicio profissional, falam uns corn os outros e tern acesso as experiencias uns dos outros e acreditamos que isto Ihes permite aprender, seja corn a 112 experiencia dos colegas, ou corn a reflexao sobre a prOpria experiencia. Assim, a ideia de desenvolver urn trabalho colaborativo, via Internet, se baseia na possibilidade de que os professores possam produzir conhecimento de forma compartilhada. Durante o desenvolvimento de urn trabalho colaborativo, os parceiros executam diversas aches corn objetivos comuns, isto pode Ihes permitir aumentar o nivel de compreensdo e reflexao sobre o conhecimento em torno do qual o trabalho esta sendo empreendido. 0 professor como pratico reflexivo Para Schott (1987), a ilusdo do consenso no ambito da escola, dificulta o processo reflexivo que poderia ocorrer a partir da troca de experiencias dos professores. Schott acredita pela sua experiencia, que se aprende polo desacordo, o que ele denomina de desacordo produtivo. Para Schon é necessario que se tenha uma teoria comum, compartilhada por todos, porem nao e preciso uma Unica estrategia para desenvolve-la e nao é realista que todos estejam de acordo sobre eta. Acreditamos que isto possa se aplicar ao processo de ensino-aprendizagem, pois os professores e alunos aprendem de maneiras diferentes. Schon considera que o professor necessita de ajuda para que o processo de reflexao seja constante em sua atuacdo profissional e acredita tambem que a reflexao sobre a acao e na acao sao fundamentals para o desenvolvimento de qualquer profissional. Acreditamos ser possivel aos professores refletirem sobre a pratica, especialmente no que se refere a sua prOpria aprendizagem em relacdo aos temas especificos. 0 professor é capaz de refletir na acdo e dar sentido ao proprio trabalho. Professores podem refletir em conjunto, com os seus colegas, isto vai depender da relacao de cada professor com a instituicdo, do grau de liberdade que o professor encontra para ensinar de maneiras diferentes. Entretanto, Schott acredita que os professores nao sdo formados para refletirem sobre a pratica, s5o formados para a burocracia da escola, o que limita o seu fazer. Nesta experiencia de desenvolvimento profissional de professores, que estamos realizando no espaco virtual, procuramos observar o que pode interferir no processo reflexivo dos professores, o que estimula ou o que dificulta essa reflexao. Embora Schon em seus livros tenha tratado da pratica profissional de cientistas, engenheiros e arquitetos, podemos aplicar sua teoria para a pratica profissional de professores. Trata-se de pensar sobre a pratica, pensar sobre o que se fez, depois de fazer, e de pensar sobre o que se esta fazendo, no moment° em que se faz. Pensar sobre a acao e durante a acao é o que para Schott, torna a pratica verdadeiramente reflexiva. Em estudo sobre uma proposta de inovac5o curricular, Schon procura mostrar como isto pode levar os professores a uma crise de confianca em seu conhecimento profissional e como isto leva a uma necessidade de rellexdo sobre suas aches como profissionais. Tres quesnies jitnclamentais para o debate solve as intervenOes, segundo Schon sdo: Quail as competencias due os professores cleveriani ctjudar as estudanles a desenvolver? Que iipo de conhecimento e de saber fazer perinitein (las professores clesempenhar o seu trabalho de Jam(' eftliva? Que lip() de farnia•ao servo mail viclveis para equipar as professores coin as capctciclades necessdricts ao clesenipenho do seat trabalho? Uma aplicac5o ao desenvolvimento profissional do professor, via Internet 0 que pretendemos mostrar sdo as analises de aluumas interaches entre professores, ocorridas no espaco virtual, obtidas a partir do acompanhamento de urn Grupo de Trabalho para Prochtcdo de Materials Diddlicos, uma das aplicaches da experiencia em educacao a distancia (EaD), que esta sendo implementado no CECIMIG/UFMG e que pretende o desenvolvimento profissional de professores de ciencias, atraves das atividades envolvidas no processo de elaboracdo de materials didaticos de Biotogia, Fisica e Quimica, em grupos colaborativos, via internet. Esta investigacdo tern como objetivo contribuir para o Projeto de EaD, que se prophe a investigar o potencial da educacao continuada, via internet, no desenvolvimento profissional de professores de Ciencias e Matematica do ensino fundamental e em efetivo exercicio docente, no estudo de Minas Gerais. Durante a implementacdo da primeira fase do projeto de EaD, foram acompanhados os Grupos de Produc5o de Materials Didaticos (GPMD) onde procuramos identificar atitudes por parte dos professores que evidenciassem alguma forma de reflexao sobre sua acao em sala de aula ou sobre o processo vivenciado no espaco virtual. Seriam, ainda, identificadas, possiveis evidencias de desenvolvimento profissional desses professores a partir dessas reflexhes. Partindo do pressuposto de que a rellexdo na acao e sobre a acao, ainda que no espaco virtual, serve como estrategia para possibilitar o desenvolvimento profissional e a formacdo continuada de grande nOmero de professores, considerou-se oportuno investigar se existem evidencias de urn processo reflexivo dos professores e se o use da Internet facilita ou dificulta esse processo. A partir dos pressupostos acima, algumas questoes foram exploradas: como ocorrem os processos reflexivos dos professores enquanto produzem materials didaticos? Como as interaches entre os professores ocorrem na comunicacdo via Internet? Poderiam essas interaches gerar novas possibilidades de rellexdo para os professores sobre a sua acao em sala de aula? Procuramos responder a estas questhes, tentando identificar aluuns possiveis elementos facilitadores ou dificultadores do processo. Esperamos, a partir deste trabalho, poder contribuir para implementacoes de outros projetos de desenvolvimento profissional de professores de ciencias, utilizando os recursos da educacdo a distancia. 113 * Trabalho parcialmente financiado pela FINEP e a SEE-MG. Bibliografia I. SCHON, D.A. (1987) Educating the Reflective Practitioner, Jossey-Bass, San Francisco. PAINEL 1.8 - DESENVOLVIMENTO DE UM APLICATIVO TIPO MULTIMIDIA COMO RECURSO DIDATICO PARA ENSINO DE FISICA Neide Kuromoto', lvanilda Higa 2,Giselle Munhoz Alves', Mauro Games Rodbard. Jose Carlos Pauletto 3„S'uzana Reinecke 3„S'ilvia Rejane Schmitz', Margaret Froelich", Tiago A. Sanchez', Ney Hamilton Michaud Nmaldo F. de Oliveira", Dilcleia Dobroivolski', Olcivio M. C. Reimann", Marcos Y. K. Cardozo 7. Departamcnto de Fisica; 2 Departamento dc Teoria e Pratica de Ensino; 3 Departamento dc Fisica; 'Coli:.gio 'Univideo-CEAPE; 'Estudantc Voluntario do Curso de Fisica Mcdianeira: "Bolsistas do Curso de Fisica c Engenharia i kuromotoOisica.ufpr.br , A Fisica, como disciplina constante de nossa organizacao curricular, é considerada pela rnaioria dos alunos como sendo extremamente dificil, desligada do seu cotidiano e corn uma excessiva enfase nas equacOes matematicas, opiniOes que os levam a sentir ate uma aversao pela mesma. Um dos fatores que conduzem a uma visao distorcida desta ciencia tao fascinante é a forma que eta é trabalhada em sala de aula. Os pesquisadores ern Educacao tern buscado transformacOes no processo ensino/aprendizagem e corn o avanco da informatica, estas transformacOes deyerao surgir corn maior velocidade e dinamismo. E indiscutivel que os recursos tecnologicos disponiveis podem constituir-se ern potenciais instrumentos facilitadores nesse processo. A informatica permite aos professores a criacao de ambientes de aprendizagem interativos relevantes para os estudantes, e a Multimidia e urn dos recursos tecnolOgicos que permite a estruturacao das informacties de forma nao linear, integrando diferentes meios de comunicacao como audio, video, textos, animacOes e simulacOes. A sua caracteristica principal é possibilitar ao usuario a exploracao das informacOes de uma maneira facil, natural e mais apropriada as suas necessidades. Corn a disseminacao de .computadores nas escolas, surge a oportunidade de ampliar a oferta de dispositivos didaticos para a sala de aula, recursos estes que na area de Fisica ainda sao escassos no Brasil. Com o intuito de contribuir para a melhoria do ensino de Fisica na Educacao Basica, foi proposto este projeto, cuja enfase é interferir no processo ensino aprendizagem. Trata-se de urn Projeto de Extensa° no ambito da Universidade Federal do Parana, intitulado "Experimentos de Fisica para Educciccio Bcisica Por ser urn projeto muito amplo, e necessario a integracao entre diferentes Atraves de Video e areas. Participam profissionais das diversas areas de conhecimento: professores dos Departamentos de Fisica e de Teoria e Pratica de Ensino, e de uma escola de Ensino Medio, alunos do Cursos de Fisica, Engenharia Quimica, Comunicacao Visual e Pedagogia, alem de especialistas em informatica e producao de video. Figura 1: Esquema do Aplicativo Termodinamica Energia Geotermica Trabalho Miele() da Terra Energia Nuclear Mete° Atomic() VulcOes Gravitacao ENERGIA ReacOes Nucleares Combustivel z Relatividade Radioatividade Laser Micro ondas Radiacao Eletromagnetica Luz Radio e Tv N \ / Optica e Ondas SOL Energia Solar Ciclos: H,0 e 0, Energia Hidrostatica das Mares Energia Mecanica Energia Mica Ferramentas e Maquinas 1-hdreletrica Elevador Prensa Alavanca Roldana Motor e Gerador Eletromagnetismo Termodinamica Fotossintese Agricultura Moinho e Roda de Vento Mecanica O objetivo deste trabalho é apresentar um aplicativo multimidia na area de Fisica, cujo terra central é ENERGIA. Foi construido urn esquema (Figura I), classificando quatro diferentes fontes de energia, dentre as quais destaca-se o Sol como fonte primaria. A partir dai apresentam-se as outras formas de energia, como a mecanica, termica e eletrica entre outras, discutindo-se seas modos de obtencao, aplicacOes e transformacOes. Alen) disso, debatem-se os problemas atuais sobre energia tais como impacto ambiental, a racionalizacao e as perspectivas futuras sobre reservas de energia. Dentro do terra, o usuario pode "viajar" atraves das diferentes formas de ENERGIA, associando cada conceito lisle° corn o desenvolvimento tecnolOgico e aspectos histOricos. Isso da ao usuario uma visao integrada da Fisica, uma vez que, dentro do aplicativo em desenvolvimento, Energia Mecanica e Energia Eletrica, por exemplo, nao . sao elementos dissociados, como normalmente estao apresentados nos !tyros didaticos, mas formam um coajunto de conhecimentos dinamicos e articulados entre si. 0 'programa ern desenvolvimento apresenta diversos mOdulos integrados entre si por links estruturados por palavras-chaves, imnens e sons. Cada modulo contem varias paginas para consulta nao-linear. Alen) destes recursos, cada terra apresentara questOes e problernas aleatOrios extraidos de um banco de dados para evitar que o estudante - memorize - as respostas. Para edicao do aplicativo multimidia esta sendo utilizado o software Toolbook II 6.0 Instructor da A.SyMelrix. Espera-se que corn este aplicativo o usuario adquira uma visa() diferente da Fisica como urn todo e perceba o quanto ela esta presente ern sua vida. Bibliografia: 1. BISHOP, K.; MADDOCKS, D.; SCOTT, B., Science for Life. Collins Educational, 1984. 2. HEWITT, P.G., Conceptual Physics. Addison-Wesley Publishing Company, 1986. 3. LUZ, A. M.R.; ALVARES, B.A. Corso de Fisica. Vols 1-3. Editora Harbra Ltda.3 a edicao, 1992. 4. 1-IELIO BONADIMAN, LENIR B. ZANON E OTAVIO A. MALDANER. Ciencias: Proposta Alternativa de Ensino, Livraria Unijui Editora, 3' edicao, 1987. 5. ALBERTO GASPAR, Experiencias de Ciencias para o grau, Editora Atica, 6`' edicao, 1998. 6. GREF , Fisica 2: Fisica Termica e Optica, Editora da Universidade de Sao Paulo, 1991. 7. ARRIBAS, S. D. Experiencias de Fisica ao alcance de todas as escolas. Ministerio da Educacao FAE, Rio de Janeiro, 1988. 8. AXT, R. 0 papel da experimentacao no ensino de ciencias. In: Moreira , M. A. e Axt, R. TOpicos ern ensino de ciencia, Sagra Editora, Porto Alegre, 1991. 9. FERRARO, N. G. Eletricidade, FlistOria e AplicacOes, Editora Moderna, 1991. 10. DELEAGE, J. P.; SOUCHON, C. Energy: an interdisciplinary theme for environmental education. Environmental Education Series, Vol. I 1 , UNESCO, 1986. 11. Energia: Recurso da Vida. Ministerio de Minas e Energia. Eletrobras. PROCEL/CIMA. Edicao revisada, 1986. 12. Evolucao do Trabalho Humano. Publicacao Interna do IFUSP, Sao Paulo, I9--. 13. OKUNO, E. CALDAS, I. Fisica para Ciencias BiolOgicas, Harper and Row do Brasil, 1982. 14. GUAYDIER, P. HistOria da Fisica. 1983, Edicaes 70. PAINEL 1.9 - INVESTIGANDO FORCAS COM SENSORES Marcus Vinicius Duarte Silva - COLIFC - UFMG - marquinhos0)coltcc.0 COLT EC - U FMG - [email protected],.br Oto Neri Barges - COLTEC - U FMG - oto(i4oltec.ulmv,.br Antonio Tarciso Borges-COI:FIX - UFMG - tarciso n,coltec.ufug.hr Alessandro almost() Trani Comes- 0 painel sera dividido ordenadamente ern assuntos chaves, ou tOpicos principais para melhor informacao e visualizacao, nos quais abordaremos os objetivos e metas do trabalho, informacOes gerais, caracteristicas do software e hardware utilizados, as formas de utilizacao e demonstracOes. 0 trabalho tern por objetivo explorar as possibilidades da utilizacao da tecnologia M.B.L - microcomputerbased laboratory - na investigacao de fenOmenos fisicos a nivel do ensino medic, corn enfase no estudo de forcas. Para tal, faremos inicialmente, uma abordagem atual dos laboratOrios de mecanica e como a utilizacao dessa nova tecnologia poderia melhora-los. Utilizaremos o sensor Student Force Sensor ( ou Sensor de Forca ) da empresa "Vernier Software". Esse sensor pode ser usado tanto para o estudo de situacOes dinamicas quanto estaticas. Sera() apresentadas 115 todas suas caracteristicas como precisdo, intervalo de medic to, limitaches, calibraches, principio de funcionamento, etc. Sera° abordadas situaches e exemplos onde o sensor pode ser utilizado, em quais experimentos ele pode ser adaptado. Discutiremos as vantagens do sensor sobre os dinamometros comuns geralmente utilizados, suas vantagens , importancia e desvantagens para o ensino da Fisica. Como exemplo da suas utilizaches, faremos algumas investigaches experimentais que demonstrarao as capacidades e as limitaches do sensor: Movimento Harmonic() Nessa investigacdo estudaremos a variacao da forca em funcao do tempo de urn movimento harmonic° amortecido e a dissipacao de energia por atrito. Analisaremos como a influencia do ar e a constante elastica da mola afetam o fenomeno. Estudo de colisOes Utilizando o equipamento experimental investigaremos a variacao da forca durante as colishes e corn o auxilio do software grafico exibiremos as relaches entre diversas grandezas envolvidas, como, por exemplo, quantidade de movimento. Determinacao da Constante Elastica da Mola Investigaremos o efeito da variacao do diametro das molas sobre a sua constante elastica. Estudaremos a relacao existente entre a forca aplicada a uma mola e sua deformacao. Analisando esta relacao podemos obter, facilmente, corn a ajuda de recursos graficos para auxiliar na compreensao, a constante elastica da mola. PAINEL 1.10 - LABORATORIOS DIDATICOS DE CI1ENCIA: 0 COMPUTADOR NA SALA DE AULA Ernesto Macedo Reis Escola Tecnica Federal de Campos — Mestrando Sc. UFR.1 Rua Dr. Siqueira, 273 — Campos dos Goytacazes — RJ — CEP 28030-000 e-mail: [email protected] I. Introducao As tendencias atuais na Educacao, que apontam para a chegada de novas tecnologias nas Escolas de Primeiro e Segundo Graus, onde a principal delas é a chegada dos computadores em sala de aula, sugerem uma mudanca bastante forte nas atividades que se desenvolvem no dia-a-dia da maior parte de professores e alunos nesses segmentos da Educacao formal. Tambem podemos notar que as formas como essa tecnologia vem sendo utilizada em nossas Universidades ainda denota urn grande esforco em se definir parametros que possam sustentar corn seguranca a introducao de tecnicas e tecnologias relacionadas ao computador em Cursos que nao sejam os de Informatica. Nao ha como se atrasar mais a chegada dos computadores as Escolas e por outro lado, uma quantidade significativa de professores desses primeiros segmentos ainda nao disphem de conhecimentos suficientes sobre o assunto, e como conseqtiencia nao podem assumir uma posicao em relacao a criacao de urn senso critico que possa resultar em discusshes que levem a tomadas de decishes quanto a formas de utilizac .ao do computador em salas de aula. Muitas propostas surgem e ja ha algum tempo vemos farta literatura circular pelos meios academicos e amplas discussoes traduzidas nos anais de muitos simpOsios, como por exemplo os da Sociedade Brasileira de Informatica na Educacao (SBIE), onde se Ye que nem todos esses esforcos permitem qualquer afirmacao quanto as formas como essa incorporacao possa acontecer. Esse quadro de muitas diividas e que ja persiste ha alguns anos em relacao a Informatica na Educacao coincide corn urn momento onde muitas dificuldades sao vivenciadas tambem em outras areas, onde por forca de nossas aches nos concentramos na de Ciencias, em especial na disciplina de Fisica que cada vez mais, tambem por conta da reduzida quantidade de profissionais de ensino formados anualmente, surge como um imenso vazio na formacao de jovens estudantes, que nao desenvolvem a capacidade nata de observacao de fenomenos naturais do cotidiano, em nivel de compreensao e formulacao de explicaches convincentes e mais formais. Uma solucao é contarmos corn mais especialistas na area, que possam orientar esses estudantes, ou entao, que os que desempenham esse papel "provisoriamente", possam ser capacitados para isso. E comum vermos as primeiras orientaches de um jovem estudante serem trabalhadas por professores de outras disciplinas como Matematica, Quimica e Biologic, que em momento algum sentem-se em condiches confortayeis para discutirem os diversos pontos da disciplina que tern de ministrar em um grau de profundidade e corn uma amplitude que possa contribuir para a construcao do conhecimento na disciplina. 116 Urn dos pontos que temos acompanhado e atacado recentemente é quanto ao reforco de certas concepcOes do senso comum que sistematicamente vein ocorrendo em relac5o a conceitos e fatos que devem ser combatidos nas idades mais tenras a fim de nao comprometerem o desenvolvimento do conhecimento cientifico a ser construido. Nesse quadro atual onde esses dois pontos abordados sdo motivo de muitas discussOes apresentamos uma acao desenvolvida na Escola Tecnica Federal de Campos corn a criac5o de LDC (Laboratorios Didaticos de Ciencias), nos moldes de urn espaco aberto, n5o so a alunos e professores de Segundo Grau Tecnicos, como tambem a professores de Ciencias de Primeiro Grau e outros, que atuando na disciplina, pretendam buscar apoio para o desenvolvimento de suas atividades, bem como contar coin local apropriado para pesquisas em trabalhos experimentais. Assim como poderem conviver corn profissionais e ambientes que Ihes possam ser 'Reis na busca por novos conhecimentos. Urn momento para planejar Podemos nos posicionar dentro da seguinte linha de raciocInio filosofico, que julgamos ter contribuido bastante no desenvolvimento do projeto; se existem metas deve existir planejamento, pois caso contrario, o que temos sac) apenas sonhos. Assim, podemos definir os objetivos considerados fundamentais, que tanto quanto a forma como se desenvolvem algumas etapas do projeto LDC, bem como alguns aspectos que ja evidenciam alguns resultados que comecam a ser coletados, constituem a essencia desse trabalho. A etapa do planejamento para o desenvolvimento do LDC teve na analise meticulosa dos objetivos fundamentals seu ponto principal. Dessa forma, podemos definir como objetivos basicos do projeto: i) a busca de uma nova postura nas formas de orientacfto de estudantes de Segundo Grau na disciplina de Fisica que possibilite uma analise conceitual rica, que entendemos ser possivel a partir da priorizacfto de trabalharse os principios de conservac5o, dando-lhes o maxim° de relevancia, bem como o estabelecimento de uma metodologia mais dinamica que possibilita a abordagem de mais aspectos conceituais e sem perdas para o desenvolvimento do raciocinio matematico; ii) o trabalho corn professores de Primeiro Grau em que como urn todo, a disciplina possa ser trabalhada em nivel do desenvolvimento de experiencias que possam ser levadas para qualquer sala de aula e executadas .juntamente corn os alunos, a fim de propiciarem discussOes conceituais e o tratamento de concepcOes espontaneas do,jovem aluno, levando-se sempre em conta que esses professores tambem devem se capazes de compreender o formalismo matematico em diversas situacOes experimentais; iii) a utilizacao do computador como ferramenta de suporte ao desenvolvimento de novas metodologias a serem empregadas em sala de aula e como agente de transformacao das relacOes alunoprofessor. III. A ferramenta do trabalho cooperativo — CSCW Nos Bias de hoje, vemos gam importante é o desenvolvimento de tarefas mais complexas, onde é comum a ac5o de grupos de pessoas muitas vezes de varias habilidades, e podemos tambem observar Empresas e InstituicOes das mais diversas areas estimulando acOes cooperativas. Entfto pensamos em urn modelo similar que pudessemos adotar em principio no desenvolvimento da estrutura do LDC. Corn base em CSCW (Computer Support Cooperative Work), urn conjunto de ferramentas para desenvolvimento de diversos projetos em Informatica, optamos por urn tratamento desse tipo no processo de desenvolvimento do projeto e uma abordagem metodolOgica baseada nos principios de trabalho cooperativo. Algumas dessas ferramentas, entendemos serem apropriadas para levarmos o projeto a toda comunidade que tenha interesse por ele. Tambem podemos considerar a facilidade quanto ao gerenciamento do prOprio projeto que pode comportar varios grupos trabalhando cooperativamente como celulas independentes. Na descric5o metodolOgica podemos observar a juncao dos dois pontos da abordagem initial: a mudanca em enfoques do ensino de Fisica nas Escolas de Primeiro e Segundo Gratis; e o trabalho corn Informatica na Educac5o. Dessa forma, podemos resumir a questa° da metodologia utilizada em relac5o aos tres objetivos basicos como urn trabalho em parceria entre alunos-instrutores-professores cursistas, corn base nos aspectos conceituais e experimentais da disciplina de Fisica e de ferramentas computacionais visando a construcao de urn espaco de desenvolvimento cognitivo. IV. Algumas respostas Vivenciando dois pontos distintos quanto ao desenvolvimento de etapas coin alunos de segundo grau de dois Cursos Tecnicos, e de Professores Cursistas dos dois primeiros "Curso de Capacitacao para Professores de Primeiro Grau em Ciencias", as duas awes ja fornecem algumas respostas, como relataremos. Na ac5o empreendida junto corn estudantes de duas turmas de terceiras series dos Cursos Tecnicos de Eletrotecnica e Informatica empenhamo-nos em desenvolver urn site da disciplina na WEB. No atual estagio os alunos trabalham cooperativamente corn tarefas divididas segundo suas habilidades especificas encontrando-se coin frequencia. Tais contatos dever5o ocorrer tambem por lista de discussOes aberta e 117 gerenciada por alunos. Os resultados nesse ponto enriquecem e ampliam a nossa compreensao sobre o use de ferramentas de CSCW no ensino de Fisica. Quanto ao trabalho desenvolvido corn professores, varios medulos de uma semana ja foram realizados, bem como encontros mensais de urn dia tern sido mantidos sem ausencias significativas daqueles que iniciaram a capacitacao, o que demonstra o vivo interesse pela interacao. Tambem esses professores tern trabalhado ern dias que Hies sae convenientes corn algumas de suas turmas, ou mesmo individualmente em trabalhos experimentais mais complexes nos ambientes do LDC. Quase todos tern mostrado urn interesse muito grande por incorporarem as suas atividades elementos de informatica, o que ate entao nao tem sido incentivado devido a necessidade do estabelecimento de uma proposta pedagegica concreta e amplamente discutida. No entanto quase todos ja tern utilizado instrumentos computacionais, principalrnente o correio eletronico como meio agil de comunicacao. Outro ponto previsto e que ja comeca a se concretizar, é que alunos dos Cursos Tecnicos envolvidos corn tarefas no LDC comecam a interagir corn esses professores, o que a nosso ver representa nao so uma mudanca cultural como urn ponto altamente valioso para o prosseguimento do projeto. Essas observacCies iniciais estao sendo documentadas e futuramente analisadas por todos os participantes do projeto. PAINEL 1.11 - DEMONSTRAcA0 DE CONCEITOS DE FLUIDOS E GRAVITACAO Alcor Feria Miguel e Felippe 1 13olsista 11111C/CNIN: 2 telippc@unkhr Universidade de Brasilia Objetivos e Realizacties Foram desenvolvidos modulus de demonstracao para conceitos selecionados de fluidos e gravitaccio utiliz.ando us recursos multimidia de computadores pessoais. Estes modelos computacionais para serem unlizados como apoio didatico para disciplinas de graduacdo e para o ensino de segundo grail. Estes programas foram desenvolvidos para permitir que Os alunos visualizem um sistema lisico tacilitando o entendimento dos conceitos em discussao 17C1 sala de atria 00 no laboratorio, permilindo (pie us programas e suas explicacoes sirvam como ferramenta didalica clue possam .ser executadas repetidas yeses pelos alunos. Quatro simulacOes foram desenvolvidas em Visual Basic ® , para demonstracao de topicos de gravitacao e de hidrodinamica, para alunos de graduacao em Ciencias. As simulacOes permitem que a repeticao dos problemas em estudo para diferentes valores iniciais, sempre exibindo uma simulacao grafica dos resultados. Os algoritmos necessaries para o tratamento dos problemas escolhidos foram desenvolvidos seguidos de sua codificacao. As demonstracoes disponiveis sao: corpo orbitando ao redor de outro de major massa (satelite e planeta), explorando Orbitas elipticas e analisando a lei das areas; faro em um tanque de agua, explorando o alcance da agua e sua variacao enquanto o tanque esvazia; principio de Arquimedes, mostrando come o peso aparente de urn corpo varia corn sua imersiie em urn liquid() e aplicaciaes da equacao de Bernoulli e da equacao da continuidade. Todas as simulacOes sao projetadas para fornecem os valores iniciais necessaries para utilizacao por usuarios nab familiarizadas corn o sistema em questao. As simulacOes permitem repeticao corn ou sem alteracao nos parametros iniciais, viabilizando estudos diversos destes fenomenos. A equipe envolvida neste trabalho ainda e pequena e nao dispbe de profissionais de computacao grafica que poderiam refinar desenhos e animacOes tornando-os mais apurados; as simulacOes que obtivemos mostram-se funcionais e euicientes em contend°, porern nao tao ricos em estetica e efeitos visuals. A incorporacao de urn desenhista, corn conhecimentos de computacao grafica, representaria uma forma de minimizar o problema, aperfeicoando o que ja foi implementado e o que ainda sera. Permitiria a confeccao dos desenhos, que poderiam ser feitos em tres dimensbes e a elaboracao de animacOes em computador. Esta contribuicao tornaria os programas mais atraentes e de carater mais profissional. Aspectos do Programa: A seguir temos a descricao de alguns aspectos relevantes do sistema de simulacoes multimidia ja desenvolvidos comecando pela tela inicial da versa° demonstracao, intitulada Fisica por Metedos Computacionais. Nesta versa° estao incluidos os quatro programas ja elaborados. Sao eles: Arquimedes, Gravitacao, Reservatorio e Vazao. 118 Arquimedes: Principio de Arquimedes. Este programa tern a finalidade de ilustrar o principio de Arquimedes — a forca de empuxo. Um cubo, cuja aresta, peso e densidade sac) informados pelo usuario, tern seu peso aparente medido pelo dinamometro no qual esta preso. A medida em que liquid() é inserido no tanque (o liquido tambem pode ser escolhido pelo usuario dentre alguns ja preexistentes ou por qualquer outro de sua preferencia), a forca de empuxo gerada influenciard no peso aparente medido. Esta variacao é visualizada no medidor continuamente na escala do dinamometro. Uma janela de comentarios exibe informacOes pertinentes as variacOes do problema permitindo que o usuario mantenha constante interacao corn a simulacao. Gravitacao: Lei da Gravitacao Universal de Newton e Lei das Areas de Kepler. Esta simulacao permite visualizar de maneira clara e elucidativa, as principals leis que regem o comportamento dos corpos celestes exemplificando a lei da gravitacao universal de Newton e a lei das areas de Kepler. Fornecidos os valores iniciais referentes a posicao e a velocidade de urn satelite podemos observar sua Orbita, cuja trajetOria sera dependente dos parametros informados inicialmente. Os dados iniciais, fornecidos pela simulacao podem ser alterados permitindo a visualizacao de orbitas circulares e elipticas, ate hiperbOlicas (abertas) ou mesmo colisOes visiveis na simulacao. Comprovando a validade da lei das areas, ao aproximar o planeta, num dos focos da Orbita, o satelite tem sua velocidade aumentada e diminuida ao afastar-se do planeta. ReservatOrio: Alcance de um jato d'agua, partindo de um officio num tanque — Equacao de Bernoulli. Ern linhas gerais, esta simulacao permite calcular o alcance de urn jato d'agua, que sal de urn officio feito num tanque. Alem do calcific), o usuario pode, como nas denials simulacOes desta serie, visualizar graficamente, a trajetoria do fluido gerada a partir de valores iniciais informados. Estes podem ser modificados a vontade, realizando novas simulacOes para cada novo valor. 0 usuario pode visualizar como a trajeteria do fluido varia Corn o conteudo de fluido armazenado. Vazao: Aplicacao da Equacao de Bernoulli e da Continuidade. Esta simulacao permite visualizar o comportamento de um liquido atravessando as secOes de um tubo corn diferentes areas transversals. 0 enfoque 6 dado nas variacbes de pressao e velocidade sofridas pelo liquid() durante as secOes de maior e menor area e, principalmente, na juncao entre as dual secOes. Estas variacOes sao exibidas atraves de janelas localizadas acima do bubo. Nestas janelas esta o usuario pode escolher parametros sobre o fluido e secOes do tubo de 119 forma a poder realizar simulacOes diversas e ter uma melhor visa) sobre o andamento do problema. Conclusao: Este trabalho explorou a viabilidade tecnica destas simulacejes e abre caminho para sua utilizacao em sala de aula. Os proximos passos sera) desenvolver um nnmero major de exemplos que poderao ser utilizados corn meio auxiliar do nosso sistema de aprendizagem e portanto permitir uma melhor distribuicao de atividades didaticas. Concentraremos entao em avaliar a eficacia deste metodo em sala de aula e nos aspectos que possam ser aprimorados tornando esta ferramenta mais adequada para que seus objetivos sejam plenamente atingidos. I• K1,1.2.3 Pakiv h. r.1 hilJI p PP I rr N -set ek- III I r okt Alsag I kr If oh. nu 071 7 City N [414 1 111, eln.1-rr.74101n II 74,113111M ,11111,,1114L71,. 120 PAINEL 2.1 - TEORIAS DA VISAO E SEUS OBJETOS DE ESTUDOS Kcilia Maria Alascitnenlo Toledo Cccimig (Centro dc estudo de Ciencias de Minas Gerais) End.: Rua dos Aimores, 480, apt() 72 Edificio Panambi, Bairn) Jardim Santa Gencbra - Campinas - S.P Cep: 13087-030 INTRODUcAO: O estudo da Optica é muito antigo. Nunca deixou de ser contemporaneo. Muitos autores, filOsofos e cientistas se debrucaram e se debrucam diante dessa ciencia e de seu campo de investigacao. A literatura muito se interessa por questhes que remetem a seu entendimento e por sua fecundidade em metaforas. Desde PLATAO, que demarca o nascimento da filosofia como forma de conhecimento, e mesmo antes dele, varias teorias foram elaboradas para a compreensao de como se forma a imagem que enxergamos. A historia da Optica percorreu um longo caminho. Um caminho "alternado", em que ora o olho tern um papel de "iluminar", ora é apenas "receptor" de raios luminosos, ora as duas formas de abordagem se encontram. Sempre houve interesse pelo ato de enxergar. Para o problema fundamental de como explicar o mecanismo pelo qual se produz o fenomeno da visao, existe uma premissa comum em varias teorias - a necessidade de que existe uma forma de contato entre o objeto visivel e o Orgao visual. Pode-se classificar, de acordo com a concepcao das formas de contato, tres teorias mais genericas. Sao etas: - o objeto deve enviar sua imagem ou raio atraves de um espaco intermediario, em direcao ao olho. Essa ideia era adotada pelos atomistas e materialistas. Chamada de "intromisscio". - o olho envia o raio ou potencia visual ate o objeto, teoria conhecida de centrifitga ou de "extramisselo". Estudada e defendida pelos matematicos. - e uma teoria intermediaria entre essas duas; em que existe urn compromisso entre a uniao de raios do olho e do meio. Teoria defendida por PLATAO e utilizada, com algumas modificacOes, por outros fi lOsofos. DES EN VOLVI M ENTO: Orlando, numa tentativa de resgatar as teorias da visao, os comentadores as desvinculam de um contexto historico, a medida que nao se atentam as mudancas ocorridas nos objetos de estudo. SIMON (1976) prop& uma forma de analisar o objeto de estudo da Optica comentando teorias dos antigos: gregos e Arabes. -Segundo SIMON(l988), essas teorias, sofreram mudancas, nao sO na concepcao geral da teoria que explica o ato de ver, mas tambem no conceito de entidades que explicam a teoria que explica o ato de ver. PLATAO, no Timeu, nos ensina como podemos enxergar um objeto. Para PLATAO, enxergamos porque a luz proveniente dos objetos encontra-se corn a luz proveniente de nossos olhos. A partir do encontro dessas luzes podemos ver os objetos. "(...) Dentre todos os instrumentos, conformaram primeiramente os olhos, portadores de luz, e implantaram-nos no rosto, aproximadamente pela seguinte razao. Esta especie de fogo, que nao é capaz de queimar mas apenas de fornecer suave iluminacao, adequaram-no por sua arte ao corpo apropriado. Para este efeito, fizeram de modo que o fogo puro que reside dentro de nos, e que é irmao do fogo exterior, se escoasse atraves dos olhos de maneira sutil e continua. (...) Assim que a luz do dia envolver essa corrente de visao o semelhante encontra o semelhante, funde-se corn ele num todo e forma-se, segundo o eixo do olhar, um sO corpo homogenco. Onde quer que se apoie o fogo que jorra do interior dos olhos, encontra e choca-se corn o que provem dos objetos exteriores. Forma-se assim urn conjunto que tem propriedades uniformes em todas as suas partes gracas a sua semelhanca. E se este conjunto vier a tocar algum objeto, ou se for tocado, transmite estes movimentos atraves de todo o corpo ate a alma e nos traz esta sensacao grams a qual dizemos que enxergamos. " (PLATAO: Timer' - 45) PLATAO lambent trabalha o olhar na "Republica". A alma nao ve o Belo, sem ser bela. A luz nao é apenas responsavel pela visao. Ela interage corn o semelhante numa relacao "erotica", pois para Plata° o universo so existe, quando existe contato. Alem de PLATAO elaborar e resgatar a partir de outros autores urn universo organizado que permita e necessite de tratar a teoria da visa() corn o principio de que o semelhante atraia o semelhante, tambem dentro deste universo a concepcao de espaco e outra diferente do espaco cartesiano que conhecemos. O espaco platonico e definido pela "Cora", urn lugar cultivado, urn recipiente que acolhe toda geracao. Assim, o ato de ver ocorre num espaco fertil, onde o semelhante e afim corn o semelhante. Orlando, enquanto professores optamos por trabalhar dentro de uma Fisica contextualizada priorizando a evolucao de conceitos, e dialogando coin autores importantes na evolucao de urn conceito c/ou teoria nab podemos nos esquecer de que esses se inserem num tempo diferente (e tambem num espaco diferente - vide "Cora"). 0 objeto de estudo se modifica ao longo dos tempos e nao podemos nos esquecer das nuances em torno de cada objeto de estudo. 121 Os professores que se preocupam corn Historia da Ciencia, nao podem se abster de "um dialog° corn os antigos" e de perguntar a eles o que pretendiam quando, "inocentemente", formularam alguma teoria. Os livros de Fisica que tem essa vertente historica tambem nao dialogam corn seas fontes. E papel dos professores se deslocarem em direcao aos autores de teorias, junto corn seus alunos, afim de problematizar dentro de uma outra postura, mais sincronizada corn o objeto de estudo ern questao, que corn o tempo foi sofrendo alteracoes significativas. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS: I. COSTA, A . & BRUSATIN,.M.: Visa°, Enciclopedia Enaudi, vol. 25, Dir. Ruggiero Romano, Trad. Maria Braganca, Imprensa Nacional - Casa da moeda, 1992. 2. CORNFORD: Before and after Socrate, At the university press, Cambridge,USA, 1960. 3. CROMBIE, A . C.: Science, Optics and Music in medieval and early modern thought, The Hambledon Press, Londres, 1990. 4. GILSON, Etienne: A filosofia na idade media, Trad. Eduardo BramIfto, Martins Fontes, Sao Paulo, 1995. 5. GROSSETESTE, Roberto: Optica, Trad. Celina A . Lertora Mendoza, Ediciones del Rey, Buenos Aires, 1985. 6. HALL, Rupert A: A revolucao na ciencia-1500-1750.Trad. Maria Teresa Lauro Perez. Lisboa, Ediciies 70, 1983. 7. KOYRE, Alexandre: Estudos de Historia do pensamento cientifico. Trad. Marcio Ramalho, 2' ed. Rio de Janeiro, Ed. Forense Universitaria, 1991. 8. LINDBERG, David C.: Theories of vision from Al-Kindi to Kepler. Allen 9. G. Debus Editor, The University of Chicago Press Ltda, London, 1976. 10. NEWTON, Isaac: Optica, Trad. Andre Koch Torres Assis, Edusp, Sao paulo, 1996. 11. PLATAO: Timeu e Critias ou A Atlandida, Trad. Norberto de Paula Lima, Hemus Editora Ltda, Sao Paulo. 12. PLATAO: A Rep6blica - Livro VII, Trad. Leonel Vallandro, Editora Globo S.A. 13. RONCHI, Vasco: Optics- The science of vision. New York University Press, Trad. Edward Rosen, New York, 1957. 14. SIMON, Gerard: Le regard, Fare et Fapparence dans Mptique de rAantiquite, Editions du Seuil, Paris, 1988. PAINEL 2.2 - APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM CIENTIFICA ATRAVES DA HISTORIA DO CONCEITO DE CAMPO ELETROMAGNETICO Luciana Martins Pereira de Aranjo e Amelia Impc"., rio Hamburger Instituto dc Fisica - Universidade de Sao Paulo - SP waltIticR ssa.zaz.corn.hr 1- Introducao: Este trabalho e parte da dissertacao de Mestrado ern Fisica - Modalidade Ensino de Fisica da Universidade de Salo Paulo. Nos preocuparemos em demonstrar o contexto referente aos resultados do trabalho de pesquisa corn os estudantes do Curso de Licenciatura da Universidade de Sao Paulo, mostrando as varias concepcOes que o conceito de campo eletromagnetico assume na expressao da linguagem por esses alunos. 0 estudo do conceito de campo eletromagnetico nos propiciou uma retomada da sua formacao historica e que conseqiiencias foram estabelecidas para o Ensino de Fisica atualmente, quando olhamos para a linguagern utilizada por esses " futuros professores". 2- Metodologia Para consolidarmos esse trabalho realizamos um questionario corn nove (9) questaes que estao dispostas segundo as seguintes dimensOes: a Formalizacao Matematica, a Conceitual e a Histerica. Essas dimensOes nasceram da necessidade de demonstrar o caracter dinamico que a formacao de urn conceito deve adquirir. Este questionario foi aplicados aos estudantes do Curso de Licenciatura da Universidade de S5o Paulo- USP, perfazendo urn total de 20 alunos; destes 20, 14 alunos responderam a este instrumento. Representando urn percentual de 70% da amostra delimitada. Como metodologia de analise dos dados em questa() nos utilizamos o que denominamos de Quadro Sinotico, refere-se a urn olhar refinado sobre as respostas encontradas. 0 Quadro SinOtico foi construido levando em consideracao todas as categorias de respostas, isto é, nao houve de antemao qualquer comparac5o corn os dados cientificos, ou seja, nao estamos preocupados em julgar se a resposta dada estava certa ou errada. Apenas constatamos o que advinha de cada questa) como resposta. 122 3- Resultados: A Depcndc do E c B distancia QUADRO SINOTICO Mov de carga variapao Campo magnetic() Eletromagnetica Forca Mesma natureza Definicao Natureza comum Interacao Magnetica Mcdida no ativo pontual Caren Natureza nositivo Ondas.luz Fen6meno distritm icAo Moditicacites no espaco Cientifico Dire(;Ao Inversamente proportional Inverso do quadrado Matematica I erpenuictuar Linhas de Forca Sent ido InteracAo do campo Grafico Representacao Forma Imagem Campo Corpo/espirito Campo de Futebol Meio Espaco delimitado Plano uniforms Cotidiano Concreto/abstrato Porter Espirito Intluencia gm* Es* criar senor Super - herOi Subjetivo/objetivo Adayi veil reoric { I - 1 istOria Coulomb elossmers. inexistente Ensino Uso de Formulas = K o (q i (1 2 )/r2 Formalizado { Livro didatico N50 acessivel lransmisstio Utilidade Formacao 2- Consideraceies finais: 0 use do Quadro Sit -16de° nos proporcionou um reconhecimento de modo geral das concepcOes que estao intimamente ligadas ao conceito de campo eletromzumetico. Este trabalho nos parece como Lima "lotografia" ampliada de um grupo de dados que retrata con] grande riqueza os varios significados que a linguagem possui para descrever um conceito. 123 Para tanto tambem usamos como parametro de analise as teorias de Henry Wallon e L.S. Vygotsky, pois percebemos a necessidade de fazer uma relacao corn as concepcoes que estes autores assumem quanto a formacao do conhecimento humano. 0 conhecimento segundo Vygotsky e resultado da mediacao entre o mundo cultural e o individuo. Ele estabelece-se na interacao do ser human° corn o mundo social, portanto o universo simbOlico é construido a partir de uma interpretacao do mundo real. Para Wallon é importante na construcao do conhecimento a relacao do individuo emocional, essa inter-relacao é adquirida no momento que ha uma comunicacao entre os individuos. Como consequencia para o Ensino temos principalmente a necessidade de se estudar como as varias concepcOes que os alunos possuem interferem de modo significativo na aprendizagem de urn conceito, isto é, como convivem as concepcOes cientificas e as expontaneas no universo do aluno. Quanto ao papel da histaria, ela é urn veiculo de analise dos passos dados na consolidacao dos conceitos atualmente usados e tambem propicia uma retomada das concepcOes originais que formaram as bases conceituais dos varios estudos na Fisica. Dentro dessa perspectiva Vygotsky chama atencao para o papel do professor dentro do ambiente escolar como urn mediador entre o mundo real e o conhecimento acumulado historicamente e socialmente na construcao do conhecimento cientifico. 3- Bibliografia: 1. Vygotsky, Lev Semenovich — Pensamento e Linguagem — Traducao de Jefferson Luiz Camargo; Revisao Tecnica Jose Cipolla, Sao Paulo, Martins Fontes, 1983. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Wallon, Henry — Do Acto ao Pensamento — Ensaio de Psicologia Comparada — Editora Portugali. Dantas, Pedro da S. — Para conhecer Wallon — Uma psicologia dialetica — Editora Brasiliense, 1983. Hamburger, Amelia Imperio — "Epistemologia da Fisica para a formacao de Professores", Suplemento Ciencia e Cultura, vol. 37,n.7,p.205, 1985 — PublicacOes IFUSP/ p. 789, SP. Bernal, J. D. — Ciencia na HistOria — Volume III e IV, Editora: Livros Horizonte, 1969. Andre, Marli Eliza Dalmazo Afonso de — Etnografia da Pratica Escolar — Campinas, Sao Paulo: Papirus, 1995. Berkson, William — Las Teorias de Los Campos de Fuerza — Desde Faraday hasta Einstein — Alianza Universidad, 1985. PAINEL 2.3 - ATIVIDADE PRATICA E FUNCIONAMENTO DE TEXTOS ORIGINAIS DE CIENTISTAS NA w SERIE DO ENSINO FUNDAMENTAL Erika Regina Mazena l e Maria .lose P. M. de Alnwida' 'Iniciacao Cientifica/FAPESP - gepCE, FE-Unicamp. Rua Jose Ramos Catarina 135 - Parque Tropical - CEP 13060-530 - Campinas, SP [email protected] icamp.br 'gepCE. FE-tin icamp. Cx.P. 6120 - CEP 13081-970 - Campinas, SI'. [email protected] Introducao Na interacao do homem coin a natureza e corn outros homens, a linguagem falada e escrita desempenha papel fundamental. Sua producao atraves de sinais (signos) é urn processo complexo que associa actIstica (referentes) corn conceitos (significados). Na atividade psicolOgica os signos sao mediadores nas relacOes do homem corn o mundo. Eles representam a realidade e podem referir-se a elementos nao presentes nessa realidade. Dessa forma as relacOes mediadas por signos nao sao diretas; Almeida (1995). 0 homem tambem constroi metalinguagens para falar sobre a linguagem e produzir sistemas de significados caracteristicos dos diferentes campos de conhecimento. Muitas dessas metalinguagens empregam a linguagem comum, mas a fisica atual usa simbolos (signos) abstratos para produzir e divulgar seu conhecimento. Essa linguagem formal, ou linguagem matematica da fisica, é considerada por um grande nUmero daqueles que tentam internalizar os saberes por ela produzidos, como urn dos principals obstaculos. E bastante comum que as dificuldades nao sejam efetivamente enfrentadas atraves de acOes que facilitem a internalizacao. Ao inves disso, principalmente no ambito escolar, estabelecem-se relacoes simuladas, em que predominam acOes mecanicas, nas quais o estudante serve-se dos simbolos, sem compreender o seu significado. Trabalhos ja realizados Em trabalhos anteriores (Mozena & Almeida), nos inteiramos de algumas implicacOes do use de textos em linguagem comum na 8' serie do ensino fundamental. No projeto "Linguagem Comum e Linguagem Formal no Ensino do Conhecimento de Fisica" foi desenvolvida uma serie de 13 aulas sobre o terra "Luz e Outras Formas de Radiacao Eletromagnetica", coin urn conjunto de textos em linguagem comum, videos e aulas expositivas. A partir dessas aulas, durante o trabalho corn textos em linguagem comum, utilizando questionarios, foi coletado material escrito por alunos da 8" serie do l' gran. Atraves da analise desse material verificamos a necessidade da escolha adequada dos textos, pois muitas vezes podem levar o aluno a generalizacOes indesejaveis; a necessidade de cobrancas diferenciadas do 124 esquema certo-errrado comumente adotados nas escolas, pois urn mesmo texto admite diversas leituras, assim como verificamos a importancia da construcao da histOria de leitura dos alunos, contribuindo para uma visa° mais global do conhecimento produzido pela fisica. Proposta deste trabalho Verificando, durante a analise desse trabalho anterior, a excessiva caracterizacao da luz pelo seu modelo corpuscular por parte dos alunos e acreditando na importancia de se inserir no ensino de fisica como a ciencia se faz, Pessoa (1996), propomos neste trabalho a elaboracao, aplicacao e analise do funcionamento, em aulas da serie do ensino fundamental, de urn instrumento composto de texto original de cientista e atividade pratica, o qual envolva os modelos ondulatorio e corpuscular para a luz e as divergencias entre os cientistas Christiann Huygens e Isaac Newton. Os textos originals de cientistas Escoihemos dois trechos pequenos dos originais traduzidos de Huygens (1986) e Newton (1996). A Atividade prAtica Tendo lido o experimento de duas fendas de Young (realizada entre 1800-1804) urn dos primeiros a questionar a teoria corpuscular de Newton entao comumente aceita, elaboramos uma atividade pratica a qual seria uma versa° mais moderna deste fenomeno: o experiment° corn duas fendas utilizando uma ponteira laser. Procedimentos para a obtencao de informacOes Apos a elaboracao da atividade pratica e escolha dos textos originais e posterior planejamento de urn conjunto de tres aulas sobre o modelo corpuscular e ondulatOrio para a luz, aplicamos essas aulas em duas escolas de Campinas, nas quaffs coletamos material escrito dos alunos assim como filmamos em video todo o desenrolar da aplicacao do projeto. Referencias teericos Pautamos nosso trabalho na leitura de Orlandi (1994) e utilizamos uma visao de ciencia baseada em ciencia normal, crise e revolucao como pensado por Kuhn (1977). Primeiras impressOes A partir da aplicacao das aulas e do contato corn os alunos, as primeiras impressOes levam a acreditar num trabalho significativo do ponto de vista da internalizacao do conhecimento de fisica pelos alunos, atentando para o fato de que a leitura de textos originais provavelmente é mais aproveitada pelos estudantes, quando estes tern alguma historia de leitura formada sobre o assunto de que o original trata. No XIII SNEF, apresentaremos todos os resultados obtidos. Projeto "Mediacao do Contend° Fisico: RelacOes entre o funcionamento de textos e representacOes dos professores" coordenado por Maria Jose P. M. de Almeida, corn apoio do CNPq. As aulas referentes ao projeto foram desenvolvidas pela professora Sandra Fatima Carrara. Referencias Bibliograficas I. Almeida, M.J.P.M. (1992) Ensino de Fisica: Para Repensar algumas concepcOes. Cad.Cat Ens. Fis. 9 (I), pp. 20-26. (1995). Mediation by texts and teachers's representations in physics education. In 2. Carlos Bernardini et al. Thinking Physics for Teaching, New York: Plenum Press. (1996) A Luz: Enfoque no Ensino Medio e RepresentacOes. Pro-PosicOes, vol. 7, n' 3. 1[19], 34-39. 4. Almeida, M.J.P.M. e Ricon, A. E. (1993) Divulgacao cientifica e texto literario - uma perspectiva cultural em aulas de fisica. Cad.Cat.Ens.Fis., vol.10, n'l:pp. 7-13. 5. Braun, L.F.M.; Braun, T. (1994). A montagem de Young no estudo da interferencia, difracao e coerencia de fontes luminosas. Cad.Cat.Ens.Fis, v.1 I, n' 3: pp. 184-195. 6. Carvalho, A.M.P. (1996) 0 use do video na tomada de dados: pesquisando o desenvolvimento do ensino em sala de aula. Pro-PosicOes vol 7, I, pp.5-13. 7. Castro, R. S. e Carvalho, A.M.P. (1992) Historia da ciencia: investigando como usa-la num curso de segundo gran. Cad.Cat.Ens.Fis,, vol.9, n'3, pp.225-237. 8. Einstein,A. Infeld,L ( I 988).A evolucao da fisica, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., pp.8 I - I 03. 9. Geraldi, J.W. (1984) Pratica da leitura de textos nas escolas. Leitura, Teoria e Pratica„ n'3, pp. 25-33. 10. Guesne, E. (1989) La luz, In R. Driver; E. Guesne; A. Tiberghien, Ideas cientificas em la infancia y la adolescencia. Madrid: Ediciones Morata , S.A. , pp. 31-91. 11. Huygens, C. (1986) Tratados Sobre a Luz. Traducao: Roberto Martins. Cad.His.Fil.Cie., suplemento. 125 12. Kuhn, T.S. (1977) A funcao do dogma na investigacao cientifica. In de Deus, .D. A critica da dada. Rio de Janeiro : Zahar Editores, pp. 51-80. 13. Mozena, E.R. Almeida, M.J.P.M. (1998). Leituras em Linguagem Comum no Ensino do Conhecimento de Fisica. Caderno de Resumos do VI EPEF, FlorianOpolis, pp. 254-256. 14. Newton, I (1996) Optica traducao Assis, A.K. Sao Paulo; Edusp. 15. Orlandi, E.P. (1984) As historias das leituras._Leitura, Teoria e Pratica n 23, pp.7-9. (1988) Discurso e leitura. Sao Paulo: Cortez. 16. 17. Pessoa, Osvaldo (1996) Quando a abordagem histOrica deve ser usada no ensino de ciencias? Ciencia & Ensino jornal semestral do grupo gepCE - FE, Unicamp, n () I pp. 4-6. 18. Ricon, A. E e Almeida, M.J.P.M. (1991) Ensino de fisica e leitura. Leitura,teoria e pratica_, ano 10 n 2 18: pp. 7-16. PAINEL 2.4 - HISTORIA DA CIENCIA NO ENSINO MEDIO: NECESSIDADE DE MUDANcA Andreia Guerra: lair° Freitas2: .lose Claudio Reis' e Marco Antonio Braga' i COPPE/UFR.I — TEKNE: 2 HOCRUZ — TEKNE: 'COPPEMER.1 —"117.KNE: 'cuff-RJ -TEKNE Estamos hoje sob a iminencia de indicativos de uandes mudancas no ensino de segundo gran, que passa a ser denominado ensino medio. 0 grande conceito das novas diretrizes é a "interdisciplinaridade". Sem querer entrar numa polemica sobre a forma como mais uma vez chegam as mudancas na escola sobre a "cabeca" do professor, gostariamos de analisar como tal conceito pode ser incorporado a pratica do ensino de fisica. 0 ensino de fisica, nao a sua pesquisa, tern se caracterizado pelo formalism° matematico desprovido de significado. Ele resume-se a uma sequencia ordenada de maneira supostamente didatica, a partir de uma visa° de ciencia muito bem definida. A fisica é vista como urn conhecimento desprovido de qualquer metafisica ou de necessidade de justificacao de suas praticas, visto que seus "sucessos" a imputam o carater de verdade inquestionavel. Diante da apresentacao de uma ciencia neutra, "limpa" de conflitos, de incertezas e diante de tantos cientistas geniais resta pouco para os alunos se nao contempla-la ou odia-la. Nas dual posturas, temos urn distanciamento dos estudantes em relacao a Fisica. Nao tera valor para nenhum tipo de estudante aprender urn emaranhado de conceitos e teorias fisicas que nao Ihes ajudard a compreender e interferir no mundo que Ihes rodeia. Para mudar essa situacao, devemos possibilitar aos alunos o entendimento da Fisica como urn conhecimento construido historicamente por homens que estavam inseridos num contexto sOcio-cultural. Por isso nab podemos ver o desenvolvimento da Fisica fora do contexto historic°, continuando a privilegiar a organizacao meramente didatica dos contendos, mantendo corn isso urn ensino "pasteurizado". Aqui vale ressaltar que o ensino de fisica desprovido de sua historia é tambem fruto de um apagamento proposital de sua metafisica, heranca do projetOlaplaciano-iluminista de crenca incondicional no conhecimento ciertifico. Tal projeto foi incorporado aos curriculos de fisica ainda no inicio do seculo XIX e perdura ate hoje. NA° cabe aqui aprofundar como se deu todo esse processo, pois a extensao do trabalho nao perm ite. A introducao de uma abordagem historico-filosefica para o ensino de fisica possibilitara ao estudante tomar contato com urn conhecimento que ele deve entender e incorporar como uma ferramenta para compreender o mundo. Tal afirmacao se reverte cada vez mais de urn significado profundo, visto vivermos em uma sociedade onde a ciencia exerce papel de destaque enquanto forca de transformacao social. S6 que as transformacOes por ela implementadas devem passar pela analise critica do cidadaos que irao sofrer suas consequencias. A introducao da historia da ciencia no ensino de fisica devera ter a finalidade de ampliar a visa° da ciencia como mais um element° que contribui para o desenvolvimento historic°. E importante chamar a atencao para o fato de que nao estamos propondo substituir o ensino da Fisica pelo de sua histOria, mas temos clareza de que nao tern nenhum valor ensinar Fisica sem uma abordagem histOrico-filosOfica. Oruro aspecto que gostariamos de enfatizar é que ao ser apresentado a histOria do conceit() que vai trabalhar os estudantes tern mais facilidade de compreender tal conceito. Alem disto, eles conseguirao identificar quais sao os principals aspectos das teorias que estudaram. Desta forma, estarao mais aptos a construir urn conhecimento organic° que Ihes possibilite melhor comPreensao do mundo. Retomando a questa° da interdisciplinaridade, a qual nos referimos anteriormente, pode-se dizer que varias sao as formas de abordar esse assunto. Entendemos que a melhor forma de implementar uma pratica interdisciplinar é atraves de uma analise de como os diferentes conhecimentos, cientificos ou nao, foram e sac) construidos ao longo da histOria. Todos os contendos podem ser estudados a partir de uma abordagem historico-filosOfica, uma vez que todos tern uma histOria. Essa forma de abordar a interdisciplinaridade é mais adequada pois os estudantes poderao conhecer os processor de construcao histOrica dos diferentes dominios do conhecimento. Perceberao, tambem, as 126 diferencas metodolOgicas entre cada campo do conhecimento, aprendendo a nao privilegiar uma em detrimento das outras, visto que nenhuma forma de interpretar o mundo possuiu a verdade Ultima sobre a natureza. Nesse sentido, apresentaremos algumas praticas pedagOgicas que vem sendo desenvolvida pelo grupo em diferentes escolas do Rio de Janeiro. Em tais praticas, temos trabalhado corn temas pouco comuns como: as relacOes entre ciencia e arte, ciencia e literatura. Isso se deve ao fato de que o aparente inusitado dessas relacees ajuda nossa proposta de apresentar a ciencia como uma ferramenta que possa efetivamente ajudar a compreender o mundo sobre todos os seus aspectos. PAINEL 2.5 - A NATUREZA DA CIENCIA EM EPISODIOS DA HISTORIA DA CIENCIA: ANALISE DE NARRATIVAS Ruth Marina L. Ribeiro i e Isabel Martins' 1 UFMG/ FAE; E-mail: [email protected]; 2 UFMG/CECIMIG; E-mail: [email protected] Justificativa: Este trabalho e parte - de uma pesquisa maior que pretende discutir as possibilidades de ensinar sobre Natureza da Ciencia atraves da analise de narrativas envolvendo episOdios da HistOria da Ciencia presentes em recursos paradidaticos, freqiientemente na forma de textos para leitura. Acreditamos que discussOes dessa natureza sao fundamentais para a formacao do cidadao, uma vez que contribuem nao so para o rompimento da fragmentacao do curriculo como tambem favorecem a compreensao dos processos da ciencia, tornando a ciencia escolar mais significativa. E desejavel que em sua formacao, o individuo compreenda como a ciencia evolui e se desenvolve e tenha consciencia de que este desenvolvimento nao é linear, ou seja, tern idas e vindas. Aprender ciencia é tambem ter urn conhecimento ainda que minimo, das questOes envolvidas no fazer ciencia. E nesse sentido, a HistOria da Ciencia tern muito a contribuir. Segundo Solomon (1995), podemos citar, entre outros, os seguintes beneficios possiveis corn o ensino de ciencias atraves de sua HistOria: melhor aprendizagem dos conceitos; aumento do interesse e da motivacao; introducao a filosofia da ciencia; compreensao das relacOes sociais da ciencia. A visao das narrativas: E importante reconhecer as varias possibilidades apontadas pela literatura para que possamos aproveitar os elementos que nos possam ser iiteis, auxiliando na adaptacao das diversas tecnicas disponiveis para o contexto do nosso estudo. Nossa analise visa, portanto, proporcionar urn melhor entendimento dessas narrativas, possibilitando uma visao mais ampla de seu potential para o ensino de ciencias, contribuindo para a percepcao de tais textos como veiculos de contelldo, indo alem da dimensao meramente informativa. Fundamentamos nossas analises recorrendo a discussOes sobre a analise de narrativas provenientes de varias disciplinas, entre elas a antropologia, a psicologia, os estudos culturais e o ensino de ciencias. A diferenca entre cronica - relato de uma seqiiencia de eventos - e histOria - eventos trabalhados para constituir uma narrativa explanatoria, é apresentada por Hayden White, numa discussao sobre narrativas autobiograficas. No nosso caso, estamos interessados nas versOes sobre Historia da Ciencia relatadas nos materiais paradidaticos e a possibilidade de, a partir delas, construirmos explicacOes, transcendendo o carater meramente informativo de uma seqiiencia de eventos atraves de uma discussao da lOgica que os estrutura. Desejamos tambem levar em consideracao a experiencia anterior, o conhecimento organizado e as expectativas sobre o mundo e seus eventos, tanto do narrador como do ouvinte. Aqui, modelos psicolOgicos como os "scripts" - "estruturas de conhecimento que descrevent eventos rolineiros, pre-determinando segnencias de avies que delinent 11177(1 sitztaccio" (Schank, 1975, segundo Cortazzi, 1990), podem ajudar a compreender o papel de falhas de expectativas ou como a apresentacao de situacOes nao intuitivas cria uma diferenca que exige explicacao, por exempto na forma de uma estOria, isto é, urn conjunto de acOes coordenadas que fazem sentido 1111M dado contexto. A preservacao e a difusao da cultura produzida por determinado povo, sac) caracteristicas enfatizadas pela antropologia como uma das possiveis funcOes das narrativas, o que tambem e verdade no meio cientifico: as narrativas divulgam e preservam a cultura (cientifica), refletindo sua linguagem, valores, crencas, visao mundo. Estudos recentes sobre explicacOes (Ogborn, Kress, Martins e McGillicuddy, 1996), propOem que é possivel pensa-las como sendo ester - las nas quais atores desempenham seus papeis. 0 papel das narrativas tambem discutido como recurso para transformar, re-contextualizar o conhecimento, isto é, adapta-lo as necessidades e caracteristicas de diferentes audiencias corn diferentes interesses e necessidades de informacao. Ha ainda discussOes sobre a relacao entre a veracidade dos fatos narrados e a lOgica que garante a coerencia interna da narrativa. No caso das narrativas sobre HistOria da Ciencia encontradas em alguns livros didaticos, é comum encontrarmos a descricao. de fatos cuja veracidade e no minimo duvidosa, como o caso de Newton corn a queda da maca. Bruner (1986), aponta um caminho interessante ao sugerir que o poder de 127 convencimento das narrativas é devido, em grande parte, a sua coerencia, sua estrutura cronolOgica, sua verossimilhanca, ainda que a veracidade dos fatos que elas descrevem seja questionavel. Estamos interessados tambem na possibilidade de que as narrativas criam no leitor/ouvinte uma expectativa por urn desfecho, despertando seu interesse pelo "final da estOria", o que nao acontece corn os argumentos cientificos. Descried() do Trabalho: Neste trabalho analisamos narrativas extraidas de materials paradidaticos de dois pontos de vista: urn, descrito acima, é o das narrativas. 0 outro, é o da Natureza da Ciencia, segundo o qual, buscamos, nestes materiais, a descried() e a discussao de aspectos relacionados a mesma, em geral identificados na literatura (Alters, 1997; Driver, 1996). Para o contexto deste trabalho, estamos entendendo como materiais paradidaticos, nao apenas os livros dessa natureza publicados pelas diversas editoras, mas tambem pequenos fragmentos, capitulos por exemplo, extraidos de livros de divulgacao cientifica, que em sala de aula podem adquirir esta funcao (paradidatica), cuja caracteristica basica e, alem de buscar o aprofundamento de questOes/ assuntos tratados nos materiais didaticos, tambem ampliar o conte6do destes, incluindo discussOes nao apresentadas nos mesmos. Nossa °Ka° pelos paradidaticos, deve-se, em parte, ao fato de que semelhante analise em livros didaticos, revelou-se bastante pobre, no sentido de que o material disponivel nestes livros quase nada revela sobre a Natureza da Ciencia, ou o faz de modo bastante superficial. Acreditamos que corn os paradidaticos isso seja diferente devido as suas caracteristicas. Alem disso, as escolas da rede pUblica recebem anualmente verba do FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educacdo), a qual deve necessariamente ser destinada para aquisicao de material permanente para as escolas, incluindo-se ai livros para completar o acervo das bibliotecas escolares. Dessa maneira, é possivel viabilizar o trabalho corn este tipo de material nas escolas que assim o desejarem. REFERt‘NCIAS BIBLIOGRAFICAS: In: Journal of Research nature of science? in Brian J. Whose I. Alters, Science Teaching. Vol. 34, n° I, pp 39-55, 1997. "). Bruner, Jerome. Acts of Meaning. Cambridge, Massachussets: Harvard University Press, 1990. 3. Cortazzi, Martin. Narrative Analysis. London: The Falmer Press, 1993. 4. Driver, R.; Leach, J.; Millar, R.; Scott, P. Young People's' Images of Science. London: Open University Press, 1996. 5. Edwards, Derek. Discourse and Cognition. London: Sage, 1997. 6. Vilares Gancho, Candida. COMO Analisar Narrativas. 4" ed. S. Paulo: Ed. Atica, 1997. 7. Ogborn, Jon et alii. Explaining Science in the Classroom. London: Open University Press, 1996. 8. Solomon, Joan. Teaching about the Nature of Science through History in: Jennison, B.; Ogborn, Jon (Ed.). Wonder and Delight: essays in science education in honour of the life and work of Eric Rogers. London: Institute of Physics Publishing, 1995. cap. 3, p. 30-42. PAINEL 2.6 - E POSSIVEL LEVAR A FISICA QUANTICA PARA 0 ENSINO MEMO?* e Joao Zanetic / IFUSP 2 Alexandre Cusnidio Pinto / 'Aluno dc eraduacilo do IFtJSP c bolsista P1131C/CNN - e-maitalecustodioPleudoramaidcom 'Professor do Institute de Fisica - IFUSP Corn o objetivo de contribuir para a reflexao sobre a busca de uma "identiclacle para o ensino de Fisica" elaboramos este trabalho que apresenta algumas atividades que desenvolvemos para a verificacdo da possibilidade de insercdo da Fisica Quantica no ensino medio. Nosso trabalho apresenta uma experiencia educational, desenvolvida ern uma escola da rede p6blica de ensino, que nos permitiu identificar algumas das principals dificuldades relacionada a introduedo da Fisica Quantica no ensino medio. Dentre as dificuldades encontradas, destacamos: a dificuldade de leitura dos estudantes do ensino medio e a falta de material didatico apropriado. Faz-se necessario (re)elaborar textos corn uma linguagem adequada a esta realidade, nao so para a introducdo da Fisica Quantica mas para todas as disciplinas do Ensino medio; a importancia de enfatizar a atividade experimental para o confronto corn o conhecimento teorico, ligando o empirico ao rational sem uma sobrevalorizacdo de uma (Mica forma de abordar o conceito; a (re)valorizaedo do formalismo da Fisica e da descried° matematica. Percebemos a necessidade de enfatizar tambem a importancia fundamental da descried° matematica para a Fisica, dando a ela seu verdadeiro significado, sem contudo aceitar o formulismo tradicionalmente presente na Fisica do Ensino medio; e a necessidade de atingir atraves de atividades diversificadas aqueles alunos que nao se interessavam pela Fisica quando seu ensino exclui o aspecto cultural. 128 A nocao de Perfil Epistemologico, de Gaston Bachelard, é utilizada como referencial filos6fico (Animismo, Realismo, Racionalismo, Racionalismo Completo e Racionalismo Discursivo) e como urn instrumento pedagOgico, permitindo integrar diferentes percepcOes para um mesmo conceito fisico. Desenvolvemos urn instrumento (teste) que permitiu esbocar o perfil epistemologico do alunos envolvidos corn o projeto. Alem de propiciar o estudo de conceitos da Fisica moderna, a experiencia permitiu que os alunos interagissem com uma Fisica associada a outras formas da producao cultural contemporanea. 0 esboco do perfil epistemolOgico, mais do que desvelar a presenca de diferentes concepcOes filosoficas, permitiu apresentar aos alunos urn referencial histOrico e filosOfico como suporte para as novas concepcOes da natureza, trabalhando o conflito conceitual entre as concepcOes espontaneas e as diversas interpretacOes do formalism° presente nas Fisicas Classica e Moderna. Diferentes formas de expressao humana como a literatura, a arte, a mOsica e a pintura compOem uma estrategia de ensino que permite apresentar a Fisica como cultura, procurando despertar o interesse de urn nOmero major de estudantes. A HistOda e a Filosofia da Ciencia sao os eixos principals desta nova estrategia de ensino: objetivando a constituicao de competencias e habilidades que permitarn aos alunos compreender a Fisica como construed() humana, entendendo como ela se desenvolveu por acumulacao, continuidade ou ruptura de paradigmas; relacionando o desenvolvimento cientifico corn a transformacao da sociedade; procurando ressaltar diferentes procedimentos metodolOgjcos, mudancas conceituais, novas interpretacOes de velhos resultados, crencas e dOvidas, consecitiencias filosOficas e sociais e os principals personagens envolvidos; e abordando o estudo de alguns textos elaborados pelos fisicos fundadores da Mecanica Quantica, dando atencdo especial aos textos onde eles mostram preocupacOes hist6ricas, epistemolOgicas e de divulgacao. Particularmente os trabalhos de Bohr, Einstein, Heisenberg e Gamow. Alem da experiencia educacional indicamos, neste trabalho, o conteado que pretendemos abordar no material didatico que estamos elaborando para a capacitacdo de professores do ensino medio, corn o intuito de recebermos criticas e sugestOes: sobre o nascimento da Fisica Quantica: os antecedentes histericos; a radiacao do corpo negro; o artigo de Planck de 1900 e a lei de Planck da radiacao; sobre as propriedades corpusculares da radiacao: o efeito fotoeletrico; a nocao de quantum; a teoria quantica de Einstein para o efeito fotoeletrico de 1905 e a dupla personalidade da radiacao; sobre as propriedades ondulatOrias das particular: os postulados de De Broglie; as ondas de materia; a dualidade onda-particula e o principio da incerteza de Heisenberg; sobre a filosofia da Mecanica Quantica: a interpretacao de Copenhague (Bohr e Heisenberg) e os pontos de vista diferentes (Einstein e De Broglie). * Projeto de iniciacao cientifica financiado pelo CNPq Referencias BibliogrAficas I. BACHELARD, G. (1972) A Filosofia do nao (Filosofia do Novo Espirito Cientifico - Titulo da traducao portuguesa); Editorial Presenca, Lisboa. 2. BACHELARD, G. (1978) 0 novo espirito cientifico. Colecao os pensadores, Abril Cultural, Rio de Janeiro. 3. BACHELARD, G. (1996) A formaciio do Espirito Cientifico. Trad. E. S. Abreu. Ed. Contraponto, Rio de Janeiro. 4. BARBOSA LIMA, L.C. & LINS DE BARROS, M. (1996) Calor e Temperatura a Luz de Bachelard, Caderno de Resumos do V EPEF: 7, Aguas de Lindoia, Sao Paulo. 5. DION, S. N. (1998) 0 dialog() corn documentos originais da ciencia em sala de aula: uma proposta, tese de doutoramento em ensino de Fisica, Faculdade de Educacao, USP, Sao Paulo. 6. FAGUNDES, M. B. (1997) Ensinando a dualidade onda-particula sob uma nova Optica, Dissertacao de Mestrado FEUSP/1FUSP, Sao Paulo. 7. FREIRE Jr., 0. (1990) Estudo Sobre interpretaciies da Teoria Quantica (1927 - 1949) Epistemologia e Fisica, Dissertacao de Mestrado FEUSP/IFUSP, Sao Paulo. 8. FREIRE Jr., 0.(1995) et al - Introducing Quantum Physics in Secondary School, Proceedings of Third International History, Philosophy and Science Teaching Conference, Minneapollis, Vol. 1, 412419. 9. MORTIMER, E. F. (1995) Conceptual Change or Conceptual Profile Change?, Science & Education, 4(3), 267-285. 10. PESSOA, 0. J.( 1996) Introducao conceitual a Fisica Quantica, Notas de aula de urn curso de 30 horas dado na Estacdo Ciencia, Sao Paulo. 11. PINTO A. C. & ZANETIC .1. (1997) A Fisica Quantica no/do Ensino Medio; Monografia de Fim de Curso, Institute de Fisica ,USP, Sao Paulo. 12. PINTO A. C. & ZANETIC J. (1997) E Possivel Levar a Fisica Quantica para o 2"Grau? Trabalho apresentado no V SimpOsio de Iniciacao Cientifica da USP, PrO-Reitoria de Pesquisa, Volume 2, Exatas e Engenharia, Pag. 171. 13. TERRAZAN, E. A. (1992) A insercao da fisica moderna e contemporlinea no ensino de fisica na escola de Ensino medio, Caderno Catarinense de Ensino de Fisica, 9(3): 209-214, Santa Catarina - RS. 129 14. VEIT, E. A. & THOMAS, G. & FRIES, S. G. & AXT, R. & SELISTRE, L. F. (1987) 0 efeito fotoeletrico no Ensino medio via microcomputador, Caderno Catarinense de Ensino de Fisica, 4(2): 68-88, Santa Catarina - RS. 15. ZANETIC, J. (1989) Fisica Tambem é Cultura, Tese de doutorado, FEUSP, Sao Paulo. PAINEL 2.7 - GALILEU E 0 EXPERIMENTO DO PLANO INCLINADO Walter Duarte de Arcnijo Filho e Norberto Cardoso Ferreira Universidade do Sudoeste da Bahia/ Universidade de Sao Paulo E-mail: [email protected]. A metodologia seguida por Galileu no desenvolvimento da Lei da queda de corpos é urn combustive) que alimenta discussOes e interpretacOes das mais diversas, muitas delas revestidas de paixOes e posicionamentos sectarios. Dentro desta perspectiva, aproveitamos os textos originais dos Discursos onde Galileu aborda o estudo do movimento de queda dos corpos corn a descricao minuciosa do experimento do piano inclinado, e reeditarnos este empreendimento, procurando abarcar ao maxim° as condicOes materiais e tecnicas da epoca, preservando na medida do possivel o procedimento metodolOgico galileano na obtencao e na analise dos dados. Desta maneira, procuramos reconstituir o raciocinio seguido por Galileu na elaboracao da referida Lei, vivenciando todas as dovidas e incertezas encontradas por ele em todo este processo. Com relacao ao material utilizado na reedicao do referido experimento, tivemos a preocupacao de trabalhar corn materiais simples, e de facil aquisicao, como: cantoneira de aluminio em U de 2,0 m, bola de bilhar, base de acrilico, suporte em forma de forca, tubo de latex, recipiente plastic°, regua de aluminio, pregador de roupa, seringa de 10 ml e recipiente de vidro. 1- 0 experimento Tomamos a cantoneira de aluminio, dividindo-a em espacos mOltiplos de 0,5 m, tratando de inclina-la com a ajuda do suporte de acrilico sob um angulo de 5 0 . Em seguida fizemos a bola percorrer toda a extensao do piano inclinado determinando o tempo gasto para tanto(Figura 1). Fizemos o mesmo procedimento 30 vezes e calculamos a media aritmetica destes tempos. Efetuamos o mesmo procedimento para todas os demais espacos, construindo em seguida uma tabela relacionando o espaco percorrido em funcao do tempo. Para a determinacao do tempo, utilizamos um dispositivo constituido por urn recipiente de plastic° suspenso por urn suporte em forca cheio de agua corn urn furo no fundo acoplado a um tubo de latex. A agua era extravasada atraves do tubo tendo urn pregador de roupa preso na sua extremidade para a interrupcao do fluxo de liquido, e coletada numa seringa graduada e ml, onde fazia-se a leitura do volume. Devemos ressaltar que o dispositivo acima descrito nao oferece uma leitura de tempo como nets estamos acostumados , mas constitui urn modo perfeitamente valid° de avalia-lo devido a proporcao direta do volume de liquido extravasado com o tempo decorrido, desde que a variacao do volume de liquido do recipiente seja desprezivel em relacao ao volume total. Salientamos, que a quantidade de liquid() coletado por Galileu originalmente foi pesado, diferentemente do nosso procedimento, cuja leitura do volume foi realizada diretamente na seringa graduada, facilitando sobremaneira nosso trabalho. 2 - 0 tratamento e a interpretacao dos dados A partir dos dados obtidos, comecamos a verificar a dependencia do espaco em relacao ao tempo. Galileu antes de fazer esta conjectura, defendia a proporcionalidade do espaco corn a velocidade, levando em conta basicamente o fenomeno da forca de percussao, ou seja, urn corpo grave solto de uma determinada altura percutia corn major intensidade quanto major fosse a altura de queda. E este fenomeno para ele estava basicamente associado a major ou menor velocidade. Galileu, em um dos trechos dos discursos, reconhece que estava errado, e mostra a razao do seu erro atraves de uma interessante argumentacao, na terceira jornada do Discorsi. Dal, Galileu refez seu ponto de vista e comecou averiguar a dependencia do espaco corn o tempo. Uma questa° fica em aberto: Galileu chegou a formulacao final da lei, antes, ou depois da experiencia?. Analisando os dados coletados no nosso empreendimento, nao e dificil perceber a vinculacao do espaco corn tempo; o tempo gasto para a bola percorrer urn espaco maior (1,0 m) é maior que o gasto para percorrer um espaco menor (0,5 m). Resta agora, estabelecer o tipo de relactio matematica entre as duas grandezas. Utilizando o calculo das proporcOes (amplamente explorado por Arquimedes) e sobretudo por Galileu, urn assumido seguidor do matematico a que nos referimos, podemos procurar a constante de proporcionalidade entre as grandezas (espaco e tempo). E perfeitamente possivel que Galileu tenha tornado a proporcao do espaco corn o tempo, espaco com o quadrado do tempo(razao dupla do tempo, usando a terminologia da epoca) e assim por diante e constatado que a constante de proporcionalidade para cada espaco diferente, se aproximava ou quase coincidia com as demais quando a dependencia era do segundo grau, levando-se em coma os erros cometidos na obtencao dos dados. 0 processo torna-se mais claro analisando os dados da Tabela abaixo, onde K representa a constante de proporcionalidade entre as grandezas mencionadas. 130 Espaco 0,5 1 1,5 2 Constante de proporcionalidade 0,043 0,040 0,041 0,037 0,5/(3,4) 2 =0,043 = K 1 2 = 0,040 = K21,0/(5) 1,51(6,0) 2 = 0,041 = K3 2,0/(7,3) 2 = 0,037 = K4 Ainda assim, a resposta a questao anterior, nao nos parece Clara. A procura desta resposta representa o combustive! que viceja as interminaveis discussOes sobre a epistemologia galileana, muitas das quais impregnadas de paixeies e posicionamentos assimetricos em relacao ao modo de se fazer ciencia. Em todo este embate, ha. espaco para interpretaceies mais flexiveis, onde nao sao excluidos modos ou maneiras de se chegar ao verdadeiro conhecimento. Seguindo esta Huila é que filosofos da ciencia como Geymonat dentre outros, tem tornado as discussOes muito mais ricas e interessantes, a partir do momento em que nao se advoga uma metodologia rigida e cimentada no processo de desenvolvimento da ciencia. E inegavel que Galileu privilegiou em determinados momentos o raciocfnio, a logica, na tentativa de interpretar a natureza. Isto se manifesta de maneira Clara no seu vasto legado cientffico, representado por suas obras, muitas das quais dotadas de demonstracOes belissimas, e de rigor logic° invejavel, com consideracifies impossiveis de serem representadas no mundo real, so no campo da idealizacao. Mas, nao reconhecer a importancia da experimentacao no desenvolvimento de sua fisica, é urn posicionamento ao nosso ver equivocado. Analisando os textos originais, podemos concluir que muitos dos experimentos realizados por Galileu, tinham o objetivo de materializar as deducOes !Ogle° matematicas, ou seja, rnostrar que a natureza se comportava de acordo corn estas leis obtidas atraves do raciocinio, do exercicio do pensamento. Mas isso nao os torna menos importantes. Muitas conclusOes foram tiradas a partir de extrapolacOes tendo por base a vivencia experimental, como por exemplo, o isocronismo pendular, ou seja, o period() de oscilacao de urn pendulo que independe de sua massa, cuja constatacao segundo especulacOes histOricas, foi obtida atraves de observacOes cuidadosas da oscilacao de urn lampadario de uma determinada igreja ou a afirmacao que os corpos em queda estao sujeitos a mesma lei, nao importando a inclinacao do piano inclinado, e que o movimento de queda livre é urn caso limite em que o piano possui uma elevacao maxima, desprezando evidentemente os fatores de amortecimento representados pelo contato da esfera corn o piano e pela resistencia do ar, fato que foi demonstrado por Robert Boyle, trinta anos depois, fazendo vacuo num cilindro e mostrando que em tal vacuo todos os corpos caem corn velocidades identicas nao importando suas caracteristicas de massa, forma ou tamanho. Alem disso, Galileu inovou a forma de se estudar a natureza, desenvolvendo uma metodologia de observacao e analise dos fenomenos naturais, antes baseado a partir da observacao pura e simples (sensocomum). A pura experiencia dos sentidos passou a ser tambem uma atividade de reflexao e raciocinio. As observacao do cotidiano foi substituido por uma atividade planejada e estudada a luz de um corpo teOrico previamente elaborado, o que hoje chamamos de experimentacao ou uma interpretacao metOdica e racional da natureza baseada em uma linguagem apropriada para a formulacao de perguntas e a interpretacao das respostas. Enfim, a originalidade da metodologia galileana esta na forma de observacao dos fenomenos naturais, ou seja, a combinacao da deducao logica, da analise matematica e da experimentacao. Esta maneira de fazer ciencia, levou certamente Galileu a descoberta e a posterior demonstracao da lei de queda dos corpos. Galileu reconheceu que outros antes dele haviam observado que o movimento natural da queda de urn grave é continuamente acelerado. Mas afirmou que tinha sido seu merit° descobrir a proporcdo na qua( essa aceleraccio ocorre. E orgulhava-se de ter sido o primeiro a descobrir que os espacos percorridos na queda, eram proporcionais a razao dupla dos tempos, que é a sintese da lei de queda dos corpos. O fenomeno galileano é essencialmente muito complexo, e qualquer tentativa de torna-lo previsivel dentro de uma concepcao simplista, pode levar a conclusOes erroneas. Galileu no desenvolvimento do seu raciocinio transitava livremente entre o concreto e o abstrato tendo a intuicao participado de maneira determinante na escolha deste ou daquele caminho no desenvolvimento da sua maneira de interpretar a natureza. Ao reeditarmos o experimento do piano inclinado segundo a descricao do prOprio Galileu, pudemos reconhecer a grandeza do seu intelecto, e o quanto ele estava avancado em relacao ao seu tempo. 0 ato de experimentar simplesmente foi substituido por uma maneira de dialogar racionalmente corn os dados objetivos captados pelos sentidos. Foi Galileu quem pela primeira vez, submeteu as leis do movimento a prova do rigor da experiencia e demostrou que podiam ser aplicadas ao mundo fenomenologico. Se esta parece ser uma obra de pouca importancia, recordemos que os principios fisicos usados por Galileu eram conhecidos desde meados do seculo XIV, mas ninguem, no espaco de 300 anos, foi capaz de compreender como relacionar tais abstracoes coin o mundo real. Talvez aqui se evidencie melhor o carater particular deste genio que combinou o ponto de 131 vista matematico do mundo corn aspectos empiricos obtidos pela observacao critica dos fenomenos naturais, que traduz a prOpria concepcao do metodo experimental como nos conhecemos hoje em dia. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS I. Drake, Stilman – Galileu. Editora Dorn Quixote - Lisboa, 1981 2. Galilei, Galileu –Duas novas Ciencias–Do titulo original:Discorsi e Dimostrazioni Matematiche intorno a due Nuove Scienze atteneti alla Mecanica ed ai Movimenti Localli. Traducao: Pablo Mariconda. Nova Estela Editora, Sao Paulo, 1988. 3. Geyinomn, Ludovico – Galileu Galilei. Editora Nova Fronteira –Rio de Janeiro,1997 4. Koyre, Alexandre – Estudos Galilaicos. Editora Dorn Quixote – Lisboa, 1986 PAINEL 2.8 - UMA PROPOSTA DE ENSINO DE HISTORIA DA CIENCIA ATRAVES DE TEMAS EXPLORATORIOS Antonio Carlos de Miranda IFUFF - miranda(i)!,ilulTbr 1- Introducao E notoriamente reconhecida, por intimeros pesquisadores, a importancia da HistOria da Ciencia como um dos suportes que permitem aos alunos uma melhor compreensao da prOpria Ciencia; do pensamento e do metodo cientifico; das correntes filosOficas e cientificas; das atividades dos cientistas, do desenvolvimento cientifico, da evolucao dos conceitos cientificos, etc. Entretanto, a HistOria da Ciencia, analisada apenas sob essa perspectiva, estreita suas fronteiras, pois seus valores estao delimitados a um mesmo contexto, isto e, o contexto cientifico, que, de certa forma, autosustenta-se , em outras palavras, ele prOprio é o campo que rege e define valores, conceitos, categorias, dense modo, legitimando-os e dignificando-os, como tal. Contrariamente, tambem Ihe é permitido invalida-los, definindo-os como pseudocientificos, subcientificos, transcendentes. 0 contexto social, isto e, a relacao reciproca da Ciencia — seus valores, categorias, desenvolvimento, "descobertas" cientificas, etc. — corn a sociedade, acrescenta uma nova perspectiva que conjugada ao contexto cientifico permite uma melhor compreensao da Historia da Ciencia. Essa visa° externalista foi adotada, de certa forma, pioneirarnente por Robert Merton, tentaado explicar o desenvolvimento cientifico na Inglaterra. Suas teses, defendendo a estreita relacao entre a sociedade, atraves de urn certo utilitarismo social, e o desenvolvimento cientifico, foram atenuadas e matizadas por pesquisadores como Cristopher Hill, Charles Webster, e outros. Por sua vez, Lakatos afirma que "cada metodologia da Ciencia determina uma demarcacao caracteristica (bem definida) entre histOria externa e interna". Richard Hall, entre outros, "tern davidas sabre a viabilidade da distincao entre a historia da Ciencia interna e externa". Apesar dessa discussao e analise serem importantes, nao nos deteremos nela. Adotaremos a definicao de bistOria externa, simplesmente, como as relacOes entre as atividades dos cientistas e das comunidades cientificas corn o restante da cultura. Certamente, uma definicao limitada, mas torna-se-d o ponto de partida, que tern, na abordagem da Historia da Ciencia, na sala de aula, seu principal objetivo 1 . Inicialmente, e necessario reconhecer que lido é facil estabelecer corn uma certa clareza, de que modo a religiao, a politica, a economia, etc., "interferem" na Ciencia ou no seu desenvolvimento. E ainda, que a demarcacao rigida da dicotomia externalista, internalista nao nos parece adequada para descrever as relacOes entre a Hist6ria da Ciencia externa e interna. E necessario supera-la na busca de relacOes dialeticas entre as atividades do Homem, seja no campo material ou no intelectual. Por outro lado, a abordagem desses temas pelo professor, acrescenta novas dificuldades inerente propria dinamica da sala de aula, que exige temas criativos, motivadores, adequados ao nivel de compreensao dos alunos, etc., e, ao mesmo tempo, devem ser regidos pelas ementas, programas, carga horaria, etc. Desse modo, nas aulas, na maioria das vezes, sao abordados apenas aspectos isolados do contexto social2: Galileu e a Inquisicao, ou ainda, o desenvolvimento dos conceitos de calor, energia e a Revolucao Industrial. Assim, o tema focalizado nao e integrado as varias faces do contexto social, que por sua vez, nao é analisado de forma conjuntural, mas sim desarticuladamente. 2- Uma Proposta de Abordagem Explorateria 2.1- Urn tema central 0 tema escolhido, como exemplo, é urn trecho original de Tartaglia (1500-1557) publicado, ern Veneza (1537), na sua principal obra Nova Scienlia, e que analisa o movimento de urn corpo atraves de urn trinel (canal) que atravessa diametralmente a Terra. ... a opiniao de urn grande nomero de filOsofos era a de que se existisse urn canal aberto de fora a fora atraves da Terra, passando por seu centro, no qual urn corpo se pudesse movimentar, de maneira como explicamos acima, esse corpo pararia subitamente ao chegar ao centro do mundo. Mas essa opiniao, segundo 132 me parece, lido é exata. Longe de parar subitamente ao chegar ao centro, o move!, animado que se achava de uma grande velocidade, ultrapassaria esse ponto, como se tivesse sido lancado num movimento violento, e se dirigiria em direcao ao ceu do hemisferio oposto ao nosso, para, em seguida , voltar na direcao do mesmo centro, ultrapassa-Io novamente, ao chegar a ele, em virtude de um movimento violento que, desta feita, o traria em nossa direcao, dal recomecando ainda a mover-se em movimento natural em direcao ao mesmo centro, etc., diminuindo gradualmente de velocidade ate, enfim, parar efetivamente no centro da Terra". 2.2.1- Exploracao do tema central O tema central sera dividido em sub-temas exploratOrios que deverdo tram a tona os principals "tracos" que permitirao os limites initials da explorac5o temporal e, alem disso, gerara eventualmente novos sub-temas 3 . O limite temporal escolhido coincide corn o periodo de vida de Tartaglia, isto e, 1500-1557, a primeira metade do seculo XVI (na verdade, esse limite é apenas o nticleo initial da abordagem, ele ira expandir-se medida que surgem novos sub-temas). 0 texto de Tartaglia, ao citar "movimento violento" permite a selecdo de um sub-tema: "AristOteles c o movimento natural e violento". Que podera transformar-se, oportunamente, em um tema central a ser explorado. 0 "timer permite abordar a questa° da "Esfericidade da Terra", como urn novo sub-tema. Veneza, por sua vez, a cidade onde Tartaglia, publica a sua principal obra e onde viveu a maior parte de sua vida podera gerar urn sub-tema que aborde suas relaciaes, comerciais, politicas, etc. Portanto, e possivel criar uma rede em que os sub-temas poderaTo gerar novos sub-temas e temas centrals. 0 professor, em conjunto com os alunos, deve decidir os limites convenientes dessa rede 4 , que, em parte, pode ser trabalhada tambem sob a forma de mini-projetos ( em anexo, urn resumo de uma proposta de rede exploratOria). Acreditamos clue atraves da praxis possam surgir paulatinamente altcrnativas que aprimore e aprolunde essa definicAo 2 Geralmente, coin enlase no "clima ambiental de ideias extracientilicas" comp ahrma Kuhn. 3 Nos sub-temas, sempre clue possivel serrio destacados as teorias cientilicas errOneas, ao mesmo tempo, procurando identifica-las corn as concepcoes previas dos prOprios alunos. 4 A medida clue se ampha, cada vez mais os sub-temas WI° tornando-se tambem comuns aos novos "temas-centrais". PAINEL 2.9 - NOTAS SOBRE UMA INVESTIGACAO HISTORICA: AS RAIZES DOS MODERNOS CURRICULOS DE FISICA Marco Antonio Braga CEFET-R.I I FEKNE - e-mail: bragatek(iii,mail.cclet-rj.br O objetivo desse trabalho e apresentar uma atividade de ensino elaborada a partir da evolucdo da ideias sobre a natureza da luz. Esperamos que ela possa ser Otil para aqueles professores que gostariam de utilizar a Historia da Ciencia em seu ensino sem, no entanto, terem subsidios para elaborar atividades que promovam essa aproximacdo. A atividade que elaboramos estava inserida dentro de urn contexto mais amplo. Primeiramente, o topic° discutido - natureza da luz - pertencia a urn curso de Optica corn urn semestre de durac5o, corn 3 aulas por semana de 50 minutos. 0 curso foi ministrado para duas classes, corn 30 alunos cada uma, na qual eu era o professor das turmas. Em segundo lugar, a atividade apresentada integra minha pesquisa de doutoramento pela Faculdade de Educacao da USP, em que eu pretendo investigar como os estudantes desenvolvem as habilidades de discussao e argumentayio durante os trabalhos em grupo. Para a coleta dos dados escolhemos como instrumentos: a gravacao das aulas em video, os trabalhos escritos e os desenhos feitos pelos estudantes. Nosso piano de gravacdo consistiu em fixar a camara em apenas urn 011ie° grupo e obter informacOes de como aquele grupo estava desempenhando a tarefa, discutindo entre seus pares e se desenvolvendo conceitualmente. Para a elaboracao da atividade selecionamos o episOdio marcado pelo confronto entre as ideias de Newton e Huyghens pois, segundo P. Schurmann (1946), nenhuma histbria de teorias cientificas pode mostrar melhor grandes etapas do pensamento cientifico que a histOria das teorias sobre a natureza da luz. Assiut, discutimos corn os alunos como a Ciencia e capaz de buscar explicacOes diferentes para urn mesmo fenomeno natural e como essas explicacOes sao aceitas (ou nao) pelos cientistas. Aleut disso, nao seria exagero afirmar que a luta entre o conceito corpuscular e o ondulatorio so comecou a assumir urn carater cientifico no final do seculo XVII, pois em todo o periodo anterior o descobrimento de fenemenos Opticos e a invenc5o de instrumentos de observacrio foram muito mais fecundos que a elaborayao de hipoteses acerca da natureza da luz. As informacOes a respeito dos conhecimentos Opticos na Antighidade sao poucos frequentes, vagas e mat documentadas, permitindo fazer somente suposicOes ao inves de afirmacOes concretas. 133 Conforme afirmou Cornn ((tow' Schurmann), os antigos filOsofos nao descobriram a complexidade do que se chama a luz; confundiram sob a rnesma denominac5o o que é pessoal ao homem e o que é exterior. Portanto, podemos afirmar que ate o seculo XVII, no houve descobertas significativas sobre a natureza da luz. Ressaltamos tambem o aspecto da autoridade do cientista como urn criterio para aceitacao de uma teoria pelos cientistas como ocorreu no caso da teoria corpuscular de Newton, apesar das evidencias a favor do modelo ondulatorio como no caso da interferencia e da difracao. Cabe mencionar que a atividade desenvolvida satisfaz aos pressupostos de uma metodologia de ensino como investigacao e, portanto, estava baseada na apresentacao de uma situacfto problematica que fosse interessante para os alunos, que envolvessem uma analise qualitativa da situacao, a invenc5o de conceitos e emissfio de hipoteses, o estabelecimento de estrategias de resolucao e a analise dos resultados corn possiveis situacOes de confiito counitivo. Por fim, enfatizamos o papel do professor como orientador da atividade, pois cabe a ele a selec5o dos conteOdos e das tarefas a serene realizadas, a coordenacao das discussOes, a introducao de novas ideias e a sintese das conclusOes alcancadas. As questOes que foram colocadas para os alunos discutirem ern grupo apos a leitura do texto foram as seguintes: 1. Qual o fenOmeno observado corn a luz que contribuiu para a grande aceitacao que a teoria ondulatOria passou a ter? 2. Por que a experiencia de Foucault fez corn que fosse definitivamente abandonado o model° corpuscular da luz? 3. A partir do que voce entendeu do texto a respeito das teorias sobre a natureza da luz, o que voce diria sobre a aceitacao de uma teoria pela comunidade cientifica ? Para o trabalho final pretendemos fazer uma analise da atividade, atraves da transcricAo das falas dos alunos gravadas ern video e do trabalho escrito, escolhendo aiguns episOdios de ensino que explicitem a forma como eles resolveram o problema proposto. PAINEL 2.10 - UMA APROXIMAC Ao ENTRE A HISTORIA DA CIENCIA E 0 ENSINO DE FISICA: 0 DEBATE HUYGHENS-NEWTON EM SALA DE AULA Alarce/o A/ves Burros Eseola dc Aplicacth) da Faculdadc de Lducacao da USP AV. C111 Univcrsidadc. 220 - Travessa Onzc 0550g-900 - RutantA - Cidade llniversitaria mbarrosogVlotmad.com 0 objetivo Besse trabalho é apresentar uma atividade de ensino elaborada a partir da evoluc5o da ideias sobre a natureza da luz. Esperamos que ela possa ser ritil para aqueles professores que gostariam de utilizar a Flisteria da Ciencia em seu ensino sem, no entanto, terem subsidios para elaborar atividades que promovam essa aproximac5o. A atividade que elaboramos estava inserida dentro de urn contexto mais amplo. Primeiramente, o topico discutido - natureza da luz - pertencia a urn curso de optica corn um semestre de duracao, corn 3 aulas por semana de 50 minutos. 0 curso foi ministrado para duas classes, corn 30 alunos cada uma, na coral eu era o professor das turmas. Em segundo lugar, a atividade apresentada Integra minha pesquisa de doutoramento pela Faculdade de Educacao da USP, em que eu pretendo investigar como os estudantes desenvolvem as habilidades de discussao e argumentacao durante os trabalhos em grupo. Para a coleta dos dados escolhemos como instrumentos: a gravac5o das aulas ern video, os trabalhos escritos e os desenhos feitos pelos estudantes. Nosso piano de gravacilo consistiu em fixar a camara ern apenas urn nine° grupo e obter informacOes de como aquele grupo estava desempenhando a tarefa, discutindo entre seus pares e se desenvolvendo conceitualmente. Para a elaboracao da atividade selecionamos o episOdio marcado pelo confronto entre as ideias de Newton e Huyghens pois, segundo P. Schumann (1946), nenhuma historia de teorias cientificas pode mostrar melhor grandes etapas do pensamento cientifico que a historia das teorias sobre a natureza da luz. Assim, discutimos corn os alunos como a Ciencia é capaz de buscar explicacOes diferentes para urn mesmo fenomeno natural e como essas explicacOes sAo aceitas (ou nao) pelos cientistas. Alem disso, nao seria exagero afirmar que a luta entre o conceito corpuscular e o ondulatorio so comecou a assumir urn carater cientifico no final do seculo XVII, pois em todo o periodo anterior o descobrimento de fenomenos Opticos e a invencao de instrumentos de observacAo foram muito mais fecundos que a elaboracao de hipOteses acerca da natureza da luz. As informacoes a respeito dos conhecimentos Opticos na Antiguidade ski poucos frequentes, vagas e man documentadas, permitindo fazer somente suposicOes ao inves de afirmacOes concretas. Conforme afirmou Cornii (amid Schumann), os antigos filosofos nao descobriram a complexidade do que se chama a luz; confundiram sob a mesma denominacao o que e pessoal ao homem e o que é exterior. 134 Portanto, podemos afirmar que ate o seculo XVII, nao houve descobertas significativas sobre a natureza da luz. Ressaltamos tambem o aspecto da autoridade do cientista como urn criterio para aceitacao de uma teoria pelos cientistas como ocorreu no caso da teoria corpuscular de Newton, apesar das evidencias a favor do modelo ondulatario como no caso da interferencia e da difracao. Cabe mencionar que a atividade desenvolvida satisfaz aos pressupostos de uma metodologia de ensino como investigacao e, portanto, estava baseada na apresentacao de uma situacao problematica que fosse interessante para os alunos, que envolvessem uma analise qualitativa da situacao, a invencao de conceitos e emissao de hipateses, o estabelecimento de estrategias de resolucao e a analise dos resultados com possiveis situacOes de conflito cognitivo. Por fim, enfatizamos o papel do professor como orientador da atividade, pois cabe a ele a selecao dos contendos e das tarefas a serem realizadas, a coordenacao das discusseies, a introducao de novas ideias e sintese das conclusOes alcancadas. As questOes que foram colocadas para Os alunos discutirem em grupo apes a leitura do texto foram as seguintes: ) Qual o fenomeno observado corn a Iuz que contribuiu para a grande aceitacao que a teoria ondulatoria passou a ter? 2) Por que a experiencia de Foucault fez corn que fosse definitivamente abandonado o model° corpuscular da luz? 3) A partir do que voce entendeu do texto a respeito das teorias sobre a natureza da luz, o que voce diria sobre a aceitacao de uma teoria pela comunidade cientifica ? Para o trabalho final pretendemos fazer uma analise da atividade, atraves da transcricao das falas dos alunos gravadas ern video e do trabalho escrito, escolhendo alguns episodios de ensino que explicitem a forma como eles resolveram o problema proposto. PAINEL 2.11 - DOCUMENTOS ORIGINAIS DA CIENCIA: CARACTERIZANDO AS POSSIBILIDADES DO DIALOGO LEITOR-TEXTO EM SITUAcOES DE ENSINO E APRENDIZAGEM Sonia Maria Dion' e .1e,mina Lopes de Almeida Pacca 2 lniversidadc Sao Judas Tadeu - Faculdadc de Engenharia lniversidadc de Sao l'aulo - Institut() de Fisica Documentos originals da Ciencia podem, ern nossa concepcao, se constituir ern instrumento para utilizayao em situacOes de ensino e aprendizagem. com o objetivo de se explorar o contetido da Fisica. Explorar o contendo, aprofundando o sig,nificado de conceitos e suas relayOes, envolve a compreensao de dificuldades fundamentals que podem agir como obstaculos a aquisicao do conhecimento cientifico; textos originais da Ciencia, especialmente aqueles references a setts primeiros desenvolvimentos, podem evidenciar ideias que foram barreiras ao desenvolvimento de conceitos c teorias; dessa forma, ern nossa concepcao, as ideias-barreira constituem um ponto chave para a utilizacao de originais ern situacOes de ensino e aprendizagem. No entanto, como garantir a possibilidade do dialogo leitor-texto? Para tratar esta questa°, buscamos subsidios na teoria epistemolOgica de 13achelard. Segundo Bachelard, "quando se apresenta a cultura cientifica, o espirito jamais e jovem. E inclusive muito velho, porque tern a idade de setts preconceitos. Chegar a Ciencia e, espiritualmente, re .juvenescer, e aceitar certa mutacao brusca que dove contradizer Lull passado" (Bachelard, 1977; p.148). 0 autor chama a atencao aqui para o fato de que o estudante ja traz para a escola explicacOes e modelos sobre o mundo fisico construidos corn base na experiencia sensivel e contaminados por Lull dinamismo psiquico que se coloca como fator de imobilizacao do conhecimento; esse dinamismo, a mera exposicao ao conhecimento cientifico nao consegue desestruturar. Assim, para que o espirito evolua de fato, é necessario que se produza uma verdadeira "mutacao" psicologica, capaz de gerar uma profunda alteracao em suas formas de conhecer. Esta concepcao, por sua vez, traz conseqUencias ern termos de estrategias pedagOgicas. Trabalhar coerentemente com esta concepcao significaria criar condicOes que permitissem colocar o estudante como Lull sttleito de psicanalise, pois somente a partir da explicitacao de seas conhecimentos anteriores, da discussao de suas razOes, da tomada de consciencia de diticuldades, se poderia coloca-lo numa condicao de ser capaz de operar com novas formas de conhecer, nao calcadas na intuicao e nos dados sensiveis, de trabalhar em espacos figurativos, sem o conforto das intuicOes ditadas pelo concreto. Em nossa concepcao, textos originais da Ciencia podem se• constituir numa autentica fonte de estimulos capazes de causar perturbacao,. facilitando a tomada de consciencia, e, ao mesmo tempo, oferecer subsidios para a construcao de Lull novo conhecimento. De que forma isto poderia se dar? Reconhecidamente num original estao presentes caracteristicas da evolucao do pensamento cientifico. Trazendo esta expressao para o dominio das concepcOes bachclardianas, se poderia dizer que entre tais 135 caracteristicas se podem encontrar situacOes em que cientistas ainda estao num momento de esforco, consciente ou nao, para se descartar de raciocinios feitos corn base em "valores sensiveis"; em alguns momentos pode-se identificar o "complexo da intoicOes primeiras" em operacao, "formas iniciais de conhecer" sendo utilizadas na elaboracao de raciocinios, os fundamentos do conhecimento sendo ainda trabalhados e, corn isso, a presenca de "ideias obstaculos". Por outro lado, elernentos da forma de pensar presentes nos originals podem ser identificados, em termos de geracao de obstaculos, as formas segundo as quais opera o senso comum atual; percorrer o caminho das elaboracOes indo do concreto ao abstrato, utilizar formas de raciocinar baseadas em valores sensiveis, guiadas pela intuicao, sao elernentos presentes no pensamento do senso comum, caracterizando a maneira inicial de pensar dos estudantes que buscam a educacao cientifica. Ou seja, trabalhando-se a partir de uma mesma maneira de pensar, geram-se obstaculos a nivel psicologico, de mesma natureza dos encontrados no desenvolvimento histOrico do pensamento cientifico; parece estar ai urn elo que pode permitir o dialogo leitor-texto. Entretanto, para que uma discussao de ideias se estabeleca, é preciso que o leitor tome consciencia de suas proprias concepcOes, de forma a ter elernentos a partir dos quais se comunicar; para isso, o instrumento precisa estar sendo utilizado em condicOes adequadas, condicOes que estejam facilitando a critica do "impuro complexo das intuicOes primeiras", a "catarse intelectual e afetiva", enfim, a tomada de consciencia de concepcOes; a partir dal, o dialog() se coloca como possivel, unindo-se instrumento e estrategias adequadas. No documento original estao presentes os estimulos; é preciso saber enxerga-los e aproveita-los, é necessario criar condicOes para que possam operar; a partir dale possivel se estabelecer urn movimento dialOgico, corn idas e vindas num processo continuo de realimentacao; é quando entao o leitor é capaz de compreender pontos que antes nao haviam feito sentido, descobrindo coisas novas, a cada volta ao instrumento. Assim, obstaculos epistemologicos podem ser pedagogicamente enfrentados atraves do dialogo de ideias; a comunicacao pode ser facilitada quando promovida num ambiente de explicitacao de concepcbes e, em nossa concepcao, documentos originais da Ciencia tem urn papel a desempenhar em situacOes atuais de ensino, que se soma a outros presentes na literatura on seja, como instrumento para reflexao sobre concepcOes. BIBLIOGRAFIA 1. BACHELARD, G. Epistemologia. Trad. N. Caixeiro. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1995. 2. . A Formacao do Espirito Cientifico. Trad. E. S. Abreu. Rio de Janeiro, Contraponto, 1996. 3. . A Filosofia do Nao. Trad. J. J. M. Ramos. Lisboa, Editorial Presenca, 1991. 4. DION. S. M. 0 dialog() corn documentos originais da Ciencia em sala de aula: uma proposta. Sao Paulo: USP, 1998. Tese - Faculdade de Educacao, Universidade de Sao Paulo, 1998. PAINEL 2.12 - A INTEGRACAO DE TEXTOS ORIGINAIS DA CIENCIA NO PLANEJAMENTO ESCOLAR COMO PRODUTO DE UMA CONCEPCAO DE ENSINO E APRENDIZAGEM desuina Lope,s. de Almeida Pacca' e Sonia Maria Dion' 'Universidade de Siio Paulo - Institut° de Fisica 'Universidade Silo Judas Tadeu - Faculdade dc Enaenharia A utilizacao da HistOda da Ciencia é urn tema de interesse dentro do ensino de Fisica; os textos originais aparecem, por exemplo, como fonte para se discutir a natureza e os processos da Glenda, para se aprofundar o entendimento do sign ificado de conceitos e para se identificar obstaculos epistemolOgicos; sao raros, porem, exemplos de utilizacao em sala de aula em que se explicitem objetivos, estrategias e formas de avaliacao. A lgumas das possibilidades encontradas na literatura tratam, por exemplo, da utilizacao visando a identificacao, para fins de pesquisa em concepcao espontanea, de barreiras persistentes ao longo da histOria, os obstaculos epistemolOgicos. Sua utilizacao em situacOes de ensino-aprendizagem e, entretanto, ainda controversy ou, pelo menos, nao suficientemente explicitada, quaisquer que sejam os objetivos pretendidos. Em nossa proposta, documentos originais da Ciencia tens uma contribuicao a dar, especialmente quando a preocupacao é corn o contend° e seus obstaculos; desde que se faca uma utilizacao planejada desse instrumento em sala de aula, coerente corn uma concepcao de ensino-aprendizagem para a qual tomar o pensamento dos estudantes como ponto de partida seja uma caracteristica relevante. Que contribuicOes seriam estas? Quando e sob que condicOes é o professor capaz de extrai-las e utiliza-las em sala de aula, produzindo resultados de aprendizagem? Neste trabalho estaremos apresentando alguns resultados, ainda que preliminares, relativos a utilizacao de documentos originais em situacOes de ensino e aprendizagem; alguns destes resultados foram concretizados na elaboracao de um curso, destinado a professores de Fisica de 2° grau, corn a integracao de originals da Ciencia no planejamento escolar, dentro de urn contend° da Mecanica. Diferentemente de urn texto didatico atual, em que o conhecimento aparece na forma de informacOes e resultados, nos documentos originais da Ciencia estao presentes texto e contexto; o conhecimento do contexto, do cenario intelectual que dava sustentacao as ideias e metodos ja constitui, em si, urn fato cultural 136 importante; porem mais que isso, a possibilidade de estabelecimento de uma identificacao entre metodos da Ciencia antiga, extraidos do contexto, e os empregados pelo senso comum faz do original uma ferramenta poderosa quando, numa situacao de ensino-aprendizagem, a preocupacao é corn a discussdo, para discriminacao, de dominios de validade das ideias do senso comum e da Ciencia formal. Outra contribuicao vem atraves de argumentos empregados na construcao de novos conceitos; o entendimento destes argumentos, estabelecendo-se urn contraste, ou identificacao e contraste entre ideias do passado e as da Fisica atual pode contribuir para clarear o significado e as implicacOes do contendo; finalmente, ideias e experimentos presentes num texto original podem enriquecer a forma como se trabalha esse contend° na sala de aula. Dadas essas exigencias, em termos de conhecimentos e competencias, quando e sob que condicOes é o professor capaz de extrair contribuiceies de um documento, utilizando-as em sala de aula de forma a produzir resultados de aprendizagem? A partir da realizacao de urn curso oferecido a professores de 2° gran, onde se trabalhou a integracao de textos originais no planejamento escolar, e do posterior acompanhamento de suas tentativas de transferencia dessa experiencia para a pratica, foi possivel levantar alguns pontos relativos questa° acima. Tomamos como material de observacdo o trabalho desenvolvido por doffs professores, corn o mesmo nivel de interesse e envolvimento, porem em condicOes diferenciadas de transferencia para a pratica de sala de aula; um acompanhamento de trabalho tern lido desenvolvido, no qual seus projetos de aplicacao sao discutidos e criticados e a partir dal, redimensionados pelos proprios autores. Urn primeiro produto da participacao no curso e nesse processo é o enriquecimento pessoal: o prOprio professor acaba compreendendo melhor o que é Ciencia, conhece novos materiais e, quando se depara corn aspectos do contend° colocados numa forma mais prOxima do senso comum, reflete sobre seu prOprio conhecimento; alguns professores permanecem neste estagio, nfio se arriscando a fazer experiencias de utilizacdo do material diretamente coin seus estudantes; para outros, a compreensao parece ser motivacao para a transferencia. Alguns professores tern uma preocupacdo constante coin os estudantes vendo, no material, uma possibilidade de interagir de uma forma mais produtiva corn seus alunos; essa motivacao parece gerar a necessidade de transferencia, mesmo que o professor tenha tido pouco contato corn a Historia da Ciencia e se sinta inseguro quanto a compreensao do contend° dos textos; temos aqui uma motivacao anterior a compreensao. A transferencia mais produtiva se da corn aqueles professores que nao apenas satisfazem estas duas condicOes, mas sao capazes de traduzir a preocupacao inicial coin os estudantes para uma preocupacao corn a forma de interagir corn seas ideias, em termos de contend°, professores que sao capazes de estabelecer alguma ligacao entre ideias dos estudantes, contend° cientifico e ideias expressas no texto. Nossos resultados preliminares permitern uma organizacao das forrnas de transferencia para a sala de aula, da utilizacao de documentos originals da Ciencia, em tr'es niveis, que poderiam ser colocados da seguinte forma: o texto sem contexto; texto e contexto: reproducao; texto e contexto: criacao. Para que um professor seja capaz de fazer use de textos originais produzindo resultados de aprendizagem parece ser precis() que ele ja tenha uma pratica diferenciada, que tenha ulna concepcao de ensino-aprendizagem que valorize a explicitacdo de ideias, que induza ao esforco para compreende-las; nesse caso, a afinidade corn a HistOria da Ciencia leva-o a ser capaz de escolher seus proprios textos, corn recortes tambem pessoais; permite tambem que ele seja capaz de articula-los no planejamento, tanto em termos de contend° como de atividades. BIBLIOGRAFIA I. BACHELARD, G. Epistemologia. Trad. N. Caixeiro. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1995. . A Formacao do Espirito Cientifico. Trad. E. S. Abreu. Rio de Janeiro, Contraponto, 1996. 2. . A Filosofia do Mo. Trad. J. J. M. Ramos. Lisboa, Editorial Presenca, 1991. 3. 4. DION, S. M. 0 dialog° corn documentos originals da Ciencia em sala de aula: uma proposta. Sao Paulo: USP, 1998. Tese - Faculdade de Educacao, Universidade de Sao Paulo, 1998. 5. PACCA, J. L. A. & VILLANI, A. Estrategias de Ensino e Mudanca Conceitual na Atualizacao de Professores. Rev. Bras. Ens. Fis., v. 14, n. 4, p. 222-228, 1992. . Conception d'une Formation pour Enseignants de Physique: Un Changement de Perspective dans 6. un Cours de Perfectionnement au Bresil. Didaskalia, n. 7, p. 117-129, 1995. 137 PAINEL 3.1 - UMA ALTERNATIVA PARA QUALIFICAR A FORMAcA0 DE BACHAREIS EM FISICA MEDICA 13F.RNASIUK, M. E. /3. ; 13ACELA /1.„STRECK. E. E. Faculdade de Fisica, PUCRS - Av. Ipiranea. 6681 - Porto Alegre, RS - CEP:90619-900 Introducflo Este trabalho investigou o papel das atividades complernentares na qualificacao da formacao de alunos do bacharelado em Fisica Medica. Para tanto, procurou-se oferecer aos alunos uma formacao teOrico-pratica abrangente, facilitando o seu acesso ao mercado de trabalho, sem contudo dirigi-los para uma especializacao precoce em determinada area. 0 grupo contou corn a infra-estrutura da Faculdade de Fisica e da PUCRS, do Hospital Sao Lucas da PUCRS, do Hospital de Clinicas de Porto Alegre e de outros hospitals e clinicas conveniadas, bem como, da Secretaria as Sande e Meio Ambiente do estado do RS, usufruindo de condicOes favoraveis para o desenvolvimento das atividades extracurriculares previstas. Metodologia A populacao alvo foi composta por alunos do curso de Bacharelado em Fisica-enfase Fisica Medical. 0 primeiro grupo a fazer parte do programa foi constituido no segundo semestre de 1992 por tres alunos que, apos tomarem conhecimento da implantacao do referido programa se inscreveram como voluntarios. A primeira tarefa, do grupo piloto, foi a de preparar urn seminario sobre raios X e suas aplicacOres na Radiologia Medica. 0 grupo trabalhou de forma integrada, utilizando bibliografia indicada pelos professores orientadores. 0 seminario, apresentado no periodo de ferias escolares, foi assistido pelos orientadores, professores e alunos do curso de Fisica, bem como, por profissionais que atuam nos setores da Fisica Medica e Engenharia Biomedica de Hospitals de Porto Alegre. Perceber como os alunos relacionaram, definiram, estruturaram e trabalharam corn os diversos conceitos fisicos foi fundamental para os professores planejarem as atividades seguintes. Desta forma, foi possivel verificar o que os alunos ja conheciam e assimilaram corretamente, uma vez que estas informacOes serviram de ancoradouro a aprendizag,em e a retencao de novos conceitos. Ape's a apresentacao do seminario, os conceitos sobre os quais os alunos nao demonstraram seguranca foram reforcados pelos professores. Numa segunda etapa o grupo de alunos foi encaminhado ao setor de Fisica Medica do Hospital Sao Lucas da PUCRS, onde realizaram estagio nao remunerado, no Setor de Radiologia Medica, durante quatro meses. Toda vez que se constatou urn hiato entre o conhecimento que os alunos ja possuiam e o que necessitarian conhecer antes de aprender significativamente [1] a tarefa proposta, foram fornecidas novas referencias bibliograficas, providenciadas palestras e cursos de curta duracao ministrados por especialistas na area. 0 acompanhamento do grupo piloto foi realizado atraves da correcao e discussao dos relaterios mensais elaborados pelos alunos, observacOes relatadas pelos orientadores em reuniCies e atraves de entrevistas [3] realizadas apos o termino do cronograma estabelecido para cada etapa. Este grupo foi acompanhado ate 1995. Ern funcao dos resultados obtidos corn o grupo piloto, novos grupos tern ingressado no programa de atividades complementares a cada semestre, seguindo metodologia similar. Para avaliar a importancia deste programa foram aplicados questionarios [2] e realizadas entrevistas corn alunos, orientadores, egressos e Fisicos dos Setores de Fisica Medica. Resultados c Conclusties Os alunos entrevistados salientaram que a participacao no grupo de atividades extracurriculares auxiliou na melhoria da sua formacao academica e que o fato de participarem do grupo Ihes permitiu vivencias de crescimento humano que consideram nteis para o sua crescimento pessoal e profissional. Outros relatos importantes, dos alunos, referem-sea aquisicao de maturidade profissional, nova visao do mercado de trabalho, necessidade de trabalhar corn seriedade e honestidade. Quanto a aprendizagem, os alunos mencionaram que houve urn major interesse na Fisica e suas aplicacOes devido a possibilidade de relaciona-la corn os novos conhecimentos adquiridos atraves do desenvolvimento das atividades extracurriculares. Salientaram, tambem, a importancia dos cursos assistidos e da participacao em Palestras, Congressos, Feiras de Ciencias no Brasil e no exterior. Os orientadores observaram que houve urn major interesse dos alunos pelo curso de graduacao e de continuar seas estudos em nivel de pOs-graduacao, bem como, uma modificacao positiva na expectativa de mercado de trabalho do Fisico Medico. As atividades realizadas pelos alunos, tambem foram consideradas de grande importancia pelos Fisicos responsaveis pelo Setor de Fisica Medica das InstituicOes, uma vez que contribuiram corn o programa de qualidade implantados nas mesmas. Estes profissionais acreditam que as atividades junto aos hospitals podemser iniciadas no inicio do curso, apOs a apresentacao de um seminario ou -da aprovacao em um curso preparatorio. Relataram que, quanto mais cedo os alunos realizarem trabalhos praticos em 138 complementacao aos teOricos, tais como: rotinas e radioprotecao, mais aptos estarao para realizar trabalhos de iniciacao cientifica e profissionais. Urn fator importante que deve ser salientado e o fato de que as novas informacOes foram adquiridas atraves do esforco deliberado, por parte dos alunos, de relaciona-las corn conceitos relevantes preexistentes na sua estrutura cognitiva. Cabe ainda ressaltar que, de acordo corn as novas diretrizes curriculares, os cursos de graduacao devem contemplar estagio, monografia e denials atividades que integrem o saber academico a pratica profissional incentivando o reconhecimento de habilidades e competencias adquiridas fora do ambiente escolar. Desta forma, estaria assegurada uma formacao de acordo corn as especificidades de cada curso, preservando, contudo, o principio de flexibilizacao e adaptacao as demandas da sociedade, o que concorda com as avaliacOes realizadas e corn as expectativas dos professores. Corn as novas diretrizes curriculares as atividades hoje restritas apenas a urn grupo de alunos deverao ser expandidas para tOclos deixando de ser uma alternativa para qualificar a formacao apenas dos interessados. Referacias Bibliograficas: [I] AUSUBEL, D.P., NOVAK, J.D., e 1-IANES1AN, I-1., Psicologia Educational, Rio de Janeiro, Interamericana, 1980. [2] BARDIN, L. Analise de Contendos, EdicOes 70, Lisboa, Portugal, 1977. [3] BLEGER, J., Temas de Psicologia - entrevistas e grupos. Sao Paulo, Martins Fontes, 1980. [4] TRIAND1S, H.C., Actitudes Y Cambios de Actitudes, Toray, Barcelona, 1974. PAINEL 3.2 - CURSO NOTURNO DE LICENCIATURA EM FISICA/UFBA: UMA NOVA PROPOSTA Pocha, R.C. de Miranda, P. Miranda e Yukimi Instituto de Fisica— [1113a — Prognolatio MleMitlufba.br. yukimi(qMlba.hr A partir do primeiro semestre de 1999, a UFBa implantara seu curso noturno de Licenciatura em Fisica. 0 curriculo desse curso foi concebido atendendo a Bois aspectos principals: primeiro, para permitir ao aluno uma maior flexibilidade na escolha do conjunto de disciplina que deseja cursar e tambem possibilitar sua matricula ern menor nnmero de disciplinas, por semestre, isto, naturalmente, sem aumentar significativamente o tempo maximo para conclusao do curso; segundo, para permitir a inclusao de disciplinas novas, envolvendo, inclusive, meio ambiente, filosolia, lingua estrangeira, informatica, etc. 0 Curso Noturno de Licenciatura em Fisica envolve conte6dos de Fisica (41%), Educacao (23%), alem de matematica, computacao, quimica e outros contendos de opcao do aluno. Sua carga horaria total de 2.505 horas para serem cumpridas em 10 semestres, das quais 16,7% sao de disciplinas optativas. Nos quatro primeiros semestres do curso, os alunos tem um maximo de 16 horas semanais e nos seis semestres, urn maximo de 20 horas semanais. A principal diferenca corn relacao aos cursos tradicionais de licenciatura e a estruturacao das 12 disciplinas dos Bois primeiros anos (945 horas) ern tres segmentos paralelos: o de fisica basica, o de matematica e o de fisica geral e experimental. Apesar dos modulos de matematica e de fisica geral serem comuns para toda a area de ciencias exatas, o modulo de fisica basica especifico para o curso de Licenciatura Noturno em Fisica. De acordo corn sua ementa, em Fisica Basica 1, por exemplo (corn 30 horas de teoria e 30 horas de pratica, sem pre-requisitos) discute-se o metodo cientifico e estuclam-se os conceitos e leis fisicas no ramo da Mecanica, a nivel introdutOrio, sem enfase no calculo diferencial e integral, a partir de uma abordagem fenomenolOgica, usando, inclusive, recursos de simulacao computational, histOria da ciencia e experimentos em laboratOrio didatico, envolvendo medidas dessas grandezas fisicas, alem de experiencias clemonstrativas. Discute-se ainda artigos publicados em revistas cientificas, relativas a Mecanica. Por sua vez, a Fisica Geral Experimental I tem como pre-requisito o calculo diferencial e integral e o livro texto no nivel de Fisica de Moyses Nussenzweig ou de Halliday. Outra diferenca em relacao aos cursos tradicionais e a diluicao das nocOes de algebra linear ao longo dos cursos de matematica e de fisica e a inclusao da disciplina Algebra Linear I como optativa, alem da criaciio de uma disciplina de informatica ligada a urn dos departamentos de fisica, corn a inclusao das disciplinas Processamento de Dados e Calculo Numeric°, tambem como optativas. Por Ultimo, a atribuicao de creditos as Atividades de Formacao Complementar, de carater optativo, relacionadas ao ensino, ou pesquisa ou a extensao, num maximo de 4 creditos por 90 horas, desde que desenvolvidas a partir de urn projeto aprovado formalmente ern polo menos urn dos departamentos de fisica. A accitacao inicial foi muito boa se considerarmos que a concorrencia para o curso noturno de 4,67 candidatos por vaga (num total de 40 vagas), para o vestibular a ser realizado no final do ano, é maior do que a dos cursos diurnos (licenciatura e bacharelado) clue tern se mantido, ao longo dos Oltimos anos, em torno de 3 candidatos por vaga, chegando a 1,98 candidatos por vaga no vestibular do ano passado. Finalmetve, devemos ressaltar que a nossa expeciatipa e de lima acenotatia redtteda da evasao nos curses de 'islet,' l7C1 U173(1, 17(1 medida que, alem dos argumentas relacionados anteriormettle, a 139 concentracdo das au/as 1111177 so lurnofttcdhard a conciliacdo des atividades academicas com as atividades particulares dos (limos. PAINEL 3.4 - OS OPERADORES DE LEVANTAMENTO E ABAIXAMENTO EM MECANICA QUANTICA Rcprael de Lima Rodrigues, Pedro Luil. do Nascimento 2 e Uherlandio Balista Severo' "Departamento de CUMcias Batas c da Natureza Universidade Federal da Paraiha CMazeiras - PB (Email:[email protected]) 2 Departamento de Fisica Universidade Federal da Paraiha Campina Grandc-P13 A mecanica quantica ndo-relativistica é governada pela equacao de SchrOdinger (1926) e descreve Tenomenos fisicos em escalas de dimensOes invisiveis e corn velocidade muito menor do que a velocidade da luz no vacua. Destacamos a importancia de metodos alternativos em mecanica quantica, baseado na cinematica de operadores. 0 estado quantico de um sistema é caracterizado, num dado instante de tempo, pelo conhecimento de uma fungdo de onda, soluctio da equacao de Schrodinger, que representa a onda de materia proposta por de Broglie (1925). A interpretacao fisica da funcdo de onda foi dada por Born (1927). Ela representa a amplitude de probabilidade de encontrar a particula em torno de urn ponto. Os observaveis em mecanica quantica sat) representados por operadores lineares e hermiteanos, satisfazendo a uma algebra de Lie ou algebra graduada de Lie. Esses operadores em geral nao comutam, ou seja, considerando os dois operadores A e B, temos que AB pode ser diferente de BA. Neste caso o comutador [A,B] = AB — BA é nao nulo. A equacao de Schrodinger é uma equacao diferencial de segunda ordem e invariante sob as transformacOes de Galileu. Ela pode ser resolvida em termos de operadores de levantamento (a + ) e abaixamento (a - ) dos niveis de energia, cujo topic° e denominado de metodo de fatorizacao em mecanica quantica. Este metodo e considerado nos livros-texto somente para o oscilador harmonica unidimensional e esses operadores satisfazem a seguinte algebra em termos da constante de Planck h: [ a+,a1 = a a - - a - a -4H)=harat , o que nos assegura que a diferenca entre dois niveis de — 1, 27t(I-1 a - -a - 1-1)=-hara- e 2't(H a energia é um quantum [2]. Neste trabalho, empregamos tarnbem a tecnica de operadores de levantamento e abaixamento para sistemas quanticos em conexOes corn o oscilador tridimensional. Basicamente o problema de se resolver uma equacao diferencial de segunda ordem é transformado em urn problema de equacao diferencial de primeira ordem para a funcdo de onda do estado fundamental. Os demais estados quanticos, denominados de estados excitados, sao construidos a partir da acao do operador de levantamento sobre a funcao de onda do estado fundamental. Atuando-o 2n-vezes sobre a funcao de onda do estado fundamental, obtemos as funcOes de onda e os niveis de energia do n-esimo estado excitado. A diferenca entre dois niveis de energia do oscilador em tres dimensOes é dois quanta. Os operadores de levantamento e abaixamento converte o problema de dinamica da mecanica quantica em urn problema de cinematica. Os operadores de levantamento e abaixamento so tem sentido quando atuarem sobre uma funcao de onda no espaco unidimensional. Na descricao de SchrOdinger ( as vezes chamadas de representacao x ), os operadores x e p, sao dados por: X = x e P, = h(d/d x ). Por exempla [x,p,] = xp — px, atuando sobre uma funcao da variavel x, a saber, a funcao de onda tii(x). Em urn trabalho de tres paginas Pica dificil fazer uma apresentacao corn expressOes explicitas. No neste trabalho vamos considerar a essencia do metodo de fatorizacao para a oscilador entanto, d/d x ) como unidimensional. Escrevendo os operadores de posicao e momenta linear x e p, corn (p„ = uma combinacao linear dos operadores de levantamento (d) e abaixamento (a - ). Delinicoes: a+ — a = x_ ( 1/2 in (04 2 q /) t 01 (0, \ 2 q ) ri ( a+ 2_,co 1/ 2 I X X i(? + + a) i ( "") m II-IN,. e 0 hamiltoniano do 01-1S. torna-se: 140 A 10 P 11711 (0, ) P ) 1/2 P ( Tico =i 7 a , l- +a - H=(p +co2 2 =11w C/ + a- .0 TIN a 2 _ a + + a +no 2 onde a constante E = TKO " chamada de energia do ponto zero. Neste caso,o oscilador no estado 2 fundamental( ou estado de menor energia) possui energia nao-nula. Estamos considerando o sistema de unidade em que m = 1. Por outro lado para o oscilador em mecanica classica a menor energia é nula. Note que o comutador entre x e p, e nao-ntilo, o que nos assegura que os operadores a - e a 4- nao comutam tambem: , a + =a — a + - a + [x, px ]= in A partir da equacao diferencial de primeira ordem ar P „(x) = 0 = 1. e da equacao de Schrodinger independente do tempo: HT 0 (x) = E „ (4, obtem-se a energia de ponto zero e a funcao de onda do estado fundamental lvo(x). De fato, = ricoa+ a + obtemos: H y o = 110) 2 1 2 ) 4j" " = Loy° 10 ) o E0 = Por outro lado, de acordo com a equacao de Schrodinger, 2 , como haviamos afirmado. Uma generalizacao desta tecnica tem sido considerada para potenciais em conexao corn osciladores, os operadores de levantamento e abaixamento satisfazem a algebra de Wigner- Heiserberg[3]. O metodo de fatorizacao foi generalizado para potenciais invariantes de forma de ter sido denominado de supersimetria em mecanica quantica[4]. Em teorias de campos, quando quantizamos os campos eles passam a ser operadores podendo ser expressos em termos de operadores de criacao e aniquilacao, cuja algebra é semelhante a algebra dos operadores. Neste caso, diz-se que estamos fazendo a Segunda quantizacao. CONCLUSAO Neste trabalho, foi feita uma introducao aos operadores de abaixamento e levantamento em mecanica quantica nao-relativistica, que aparece em alguns livros-texto, cujo terra é denominado por alguns autores • de metodo de fatorizacao. O metodo de latorizacao em mecanica quantica e essencialmente Lima tecnica algebrica que nos fornece que nos fornece as autofuncOes e os autovalores de energia de um sistema quantico. Este metodo transforma o problema de dinamica associado a equacao de Schrodinger em um problema mais simples, em que trabalha-se somente com a cinematica dos operadores de abaixamento e levantamento dos niveis de energia. Resolve-se apenas uma equacao diferencial de primeira ordem, a qual nos fornece a autofuncao do estado fundamental. O n-esimo estado quantico excitado é construido at•raves da acao de n operadores de levantamento e abaixamento sobre a funcao de onda do estado fundamental. isto 6, Para os leitores interessados em estudar o metodo de fatorizacao em termos dos operadores de abaixamento e levantamento dos niveis de energia, recomenda-se a leitura das referencias. REFERENCIAS [ R. de Lima Rodrigues, Ver. Bras. de Ensino de Fisica, 19, ( 1997 ) [2 P. M. Mathews e K. Venkatesan, A text Book of Quantun Mechanics,Tata. McGraw I-Iill, New Delhi,(1987). [ 3 ] J. JAYARAMAN and R. de Lima Rodrigues, J. Phys. A; Math. Gen. 23, 3123 [4] J. JAYARAMAN and R. de Lima Rodrigues, J. Phys. Lett. A9, 1047 (1994) [5] L. E. Gerdenshtein, JETP Lett. 38, 356 ( 1983 ); L. E. Gerdenshtein and I. V. Krive, soy. Phys. Usp. 28, 645 (1985); A . Lahiri, P. K. Roy and B. Bagchi, Int. J. Mod. Phys. A5, 1383 (1990) [5] Erwin Shrodinger, A Method of Determining Quantun Mechanical Eigenvalues and Eigentimctions, Proceedings of the Royal Irish Academy, Vol. XLVI, Sect. A, 590, (1946). PAINEL 3.5 - PENDULO SIMPLES COM UMA CORDA ELASTICA VIA 0 FORMALISMO LAGRANGEANO 141 Eric Alexandre 13. (la Silva, Wendel Pires de Almeida' a R. de Lima Rodrigues' Universidade Federal da Paraiha Department() de Ciencias Exams e da Natureza Cajazeiras -P13 - CEP 58900-000 (Email:rafacIPlisicaulph.br) 'Universidade Federal da Paraiha Departamento de Fisica Campina Grande-P13 Email erchritoAdlufpb.br) 0 formalismo lagrangeano é baseado em grandezas escalares e coordenadas generalizadas . Ele e aplicado em teoria de campos e em mecanica classica . Neste trabalho , destacamos a importancia deste metodo alternativo em mecanica classica , cujo estado de um sistema é caracterizado , num dado instante de tempo , pelo ponto no espaco de configuracOes. Em sistemas mecanicos as aplicacOes das leis de Newton resulta no conjunto de equacOes diferencias de segunda ordeal, em coordenadas cartesianas. Mas , nem sempre esse é o sistema melhor para se resolver os problemas fisicos , pois em sistemas muitos complexos seria as vezes inviavel a sua utilizacao usando o metodo newtoniano. Por outro lado, e mais conveniente introduzir um sistema de coordenadas generalizadas e trabalhar com o formalismo lagrangeano , onde as posicOes das particulas no sistema podem ser especificados. Neste caso, a equacao de movimento e denominada de equacOes Euler - Lagrange a qual foi deduzida independentemente por Euler e Lagrange . Na pratica , urn sistema fisico pode esta susceptiveis a limitacOes por meios dos vinculos. Onde estes podem ser definidos como 11°1°i -16111os ou nao-holonomos e dependentes de velocidade , em mecanica classica , correspondent a restricOes ao movimento. As coordenadas generalizadas , que falaremos adiante , representam os graus de liberdade do sistema. Para cada uma delas, temos uma equacao de Euler — Lagrange Um exemplo é o movimento de uma particula sob a acao de uma forca central onde verifica-se que ao introduzir coordenadas polares a forca pode ser expressa de forma bem mais simples , nessa forma seria bem mais desejavel usar o formalismo lagrangeano que estabelece diretamente as equacOes de movimento ern termos de coordenadas generalizadas apropriadas. C'oordenada Generalizacla As coordenadas generalizadas surgiram da dificuldade quando os vetores de posicao r i deixarem de ser independentes por causa dos vinculos inerentes ao sistema. As coordenadas generalizadas sao aquelas que representam o numero de graus de liberdade do sistema , cujo o simbolo é a letra q , e vai de q 1 ..... q,, , onde a repre senta o numero de coordenadas generalizadas. Para urn sistema corn de N particulas e K equacOes de vinculos temos a seguinte expressao : G.L = 3N-K , que da o numero dos graus de liberdade do sistema com vinculo. Lagrangeana A equacao de Euler-Lagrange é governada por uma funcao dinamica denominada de Lagrangeana (L) . Para sistemas conversativos , em mecanica classica , a Lagrangeana corresponde exatamente diferencas entre a energia cinetica ( T ) e a potencial ( V ) pelo menos tres vantagens da aplicacao desse princIpio a mecanica das particulas: A facilidade no seu emprego para equacionar problemas; i) Nao trabalhamos coin grandezas vetoriais, como na mecanica newtoniano, 'has sim ii) escalares. Ele pode ser estendido a teoria de campos e a mecanica quantica. iii) A aplicacao principal de nosso trabalho é resolver a equacao de Euler - Lagrange para um pendulo simples com uma corda elastica.. Consideramos a corda composta por urn sistema massa - mola e usamos as coordenadas polares, cujo comprimento da corda corresponde a variavel r. A Lagrangeana é uma funcao de funcOes , que chamamos de funcional , e qua ndo o sistema possuir uma energia potencial que dependa do tempo ela passa a ser nao-conservativa , mas o lagrangeano continua sendo: L=T-V A Lagrangeana tridimensional para urn sistema ( conservativo ) de N particulas torna-se: Ha L rn. . (v2 + 2 + v,22 ) + V ( x ; , y„ ) Entao a equacao de Euler-Lagrange para um sistema conversativo sob vinculos holononicos Aplicacdo Fazendo agora aplicacao para o pendulo acoplado com a corda com mola temos: 142 Como so temos a massa logo o nnmero de particulas N=1 As equacOes de vinculos do sistema tambem s6 tern uma k=1 Dal temos os graus de liberdade do sistema : que s5o as variacoes da mola da distancia radial G.L = 3N - k = 3 . I - 1 = 2 r e o seu deslocamento angular 0 Corn isso temos A sua energia cinetica : T= r +r 2 Energia potencial é : 2 V = -v,1 -k(r -1) 2 mgrcos ( r — I ) e elongacao da mola é a componente velocidade radial r - mgrcos 0 a energia em relacao ao ponto mais baixo da massa. 0 é a componente velocidade normal do sistema Corn isso a lagrangeana torna-se = - mr t2 (r 2 + r2 2 0 )- I 2 k(1 - ) + mgrcose Usando a equacao de Lagrange para cada variavel ,obtemos as equacOes do movimento : - m r 0 2 + k( r — - mgrcos 0 = 0 re + 2 re +gsen 0 =0 As respostas desta equacOes estamos pesquisando outras formas de resolve-las. REFERENCIAS BIBLIOGRA FICAS [ I ] H. Goldstein — Classical Mechanics - Addison - Wesley , 2' ed. [ 2 ] Colecao Shaum Murray R. Spiegel - Mecdnica Rational - Editora McGraw-Hill [ 3 ] Yuan-qi , Qiang — Problems and Sotions on Mechanics — Editora Lim Yung-kuo PAINEL 3.6 - UMA EXPERIENCIA DE INFORMATIZACAO DO LABORATORIO DE FISICA I PARA 0 CURSO DE CIENCIA DA COMPUTACAO tomes de Aquino .S'ilveira l, Lev Vertchenko 2 e Jose Roberto Faleiro' Departamento de Fisica e Quimica da PUC-Minas . br =vertlevOlgcsnet.com.br 3 faleiro(i)!,pueminas.hr i tomas(ifAcsnet.com 1 INTRODUcA0 Neste trabalho apresentamos o relato de uma experiencia de ensino realizada no Departamento de Fisica e Quimica da Pontificia Universidade Catolica de Minas Gerais (PUC-Minas), consistente no emprego de computadores no laboratorio da disciplina Fisica Experimental para a Computacdo I, integrante do curriculo do 2° periodo do curso de Ciencia da Computacdo da referida universidade. Iniciamos o trabalho apresentando algumas justificativas para o estudo de Fisica Basica em um curso de graduacao em Ciencias da Computacao. Entre elas, destacamos: (A) Urn curso superior deste tipo exige uma cultura cientifica razoavel, que habilite a uma interacdo corn outras areas do conhecimento e tecnica, confira urn certo grau de independencia na criacao, e forneca orientacdo na pesquisa de informacOes nteis a area (e. g., via Internet). (B) 0 estudo da consciencia, necessario a abordagem de importantes questOes da Inteligencia Artificial (o computador podera substituir completamente a mente humana?) abarca urn leque muito grande de areas do conhecimento, sendo que o envolvimento da Fisica corn este tema estende-se da Mecanica Quantica Cosmologia. 143 (C) Metodos e conceitos usados ern Fisica sao empregados na elaboracao de algoritmos, como os de "redes neurais". (D) 0 cuidado na simples manipulacao de hardware, como na substituicao de placas nuns microcomputador, exige nocbes de Fisica; ja o desenvolvimento de hardware faz uso de uma Fisica avancada. (E) Softwares que simulam a realidade, como os "laboratOrios virtuais" e certos jogos, processam operacOes relacionadas a leis fisicas. Como introducao a Fisica basica, a disciplina Fisica Experimental para a Computacao I ocupa-se em oferecer nocOes de Mecanica Classica, logicamente em urn nivel de curso , superior, fazendo uso das ferramentas do calculo diferencial e integral e enfatizando a notacao vetorial. E consenso que a Mecanica Classica fornece a linguagem initial para o estudo da Fisica. Nesta disciplina, a ideia central no emprego do laboratOrio, auxiliado pelo computador, é combinar tres atividades: o contato corn o fenomeno fisico, o laboratorio virtual e o tratamento de dados. Na prOxima Seca() fazemos uma descricao do metodo e dos sofiwares utilizados. Na Secao 3 descrevemos brevemente as praticas e na Secao 4 apresentamos as conclusoes. 2 METODO E SOFTWARES UTILIZADOS A metodologia empregada na disciplina enfatiza o seu apoio no tripe constituido por: laboratorio "comum", laboratorio virtual e tratamento de dados. 0 que se entende por laboratOrio comum é a realizacao de experiencias reais, em que o fenomeno fisico ocorre diante do aluno e é por ele medido e, quando necessario, repetido. Em seguida, o estudante é orientado para fazer o tratamento matematico dos dados: construcao e analise de graficos, calculo de valores relevantes para a experiencia, leis e principios fisicos a serem dali extraidos ou confirmados. Neste momento, entra em acao o computador, por meio do emprego de urn aplicativo adequado. A analise dos dados e feita utilizando-se o programa Origin 4.1, da Microcal Software, que renne todo o necessario para permitir a confeccao e impressao de graficos de boa qualidade, incluindo calculos de ajuste linear, polinomial e outros, corn grande facilidade e rapidez. A terceira atividade é o emprego do "laboratorio virtual", nome com que denorninamos aplicativos que simulam eventos fisicos na tela do monitor. Estas siniulacOes permitem comprovar resultados obtidos em experimentos reais, compreende-los sob diferentes perspectivas, observar a influencia de fatores ausentes ou desprezados no experimento real (como o atrito corn o ar), verificar as alteracOes do comportamento do sistema com a variacao de alguns de sews parametros, etc. As simulacOes sao feitas corn o programa Clc;ssical Mechanics Simulation, (CUPS-CM), produzido por CUPS (The Consortium for Upper Level Physics Software), urn grupo de 27 fisicos que desenvolveu nove "cursos", cada urn integrado por urn livro e por urn aplicativo, destinado a abranger urn tema da Fisica. 3 DESCRICAO DAS PRATICAS No irabalho que sera apresentaclo, faremos uma clescrictio dos experimentos realizados, e sendo apresentaclos alguns residtados, inclusive em farina cle graficos, juntamente corn fotos dar montagem mail intere.v.vantes. Neste eshoco, colocamos apenas o titulo c/a descricao de talc experiencia, dissertamlo hrevemente apenas sobre a primeira; as outran sertio trataclas mais extensainente no trabctlho propriamente dito. 3.1 0 que e o laboratorio virtual e sua familiarizacao atraves de "Um dia nas corridas" Na primeira aula no laboratorio, é travada uma conversa informal sobre o conceito de laboratOrio virtual. Em seguida, o aluno é convidado a lidar corn o _jogo "A day at the races'', em que ele controla a forca aplicada a uma particula que deve completar uma volta em um circuit() oval. E o moment() em que se reforca o significado da Segunda Lei de Newton e o conceit() de inertia. E acrescentada, no final, uma forca de resistencia proportional a velocidade, para que o aluno trabalhe corn uma situacao mais prOxima da realidade. No final, o professor faz uma pequena exposicao sobre os metodos de Euler e de Runge-Kutta que estao sendo empregados no aplicativo, e que estao expostos corn algum detalhe na apostila que o aluno tern em maos. A intencao e tirar a aura de magia que cerca o funcionamento do programa, deixando claro para o estudante que o computador esta apenas aplicando a Segunda Lei de Newton e as equacOes elementares da cinematica, repetidamente. 3.2 Apresentacao da analise de dados 3.3 Movimento de projetil 3.4 Simulacao do movimento de um projetil 3.5 Lei de 1-looke e histerese mecanica 3.6 Simulacao do movimento do sistema massa-mola 3.7 Conservacao da energia 3.8 Analise energetica da queda de urn corpo 3.9 Analise energetica da oscilacao de uma mola 144 3.10 Colisties inelasticas 3.11 Simulacao de colisOes 3.12 Conservacab da energia em translacfm e rotacao 3.13 Dinamica da rotacdo 4 CONCLUSOES De nossa exposic5o, ficard claro que uma parcels razoavel da Mecanica pode ser compreendida e estudada pelo aluno, ainda que corn uma carga horaria reduzida (no caso, 60 horas-aula, sendo 30 horasaula teoricas e 30 horas-aula no laboratorio). 0 ritmo veloz do andamento das praticas permite utilizacdo do tempo restante para discussOes e interpretaeOes do trabalho. 0 aluno passa a dar maior importancia a analise e interpretacao de graficos, uma vez que todo o output do CUPS-CM é dado por graficos. Os programas mencionados permitem exploracOes bem mais profundas dos temas discutidos, o que seria possivel corn major carga horaria. Por outro lado, é sensivel o aumento de interesse dos alunos pelo estudo da Fisica, tendo sido registrado ainda uma significativa diminuicab do indice de reprovacao. Tambem pensamos ser de grande proveito a aplicacaTh de urn programa dessa natureza a cursos de Engenharia, corn alguns refinamentos. Uma adequacao necessaria seria uma major enfase na analise de propagacao de erros, que nao 6 dada neste curso por nao ser terra de interesse (pelo menos imediato) para a Ciencia da Computacao. PAINEL 3.7 - GRADUACAO EM FISICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGA - CORRELACOES E VISA() DISCENTE Prof. Dra Polonia Alioc hisinato (Dcpartamento de Fisica/UEM) Prof. MS A Idohno Zermiani (Deparlamcnto de Quimica/UEM, zermiani a tcracom.com.br ) Prof. MS lucelia G. P. Fregoneis (Department() dc Inforrmitica /DIN) Pay': MS Yoshiaki Fulaishigue (Department° de Estatistica /UEM ) ( Universidade Estadual de Maringa - Av. Colombo. 5790, CEP 87020-900, Maringa, l'aranU ) O presente trabalho 6 parte de urn amplo estudo realizado sobre cursos de graduaciio da Universidade Estadual de Maringa - UEM, dentre tiles o de Fisica, buscando conhecer mais profundamente os problemas inerentes ao processo de ensino-aprendizagem, reprova0o, repetencia e evasao. O curso de graduacao em Fisica foi criado em 1972, corn oferta de 40 vagas semestrais na habilitacao Licenciatura, em periodo noturno, passando a funcionar o Bacharelado em 1988. Na terceira serie opciona-se, pela habilitacao pretendida, podendo concluir as duas. A partir de 1993, o regime dos cursos desta Instituicao passou a ser seriado anual. Para garantir a fidedignidade dos dados utilizados nesta pesquisa, selecionou-se os ingressantes de 1994, que foram acompanhados durante os quatro anos regulares da graduacao. Desenvolveu-se urn Sistema de Informacao, utilizando-se para analise o historic° escolar oficial, objetivando determinar o fluxo, os pontos de acumulacao ou represamento em disciplinas, o perfil e o desempenho curricular. Ha uma drastica reducao do nilmero de academicos nas series iniciais do curso de Fisica, corn maior intensidade do primeiro para o segundo ano, e a normalizacao na evolucao dentro da grade curricular nas series finais, porem corn apenas 5%, em media, da clientela inicial. Verifica-se urn "espalhamento" dos alunos ao longo de todas as series curriculares por anos consecutivos, impedindo a evolucao normal no curso, formando urn contingente que denominamos remanescentes. Este fato (verificado tambem em outros cursos), gerou na Instituicaro o crescimento da pratica de renovacao do Registro Academic° atraves da realizacao de novo Concurs° Vestibular, ocasionando desperdicio de vagas e esvaziamento nas series finals. No presente estudo, quatro alunos ingressantes em 1994 matricularam-se diretamente na quarta serie por terem prestado um novo Vestibular, evitando o desligamento por jubilamento. Alern da substantial reducao do nimero de matriculados no curso, no decorrer do tempo, os remanescentes apresentam baixo aproveitamento academic°, verificando-se urn n6mero consideravel de alunos cursando ainda disciplinas da serie apes quatro anos do ingresso, impedindo a evolucao conjunta do grupo, deixando de atender os objetivos propostos no regime seriado anual. De todos os cursos analisados, o de Fisica apresenta a menor populacAo de estudantes regularmente matriculados. Estudou-se a correlacAo existentes entre as disciplinas de Fisica, as de Matematica, as de Fisica e Matematica. Na analise entre as disciplinas de Fisica, observa-se urn melhor desempenho em Laboraterio de Fisica I, onde verifica-se urn indice maior de aprovacho. Aparentemente o carater experimental proporciona melhor oportunidade de desenvolvimento das habilidades proprias e major envolvimento do aluno. A disciplina Vetores-Geometria, nao e usualmente incluida entre as basicas consideradas mais dificeis, porem nosso estudo mostra que esta, apresenta urn indice de reprovacao maior que as denials, isto e, nenhum aluno aprovado em Vetores foi reprovado nas outras disciplinas da serie. I la uma forte correlac5o entre Fisica I e as disciplinas de Matematica. E interessante observar que todos os alunos aprovados em Fisica 1 o foram tambem em Vetores-Geometria e Calculo I, entretanto o inverse nao 145 verdadeiro. Este fato sugere fortemente que o aprendizado de Fisica é que contribui para as disciplinas de matematica, contrariando a premissa de que para um born desempenho em Fisica deve-se primeiro cursar as matematicas. 0 aproveitamento nas disciplinas de matematica e fisica da 2il serie tambem apresentam dificuldades ressaltando porem que uma analise mais profunda é pouco expressiva devido semelhantes as da reducao da amostra estudada (de 41 para 8 alunos). Um questionario foi aplicado, objetivando informacOes sobre o curso, pela Otica dos alunos. De uma forma geral, os dados obtidos apresentam alguns aspectos consensuais: impacto que representa a transicab do segundo para o terceiro gran; o despreparo na formac5o basica; excesso de materia para estudar e/ou falta de tempo; deficiente interelac5o professor/aluno quanto a orientando sobre metodos de estudo e/ou esclarecimentos sobre contend° e desconhecimento das possibilidades profissionais. Embora o curso de Fisica seja considerado dificil pelos discentes, ha uma alta percentagem dentre eles que se mostra satisfeita corn o mesmo, considerando-o dentro da expectativa prevista por eles inicialmente. Ha uma fraca interac5o professor-aluno do curso de Fisica desta Instituic5o, tendo em vista ser este noturno e a maioria do corpo docente desenvolver suas atividades academicas-administrativas em periodo diurno, exceto corn os docentes que ministram disciplinas do curso. Sabe-se que os alunos da Fisica tem evoluido satisfatoriamente dentro da grade curricular apOs concluirem o primeiro ano de curso e obterem uma bolsa de Iniciac5o Cientifica on qualquer outro tipo de bolsa, pois se intensifica sua convivencia corn o corpo docente departamental e corn colegas do curso. Em paises do primeiro mundo como, por exemplo, os Estados Unidos, ha uma acao constante no sentido de manter o aluno na universidade, procurando atender a necessidade de crescimento individuo e sua valorizac5o quanto a maximizacao de seus talentos, orientando, mesmo os indecisos, a definir suas habilidades e vocac5o. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS I. BRAGA, Ronald. Qualidade e Eficiencia do Modelo de Ensino Superior Brasileiro. N6cleo de Pesquisa sobre Ensino Superior (NUPES) -USP, S5o Paulo, outubro de 1989. 2. FUSINATO, P. A. Panorama do Curso de Fisica da USP no Perfil de seus Alunos. Urn estudo do desempenho academic° no periodo de 1989 a 1995. Tese de Doutoramento — FEUSP. Sao Paulo, 1995. 3. NOEL, Lee et al. Increasing Student Retention. Jossey-Bass Publishers, San Francisco-London, 1987. 4. NOEL, Lee & LEVITZ, Randi. Using a Systematic Approach to Assessing Retention Needs. In: Increasing Student Retention. Jossey Bass Publishers, San Francisco — London, 1987. 5. SCHWARTZMAN, Simon. 0 Contexto Institucional e Politico da Avaliac5o do Ensino Superior. N6cleo de Pesquisa sobre Ensino Superior (NUPES) - USP, Sao Paulo, marco de 1990. 6. TINTO, Vincent. Dropping Out and Other Forms of Withdrawal from College. In: Increasing Student Retention. Jossey Bass Publishers, San Francisco — London, 1987. PAINEL 3.8 - DESEMPENHO DOS ALUNOS DE CIENCIAS EXATAS E ENGENHARIA NAS DISCIPLINAS DE FISICA E MATEMATICA UEM - PR Prqf Dia. Polonia Ahoe Fusiacao (Departamento de Fisica) Prof. /1/do/Mo Zermicmi (Department() de Quimica. [email protected] ) Profit ../licelia G. P. Fregoncis (Departamento de Informillica) Prot Yoshiaki htkushighe (Departamento de Eslalistica) (Universidade Estadual de Marintta- Av. Colombo, 5790. COP 87020-900. Marintta, Parana) Este trabalho é parte de uma pesquisa de ambito institutional, tendo por base o projeto "DiagnOstico dos Cursos de Graduacao da Universidade Estadual de Maringa", tendo como universo os ingressantes nos cursos de Fisica, Matematica, Quimica, Engenharia Quimica, Engenharia Civil e Engenharia Textil do ano de 1994. Esta Instituic5o tern desenvolvido programas e atividades visando minimizar problemas relativos as dificuldades no processo ensino-aprendizagem, repetencia e evasao em seus cursos de graduacao. Como parte de uma pesquisa maior, analisamos o desempenho nas disciplinas de Fisica e Matematica pelos alunos dos cursos supra citados, corn estruturas curriculares afins, possibilitando uma analise comparativa entre cursos versus series versus disciplinas. Utilizou-se como metodologia a analise do histOrico escolar, o estudo comparativo das disciplinas por serie e a evolucao de cada aluno em sua respectiva grade curricular. Da analise dos dados dos cursos de Ciencias Exatas observou-se certa regularidade no aproveitamento dos estudos a partir da segunda serie, porem verifica-se forte diminuicao da clientela, em media 75%, na passagem da primeira para a segunda serie. Entretanto esta reducao nao se caracteriza como urn abandono total do curso, pois verifica-se que grande parte destes alunos retidos na primeira serie, repetem por diversas vezes a mesma disciplina ate lograrem aprovacao ou desistirem do curso. Este fato g,erou no Centro de Ciencias Exatas (CCE) e posteriormente em toda a Instituicao, uma crescente pratica de renovacao do Registro Academic° (RA) atraves da realizacao de um novo Concurso Vestibular. Esta pratica é conhecida popularmente como "limpar curriculo", visto que no novo histOrico academic° do aluno, constara apenas as disciplinas em que ja obteve aprovac5o anteriormente, pois as reprovacOes 146 aparecerao como disciplinas a cursar. Verificou-se urn mesmo aluno corn ate tres Registros Academicos diferentes no mesmo curso acarretando dente modo, desperdicio de vagas e esvaziamento das series finals. Este fato e comum no CCE corn maior evidencia no Curso de Fisica, onde a reducao é cerca de 85%, nao se conseguindo manter a populacao de ingressantes numa evolucao normal no curso, especialmente pelo alto indice de reprovacao por falta. Nos cursos de Fisica, Matematica e Quimica a disciplina que apresentou major indice de reprovacao foi Vetores-Geometria. 0 aproveitamento ern Calculo I e Fisica I e semelhante, salvo algumas excecOes. Nos cursos das Engenharias observou-se uma reducao na populacao da primeira para a segunda serie na ordem de 55%, sendo que os indices de reprovacOes por nota sao superiores as reprovacifies por falta, ern oposicao ao ocorrido nos cursos das Ciencias Exatas. 0 maior indice de aproveitamento na disciplina Fisica I verificou-se no Curso de Engenharia Quimica (72%) e o menor no Curso de Quimica (25%). De modo geral os cursos das engenharias apresentam melhor desempenho comparativamente corn os das Ciencias Exatas, nesta disciplina. Para os cursos do Centro de Ciencias e Tecnologia (CTC) nas disciplinas de Matematica, o Calculo 1 apresenta maior dificuldade do que Vetores-Geometria, observando-se urn aproveitamento de 48% no curso de Engenharia Quimica, 46% ern Engenharia Textil e 42% em Engenharia Civil, ao passo que ern VetoresGeometria este percentual e repectivamente 67%, 54% e 81%, exatamente o oposto do . que se verifica nos cursos do Centro de Ciencias Exatas ern relacao a estas disciplinas. Ern uma analise global verifica-se, ern todos os cursos, urn percentual ligeiramente superior no indice de aproveitamento na disciplina Fisica 1 ern comparacao corn Calculo I e Vetores-Geometria. A reducao do universo academico e mais acentuado nos cursos de Ciencias Exatas ern relacao aos de Engenharia. No CTC, existe um elevado Milner° de dependentes nas disciplinas das series iniciais, indicando dificuldades, porem nao abandonam o curso corn a mesma frequencia que os academicos do CCE. A reducao da clientela ocorrida nas series iniciais dos cursos analisados, tern como reflexo, alem do prejuizo a sociedade, a manutencao da mesma clientela ciclica dentro da Instituicao, diminuindo a oportunidade a novos ingressantes. A evasao e repetencia, nesta Instituicao, tern atingido elevados indices, destacando-se os cursos do Centro de Ciencia Exatas e Engenharias, levando a PrO-Reitoria de Ensino e Graduacao a empenhar-se na busca de solucOes, oferecendo apoio e incentivo para o desenvolvimento desta pesquisa. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. BICUDO, Maria Ap. Viggiani. - Evaslio Escolar nos Cursos de Graduacao da UNESP, Universidade Estadual Paulista, 1995. 2. CASTRO, B. A. C.; HAMBURGER, E. W. & RABINOVITCH, S. V. — Estudo sobre o Desempenho dos Alunos no Curso de Fisica da USP: A influencia da exigen-cia de pre-requisitos e da repeticao semestral das disciplinas sobre indices de aprova-cao no curso de Fisica da USP. PublieciOes 3. 4. 5. 6. IFUSP —787, Sao Paulo, 1989. FUSINATO, P. A. — Estudo do Desempenho dos Alunos nas Disciplinas do Pri-meiro Semestre do Curso de Fisica da USP em 1991. PublicaOes IFUSP/P — 1082, Sao Paulo, Novembro/1993. FUSINATO, P. A. — Panorama do Curso de Fisica da USP no Perfil de seus Alunos. Um estudo do desempenho academic() no period() de 1989 a 1995. Tese de Doutorado — FEUSP. Sao Paulo, 1995. HAMBURGER, E. W. — Proposta para a Melhoria do Curso de Graduacao: o Primeiro Ano. Publicacao Interim do IFUSP. Sao Paulo, setembro de 1990. PRADO, F. D. — Acesso e Evas5o de Estudantes de GraduacAo: A Situacao do Curso de Fisica da USP. Tese de Doutorado — FEUSP. Sao Paulo, 1995. PAINEL 3.9 - A PRODKAO DO CONHECIMENTO E A PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR NO ENSINO SUPERIOR Carla B. Zondavalli Malu/de Ara*'. Maria hic?.v de Vouseca Jordan e Wgia Avancini Blanch' 'Centro de Ciencias Humanas. Socials e da Educa0o -'Centro de Ci6lcias Exatas c TecnolOgicas, "Centro dc Ciencias RiolOgicas, Auarias e da Sande. Universidade para a Desenvolvimenta do 1:stado c da Regi5o do Pantanal UNIDERP — alonscca0?,alanct.com.br Este trabalho relata a producao, implementacao e os resultados de uma atividade interdisciplinar, desenvolvida junto ao Curso de Engenharia /Ciclo Basic° da UNIDERP, em Campo Grande, MS. Sera() indicados, inicialmente, conceitos basicos acerca do processo ensino-aprendizagem e da interdisciplinaridade; seguidos de dados sobre o desenvolvimento da pesquisa e da atividade de ensino, bem como, dos resultados obtidos ern 1998. A fragmentacao do saber esta posta pelo prOprio modo de producao da sociedade capitalista, que segmenta processos em partes, desarticuladas entre si, de modo a impedir a nocao da totalidade do processo e suas relacOes corn os produtos obtidos. 0 desconhecimento destas relacoes implica numa leitura acritica, 147 parcial e superficial da realidade humana pois, impossibilita a percepcdo dos fatos e fenomenos em sua complexidade, historicidade, contradicao e movimento. Este problema incide em todos os ambitos da atividade humana e, no ensino, nao é diferente. Dos anos iniciais de escolarizacao ate os bancos universitarios e comum a constatacao da distancia entre os conhecimentos ensinados na escola e as necessidades praticas da vida cotidiana, bent como, a desarticulacao entre as disciplinas de seu curriculo. Estas dicotomias trazem conseqijencias diretas ao processo ensinoaprendizagem, pois geram a desmotivacdo por parte de professores e alunos, dada pela ausencia de significados dos contendos a serem ensinados e aprendidos. Neste sentido, vale lembrar que a relacao entre sujeito cognoscivel e objeto cognoscente é, segundo Vygostky, uma relacao mediada, como indica Oliveira(1993, p.57): Aprendizado ou aprendizagem d a processo pelo qua/ o individuo adquire informac5es, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu cantata corn a realidade, o mesa ambiente, as outras pessoas. Em Vygostky, justamente por sua enfase nos processos .vocio-histaricos, a ideia de aprendizado inch° a interdependencia dos individuos envolvidos no processo. 0 ier1710 que ele utiliza em russo (obuchenie) signifies algo C01770 "processo de ensino-aprendizagem", incluindo sempre aquele que aprende, aquele que ensino e a relaccio entre essay pessoas. Deduz-se que, para haver aprendizagem e ensino significativos, e preciso que os elementos presentes nesta relacao estejam envolvidos, afetiva e intelectualmente em suas atividades, sejam tocados pelo significado social e particular dos atos que executam. Urn ensino que fragmente as informacOes e desarticule conhecimentos dificilmente trara em seu bojo envolvimento, intencionalidade e significancia. Santome, explicitando uma perspectiva tradicional e retrOgrada de ensino, infelizmente ainda presente nas escolas, esclarece: Os professores e profe. ssoras OCUpaVal17-Se mais de serem obedecidos, de seguir urn determinado rill)? 0 nas larefas a realizar, de propiciar uma mentorizaceio de dados qua.ye nunca bent compreendidos; elm m - anta isso, os al u nos geravam estrategias para recordar dados e conceitos que para eles nao linham qualquer significacao; portanto, preocupavam-se mais C0171 manter as aparencias (..). 0 mends importante cram Os processos de reconstrucao cultural que deviant ocorrer nas colas de atria. Na verdade, a que realmente impartava cram as novas escolares, que representavam a mesma coisa que os salcirios pant as operarios e operarias (Somme, 1998, p.15). 0 mesmo autor chama atencao para a necessidade de mudanca do ambito escolar em razao das alteraceies significativas pelas quais passa o modo de producao capitalists. Assinala que a globalizacao das economias, desde a decada de 80, requer a transformacao dos modos de producdo e comercializacao e, consequentemente, o desenvolvimento de novas tendencias e capacidades, entre as quais a de articulacao de informacOes diversas, indicada pela versatilidade, criatividade; de descentralizacao de tarefas, que implica na articulacao de equipes de trabalho; enfim, as palavras-chave do mundo globalizado sac) a articulacao, a mediacao e, portanto, a interdisciplinaridade e a contextualizacao das informaceies. Jantsch citado por Santome (1998) afirma que a verdadeira interdisciplinaridade supera a mera justaposicao ou troca de informacOes entre disciplinas, pois implica na criacao de urn contexto de estudo de ambito mais coletivo, aonde as disciplinas envolvidas, estabelecem uma relacao de interdependencia que resultara em intercomunicacao e enriquecimento reciproco e, consequentemente, em uma transformacao de suas metodologias de pesquisa, em uma modificacao de conceitos, etc. Santome, servindo-se das ideias de Jantsch (1998, p.73-74) esclarece: . 0 ensino baseado na interdiscjplinariedade (sic) tern um grande poder estruturador, pois as conceitos, contextos teoricas, procedimemos, etc., enfrentacios pelos alunos encontram-se organizados em Lorna de unidades mass globais, de estruturas conceituais e metodologicas compartilhaday par vcirias disciplinas. Alem disso, depois flea mais jacil realizar t•amjerencias das aprendizagens assim adquiridas para (twos cantextos clisciplinares mais tradicionais. Alums e al u nos cam 11171a educacao 177 aiS interdisciplinar estc-io mais capacitados para en•entar problemas que transcendent as Hittites de 11171a disciplina concreta e para detectar, analisar c salucionar problemas novas. A motivaccia para spreader e mato grande, pois qualquer situaccio ou problems que preocupar ou interessar as estudantes podera tranvjarmar-se em ()Nem de estudo. Os conceitos acima desenvolvidos embasaram a atividade interdisciplinar desenvolvida pelos professores de Quimica, Fisica e Metodologia Cientifica ministradas no Ciclo basic() do Curso de Engenharia da UNIDERP. Vale ressaltar que acOes desta natureza vem sendo desenvolvidas ha cinco anos, a partir das necessidades postas por alunos e professores, mas, apenas corn a proposicao de urn projeto de pesquisa l , houve a sistematizacao de dados e a avaliacao efetiva da importancia desta pratica para o processo ensinoaprendizagem. 0 campo de articulacao das diferentes disciplinas foi a producao de projetos de pesquisa, em nivel de iniciacao cientifica, por parte dos academicos, estabelecido pela preocupacao corn a necessidade de superar a mera memorizacao de conceitos, propiciando condicOes a problematizacao, coleta, analise e 148 sistematizacao de informaceies, conforme o rigor cientifico, relativas a conterldos de Fisica e Quimica, corn aplicabilidade em areas da engenharia. A acao interdisciplinar abrangeu , em 1998, cerca de 200 discentes, sendo desenvolvida no decorrer do ano letivo, atraves das seguintes etapas: 1. Escolha dos temas a serem pesquisados e elaboracao dos projetos. Neste momento os alunos refletem sobre as aplicacOes das disciplinas Fisica e Quimica nos estudos da Engenharia, alem de terem que refletir sobre a viabilidade de seus projetos e sobre a elaboracao formal dos mesmos, junto as aulas de Metodologia Cientifica. Nestas aulas sao desenvolvidos seminarios internos nas respectivas turmas, permitindo uma explanacdo e defesa do tema escolhido, bem como, a busca de subsidios para argumentacao da importancia do prOprio trabalho, sendo analisados os seguintes fatores: a) Relevancia do tema para o curso; b) Correcao conceitual; c) Viabilidade de execucao; d) Fundamentacdo Teorica; e) Apresentacao formal. 2. Desenvolvimento da pesquisa. Nesta fase, dependendo do tema e do tipo de pesquisa escolhidos, os alunos desenvolvem o levantamento, selecao e documentacao de fontes bibliograficas; elaboracao de instrumentos variados para coleta de dados; implementacao de coletas atraves de entrevistas, visitas, levantamentos; analise qualitativa e quantitativa dos dados, envolvendo, a depender do tipo de pesquisa, analises laboratoriais e tratamentos estatisticos dos dados; sistematizacao dos dados atraves da producao de um Relatorio de Pesquisa. 3. Apresentacao dos trabalhos. Nesta etapa os alunos tiveram que expor a comunidade academica a pesquisa atraves de apresentacao de paineis, maquetes e/ou seminarios 2 . Para tanto, sistematizaram suas ideias para poder expo-las, tendo, portanto, que utilizar a metodologia adequada a apresentacao de trabalhos e/ou comunicacOes cientificas. Para avaliacao da parte metodolOgica dos projetos academicos foram estabelecidos alguns criterios: a) Caracterizacao e organizacao segundo o formulario de Projeto de Iniciacdo Cientifica adotado pela ProReitoria de Pesquisa e Desenvolvimento da UNIDERP ; b) itens designados por Roteiro, Fundamentos Teoricos, Proposta, Redacdo e obediencia as Normas da ABNT. Os temas escolhidos sac) abrangentes, sendo que setenta e oito por cento (78%) dos mesmos corresponderam a tres areas basicas da Engenharia: civil (34%); eletrica (20%) e ambiental (24%). Levando-se em consideracao que o primeiro e segundo anos de Engenharia na UNIDERP sao basicos, isto pode ser indicativo de futuras aspiracOes profissionais. Constatou-se ainda, que a grande maioria dos alunos conseguiu perceber a indissociabilidade das duas ciencias estudadas pois, 89% dos alunos apresentaram trabalhos articulando as disciplinas de Quimica e Fisica. Quanto a avaliacao, 90% dos projetos apresentados corresponderam aos indices muito born e born, dado o atendimento as exigencias formals e de rigor cientifico postos pela Metodologia Cientifica, bem como, a presenca de fundamentos teoricos e a correcao dos conceitos emitidos. No que toca a aceitacao deste tipo de atividade e, portanto, a motivacao manifestada pelos alunos, 82 % classificaram o desenvolvimento de projetos como muito born, 13% como born e 5% como regular. Frente aos dados obtidos conclui-se que trabalhos interdisciplinares, envolvendo disciplinas corn Fisica, Quimica e Metodologia Cientifica, podem ser urn eixo catalisador na aprendizagem dos conteados de forma significativa. Algo patente quando analisados os fatores originalidade e aplicabilidade dos conteudos envolvidos nos temas dos projetos. E ainda, a constatacao da relacao direta entre os assuntos escolhidos e temas ligados ao cotidiano profissional ou vinculados a area de interesse do aluno, permite afirmar que propostas de elaboracao de urn projeto de pesquisa no ciclo basic° podem acentuar tendencias, empatias ou amadurecimento na escolha da area de conhecimento a ser assumida pelo academic°, alem de demonstrar , pelos dados obtidos na avaliacao dos alunos sobre a atividade desenvolvida, que se constitui em uma concepcao de ensino que permite o dominio, aplicacao e producao de novos conhecimentos. 1 0 projeto "A producao de projeto de ensino e/ou de pesquisa na dinamica de aprendizagem dos academicos do ciclo basic() de engenharias: metodos e estrategias" foi desenvolvido corn recursos da UNIDERP, no periodo de 1997 a 1998. 'Em 1998, os trabalhos foram expostos na I Semana das Ciencias Exatas e TecnolOgicas da UNIDERP, havendo apresentacOes orais para o pOblico. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. FAZENDA, lvani C. A Interdisciplinaridade: histeria, teoria e pesquisa. 2. ed. Campinas: Papirus, 1995 2. OLIVEIRA, Marta Kohl de . Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, urn processo sOcio-histarico. Sao Paulo: •Scipione, 1993. 3. SANTOME, Judo Torres. Globalizacao e Interdisciplinariedade: o curriculo integrado. Porto Alegre: Artes Medicas,1998. 149 PAINEL 3.10 - INCERTEZAS EXPERIMENTAIS: E POSSIVEL CONVENCER OS ALUNOS DE SUA UTILIDADE? Horodynski-Maisushigue: E. M. Yoshinnra; E. W. Cybulska; N. hl. Medina e I'. B. Pasch() Institute de Fisica da Universidade dc Sao Paulo [-mail [email protected] Introducao A necessidade de estabelecer urn intervalo de confianca para resultados experimentais esta sendo amplamente reconhecida, pois é uma informacao essencial para comparacOes significativas, tanto corn valores esperados por consideracOes te6ricas, quanto corn outros resultados experimentais[1]. Entretanto, estao sendo acumuladas evidencias de que o conceito de incerteza experimental, associado ao intervalo de confianca, e de lenta assimilacao para iniciantes ern atividades de mensuracao[2]. No Institute de Fisica da USP estao ocorrendo reformulacOes didaticas[3] nas disciplinas Fisica Experimental I e 2. Fla alguns anon 6-se enfase a habilidades e atitudes necessarias a adequada obtencao e analise de dados experimentais[4]. Resultados de questionarios anteriormente aplicados[4] indicam que os alunos consideram a abordagem porem pouco motivadora. Para complementar estas informacOes, foi submetido aos estudantes, no expres.ve, coin suers segundo semestre de 1998, um conjunto de tres questOes (respostas anOnimas): palavras, o significado clue voce associa a incerteza num resultado experimental; 2) na sua opiniaq qua' o papel da analise de incertezas em urn irabalho experimental; e 3) exprima em tr&s palavras as caracteristicas mais marcantes clas disciplinas de Fisica Experimental I e 2. Resultados Foram recolhidas, ao todo, 106 respostas ao questionario de urn total de 109 alunos frequentes. AnaUse correspondente b primeira questa° Apenas 2 alunos nao responderam it primeira questa° e urn apresentou urn improperio ("porcaria nenhurna"). Nos questionarios restantes nao se identificou respostas iguais, o que é um indicativo da autenticidade das informacOes. Da ordem de 2/3 das respostas incluem, como ingrediente correto, expressOes como: grail de conlianca, flutuaccio, margem de drivido, intervalo em (pie se espera.... Tres respostas tipicas sao apresentados a seguir (nas respostas estao mantidas a grafia e a pontuacao originals): • "A incerteza experimental expressa o intervalo aonde o resultado provavelmente varia." • "A incerteza é um indicador da precisao imposta on possivel para determinada grandeza, ela transporta para si erros de leitura, precisao de equipamento, capacidade de estimativa do experimentador e por isso é tao importante quanto o propriO resultado experimental." "A incerteza nuns resultado experimental mostra a flutuacao dos dados experimentais." • No terco restante, ha respostas que apresentam a ideia, incorreta, de necessidade de comparacao corn valores esperados ou corretos, e respostas pouco conclusivas. Dois exemplos do primeiro tipo e urn do segundo sao apresentados: • "A incerteza indica qual a distancia do valor obtido para o real e se o range do valor obtido inclui o valor real." "A incerteza possui o significado de apresentar o quanto o metodo de calculo e experiencia sao • eficientes." • "A possibilidade de analisar a precisao e acuracia de uma medida, alem de ser um padrao para a observacao de erros." Ancilise correspondente a segunda questao Ern 35% das respostas a segunda questa° apareceram explicitamente as palavras importante ou, mesmo, fundamental; ern l7% dos casos foi salientado que a analise de incertezas permite comparctOes entre informacOes. Tres frases representativas estao reproduzidas abaixo: • "E muito importante, pois estabelece e fornece urn limite de confianca nos dados experimentais. Corn ela, pode-se fazer comparacOes ou tomar conclusOes sobre o que se esta analisando." • "Como se observou na pratica, qualquer resultado experimental apresenta uma incerteza associada. Dessa forma uma conclusao que se baseia em resultados experimentais deve levar ern conta as incertezas, para ver se urn resultado é estatisticamente compativel ou nEio." • "0 papel é auxiliar o experimentador a compreender os dados obtidos" Analise correspondente a terceira quesido é Corn relacao as 3 palavras representativas, colhidas na terceira questa°, a mais frequente trobalhohrahalhosa, que foi apresentada 26 vezes, sendo 16 ern primeiro lugar, 4 vezes em segundo. Com frequencia parecida (25 vezes) nota-se o termo incerteza (6 vezes no primeiro lugar; 10 no segundo); a seguir coin frequencia aproximadamente metade sao verificadas as palavras interesselinteressante (5; 7; 2); 150 estatistica (8; 3; 0) e anodise (3; 7; 1); finalmente, sintese (2; 2; 4); relalorio (3; 1; 4) e gdctrlo.ci calcular (2; 4; 1). Qualquer outra palavra foi citada 4 vezes ou menos. Destas, 49 citacOes ao todo referem-se a nocCles negatives. Assim, ha 4 vezes, cada, can.vativa e clificuldacle; 3 vezes cada desestimitlantel clesinteressante; confieso e mesmo anguslianlelpavor. Abaixo estao algumas citacOes, na secitiencia em que foram apresentadas: trabalhosa importante desinteressante graficos analises de dados sintese estatistica massante fundamental observacao analise interpretacao pavor(calculos) incertezas mostra a realidade (como sao as coisas na pratica) informacao inspiracao transpiracao(em ordem crescente) relatOrios sinteses curiosidade born senso analise critica metodologia cientffica paciencia complacencia saco medic calcular analisar pensamento independente criterio calculo (ate demais) preparo familiarizacao interesse instrutiva realista trabalhosa sacrificio descoberta interesse funciona!! Suga Amplia incerteza(estimativa) incerteza(conceito) incerteza(propagacao) trabalho trabalho!!! trabalho criativa rigida interessante Alanife.stacOes L lyres No questionario foi ainda aberto urn espaco para livre manifestacao dos alunos, que Vol utilizado por 45 deles, portanto por quase metade dos respondentes, o que demonstra urn born enajamento dos estudantes corn a atividade. A solicitacao mais frequente (13 vezes) e urn maior entrosamento entre 0 laboratorio e as disciplinas teOricas. De outro lado, e de forma previsivel, apareceram reclamacOes (11vezes) quanto a falta de tempo e/ou excesso de trabalho e, tambem, quanto a falta de um caminho preestabelecido, pela apostila ou pelo professor (10 das intervenc6es). Por rim, como seria tambem de esperar, ha comentarios (ao todo 9) sobre a estatistica da teoria de incertezas e sua dificuldade. De modo geral, os comentarios podem ser considerados antes negativos do que positivos. Uma selecao de comentarios é apresentada: • "Talvez, na minha opiniao, tenha faltado urn pouco de teoria por tras das ferramentas estatisticas que utilizamos durante o curso, ou seja, deveriamos aprender mais porque essas ferramentas funcionam do jeito que as utilizamos." • "Observacao final. Apesar de todos os problemas (muitos criados por nos, alunos inexperientes) o curso é born!" • "0 curso e dado de tal maneira que nao nos faz sentir gusto pela fisica experimental (embora maravilhosa). 0 tempo para a realizacao das experiencias nao e suficiente pat -a que nos (alunos) possamos analisar todos os aspectos possiveis. Por outro lado, a equipe de professores e muito boa, dando sempre a atencao necessaria aos alunos. (toda regra tern sua excecao)" • "Gostaria que as disciplinas experimentais fossem mais integradas a disciplina teerica oferecida. Assim, poderiamos avaliar na pratica aquilo provado e estudado nas disciplinas teoricas, percebendo, tambem, as limitacOes dos modelos teericos. Essa Ultima parte ja e feita no laboratorio, porem, a inexistencia de urn modelo teOrico sOlido dado em aula, pode atrapalhar nao so a compreensito do experiment° como limitar a analise dos dados." • "Acho que as apostilas poderiam ser menos obscuras. Embora a intencao seja encorajar pensamento independente, as apostilas poderiam ser bem mais claras sem prejuizo para os objetivos das disciplinas." • "Construtivismo e uma drotia." Conclusties Fica evidente pelos resultados do presente questionario que ha possibilidade de convencer estudantes ingressantes em cursos de Bacharelado de Fisica (e alias) da importancia, utilidade e/ou necessidade de se apresentarem resultados experimentais acompanhados de setts intervalos de incerteza. Mais do que isto, ha indicios fortes que os alunos se apropriaram de alguns conceitos importantes da teoria estatistica de incertezas. Entretanto, no caso do presente estudo, isto foi obtido as custas de trabalho considerado excessivo por fracao consideravel dos estudantes. As atividades tambem foram julgadas como pouco 151 motivadoras por parte dos alunos. Analisando o contend() das palavras-chave que caracterizam as disciplinas segundo os estudantes, se for incluido o conceito trabalhoso, ha 29% do total corn julgamentos negativos sobre as disciplinas, sendo estes menos numerosos no noturno (23%), o que pode ser associado a urn maior amadurecimento destes alunos. Entretanto ha, conforme pode ser observado pelas citacOes apresentadas, tambem uma quantidade consideravel de conceitos positivos, encabecados pelo termo interessante. No conjunto de 106 questionarios respondidos ha ainda 13 intervencOes explicitas (12%) a favor de urn maior entrosamento entre teoria e experiencia. As informacOes colhidas serao levadas em consideracao no replanejamento das atividades das disciplinas, para 1999. Referencias [1] C F Dietrich, Uncertainty, Calibration and Probability: The Statistics of Scientific and Industrial [2] [3] [4] Measurement, 2'. edicao, Adam Hilger, Bristol, 1991 R Journeaux e M G Sere, Traitement statistique des incertitudes em physique: problemes scientifiques et didactiques, Eur J Phys 15;286-292(l 994) L B Horodynski-Matsushigue, P R Pascholati, J H Vuolo, M -L Yoneama, J F Dias, P T D Siqueira e M Amaku, Ulna Proposta para o Laboratorio Didatico de Fisica de 3° Grau: Fisica Experimental I e II do IFUSP, XIII Simposio Nacional de Ensino de Fisica - Novos Horizontes, 27 a 31-1-1997, Belo Horizonte, in anais pag. 100. L B Horodynski-Matsushigue, P R Pascholati, M Moralles, M -L Yoneama, J F Dias, W A Seale e P T D Siqueira, Os Objetivos do Laboratorio Dick:taco na !litho de Alunos Ingressantes no Bacharelado em Fisica do IFUSP e de seus Professores, Rev Bras Ens Fis 19(2);287-297(1997) PAINEL 3.11 - UM EXPERIMENTO OPTATIVO COMO AVALIACAO DE APRENDIZAGEM EM UM CURSO INTRODUTORIO DE LABORATORIO DE FISICA Horodynski-Maisushigne: E.M. Yoshimura; E.W. Cyldska: N.H. Medina e P.R. Pascholati Instituto de Fisica Universidade de Sao Paulo E-mail lighia(i-br lusp.hr Introducao A avaliacao de aprendizagem nos laboratOrios didaticos tens-se constituido em fonte de inseguranca e insatisfacao para professores e alunos[1]. A forma tradicional de proceder, que se resume em afixar notas em relatorios ou atribuir peso demasiado a uma ou varias provas escritas, exclui aspectos importantes da avaliacao de desempenho, frente aos objetivos que podem ser tracados para o laboratOrio[2]. A restruturacao de disciplinas experimentais que esta em andamento[3] no Institute de Fisica da Universidade de Sao Paulo - IFUSP - esta progressivamente atacando esta problematica, tentando, porem, manter urn controle conveniente da situacao didatica. As disciplinas Fisica Experimental 1 e 2 do IFUSP sao oferecidas aos estudantes ingressantes nos cursos de Bacharelado em Fisica, Geofisica e Meteorologia. Elas ocupam 4 horas semanais de aulas dos 2 primeiros semestres e tem entre seus objetivos a familiarizacao corn tecnicas experimentais, a sistematizacao e o tratamento de dados, alem do aprendizado da teoria de incertezas[3]. Esses conceitos sao introduzidos paulatinamente a medida que os experimentos programados sao realizados. Estes, 6 ou 7 por semestre, sac) desenvolvidos em geral em dual aulas cada um. Inicia-se corn a verificacao, atraves de repeticOes de medicOes em condicOes iguais, de que a incerteza dos valores obtidos faz parte do trabalho experimental. A partir dal introduz-se os metodos correntes de tratamento e analise de dados. Ao mesmo tempo, a disciplina pretende que o aluno aprenda a observar criticamente o resultado de seu experimento, compara-lo corn o de outros experimentadores e tirar conclusbes a partir dessa analise. Os instrumentos que sao utilizados pela equipe de professores sao a elaboracao de relatos sinteticos (sinteses, de todos os experimentos, feitas em grupo e corrigidas sem atribuicao de nota) e de relatOrios completos (individuals, dois por semestre, para avaliacao) e a discussao em sala de aula (nas aulas semanais e em uma aula sintese comum a todos os alunos) dos resultados coletivos. As disciplinas nao tern a preocupacao fundamental de acompanhar o contend° das disciplinas teOricas concomitantes, nem a de complements-lo. Os principios fisicos em que se fundamentam os experimentos e procedimentos, quando nao foram adquiridos pelos alunos em seu curriculo normal, sao esclarecidos de forma rapida pelo material escrito (apostilas) e discutidos no transcorrer de cada aula de laboratorio. 0 material didatico, alem do livro de J R Vuolo Fundamentos da Teoria de Erros[4], é constituido apenas da apostila da disciplina que, propositadamente, nao fornece todas as informacOes necessarias para a execucao do experimento, de tal modo que o aluno é obrigado a tomar decisOes sobre a melhor maneira de proceder, de forma cada vez mais ampla, conforme va sendo exposto as situagOes de medicao mais comuns. Esse encaminhamento visa um amadurecimento e desenvolvimento da auto-confianca e auto-suficiencia. Espera-se que, ao final do primeiro ano do curso o aluno tenha desenvolvido algum espirito critico e tenha assimilado o papel desempenhado pelas incertezas 152 em trabalhos experimentais, de modo a poder aplicar a teoria de incertezas a situagOes novas. Como forma de avaliar essa meta da disciplina e, ao mesmo tempo, constituir-se em uma motivacAo adicional, foi introduzido, neste ano (1998), no programa de Fisica Experimental 2 o encaminhamento e a execucdo do Ultimo experimento de uma forma mais autonoma: o aluno escolhia o experimento a ser feito, desde que corn o uso dos equipamentos disponiveis no laboratOrio didatico. Descricao da proposta: Desde o inicio do semestre letivo comunicou-se aos alunos que seria realizado urn experimento optativo, como fecho da disciplina. Eles foram estimulados a iniciar a busca de ()Wes de experimento, discutindo corn seus colegas e coin os professores sobre a viabilidade da proposta. Dessa forma foi mantido urn canal aberto que visava diminuir a inseguranca natural do aluno ante a nova situagOo, ja que, infelizmente, é raro que °Wes dente tipo sejam apresentadas aos alunos, ao longo do curso. A concretizac5o do experimento foi realizada em tres etapas, paralelamente ao desenvolvimento dos outros experimentos da disciplina, ao longo de praticamente urn terco do semestre. Na primeira etapa solicitou-se do aluno a apresentacOo de uma proposta, contendo objetivos definidos pelo grupo de alunos e descricao sucinta da metodologia de tornada e de analise de dados, dentro do padr5o das 2 disciplinas (havia uma semana livre para visita a uma exposicao dos equipamentos disponiveis e discuss5o corn os professores do curso). A fase seguinte consistia no iulgamento desta proposta pela equipe de professores, quanto a viabilidade, a clareza de objetivos, a participacao efetiva do grupo na sua elaboracao (nao foram aceitas cOpias de experimentos existentes) e ao uso correto dos metodos de analise experimental desenvolvidos durante as disciplinas. Esse julgamento era, ent5o, discutido corn a equipe de alunos e a proposta era retornada a eles para eventuais modificaceles. A terceira etapa, execuc5o do experimento, foi realizada ern duas semanas consecutivas de aula, incluindo a analise dos dados e elaboracao de conclusoes. Cada grupo de alunos de uma classe executou urn experimento diferente, mesmo que, por vezes, corn material semelhante. Os alunos que nao elaboraram proposta, ou cuja proposta nao chegou a urn termo satisfatorio, receberam as instrucOes de urn experimento-padrao e, se sorteada esta atividade (corn 1/3 de chance) para a realizac5o do 2° relat6rio individual, perderam 30% da nota de avaliac5o. Resultados e Conclusoes Verificou-se que a absoluta maioria dos alunos (mais de 90%), mesmo quando houve hesitacOes e/ou reclamacOes iniciais, engajou-se de forma ativa, tomando o experimento como efetivamente seu, , promovendo durante a suaexecucdo discusses pertinentes corn o colega de equipe e recorrendo ao professor apenas para corne ntarios e opiniOes quanto a alternativas colocadas pelos proprios alunos. Para que a proposta se encantinhasSe desta forma foram essenciais: (i) a critica construtiva feita pela equipe de professores a proposta'briinal dos alunos, contendo alertas sobre lacunas e possiveis dificuldades; (ii) a possibilidade dos alunos os plantOes de atendimento normals e extraordinarios que os professores colocaram a disposie56: nda' . 'irem aperfeicoando as ideias originais quanto a obtenc5o e analise de dados, frente aos objetivos 'qnehaViarn se colocado. Parte da minoria que nao participou efetivamente da atividade o fez por opc5o de'eeongieia de tempo. Urn monitor, aluno de sexto semestre foi pork° procurado pelos alunos, o que resulial riYur nla atuagOo menos eficaz do que inicialmente imaginada pela equipe de professores. Dentro das regras estritas de escolha de experimentos, a criatividade ficon urn pouco tolhida, entretanto, ern parte Corno frut6 das sucessivas interaceres previas corn os professores,6sobjetivos foram se aprofundando de forma diferente para cada equipe. Assim, urn estudo de molas resulton ear: (i) comparac5o de 2 molas aparenteniente:iguais, quanto a sua constante de elasticidade, considerando criticamente as incertezas de medicOo; '(ii)'verificacOo da relacfto entre o periodo e a constante da rfrola,. utilizando molas diferentes; (iii) na tentativa de 'estabelecer a relacdo entre a constante elastica e caracteristicas da mola, tais como espessura do fio, numero e tamanho das espiras, etc. De forma andloga, a difraCao , da luz de um laser foi utilizada para: (i) determinar o seu comprimento de onda, utilizando 4 fendas de tamanho conhecido (dentro de 5 1m); (ii) determinar a espessuras dos fios de cabelo de colegas da classe. E interessante notar tambem que duas equines, que incluiam tecnicos ern eletronica, num primeiro momento, quiseram utilizar fios de cobre para estudar a relac5o da resistencia eletrica corn as caracteristicas dos fios; questionados, encaminharam-se, respectivamente, para a medicOo em fios de niquel-cromo (NiCr) e em grafite de lapis (que resfriaram corn agua para manter a temperatura e cuja resistividade determinaram, de forma correta, como nao compativel corn a tabelada do carbono). Houve, ainda, trabalhos sobre ressonancia ern sistemas mecanicos, entre eles a medicAo das frequencias correspondentes as notas musicais ern uma corda de viol5o corn comprimento alterado, de forma andloga ao que se obtem pela pressao dos dedos do guitarrista. De um modo geral os experimentos propostos pelos alunos referiram-se a assuntos relacionados Mecanica, tratada nas disciplinas teOricas concomitantes. Verificou-se, tambem, que apesar de permitido e, por vezes, ate incentivado, poucos alunos se propuseram a investir nos experimentos realizados durante os 2 semestres, de modo a melhorar-lhes a precis5o ou as informacOes obtidas. Duas excecOes rnarcantes foram a adaptacAo de urn faiscador a urn pendulo, visando obter urn valor de g mais acurado, e o estudo da 153 influencia das paredes sobre a forca viscosa que atua sobre urn objeto que se movimenta em Oleo, neste caso alterando o diametro do vasilhame que o continha. Do ponto de vista didatico, o resultado mais promissor é que a maioria dos alunos aplicou de fato os conceitos e habilidades basicas, que haviam sido anteriormente trabalhados durante as experiencias programadas, as situacOes novas e concretas de tomada e anal ise de dados proporcionadas pelo experimento optativo. Assim, a grande maioria percebeu a vantagem de analises graficas e linearizacOes na avaliacao da qualidade de dados; praticamente todos se propuseram a, se possivel, repetir medidas e apresentaram os resultados finals acompanhados de urn intervalo de conlianca. Como fator negativo foi observado que a epoca escolhida para a atividade (final de semestre), se bem que conveniente como avaliacdo, impediu que alguns alunos, em particular os do noturno, empenhasseni tanto tempo quanto desejavel. A exiguidade de tempo impossibilitou programar um retorno mais efetivo, apos a correcao das sinteses entregues, para a globalidade dos alunos. Isto poderia ser proporcionado, por exemplo, atraves de seminarios de apresentacao e discussao dos resultados obtidos por cada equipe. Referencias [1] A P French, Some thoughts on introductory physics courses, Am J Phys 56(2);110-113(1988) L B Horodynski-Matsushigue, P R Pascholati, M Moralles, M -L Yoneama, J F Dias, W A Seale e P T [2] D Siqueira, Os Objetivos do Laborauirio Didatico 17a Visao de Alunos Ingressames no Bacharelado em Fisica do IFUSP e de setts Professores, Rev Bras Ens Fis 19(2);287-297(1997) [3] L B I-lorodynski-Matsushigue, P R Pascholati, J H Vuolo, M -L Yoneama, J F Dias, P T D Siqueira e M Amaku, Uma Proposta para o Laboratorio Didatico de Fisica de 3° Gray: Fisica Experimental I e II do IFUSP, XIII SimpOsio Nacional de Ensino de Fisica - Novos Horizontes, 27 a 31-1-1997, Belo [4] Horizonte, in resumos pag 100 J H Vuolo, Fundamentos da Teoria de Erros, edicao, Editora Edgard Blucher, Sao Paulo, 1996 DE GRAFICOS DE CINEMATICA PAINEL 3.12 - COMPREENS AO EM FISICA INTRODUTORIA D.A. Agrello e Reva Gurg Instituto de Fisica, Universidade de Brasilia, 70910-900 Brasilia, DO, Brasil P.O. Box 04455 e-mail revaRunb.hr Um grafico descrevendo um evento fisico permite-nos reconhecer facilmente dados, que em uma tabela sao mais dificeis de visualizar. Os graficos resumem uma grande quantidade de informacOes que podem ser facilmente percebidas. A habilidade de trabalhar comfortavelmente corn graficos é uma ferramenta basica dos cientistas. Tern-se dado muita atencao ao topic° "cinematica - o movimento dos objetos" em aulas de fisica introdutoria. Talvez a mais importante razao para analisar a habilidade dos estudantes em interpretar graficos de cinematica seja o seu vasto use como ferramenta de ensino. Uma vez que os graficos sao urn eficiente pacote de dados, eles sao usados quase como uma segunda linguagem. Os professores de fisica freqfientemente constatam que seus estudantes nao conseguem usar graficos para representar uma realidade fisica. Varios estudos tern mostrado que os estudantes que estao comecando Fisica IntrodutOria entendem os conceitos basicos da construcao de graficos, mas tern dificuldades em analisar estes graficos no laboratorio. Beichner' propos urn modelo para criar testes tipo mUltipla escolha que podem ser usados tanto como diagnostico quanto como auxiliar na instrucao. Depois de pesquisa detalhada, ele elaborou um teste contendo 21 questOes tipo m6ltipla escolha ( TUGK - Test of Understandig Graphs in Kinematics). Este teste foi aplicado a alunos na Universidade do Estado da Carolina do NorteUSA e tambem a alunos terminando a high school. Este teste foi traduzido por nos' e utilizado na analise de varias turmas de primeiro semestre de 1998 na Universidade de Brasilia. Testamos nossos estudantes corn a intencao de ajuda-los em seu desempenho no decorrer do curso de Fisica I. Neste curso temos condicOes de medir posicao, velocidade, aceleracao e tempo, obtendo dados que podem ser analisados atraves de varios graficos tipo posicao(x) versus tempo(t), velocidade (v) versus tempo (t) e tambem log x versus log t. Todos os estudantes testados ja tinham tido contato corn cinematica no curso de segundo gran. Os professores que aplicaram os testes foram voluntarios. Os testes foram aplicados a 228 estudantes recemchegados a Universidade, a maioria deles sem nenhum conhecimento de Calculo. Os testes foram feitos nas primeiras semanas do semestre, corn a intencao de testar as dificuldades dos alunos e analisa-las . Foram feitas comparacOes entre os diversos cursos, assim como uma relacao entre o desempenho dos alunos no teste corn as escolas de onde eles eram oriundos e o nilmero de vagas por curso no vestibular de 1998. SO foram testados alunos dos cursos de Ciencias Exatas.Fizemos tambem uma comparacao entre os nossos estudantes e aqueles testados por Beichner' . Os estudos comparativos mostraram que os estudantes da UnB parecem ser melhoF preparados que os americanos para lidar corn os graficos de cinematica. 154 Perguntamos aos alunos que fizeram o teste se eles tinham cursado o segundo grau em escolas pnblicas ou em escolas privadas. Os dados mostram que apesar de o indice de acerto dos alunos das escolas pnblicas ser menor que o das escolas privadas, os resultados nao sac) muito diferentes. Embora isto nos tenha causado alguma surpresa, devemos levar em conta que a UnB e uma das melhores Universidades do pals, sendo que em Brasilia o ensino pOblico e um dos melhores do Brasil. Tambem devemos considerar o tato que os alunos que ingressam na UnB sao provavelmente os melhores em suas respectivas areas em Brasilia. Os resultados poderiam ser diferentes considerando outras regiOes do pals. Comparamos alunos de diversos curso, e evidentemente, o nivel de acerto das respostas tambem dependem do curso escolhido. Gostariamos de enfatizar que os metodos de ensino necessitam de modificacOes de acordo corn a habilidade dos estudantes em uma sala de aula. 0 ensino nos cursos tidos como basicos nao deve ser ministrado igualmente para todas as areas de conhecimento, porque os alunos iniciantes nao tern o mesmo nivel de formacao. Os nossos estudos mostram tambem que a nata dos estudantes ja nab esta nos cursos de Fisica. Antiamente somente os melhores alunos faziam os cursos de Ciencias. Hoje isso nao é mais uma realidade. Muitas mudancas nos curriculos tern sido sugeridas, nao so aqui, mas em outros paises tambem. Corn as mudancas no mundo ocorrendo cada vez mais rapidamente, é essencial uma major flexibilizacao e adaptacao dos curriculos atuais. Alguns educadores atribuem o baixo nOmero de estudantes que se formam em ciencias fisicas a preparacao deficiente ou excessiva consciencia de carreira dos estudantes hoje em dia. Referencias: I. Robert J. Beichner, "Testing student interpretation of kinematics graphs", Am. J. Phys. 62 (8), 750-762 (1994) 2. Robert J. Beichner, "Test of Understanding Graphs Kinematics ", version 2.6; sua traducao para o portugues por R. Garg e D. A. Agrello, www.ncs.eduiper/TestAccess.html 155 PAINEL 4.1 - ALTERNATIVAS PARA APERFEICOAR 0 SABER DOCENTE NUM PROGRAMA DE EDUCACAO CONTINUADA BERNASIUK, M. E. B.: GALLI, C.: BRAUN, L.F.Me STRECK, E. E. Faculdade de Fisica, PUCRS - Av. Ipiranga, 6681 - Porto Alegre, RS - CEP:90619-900 Introducao As necessidades e os problemas apresentados por urn grupo de professores de Fisica de escolas de nivel medic), levou o Grupo de Ensino da Faculdade de Fisica a elaborar urn programa de atividades visando propiciar a esses professores, diversificadas vivencias pedagOgicas, integrando a sua formacao corn a educacao continuada. Corn esse objetivo, utilizamos a pesquisa como forma de construed() e compreensao do conhecimento [3], de construcao da autonomia e de construcao da qualidade de formacao de professores [2]. Tomamos como ponto de partida que, num processo educativo, o contato entre professor-tutor e alunos-mestres e entre estes e os alunos do ensino medio deve ser construtivo e participativo, onde o aluno deve ser considerado o sujeito da aprendizagem, parceiro da construcao do conhecimento e nao urn simples objeto de treinamento. Propusemos a pratica da reflexdo na acdo e sobre a acao, valorizando o saber docente e o reconhecimento deste [1], ern busca de alternativas que possibilitassem o aperfeicoamento, a atualizacao do conhecimento cientifico e a instrumentalizacao desses professores de Fisica [4]. Neste sentido, o programa esteve articulado corn o desempenho profissional dos alunos-mestres considerando as escolas como lugares de referencia, pois, é nestas que se dispae dos dados necessarios a investigaedo de situacOes de ensino-aprendizagem e que se conta com processor coletivos de reflexao. Metodologia 0 programa de atividades proposto foi estruturado ern tres etapas. Na I etapa foram desenvolvidas tarefas corn vistas a qualificacao, aprofundando os conhecimentos basicos, e estimulando os alunos-mestres a ler, pesquisar, questionar, refletir, discutir, criar alternativas prOprias e construir equipanientos de baixo custo que pudessem ser utilizados corn os seus alunos do ensino medio. Foi incentivada a inovaeao no sentido de acrescentar conotac'Oes pessoais nas suas aulas, relacionando-as corn o cotidiano dos alunos de modo a motiva-los e mobiliza-los a participar do processo ensino-aprendizagem. Procuramos manter a indissociabilidade entre as aulas praticas e as teoricas, reforcando a ideia de que a Fisica é basicamente uma ciencia experimental. Para tanto, a apresentacao dos conteados referentes a Fenomenos Luminosos, Luz e lntroducao a Mecanica Quantica, foi acompanhada por demonstracOes ou abordada 'mediante atividades experimentais desenvolvidas ern pequenos grupos. Objetivando uma atualizacao dos alunos-mestres sobre pesquisas recentes e aplicacides tecnologicas, foram apresentadas palestras por especialistas convidados. A pesquisa foi utilizada no contexto de sala de aula e fora dela. No primeiro caso, os alunos-mestres vivenciaram uma pesquisa referente as concepcOes alternativas ern Optica geometrica. No segundo caso, durante a 2" etapa do programa, os alunos-mestres, orientados pelos professores-tutores realizaram uma pesquisa individual nas escolas de ensino medico, com seus alunos. Esta foi uma das maneiras de contribuir corn a ideia de que cada professor elabore o seu projeto pedagogico centrado na participacao dos seus alunos e na construed() do conhecimento. Na 3" etapa os alunos-mestres apresentaram aos colegas e aos professores os resultados das suas pesquisas, possibilitando discussOes e trocas de experiencias entre os participantes. Resultados e Conelusoes Para verificar se o objetivo proposto foi atingido, questionou-se aos alunos-mestres sobre as atividades que deram suporte para a realizacao da pesquisa individual. Tambem foram analisadas, a partir dos relatOrios individuais, as opiniOes dos alunos-mestres e dos alunos do ensino medio sobre sua participacao na pesquisa. Os resultados indicam uma mudanca na atitude dos alunos-mestres ern relacdo a sua concepedo de aprendizagem e de pesquisa, o que Ode ser observado nas discussOes que ocorreram durante a 3" etapa e ern depoimentos pessoais. A nova maneira de conceber a relacao teoria-pratica refletiu-se, principalmente, na pratica de ensino dos alunos-mestres ern suas escolas, como indicam os depoimentos de alguns alunos do ensino medio extraidos de relatorios individuals apresentados pelos alunos-mestres. Durante a apresentacdo dos resultados das pesquisas individuals, varios alunos-mestres comentaram da sua satisfacao nao somente por terem ampliado seus conhecimentos, inovado, refletido sobre sua pratica e realizado uma pesquisa, mas tambem por terem provocado mudancas nas suas escolas, tais como: apoio da direcao para execucao das pesquisas; aquisicao de material de laboratorio; cedencia de espaco fisico para os Laboratorios de Fisica; reativacdo de Laboratorios de Fisica; melhor participacao dos alunos nas aulas de Fisica; e a manifestacao de interesse dos colegas de trabalho ern realizar urn trabalho semelhante, entre outras. Os problemas levantados durante as apresentacOes foram diversificados, pois no grupo alguns alunos-mestres estavam no inicio da carreira, enquanto outros ja possuiam experiencias pedagogicas. Este fato foi valorizado 156 durante todas as etapas do curso, pois sabemos que, num processo de educacao continuada, devemos ter como ponto de partida o saber docente [I]. Em funcao do grau de satisfacao demonstrado pelos alunos-mestres no decorrer do programa e da manifestacao de interesse em participar de urn grupo permanente de estudos na Faculdade de Fisica da PUCRS, de oficinas pedagOgicas e de cursos de aperfeicoamento, espera-se que estimulem seus pares a participar de programas de educacao continuada que estdo sendo oferecidos pela FFPUCRS. Ate porque, os participantes tiveram a oportunidade de vivenciar um programa de atividades com objetivos e metodologias muito diferentes daqueles geralmente utilizadas nas "reciclagens de professores" (refazer o ciclo) ou em "cursos de treinamento". Ressaltamos finalmente que, corn as atividades propostas, buscou-se nao sO modificacties metodologicas, mas tambem uma nova postura do professor de ensino medio frente ao processo de ensino e aprendizagem, alem de motive-lo para a educacao continuada. Agradecimentos Este trabalho fez do Programa PRO-CIENCIAS/CAPES/FAPERGS. Referencias BibliogrAficas [1] CANDAU, V.M.F. Formaedo continuada de professores: tendencies atuais. In: REALI, A.M.M.R. & MIZUKAMI, M.G.N., Formacao de professores: tendencias atuais, Sao Carlos: EDUFScar, 1996, 182p. [2] CARVAL1-10, A. M. P. & GILL-PEREZ, D. Formacao de Professores de Ciencias: tendencias e inovacOes. Revisao Tecnica Anna Maria Pessoa de Carvalho. Sao Paulo: Editora Cortez. 1993. 109p. [3] DEMO, P. Qualidade e Educaccio. Campinas: Papirus, 1994. 160p. [4] NOVOA, A. ConcepOes e prciticas de formaccio continuada de professores. In: NOVOA, A. (org) Formacao continua de professores: realidade e perspectivas. Aveiro: Universidade de Aveiro, 1991. PAINEL 4.2 - MELHORIA DO ENSINO DE MATEMATICA E FISICA NO 2 °. GRAU EM SAO CARLOS E REGIAO VIA INTEGRAcA0 UNIVERSIDADEESCOLA A. J. 4. de Oliveira „I. M.P6voci 2 e R. R. Palerlini 3 'Dep. de Fisica- Universidade Federal de Sao Carlos — e-mail : adilsongpower.ukcarbr 'Dep. de Fisica- Universidade Federal de Sao Carlos — e-mail : [email protected] 'Dep. de Matematica - Universidade Federal de Sao Carlos — e-mail : [email protected] Urn dos grandes desafios para o ensino, em particular nas areas de Fisica e Matematica, é apresentar conteados, que em principio sao considerados "dificeis", "complicados" e "corn pouca utilidade pratica", na fala dos alunos e dos professores. Outro fator importante sao as recentes descobertas cientificas e tecnolOgicas que a imprensa divulga, quase sempre de uma forma imprecisa. Normalmente os alunos recorrem aos professores da area de ciencias para esclarecer essas davidas, contudo, estes relatam que nao se julgam preparados para responde-las. Dessa forma, ha uma necessidade constante de se atualizarem, adquirindo novas habilidades tecnicas e pedagOgicas ou reorganizando seus antigos conhecimentos, construindo assim modelos da realidade sempre mais abrangentes e modos de atuacao criativos e inteligentes. Essa • necessidade de atualizacao esta hoje posta ern evidencia devido emergencia do modelo de desenvolvimento globalizado e suas implicacOes no mercado de trabalho. Os cursos de formacao continuada tern sido uma alternativa para a melhoria na formacao e atualizacao de conhecimento dos profissionais de ensino. Dentro desse espirito os Departamentos de Matematica e Fisica do Centro de Ciencias Exatas e Tecnologia da Universidade Federal de Sao Carlos estao desenvolvendo urn projeto que visa nab sO a atualizacao, mas levar os professores do ensino medio de Matematica e Fisica a uma reflexao sobre as suas praticas, dentro de uma proposta baseado no modelo "construtivo-colaborativo", no qual todos os participantes sao convidados a planejar e executar, avaliar e refletir as atividades, proporcionando oportunidades de redirecionamento constante do programa. As atividades se desenvolvem atraves de dois momentos diferenciados mas complementares: as fases intensivas e as lases intermediarias. Nas fases intensivas sao realizadas atividades de estudo, incluindo atualizacao de aspectos conceituais, tecnicos e pedagogicos das materias propostas. Para as fases intermediarias se propOe o acompanhamento da acao pedagogica do professor. As reunkies realizadas nos periodos intermediarios sao dedicadas a preparacao de aulas que implementem uma id6ia original, a relatos sobre o fazer pedagOgico nas escolas, novas experiencias, dificuldades e influencia dos estudos realizados nos periodos intensivos sobre a conduta pedagogica cotidiana do professor. Na proposta deste trabalho de melhoria do ensino do segundo grau, temos como objetivos basicos o seguinte: 1.- Melhoria do ensino de Matema'tica e Fisica na rede pablica do Ensino Medio. 2.- lnteracao prolongada Universidade-Escola atraves da construcao conjunta de uma sistematica de atividades de atualizacao e retlexao sobre a atividade pedagOgica. 157 3 - Cooperar corn a valorizacao profissional dos professores, orientando-a para a mudanca da atividade pedagOgica. 4 - Cooperar para a superacao do fracasso escolar na rede pnblica. 5 - Fornecer subsidios para urn entendimento mais efetivo para a transformacao do conhecirnento academic° avancado em contendo de ensino para as escolas do Ensino Medio . 6 - Melhorar os cursos de Licenciatura em Matematica e Fisica da UFSCar mediante esta interacao Universidade-Escola, trazendo modificacOes na forma de ver a formacao do fitturo professor e proporcionando aos licenciandos oportunidades mais precoces de participacao da realidade escolar. 7 - Trazer subsidios para pesquisa e publicacOes na area de ensino de Matematica e Fisica. Neste trabalho a principal caracteristica a interacao entre os professores da Universidade e da rede pfiblica do Ensino Medio mediante a construyao partilhada de atividades de estudo e de reflexao sobre a ac a- o pedagOgica. Esses momentos de estudo e retlexao sao cuidadosamente preparados, corn ampla participayao de todos os envolvidos, de modo que sirvam de substrato a acOes dirigidas para a modificacao e ampliacao do modelo de ensino vigente. Sao escolhidos temas de estudo que tern implicayao direta no ensino do Ensino Medio, e atividades que contemplam tanto o ponto de vista tecnico quanto o pedagOgico. Nas tabela 1 e 2 podemos observar o nOmero de escolas e participantes bem corn a escolaridade e formacao dos mesmos. D. E.'s envolvidas Sao Carlos Araraquara Jaboticabal Batatais Porto Ferreira Lins no. de escolas 19 05 06 02 03 02 no. de professores 40 05 12 04 03 01 Tabela I — Nfimero de escolas c participantes do projeto Curso universitario Completo lncompleto Na area de atuacao (Matematica e Fisica) Bacharel Licenciatura 02 50 ---02 Em outra area Licenciatura 05 ---- Bacharel 06 ---- Tabela 2 — Escolaridade dos professores participantes do projeto Algumas dificuldades tern sido encontradas, talvez ate mesmo pela inexperiencia de atuar em projetos desse tipo, as quais tem felizmente tern sido resolvidas, dentre elas gostariamos de destacar duas: Dificuldade que tem os professores universitarios em observar a problematica do ensino medio ja que • essa atividade nao se encontra inserida no dia a dia do professor do ensino superior. Tentando superar essa dificuldade temos discutido as mudancas ocorridas nas escolas, assim como procuramos estar a par das ideias mais recentes no que se refere ao ensino de Matematica e Fisica. Os professores supervisores e ATP da DE de Sao Carlos tern nos auxiliado nessa tarefa. Resistencia do professor/aluno em desenvolver atividades de trabalho em grupo e corn uma participacao • mais ativa, procurando diminuir as limitacOes do model° pedagogico usual. Para superar essa dificuldade temos, no periodo de acompanhamento, incentivado os professores a prepararem, atraves de atividades em grupo, aulas a serem implementadas ern suas escolas, corn a suestao de que essas aulas envolvam tecnicas e atividades pedagogicas inovadoras. Contudo, urn fator positivo no desenvolvimento desse projeto foi encontrar urn anseio muito grande por parte dos professores participantes de repensar o seus conceitos basicos de Fisica e Matematica e verificar que a sua aplicacao pode ajudar a compreender melhor as situacOes cotidianas, nao apenas se restringindo ao contendo curricular. , PAINEL 4.3 - A FISICA MODERNA E CONTEMPORANEA NA SALA DE AULA DA ESCOLA MEDIA iluionio P. Portilho': Eduardo de P. Cordeiro 2 : I.ya Casio': Molly .Santos': Mauro Cosi° do .571vd: Percio do Penhas Regino de (7(4ssia M. do Almeida': Marcelo MU= Sonia Marinha 7 e / UFFICoke.io Agricola Nilo Pecanha. Rua Josi2 Breves, s/n, 27197-000, '(Joluguo MOdulo Macau. Rua Alfredo Backer, 354. 28700-000. 1.11T/Instituto de Fisica. Av. Gal. Milton Tavares de Souza, s/n. 24210-340. RE c-mail: ensino(i6 uffbr 'Colegio Salcsiano Santa Rosa, Rua Santa Rosa. 207, 24240-220, RJ 6 1„117 F/Colth.lio Thcnico Agricola Ildelbnso Bastos Borges, Rod. Born Jesus / Santo Eduardo, km I, 28360-000. R.1 L 'Instituto Educacional Professor Alaor, Estrada Unifio Indnstria, 9336. 25730-730,RJ 3.4 158 1. Introduccio: A necessidade da atualizacao dos contendos de Fisica ensinados na escola media tern sido objeto de varios trabalhos e discussOes. Paralelamente, constata-se o despreparo dos professores para efetivar uma abordagem de topicos de Fisica Moderna e Contemporanea (FMC) acessivel aos alunos daquele grau de ensino. A ciencia que e transmitida aos alunos, seja eta da area dita exata ou dita humana, aparece sempre como urn conhecimento acabado, dogmatico, estagnado. E isto nao e um privilegio da Fisica! 0 cientista ou o produtor de urn determinado conhecimento e apresentado como um mito. 0 contendo a ser aprendido pelos alunos nao estabelece nenhuma relacao corn a sua vida cotidiana. Esses alunos nao sabem dizer, em sua grande maioria, para que serve tudo aquilo que aparece nos Iivros ou nas apostilas ou nos cadernos, copiados dos quadros-negros. Podemos observar a diferenca da formacao entre o licenciando e o bacharelando. Este nao é urn item na estrutura de organizacao de cursos de licenciatura, mase de ordem epistemolkica, baseada na dicotomia ensino - pesquisa, entre o saber e o produzir o conhecimento. (Reformulacao dos Cursos de Formacao do Educador, 1984) 0 caminho que tens sido apontado para reduzir a defasagem entre o conhecimento produzido e o que e ensinado na escola é a formacao continuada de professores. Destaca-se, no entanto, que tat como CANDAU (1997) entende-sea formactio continuada como aquela que privilegia o espaco da escola e o saber do professor do ensino medio. Desta forma, o curso que se objetiva oferecer é fruto de um trabalho de parceria entre professores dos ensinos superior e medic), onde a Universidade perdeu o seu pseudo poder de detentora do conhecimento e partiu para a busca da melhoria do ensino de Fisica em co-parceria corn a escola media. Ern outras palavras, numa reorientacao, como bem destaca CANDAU (1997) mudamos as nossas praticas de investigacao sobre os professores para uma investigacao corn os professores e ate para uma investigacao pelos professores. 2. Proposta para o Curso Em momentos anteriores foi possivel diagnosticar, inclusive junto a professores do ensino medio, que a escassez de material didatico-tearico sobre Fisica Moderna e Contemporanea (FMC) tern se apresentado como urn obstaculo a insercao desses contendos naquele grau de ensino. _Assim, o curso vem oferecer esse material acompanhado da correspondente orientactio para uma efetiva aplicacao em sala de aula, sendo apresentado pelos prOprios autores que por sua vez ja o levaram aos seus alunos. 0 curso e o momento em que professores da escola media, no papel de instrutores, poderao sensibilizar seus pares para urn repensar de suas praticas docentes. Parte-se do pressuposto de que o material produzido teve como ponto de partida uma realidade concreta (escola/professores/alunos) segundo a Optica daqueles nela envolvidos. Desta forma, o material didatico contem no seu bojo o saber docente de cada urn deles. 0 desenvolvimento do curso demonstrara a seus participantes o caminho proposto pela equipe para a introducao da FMC na sala de aula da escola. Dentre os apontados na literatura (TERRAZZAN, 1992), optou-se por faze-la ao das tres series do ensino medic), utilizando os contendos da Fisica Classica e os temas do cotidiano dos alunos como elementos facilitadores/motivadores para o ensino e a aprendizagem dos contendos da Fisica. Como ementa sac) propostos os temas: Relatividade, Radioatividade, 1-lologratia e Laser. Destaca-se que os .dois Ultimos temas propiciam uma abordagem experimental, beneficiando, inclusive, o ensino da Optica Geometrica. E importante destacar que o material, tanto escrito quanto experimental, a ser apresentado aos cursistas ja passou por reelaboracao, tendo em vista as criticas e sugestOes de professores de Fisica do ensino medio do Estado do Rio de Janeiro que ja tiveram oportunidade de vivenciar esta proposta de introducao de FMC, dentro das atividades do Programa PrO-Ciencias da CAPES/FAPERJ. Referencias Bibliograficas: I. CANDAU, V. M. Jorg,) (1997) Magisterio Construcao Cotidiana. Editora Vozes. Rio de Janeiro. 2. REFORMULACAO dos Cursos de Formacao do Educador - Avaliacao da Comissao Nacional dos Cursos de Formacao do Educador (1984) in Revista de Ensino de Fisica, V. 6, V.I. 3. TERRAZZAN, E. A. (1994) Perspectivas para a Insercao da Fisica Moderna na Escola Media, Tese de A FISICA MODERNA E CONTEMPORANEA NA SALA DE AULA DA ESCOLA MEDIA. PAINEL 4.4 - ENSINO E A APRENDIZAGEM DE FISICA: ELEMENTOS PARA A RESIGNIFICACAO DO PLANEJAMENTO PEDAGOGICO .1. pow() Azt Chrivina Bueno "Prof Apparecida - LI:. "Dr. Felicio Alancwit' e Jc.euhra I.. it. Dacca' Clesuina(a?,illisp.hr - ) - IV Manuel da NiObrea 'Institut() de Fisica - (1S1' 159 Os programas e cursos que procuram melhorar o ensino do segundo grau atraves de uma mudanca no professor tern se multiplicado nesta Ultima decada e sao a tonica de grande numero de publicacOes. Nosso trabalho procura dar subsidios para outros projetos, corn alguns resultados de urn programa de aperfeicoamento no qual foram utilizados multiplicadores num curso para professores em atividade. Os dados que analisamos referem-se a depoimentos e relatos tecnicos de tres monitores/multiplicadores envolvidos no projeto. Frente a situacao nova de dirigirem-se a seus pares, colegas no ensino do segundo grau, para tratar de questOes que fazem parte da sua pratica e constituent autenticos problemas a serem resolvidos, algumas evidencias mostraram-se significativas; as lacunas na performance de cada urn, como profissional de educacao, corn a responsabilidade de veicular urn conhecimento especifico adequado, sao agudamente expostas. Primeiro depoimento: Corn o desenvolvimento do processo, os professores aprenderam a aceitar suas dificuldades e "perderam" um pouco do receio de se exporem. Contornado esse obstaculo, configurou-se outro problema: COMO estruturar um planejamento, baseando-o em atividades contrutivistas, como as que foram trabalhadas no curso? Como aplica-has aos alunos? Como aproveitar suas respostas? Como encaminhar para o objetivo, a (tentativa da) construcao do conhecimento cientifico correto? Resumindo, como construir um planejamento corn a ideia desenvolvida pelo curso? Na tentativa de indicar a caminho, nos monitores, nos defrontamos corn grandes dificuldades: na analise dos planejamentos, acabamos questionando o professor em coda detalhe, o que ele queria cam cada passo„se conseguiria chegar ao seu objetivo usando tal atividade; queriamos que o professor se conscientizasse disso e alterasse seu planejamento ate sent percebermos claramente, no momenta das discus.yaes, estavamos querendo mudar o planejamento do professor, estavamos dizendo a ele que seu piano nao era adequado e como deveria ser. Esse questionamento acabou criando um clima ruim pois o professor nao conseguia entender e resistia a tentativa de interferencia da nossa parte no seu planejamento. Aqui destacamos um primeiro conflito - a nao aceitacao por parte do professor do queStionamento que faziamos de seu planejamento. Fora o proprio conflito conceitual, havia agora UM conflito de convivencia, de entendimento pessoal, de comunicacao efetiva. Era a nossa vez: estavamos em conflito tambem cam nossos procedimentos. Afinal, tambem nos estavamos aprendendo a "ensinar", nos 17C70 tinhamos experiencia nesse campo. Mas foi justamente essa dificuldade que motivou o grupo de monhores a procurar cam afinco UM "caminho"... uma mudanca na visa° pedagogica do que e ensinar, do que e aprender. Segundo depoimento: Quando iniciei um curso de aperfeicoamento para professores de Fisica na USP, fin can o objetivo de abler receitas prontas para ensinar melhor meus alunos, porque achava que precisava motiva-los para terem vontade, gosto de aprender Fisica. Estava insatisleita corn o ensinar Fisica so usando problemas matematicos e os ahmos nao aprendendo .significativamente. Hoje coma monitora Percebo que as professores que Veit? participar do curso tem a mesma preacupacao ou acham que oiproblema da nao aprendizagem dos (Minos e.sta na dificuldade corn a matematica. Como . fazer cam que mudem sua concepcao? Existent algumas drferencas ern ensinar o (rhino a aprender e ensinar... Algo que se repete quando estamos interagindo corn os nossos alunos e cam as professores e a presenca do conhecimento espontaneo na.y suas . explicacoes, para determinadas siniacaes - problemas, em detriment° do conhecimento cientifico, mesmo quando ele ja tinha sido estudado. Os professores precisavam conhecer as concepcaes cientificas para poderem utilizar as resultados das pesquisas sabre as concepcoes e.spontaneas/alternativas. Aprenderem coma it do senso comum para a conhecimento cientifico, o que nao é nada facil. A dificuldade esto CM saber como partir das concepcaes do senso comum, para a aprendizagem significativa e permanente das concepcoes cientificas„sem considerar o erro que a alum) comete como algo indesejavel, mas situ um ponto de partida. Nao e porque. damos a explicacao correm que as (rhinos vao abandonar as suas explicacaes alternativas, e necessario construir um planejamento e.conduzir adequadamente as atividades. Cabe ao professor incluir novas perguntas, para enf•entar as concepcoes alternativas dos alunos levando-os a romperem corn elas par perceberem que nem sempre elas explicam um fenomeno. Terceiro depoimento: (IMO das ideias mail fortes que permeiam os debates sabre os desenvolvimentos dos conteados de Fisica se referent essencialmente sabre a necessidade de "mativacao" para clue o aluno aprenda. A forma como este conceit() vem sendo disseminado me parece que nece.ysita urgentemente de reparos, sob pena de transfOrmarmos a sala de azda numa 'feira de ciencias" permanente onde as conceitos cientificos sao apresentados SC117 nenhuma reflexao, embasamento teorico e portanto com grandes chances de serem esquecidos nos proximos anos. A aprendizagem nao tem sido vista coma urn "processo" em que a mativaccio e um dos elemento.s a sustentar este processo, quando o aluno deverci ter um problerna para resolver, se interessar individual au coletivamente para resolve-lo pesquisando caminhos e instrumentos necessario.y para chegar ao resultado esperado. Nesta 'Mho de acao ahem do aprendizado, que e entendido coma a 160 "construcao do conceit° cientifico correto", estar6 presente o habito de organizar, comparar, medir, .fundamento necessario para o desenvolvimento do raciocinio logic() e para a resolucao de quest5es que van se complicando e exigindo mais do aluno na medida das exigencias do ensino. Este esquema mostrar6 sua cficiencia quando o aluno se sentir seguro ao expor duvidas, contestar os modelos apresentados, reformular ideias. 0 que me parece que vem sendo ensinado e que devemos superficializar a Fisica, torn6-la facil„sem polemizar. A Fisica nao e fact! e seu en tendimento e imediato por isto ela é sustentada par Leis e Principios que se entrelacam e dao sentido a todo processo de Ensino-Aprendizagem. A analise preliminar permitu organizar as informacOes segundo categorias que dao conta de quatro aspectos: a)situacao/cenario em que se desenvolvem as interacOes pedagogicas; b)objeto de conhecimento em discussao; c)acOes e reflexOes dos protagonistas e d)elementos do processo de ensinar e aprender. Na interpretacao desses dados parece que a consciencia do papel pedagogico e das caracteristicas que envolvem o processo de ensino e aprendizagem aparecem com evidencia na situacao considerada, tendo consequencias na sala de aula do segundo grau. Os resultados principals nos permitem identificar tres momentos no processo por que passa o professor ate a tomada de consciencia do seu papel como observador atento e condutor do planejamento pedagogico, que caracterizamos por: I) o conflito de ideias e a garantia do dialogo; 2) a resignificacao do planejamento e a motivacao interna para ensinar e aprender; 3) a insercao efetiva do modo de pensar dos alunos no planejamento - estabelecendo o dialog°. BIBLIOGRAFIA I. PACCA, J. L. A. & VILLANI, A. Estrategias de Ensino e Mudanca Conceitual na Atualizacao de Professores. Rev. Bras. Ens. Fis. v. 14, n. 4, p. 222-228, 1992. . Conception d'une Formation pour Enseignants de Physique: Un Changement de Perspective dans 2. un Cours de Perfectionnement au Bresil. Didaskalia, n.7, pp.I 17-129, 1995. PAINEL 4.5 - TENDENCIAS NA FORMACAo CONTINUADA DE PROFESSORES DE CIENCIAS Rita de CARratina l e Yassuko Ilosoutne' 'Doutoranda da Faculdade de Educacao da USP/ Departarnento de Educacilo-Universidade Federal de Vicosa- [email protected] ; 2 Instituto de Fisica-Universidade de Sao [email protected] INTRODUcA0 A formacao continuada de professores de ciencias vem acontecendo no Brasil ha pelo menos quatro decadas. Durante esse periodo vem assumindo perspectivas diversas, que podem ser percebidas pelas diferentes denominacOes que a ela sao atribuidas: treinamento, reciclagem, aperfeicoamento, formacao permanente, formacao continuada,etc. Partindo-se do pressuposto de que a formacao de professores nao pode ser vista como urn campo autonomo de conhecimento . e de decisao, é importante pontuar que as denominacOes adotadas ao longo das decadas encontram-se bastante determinadas pelos diferentes conceitos de escola, ensino e curricula de cada epoca. De acordo com Perez Gomez, a partir da definicao de cada urn destes conceitos desenvolvem-se imagens e metaforas que pretendem definir a funcao do docente como profissional na escola.Sao familiares as metaforas do professor como modelo de comportamento, coma transmissor de conhecirnentos, coma tecnico, coma executor de rotinas, coma planificador, coma sujeito que toma decisoes ou resolve problemas,etc. Cada uma dessas imagens ou metaforas tem subjacente: uma determinada concepcao da escola e do ensino; uma teoria do conhecimento e da sua transmissao e aprendizagem, uma concepcao prOpria das relacoes entre a teoria e a pratica, entre a investigacao e a acao"(1995: 95-6). 0 objetivo deste trabalho é mapear as diferentes perspectivas, ou tendencias na formacao de professores, identificar os seus pressupostos tearicos e epistemologicos e apontar aquelas que possivelmente seriam mais adequadas ao desenvolvimento profissional dos professores. REVISAO DE LITERATURA A literatura consultada — livros, artigos, dissertacOes de mestrado e teses de doutorado que tratam do tema da formacao continuada de professores- nos informa que nas acacias de sessenta e setenta as perspectivas de formacao continuada de professores refletem de uma maneira geral uma logica de eficiencia tecnica articulada a educacao e, coma conseqiiencia, ao papel atribuido ao professor no processo pedagOgico. Para Gouveia (1992), a qualificacao do professorado de Ciencias do ensino primario e secundario deuse atraves de cursos de treinamento, onde os especialistas planejavam e os professores executavam. Pretendia-se que os professores de Ciencias agissem, refletissem e mudassem seus conhecimentos e 161 metodologias, num processo linear pois, esperava-se que o professor descartasse o seu metodo de ensino e colocasse no lugar algo que estava sendo apresentado como "melhor". A pedagogia subjacente a. esta formacao ficou restrita a problemas de ordem pratica e nitidamente marcada por uma racionalidade tecnica, que teve o empirismo —lOgico como filosofia de base. Para esta epistemologia, a pratica e entendida enquanto campo de aplicacao de formulas e tecnicas concebidas como universals e verdadeiras, na medida em que se apoiam em conhecimentos rigorosos e de base cientifica. Para Davini (1995), a logica subjacente a este enfoque concebe: . os sujeitos como tabula rasa na qual se inscrevem os dados cientificos do ensino; . a pratica do exercicio profissional como campo neutro, objetivo e homogeneo, ao qual-como no modelo positivista das ciencias naturals — se podem aplicar regras de comportamento metOdico para obter resultados previsiveis e controlaveis. Na decada de oitenta o movimento politico pela redemocratizacao do pals claim por maior participacao e autonomia nas diversas esferas. As pedagogias criticas gestadas no final dos anos setenta irao atribuir aos professores as imagens de intelectuais e profissionais ativos e reflexivos. 0 movimento construtivista, que teve inicio nos anos setenta e se consolidou ao longo da decada de oitenta, tambem sugere novas perspectivas para a formacdo continua dos professores de ciencias atribuindo novas funcOes aos docentes, a medida em que se contrapOe ao empirismo-logico. As estrategias de formacao, de acordo corn esse movimento, devem promover a mudanca didatica do que seja ensinar ciencias. Os professores sao vistos como organizadores das atividades de ensino-aprendizagem dos alunos- entendidas enquanto processos de pesquisa- e, no seu processo de formacao permanente devem desenvolver atividades de pesquisa que contribuam para a melhoria da sua visao de ensino e aprendizagem, corn consequente melhoria da sua competencia docente. Na decada de oitenta, enfim, uma nova perspectiva comeca a se abrir na educacao e, consequentemente, para a formacao.continuada dos professores de Ciencias a partir de uma leitura diferente dos problemas educacionais, onde ganhou destaque o olhar para escola inserida nas relacOes sociais. Na decada de noventa assistimos ao progressivo deslocamento do eixo da democratizacao e a gradativa adocao do discurso administrativo-economicista, inspirado em documentos de organismos internacionais e financiadores. Corn isso, se conseguiu a restauracao dos ntIcleos da racionalidade tecnica em propostas de modernizacao e controle de qualidade e de gestao. Com relacao aos programas de formacdo continuada estamos assistindo hole a urn incrivel aumento. Para Santos(1998), a politica atual,que enfatiza a formacao continuada, é decorrente, acima de tudo das politicas do Banco Mundial, que privilegiam as relacOes custos-beneficios. Nesse contexto, a educacao continua aparece como forma mais barata e mais eficiente de formar docentes. A qualificacao do professor é pensada em termos da melhor forma de produzir urn profissional competente tecnicamente. Em oposicao a estas investidas, grupos de educadores, em diversas areas, tern se colocado de forma combativa, procurando criticar estes "novos" conceitos e reafirmar o papel da escola na formacao do cidadao critico, participativo e na construcao de uma sociedade mais justa e solidaria. No que diz respeito a formacao continuada o discus() mais avancado pOe enfase no desenvolvimento profissional dos professores e no desenvolvimento organizacional das escolas. Contrariando a perspectiva tecnico-positivista que entende a pratica pedagogica como urn campo de aplicacao do conhecimento cientifico, as novas perspectivas de formacao procuram alargar o conceito de pratica pedagOgica e entender que tipo de conhecimento se evidencia na mesma. Para estas perspectivas, os professores produzem conhecimentos a medida que constrOem seas praticas. NOvoa (1995) comunga destas perspectivas ao afirmar que " a teoria fornece-nos indicadores e grades de leituras, mas o que o adulto retem como saber de referencia esta ligado a sua experiencia c a sua identidade"(p:24).Dessa forma, pode-se afirmar que o professor constrOi o seu saber, ativamente, ao longo da sua experiencia de vida. E acrescenta, sua formacao " nao se constroi por acumulacao ( de cursos, de conhecimentos ou.de tecnicas), mas sim atraves de um trabalho de reflexividade critica sobre as praticas e da reconstrucao permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tao importante itIvestir na pessoa e dar urn estatuto ao saber da experiencia" (p:23).. A partir destes referenciais é que poderemos pensar em estrategias de formacao mais adequadas ao desenvolvimento profissional os professores. Tais referencias permitem entender a pratica docente como uma atividade retlexiva e verificar que é a partir de uma reflexao continua que surge uma consciencia sobre a pratica, o que permite ao professor apropriar-se e construir novos conhecimentos corn os quais podera reformular sua propria pratica. REFERFNCIAS BII3LIOGRAFICAS I. Davini, M. C. La Formacion Docente en CuestiOn: Politica y Pedagogia. Buenos Aires, Paidas, 1995. 2. Gouveia, M.S.F. Cursos de Ciencias Para Projessores do V' Grau: Elementos Para UI71U Politica de Fol.-mac:do Continuada. Tese de Doutorado,UNICAMP, Campinas, 1992. .(org).Os professores e a sua 3. NON/0a, A.Formacao de professores e profissao docente. In: jOrmacdo.Lisboa, Dom Quixote,1995. 162 4. Perez Gomez,A. 0 Pensamento Pratico do Professor: A Formacao do Professor Como Profissional Reflexive. In: Novoa, A.(org). Os professores e a sua jOrmacdo. Lisboa : Dom Quixote,1995. 5. Santos,L.L.C.P. Dimenseies PedagOgicas e Politicas da Formac5o Continua. In: Veiga,I.P.A.(org).Caminhos da Prolissionalizacdo do Magisterio.Campinas,Papirus,1998. PAINEL 4.6 - A FORMACAO CONTINUADA E A REESTRUTURACAO DA MECANICA CLASSICA Reheca Vilas Boas Cardoso de Oliveira' e Yassuko HOS011117C 2 TOti-GraCillacnO II 11S l'/IIUSP - rebcca(i!),i usp. hr 2 Instituto de Fisica da llniversidade de Silo Paulo - yhosouinc(Ofusp.br I - Introduciio Cada individuo constrOi seu conhecimento sobre as coisas e estabelece relav3es entre essas coisas. A maneira coma essas relacOes sao estabelecidas tambem e refletida em sua pratica profissional. No caso do ensino de Fisica, a escolha de elementos que ir5o compor a teoria a ser ensinada e a articulac5o estabelecida entre eles, reflete uma visa() particular da teoria e de sett ensino. Que contend° sera privilegiado e que caminhos poderao ser escolhidos para o ensino da teoria diz respeito a uma estruturacao particular deste conhecimento, mesmo que esta estrutura conceitual seja inconsciente. Considerando duas propostas para o ensino de mecanica classica no ensino media, a tradicional, representada pela malaria dos livros didaticos, e a do GREF - Grupo de Reelaboracao do Ensino de Fisica, e comparando-as, pode-se perceber que existem diferencas significativas entre elas, nao apenas na abordagem, mas, principalmente, na apresentando da teoria e dos elementos que a sustentam. Buscamos elementos que indiquem uma passivel reestruturacao conceitual da mecanica classica de professores do curso de formacAo continuada min•strado pelo GREF, no projeto PrOCiencias, nuns convenio IFUSP/FAPESP. II - A Formacao Continuada dos professores 0 GREF, num convenio IFUSP/FAPESP, desenvolve um programa de formacao continuada - Projeto Pro-Ciencias - com aproximalamente 200 professores da recle pnblica de ensino. Dentro deste programa, em encontros da parte extensiva (por volta de 40 horas divididas em 10 encontros de 4 horas) temos tuna amostra de 156 professores, dos quais 40% participaram de 10 encontros e 60% participaram de 5 encontros'. Nesses encontros, o projeto desenvolve a sua proposta de ensino, utilizando como material de apoio "Leituras de Fisica - Mecanica - Para Ler, Fazer e Pensar", de sua autoria. Nesse material, os elementos da teoria e a maneira coma cies sao relacionados evidenciam uma estruturac5o do contend° de mecanica diferente daquela apresentada pelos livros didaticos tradicionais. A proposta trabalha o movimento de translacao e sua conservacao ("coisas que se deslocam") e, em seguida, trabalha o movimento de rotacao e sua conservacao ("coisas que giram"), para ent5o desenvolver as trC.'s leis de Newton ("coisas que controlam movimentos") e a energia ("coisas que produzem movimentos"). III - 0 Instrumento Utilizado Elaboramos um instrumento que nos permitisse compreender a reestruturacao da mecanica do professor que comparece aos encontros. Procuramos estabelecer uma analogia entre urn mapa regional e urn possivel mapa conceitual da mecanica classica. Solicitamos que o professor desenhasse o mapa da sua cidade (on bairro) que nos possibilitasse conhece-la(o), on seja, it e vir, sem a necessidade da presenca de um guia. 0 mapa, ent5o, deveria ter pontos de referencia importantes tais como a padaria, o supermercado, as escolas, a igreja, o centro comercial, a praca, os pontos de Onibus etc e tambem ruas e avenidas por onde nos alcancariamos esses locals, optando pelo caminho a seguir. Numa analogia direta, urn mapa conceitual da teoria deveria ter pontos de referencia (conceitos, leis, principios, hipoteses) e caminhos pelos quais poder-seia "cruzar" a teoria, relacionar os conceitos, on seja, o mapa conceitual a ser desenhado teria a capacidade de nos "apresentar" uma visa() global desta teoria. Entao, solicitamos tambem que o professor, corn uma caneta de cor diferente, indicasse sobre seu mapa o caminho que o seu curso percorre. Desta amostragem de 156 professores, 16,6% nao conseguiram entender o cute seria urn mapa conceitual, nao apresentando nem as elementos da teoria da mecanica nem alguma relacao entre eles; 43,6% apresentaram urn mapa conceitual semelhante ao da proposta tradicional, com elementos apenas de translac5o e poucas articulacOes entre eles; 9,0% apresentaram urn mapa conceitual corn elementos e relacOes presentes no mapa da proposta do GREF; 8,3% devolveram o instrumento em branco; 22,4% nao apresentram urn mapa, mas uma sequencia de contendos com elenientos presentes apenas na proposta do GREF, que caracterizamos coma um grupo. de "transicao". Neste grupo existe a presenca de elementos que nao sao encontrados no ensino tradicional, tais come, momenta angular e sua conservacao, torque, mas ainda nao existe uma reestruturacao do contend°. IV - Algumas Consideracoes 163 A mecanica classica é a teoria da Fisica que inevitavelmente os alunos do ensino medio entram em contato durante seu curso. Mais significativo que a quantidade de conceitos presentes em seu ensino, sao as relacOes estabelecidas entre esses conceitos, assim como num mapa conceitual as relacOes que se estabelecem entre seus elementos é mais importante que o rinmero de elementos presentes, pois sao as articulacOes que dao consistencia a teoria: quando existe uma articulacao das partes no todo, tem-se uma visa° menos fragmentada da teoria e, conseqtientemente, a compreensao é facilitada. A consciencia da existencia desta estrutura é importante na compreensao da propria teoria e no contexto do ensino de Fisica, possibilitando que este ensino possa "percorrer" diferentes caminhos dentro da teoria, relacionando melhor os seus elementos e compondo um todo mais articulado. 0 programa de formacao continuada de professores do Projeto PrOCiencias IFUSP/FAPESP esta promovendo uma reestruturacao do contend° de mecanica classica desses professores, corn a presenca de novos elementos, como torque, momento angular e sua conservacao, astronomia; resgatando as leis de conservacao e sua importancia na teoria; estabelecendo novas articulacOes entre os elementos apresentados e, portanto, com uma nova visa° da teoria, que, esperamos, seja refletida em seu curso. Os encontros sao organizados e realizados por Cristina Leite, Graziela das Neves, Isilda Sampaio Silva, Jairo Alves Pereira, Joao Martins e Luis Paulo de Carvalho Piassi, professores da equipe do GREF que colaboraram corn a tomada de dados. V - Bibliografia 1. Oliveira, R. V. B. C. e Hosoume, Y., Urn instrumento para identificar elementos de um mapa conceitual, XII SNEF, 1997. Oliveira, R. V. B. C. e Hosoume, Y., Estrutura da Meceinica: Visdo de Mundo e de Educacdo, V 2. EPEF, 1996. PAINEL 4.7 - 0 ALUNO DE POS-GRADUACAo EM FISICA PRECISA DE PREPARACAO PEDAGOGICA? Aguida Celina de Azfe",, o Barreiro Institute de Fisica de Sfto Carlos — US!' [email protected] Introducao Os professores de Fisica no terceiro grau raramente sac) formados para a acao docente e aprendem na propria atuacao, inicialmente por imitacao ou born senso e, posteriormente, por incorporacao de experiencias sucessivas, que nem sempre passam pelo crivo de suas reflexeies e tomada de consciencia. A falta de formacao pedagOgica e a ausencia da atitude reflexiva sistematica podem, portanto, constituir-se em fatores dificultadores do born desempenho em sala de aula. Freqtientes sao as queixas de alunos da graduacao sobre o despreparo pedagOgico de seus professores, a exigencia excessiva e mal correspondida, o descaso pela docencia, a despreocupacao quanto as relacOes humanas, entre outras. Nos altimos anos, os docentes universitarios passaram a ser recrutados ao termino da pos-graduacao (mestrado ou doutorado). E suposto que aquele que domina o contend° a ser ensinado, encontra os caminhos para ministra-lo e, ainda, que as habilidades especificas para o ensino sao importantes nos niveis anteriores de escolaridade e dispensaveis na universidade. Por outro lado, a contratacao de docentes considera, geralmente, a capacitacao para a pesquisa nos campos de interesse das unidades universitarias, o que leva a °Ka° por pesquisadores. Ha, no entanto, docentes que manifestam preocupacao com seu ensino e corn a aprendizagem dos alunos. 0 interesse pela capacitacao docente tambem daquele que sera professor do ensino superior permite afirmar que, nos dias atuais, este profissional precisa do conhecimento do pesquisador proficiente e o desempenho pedagOgico do professor diferenciado positivamente. 0 presente trabalho relata uma iniciativa na qual alunos de pos-graduacao em Fisica aprendem a refletir sobre as questeies relacionadas ao ensino que terao que enfrentar na sua futura atuacao docente. Esses alunos sao tambem bolsistas do Programa de Aperfeicoamento de Ensino no Institute de Fisica de Sao Carlos, da USP, e o trabalho desenvolvido com eles, pela autora, tern como principal objetivo a preparacao pedagOgica dos pOs-graduandos e sua instrumentalizacao pratica para a docencia. 0 objetivo especifico é promover o aprendizado das situacOes de ensino e aprendizagem, dinamica da sala de aula e aquisicao de experiencias necessarias as atividades didaticas na graduacao. A maioria dos docentes ressente-se de nao ter tido formacao didatica no seu curso de graduacao, sentindo-se nao-indicados para preparar pedagogicamente os bolsistas. 0 Programa de Aperfeicoamento do Ensino no Instituto de Fisica de Sao Carlos 164 No Institute de Fisica de Sao Carlos, a quest5o acima evidenciada tern sido enfrentada por meio da realizacao de atividades previstas e organizadas para a formacilo e o acompanhamento pedagogic° do estudante de pOs-graduacdo. Uma das iniciativas implementadas no IFSC foi a de reuniOes semanais dos estagiarios do programa corn a autora desse relato, para a discussao conjunta de temas relacionados ao ensino, bem como sobre as atividades que desenvolvem no programa. As reuniOes possibilitam a troca de experiencias e sao estruturadas de modo a promover o aprendizado de como conduzir e efetivar a docencia, corn o carater principal da reflex5o conjunta sobre os diversos aspectos da atividade docente. Por serem alunos de Fisica sao pragmaticos e objetivos. A partir de sugestOes didaticas sobre preparacao de aula, clareza, interac5o, colocar-se no lugar do aluno, formalizac5o prematura e excessiva e outros pontos organizados, tern ocorrido aprendizados produtivos. N5o raro os bolsistas relatam que so agora estao parando para pensar "nessas coisas" e que antes tinham uma "cultura do acho que é assim mesmo e nfto tern outro jeito, embora nao seja born". A autora tern clareza de que é preciso n5o encarar corn romantismos e idealismos fora de realidade, ao mesmo tempo que n5o sucumbir aos pedidos de receituarios. A reflexao na docencia, a atitude de pesquisa na e sobre a propria sala de aula, a troca de experiencias entre os pares e a tomada de consciencia n5o sao praticas postas em acao na formac5o inicial e continuada. As atividades tem sido, no entanto, consideradas importantes por pos-graduandos que vislumbram a possibilidade de se tornarem professores universitarios. 0 Programa de Aperfeicoamento do Ensino sob a 6tica dos alunos As reuni5es PAE tiveram por objetivo discutir Os problemas relacionados n prelim docente vivenciada no dia a dia, desde como posicionar-se no sala de aula, tom de voz, como atender e como tratar o aluno, ate a atitude a ser tomada &ante de determinados Jams inusitados, alem de outras situac,fies e tambem buscar soluc5es para problema.s como: disciplina, interacCio professor-aluno, o melhor aproveitamento de metodos/tecnicas de aula, como por exempt() a aula expo.vitiva e a demonstraccip didatica, programa•cip (la auto ate. a avaliacdo". "Nestas reunifies e que se tem dado aos bolsistas um suporte pedagogic°. 0 simples modelo observado no professor da discipline pode ser incompleto". "Trabalhar no programa PA E, ,foi„rem dfivida, muito imporiante para a minha firrmaceio, visto flue pretendo seguir carreira academic a". As monitorial voluntarias deveriam tambem ter esse acompanhamento peclagogico". "Para fins didaticos, seria interessante clue esse espaco criado pelo programa fosse ualizado para propiciar aprendizado na area de ensino para os alunos com formaccio de bacharel". "Pude ter uma visdo mais clara da dimensao do process° de educacii° nos sous niveis e detalhes". - anto "A avaliaceio que Jam deste estagio e hastante positiva Canto para a minha fOrmaceio como docente, ( p para os alunos. Insist° (arida no fib de clue este tip° de estagio !rata-se de um progress° na area da Educaccio e pelo clue tenho visto e sentido, tem trazido beneficios para todos: professores, alunos e bolsistas, principalmente no campus de SO° Carlos, onde prevalece a pesquisa e parece lido haver muita preocupacclo (plant° a &cloaca, pela maioria dos professores". PAINEL 4.8 - UM CURSO DE TOPICOS DE FISICA BASICA Marilia Paixao Linhares i I Centro inlioCezar V. do e Eva do Cunha P. Pereira' de Ciaicias do Estado do Rio de Janeiro e 2CEIFFT-R.1 Neste trabalho apresentamos o projeto desenvolvido ao longo de dois anos em atendimento ao Programa Pro-Ciencias Fisica, convenio CAPES-FAPERJ. Em consonancia corn os objetivos do Programa, elaborarnos cursos e oficinas de eletromagnetismo, mecanica, fisica termica e optica, totalizando 180 horas, procurando atender aos seguintes requisitos: rever os conteudos da fisica basica atraves de metodologias inovadoras, buscar nos elementos do cotidiano exemplos adequados para observando de fenomenos fisicos e formulacao os principios gerais da Fisica, trabalhar atividades praticas utilizando os materiais disponiveis, desenvolver habilidades de construcao de material didatico experimental junto aos professores cursistas, que tem o papel de multiplicador desta pratica, reorganizar os conteudos da fisica observando a vivencia dos alunos, abordar conteudos da fisica atual de forma simplificada, incentivar os professores a desenvolver material didatico adequado, basic° ou de apoio, utilizando recursos disponiveis, tais como software, Internet, filmadora, fotog,ralia, video, televisao, mUsica, textos histOricos, material de divult2,45o, desenho, pintura, revistas de ensino e outros, praticar a interdisciplinaridade buscando parcerias corn professores de outras areas ou profissionais da comunidade e incentivar discussOes sobre o curriculo de ciencias e a reforma do ensino. Como referencia para abordagem dos conteudos de fisica utilizamos a proposta metodolOgica desenvolvida pelo GREF, adotando os livros Fisica I, 2 e 3, para o professor e as apostilas Leituras de Fisica, vers5o preliminar, dirigidas ao estudante. Cada terra foi planejado e ministrado por dupla de professores 165 instrutores experientes, com pratica e reflexao anterior sobre o ensino de fisica. A proposta do GREF foi utilizada de forma critica propiciando discussOes acerca das inovacOes contidas no seu desenvolvimento. Numa segunda etapa o foco principal foram as atividades praticas, procurando desenvolver habilidades de planejamento e construcao de material didatico para experiencias de fisica e habilidades de montagem, manipulacao e medidas. Produzimos kits basicos de eletromagnetismo, mecanica, fisica termica e Optica, e os respectivos roteiros, que forarn utilizados durante as oficinas e que tem como finalidade dar suporte as praticas em sala de aula nas escolas. Softwares aplicados a fisica complementaram o trabalho de contend° e pratica nas oficinas de informatica. Praticas de construcao de experimentos a partir de materials de facil aquisicao foram realizadas para desenvolvimento de habilidades especificas pelo professor cursista. Reproduzidas corn os estudantes, estas atividades despertam a curiosidade e estimulam a participacao do aluno, que motivado tera mais facilidade de buscar nos conte6dos da fisica as respostas para as suas observacOes. 0 desenvolvimento das oficinas de fisica termica foi pautado em questOes de motivacao extraidas do livro 0 Incrivel Circo da Fisica, discussao sobre medidas e estimativas, construcao de um coletor solar rudimentar, experiencias de termologia com material tipo sucata, atividades abordando os conceitos de calor e temperatura e utilizacao do material distribuido para o cursista (coletor solar, fonte termica, Erlenmeyer, tubo de ensaio, vara de vidro e termometro). A histOria da Optica ondulatOria foi apresentada de forma resumida e praticada atraves do software de simulacao dos fenomenos ondulatorios "CUPS" e de busca na Internet de simulaciies didaticas. FenOmenos opticos puderam ser observados na realizacao de 16 experiencias com indicador a laser, do aparato para producao de efeitos luminosos e da mdquina que "enxerga" atraves de obstaculos sOlidos, estes dois 6ltimos construidos durante a oficina. 0 kit de material didatico tambem continha, alem do apontador laser, lentes de acrilico, prisma d'agua, jogo de imagens em espelhos em angulo, lente improvisada, filtros de cor, polarizador, espelho concavo - convexo. Para trabalhar os contendos de mecanica desenvolvemos sensores eletrOnicos para medidas de tempo e urn kit vetores para analise de movimentos retilineo e uniforme. e realizamos diversas experiencias: com plataforma g,iratoria, piao maluco, reco-reco, helice voadora, molas, roldanas e pesos, figuras geometricas, bolas de soprar, carrinho de Theca() e usina corn motor de ventilador e sistema de giro. Para o desenvolvimento das praticas de eletromagnetismo foram construidos circuitos corn diodo retificador e foto-diodo, amplificador transistorizado, transmissor de FM, resistencias em serie e paralelo, e montagens corn alto-falante, motor - gerador, bobina e radio de pilha para demonstracao da interferencia eletromagnetica, irna, eletroima. Tambem foram incluidos no kit chave teste, Ferro de soldar, fio solda, alicate de fio, multimetro, fonte de corrente continua, baterias e pilhas. Realizamos palestras e debates corn pesquisadores convidados: Ensino de Fisica Moderna no 2" grau, Magnetismo em Ser Vivo, Big Bang, 0 trabalho realizado pelo GREF corn os professores da rede p6blica de Sao Paulo, Tendencias e InovacOes do Ensino de Fisica, Fisica e Sociedade e Reforma do Ensino Medico. A continuidade do trabalho de formacao permanente de professores de ciencias é facilitada por ser o CECIER.1 urn Centro de pesquisa e ensino de ciencias voltado ao trabalho permanente corn o professor. A partir dos Cursos do Programa PrO-Ciencias varios professores se engajaram nos cursos de aperfeicoamento do CECIER,1 e em seus grupos de estudo. Acreditamos que os caminhos para a melhoria do ensino nas escolas serao abertos e percorridos pelo preprio professor que vira buscar novas informacoes nos centros de referencia e farao a polite entre as escolas e os centros de pesquisa em ciencias. Neste contexto esta proposta objetiva ampliar os horizontes dos professores, instigando-o a buscar seus proprios caminhos. Bibliografia 1. BERNAL, J. D. ( 1969) Ciencia na HistOria. Lisboa, Livros Horizonte. 2. BLACKWOOD, OSWALD H., HERRON, WILMER B. E KELLY, WILLIAM C.(1958) Fisica na Escola Secundaria. New York, USA, Editora Fundo de Cultura. 3. CANDAU, V.M. (org) (1997) Magisterio Construcao Cotidiana. Editora Vozes. Rio de Janeiro. 4. CUNHA, M.I.(1992) 0 Born Professor e sua Pratica, IBRASA, Porto Alegre. 5. FREIRE, P. (1997) Pedagogia da Autonomia : Saberes necessarios a pratica educativa. Paz e Terra: Sao Paulo, 3" ed. 6. GIL, D. e CARVALHO, A. M. P. (1992) Tendencias y Experiencias Innovadoras en la Formacion del Profesorado de Ciencias , Organizacion de Estados lberoamericanos, Espanha. 7. GREF,(1993) Fisica I. 2 e 3, edusp. 8. HALLIDAY,R.C. E RESNICK,R.(1990) Fundamentos de Fisica - 3' edicao, Livros 'rec. e Cien. Ed.S.A. 9. MENEZES, L.C. (1980) Novo (?) Metodo (?) para Ensinar (?) Fisica (?) in Revista Ensino de Fisica, Vol.2 No.2, SBF, maio, Sao Paulo, pag.89-97. 10.NUSSENZVEIG,H.M.(1983) Curso de Fisica Basica- Sao, Paulo, Editora Edgar Blucher Ltda. 1 I . OKUNO, E., CALDAS, I.L. e Cl-IOW,C. (1982) Fisica para Ciencias Biologicas e Biomedicas, Harper & Row do Brasil, Sao Paulo. 12. PROJETO DE ENSINO DE FISICA-IFUSP - Eletricidade, Publicacao do MEC. 13. PROJETO FISICA: HARVARD (1980) Fundacao Calouste Gulbenkian, Lisboa. 166 PAINEL 4.9 - CAPACITAcAo DE PROFESSORES DE FISICA ATRAYES DE MULTIMiDIA Marcio iiinicius Corralloi e Norberto Cardoso Ferreira' i [email protected] ; [email protected] Instituto dc Fisica, Universidade dc SA° Paulo, Sao Paulo, SP INTRODUCAO A necessidade de mudanca no ensino de Fisica Tanga uma questao: Como produzir experiencias para os cursos de Fisica no Ensino Medi° sem que gastemos muito e nao percamos conceitualmente? Com este objetivo, o Projeto Ripel desenvolveu innmeras atividades Indicas e corn brinquedos visando o auxilio no Ensino de Fisica. Estas atividades fazem parte do projeto e sao ministrados cursos e assessoria a escolas e professores da rede p6blica e particular de todo o pals. Corn o intuit() de ampliar as possibilidades de capacitacao de professores, estamos desenvolvendo tres sofiwares multimidia com cerca de 150 atividades cobrindo toda a programacao do Ensino Medi° (Mecanica, Optica e Termodinamica e Eletromagnetismo). Corn isso, os professores poderao ter acesso base de dados do projeto e, conseqijentemente, aplicar ern setts cursos. DESCRICAO DO SOFTWARE Neste trabalho trataremos apenas do modulo de Mecanica, ja que os outros ainda estao em fase de construcao. O software foi desenvolvido corn um so/iware de autoria denominado NeoBook for Windows da empresa NeoSofi Corporation. 0 produto se baseia na construcao de telas e objetos com urn certo poder de programacao. Sao articulados imagens, textos, fotos, animacOes, videos e sons. O modulo Mecanica possui 66 atividades distribuidas em cinematica, dinamica, estatica e hidrostatica. Veja tabela I. CINEMATICA Algarismos Significativos. Calibracao da campainha. Erros de Medidas. Fisica corn Carretel de Linha. Funcao (equacao) Horaria. Graficos. Movimento Retilineo Uniforme. Mini°. 0 problema do trem. PI com aros. Queda Livre. Referencial. Ultrapassagem e Encontro. Variacao da Velocidade. DINAMICA A Tira de Papel. Argolas de Papel. Associacao de Molas cm Paralelo. Associacao de Molas ern Serie. Brincando corn Vetores. Construcao de Molas. Dinamometro (grampo). Dinamometro (mola). Dinamometro de Elastic°. Forca Resultante. Histerese do Elastic°. Lei de Hooke. Marcador de Tempo. Pendulo Simples. Pendulo Simples (g). Poco com Manivela ou Sarilho. Poco corn Roldana. ESTATICA Aplicacao da Balanca Areas. Aplicacao da Balanca Elipse. Aplicacao da Balanca Padrao. Arara. Arara (Centro de Gravidade). Balanca Analitica. Balanca de Bracos Iguais. Balanca de Canudo de Refresco. Balanca T. Centro de Gravidade nao (Objetos homog,eneos). Centro de Gravidade e Ponto de Suspensao. Equilibrio dos Corpos. EsferOmetro. Figuras de Equilibrio. Joao Bobo. Lei dos Momentos. Modelo de Joao Bobo. Modelo de Tartaruga. Moment° de uma Forca I. HIDROSTATICA Balanca e Densidade (I). Balanca e Densidade (2). Bexiga vista por dentro (I). Bexiga vista por dentro (2). Densimetro. Densimetro (coin Balanca e P. Arquimedes). Determinacao da Densidade de urn Liquid°. 0 Pogo corn Bomba Aspirante. Principio de Arquimedes. Rede de Instrumentacao para Ensino - CAPES-PADCT-SPEC. 0 projeto congrega varias Universidades do Brasil corn intuito de aprimorar o ensino experimental. Essa rede tern seu polo central no Departamento de Fisica Aplicada do Instituto de Fisica da Universidade de Sao Paulo. 167 Momento de uma Forca 2. Momento e Mola. 0 Carrossel. 0 ET, o Extraterrestre. 0 Modelo do ET. 0 Sapo Equilibrista. Tartaruga. Tabela 1 - Relac'ao de atividades do modulo Mecanica. Figura I - Tela referente atividade Balanca Analitica . Balanca Analitica Balanca Analitica Ao lado apresentamos a tela de uma das atividades (Balanca Analitica )• Inicialmente, o usuario tern acesso a urn pequeno resumo da atividade. Tambem colocado links corn outran uwwdo experiencias relacionadas. No caso, temos Balanca T e de Balanca Canudo de Refresco. Basta clicar nas palavras gtifadas e o .vofiware mudara para a pagina Detalhes das penes requisitada. No botdo Material b , aco da balance é possivel ver a lista de materials para a realizacdo da pratica. Algumas ilustracbes , Irnpurriir Figura Vigteri sao colocadas para facilitar o - o e alguns modelos que sera° entendimento da construcao. 0 usuar . o pode tambem imprimir a descric d utilizados para a confeccao. No botdo Procurar, pode-se requisitar uma atividade atraves de palavra chave. Algumas animacOes e videos sera° incorporados ao produto. Atraves da multimidia pode-se fazer uma leitura nab linear, facilitando a integracao dos conceitos e a interdisciplinariedade. 0 fato de ser multissensorial, possibilita o uso de mais de urn sentido. 0 usuario pode escolher o caminho a seguir, voltar, anotar e estabelecer a velocidade das apresentacOes. Som e imagem permitem criar uma realidade e vivenciala. Estudos mostram, de fato, que 20% das informacOes sao retidas pelo que se ouve, 40% pelo que se ouve e se ye, e 75% pelo que se ouve, se ve e se faz. Portanto, temos innmeras vantagens frente aos metodos usuais de ensino. Este texto indica como construir uma Balanya Analitica cuja sensibilidade pode chegar a menos de urn cente:simo de grama. Sea funcionamento este baseacio em conceitos que Imam I discutidos, principalmente, nas atividades: T e As pages da balanca 1 A Balanca Analitica tern uma aparencia de acordo corn a figura 1. Ela e construida de um travesseo de rnadeira balsa no qual este fixa uma escala de papel milimetrado (nu requa de vinil ou ainda xerox de uma regua). Nesse travess5o est5o ainda os ajustes de zero e da sensibilidade da balanca. Ainda no travess.eo esta colado o ponteiro da balanca. 0 travessao apoia-se numa base node este fixa urns escala qua vai servir de zero para a balanca. o apoio redo atraves de pedacos de lamina de barbear cujo objetivo e diminuir o atrito entre as dual pages - base e corps da balance, propriamente dito. A base e fella corn urn pedaco da mesma madeira balsa que esta cravada num copinho de cafe, cheio de gesso. CONCLUSAO Neste trabalho foram abordados dois temas: laboratOrio e multimidia. De urn lado, apresentamos algumas sugestbes de atividades, na qual o ensino de Fisica pode se tornar mais significativo, ja que o ensino corn construcao é aprender fazendo. Atraves de atividades Indicas e de baixo custo, a hora de it ao laboratorio passa a ser qualquer moment°. Por outro lado, o uso de urn instrumento multimidia torna-se mas atraente e motivador. Este, por sua vez, permite uma interacdo e urn alcance maior, ja que a distribuicao pode ser eletrOnica (Internet). REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS: 1. CORRALLO, M.V., TAGIKU A .M., Urnizando n Microcomputador para Andlise de Dados. (Paine! apresentado no XII SNEF, Belo Horizonte, MG, 1997). 2. NEVE A., A Multimidia e o Ensino, Revista Pesquisa e Tecnologia, Agosto/I995 3. ROGERS, L.T., The computer-assisted laboratory, Physics Education, 22, 1987. 4. THORNTON, R. K., Tools for scientific thinking-microcomputer-based laboratories for physics teaching, Physics Education, 22, 1987. educacki, Campinas, Grafica 5. VALENTE, J. A., Computadores e conhecimento: repensando a Central da Unicamp,1993. PAINEL 4.10 - UFPR: CONSTRUINDO 0 ENSINO DE FISICA ATRAVES DA FORMAcA0 DE PROFESSORES Luiza Aparecicla Cordeiro Polak: Samara Denise 7j)chanoiricz 2 : Simone Luca 13aranInik 3 e lvcmilda 1.2.3 1.icenciatura 168 ern l'isica\UFPR lu izau, lisica.ufpr.br,'silmarau fisica.ufpr.br , "[email protected] fpr.br 'Dep. de Teoria c Pratica de Ensino\ t.JFPR - ivanildapicdricacao.ulpr.br ^ , Corn a preocupacao acerca das dificuldades por que passam os profissionais da area de Ensino de Fisica, sua formacao e atualizacao, e partindo de urn projeto de extensao (Laboratorio de Ensino e Aprendizagem de Matematica e Ciencias Fisicas e Biologicas) no ambito da Universidade Federal do Parana, esta em lase de implantacao o NUPIENFIS (Node() de Pesquisa e Instrumentacao para o Ensino de Fisica), que busca integrar ensino, pesquisa e - extensao. 0 grupo aqui instalado passara a fazer parte do RIPE (Rede de Instrumentacao para o Ensino) que integra diversos projetos no Brasil e no exterior, dentro de objetivos commis: • Propor material experimental alternativo e de baixo custo para o Ensino de Fisica; • Desenvolver pesquisas em Ensino de Fisica envolvendo a experimentacdo e rela45es entre instrumentacelo e historia da ciencia. • Levar a Fisica as escolas atraves de mostras, museus participativos, cursos, seminarios, etc. • Fazer a divulgacao do material produzido junto a atualizacao de professores. Corn base nestes objetivos, efetuamos inicialmente um estudo exploratOrio dentro da area de Ensino de Fisica, buscando construir urn quadro que mostrasse o estado atual deste ensino. Corn tal quadro em maos, optamos por concentrar esforcos na area de Termologia, onde foram identificadas grandes dificuldades no ensino/aprendizagem em sala de aula, constatando que o aluno nao consegue estabelecer relacOes entre os fenomenos do cotidiano e a Termologia vista em sala de aula. Fizemos urn levantamento de atividades experimentais propostas por livros didaticos, manuals, pesquisas e videos, assim produzindo materials didatico-experimentais e elaborando roteiros para os mesmos. Este estudo exploratorio inicial, indicativo das dificuldades dos alunos e professores de ensino medio nesta area da Fisica, deu origem a uma pesquisa realizada na educacao basica, buscando viabilizar propostas de ensino em sala de aula, desenvolvida no ambito do Projeto Licenciar UFPR/98. Originou-se tambem desse estudo, urn mini-curso, oferecido a graduacao em Fisica, no qual priorizamos alunos de 1 9 e ano do curso, cujo tema foi "Do jlogistico ao calorico: tuna abordagem historico-experimental em termologia iiinclamentada nas pesquisas em ensino" Os participantes do mini-curso responderam a algumas questOes previamente elaboradas corn base em pesquisas ja realizadas. Este questionario foi utilizado corn o intuito de leva-los a uma reflexao critica acerca dos conceitos em questao, antes de iniciar as atividades. Apresentamos o contexto geral da area de Pesquisas em Ideias Espontaneas, uma vez que muitos estudantes sequer tinham conhecimento da existencia de pesquisas em Ensino de Fisica. Corn a discussao das ideias espontaneas em Termologia levantadas pelas pesquisas e de problemas conceituais presentes nos livros didaticos de Ciencias e Fisica, demos enfase a discussao dos conceitos de Calor e Temperatura e das dificuldades em seu ensino. Apresentamos a evolucao das nocOes de Calor e Temperatura ao longo da historia, mostrando que as ideias apresentadas pelos estudantes, hoje consideradas erroneas foram cientificamente aceitas em algum momento da histbria, e enfatizando questOes e experimentos que foram elementos essenciais para a superacao de urn determinado conceituacao. Finalmente, foram desenvolvidas algumas atividades experimentais corn materials alternativos, que poderiam ser utilizadas no 2° grau. Uma analise preliminar do mini-curso evidenciou que muitos, apesar de ja terem estudado termologia no 2° grau, ainda mantem algumas ideias espontaneas e as misturam corn os conceitos cientificos em dar suas explicacOes: • alguns nao relacionam a constancia da temperatura do corpo humano corn o aumento e/ou diminuicao da, temperatura ambiente; • confundem sensacao termica corn temperatura; • citam existencia de frio em oposicao ao calor; • identificam o frio e calor como substancia. incorporacao de termos cientificos em suas explicacOes e o seu use indiscriminado produz respostas confusas. Notamos que os cursistas apresentavam dificuldades em compreender os problemas conceituais levantados pelas pesquisas, uma vez que eles proprios nao tinham claras as ideias cientificas. Isso evidencia a nossa preocupacao coma formacao dos professores. Atualmente o grupo esta concentrando esforcos na analise mais detalhada do mini-curso realizado, buscando subsidios para elaborar um trabalho mais abrangente junto aos professores da rede pnblica do ensino medio. Alern disso, estamos construindo um instrumento que nos auxilie a diagnosticar os problemas • dificuldades especificas pelos quaffs passam os professores do ensino fundamental no ensino de conceitos fisicos, corn a intencao de propor awes junto a esses professores, buscando uma melhoria no ensino/aprendizagem dos conhecimentos fisicos, no ensino fundamental e medio. Referencias Bibliograficas 1. ASTOLFI, Jean — Pierre e Develay, Michael. A didatica das Ciencias. Papirus. Campinas, Sao Paulo, 1995. 169 2. AXT, R. e Brfickmann, M. 0 conceito de calor nos livros de ciencias. Caderno Catarinense de Ensino de Fisica 6 (2): 128-142, 1989. 3. ERICKSON, G. L. . Children' s conceptions of heat and temperature. Science Education, 63 (2): 221230, 1979. 4. GUERRERO, S. J. Calor y temperatura. Esquemas alternativos en estudiantes de preparatorio. Revista Mexicana de Fisica, 37 (4): 688-696, 1991. Calor y temperatura. Revista de los ninos. 5. GUERRERO, S. J. ett alli. Descubriendo las ideas Mexicana de Fisica, 37 (1): 124-135, 1991. 6. HIGA, I. e SBRUZZI, L. F.. ConcepcOes espontaneas: termologia. Trabalho apresentado a disciplina Raciocinios alternativos e Aprendizagem em Fisica. IF/USP, Sao Paulo, 1994. 7. VILLANI, A. Ideias Espontaneas e Ensino de Fisica. In: Ensino de Fisica. Dos fundamentos a pratica. Vol 1, SE/SP - CENP, Sao Paulo, 1988. PAINEL 4.11 - FORMAcAO CONTINUADA DE PROFESSORES DE FISICA DO 2° GRAU DAS ESCOLAS ESTADUAIS PUBLICAS DE MATO GROSSO DO SUL ; Ana Maria Selingurd I Amide?: Antonio Sales: Doroly Mesquita Dourado 2 : leda Maria Novaes Maria Ines de Affonseca Brum': Regia Maria AVC117Cilli Blanch' e Ilha 2 ; Iraci Cazollato Aranldi l Ivonete Melo de Can,alho l Jussara Terezinha Rosemary Minas' / Centro de Ciencias Exatas e TecnolOgicas; 2Centro de Ciencias Bialagicas, Agrarias c da Saude — Universidade para a Desenvolvimento do Estado e da Regido do Pantana! — UNIDERP - e-mail: alansccaPalanet.canahr O curso, Formacao continuada para professores do 2° grau da Rede PUblica Estadual de Ensino de MS, foi oferecido atraves de financiamento da CAPES via convenio firmado entre SEMTEC/SEMADES/CECITEC/SED e UNIDERP, no periodo de 17 de fevereiro a 25 de julho de 1997, envolvendo as areas de Biologia, Fisica, Matematica e Quimica. O projeto teve por objetivos: I. Atualizar os professores da Rede P6blica Estadual de Mato Grosso do Sul corn respeito as novas tendencias que vem norteando o ensino de Matematica, Fisica, Quimica e Biologia. 2. Proporcionar aos professores de Matematica, Fisica, Quimica e Biologia metodologias diferenciadas e inovadoras, desta forma revendo e atualizando contendos necessarios em nivel de 2° Grau. 3. Utilizacao de atividades de laboratOrios como alternativa metodolOgica auxiliar de aprendizagem por mudanca conceitual. 4. Fornecer ao Professor/aluno elementos teoricos-metodolOgicos que possam leva-lo a uma reflex d- o tanto em relacao a sua pratica pedagOgica quanto em relacao ao metodo tradicional de avaliacao do processo ensino-aprendizagem. 5. Fornecer ao professor elementos te6ricos que Ihe permitam estabelecer criterios para a selecao de material bibliografico, contdido e metodologia adequados a sua clientela. A turma de Fisica, do curso de Formacao continuada em Ciencias - Fisica, iniciou com 28 professores-alunos sendo que 23 concluiram o curso e 20 foram aprovados. Os participantes nao tinham em sua grande maioria fon -nacao na area de Fisica, conforme podemos observar na tabela I. Este quadro nao difere do que representaria a formacao dos outros professores que lecionam Fisica no Mato Grosso do Sul e nem da maioria dos Estados Brasileiros. A procura, por parte dos vestibulandos, pela curso de Fisica oferecido pela UFMS é pequena alem de termos um nomero reduzido de formandos. Para agravar mais o quadro muitos formandos continuam na vida Academica Universitaria e nunca chegam a atuar no Ensino Medi°. Torna-se portanto fundamental que estes cursos, de educacao continuada em servico, continuem a ser oferecidos a estes professores que, por necessidade ou opcao, resolveram encarar o desaflo de ensinar uma disciplina para a qual nao tiverani formacao especifica ou mesmo tendo tido esta formacao mostram-se dispostos a atualizar-se num processo continuo de busca por novas metodologias de ensino e de atualizacao de contendos. Tabela Distribui do dos )ro es.vore. Jartici 7anies do curso pot - area de Ibrinaccio Graduan do Fisica Ciencias Ciencias Habilitacao 01 06 07 His. 01 4.08% 26.08% 30.43% 4,08% Mat. Pcdagogia Geogratia Letras 01 01 01 01 4,08% 4.08% 4.08% 4.08% Biol. Fonte: uestioncirio respondido pelos professores na 0 curso contou com tres etapas: 170 Engenharia Achninistracao Ed. Fisica Civil Adrimensura 01 4.08% 01 01 DI 4,08% 4,08% 4,08'l etapa do curso. julho/97 • 1° etapa: Foi desenvolvida no mes de Fevereiro durante uma semana, corn carga horaria de 8 horas/aulas por dia durante cinco dias perfazendo urn total de 40 horas/aulas. Neste periodo trabalhamos os contendos de Mecanica, Termologia, Otica e Eletricidade. Os professores-alunos receberam materials para que pudessem montar alguns experimentos sobre estes contendos. Os materials foram todos escolhidos de maneira que, de volta a suas cidades de origem, pudessem ser adquiridos pelos cursistas em lojas de ferragem, marcenarias, auto eletricas e congeneres. As aulas pratico/teOricas foram desenvolvidas em cima dos seguintes experimentos: Construcao e utilizacilo de Bancos Oticos; de lunetas; caixas escuras; calorimetros; aparelhos para estudo dos movimentos; paineis de tracos de raios; aparelhos para o estudo da dispersao da luz; galvanometros; motores de corrente continua; utilizacao de Mid para estudo de forca e campo magnetic°. Tambem nesta semana os professores-alunos prepararam um projeto sobre alguns tOpicos que seriam desenvolvidos pelos mesmos, em suas salas de aulas, quando regressassem para suas cidades de origem. • 2° etapa: Foi desenvolvida nos meses de Marco, Abril, Maio e Junho, perfazendo urn total de 40 horas/aulas. Neste periodo os professores foram acompanhados no desenvolvimento de seus projetos junto a seus alunos. • 3 0 etapa: Foi desenvolvida no m'es de Julho durante uma semana, corn carga horaria de 8 horas/aulas por dia durante cinco dias perfazendo urn total de 40 horas/aulas. Nesta semana os trabalhos foram desenvolvidos em duas partes. As manila foram reservadas para que os professores-alunos apresentassem seminarios sobre os trabalhos desenvolvidos em suas escolas. Nestes seminarios foram frisadas as maiores dificuldades encontradas no desenvolvimento dos trabalhos alem de terem sido analisadas as vantagens ou • em termos de aprendizagem significativa e motivacao, destes projetos terem sido desenvolvidos. Nos seminarios foram incentivadas as discussOes e a troca de experiencias pelos professores-alunos. As tardes foram reservadas para que alguns materials comprodos para as escolas do Estado a algum tempo e nunca utilizados por falta de urn treinamento adequado dos professores, fossem montados e utilizados. Foram trabalhos os conceitos de reflexao, refrac5o, difrac5o e interferencia em bancos oticoS e cubas de onda; forcas ern pianos inclinados; campo eletrico, eletrizac5o, potencial eletrico em Geradores de Correia; acao de forcas eletromagneticas em condutores retilineos imersos nuns campo magne.tico em balancos magneticos. Nesta etapa ainda foram feitas avaliacOes sobre os conceitos trabalhados e sobre o curso. Dentre os trabalhos desenvolvidos pelos professores-alunos podemos sitar como exemplo: 1. Um dos professores desenvolveu um projeto onde seus alunos criaram versOes de musicas populares. As letras tratavam dos conceitos Fisicos estudados por ales em sala de aula e laboratorio. No fim do bimestre toda a Escola foi envolvidas em urn festival onde as mnsicas foram apresentadas. 2. Outro investigou as concepcOes intuitivas e deficiencias sobre os conceitos Fisicos dos alums e prop's atividades que provocassem a sua superacilo. A constatacao que os alunos nao questionam e nao especularn, sobre conhecimentos cientificos, levou o professor a desenvolver atividades onde os mesmos fossem levados a medir, organizar dados em tabelas, representar graficamente estes dados, a especular sobre os resultados nao diretamente medidos, a expressar estes resultados atraves da escrita, a discutir sobre os conceitos subjacentes e a interpretar os resultados obtidos. 3. Urn terceiro propOs para os alunos que ales construissem o material experimental e utilizou este material, nas aulas, para discutir os conceitos Fisicos envolvidos. Os professores de urn modo geral tentaram trabalhar a questa() do erro como obstaculo a aprendizagem, a falta de confianca do aluno que acaba levando-o a procurar apenas a memorizacao e repeticao do conhecimento que vem do professor, a especulacao e a confianca em discutir resultados obtidos em exercicios ou experiencias. PAINEL 4.12 - CONTRIBUICAO PARA A MELHORIA DOS CONCEITOS DA METROLOGIA NO ENSINO DA FISICA Julio czar Vaz da Silva' c Mauricio dos Sanlos Gnimarac.s.2 'Centro Federal de lEducacao TecnolOgica Celso Suckow da Fonseca c 2ksco/a Tecnica Federal de Ounnica - [email protected] A partir do ano de 1999, as Escolas de Ensino Medio do pals estanio submetidas a implantaca- o das reformas preconizadas pela nova LDB e a Cimara de EducacAo Basica ja apresenta as suas propostas de regulamentacdo da Base Curricular Nacional e de Organizac5o do Ensino Medio a pedido do Conselho Nacional de EducacAo do MEC. Entendemos que os professores de Fisica devam se atualizar quanto ao teor da Lei e estarem prevenidos, principalmente, quanto a Nova Organizac5o Curricular e as propostas pedagOgicas, que incluem • ensino da Fisica, numa area comum, chamada de Ciencias da Natureza e Matematica e, tambem, a possibilidade de termos uma mudanca radical na formacao e redimensionamento da visAo profissional da Categoria dos Professores de Fisica no Brasil, ja que qualquer protissional graduado podera completar as disciplinas pedagogicas em "Escolas Superiores Credenciadas" e passarem a lecionar Fisica nas nossas Escolas de Nivel Medio. 171 Em funcao de tais perspectivas futuras, o Ensino atual da Fisica, na Escola Media, carece de uma atualizacdo e reforco em conceitos de calibracao de instrumentos de medida, novos padrOes e outros aspectos da metrologia, como, por exemplos a metrologia legal e seus procedimentos pela manutencao das unidades do Systeme Internacional d'Unites (SI), que no Brasil, é de responsabilidade do INMETRO. Essa carencia, de certo modo, pode ser considerada pela falta, nas aulas expositivas e teoricas de Fisica, da parte experimental (laboratOrios de Fisica), fazendo coin que o professor se afaste da operacionalizack) dos equipamentos, sua manutencao e da maioria dos procedimentos basicos metrologicos exigidos durante as experimentacOes. Observa-se que poucas escolas de Ensino Medio no Brasil utilizam metodologias no ensino da Fisica, que contemplam o seu carater de uma Ciencia da Natureza (instrumental) e, por conseguinte, necessitando de experimentos para a comprovacdo de seus conceitos. Foi assim que, no ano de 1998, tivemos a oportunidade de participar, no Rio de Janeiro, do Programa PrO-Ciencia/parceria CAPES-FAPERJ. Nas diversas fases do Curso discutimos a importancia da atualizacao, por parte dos professores, dos conceitos sobre metrologia naquilo que se refere a medidas, calibracao, calculo de incertezas e outras questOres pr6prias do assunto. Assim, temos o intuito, nesse trabalho, de colaborar coin todos os colegas professores de Fisica, que lecionam Fisica na Escola de Ensino Medio, apresentando alguns conceitos metrologicos atuais, visto que, ja vai longe o tempo em que falavamos, nas nossas primeiras aulas, sobre grandezas, padrOes e unidades de Bureau Internacional de Poids et Mesures (B1PM/Sevres), na Franca, como uma Instituicdo depositaria de tais padraes, afastada (distante) e nao Nacional, tendo a nosso dispor o Institute Nacional de Metrologia Normalizacdo e Qualidade Industrial-INMETRO, Orgfto que detem, no Brasil, nos seus diversos laboratorios, o controle e manutencdo dos padrOes internacionais, nacionais, primarios, de referencia, calibracao e da confiabilidade metrologica utilizada no pals. 0 trabalho proposto apresenta o seguinte desdobramento Discussao de texto sobre o historico da metrologia 1. Apresentacao expositiva da: 2. • Metrologia no Brasil — pequeno histOrico • A estrutura atual • A estrutura Metrologica Brasileira • 0 INMETRO: Metrologia Cientifica Metrologia Industrial Metrologia Legal • A estrutura metrologica mundial 3. Discussdo sobre o Sistema Internacional de Unidades Discussao sobre as definicOes das unidades SI de base 4. • Comprimento • Massa • Tempo • Corrente eletrica • Temperatura termodinamica • Quantidade de materia • Intensidade luminosa 5. Discussao sobre os principals termos fundamentals em metrologia • Grandeza e Unidades • MedicOes • Resultados de medicOes • Padraes — hierarquia de PadrOes • A discussdo exatidao / precisao Aspectos metrologicos da qualidade 6. Discussdo sobre o processo de Medicao 7. • A medicAo • 0 processo de medicao • Erros nas medicOes • Classificacao dos erros Caracteristicas dos dados experimentais 8. Exemplos de calibracOes 9. Qualidade em laboratOrio metroleigico 10. 172 PAINEL 5.1 — APLICACOES DE FOTOGRAFIAS ESTROBOSCOPICAS NO ENSINO DE FISICA Denys Brasil Rodrigues da Silva Colegio Estadual Nicaragua — Rio de Janeiro A proposta deste trabalho é que cada professor de Fisica ou que cada escola monte um acervo de fotografias estroboscOpicas ern tamanho ampliado, compondo um album seriado a ser utilizado pelo professor como recurso visual, e de copias reduzidas destas fotografias para serem manipuladas pelos alunos, corn as quais fardo medidas de distancias e operarao corn outras grandezas como tempo, velocidade, freqtiencia, quantidade de movimento etc., alem de trabalharem corn fatores de escala. Exemplo de aplicacao da proposta: 0 professor apresenta uma fotografia estroboscOpica ern tamanho ampliado aos seus alunos, que recebem a cOpia reduzida, acompanhada do material escrito como sera visto a seguir: "Caro aluno, voce tem em mdos uma fotografia de exposicdo midtipla que registra uma colisao unidimensional realizada em laboratorio: A fotografia apresenta uma bola de golfe de massa m i = 45,7 g, deslocando-se em linha reta ate colidir frontalmente corn uma bola de cera de massa m2 = 69,7 g, inicialmente ern repouso. ApOs a colisao, as duas bolas saem unidas na mesma direr to da bola incidente, formando urn conjunto que pode ser considerado como urn imico corpo de massa m = 115,4 g (m = m 1 +1114 Considerando que as dimensbes da foto sao 10 vezes menores que as dimensOes reais e que o intervalo entre duas posicOes sucessivas das bolas e de 1,0 s, podemos obter suas velocidades antes e depois da colisdo, a partir de medidas feitas corn uma regua milimetrada, colocada sobre a foto. Confira os valores de velocidades apresentados na tabela medindo na fotografia a distancia entre a segunda e a terceira posicOes da bola de golfe (contadas da esquerda para a direita) e a distancia entre as duas oltimas posicOes das esferas, unidas, apOs a colisao. ANTES DA COLISAO BOLA 1 MASSA ( g ) VELOCIDADE (cm/s ) m i = 45,7 APOS A COLISAO SISTEMA m s = 115,4 v' = 14,0 BOLA 2 111-, = 69,7 = 0 v i = 35,5 Observando-se atentamente estes dados, verifica-se que a massa das duas bolas unidas e 2,53 vezes a massa da bola incidente. Ao mesmo tempo, constata-se que a velocidade da bola incidente é 2,54 vezes a velocidade das duas bolas combinadas (verifique isto fazendo os calculos). Levando-se em conta os algarismos significativos das medidas, o resultado é extremamente sugestivo. Como voce interpreta este resultado? Poderemos compreender melhor o que ocorreu se dermos atencao a outras grandezas envolvidas no problema: as quantidades de movimentos de cada bola e do sistema constituido pelas duas bolas. Faremos isto, organizando as novas informacOes numa segunda tabela (as massas foram convertidas para quilograma): QUANTIDADE DE MOVIMENTO (kg.cm/s) bola I antes Q 1 = 1,62 —> depois Q 1 ' = 0,64 AQ I = 0,98 ‹— variacao os Verif ique se todos en, rascunho. Os bola 2 Q2 = 0 Q2 ' = 0 , 98 —> AQ7 = 0,98 —> sistema Qs = 1,62 —> Qs' = 1,62 --> = 0 sentidos das setas e valores apresentados na tabela estrio corretos, calculando- Corn base nas informacOes da tabela, responda as seguintes questOes, que ajuclarao voce a interpretar mais facilmente a experiencia da colisao entre a bola de golfe e a bola de cera: Por que, corn a colisao, a quantidade de movimento da bola de golfe diminuiu, variando para a I) esquerda? Por que, corn a colisao, a quantidade de movimento da bola de cera aumentou, variando para a direita? 2) 0 fato destas variacOes terem sido ambas de 0,98 kg.cm/s e em sentidos contrarios sugere que houve a 3) troca de alguma coisa entre as duas bolas durante a colisao? 0 que foi trocado entre as duas bolas? 173 4) 5) 0 que se pode afirmar a respeito das quantidades de movimento do sistema antes e depois da colisao? Na sua opiniao, existe correlacao entre as respostas as questOes 3 e 4? Qual seria esta correlacao? BIBLIOGRAFIA: 1. ALVARENGA, B. e MAXIMO, A. Curso de Fisica Volume 2. Sao Paulo: Harbra, 1993. 2. CANIATO, R. Mecanica. Campinas: Fundacao Tropical de Pesquisas e Tecnologia, 1979. 3. PSSC. 3° edicao em espanhol, s/d. PAINEL 5.2 - OPTICA FISICA NO ENSINO MEDIO George K. Shinomiya l , Felix C. da Silva', Mikiycr Muramatsu Instituto de Fisica da Universidade de Sao Paulo 1-(e-mail: [email protected]), 2-(e-mail: [email protected]) Este trabalho surgiu de urn projeto financiado pela FAPESP, no Programa Especial de Ensino Public°, que tem por objetivo introduzir melhorias no Ensino Medi° e nesse caso, na area de 6ptica moderna. Em 6ptica fisica, desenvolvemos experiencias simples, de facil montagem e baixo custo, que abordam os conceitos de difracao e interferencia. 0 trabalho tornou-se viavel devido a popularizacao dos laser-pointers, que hoje sao encontrados corn facilidade no mercado e a precos acessiveis. 0 laser é de fundamental importancia em experimentos de 6ptica fisica por ser uma fonte de luz coerente, monocromatica e de alta intensidade. Alem dos laser-pointers utilizamos materials simples, acessiveis e de baixo custo, tais como: prendedores de roupa, fendas simples e duplas, fio de cabelo, laminas de microsc6pios, folhas de transparencias, etc. A execucao das experiencias ilustra nao apenas os conceitos de difracao e interferencia mas tambem mostra sua utilidade na obtencao de medidas precisas por metodos Opticos, como a medida de espessuras e diametros muito pequenos. 0 principio de construcao de hologramas tambem pode ser explorado, ampliando ainda mais o conhecimento do aluno e estimulando-o a buscar conhecimento em outras fontes. Enfase especial é dada ao aspecto de seguranca quando se trabalha com luz laser (mesmo fontes aparentemente pouco intensas, como os laser pointers), alertando-se para o perigo da incidencia direta do feixe sobre o olho, que pode causar danos irreversiveis a retina. Dessa maneira, a abordagem experimental torna o aprendizado mais concreto, motivante e extrernamente rico, inclusive incentivando o aluno a idealizar e executar outros experimentos nao contemplados no ambito do presente trabalho, e contribuindo para uma formacao sOlida e duradoura. INTRODUcA0 Difracao e interferencia sao fenomenos caracteristicos da fisica ondulatoria, podendo ser observados na superficie da agua, em ondas sonoras, etc. Todavia, daremos enfase a ocorrencia desses fenomenos no ambito da Optica, devido as innmeras aplicacOes tecnolOgicas e pela beleza dos padrOes de cores resultantes. Conforme voce ja deve saber, as vezes tratamos a luz como se fosse formada por um feixe de pequenos corposculos e as vezes como se fosse onda. 0 motivo é que a natureza da luz é mais complexa do que se pode imaginar. Alguns fenomenos s6 podem ser explicados se imaginarmos a luz constituida por corpusculos que viajam a grande velocidade pelo espaco, como e o caso do efeito fotoeletrico e o espalhamento de Compton. Usamos assim um modelo corpuscular para a luz. Outros fenOmenos, como a difracao e a interferencia, sao explicados satisfatoriamente somente atraves de urn modelo ondulatorio. Difracao é a propriedade que a luz possui de contornar arestas e pequenos obstaculos ou barreiras, encurvando-se em seas proximidades; urn fenomeno que nao pode ser explicado corn base num modelo corpuscular para a luz. Seu entendimento é possivel se, alem de urn modelo ondulatorio para a luz, fizermos use do Principio de Huygens-Fresnel. Interferencia é o resultado da combinacao de duas ou mais ondas num mesmo ponto do espaco por superposicao, ou seja, atraves da aplicacao do Principio de Superposicao. Sempre que estivermos falando em interferencia estaremos considerando ondas harmonicas que possuem o mesmo comprimento de onda e a mesma frequencia. Assim sendo, a interferencia dependera da diferenca de fase entre as ondas. EXPERIMENTOS Neste trabalho sugerimos a execucao de 5 experimentos de facil montagem e que ilustram de modo concreto como se da a difracao e a interferencia . Sao elas: Difracao por Fenda Simples. ( Construida corn laminas de barbear). Difracao e Interferencia por Fenda Dupla. ( Construida corn laminas de barbear e fio de cabelo). Difracao em orificio circular. ( Construida corn agulha ou faiscas em laminas de aluminio). Interferencia em laminas delgadas de vidro e de acetato. 174 Corn a utilizacao da luz laser, esses experimentos mostram aplicacOes praticas dos fenomenos de interferencia e difracao, na determinacao das larguras das fendas, das espessuras do fio de cabelo e das laminas delgadas e do diametro do orificio. Sao apresentadas tambem, demonstracks qualitativas de facil execucao como o espectro da difracao da luz branca atraves da fenda simples, o padrao de interferencia na bolha de sabao, em CD e pelicula de oleo. COMENTARIOS Pelos experimentos sugeridos, difracao e interferencia nao sao assuntos de interesse apenas academico, mas que podem ser aplicados em alguns fenomenos do cotidiano. Alem disso é uma boa oportunidade de introduzir noceies de tecnicas interferometricas para medidas corn boa precisao, na dimensao do micrometrico, que seriam dificeis corn instrumentos tradicionais. Uma alternative interessante é a medida do comprimento de onda da luz do diodo laser utilizado r--s' 650 nm e potencia < 5 mW), usando-se fendas Fig. 2 Padrao de difracao obtido pela Fig. 1 Ponteira laser apoiada por fenda Onica. prendedores de roupa e o feixe incidindo sobre a fenda (mica. calibradas com boa precisao. Outra aplicacao que esta sendo desenvolvida é a construcao de urn kit de holografia. Para se obter urn holograma, gravamos urn padrao de interferencia num filme fotografico de altissima resolucao e apos o processamento quimico, conseguimos reproduzir as caracteristicas do objeto holografado em tres dimensoes . AVALIACAO Ultimamente temos ministrado cursos de atualizacao em Optica Moderna, destinados aos professores da Rede P6blica, os quais se mostraram bastante interessados na abordagem desse tema, pois é uma oportunidade de introduzir conceitos de fIsica moderna e corn aplicacOes tecnolOgicas importantes. Essa motivacao é tambem devido as questoes formuladas pelos alunos, relativo aos principios e aplicacOes do laser, fibra optica, holografia, etc. Discute-se finalmente questOes ligadas ao manuseio inadequado da ponteira laser por criancas ou mesmo adultos, principalmente, devido aos danos irreversiveis provocados na visao. BIBLIOGRAFIA • French, A.P. - Vibraciones y Ondas - Editorial Reverte - 1974. Hecht, E. - Optics - Addison Wesley - 1998 - 3" ed. • Existe ulna versao em portugues, de uma edicao anterior deste livro, editado pela Fundacao Calouste Gulbenkian (Portugal). Physical Science Study Committee (Comite organizador) - Fisiccr - Parte II - Editora Universidade de • Brasilia - 1964. Robilotta, C.C. & Ukita, G.M. - Apostila de Laboratorio de ()mica (Licenciatura) - Instituto de Fisica • USP - 2' sem/I 995. Tipler, P.A. - Fisica para cientistas e engenheiros - Vol. 4 - Editora Guanabara Koogan - 1995. • PAINEL 5.3 - INSERcA0 DA FISICA MODERNA NO 2° GRAU ATRAVES DE ATIVIDADES EXTRA-CURRICULARES Claudio Jose Santos' c .Sergio Melo Arrucla2 Colegio Fstadual D. Pedro I. Lidianopolis. PR , e Cokgio Santa Olga, IvaiporS, PR. 2 Departamento de Fisica, Universidade Estadual de Londrina. PR — Email:[email protected] 0 problema da modernizacao do ensino de Fisica no nivel medio tern sido objeto de retlexao nos Oltimos anos. Artigos, teses, cursos e livros paradidaticos tern sido elaborados numa tentativa de prover subsidios para a insercao de conte6dos mais atuais na sala de aula ou para uma reestruturacao do curriculo da escola media, principalmente em virtude na nova LDB, aprovada recentemente. 175 Por essa razao o Departamento de Fisica da Universidade de Londrina se envolveu, a partir de 1997 corn a consolidacao de urn grupo de trabalho constituido por professores do 2° grau e pesquisadores da area de ensino de Fisica, buscando investigar as possibilidades e perspectivas da introducao da Fisica Moderna e Contemporanea na escola media, numa tentativa de levantar e propor solucOes aos problemas praticos que surgem durante o enfrentamento dessa questa°. 0 grupo, denominado por nos de Grupo de Fisica Moderna (GFM), surgiu a partir do interesse demonstrado por professores da escola secundaria, durante o curso de atualizacao ministrado em 97 (Prociencias). Foi elaborado urn piano de trabalho, na forma de urn projeto preliminar, numa tentativa de formalizar urn trabalho colaborativo entre docentes do segundo e do terceiro graus. 0 projeto foi entao submetido posteriormente ao Prociencias, tendo lido aprovado para a execucao em 1998. 0 projeto inicialmente teve dois objetivos principais: • A constituicao de urn grupo que discutisse a insercao da Fisica Moderna no curriculo de 2° grau do estado do Parana. • Atualizacao dos professores participantes ern contendos relacionados a Fisica Moderna e Contemporanea. Um piano geral de trabalho para 3 anos foi definido, que previa, alert) da constituicao de urn grupo, a preparacao de materiais instrucionais para serem utilizados ern sala de aula, a testagem do material atraves de algumas intervencOes e a elaboracao de propostas de alteracao curricular e apresentacao a Secretaria de Educacao do Estado do Parana. As reunieies preliminares para a constituicao do grupo se iniciaram em Fevereiro de 98, corn a participacao de apenas 10 professores. Gradativamente, esse numero cresceu ate atingir urn total de 30. Os professores que formam o grupo pertencem a 7 Nncleos Regionais de Educacao (NRE) da regiao norte do Estado do Parana. 0 NRE é a instancia administrativa regional da Secretaria de Educacao do Estado do Parana e corresponde as Delegacias de Ensino do Estado de Sao Paulo. Para facilitar a interacao dos professores entre si e a organizacao dos trabalhos, os 30 professores foram separados em equipe, de acordo corn o NRE ao qual pertencem. Uma separacao que ocorreu mais ou menos naturalmente, por que muitos moram na mesma cidade e tinham major contato entre si. Durante os primeiros encontros procuramos deixar claro os objetivos gerais do trabalho e iniciar as discussOes e aulas sobre conceitos da Fisica Moderna, conforme expectativa dos proprios professores. A principio a questa° do contend° pareceu ser central a grande parte dos professores, pois a maioria deles nao e formada em Fisica e portanto teve pouco contato corn contendos da Fisica Moderna. Gradativamente, diversos outros temas e questOes passaram a ser objeto de discussao nas reuniOes gerais, tais como: a faita de interesse dos estudantes, as diferencas entre a escola pnblica e a particular, as implicacOes do texto do MEC "Proposta Preliminar para as Areas das Ciencias da Natureza..." sobre o trabalho do grupo, etc. Apesar dessa gama de problemas, aiguns dos professores comecaram a se mobilizar para o planejamento de tOpicos de Fisica Moderna para serem inseridos em suas aulas. As equipes comecaram gradativamente a se formar e alguns pianos de trabalhos foram delineados. Urn desses trabalhos, considerado em maiores detalhes aqui, procurou abordar a questa° da insercao da Fisica Moderna na escola media atraves de atividades extra-curriculares. Para isso, foram formados grupos de estudos corn alunos do 2° grau em duas escolas, sendo uma na cidade de Ivaipora e outra na cidade de Lidianopolis, Estado do Parana. As atividades se iniciaram a partir de discussOes de textos extraidos de revistas de divulgacao cientifica, tais como a Ciencia Hoje, Superinteressante e Globo Ciencia, cujos temas era escolhidos pelos prOprios alunos. A partir desses temas, discussOes sobre questOes mais localizadas puderam ocorrer. Essa equipe tambem fez uso de um experimento demonstrativo simples, no qual o uso de sensores fotoeletricos permitiu discutir assuntos relacionados a natureza da luz, tais como, o efeito fotoeletrico e dualidade, beet como semicondutores, simulando corn esse experimento o controle remoto de uma televisao. Corn relacao a resposta dos estudantes sobre essas atividades, podemos afirmar que as mesmas tern motivado muitos alunos para analises de fenomenos fisicos naturais e tem aumentado o interesse e a participacao dos mesmos nas aulas regulares de Fisica. Esse trabalho tambem tern servido como referencia as demais equipes que estao planejando a introducao da Fisica Moderna dentro das aulas regulares. PAINEL 5.4 - INTRODUZINDO A FISICA MODERNA NO ENSINO DE NIVEL MEDIO: OPTICA DE FEYNMAN Sergio I?. de Paulo, Iramata J.C. de Paulo e Carlos Rinaldi (Depto. de Fisica-ICET-UFMT — Av.Fernando Correa, S/N — Coxipo — 78060-900 — Cuiaba-MT e-mail: sergio(ikpd.ufrabr) Introducao: A introducao de tOpicos de Fisica Moderna no ensino de nivel medio tern se destacado como objeto de estudo de diversos trabalhos na area de Educacao em Ciencias [Terrazzan, 1994]. A importancia de se estudar tai assunto se resume principalrnente no fato de que o ensino de ciencias a nivel medio (e superior tambem) 176 se encontra bastante defasado corn relacao ao progresso cientifico ocorrido nas oltimas decadas. Os conceitos de fisica trabalhados no nivel medio mal chegam ao ano de 1850, quando a formulacao final do eletromagnetismo classic° foi estabelecida. Levar a Fisica Moderna ao segundo grau é fundamental nao meramente na expansao de conhecimento dos estudantes, mas na prOpria reformulacao de sua visa° de mundo. 0 advento da Mecanica Quantica no comeco do seculo (XX) colocou em cheque o determinismo cartesiano, uma filosofia que esta fortemente arraigada na populacao do mundo de hoje. Nas altimas decadas, a ciencia ja vive uma segunda revolucao, especialmente caracterizada pela Teoria da Complexidade [ver, por exemplo, Capra, 1998 e Nicolis and Prigogine, 1998], em que se verifica que a prOpria Fisica Classica nao é deterministica. A compreensao desses conceitos, por parte dos aprendizes, é fundamental para que eles entendam as complexidade da vida contemporanea, como a dinamica da economia, por exemplo. De acordo corn resultados anteriores obtidos pelo nosso grupo de pesquisa [de Paulo, 1997], a crenca de que a Fisica Classica e deterministica se baseia principalmente em sua superidealizacao, ou seja, no estudo de problemas ideais e pouco condizentes corn a realidade do cotidiano, como, por exemplo, considerar-se que a forca de atrito seja constante, que a amplitude do pendulo seja pequena, que é possivel a existencia de urn sistema fisico contendo apenas dois corpos. A superidealizacao na Fisica Classica nao diz respeito apenas a mecanica. Conforme nossos resultados experimentais tern demonstrado, o ensino de optica no ensino medio (e superior tambem, pois ambos sao basicamente iguais) leva a concepcao alternativa de que a luz é constituida de raios, ou seja, que os raios de luz sao entidades reais, e nao meras abstracOes que tern como objetivo entender o processo de formacao de imagens. Conforme é conhecido pela Fisica Moderna, a luz nao é em absoluto constituida de raios e nem mesmo se propaga em linha reta [Feynman, 1992]. O ensino de optica geometrica nas escolas ignora uma caracteristica fundamental da luz: o seu comportamento ondulatOrio. Esta lacuna torna a optica geometrica incapaz de descrever certos fenomenos importantes, tais como o fato de que a reflexao da luz numa lamina de vidro depende de sua espessura e a interacao da luz corn redes de difracao, sendo este urn dos fenomenos fisicos mais importantes para a indOstria de armazenamento de dados nos dias de hoje. O objetivo deste trabalho é apresentar uma alternativa para o ensino de optica no nivel medio. A alternativa que propomos é a utilizacao do procedimento utilizado por Feynman [Feynman, 1992], o qual leva em conta os fundamentos da Mecanica Quantica e Imo as bases para uma compreensao mais profunda da interacao da luz corn a materia e da eletrodinamica quantica. A optica de Feynman: O procedimento utilizado por Feynman para descrever os fenomenos de interacao da luz corn a materia (reflexao, refracao, interferencia, etc.), nos termos da Mecanica Quantica é bastante simples. Tao simples quanto a optica geometrica atualmente ensinada nas escolas. Suas consideracOes principais sao as seguintes: A luz (ou radiacao eletromagnetica corn qualquer frequencia) emitida de uma fonte situada no ponto A i) chega ate urn ponto B qualquer do espaco atravessando todos os caminhos possiveis entre A e B; A intensidade da luz no ponto B pode ser calculada somando-se a amplitude da luz resultante de cada ii) trajetoria e elevando-se o valor resultante ao quadrado; A amplitude da luz, no ponto B, que seguiu uma dada trajetoria é representada por urn vetor de iii) tamanho constante, mas cuja orientacao 6 dada de acordo corn a posicao do ponteiro de urn relogio, que é ativado no instante que a luz e emitida do ponto e e parado no instante que a luz chega ao ponto B. A consideracao iii) reproduz a caracteristica ondulatOria da luz. De acordo corn a sua frequencia, o ponteiro desse relogio (ao qual chamamos de Relogio de Feynman) se move corn major ou menor velocidade. A velocidade do relOgio dependera tambem do meio onde a luz se propaga. Na verdade, a posicao do ponteiro do relOgio de Feynman representa a fase da onda eletromagnetica, que - em funcao da distancia (d) percorrida pela luz em cada trajetoria, da frequencia (1) e da velocidade (v) da luz num determinado meio — pode ser dada por Zit f d/v , em radianos, ou — em funcao do comprimento de onda (X) — por 27t d/A., em radianos, ou 360 d/k, em gratis, ou ainda 12 da, se temos urn relOgio corn 12 divisOes. Do ponto de vista de Feynman (e da Eletrodinamica Quantica), uma imagem e formada devido a uma redistribuicao espacial do campo eletromagnetico, que e definida por multiplas interferencias construtivas e destrutivas. Assim, por exemplo, quando vemos uma pessoa vestindo camisa amarela e calca vermelha, significa que, em alguns pontos da retina, ha interferencia construtiva da cor amarela (e destrutiva da vermelha), enquanto que em outros pontos ocorre o oposto. O calculo geometric° de quais pontos do espaco ocorrera interferencia construtiva e destrutiva é feito em termos da soma dos vetores definidos pelo relOgio de Feynman, para cada trajetoria possivel da luz. Para exemplificar o procedimento, tomemos a figura abaixo que representa diversos caminhos que a luz pode percorrer, indo de uma fonte situada no ponto A ate urn ponto B qualquer do espaco, refletindo-se num espelho. Para entender a utilizacao da optica de Feynman, podemos dividir o espelho num minter° razoavel de pontos (a a j), igualmente espacados, definindo-se assim 10 trajetOrias diferentes. De acordo corn o item iii), acima, deve-se calcular a fase da onda eletromagnetica (suponhamos que seja monocromatica), 177 utilizando-se a relacao 12 da, para cada uma das 10 trajetOrias. 0 valor de d corresponde ao comprimento de cada trajetoria, o que pode ser medido corn uma regua. a 0 passo seguinte é somar vetorialmente as fases, bastando colocar "enfileirados" os vetores correspondentes a cada posicao final do ponteiro do releio de Feynman, para cada uma das 10 trajetOrias, ou seja, a extremidade anterior de urn deles tocando na extremidade posterior do seguinte, e assim por diante, no procedimento usual que se faz ao somar vetores geometricamente. Elevando-se o comprimento desse vetor final ao quadrado, tem-se a intensidade de luz no ponto B. Note que as trajetOrias de luz no obedecem necessariamente a Lei de Rellexao (Angulo de incidencia igual ao angulo de reflexao), lei esta que nao 6 fundamental dentro da Eletrodinamica Quantica. E interessante observar que a resolucao tradicional do problerna diz que o raio de luz deve se refletir entre os pontos e e f, o que leva a concepcao alternativa de que, se rasparmos o espelho de forma que ele nao reflita entre os pontos e e f, a luz nao poderia chegar ate B. Referencias: I. Capra, F. (1998)—A Teia da Vida — Editora Cultrix — Rio Paulo. 2. De Paulo, I.J.C. (1997) — Elementos de uma propo,sla para a insercao de topicos da Fisica Modern(' no ensino Medi() - Dissertacao de Mestrado — POs-Graduacao ern Educacao — UFMT. 3. Feynman, R.P. (1992)— QED, A Estranha Teoria da Luz e da Materia — Gradiva — Lisboa. 4. Nicolis, G. and I. Prigogine (1998)— Exploring Complexity — W. H. Freeman and Company — New York. 5. Terrazzan, E.A. (1994) — Perspectivas para a Insercao da Fisica Moderna na Escola Media — Tese de Doutorado — Faculdade de Educacao da USP. PAINEL 5.5 - 0 ENSINO DE FISICA CONTEMPORANEA EM ESCOLAS DE NiVEL MEDIO: UMA EXPERIENCIA A PARTIR DA DISCIPLINA "PRATICA DE ENSINO DE FISICA" DA UFRGS Fernand(' Ostermann e Marco Antonio Moreira Instituto de Fisica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul C.P.15051. 91501-970, Porto Alegre. RS e-mail:[email protected] Neste estudo, relata-se uma experiencia de atualizacao curricular no ensino medic), desenvolvida, ao longo do 2 0 semestre de 1998, na disciplina "Pratica de Ensino de Fisica" do Ultimo semestre do curso de Licenciatura ern Fisica da UFRGS. 0 estagio supervisionado de futuros professores de Fisica ern escolas bem como discussOes teOricas sobre ensino-apfendizagem fazem parte desta disciplina (Ostermann, 1995). Ao longo de quatro meses, os estagiarios estao envolvidos corn as seguintes etapas de trabalho: observacao das aulas do professor de Fisica da escola, monitoria nas aulas do referido professor, planejamento de seu periodo de regencia, regencia de pelo menos 10 aulas, elaboracao de urn relatorio final. Os seis creditos da disciplina estao distribuidos, 178 igualmente, em parte pratica (real izada na escola) e em aulas teOricas ministradas na universidade. Desde que foi integrado ao curriculo da Licenciatura em Fisica da UFRGS, o estagio, apesar de introduzir algum tipo de reformulacao metodologica na Fisica do ensino medio, sempre trabalhou corn contenclos desenvolvidos nas escolas, isto 6, corn a Fisica que avanca, no maxim°, ate o inicio do nosso seculo. No entanto, uma reformulaeao significativa ocorreu no semestre 98/2, quando a disciplina foi estruturada de tal modo a contribuir para a insercao de tOpicos contemporaneos nos curriculos das tres escolas envolvidos corn os estagios: Colegio de Aplicacao da FACED — UFRGS, Escola Estadual Florinda Tubino Sampaio e Colegio Saint Exupery (escola particular). Os tOpicos de Fisica Contemporanea foram selecionados a partir de uma metodologia de consulta a especialistas (tecnica Delphi) que levantou, junto a fisicos, pesquisadores ern ensino de Fisica e professores do ensino medio brasileiros, topicos da pesquisa atual ern Fisica a serem incorporados ao curriculo das escolas (Ostermann e Moreira, 1998). A partir da obtencao de uma lista de tOpicos, dois foram selecionados: supercondutividade e particulas elementares. Os doze alunos matriculados na disciplina foram organizados em duas turmas, sendo que cada turma trabalhou corn urn tema. Ao longo de urn mes, em encontros semanais de tres horas para cada turma, a professora da disciplina de "Pratica" ministrou aulas expositivas sobre cada tOpico, desenvolvidas a partir de muitas discussoes e baseadas em dois textos elaborados precisamente para este fim ( Ostermann et alli, 1998; Ostermann, 1998). No mes seguinte, foram preparadas as aulas do perfodo de regencia (ern torno de dez periodos) e elaborado, entre outros recursos(demonstracao da levitaeao magnetica, pOster, transparencias, slides), urn texto para os alunos de nivel medio sobre cada topic°. Na metade do terceiro mes, iniciou-se o periodo de regencia, o qual durou, ern media, tres semanas para cada estagiario. As aulas por eles ministradas foram avaliadas a partir de observacOes da professora de "Pratica". A aprendizagem de seus alunos, por sua vez, foi avaliada atraves de urn questionario initial contendo perguntas abertas sobre cada tema e, ao final, os alunos responderam novamente a perguntas abertas e tambem a urn teste de escolha Como conclusao, sao apresentados e discutidos os resultados obtidos corn a introducao de dois tOpicos de Fisica Contemporanea — supercondutividade e particulas elementares - no curriculo de tres escolas de nivel medic), bem como o papel da/na formacao de professores na implementacao de curriculos de Fisica mais atuais. Em sintese, estes resultados permitem concluir que a aprendizagem de conceitos modernos por alunos do ensino medio nao s6 é viavel como tambem pode despertar major interesse pela Fisica. Alem disso, é fundamental formar professores de Fisica que percebam a importancia da atualizacao curricular e que possuam ferramentas para implements-la em sua futura pra'tica docente. PAINEL 5.6 - UMA TABELA PARA PARTICULAS ELEMENTARES E INTERACOES FUNDAMENTALS Fernando Oslermanu e Claudio" de H. Cava(cowl Institute de Fisica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, CP 15051, 91501-970, Porto Aleut:, RS. E-mail: [email protected] Neste trabalho, e apresentada uma tabela colorida em tamanho de poster ( 84 cm x 60 cm ) que pode ser utilizada como material didatico para a incorporacao no ensino medio de urn tema atual de Fisica: particulas elementares e interacOes fundamentals. Esta tabela foi desenvolvida a partir da traducao e adaptacao de materials do "Contemporary Physics Education Project" (California, Estados Unidos, 1995) e do curso "Topics in Modern Physics", organizado pelo Fermi National Accelerator Laboratory (Illinois, Estados Unidos, 1995). A ideia deste trabalho e mostrar a alunos de ensino medic), atraves de uma tabela colorida, em tamanho de poster, como toda a materia do universo pode ser entendida a partir de quarks e leptons. Os hadrons, por sua vez, sao formados por quarks e classificados em barions e mesons. Algumas propriedades destas particulas sao apresentadas em tabelas menores, tais como massa, carga e spin. As interacoes fundamentals estao organizadas ern tres quadros: urn corn as massas e as cargas dos bOsons mediadores, outro corn as propriedades basicas das interacOes e, finalmente, urn quadro corn as escalas de comprimento, instrumentos de medida e sisternas envolvidos em cada interacao. Alem disso, e mostrada uma representacao da estrutura atomica atualmente aceita, uma ilustracao do decaimento beta do neutron e a aniquilacao quarkantiquark no meson pi-zero. Textos explicativos estao intercalados entre os quadros, as tabelas menores e os desenhos para esclarecimento de certos pontos, tais como: spin, unidade de carga eletrica, equivalencia entre massa e energia, composicao de quarks dos barions e dos mesons, o que sac) bOsons e fermions, a ideia de antiparticula, carga de cor, diferenca entre forca forte residual e fundamental. 179 - - PAINEL 5.7 - INTERPRETACAO DOS FENOMENOS DA OPTICA GEOMETRICA ATRAVES DA INTERA00 FOTON-ELETRON: UMA PROPOSTA PARA 0 ENSINO MEDIO Renato Centenaro Santaella' e Maria Ines Nobre 01a2 'Aluno de Especializacao da Universidade Estadual de Londrina 2 Departamento de Fisica/UEL, INESOTAPFiSICA.UEL.BR Vamos apresentar urn resumo de regras de Feynman Oteis ao estudo da nossa proposta de interacao fOton-eletron. Na'o é possivel, aqui, discutirmos porque valem as regras ja que isto n'ao 6 trivial. Tal tipo de discussao pode ser encontrada em livros de teoria quantica de campos. NOs vamos nos limitar apenas a mostrar como essas regras funcionam, e ainda assim, apenas nos casos que nos interessam diretamente. As regras de Feynman servem para calcular amplitudes relativisticas, para utilizar essas regras, partiremos de um desenho, o diagrama de Feynman, que descreve o processo que se deseja estudar. q , p', s p,s Este diagrama é lido da seguinte maneira: eletron chegando, fOton chegando, absorcao do foton, eletron propagando-se, emissao do f6ton, foton saindo, eletron saindo. Eletron chegando Eletron saindo F6ton chegando F6ton saindo — propagador do eletron Ve'rtice Para construir a amplitude de espalhamento correspondente ao diagrama, le-se da direita para a esquerda e faz-se o produto das probabilidades de cada caso. - -propagador eletron f- oton vertice vertice eletron foton [ - saindo * * * * saindo - - - direito do eletron * _ esquerdo - * chegando chegando onde, cada parte desta amplitude corresponde a: EP fOton chegando: fOton saindo: (E + 1 eletron chegando: Ii(P) eletron saindo: u(P' , E+m — N.fl X x"[(E + m)/;s.p , ] I l+m Al vertice esquerdo: — icy vertice direito: icy A E-6. p. s E + mI o propagador do el6tron: i. p2 — M2 180 E - o- 3 + mI PP o- . p - E . Amplitude: i.T = CIE u(IT). +mAIE +m ' (ley u 2 o) p-m P ) z"[(E' + m);o-. p eA T— P E +m -6. p P ep II X p - E + nv onde: E = energia do eletron antes da interacao m = massa de repouso do eletron o- = matriz de Pauli x = espaco de spin y = matriz de Dirac 1= matriz identidade 0 calculo desta amplitude de espalhamento da secao de choque, corresponde ao espalhamento de um fOton por um eletron. Os resultados obtidos sac) Oteis para interpretar fenomenos mais complexos que envolvem muitos corpos como por exempt°, o espalhamento da luz solar pela atmosfera, e a retlexao da luz por superficies. Alem de fenemenos que envolvem o espalhamento fOton-eletron, analisam-se tambem situacOes que sao relacionadas a propagacao de fotons que na eletrodinamica quantica podem ter velocidades diferentes da velocidade da luz, tem probabilidade de propagar-se em todas as direcoes, a reflexao em superficies pode acontecer cm diferentes angulos, cada um com uma amplitude, etc. Atraves do calculo destas diferentes_ amplitudes de propagacao dos fOtons interpreta-se as leis da optica geometrica, ou seja, as leis da refiexao da refracao e a propagacao retilinea da luz, que resultam das amplitudes de probabilidade de propagacao de fOtons em todas as direcOes. A interpretacao de propagacao dos fOtons pela eletrodinamica quantica é diferente da classica, mas ria soma de todas as probabilidades de propagacao do foton, pela eletrodinamica quantica, chegamos aos resultados da fisica classica. PAINEL 5.8 - VISUALIZANDO ONDAS ELETROMAGNETICAS E MEDINDO A VELOCIDADE DA LUZ: UM EXPERIMENTO NA COZINHA DE SUA CASA (-Mystic Jacob Almeida': Tarci:sio Aparecido Pcmka 1 : Larks. Eduardo e Maria Inihs. Nobre 00 4 i (liraduando do Department() de Fisica, Universidade Esiadual dc Londrina, [email protected] 2 SEED/PIZ c Especializando do Dep. dc Fisica. Universidade F:stadual dc Londrina 'Departamento dc Fisica. Universidade Lstadual do Londrina , [email protected] 'Departarnento de Fisica, Universidade Estadual de Londrina, [email protected] Nos tiltimos anon, um crescente movimento entre Educadores de Fisica vem indicando a necessidade de atualizar o curriculo do ensino medio com contetidos de Fisica Moderna e Contemporanea (FMC). Nos eventos da area de educacao cientifica, da decada atual, e possivel constatar um volume significativo de trabalhos em FMC. Nos penOltimos Encontro de Pesquisadores de Ensino de Fisica (V EPEF) e Simposio Nacional de Ensino de Fisica (XII SNIT) contam-se, respectivamente, por volta de 11 e 30 referencias, que abordam direta e indiretamente topicos relacionados aqueles temas, o que represents uma quantidade expressiva de trabalhos. No Ultimo Encontro de Pesquisadores de Ensino de Fisica (VI EPEF), por exemplo, encontramos um levantamento entre fisicos-pesquisadores, professores do nivel medio e pesquisadores em Ensino de Fisica, sugerindo tOpicos de FMC (Ostermann & Moreira, 1998). Nas publicacOes, por outro lado, .ja é possivel encontrar sugestOes pedagogicas de como tratar a FMC, tanto para o nivel universitario (Costa & Santos, 1998; Villani & Arruda, 1996; Fisher & Lichetteldt, 1992) quanto para o nivel medio (Ostermann et al., 1998; Costa & Santos, 1995; Terrazzan, 1992). Com respeito propriamente ao nosso trabalho, o conte/do enfocado encontra-se dentro do tratamento da Fisica Classica. Nele, houve a intencao cm envolver, intimamente, o cotidiano tecnologico e investigacao experimental. Estas duas tiltimas considerac o- es podem ser igualmente vistas em um outro trabalho na perspectiva da FMC (Laburi et al., 1998), em que se presenciam preocupacOes nesse sentido. Assim, procuramos nao ficar restritos a exclusivos tratamentos teOricos em FMC, mas, na medida do possivel, poder agir empiricamente sobre o conhecimento estudado. Sinteticamente o trabalho aqui apresentado propOe "visualizar" uma onda eletromagnetica, mais especificamente, o padrao de ondas estacionarias formado dentro da caixa de ressonancia de urn, forno de microondas caseiro. Essa visualizacao pode ser conseguida atraves do registro da queima sobre papel de fax, 181 produzido pela componente eletrica do campo eletromagnetico gerado pelo forno de microondas. Em seguida, mostramos que é possivel calcular, a partir da medida do comprimento de onda registrada pelas ondas estacionarias eletromagneticas, a velocidade da luz, corn urn erro experimental da ordem de 15%. A ideia aqui desenvolvida teve como ponto de partida o trabalho de Stauffer (1997) Em contraste corn este trabalho, o nosso procurou detalhar a fisica envolvida, sugerir urn melhoramento na parte experimental e fazer uma critica ao resultado empirico de Stauffer (1997), que é pouco convincente. Referencias 1. COSTA, I & SANTOS, M. S. (1995). How to introduce modern topics in high school curriculum? A proposal. Thinking Physics for teaching. Edited by Carlo Bernadini et al., Plenum Press, NY, 371-379. 2. COSTA, I & SANTOS, M. S. (1998). A fmc na escola media: uma estrategia de mudanca na pratica docente, ReS111110S de VI Encontro de Pesquisadores de Ensino de Fisica, Florianopolis, SC, 137-139. 3. FISCHER, H. & LICHTFELDT, M. (1992). Learning quantum mechanics. In: Research in Physics Learning: Theoretical Issues and Empirical Studies. Proceedings of' na International Workshop Held at the University of Bremen, march 4-8, Duit et al. (Eds.), 240-251. 4. LABURO, C. E., SIMOES, M. & URBANO, A. (1998). Mexendo corn polar -aides e mostradores de cristais liquidos. Caderno C'atcirinense de Ensino de Fisica. Em Impressao. 5, OSTERMANN, F. & MOREIRA, M.A. (1998). TOpicos de fisica moderna e contemporanea na escola media brasileira: urn estudo corn a tecnica delphi, Resurnos do VI Encontro de Pesquisadores de Ensino de Fisica, Floranopolis, SC, 111-113 6. OSTERMANN, F., FERREIRA, L. M. CAVALCANTI & C. J. H. (1998). Topicos de fisica contemporanea no ensino medio: um texto para professores sobre supercondutividade, Revista Brasileira de Fisica, 20, 3, 270-288. 7. STAUFFER, R., H., Jr. (1997). Finding the speed o light with marshmallows - a take home lab, Physics Teacher, 35, april, 231. 8. TERRAZZAN, E. A. (1992). A insercao da fisica moderna e contemporanea no ensino de fisica na escola de 2 ° grau. Caderno Catarinense de Ensino de Fisica, 9, 3, 209-214. 9. VILLANI, A. & ARRUDA, S. M. (1996). Special theory of relativity, conceptual change and history of science, Science & Education, 7, 1, 85-100. PAINEL 5.9 - A NATUREZA DA LUZ: UM EXEMPLO DE UTILIZAcA0 DE TEXTOS DE DIVULGAc AO - EM SALA DE AULA Jose Mve.s. do Silva' e Maria Regina Duheu.v Kawamura' j.dasilvaPetidoramail.com 2 mrkawamura(i-t),if usp.br Institute de Fisica - USP i II - INTRODUCAO Em que pese o fato de ainda haver pouca cobertura por parte da midia para a area de ciencia e tecnologia em se comparando corn o avassalador papel social que estas Ultimas desempenham, nao é dificil detectar uma preocupacao crescente corn a maxima difusao de conhecimentos relativos a estas areas. Proliferam-se revistas, secOes de jornais, programas multimidias, videos, filmes, exposicoes, palestras etc. corn o objetivo de saciar aos anseios de uma populacao angustiada diante de transformacOes espantosamente rapidas em seu modo de vida, parecendo ter no conhecimento destas transformacifies urn elemento a mais para a sua defesa. A busca por este tipo de informacao provoca, como assinala "KAWAMURA&SALEM(2), "uma crescente preocupa•c7o corn a cltfirsao dos conhecimentos ciennficos para um pfiblico calla vez mais amplo e diversificado, o chamado crianos, jovens e adultos". No entanto, o ensino de ciencias e, no presente caso o de Fisica, parece estar a margem deste processo, conforme assinalam KAWAMURA&SALEM(2): "parece evidence que, enquanto de um lado os 177eiOS de conrunicaciro despertam interesse e atraern 0 pfiblico em ,feral (inclusive o estudante e o professor), de outro lade, a Fisica tratada na escola e, via de regra, vista como algofrio, desinteres.vante e distante, quando nao assu.vtador". 0 fato do material de divulgacao despertar este anseio e, alem disso, mostrar-se na rnaioria das vezes "instigantes", alerta-nos para o seu potencial enquanto recurso didatico. CARLI(1988), chegou a enumerar seis possibilidades de use em sala de aula a partir dos objetivos pretendidos: - Motivar os alunos para o estudo de urn terra pouco interessante; - Mudar o comportamento em relacao a aprendizagem de ciencias; - Compreender os mecanismos de funcionamento e de producao do conhecimento cientifico: Alguns materials de divulgacao abordam os aspectos internos da ciencia, isto e, ressaltam em que condicOes as instituicOes de pesquisa e as universidades funcionarn e como produzem o seu conhecimento; - Ilustrar o conteUdo formal; - Atualizar conhecimentos em ciencia; 182 - Avaliar socialmente a ciencia: 0 impacto das informacOes veiculadas nos meios de comunicacao é muito forte, de forma que quase nunca os individuos questionam as suas veracidades e tampouco refletem sobre as possiveis consequencias em suas vidas. Alem destas possibilidades, acrescentaria uma outra de importancia crucial: a possibilidade de estimular a leitura, algo praticamente esquecido no ensino de ciencias. Segundo ALMEIDA(1993): "E por pensarmos no construcdo social e gradual do conhecimemo, que devemos enlatizar a imporkincia de praticas que, alem de incorporarem o saber cienlifico, contribuem para a fin- mac:do de habitos e ()Eludes que permanecerdo apps o abandon° c/a escola. E a leintra de textos lilerdrios e de divulgacon cerlamente tem lugar nessas III - OBJ ETIVOS Uma vez explicitados o uso de textos de divulgacao cientifica e a importancia dos mesmos em sala de aula, torna-se mais claro o que se pretendeu fazer ao longo do trabalho: trata-se do uso de divulgacao cientifica em sala de aula, precisamente em uma turma do Ensino Media da rede pnblica estadual paulista, referentes ao tema Otica, dando-se uma enfase especial a questao da natureza da luz (dualidade ondaparticula). IV - METODOLOGIA 0 primeiro procedimento tornado para a utilizacao destes materials em sala de aula foi analisar detalhadamente o material de divulgacao disponivel no mercado, de forma a caracteriza-lo. Era necessario observar linguagem, tipo de publicacao, possiveis interesses de diferentes publico-alvos, assuntos mais abordados etc. para, somente a partir disto, escolher aqueles que seriam efetivamente utilizados em sala de aula. A maneira corn que resolvemos implantar este material foi por intermedio da elaboracao de perguntas (chamaremos de "estrategia de perguntas"), devido ao fato de existir urn nOmero bastante expressive de perguntas de leitores disponivel no mercado referente a este tema.. Em seguida, foi pedido aos alunos que fizessem algumas perguntas sobre luz (tais quais as numerosas perguntas de leitores). Durante o curso, elaborariamos estrategias para responde-las. Como as perguntas foram propostas pelos alunos, pelo professor e outras extraidas do proprio material de divulgacao, acreditamos set - o uso de textos de divulgacao insuficiente para responder a todas. Por isso, foi necessario elaborar urn conjunto de atividades (incluindo experimentos, pesquisas, leituras e discussOes), para responder a cada uma das perguntas. V - ALGUNS RESULTADOS OBTIDOS Da analise do material de divulgacao cientifica catalogado no FISBIT (Banco de Referencias de Divulgaca'o), referentes ao tema "luz", observamos que a maioria dos textos era composta por perguntas de leitores (53,5%), seguidas de artigos (29,1%) e noticias (14%). Ao mesmo tempo, relacionamos esse tipo de publicacao corn os assuntos abordados e percebemos que havia uma discrepancia entre os assuntos abordados pelas perguntas de leitores (a maioria (73,1%) referia-se ao mundo sensivel e curiosidades: cor, visa°, arco-iris etc.); os artigos escritos abordavam, em sua maioria, a dualidade onda-particula (57,9%); enquanto a maioria das noticias referia-se a novas descobertas tecnolOgicas referentes s luz (laser, fibra Otica etc.). Como ja dissemos, desses dados foi elaborada a chamada "estrategia de perguntas", na qual os alunos formulariam qualquer pergunta sobre luz. A tabela abaixo, ilustra os assuntos abordados pelas perguntas dos alunos nessa fase initial: TABELA I TEMAS Natureza da luz Associacao Luz-eletricidade Fenomenos Oticos Associacao luz-vida Total NUMERO DE PERGUNTAS (%) 40,1 32,7 14,3 17__ ,2 100 A urn de que essas perguntas fossem respondidas, foi elaborado urn conjunto de atividades, incluindo - es e leituras dos prOprios textos de divulgacao ja previamente experimentos, pesquisas, discuss 6 selecionados.. A medida em que algumas respostas vieram, foram surgindo novas perguntas dos alunos que ilustram claramente a extensao do conceito de luz para alem do escolar, unindo a realidade do aluno ao conhecimento da escola, proporcionandO-lhe cidadania. Vejamos as tabelas abaixo que apresenta novas perguntas elaboradas pelos alunos ao termino do processo de ensino: 183 TABELA 2 NUMERO DE PERGUNTAS TEMAS 37,2 Fenomenos Oticos 25,6 Natureza da Luz 23,3 Associacao luz-eletricidade 14,0 Associacao luz-vida 100 Total E necessario observar que, a longo do trabalho, foram detectadas dificuldades na leitura por parte dos alunos, exigindo urn maior acompanhamento individual por parte do professor. VI - ANALISE DOS RESULTADOS As tabelas anteriores mostram uma significativa mudanca dos alunos ao longo do processo ensinoaprendizagem, principalmente quanta as suas concepcOes de luz. Se na fase inicial, uma boa parcela dos alunos imaginava (ou confundia) a luz corn eletricidade (lampada), esse numero reduziu-se significativamente na fase final, ao mesmo tempo em que as perguntas referentes aos fenomenos oticos elevaram-se igualmente e de maneira significativa. As perguntas referentes a natureza da luz tambem continuaram de maneira forte, tanto na fase inicial quanta na final. Porem, na fase final, existiam diferencas significativas: nao se resumiam a questbes do tipo "0 que é luz"?; manifestavam-se na forma: "Seria passivel determinarmos uma (mica teoria para a luz?", havendo, portanto, uma clara mudanca na "qualidade" da pergunta. As questOes referentes a associacao luz-vida continuaram praticamente no mesmo patamar, uma vez que nao foi possivel as trabalharmos tao detalhadamente. No entanto, na fase nao havia mais perguntas referentes a urn suposto carater "mistico e divino" para a luz. Quanta ao use especifico do material de divulgacao, acreditamos que, devido as suas prOprias caracteristicas (abordam a cotidiano, possuem apelo junto ao pUblico, sac) atuais e procuram ser de facil linguagem), essa mudanca significativa observada nos alunos advem tambem da utilizacao dos mesmos. 0 material pareceu ser eficiente em tudo aquilo a que se propunha: motivou os alunos, possibilitou discussOes, esclareceu diividas e estendeu o conhecimento da escola para alem do seu ambito, mostrando-se para os alunos coma eficiente meio para a aquisicao de suas cidadanias. Proporcionaram tambem, aos alun e na sala de aula, o desenvolvimento de outras habilidades coma leitura, capacidades de exprimir-se e de discutir, alem de provocar os dialogos aluno-aluno e professor-aluno. BIBLIOGRAFIA I. ALMEIDA, M.J.P - DivulQaccio Cientifica e Texto Literario - Uma Perspectiva Cultural em Aulas de Fisica - In: Cad. Catarinense de Ensino de Fisica 10 (I), FlorianOpolis, 1993. 2. CARLI,E.B - Jornalismo Cientifico e Encino de Ciencias no Brasil - Tese de mestrado, Institute Metodista de Ensino Superior, Sao Bernardo do Campo, 1988. 3. KAWAMURA,M.R.D; SALEM,S. - 0 Texto de Dividc;acao e o Texto Didatico: Conhecimentos Diferentes? - IFUSP, Sao Paulo,1996. 4. KAWAMURA,M.R.D; SALEM,S. - "FISBIT": Urn Banco de Divukrctcao em Fisica - In: Atas do XII SNEF, Belo Horizonte,I997. 5. SANTOS,L.C.A - As Perzuntas de Lehor Em Publicaco"es de DivulKacilo Atas do XII SNEF, Belo Horizonte, 1997. 6. SILVA,J.A. - Natureza da Luz: Da Midict Para a Sala de Au - monografia de fim de curse, IFUSP, Sao Paulo,I997. PAINEL 5.10 - A FMC NA ESCOLA MEDIA: AVALIAcA0 DE UMA PROPOSTA POR ALUNOS Antonio 1'. PorliUm': Eduardo de P. Cordeiro'r Lea Caro; Lucia C. Almeida: Marty S Santos': Mauro Costa da Regina de Cassia Al de Almeida' e Siulnei Percia da Penha6 111T/Colegio Agricola Nilo Pecanha, Rua Jose Breves, s/n. 27197-000, R.1 'Coldgio MOdulo Macae, Rua Alfredo Backer. 554, 28700-000, RJ 'CUFF/Institute de Fisica, Av. Gal. Milton Tavares de Souza, s/n, 24210-340. R.I. e-mail: ensino*if.uff.hr 4 Colegio Salcsiano Santa Rosa, Rua Santa Rosa, 207. 24240-220,RJ 'UFF/Colegio Tecnico Agricola Ildelhnso Bassos Borges, Rod. Born Jesus / Santo Eduardo, km I. 28360-000, 12.1 'Institute Educacional Professor Alcor, Estrada UniAo Industrit. 9336, 25730-730, RJ 1 Constata-se que o ensino de Fisica praticado nas salas de aula apresenta algumas distorcOes em relacao ao que deve preconizar uma educacao moderna, isto é, voltada para a insercao do cidadao/trabalhador numa sociedade/mercado cada vez mais competitiva, onde o aluno ve-se obrigado a manipular urn nUmero - es pode ser citada uma que parece muito importante: é comum crescente de informacOes. Entre estas distorc O alunos do ensino media proporem problemas e perguntas aos professores, motivados pot - varios programas e 184 materias sobre ciencia veiculados pela midia e relacionados corn temas da Fisica Contemporanea. Muitas vezes, os professores encontram-se despreparados para enfrentar tais situagOes. Consequentemente, os alunos perdem a motivacao para estudar a Fisica curricular, por nao verem satisfeitas suas expectativas. 1st° foi verificado em trabalhos anteriores (COSTA e outros, 1997 a e b; SANTOS e outros, 1997) apontando o interesse dos alunos da escola media por temas que envolvem conte6dos de Fisica Moderna c Contemporanea (FMC), atraves de in formacaes colhidas junto a professores daquele nivel de ensino. Em sintese, o ensino de Fisica da escola media 6 delicitario na medida em que nao consegue englobar conceitos contemporaneos, tornando-se desinteressante e desatualizado. Ate o momento, a iniciativa oficial para a correcao deste quadro se traduz na Lei de Diretrizes e Bases da Educacao Nacional 20/12/96, a qual preconiza que "... ao final do ensino media o educando demonsIre: clominio dos principios cientificos e tecnologicos que president a producao moderna; conhecimento das fbrmcrs contemporaneas de linguagem..." Esse objetivo definido corn forya de lei ja vinha sendo buscado por pesquisadores em ensino de Fisica que tratam a introducao de FMC, a partir da constataeao de que na escola media a linguagem cientifica deve, ser decodificada, a tint de ser operacionalizada corn significado por quern a utilize, tendo em vista que este grau de ensino e o 6ltimo a possibilitar urn contato formal corn conceitos fisicos para a maioria da populacao estudanti I. Contribuindo para a consolidacao desta linha de pesquisa, professoras do Grupo de Pesquisa em Ensino de Fisica do IF/UFF propuseram urn projeto visando a implementacao de FMC na escola media, em conjunto corn professores em exercicio neste nivel de ensino de diferentes regiaes do RJ, para atuarem como decodificadores de temas de FMC e veiculadores do material didatico por eles produzido. Esta parceria justifica-se pela premissa de que a efetivacao de mudancas em qualquer nivel de ensino passa, necessariamente, por aquele que esta em atuacao na sala de aula. Os pressupostos para a producao do material didatico (texto e kit experimental) foram a manutencao de urn elo corn a Fisica Classica, ao inserir temas de FMC ao longo do programa vigente, e de inicio, exploracao de artefatos do cotidiano (TV, fotocelula e microondas) para posteriormente desenvolver topicos mais abstratos (holografia, laser, caos e fractais, radiacao e relatividade). As etapas percorridas neste processo consistiram de pesquisa bibliografica, redacao de textos para o professor e para o aluno, montagem de kits experimefitais (para os temas que assim o propiciaram) e aplicacao do material junto a professores e alunos da escola media. A primeira aplicacao foi feita corn a intencao de avaliar e obter "feedback" para uma possivel reformulacao do material e ocorreu durante quatro cursos de atualizayao para professores da escola media. Nessa oportunidade, a apresentacao foi feita pelos prOprios elaboradores que receberam relevantes sugestOes para uma decodificacao mais significativa dos temas de FMC. Corn a segunda aplicacao, buscou-se sondar a eficacia do projeto, como estrategia para alterar o quadro do ensino de Fisica descrito anteriormente. [Aqui sera° enfocados os resultados obtidos corn a aplicacao dos temas: Forno de microondas, Radiacdo, Laser, Celula Foloeletrica e Ho/ografla, junto a 630 alunos da escola media.] O instrumento de avaliacao foi urn questionario onde se investigou, entre outros aspectos, o interesse despertado nos alunos, o relacionamento dos temas ao cotidiano, e a adequacao da linguagem, tanto nos textos•quanto nas apresentacOes. Alem disso, foi solicitada a sugestao de outros tOpicos de FMC, corn o intuito de atender essas expectativas em futuras oportunidades. Destacou-se como quase unanimidade (99,5%) o interesse despertado, tanto em conte6do quanto em forma como pode ser comprovado na justificativa: "Eu rich() que e itnportante este lipo de aula pois estitnula, me jai gostar mais da materia". Quanto ao reconhecimento da relacao dos temas corn o dia-a-dia dos alunos, obteve-se uma grande maioria (88%) respondendo afirmativamente. A exemplificacao nao foi muito consistente em todos os temas, ficando mais expressiva para Laser. Apenas cerca de 11% nao consideraram a linguagem adotada como de facilcompreensdo. Os demais explicitaram em suas _justificativas que as palavras usadas ja faziam parte do vocabulario costumeiro em sala de aula. Cabe ressaltar que a manipulacao dos kits facilitou sobremaneira o entendimento dos assuntos. Dentre os temas sugeridos, Os cinco mais citados foram: buraco negro, radioativiclade, hig bang, jibra optica e jitscio nuclear. Todos os resultados sao parciais, uma vez que a aplicacao dos temas de FMC depende da compatibilidade dos mesmos corn o planejamento/programa de Fisica das escolas. O processo de aplicacao vein sendo ampliado ja que se tern previsao do material ser utilizado por outros professores alem de seus elaboradores. Trabalho financiado corn recursos do Programa PrO-Ciencias da CAPES/FAPERJ Bibliografia: I. COSTA, I., ALMEIDA, L.C. e SANTOS, M.S. (1997a) Obstaculos e Possibilidades para a IFMC no 2° grau. XII SNEF, painel. Belo Horizonte, MG. 2 (1997b) Fisica Moderna e contemporanea no 2° grau. XII SNEF, comunicacao oral. Belo 1-lorizonte, MG. 185 3. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCACAO NACIONAL (1996), Brasil. 4. SANTOS, M. S., COSTA I., ALMEIDA, L. Leitura do Mundo Contemporaneo atraves da Fisica. 11° COLE. II Encontro de Ensino da Ciencia, Leitura e Literatura. Campinas. SP. PAINEL 5.11 - DAS REVISTAS DE ENSINO PARA A FORM AcA0 DE PROFESSORES: A UTILIZACAO DE ARTIGOS NA DISCIPLINA DE LABORATORIO li.A1 Alves:, C.A. Voigt C.S. Buss: C.S. Camacho: E.R.P. Dohke; EA.(' Vo!can; FM. Burros; da Silva; Al. Lorandi: M.A. Vieira; M.C.G. Rickes: P.S. Morales; .Schulie,. L.P. da Rosa: L.H.F Vat': S.C. Alves e S.R. Macedo Departamento de Fisica, Instituto de Fisica a Matematica, UFTel, CP 354, 96010-900, Pelotas, RS ([email protected] ) Ao longo de 24 e de 9 anos, respectivamente, a Revisit' Brasileira de Ensino de Fisica e o Caderno Catarinense de Ensino de Fisica tern publicado artigos que sugerem experimentos de Fisica para os professores de Fisica incorporarem a suas aulas. Muitos desses experimentos sao simples e criativos nao envolvendo equipamentos muito elaborados nem tampouco sucatas. Sao experimentos que podem ser montados com baixo custo com material encontrado no comercio. No Curso de Licenciatura em Fisica da Universidade Federal de Pelotas existem as disciplinas integradoras Laboratorio I e Laboratorio 11 nas quais os licenciandos recebem a formacao sobre a elaboracao do trabalho experimental a nivel de segundo grau. No LaboratOrio I sao desenvolvidos experimentos sobre mecanica, fluidos e calor, enquanto que no Laboratorio II sac) desenvolvidos experimentos sobre eletromagnetismo e optica. Neste trabalho apresentaremos uma abordagem desenvolvida em uma parte da disciplina Laboratorio II que envolveu a utilizacao dos artigos sobre experimentacao das revistas acima mencionadas. Cada dupla de alunos leu e desenvolveu a sugestao de urn dos artigos selecionados desses periOdicos. Posteriormente, cada dupla apresentou a proposta e o experimento sugeridos pelo artigo e montado por eles. Os alunos tambem relataram as diflculdades encontradas, o que tiveram de mudar da proposta original, onde encontrar o material necessario para a montagem e orientaram os colegas no desenvolvimento do experimento. A cada apresentacao seguiu-se uma discussilo sobre a adequacao e os resultados dos experimentos propostos. Os experimentos selecionados foram: I. Construcao de um espectrometro Optic° usando tubos de pvc; 2. Elaboracao de urn conjunto de experimentos sobre a polarizacao da luz; 3. Producao de hologramas; 4. Construcao de uma versao do aparelho de Sielbermann, para o estudo da retlexao e refracao da luz; 5. Montagem de uma rede de difracao usando CD; 6. Elaboracao de um "kit" de eletromagnetismo; 7. Reproducao da montagem de Young para estudo da difracao, interferencia e coerencia da luz; 8. Montagem de um banco Optic° e de lentes espessas usando tubos de pvc. Dessa iniciativa surgiu a ideia de elaborar-se um livro dirigido para o segundo grau contendo cada urn desses experimentos corn apresentacao das propostas dos artigos, orientacOes sobre montagem e onde encontrar o material necessario e corn sugestao de roteiros. Coin isso, espera-se estar contribuindo para que os professores de Fisica possam facilmente, e em pouco tempo, desenvolver as sugestOes dos artigos em questao. Referencias: I. FERREIRA, N.C., ALVES r, J.P. Espectrometro opiico. Cad. Cat. Ens. Fis., Ano 1, N.2: 31-36, abri1/96. • 2. BUCHWEITZ, B., DIONISIO, P.H. optic(' Experimental.. Manual de Laboratorio. Manual de Fisica Experimental IV do Instituto de Fisica da UFRGS, 1994. 186 3. COLOMBO, E., JAEN, M. Polariza0o da Luz: Ulna Proposta de Expert .Mcias ,Simples. Cad. Cat. Ens. Fis., V.8, N.1:37-55, abri1/91. 4. GALLI, C. Producdo de Hologramas coin Equipamentos de Baixo Cum). Cad. Cat. Ens. Fis., V.10, N.3:258-261, dezembro/93. 5. CATELLI, F. Holografia. Apostila entregue no Curso Prociencias da UFPeI, 1997. 6. WALENDOWSKY, J.F., ALVES r, J.P. Aparelho de Silbermann. Cad. Cat. Ens. Fis., Ano I, N.1: 3037, dezembro/84. 7. KALINOWSKY, H.J., GARCIA, N.M.D. U17161 Alternativa Economica para Reties de Difi-accio no Laboratorio de Emilio. Cad. Cat. Ens. Fis., V.7, N.1: 64-72, abril/90. 8. GASPAR, A. Conjunto Experimental para a Demonstracao de Inieracdo entre Campo Magnetic.° e Corrente Eletrica. Rev. Ens. Fis., V.12: 93-103, dezembro/90. 9. BRAUN, L.F.M., BRAUN, T. A Montagcm de Young no Escudo da Interjerencia, Difracao e CoerMcia de Fontes Luminosas. Cad. Cat. Ens. Fis., V.I I, N. 3: 184-195, dezembro/94. 10. PIMENTEL, J.R., BINATTI, A.M. Banco Optico e Acessorios de Baixo Cusco. Cad. Cat. Ens. Fis., V.6, N.1 : 77-83, abril/89. PIMENTEL, J.R., CAMPANHA, .I.R. Lentes Espessas: Das Dislcincias Focais? Cad. Cat. Ens. Fis., V. I 0, N.1: 59-70, abril/93. PAINEL 5.12 - DO ESTUDAR AO "BRINCAR" - UM OUTRO OLHAR PARA FISICA Francisco Amancio Cardoso Mendes' e Alexandre IVIagno Montibeller 2 i Colth2,io Rousseau - S5o Paulo; Coki•gio Anglo — Osasco egdias(i4ol.com.hr ); 2ColiTio Sao Jos6 - sao Bernardo do Campo Objetivos: O objetivo do trabalho tern sido apresentar aos estudantes de Fisica uma nova forma de olhar para a disciplina e relacionar-se corn a mesma, evitando, assim, aquela avers5o e aquele "pavor" rotineiro que os toma conta, ao mesmo tempo ern que Ihe proporciona urn aprendizado eficiente. Descricao: O trabalho consiste basicamente em dar subsidies e ferramentas aos estudantes para que os mesmos possam, na presenca ou nrio do professor, se desenvolverem dentro da disciplina. Observamos ate entire que o rendimento dos estudantes participantes do trabalho tem apresentado urn crescimento consideravel no processo ensino-aprendizagem, principalmente na disciplina de Fisica. 0 metodo vein apresentando urn retorno plausivel e satisfatOrio, tendo em vista que notamos urn aproveitamento de cerca de 80%. O estudo apresenta-se ern cinco etapas: tecniccts de relaxamento e concentracdo, Mewl:ileac:do de objetivos, tknicas e estrategias de escudo, ahordagem lfidica e avalicvio metodologica. PAINEL 5.13 - EXPERIMENTACAO NO ENSINO - PERSPECTIVAS DE PROFESSORAS DE 1/ k A 4A SERIE DO ENSINO FUNDAMENTAL, SEGUNDO CRENCAS E CIRCUNSTANCIAS Eugenio Maria de Franca Ramos - 113 - 1.11\IESP - Campus de Rio Clam ([email protected] ) Alorherlo Cardoso Ferreira — IF — USP Malik' Tavares de Miranda — FE - USP Apresentamos neste trabalho parte do estudo de crencas, ideias e perspectivas de professoras de I zi a serie do Ensino Fundamental, da cidade de Marilia (SP), dos quais destacamos aqui alguns aspectos relacionados a use de instrumentos experimentais voltados para o Ensino de Ciencias. Em busca da `reac5o' das pessoas montamos uma coleta de dados que envolveu: I. a apresentacao de materials didaticos ligados a nossa linha de trabalho habitual; 2. a escolha de urn deles e sua justificativa, num curto espaco de tempo. Chamamos esta pesquisa de Primeira Impressao. Por se tratar de uma primeira impresso-o, ofereciamos poucas on, muitas vezes, nenhuma justificativa a priori da pesquisa e dos componentes ern jogo. Escolhemos seis materiais — cones, ludiab, looping, et, disco de cores e eletrescopio de folhas — que relacionam-se corn diferentes areas de conhecimento fisico - mecanica, Optica e eletricidade. Tais materials' apresentam como caracteristica aliar a experiencia a ludicidade, seja pela estetica do material ou pela forma como é manuseado, conforme trabalho que desenvolvemos corn elaborac'ao de experimentos didaticos por meio da Instrumentacao para o Ensino de Fisica. A coleta de dados da primeira impresscio consistiu, entao, essencialmente, da apresentac5o sumaria dos seis materiais selecionados, mostrando os efeitos de cada urn, sem que as pessoas pudessem manusea-los. Ao final da apresentacAo dos seis materiais, voltavamos a dizer o que tinhamos feito corn cada urn dos materiais e o nome de cada urn. Ern seguida distribuiamos uma folha ern que a pessoa - professora on aluna registrava seu nome, a serie em que atuava, qual material havia chamado mais atenc5o - corn a recomendacao 187 de citar apenas um dos materials - e a justificative de tal escolha. As perguntas registravam de forma sucinta: (I) Qual material voce mais gostou? (2) Por que? Os nomes utilizados para designar os materiais, nas apresentacOes, surgiram dos prOprios observadores, ao se referirem a sua escolha. Incorporamos os nomes ap6s a apresentacao na primeira escola. Nao utilizamos o nome cientifico usual para nab induzir qualq..er escolha. A analise das justificativas da primeira impressaa permitiu-nos observar que ha uma quantidade major de elementos, nas reacdes das pessoas, a serem considerados. Aparecem nas justificativas da primeira impressdo sentimentos que extrapolam o conhecimento fisico que desejamos trabalhar e ate mesmo o desejo de, decididamente, ocultar julgamentos. Ha, enfim, elementos consistentes de crencas, costumes e mitos, conforme pressupostos filosOficos relacionados com as ideias de Ortega y Gasset, que nao podem ser ignorados, se pretendermos entender o ponto de vista da pessoa - sua circunsicincia de analise - sobretudo as perspectivas didaticas do ensino experimental de ciencias no nivel elementar. Analisando as justificativas apresentadas, um dos grupos de analise significativo, que focalizamos neste trabalho, é aquele em que os materials sao caracterizados sobretudo pelos professoras como prova de urn determinado conhecimento, relacionando-o a experimentacao, a demonstracao e a possibilidade de despertar o interesse do aluno. As escolhas deste grupo relacionam-se aos materials chamados pelos prOprios pesquisados de bruxinha (eletroscOpio de folha) e mergidhador (ludiao). Ao classificar o material como experimento, as justificativas ainda acrescentam: ... a experiencict mostra ...","... pode-se perceber por essa experiencia...", "... atraves dessa e.vperiencia acredito clue possa estmlar pres.cao de uma Prim, agradovel e prazeirosa.". Nota-se que sendo experimento, o material valida, mostra, demonstra, enfim, comprova e ensina algo. Existe, segundo esta visao, uma jOrca infrinseca no encontro pessoa/experimento, que torna o conhecimento all presente visivel. Dessa forma, o experimento poe as claras - revela - algo que all estava escondido e isso é possivel atraves dos sentidos imediatos da pessoa. Ao tornar visivel algo velado o experimento "mostra para as criancas na prellica ...", "... demonstra "... apresenta um .fenomeno...". Ao demonstrar algo, a professora quer mais do que simplesmente mostrar, ela procura provar uma certa verdade, de uma maneira mais definitiva, categerica, sem deixar clvidas. Hart um cuidado em ser preciso e claro, como mostrar os pontos positivos e negalivos da eletricidade. Dessa forma, o material - o experimento - entra como um fator decisivo de argumentacao, alias, pode-se dizer que ele é a prova final demonstrada - do que foi explicado, ou de algo que nao pode ser explicado direito. Este conjunto de justificativas indicam - ao comparar os materiais corn experimentos - que as professoras 1100 estao fazendo apenas uma consideracao ortografica, elas estao incorporando no seu julgamento as diferentes caracteristicas atribuidas a urn experimento. O experimento e considerado algo limpido e claro, pois a verdade e colocada ao alcance dos sentidos da prOpria pessoa. Se a pessoa pode presenciar, observar, acompanhar o experimento, entao tambem pode aprender corn ele. O experimento possa a limpo e faz brotar o conhecimento que estava presente de maneira velada, M is ter iosa. Tais consideracOes trazem consigo a crenca de que os experimentos podem ser didaticos por si sO, ao contrario do que nos mostra a historia da pratica cientifica, em que dificilmente um Onico experimento justifica, completamente, uma determinada teoria. No caso da. Glenda, geralmente um conjunto de experimentos vac) ajudar a formar os elos conceituais consistentes, que justificam varios elementos teOricos dos modelos. Consideramos que, na perspectiva didatica, a experimentacao e uma forma de apropriacao do conhecimento por parte do sujeito que nab decorre apenas da observacao, como aponta Chateau: .. Para conhecer bem as plantas, nab basta to-las a mao e olha-las; isso qualquer um pode fazer, e sem grande proveito. Nao se compreende o mundo real por contemplacao direta. A experiencia ensina mends do que a reflexao sobre ela. Urn diagrama de uma flor ensina mais sobre ela do que sua visao direta; a visao direta so da resultado se o aluno ja sabe o que e preciso olhar, se para ele, a flor e a copia do diagrama, do contrario, ele vera muito pouca coisa." 2 Ao proporcionar esta situacao de ensino. deve-se ter em conta que o conhecimento estabelecido Cultura e a Ciencia - baseia-se em interpretacOes da realidade, sistematizadas e organizadas atraves de modelos cientificos. Nesse sentido, em algum momento, o aprendiz precisa entender que esse conhecimento passivel de alteracOes, reinterpretacOes e aperfeicoamentos. E, para que essas alteracOes possam °coffer, existe a incorporacao de inovacOes advindas justamente de novas interpretacOes pessoais, que partem de observacOes e procuram superar lacunas nos modelos que inicialmente possulam. Neste sentido, a experimentacao didatica — encarada como desalt() Wk.() - e muito significative a nivel pessOal e, portant°, circunstancial. Issonao quer dizer que e mais facil ensinar como experimento, mas que, a nosso ver, e muito mais significativo para o sujeito. Normalmente, o experimento didatico e mais trabalhoso do que uma explanacao teOrica na lousa e, portant°, se considerarmos apenaS a facilidade para o professor o quactro-negro, corn certeza, seria o melhor caminho. 188 Desejamos ressaltar, tambem, que a experimentacao didatica nao é urn recurso definitivo e nern exclusivo. A nosso, ver o Ensino deve considerar a leitura, o debate, a explanacao, a discussao, o trabalho em grupo, a problematizacao, a reflexao, a reproducao etc. Como tal, ela é urn instrumento didatico a mais a ser considerado pelo professor. 0 que a torna significativa, alem da tomada de consciencia das caracteristicas fisicas dos materials que interagem, é seu potencial cognitivo perturbador, desde que o ensino proposto possa dar vazao a esta perspectiva. Neste sentido, ao colocar o aprendiz frente a materials experimentais, de urn lado podemos proporcionar situacOes desafiadoras e, de outro - como uma conseqiiencia do primeiro podemos ate mesmo desvelar aspectos importantes de sua Fisica Circunstancial que sejam obstaculos ao aprendizado. Consideramos que a crenca de que o material didatico experimental e uma especie de portador natural de conhecimento cientifico, desconsiderada que os elementos te6ricos sac) acrescidos as observacOes, segundo uma perspectiva de construcao do conhecimento a partir da atividade cientifica. Parece-nos igualmente claro que ignorar essa crenca pode levar os esforcos concentrados na formacao permanente de docentes, bem como na formacao inicial de novos professores, a resultados inocuos quanto a introducao da atividade experimental como ferramenta didatica importante. Por outro lado, a simples oferta de materials didaticos experimentais, sem a superacao de tal crenca, podera conduzir a uma frustracao constante dos esforcos de professores que procuram modificar sua pratica pedagOgica, particularmente no Ensino da Fisica nos niveis Elementar e Medi°. l Alguns modelos dos materials utilizados serao apresentados durante a Sessao de Paineis. 'CHATEAU, J. 0 jogo e a crianca. Trad. G. de Almeida, Sao Paulo: Summus, 1987, p. 136. Bibliografia contribuicao para uma psicanalise do• 1. BACHELARD, G. A formacao do espirito conhecimento. Trad. E. dos S. Abreu. Rio de Janeiro : Contraponto, 1996. 2. CHATEAU, J. 0 jogo e cr crianca. Trad. G. de Almeida, Sao Paulo: Summus, 1987. 3. KAPTISA, P. Science teaching and scientific method. The Physics Teacher. p. 429- 434, nov. 1971. 4. ORTEGA Y GASSET, J. Ideas y Creencias: y otros ensayos de filosofia. Madri: Revista de Occidente Alianza Editorial, 1995. 5. RAMOS, Eugenio Maria de Franca. A circunstdncia e a imaginctcdo: o ensino de ciencias, a experimentacelo e o !Utile°, estudo de crencas, ideicts e perspectivas de professoras de I" a r serie de I!' gran. Tese (doutorado) Faculdade de Educacao da Universidade de Sao Paulo, 1997. PAINEL 5.14 - JOGO CIENTIFICO VERSUS CORRIDA MALUCA Angel Fidel Vilche Perla. Marti Cardoso Ferreira e Vanessa Sane Okayama flame Department() de Fisica, Quimica e - Biologia, Faculdade de Cincias c Tecnologia, Unesp —Campus de Presidente Prudente, SP., e-mail [email protected] Introduc5o Desde 1994, com a inauguracao do Centro de Ciencias da UNESP de Presidente Prudente, trabalhamos corn grupos de estudos de Fisica, corn professores da cidade e regiao, corn projetos para a melhoria do ensino. Em reuniOes periOdicas, trabalha-se refletindo sobre a pratica docente e construindo-a, corn o objetivo de crescimento para atingir competencia. No ano de 1997, a editora Atica, realizou urn curso de divulgacao destinado a professores de Fisica do ensino medio. Esse foi ministrado pelo prof. Milton de Souza Pereira autor de urn livro contendo apenas _jogos de Fisica, que ainda nao foi publicado. Um desses jogos chamado pelo autor de corrida maluca foi 1. mostrado nos minutos finals, desse encontro. Era uma atividade Indica, sem regras definidas, que poderia ser utilizado um tabuleiro de papelao de qualquer jogo em desuso, mini carrinhos coloridos, dados, fichas interrogativas abordando questOes objetivas sobre determinado contendo e fichas informativas contendo informacOes da atualidade. Essa corrida mahtca foi mostrada ao nosso grupo de professores, surgindo o interesse ern aprimora-la para todo o ensino medio. e Objetivos Nesse processo coletivo, para o ensino da Fisica, onde a linguagem é o element° articulador da interacao entre os membros do grupo de estudo optou-se em reconstrui-lo passo a passo, atraves de decisbes _ comuns experimentadas entre os pares. Para a construcao do ,jogo caberia a elaboracao de questOes, rum processo de acao/reflexao/acao, selecao, correcao c reelaboracao para cada uma das equipes que comp& a sala de aula. ApOs a aplicacao apresentando auto-estima, autoconfianca, competencia e compromisso corn o 2. processo de ensino e aprendizagem. 189 3. 0 jogo cientifico Confeccionou-se estes jogos abordando contendos da Fisica no ensino medio para serem aplicados no bimestre e utilizando-se de materials mais adequados, por exempt°, plasticaram-se para maior durabilidade. 0 fator economic° tambem foi relevante: o papel cartao branco para as fichas, os rolos de fita transparente da 3 M de 5m x Scm para plastificacao, os mini-carrinhos coloridos para cada aluno, os dados para cada equipe, a cola e xerox das fichas previamente digitadas pelos professores participantes em tamanho padrao, tudo feito em urn sistema de mutirao entre os participantes do grupo de estudo. Ao termino da confeccao de cada conjunto de jogos, sugestao dez equipe, destinava-se a um dos professores. Cada jogo composto de tabuleiro corn paisagismo de flora e fauna pintado sobre uma prancha de eucatex, contendo dois tamanhos padronizados de fichas: as interrogativas, contendo questoes objetivas e as informativas, abordando assuntos criteriosamente selecionados de revistas cientificas e jornais, dando enfoque aos conteUdos desenvolvidos. aumentando o interesse e a participacao dos alunos. Antes de ser aplicado em sala de aula, jogou-se entre os pares, cronometrando-se o tempo gasto na aplicacao desse tipo de atividade, se realmente poderia ser aplicado no periodo destinado a uma aula e estabeleceu-se as regras do jogo. 4. Regras do jogo cientifico 1. determinar a ordem da seqiiencia dos jogadores; 2. cada jogador escolhe uma cor de carrinho; 3. o primeiro jogador joga o dado, se o carrinho parar: a) numa casa Branca, passe a vez para o proximo jogador; b) na casa I (significa informacao), o proprio jogador le a informacao para o grupo e passa a vez para o proximo jogador; c) na casa ? (significa interrogacao), alguem do grupo Ie uma questa° para o jogador responder. Seguir a orientacao do certo e/ou errado que estiver escrito no rodape da ficha e apos obedecer as recomendacOes, passar a vez para o proximo jogador; 1. se o nOmero de casas a serem avancadas ultrapassar o nnmero exato para a chegada, o jogador devera retornar o niimero de casas excedentes; 2. apOs o termino do jogo; 3. criterio de avaliacao dos participantes, cabendo a equipe decidir como sera a divisao desses pontos entre os participantes, da maneira que acharem mais justa, a somateria dos pontos para o namero de: a) tres participantes devera ser igual a 11 pontos; quatro participantes devera ser igual a IS pontos; b) cinco participantes devera ser igual a 19 pontos. c) 5 . Resultados Ao aplicarem o jogo cientifico pela primeira vez, a perspectiva dos professores foi realmente comprovada, o panorama da aula tornou-se alegre, participative, dinamica, atingindo ate aqueles alunos que em outro tipo de atividade apresentava falta de interesse e habilidade. Ao retornarem ao grupo estavam motivados a continuar a confeccao dos jogos para outros bimestres. A [guns depoimento dos alunos, apas a aplicacao do jogo cientifico: • aprendemas, tiramos nassa duvidas, de uma maneira gostosa; • voce aprende brincanda c se diverte mato; • aprendemos mais sobre a materia c melhoramos o desempenho; • aprendemos a raciocinar mais rapid(); • aprendemos fivica de uma forma mais agradavel e divertida; • Jacilim mato o nosso aprendizado, poderia ter mais vexes; • aprendemos melhor brincando; • cada dia glee passa estamas aprendendo mats; • aprendemos coisas (pie 100 sabiamas e !umbel?) nos divertimos; • calocar em pratica a markt aprendida em saki de aula; • as pet-gm-11as cram auras, ficou mais Jacil para aprender a materia; • irouxe • Jacilita n materia, exercendo esse tipo de atividade; 1/171 CIllendilM21110 melhor: • conSeguimos aprender brim:undo, de um jell() criativo; • livemos uma aula lucrativa, interess(mte e importame; • aula divertida, aprendemos mais corn as perguntas e a.s infOrmaciies; • atria difereme, que ckscontai a saki e nos (Mulct it aprender; • as intarmaco'es nos enriqueccm; • entendemas melhar e relembramos as explicacy3es da projessora. 190 5. Conclusties Este jog() auxilia o aprendizado, muda o estilo da aula tradicional e mostra a eficiencia diante de urn mundo que cobra do ser hurnano cada vez mais o desenvolvimento da inteligencia para atingir a competencia necessaria para o sucesso na vida. Mesmo alunos corn baixo rendimento em outras atividades diarias, obtiveram born desempenho no jogo cientifico. Em contato teletbnico corn o autor da proposta do jogo Corrida 114(duca, soubemos que este ainda nao foi publicado, mas desde ja, nosso logo Cleat fico esta na trente, devido fundamentalmente as alteracOes introduzidas mostradas neste trabalho. 191 PAINEL 6.1 - ANALISE DAS OLIMPIADAS CEARENSES DE FISICA Cleuton Freire e Maria Jose Sales Auto Moreira Departamento de Fisica da Universidade Federal do Ceara Fortaleza — Ceara As Olimpiadas Cearenses de Fisica sao organizadas no Ceara pelo N6cleo de Ensino de Ciencia e Matematica (NECIM), e fazem parte das Olimpiadas Cearenses de Ciencias, realizadas anualmente corn participacao de alunos do Segundo Grau de escolas publicas e privadas do Estado. No ano de 1998 foi realizada a sexta Olimpiada de Fisica. Neste trabalho apresentaremos urn levantamento detalhado das Olimpiadas Cearenses de Fisica, desde seu inicio em 1993. Desse levantamento constarao: 1) Texto completo das provas te6ricas aplicadas nas seis realizacOes. 2) Estatistica da participacao separando o ninnero de candidatos oriundos das escolas p6blicas e particulares em cada ano. 3) Estatistica da participacao distinguindo os candidatos do interior e da capital. 4) AnaIlse conceitual das provas aplicadas e da evolucao do nivel geral ao longo dos seis anos de aplicacao do evento. 5) Avaliacao do impacto das Olimpiadas sobre os colegios publicos e particulares, tanto do interior quanto da capital. 6) Recomendacks para novos organizadores de Olimpiadas de Fisica. 7) Estudo da possibilidade de inclusao de provas praticas. 8) Sugestao de aproveitamento dos melhores classificados para concorrer as Olimpiadas Brasileiras de Fisica e, eventualmente, as Olimpiadas Internacionais. A repercussao das Olimpiadas de Fisica no Ceara tem sido bastante positiva, despertando o interesse por parte dos administradores das escolas poblicas e, principalmente, das particulares. Esse interesse ja motivou, inclusive, a criacao de cursos especiais nos colegios para preparacao dos melhores estudantes. Nesta analise, faremos recomendacOes de como aproveitar esse interesse para incrementar o nivel do ensino de Fisica do Segundo Grau no Estado. DO PROCESSO DE MELHORIA DA PAINEL 6.2 - IMPLANTAc AO QUALIDADE NO CENTRO DE CIENCIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Estefania Maria Langsalorff Sanches i e Marcia Rebelo Main 1 ( F i s i ca. consultora tecnica em Metrologia no INMETRO 2 1)sicologa, gerente da Qualidade no CECIERE bolsista da FAPER.I. INTRODUcA0 0 Centro de Ciencias do Estado do Rio de Janeiro é uma organizacao governamental brasileira pertencente a Secretaria de Estado de Ciencia e Tecnologia do Rio de Janeiro. Possui duas sedes: uma localizada na cidade do Rio de Janeiro e em Nova Friburgo, uma cidade serrana situada cerca de 150 km da cidade do Rio de Janeiro. Foi criado em 1965 desde entao a sua proposta se mantem a mesma: aperfeicoamento constante de professores e divulgacao cientifica para o grande pfiblico. Para a realizacao destas acOes a organizacao conta corn aproximadamente 100 (cent) funcionarios, sendo 35 (trinta e cinco) da area administrativa, e, os demais professores. A implantacao de um processo da qualidade no CECIERJ vent de encontro a tendencia atual de exigencia da qualidade em servicos, tanto quanto da qualidade de bens manufaturados. Neste contexto, uma onzanizacao prestadora de servicos, como o CECIERJ - tendo atuagbes na area da formacao permanente de professores e da divulgacao cientifica - deve se estruturar de modo a possibilitar o desenvolvimento de procedimentos de execucao de tarefas, e, dos meios necessarios para implementacao de melhorias para as atividades que afetam a qualidade de seus servicos. Todas as atividades devem ser encaradas como parte de um processo, com possibilidades continuas de melhorias. A documentacao dos procedimentos é o caminho para se registrar o conhecimento da onzanizacao, uniformizar a atuacao em atividades rotineiras e formar uma base para analise do desempenho e das possibilidades de aperfeicoamento. A proposta para implantacao da qualidade no CECIERJ nao visa alcancar a certificacao em relacao a uma norma da qualidade ( ISO's 9000 ), ou a obtencao da qualidade total. e, sim uma organizacao interna para se ter resultados satisfatorios para os clientes, que sao os professores que buscam, atraves dos cursos e atividades, a atualizacao de seus conhecimentos, e, o pfiblico de uma forma geral, que nas atividades de divulgacao cientifica, consegue unir a tecnica e a ciencia coin o seu "dia a dia" . 192 EvoInca° do Processo 0 Inicio: A proposta de implantacao da qualidade partiu da nova direcao que estava assumindo o CECIERJ, em 1995, e que tinha como objetivo a restruturacao da instituicao e, consequentemente, a melhoria e o incremento dos services oferecidos e maior interacao entre as pessoas. Em maio de 1995, foi iniciado o Programa da Qualidade, quando se designou uma Coordenacao para as funcOes de concepcao, desenvolvimento e execticao de acOes integradas, que fossem capazes de obter o envolvimento de todo pessoal. Esta Coordenacao deveria ainda viabilizar a geracao da documentacao necessa'ria para implementacao da Qualidade, apoiada na Politica da Qualidade, definida pela Presidencia do CECIERJ. A figura I representa esquematicamente o planejamento geral, visando a implantacao da Qualidade: Fi ura I Ano 1995 1996 1997 1998 Atividades Lancamento do Programa Diagnose Motivacao e Treinamento SE= mommimis Imam Elaboracao de Documentos Treinamento dos Documentos Auditoria Interna Diagnestico: Essa foi uma lase importante para o processo da Qualidade no CECIERJ. Os objetivos eram: • conhecer a "cultura" da organizacao; • definir as prioridades dentro da organizacao; • estruturar o Sistema da Qualidade adequado a organizacao. A estrategia utilizada para se atingir estes objetivos foi a realizacao de entrevistas corn os funcionarios do CECIERJ. Foram entrevistados 22 (vinte e dois) funcionarios, desde gerentes ate auxiliares administrativos. 0 resultado destas entrevistas revelaram que: as metas da direcao nao estavam claras, nao havia entrosamento entre os funcionarios (minas nem se conheciam), nem todos conheciam os servicos prestados pelo CECIERJ (a missao da organizacao), e, nao havia nocao de hierarquia (quando existia urn problema ninguem se sentia compromissado em resolve-lo). Planejamento: Face a este diagriestico comecou-se a planejar as metas a serem atingidas e quail as acOes que deveriam ser feitas. 0 primeiro passo era definir, corn a alta direcao, qual seria a Politica da Qualidade do CECIERJ. 0 segundo pEisso era promover a interacao entre as pessoas e corn as metas da instituicao. E o terceiro passo apresentar a qualidade para toda a Instituicao. AcOes: Foram feitas varias reunia'es corn a direcao ate se estabelecer a Politica da Qualidade do CECIERJ, que foi definida como: Ciencia ao aleance do professor e da populacao, servindo de instrumento para transformacilo do individtto e do sociedade. Estabelecida a Politica da Qualidade, comecou-se a organizar urn Semincirio de Imegraccio, na sede de Nova Friburgo, onde todos os funcionarios foram convidados a participar. Como ja havia urn grande envolvimento maioria das pessoas participou do seminario, que contou corn o apoio de (Inas especialistas em 193 dinamica de grupo. Nele foram trabalhados a interacao do grupo, o conhecimento das metas e a sensibilizacao para o Programa da Qualidade, corn a divulgacao da Politica da Qualidade. O sucesso deste Seminario possibilitou o inicio das acOes da Qualidade. A Diretoria_Administrativa foi a area escolhida para se comecar a implantacao, nao por ser a mais desorganizada, mas por sera area comum a todos os limcionarios. Era preciso criar ulna cultura para a qualidade. A estrategia usada para a formacao de ulna cultura para Qualidade foi a realizacao de urn ciclo de palestras para todos os funcionarios, onde se iniciava corn o seguinte questionamento "Por que falar ern Qualidade agora?", e, estao eram discutidos o que estava acontecendo no mundo, no Pais, nas organizacOes, enfim o que as pessoas, de ulna forma geral, falam sobre Qualidade. Apos esta abordagem, explicava-se o que é, tecnicamente, Qualidade. Comeou-se, estao, a elaborar a documentacao da Qualidade. Procedimentos e instrucbes de trabalho foram criados, corn o objetivo de padronizar a execucao das atividades, ou seja, buscava-se, apesar da diversidade das funcOes, a descentralizacao e o conhecimento de todos de todos as atividades da instituicao. O piano relativo a 1996 ate o I° semestre de 1997 incluiu atividades referentes a elaboracao de documentos burocraticos (correspondencias internas e externas a Instituicao), bem como de atividades ligadas a area administrativa (compras, servico de Portaria, arquivo, etc.). Varios treinamento foram leitos para apresentacao dos novos documentos a todos os funcionarios, visando o conhecimento dos padrOes, evitando problemas de milltiplas interpretacOes. A partir do I° semestre de 1997 a Qualidade iniciou suas atividades na Diretoria Cientifica, sem parar o processo na Diretoria Administrativa, que neste moment°, ja se apresentava de forma consolidado e comprometido por todo pessoal desta area. O processo de gestao na Diretoria Cientifica iniciou corn a divisao do corpo docente em equipes, que cram formadas de acordo corn projetos. eventos e/ou outras necessidades do CECIERJ. Nas equipes todos tem responsabilidades e deveres para o desenvolvimento das atividades, ou seja, a responsabilidade esta descentralizada. A operacionalizacao das equipes, isto e, formacao, metodologia de trabalho, coordenacao, etc. esta descrita em documento proprio, de conhecimento de todos Os laboratOrios estao sendo organizados obedecendo os criterios da Qualidade exigidos no ISO / IEC Guide 25, e, foi indicado urn professor para coordenar as atividades da Qualidade nos laboratorios. Foram elaborados procedimentos referentes a atividades laboratoriais, tais como: procedimento de acesso aos laboratorios, procedimento de emprestimo de instrumentos dos diversos laboratorios, alem de se registrar todos os equipamentos existentes nos diversos laboratorios, segundo os dados constantes no ISO / IEC Guide 25. ApOs os treinamentos dos procedimentos elaborados (tanto da area administrativa como da area cientifica), des cram implementados, e, auditados de tres em tres meses, visando evidenciar a sua utilizacao e viabilidade para atividade. Responsabilidades: Ficou estabelecido que os responsaveis pela elaboracao dos procedimentos e instrucOes de trabalho referentes as atividades de rotina seriam os proprios executantes. A Coordenacao da Qualidade ficou responsavel polo acompanhamento da elaboracao dos documentos, bem como da analise, formatacao e adequacao dos mesmos a estrutura aprovada da documentacao da Qualidade do CECIERJ. Todos os documentos elaborados passaram por um processo de analise e obi -ens:a() de consenso pelos envolvidos na sua aplicacao, antes da aprovacao final. Principals dificuldades: As maiores dificuldades encontradas foram veneer a resistencia natural a mudanca. As pessoas quando se veem diante de novas propostas se sentem inseguras e, por isso, tendem a rejeita-la. Outra grande dificuldade e a falta de resultados estatisticos praticos que sirvam para demonstrar a eficiencia da qualidade. Deve-se ressaltar, tambem, como pontos de dificuldades o engajamento das gerencias intermediarias, e, a comunicacao adequada em todos os niveis da organizacao.. A necessidade de atuacao dos gerentes na implantacao dos procedimentos C fundamental, pois influi diretamente nos resultados finals de obtencao da qualidade na organizacao. Numa organizacao prestadora de servicos, deve-se cuidar que a comunicacao flua de maneira uniforme, evitando-se que os clientes fiquem sem ou corn mais de ulna resposta para ulna mesma questao. Para que nao ocorra isto. faz-se necessario o conhecimento, por parte de todos, dos procedimentos e instrucOes de trabalho, tendo of Lull loco de dificuldade (as pessoas nao se interessam por atividades, que nao estao dentro da sua rotina de trabalho). Situaciio Atual: Com parte do Sistema da Qualidade ja desenvolvido, pode-se enumerar resultados positivos, como por exemplo: a unifieacao de linguagern relativa a qualidade; o envolvirnento crescente do pessoal para execucao das atividades previstas nos procedimentos e o aumento da satisfacao dos clientes corn os cursos oferecidos. 194 Entre os documentos ja elaborados podem ser citados: o Manual da Qualidade e procedimentos das areas administrativa e cientifica. Esses documentos vem sendo implementados gradativamente em resposta as necessidades da organizacao, sendo que aiguns ja se encontram em plena utilizacao, tais como: procedimento para elaboracao e emissao de documentos administrativos, pedidos de material, emprestimo de equipamentos, acesso e use dos laboratOrios e etc. Perspectivas: A continuidade do processo da qualidade no CECIERJ visa, de forma resumida, alcancar as seguintes metas: No piano externo: • Melhor identificacao das necessidades dos clientes; • Racionalizar aquisicao de materials; • Agilidade e qualidade na implantacao dos projetos e eventos para capacitacao de professores e/ou divulgacao cientitica; • Otimizar contatos no Estado para contratacao de servicos. No piano interno: • Melhorar comunicacao, evitar duplicidade de funcOes e aumentar produtividade; • Registrar / divulgar as metodologias de ensino desenvolvidas; • Implantar sistemas de auditorias interns. Para os clientes internos on externos, o que se espera é uma elevacao do seu nivel de satisfacao, 0 conhecimento desse nivel é essencial para a realimentacao do sistema. Referenda Bibliografica: [I] ABNT ISO/IEC Guide 25: 1990, Requisitos gerais para capacitacao de laboratOrios de calibracao e de ensaios. [2] ABNT ISO 9004-1: 1994, Gestao da qualidade e elementos do sistema da qualidade - Parte I: Diretrizes. [3] ABNT ISO 9004-2: 1993, Gestao da qualidade e elementos do sistema da qualidade - Parte 2: Diretrizes Para servicos. [4] JURA N, .1.M., Jurcen Quality Control - Ham/hook. 1991. PAINEL 6.3 - MURAL CIENCIA / GARCIA. iytisotu Alarcos Lhas i a COSTA. Rita Zanlorems.i Visneck 2 ('EFETTR-PP07110/1111S - Avenida 7 de selembro. 3165, CEP 50230-901, Curitiba/PR. email 17,5;(11'Cla ppgle.caletpr.hr 2 CEEEPPR-DAVIS - /Ivenida 7 de selemhro, 3165. CEP 80230-901, Curiiiha,,P1? 0 "Mural Ciencia" e Lima atividade do GEPEF (Grupo de Estudo e Pesquisa em Ensino de Fisica) do Departamento Academic° de Fisica do CEFET-PR (Centro Federal de Educacao TecnolOgica do Parana) que visa suprir a ja constatada dificuldade de leitura de jornais e periOdicos por parte de nossos alunos e divulgar as noticias de carater cientifico publicadas em jornais e revistas de circulacalo nacionais (Moran, 1991). Originado de maneira informal ha cerca de quatro anos, corn menos da metade da area que possui hoje, localizava-se num corredor que da acesso aos laboratOrios didaticos de Fisica e continha apenas assuntos de Fisica coletados do jornal "Folha de Sao Paulo" (pois o departamento tinha uma assinatura daquele jornal). Entretanto, dada a pouca incidencia de noticias ligadas diretamente a essa disciplina, coin passar do tempo, alem do aumento de area dos murals e diversificacao dos locais de afixacao dos mesmos, houve uma ampliacao do leque de areas de conhecimento das quais se procurou dar divulgacao. Atualmente, cool objetivos mais claros, o Mural Ciencia abrange tuna area de aproximadamente 8 m dividida em dois murals, sendo um deles situado 1111111 local de grande circulacao de pessoas no patio externo e outro no corredor que da acesso aos laboratOrios didaticos de Fisica. 0 mural, renovado quinzenalmente. engloba materias selecionadas dos jornais "0 Estado de Sao Paulo" e "Folha de Sao Paulo", assim como de artigos da pagina sobre ciencia do jornal "Gazeta do Povo" de Curitiba e que contenham ilustracOes, graficos, fotos e textos expressivos. Revistas de divulgacao cientifica, como por exemplo "Super Interessante" on "Globo Ciencia" tambem fornecem materias para os murals. Alem desses, posters e cartazes cientificos tambem sac) expostos. Considerando a natureza do CEFET-PR, uma escola pilblica federal que atende alunos de segundo e terceiro grans, alem dos temas de natureza cientifica e tecnica, tais como fisica, astronomic, espaco, arqueologia e tecnologia, tambem sao selecionadas noticias sobre meio ambiente, informatica, antropologia e animals. Aleut desses, sendo uma escola de formacao profissional, assuntos sobre educacao, estagios e mercado de trabalho tambem sac) pertinentes. Tambem julgamos que - assuntos a respeito de sande, 195 principalmente os que contem depoimentos e esclarecimentos sobre drogas e AIDS, seriam do interesse dos estudantes, pais e educadores, porque se referem a questOes e problemas atuais que a sociedade enfrenta. Pretendemos, corn esse trabalho, contribuir para, conforme diz Saviani, "resgatar a importancia da escola e reorganizar o trabalho educativo" (1991, p. 101) propiciando que noticias de carater cientifico, tecnologico e cultural sejam veiculadas de uma maneira mais acessivel. Como os locals dos murais sao de facil acesso, muitas pessoas podem ler as noticias nos momentos de intervalo ou de espera das aulas. Dessa forma, entendemos conseguir propiciar, n5o apenas aos estudantes mas tambem aos professores, funcionarios e visitantes da escola, a apreciacao de coletaneas de informacOes atualizadas de interesse da comunidade ou que despertem a curiosidade particular estimulando a aquisicao de novos conhecimentos. Dada a disposicao das° noticias, ern geral agrupadas por semelhanca, complementaridade ou discordancia, o mural tern-se revelado como urn recurso eficaz para evidenciar fatos ou fenomenos de maneira enfatica, sugestiva e ampla, e tem servido para estimular diversas percepcOes sobre o mesmo tema. Ainda devido a disposicao das noticias, os leitores podem estacionar diretamente ern frente aos seus noticiarios de simpatia ou proveito. 0 que certamente otimiza o seu tempo em busca de informacOes em jornais e revistas. Analisamos entao que, alem do edital prestar-se a fornecer informacOes, ele tambem funciona como centro cultural de interesses. Essa atividade tem sido bastante gratificante para o nosso grupo uma vez que temos recebido urn born retorno por parte, principalmente, dos alunos e professores de Fisica que costumam ler corn assiduidade o mural. Alguns ate nos pedem cOpias dos artigos ou trazem outros que julgam importantes para serem colocados a mostra, o que indica que as pessoas valorizam o "Mural Ciencia". Como primeiros resultados, pudemos verificar que o mural vem atingindo alguns dos seus objetivos quais sejam: propiciar subsidios para pesquisa, informacao, impact°, complementacao, fixacao e integracdo de contealos tratados em sala de aula (Nerici, 1993). Para nos, os indicativos de tal afirmacao estao no fato de algumas pessoas nos solicitarem artigos para serem fotocopiados por terem interesses profissionais, ou pessoais, nos temas editados (caso de alguns professores e estudantes) ou porque precisam realizar palestras ou outras tarefas escolares sobre eles (caso de alguns alunos). Tambem testemunhamos, algumas vezes, alunos debatendo diante do mural os assuntos fixados e articulando-os corn os conhecimentos que estao adquirindo nas disciplinas estudadas, o que comprova o desenvolvimento do senso critico que é fundament° da pedagogia historico-critica (Saviani, 1991). Ainda, os alunos estao tendo uma chance a mais de verificar a ligacao do conhecimento construido em sala de aula corn a realidade do mundo contemporaneo que é noticiada pelos meios de comunicacao social. A avaliacao dessa experiencia, por enquanto, esta sendo feita atraves do depoimento informal de alguns leitores e da verificacao dos temas de maior interesse que, aparentemente, Sao os pertinentes astronomia, arqueologia, informatica e tecnologia. Quanto ao local, observamos que, embora as maiores e mais belas gravuras e os assuntos mais gerais sejam colocados no mural do patio, a maior freqUencia de leitores se da no mural situado no corredor dos laboratorios, talvez pelo fato deste ambiente ser mais tranquilo e urn local de espera dos alunos pelas suas aulas. E pretensao do grupo realizar uma avaliacao mais sistematica e criteriosa desse trabalho, no sentido de propiciar elementos para que a experiencia possa ser ampliada para outras escolas e unidades do CEFET-PR, buscando outras formas de utilizar o grande potencial de informacao representado pelos jornais e revistas de divulgacao cientifica. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS I. BORDENAVE , Juan Diaz e PEREIRA, Adair Martins. Estrategias de Ensino Aprendizagem. 10 ed. 2. Petropolis, RJ, Vozes, 1988. MORAN, Jose Manuel. Como ver a televisao - leitura critica dos meios de comunicacao. sao Paulo, Paulinas, 1991. 3. NERICI, Imidio G.. DidAtica: uma introduc5o. 2 ed. Sao Paulo, Atlas S.A., 1993. 4. PAULOS, John Allen. As Noticias e a Matematica - ou de como um matematico le o jornal. Portugal: PublicacOes Europa-America, 1995. 0 Texto de Divulgac5o e o Texto Didatico: 5. SALEM, Sonia e KAWAMURA, Maria Regina D. conhecimentos diferentes? SBF, Resumos V EPEE. Aguas de LindOia, SP, 1996. 6. SAVIANI, Dermeval. Pedagogia HistOrico-critica: primeiras aproximaceies. 2 ed. Sao Paulo, Cortez, Autores Associados, 1991. PAINEL 6.4 — ENSINO DE FISICA MODERNA E CONTEMPORANEA E A REVISTA CIENCIA HOJE Marco Antonio Simas Alvetti' e Dem(irio Delizoicov' l'undactio Educacional do Distrito Federal e-mail:alvett7Photmail.com 'Programa de POs-Graduacdo cm Educkao da 1.1FSC Doutorado em Ensino de Ciencias Naturals c-mad:[email protected] i 196 A discussao e as iniciativas educativas que tem por objeto a introducao da Fisica moderna e contemporanea (FMC) no ensino medio cada vez mais estao presentes em congressos e nas publicacOes da area. Diferente de propostas que enfatizam a dimensao metodolOgica, estas propOem tambem uma renovacao dos conteitdos programaticos existentes nos programas tradicionais da fisica escolar. Enfatiza-se a necessidade de abordar a fisica do seculo XX em sala de aula, para atom daquela produzida nos seculos anteriores, de modo a dar um tratamento sistematico no ambito da educacao escolar de conhecimentos corn os quais os alunos convivem, quer devido a constancia corn que sao citados na midia, quer pela sua presenca nas novas tecnologias, que cada vez mais estao presentes na vida dos cidadaos. Reconhece-se, no entanto, que é relativamente reduzida a quantidade de livros didaticos que propiciam uma abordagem da fisica moderna e contemporanea na escola media, de modo a subsidiar a atividade dos docentes de fisica. Agrava-se a situacao se considerarmos que ha um certo descompasso, quando nao a ausencia, no tratamento destes conhecimentos nos cursos de formacao de professores, tanto a inicial quanto a continuada, sobretudo no que diz respeito, a Fisica contemporanea. Contrariamente a situacao dos livros, contamos hoje corn uma quantidade significativa de materials produzidos para a divulgacao cientifica que veiculam conhecimentos cientificos contemporaneos, nas varias areas do saber. Dentre estes materiais podemos ressaltar a revista Ciencia Hoje, publicada pela SBPC desde 1982, que se diferencia de outras publicacOes nacionais, devido a qualidade da informacao veiculada a confiabilidade da autoria de seus artigos e o perfil editorial Na perspectiva de avaliar as possibilidades pedagogicas desta revista, para a sua utilizacao na formacao inicial e continuada de professores de fisica, como forma de subsidiar a introducao da fisica moderna e contemporanea no ensino medic), uma pesquisa vem sendo desenvolvida. Neste trabalho resultados preliminares relativos a urn levantamento sistematico dos artigos da revista Ciencia Hoje bem como a potencialidade de seu uso na educacao escolar sao apresentados. Tem sido consideradas tres vertentes representativas de abordagens metodolOgicas para a introducao da FMC no ensino medio, assim caracterizadas: I - explorando os limites dos modelos classicos; 2 - evitando utilizar referencias aos modelos classicos e 3 -escolhendo tepicos essenciais. E esta Ultima que esta direcionando a nossa perspectiva de insercao de FMC. No entanto, e necessario que se construa e compreenda a fisica num quadro conceitual que ressalte a sua totalidade estruturada, evitando uma fragmentacao desconexa_no trabalho corn os tOpicos. Urna proposta para o ensino de FMC na escola media corn tais caracteristicas esta em sintonia e pode ser trabalhada no contexto de uma Ahordagem lematica para o ensino de fisica. Nesta abordagem a estruturacao curricular 6 elaborada a partir de temas, corn os quais os conhecimentos paradigmaticos da fisica, sobretudo os contemporaneos, relacionados corn suas aplicacOes tecnologicas, bem como as suas implicacaes sOcio-econom icas. Alem disso ao considerar os artigos da revista CH como material corn potencial para auxiliar, de algum modo, o ensino de Ciencia Naturals, fisica moderna particularmente, uma necessaria adaptacao se faz necessaria. Como sistematizar o uso dos artigos da revista CFI no contexto escolar? Como dar um tratamento mais didatico a este material? Varios grupos de pesquisa tern se debrucado sobre as possibilidades didaticas dos materiais de divulgacao cientifica, em particular, o Grupo de Estudo e Pesquisa em Ensino de Ciencias Naturais de Santa Catarina(GEPECISC), dentre outras atividades, elaborou urn Banco de Dados da revista Ciencia Hoje das Criancas(CHC), atualmente corn mais de 500 artigos, de modo a subsidiar as atividades de formacao de professores e o uso didatico dos artigos.A escolha do GEPECISC em trabalhar, inicialmente, corn esta publicacao justifica-se pelo seu carater multidisciplinar e piiblico, corn assuntos relativos as ciencias humanas, exatas, biologicas, cultura geral e popular, onde suas materias sao escritas por autores reconhecidos pela comunidade academica, interessados em divulgar ciencia. A revista "m5e",Ciencia Hoje(CH), nao foge as caracteristicas apontadas para a CHC, as quais definiram a escolha para esta pesquisa.Segundo urn levantamento inicial no Banco de Dados Fisbil, contendo artigos de divulgacao cientifica sobre assuntos da fisica, encontramos 144 artigos de urn total de 291 registros, somente da revista CH, que se relacionam corn a FMC. Os 144 artigos foram localizados a partir das palavras-chaves relacionadas a FMC, tais como: Caos e Fractal, Fisica Quantica, Cristal Liquido, utilizando cerca de quatro dezenas de palavras,chaves. Foi realizada uma caracterizacao destes artigos levando em conta os aspectos da conceituaciio e da linguagem envolvidas no discurso do texto, tendo em vista as suas implicacOes para o uso pedagogico.Foram examinados, ate o momento, 76 artigos, cronologicamente distribuidos desde a criacao da revista em 1982 ate dezembro de 1996, onde pudemos dividi-los em tres grupos:Artigos corn uma linguagem tecnica elaborada(1), artigos corn linguagem tecnica acessivel mas corn uma linguagem matematica superior (20) e artigos corn linguagem tecnica e matematica elementar (55). Urn outro olhar para este conjunto de artigos, distinto daquele relacionado aquelas palavras-chaves, permite classifica-los, por exemplo, considerando os conceitos e leis da fisica empregados em cada artigo para a compreensao/explicacao do(s) fenomeno(s) nele analisado(s), fornecendo urn enquadrarnento capaz de 197 caracteriza-lo segundo criterios mais prOximos do curriculo da fisica escolar. A analise destes 76 aril:los permitiu classifica-los preponderantemente como pertinentes as seguintes areas da fisica: eletromaunetismo, mecanica,- fisica quantica, optica, entre outros. Mesmo corn resultados parciais a pesquisa em andamento acena fortemente para urn possivel uso dos artigos da revista Ciencia Hoje para inserir o ensino de FMC nos cursos de formacao de professores.Ainda que se considere que urn trabalho didatico-pedago0co corn FMC na educacao escolar nao precisa ser estruturado a partir de uma Abordagem Tematica, articulada ao uso de material de divulgacao cientifica, particularmente a revista Cl-I, esta parece ser uma boa alternativa se tivermos como metas implantar disciplina(s) especffica(s) para abordar FMC nos cursos de formacao de professores, bem como sua introducao no ensino medio. PAINEL 6.5 - A CONSTRUCAO DO DISCURSO PEDAGOGIC°, ANALISADA A PARTIR DA REVISTA DE ENSINO DE FISICA /diner. 0.1.(aisaackRusp.br)ITUSP e Naccarato,.1.. IT t ISP Na Revista de Ensino de Fisica (REF) nota-se toda uma preocupacao corn a realizacao de urn ensino que parta da vivencia do aluno e que atraves de experiencias (atividades), amplie o seu conhecimento ate que este tenha condiciaes de compreender conceitos teOricos e abstratos. "0 motor da aprendizag,em...deveria ser tornado em seu sentido literal como urn estar entre , colocando o conhecimento nao atras do processo educativo, mas em seu centro, situando o objeto a ser aprendido entre os que ensinam e os que aprendem."(Bohoslaysky) Esta nocao de aprendizagem vai de encontro a nocao de aprendizagem preconizada por Zigler que a -firma: "A aprendizagem é, portanto, urn processo continuo." A lem disso poderiamos destacar que a nocao de ensino veiculada pela REF pressupOe a participacao ativa do aluno no processo de ensino-aprendizagem, nocao esta extremamente influenciada pelas ideias de Piaget e pela Pedagogia DialOgica proposta por Paulo Freire onde "Nao ha outro caminho senao a pratica de uma pedagogia humanizadora que estabelece uma relacao dialOgica permanente." Na REF, contesta-se o slogan predominante na comunidade de que somente os mais "aptos" poderiam tornar-se pesquisadores, enquanto que aos "menos aptos" caberia o exercicio da docencia, implicita na Reforma Universitaria (ocorrida em 1968) corn a criacao do Ciclo Basic°, norteada pelos objetivos de recuperar as deficiencias evidenciadas pelo concurso vestibular na formacao dos estudantes e de orientar os estudantes na escolha da carreira e que encontra eco nas colocacOes de Durando e de Petitat: "A palavra aptidao e ainda urn dos suportes da interpretacao simbolica total que a sociedade se da de sua ordenacao e de seus prOprios conflitos. Efeito de certos fenOmenos sociais concretos, a ideologia segundo a qual as desigualdades sociais sao apreendidas como consequencia das diferencas naturais entre os grupos humanos é tambem urn mediador na genese das condutas coletivas que orientam as transformacOes do sistema escolar e do sistema social." "...a violencia simbelica parece duplamente importante: no reforco do poder estabelecido e na selecao das elites. Ambos os fenomenos unem-se no mesmo principio explicativo de base, a selecao da cultura arbitraria imposta como legitima." Numa visao holistica da historia da revista, podemos perceber algumas claras mudancas no discurso pedagogico veiculado pela comunidade academica (note-se que pouquissimos artigos foram publicados por professores de ensino elementar ou medio (ou corn a colaboracao destes), apenas por pesquisadores universitarios, muitos sem antecedentes ern ensino primario e/ou secundario, para o qual supostamente pesquisam). Um fato relevante que se observa ao longo do tempo é uma mudanca no enfoque dos materials e metodos de ensino propostos. No comeco•da Revista, as propostas experimentais envolviam materiais de baixo custo e facil acesso, sendo voltadas para experimentos mais qualitativos do que quantitativos. Tais propostas foram sendo substituidas por experimentos quantitativos, por analise de resultados, e por materials mais onerosos, e de dificil obtencao. Tambem pode-se notar o avanco na utilizacao de computadores como ferramentas pedagOgicas. No inicio, eles nao apareciam, mas aos poucos foram sendo incorporados a pratica, gerando discursos de legitimacao de seu uso. Tambem a maneira como se deve utilizar tal ferramenta se modifica na pratica, interagindo corn novos discursos legitimadores. Se no inicio eles simulavam funcoes e faziam calculos para ajustes de graficos, no final eles passam a realizar as medidas, alem dos calculos e geracao de graficos, tabelas e mesmo os relatOrios dos experimentos "didaticos". Paralelamente a estas modificacoes, nota-se uma mudanca no pnblico alvo da revista. No inicio, o conteado dos artigos, a grande quantidade de artigos de divulgacao, de materials e metodos simples, de resenhas etc. evidenciam uma tentative de atingir principalmente o professor primario, depois o secundario, e por ultimo os universitarios e os pesquisadores. Corn o tempo, rota-se que a revista vai mudando de enfoque, deixando o ensino elementar a margem de seus artigos, passando o foco para o professor de 2" grau. Finalmente, tambem este é abandonado, passando a revista a publicar artigos voltados aos pesquisadores e professores universitarios. Pode-se inferir, dai, que haveria uma certa "elitizacao" da revista, que troca os experimentos primarios de baixo custo pelos experimentos universitarios computadorizados, os professores do ciclo elementar (da 198 ordem de milhOes) pelos universitarios (quica da ordem do milhar), e passa a publicar artigos em outros idiomas alem do portugues, privilegiando aqueles que tern acesso a mais de uma lingua escrita. Nao vamos aqui ser parciais e ocultar a possibilidade de que, de fato, mesmo nos seus primordios, a maioria das pessoas que tinham acesso a revista cram apenas os fisicos, os pesquisadores (portanto, professores universitarios) e os alunos dos cursos de fisica. Entretanto, cabe ressaltar que esses alunos tornavam-se professores, e que as revistas forneciam amplo material para os cursos de formacdo continuada • de professores. Nota-se, lambent, que as pesquisas em ensino, que no inicio cram dirigidas pelo paradigma do construtivismo piagetiano, v5o aos poucos se deslocando para o paradigma das concepcOes espontaneas e da mudanca conceitual, e o nome de Posner passa a ser importante nas bibliografias apresentadas. E interessante notar, tambem, a ausencia de nomes como Vygotsky, Ericson, Lacan e outros pensadores da Pedagogia em moda nesta Ultima decada. A nocdo que se tern a partir das Revistas é que o desenvolvimento da Ciencia Educacional se daria segundo um modelo Popperiano, ja que nao aparecem artigos que contestam a "teoria da moda" (dogma), e ndo ha ruptura entre o novo e o amigo dogma. Ja nos artigos de historia da ciencia apresentados na Revista, a visa() é bem distinta, pois muitos &les falam das rupturas evidentes entre as novas e as antigas teorias, da ciencia como uma construcAo social, vinculada as necessidades do seu tempo Podemos concluir, inferindo que o discurso pedag,60co veiculado pela REF esta a margem da pratica pedagOgica exercida, mesmo porque se trata de uma revista de divuktacdo academica, ndo tendo carater prescritivo em suas colocacOes, mas sim urn intuit() de divulgar pesquisas e saberes que a comunidade academica julf.1,am importantes para urn melhor desempenho das funcOes docentes em todos os niveis de ensino. PAINEL 6.6 - PAGINA DE ENSINO E DIVULGA00 DA FISICA NA WWW Jose Evangelista de Carvalho Aloreira e Cleuton Ereire Departamento de Fisica da Universidade Federal do Ceara Fortaleza — Ceara At6 fins de 1997, a pagina do Departamento de Fisica da Universidade Federal do Ceara na WWW (http://www.fisica.ufc.br ) continha apenas informacOes gerais sobre os cursos oferecidos e sobre os docentes e alunos de POs-Graduacdo do Departamento. Resolvemos aproveitar esse espaco para implementar um veiculo interativo de ensino e divulgac5o da Fisica em todos os graus, principalmente no Segundo Gnu. Para isso, criamos uma set- le de blocos (secOes) de natureza educativa e interativa corn a intencao de atingir, principalmente, os alunos e professores de Fisica. 0 objetivo principal da nova pagina seria, a partir de entao, estabelecer um canal interativo entre os professores do Departamento, todos pesquisadores graduados, corn alunos e professores de Fisica do Segundo Grau. Dessa forma, o conhecimento especializado dos profissionais do Departamento seria posto ao alcance dos alunos e professores em todo o pais. A implementacdo da nova pagina teve inicio em Marco de 1998. Foram criadas varias secOes listadas a seguir: - es vem sendo continuamente ampliado e é Sugestoes para Feiras de Ciencias: 0 niimero dessas sugest O uma das secOes mais consultadas da pagina. Nela apresentamos uma descricao detalhada da experiencia, corn figuras ilustrativas, Lima explicacdo sucinta dos conceitos envolvidos, uma lista dos materiais necessarios e dicas para facilitar o trabalho do aluno. Darnos preferencia a experimentos que envolvam apenas materiais de use corriqueiro. Algumas sugestOes s5o bem simples mas tambem incluimos algumas mais elaboradas para motivar grupos mais ambiciosos. Oferecemos um folheto corn Dicas gerais para a apresentac5o nas Feiras de Ciencia. A procura por esse folheto tem sido tao numerosa que estamos preparando um texto mais elaborado para publicacao em breve. Tintim por Tintim: Essa sec5o tern a intencdo de explicar um conceito ou lei fisica corn o maximo de detalhe e corn o minim° de matematica e .jargdo especializado. Nela, salientamos o aspecto fenomenologico do conceito e chamamos a atencdo para detalhes que possam deixar mais claro o entendimento da Fisica envolvida. Questoes Propostas c Resolvidas: Essa secdo, que tambem é continuamente ampliada, prop& questOes de Fisica para alunos de todos os graus. Algumas sdo simples, outras mais complexas, mas nenhuma é trivial. Oferecemos a solucao para a grande maioria delas. Para algumas mais desafiantes oferecemos premios para os alunos que apresentarem as melhores solucOes. , Os premios sao livros de divulgactio de Fisica. Curiosamente, a participacdo nesses desafios ainda modesta, talvez pelo nivel de dificuldade das questOes escolhidas. Dicas gerais para professores de Segundo Grau: Oferecemos, nessa secdo, urn canal de interacdo entre os professores de Fisica do segundo Grau e os profissionais do Departamento. A utilizacdo desse canal ainda relativamente pequena mas vein aumentando corn o tempo. A maioria dos pedidos envolve sugestoes para inclusdo na secdo Tintim por Tintim ou nas secOes especiais. 199 Seciies Especiais: Cada me's escolhemos urn tema especillco e criamos uma secao especial sobre cle. A escolha, normalmente, é feita homenageando algum fisico famoso cuja data de nascimento ocorra naquele mes. 0 tratamento nessas secoes especiais difere daquele da secao Tintim por Tintim por tratar de temas mais amplos e por salientar o aspecto historic°. Procuramos interligar o assunto dessas secOes corn o material das outras seceies para intensificar o aspecto interativo da pagina. 0 Grilo: Esse é urn boletim alternativo, em papa criado por uma equipe da Biblioteca setorial do Departamento. A enfase da versao em papel e mais de informacao e reivindicacao. A versa° online é mais leve, corn variedades, temas culturais, humor e divulgacao da Biblioteca. Desde que foram implementadas essas modificacides, em Marco de 1998, o numero de acessos vem crescendo continuamente, assim como o nnmero de e-mails corn solicitacCies, davidas, sugestides e comentarios. Procuramos dar a maior enfase possivel ao contendo cientifico e educacional da pagina, sem muita preocupacdo corn detalhes de design. A organizacao visual da pagina é simples e intuitiva, levando em conta que muitos de nossos visitantes nao sao, necessariamente, experimentados em navegar na rede. Evitamos utilizar recursos sofisticados, como aplicativos Java, por exemplo, pois contribuem para tornar mais lento o acesso e acrescentam pouco ao contendo educativo. Nossa maior preocupacao consiste em atender corn presteza as solicitacOes dos visitantes para nao decepciona-los e para intensificar o mais possivel o carater interativo da iniciativa. A participacao de estudantes nos Concursos e Desafios embora pequena é bastante significativa do ponto de vista da qualidade. Alguns dos participantes enviam respostas bem elaboradas, corn graficos feitos em computador e, em alguns casos, ern formato ja adaptado para divulgacdo na prOpria Internet. Deve ser levado em conta que as questbes apresentadas sao de nivel razoavelmente elevado de dificuldade para um aluno medio de segundo grau. Aleumas delas sao tiradas das provas de Olimpiadas Internacionais de Fisica. Para o ano de 1999, pretendemos ,:stender essa interatividade da pagina corn a utilizacao de novas tecnicas. Devemos criar Grupos de Discussdes, escolhendo temas especificos sobre o contendo e a metodologia do ensino de Fisica. Faremos algumas experiencias corn o use de secOes apropriadas contendo tecnologias mais sofisticadas, para ilustrar conceitos e leis fisicas de forma que o aluno possa participar da simulacao de uma experiencia real. Com o aumento da largura de banda de grande tinnier° de provedores e servidores da Internet, e corn a crescente familiarizacao dos usuarios corn esses novos recursos, ficara mais viavel sua utilizar ao de forma eficiente. Para criar e implemental - essas novidades, contaremos corn a colaboracao de bolsistas de Iniciacao Cientifica que estao, presentemente, Send° treinados. PAINEL 6.7 - 0 MEIO AMBIENTE NAS PUBLICAOES DE DIVULGAcA0 CIENTIFICA: UM ESTUDO DO TEMA EFEITO ESTUFA Lilian Cristiane Almeida dos Santos* e Maria Regina Dubeux Kawamura Institute de Fisica c Faculdadc dc Edueacilo da Universidade de Silo Paulo e-mail: I it icrisPjf. usp.hr A divulgacao cientifica, atraves dos diferentes meios de comunicacao, é responsavel por uma grande parte da informacao sobre o meio ambiente levada a sociedade. Livros, revistas, jornais, videos, televisao, etc. vem tratando do assunto corn crescente frequencia, mostrando assim que existe urn interesse geral pelo assunto. Porem, mesmo expostos a essa massa de informaceies, a populacdo tern dirvidas, generaliza, restringe e confunde muitos conceitos veiculados. 0 que existe de material de divulgacao cientifica sobre meio ambiente? Quais temas sari mais frequenter? De que forma esses temas sao veiculados? Como seria essa linguagem? E possivel sua utilizacao como material pedagOgico nas aulas de Fisica? Este trabalho objetiva, a partir de urn levantamento geral do material de divulgacao cientifica existente sobre o assunto Meio Ambiente, identificar e caracterizar as possiveis contribuicrfies desses textos no ensino de Fisica. Para tanto, realizamos uma pesquisa sobre o material referente a Meio Ambiente, utilizando o Banco de Referencias de Ensino de Fisica - FISBIT, projeto elaborado na area de ensino de fisica do IFUSP como material de apoio a professores. Este banco de dados catalogou diversas publicacides de divulgacao, entre outros, os periOdicos Ciencia Hoje, Ciencia Hoje das Crianos, Caderno Catarinense de Ensino de Fisica, Globe Ciencia, Nova Escola, Revista Brasileira de Ensino de Fisica„Superinteressante, os jornais 0 Estado de Sdo Paulo e Folha de Sao Paulo, alem de livros. Verificamos a existencia de 108 itens catalogados sob este tema, entre artigos, livros, noticias e perguntas, representando portanto cerca de 5% do total de 2500 itens referentes a todos os temas catalogados no Banco de Referencias. Esses textos apresentaram 22 assuntos diferentes, classificados em "palavraschave", que correspondem a abordagens tambem diferentes. Ha artigos gerais, envolvendo Meio Ambiente, Clima, Ecologia, HipOtese Gaia, etc... Akin disso ha artigos sobre aspectos especificos como Efeito Estufa, Camada de Ozonio, Queimadas, AmazOnia, etc. Finalmente, ha artigos que tratam especificamente dos resultados da acao do homem em'termos de poluicao ou dos problemas ligados aos efeitos das radiaceies. Construimos graficos de distribuicao do assunto nas publicaceies e conforme a natureza do material. 200 Constatamos Lima grande incidencia de artigos, seu,uida de noticias c uma razoavel porcentagem de livros, incluindo os paradidaticos c de divulgacao cientifica. Ern relacao as publicacnes, temos urn maior Minter° nas revistas Superinteressante c Crencial-loje. Meio Ambiente - Publicagaes 0 Ciencia Hoje Catarinense ❑ Folha 1% 9% 1% ❑ Estado Globo Ciencia 20% ; El Super Meio Ambiente - Natureza do Material 1% 4% Artigos 11% 42% 12% ❑ Noticias 0 Livros Perguntas ❑ Box 30% ❑ Entrevistas Dentre esse conjunto, 31% do total de publicacOes trata do tema Efeito Estufa. Verificamos tambem a grande incidencia de artigos, seguido de noticias. Podemos notar que esta nao difere muito da obtida para o assunto Meio Ambiente. Efeito Estufa - Natureza do Material El Artigos Box ❑ Noticias 111 Perguntas 9% Livros Uma vez que nosso aluno esta constantemente exposto a essa massa de informacOes, torna-se interessante esta caracterizacao - mesmo que resumida - para que nos (e o professor), possamos verificar que tipo de material existe disponivel para o trabalho em sala de aula. Alem disso, poderemos tambem caracterizar melhor o universo cultural do aluno, a fim de auxilia-lo na construcao de um conhecimento estruturado. Diante da diversidade dos textos apresentados, selecionamos alguns, referentes ao tema "Efeito Estufa" e realizamos nestes uma analise aprofundada, onde observamos aspectos considerados relevantes 201 para a comprcensao do lenemeno abordado. Basicamente. estes aspectos serianl a consistencia c wilizacao dos dados e informacOes, da explicacao do(s) conceito(s) fisico(s) e/ou suas relacOes, e da couclusao do texto. Como se encadeiam estes aspectos? Qual o saber cientifico veiculado? A populacao tem suas diividas esclarecidas 110 texto? E possivel sua utilizacao como material pedagOgico nas aulas de Fisica? Assim, pudernos constatar uma multiplicidade de abordagens: enquanto alguns abordam cientificamente os fatos, outros passam pela superficialidade e/ou catastrofismo. Como reconhece-los? Esperamos que este trabalho possa aux iliar us prolessores na escolha dos textos adequados aos seus objetivos pedagogicos. * Apoio CAPES PAINEL 6.8 - BANCO DE OBJETOS EDUCACIONAIS E INTEGRA00 COM 0 CURRICULO Marques' Cesar A. A. Nunes / c 'Universidade Sao Judas Tadeu c Centro de Ensino c Pesquisa Aplicada — 1111S1 e-mail: entmesgi lusp.br 'Centro de Ensino c Pesquisa Aplicada — IFUSP — c-mad: marquesPirusp.hr Apresentamos o projeto de objetos educacionais em andamento no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada do Instituto de Fisica da USP. 0 objetivo desse projeto é disponibilizar recursos educacionais multimidia interativos e tormar verdadeiras comunidades em torno desses recursos. A simples disponibilizacao de recursos educacionais nao é suficiente para que uma grande parcela de professores os adote como recurso efetivo em seus cursos. A presente iniciativa no CEPA reproduz e especializa para a fisica a filosofia adotada na Educational Objects Economy (EOE), urn consOrcio formado por varias universidades, alguns produtores de softwares e algumas editoras dos Estados Unidos. Os objetos educacionais sao escritos na linguagem Java, portanto facilmente acessiveis a partir de qualquer browser. Sua incorporacao em demostracCies em salas de aula, em material produzido pelos professores ou em trabalhos de alunos é bastante simples. Grande parte dos cOdigos fica disponivel no site para que usuarios os modifiquem de acordo corn suas necessidades. Alem disso para cada objeto apresentado é acrescentado o endereco eletronico do autor para contato, permitindo que se facam encomendas de modificacOes e sugestoes diretamente a ele. E criada tambem uma interface junto a cada objeto para que os educadores usuarios deixem suas avaliacOes e sugestOes de use para que outros usuarios tenham subsidios. A catalogacao dos objetos feita seguindo Os padrOes do Instructional Management Systems, que utiliza metadados para permitir a busca a dados de filmes, sons, imtu2ens e simulacOes. A comercializacao dos recursos produzidos é incentivada seguindo padrOes onde os codigos estao disponiveis. Qualquer urn pode utiliza-los, modificti-los e comercializa-los desde que mencione as alteracOes, as fontes e disponibilize os cOdigos. PAINEL 6.9 - PRODUcA0 DE UM VIDEO DIDATICO Paixeio Latharesi (marilia(Ji1:01.hr): Thiago N4ation2; Darci S. Aloha Eisyfitivel 3 e Ilenrique Lim de Barros' 'CL:CIERJ, 2Cok;gio Pedro II, 'Cl3PF/CNIN c 'MAST/CNN Neste trabalho gostariamos de exibir o video Introducao ao Biomagnetismo. Este video foi concebido durante o estagio do Programa de Vocacao Cientifica no Centro Brasileiro de Pesquisas Fisicas (CBPF), no laboratorio de Microorganismos Magneticos, quando delineamos o projeto de producao de urn video didatico sobre magnetismo em seres vivos com a finalidade de divulgacao entre os estudantes do ensino medio de atividades de pesquisa realizadas neste laboratOrio e vivenciadas pelo estudante estagiario Thiago, tambem do ensino medio. 0 trabalho, a ser elaborado por ele, deveria ter a linguagem adequada, ou seja, a linguagem do estudante desta faixa etaria. Thiago se integrou nas atividades do laboratOrio principalmente na preparacao de amostras, que envolve coleta, concentracao e observacao no microscOpio Optic° da resposta magnetica de microrganismos magneticos ao campo magnetic° aplicado. Atraves de uma camara de video acoplada ao microscOpio Optic° e possivel filmar o movimento das bacterias e de outros microrganismos magneticos. Esta filmagem foi apelidada de "filme cientifico". Surgiu a necessidade de explicar o que estava acontecendo, o por que do movimento na presenca do ima ou bobina. Thiago passou a elaborar o roteiro do que chamamos de filme didatico e para isso foi necessario pesquisar artigos de divulgacao sobre magnetismo em seres vivos e textos didaticos sobre campo e forca magnetica. Algumas experiencias corn irnas e bobinas foram praticadas e filmadas. Selecionamos sequencias explicativas dos fenomenos magneticos de alguns videos didaticos. 0 processo para elaboracao do video foi idealizado e discutido junto ao estagiario. A edicao do video foi realizada na Ilha de Edicao do MAST, corn o suporte tecnico. A seguir reproduzimos o esquema do roteiro elaborado pelo estagiario. Filme didatico explicacao milsica instrumental 2." 4 4." 1," Filme cientifico 5." 4 Filme cientifico texto cientifico Filme cientific64 questOes 6." Filme didatico 4 poesia 3." 4 Filme didatico texto Questoes de abertura do video propostas pelo estagiario: 202 O que esta acontccendo? 0 que e isso. tern vida? Porcine vAo c voltam'? Esse movimento acontece porcine? Oncle elas est5o? Texto explicativo selecinado para elucidacao das questoes: Campos magneticos uma expressao obvia de misterio / mas nem tanto / podcmos compreende-lo / mas o campo magnetico altera as nossas vidas? Devido ao aparente misterio que s5o as Forcas Magneticas, muitas pessoas no passado e ate mesmo nos dias de hoje, procuram saber de que maneira os efeitos do Campo Magnetic° influem sobre a vida litimana e de outros animals. 0 Campo Magnetic° Terrestre ajuda o homem ha muito tempo, por exemplo se nfio houvesse bilssola o homem nao teria chegado a America e sem este campo magnetico jamais a brissola funcionaria. 0 model° mais simples deste campo e urn enorme MI5 cm forma de agulha, cortando o centro da terra, onde as posicaes v..co:2,ralicas se invertcm: sul magnetico flea no norte geogralico e o forte magnetico no sul geografico. A orientac5o magnetica ocorre cm seres que possuem particulas de material magnetico, o mais comum é a matmetita, eu e uma especie de cristal produzido pelo ser vivo, que é do tamanho de 10.000 vezes menor que um ponto final. Esta ja foi encontrada em tartarugas, morcegos, pombos, atuns, abelhas, algas, bacterias, tOrmigas e ate no homem. 0 im5 natural, pedra im5, ou magnetita e o Oxido de ferro Fe 3 04 da familia dos epinelios. Os imas naturals cram conhecidos pelos gregos, que os encontraram em cidade da Asia Menor e em uma regido da Macedonia. ambas chamadas Magnesia. Os im5s artificiais, de constituic5o muito variavel, mas geralmente baseados no ferro, devem ter sido conhecidos na Europa a partir do seculo XII. Independente da forma, quando se aproxima urn im5 do outro, tiles podem tanto se atrairem como se repelirem: esse comportamento e devido ao efeito magnetico que apresentam sendo mais intenso nas proximidades das extremidades, raz5o pela qual tiles sao denominados pOlos magneticos. 1st° indica a existencia de dois tipos diferentes de pOlos magneticos, denominados, pOlo norte e pOlo sul. A atracao entre im5s ocorre quando se aproximam os dois pOlos diferentes e a repuls5o ocorre quando na aproximacao de dois pOlos iguais. A atrac5o on repuls5o entre im5s é resultado da ac5c) de uma forca de natureza magnetica e ocorre independente do contato entre des. 0 imA tambem possui outra propriedade, que é a indivisibilidade, por mais que se quebre o im5 etc sempre tern dois pOlos. As bacterias s5o organismos unicelulares que vivem praticamente em todos Os ambientes. Elas florescem tanto na parte interna quanto na parte externa do nosso corpo. SO podem ser observadas corn a ajuda de um microscopio por causa do seu tamanho. Apesar de seas dimensOes reduzidas, as bacterias possuem grande poder de adaptacSo ao meio ambiente e uma grande variedade de comportamentos. Em 1975, Richard Blakemore fez uma descoberta marcante em sua area de pesquisa. Versava sobre o papel desempenhado pelas bacterias anaerObicas na ecologia de pantanos e charcos. Numa dessas coletas, ele retirou lama de um poco de agua salobra, misturou corn um pouco de agua do mar, colocou uma gota na lamina de um microscOpio e observou-a atraves da grande ampliacao. Certamente isso ja havia sido feito milhares de vezes antes, mas Blakemore notou o que ninguem havia notado antes. Em algumas gotas as bacterias migravam para um dos lados da gota. Depois de varias tentativas em v5o de observar mudancas no comportamento delas corn luz ou mudanca na agua, Blakemore colocou um 11115 perto de urn dos lados da gota. Numa determinada orientacao o im5 nao alterou o movimento das bacterias, contudo, na orientacao oposta, o sentido do movimento das bacterias foi invertido! Elas migraram ern oposic5o a esta margem da gota! Uma influencia direta e repetitiva do campo magnetico da terra sobre um organismo vivo! As bacterias magnetotaticas est5o sempre nadando ou para o pOlo norte ou para o pOlo sul, dependendo se vivem no hemisferio norte ou no sul. Existem, portanto, dois tipos, se voce aproximar, por exemplo, o norte de urn ima ao microscOpio todos que nadarem para o norte (tipo Norte) chegar5o a borda da gota, e quando voce inverter o im5, elas vao fazer uma volta em forma de um "U" e se encaminhar5o na direcao contraria. 0 produto final deste processo de producfto do video Introducao ao Biomagnetismo foi alem das expectativas iniciais. 0 video produzido pode ser utilizado como um programa motivador para o estudo do magnetismo no contexto biologico, despertando a atencao para as interacOes magneticas presentes em seres vivos e no social, relacionando por exemplo as grandes descobertas do seculo XV. Outro fator igualmente importante foi a prodiicao do recurso pelo prOprio estudante, permintindo o aprendizado de uma importante tecnologia educacional. Bibliografia consultada: I. GREF, Fisica 3, Eletromagnetismo, edusp, 1993 2. TOFLER, A., A Terceira Onda, 1980 3. FIALLIDAY,R.C. E RESNICK, R., Fundamentos de Fisica - 3 edic5o, Livros Tec. e Cien. Ed.S.A., 1990. 4. GREF, Leituras de Fisica, Eletromagnetismo, vers5o preliminar. 5. ESQUIVEL, D.M.S., Orientac5o Magnetica em Formigas, Glenda Hoje, jan/fev 1995. 6. LINS de BARROS, H.G.P. e ESQUIVEL, D.M.S, Orientac5o Magnetica, Ciencia Hoje, jul/ago 1982. 203 7. Wajnberg, E., ESQUIVEL, D.M.S, EL-JAICK, L. J., AVALOS, D. A. c LINFIARLS, M. V, LEAL, I., OLIVEIRA, P. S., Magnetismo em Formigas Mivaterias: Variacao Termica da FMR, Anais do XXI Encontro Nacional de Fisica da Materia Condensada, 1998, Caxambu, MG. PAINEL 6.10 - EXPOFISICA: EXPOSICAO INTERATIVA DE FISICA E ASTRONOMIA EM SITUACOES INFORMAIS DE ENSINO DE FiSICA Ana Lui:a Aslralh; Arian() 'ampos: Cleverson Price,, Lopes; Daniel Leandro Rocco: kdi Junior Pelion; .10.7 Casicava: Jurandir Hillman» Rohling: Leandro Jost"? Raniero: Marcos Cesar Danlioni Neves: Reginald() Barco: Sergio De Picol11.1111)10r: Viviane .S•cheihel e Oscar Rodrigues dos Santos Departamento de Fisica, (PET e Laboratarin LCV), Universidade Estadual de Maringa. Av. Colombo. 5790, CEP-87020-900, MaringaPR, Brasil. e-mail: peadfLetembr Introducao Este trabalho e urn pequeno relato de uma serie de Exposicees Experimentais de Fisica realizadas na Universidade Estadual de Maringa, durante dois anos. Estas ExposicOes tiveram dois objetivos principals: popularizar a ciencia, trazendo para a comunidade experimentos didaticos usados em laboratOrios de ensino, como videos educacionais e CD-ROM's (1) e explorar a poderosa potencialidade didatica de alguns tipos de brinquedos (caixa de mesica, carrinhos de friccao, armas de brinquedo, etc.). Estas exposicees, e todas as situagOes envolvidas na melhoria do ensino de fisica foram os resultados de dois grander projetos e programas: LCV (Laboraterio de Criacao Visual - RENOP/CAPES) e o programa PET (Programa Especial de Treinamento - CAPES) corn suporte financeiro governatnental. 0 Projeto CIC (Centro Interdisciplinar de Ciencia), cujo objetivo é prover acesso a experimentos didaticos para as escolas secundarias, esta tambem envolvido nestas expesicees. As Exposicoes Durante dois anos expomos em diferentes lugares do campus universitario cinco mostras de experimentos fisicos, sendo a eltima ("V EXPOFISICA") realizada durante a 6' Reuniao Especial da SBPC(Maringa, de 28-31/10/98). Estas foram direcionadas a universitarios e estudantes do primeiro e segundo graus, was nos realizamos outra em urn centro educacional para estudantes corn deficiencia auditiva e agora, baseada em experiencias adquiridas anteriormente, iremos trabalhar em experimentos objetivando o ensino de fisica para estudantes cegos, usando situacees comuns da vida Os experimentos foram escolhidos apes uma selecao baseada nos experimentos cruciais ou aparatos desenvolvidos durante a histOria da fisica e suas ligagOes corn brinquedos eletro-mecanicos. Introduzimos tambem experimentos na area da Termodinamica, con nitrogenio liquido (mudanca da cor de LEDs, contracao do volume de uma bexiga, comportamento fisico de urn cigarro dentro de urn recipiente corn nitrogenio liquid°, etc.). Os experimentos apresentados nas Mostras foram: 1. Pendulo de Foucault. Fotografia estroboscepica de experimentos mecanicos (piano inclinado, pendulo ca6tico). 2. Velocidade do Som (corn canos de PVC). 3. Conservacao do momento linear (uma serie de bolas de bilhar em fila). 4. Conservacao do momento angular (plataforma girante) 5. Lancamento obliquo (trenzinho que corre em urn trilho e lanca uma bolinha para cima). 6. 7. Pendulo caotico (corn dois e tres bravos). Aparelho de Morin e caixinha de masica (Brinquedo). 8. RelOgio mecanico (reproducao de urn relegio alemao do fin do seculo XVII). 9. Levitacao magnetica (um brinquedo chamado "Revolution"). 10. Maquinas eletrostaticas (Gerador de Van der Graaf e maquina de Whimshurst). 11. Inducao eletromagnetica (Transformadores). 12. Lei de Faraday, 13. Motor eletrico (montado con equipamentos simples). 14. 15. Circuitos AC e CC. 16. Radio de Galena. 17. Lentes e espelhos. Telescepio refrator. 18. Rede de difracao (em urn orificio circular coloca-se uma pena de pato). 19. Dispersao da Iuz branca (atraves de um prisma). 20. 21. Disco de Newton. Curvatura de um feixe de laser (usando urn laser didatico e urn recipiente corn agua). 22. Espelhos parabolicos (uma imagem real produzida por dois espelhos parabelicos opostos). 23. Relogios de Sol (Vertical, horizontal e equatorial). 24. RelOgios astronOmicos noturnos. 25. RelOgio lunar (baseado no ciclo completo da lua). 26. 204 27. 28. 29. Fotografias do ultimo eclipse solar total ocorrido no Brasil em Novembro de 1994. Fotografias da passagem do cometa Hale Bopp nos ceus brasileiros. Corpos rigidos. Momento de inertia de um disco dentro de carrinhos de brinquedo. Todos os experimentos foram separados em areas tematicas com demonstracOes praticas mao e com a perspectiva da historia da ciencia. Inumeros videos foram mostrados. Estes videos foram produzidos no "Laboratario de Producao Visual" desde 1991 e, ambas, exibicOes, fotos e sumarios dos videos, foram publicados em forma de catalogo (2), onde se encontram perspectivas para melhoria do ensino de fisica e para dar ideias inovadoras para as escolas e seus respectivos laboratOrios. Agradecimentos Desejamos expressar nossos agradecimentos pelo suporte financeiro concedido pela CAPES, PENUEM (Prof. Silvia Vasconcellos), para os petianos encarregados da organizacao dos eventos, Alice Iramina (CIC) e aos trabalhadores da oficina da fisica-UEM. Bibliografia 1. NEVES, M.C.D. et al., 0 Universo de AristOteles, Filmes de ficcao Cientifica: Quadros e uma Exposicao Aristotelica, 0 Aparelho de Morin Revisitado, Uma Breve HistOria do Pendulo, Uma Hist&la da Nocao do Conceito de forca, Leonardo, it Genio in Officina, Uma Introducao a Otica de Fourier, Dialogo Immaginario fra Messer Leonardo e Messer Galileo, videos e CD-ROM's produzidos no LaboratOrio LCV, Universidade Estadual de Maringa, 1991-1998. 2. NEVES, M.C.D. et al, Catalog° da Mostra de Experimentos Fisicos, PET-DFI/UEM, Maringa, 1997. PAINEL 6.11 - BOLETINS: MECANISMOS DE ATUALIZACAO E APROXIMAcA0 Magale Elisa Brlicktnann i Rolando Virginia Aiello e Elton R. P. Dohke 3 'Dcpartamcnto de Fisica, IF-UFRGS, CP 15051, 91501-970, Porto Alegre, RS ([email protected]) 2 DeFEM, 411\11.11.11, 98700-000, ljui, RS Instituto de Fisica c MatemAtica, LJFI'el, CP 354, 96010-900, Pelotas, RS ([email protected] sapulha(iilulpel.telie.br ) . A possibilidade de se realizar divulgacao cientifica, atingindo urn contingente razoavel de professores, a urn custo bastante baixo, tern sido explorada atraves da edicao de boletins de abrangencia regional. Esses boletins, destinados a professores de Fisica do ensino medio , contem sugestbes sobre atividades e textos didatico-pedagOgicos, informacOes cientificas, agenda de eventos, etc e tanto tern servido para atualizar os professores quanto para aproxima-los das Universidades. Neste trabalho apresentamos a motivacao inicial e a evolucao desta proposta que tern atendido basicamente a professores em servico do Rio Grande do Sul. Sao descritos dois boletins que estdo sendo distribuidos em nosso estado: o Boletim GEF, editado desde 1990 no Institute de Fisica da UFRGS, e o Ganimedes, editado a partir de 1997 no Institute de Fisica e Matematica da UFPeI. bAl^Sim GEF GRUPO DE ENSINO - IFUFRGS PAS Programa de Atualizagao em Servigo para Professores de Fisica do Ensino Medi° - Nfirnero 1 Marco de 1990 Em dezembro de 1989 realizou-se no Instituto de Fisica da UFRGS o 2" Encontro coin Professores de Fisica do ensino medio da regiao. Atraves desse encontro pretendeu-se estabelecer urn intercambio entre esses professores e os da Universidade. Na "avaliacao" do evento os professores manifestaram-se positivamente quanto ao encontro mas reinvindicaram outras chances de contato, solicitando major aproximacdo/abertura da Universidade. Partiu dal a ideia de urn "veiculo" que os mantivesse informados e servisse como instrumento de atualizacao mesmo estando eles em municipios distantes da capital. Pensou-se, entao, em urn boletim. A partir de marco de 1990, o professor Rolando, na epoca professor do Departamento de Fisica do IF UFRGS, comecou a editar o Boletim GEF cujo primeiro ni:imero continha a seguinte apresentacao: - 205 "Este Botenni destina-se a I%oce professora) de Fisica do casino media. , frata-se de uma publicacao informal e (aincia) de periodicidade indefinida, arganizado pelo Grupo de Encino do Institute de Fisica da UFRGS, corn o seguinte canteliclo: - Textos curios com noticias sobre Fisica e Educaccia. - Questeies objetivas para discutir corn os alunos. - Descri•cia cle experimentas jaceis de realizar. - Listas de artigos c textos para fr. solicitar capia. - Injarmaccies sabre eventos do seu interesse. Esperamos estctr, com isso, colocando em prcitica um mecanismo de atualizaceio em servico, que contribuct para reduzir o sett isolamento e o auxilie a ter acesso a informacoes clue podereio ser importantes para a sua atuaceio profissional." Alem desses itens, sao incluidas no Boletim GEF as questaes do vestibular da UFRGS (que os jornais da regiao nao publicam). Isto, de certa forma, acabou direcionando a periodicidade do boletim: as duas ediceles anuais costumam sair no inicio dos semestres letivos (marco e agosto). Durante os primeiros anos de circulacao cerca de 200 professores de ensino medio recebiam o boletim. Atualmente ele vem sendo distribuido a cerca de 360. A manutencao do boletim GEF ao longo dos seus quase dez anos de existencia contou e vem contando corn a colaboracao de diversas pessoas, principalmente na redacao de artigos e/ou sugestao de assuntos e atividades. Atualmente sua edicao e distribuicao est) aos cuidados da professora Magale. Dczembro/1 1\1'1 Bolefirn Tvimcsfred 997 Pvetessove.s c C-stmcicm+cs cle Analogamente ao Boletim GEF, e inspirado nessa experiencia, o Boletim Ganimedes surgiu da necessidade de manter o contato estabelecido entre o institute de Fisica e Matematica da UFPel e os professores secundarios de Fisica que participaram do Programa PROCIENCIAS (financiado pela CAPES/FAPERGS) na regiao de Pelotas. Assim, a partir de dezembro de 1997, a professora Virginia e o academico Elton tern editado trimestralmente o Ganimedes. No editorial do primeiro nnmero consta: 0 Ganimedes e uma publica•eto atraves da qua/ pretendemos estabelecer um meio de comunicacao C0/77 e entre professores c fitturos professores de Fisica da regiao de Pelotas. Para isso montamos varias seci3es relacionadas ao ensino de Fisica. Esperamos a sua opinieio e as suas sugestoes para que esse boletim crtinjn ao mciximo os interesses dos professores e estudantes! A estrutura do Ganimedes e composta pelas seguintes seciaes, todas relacionadas a Fisica: - sugestao de experimentos simples; - textos curtos; - questOes para pensar; - sugestoes de sites da internet; - sugestOes de livros; - textos curtos sobre historia da ciencia; - apresentacao dos Premio Nobel; - apresentacao de concepcOes espontaneas; - quadrinhos de humor; - noticias de eventos passados e programados para o trimestre; - espaco livre para contribuiceies dos professores; e - dicas sobre onde encontrar material de laboratOrio em Pelotas. A tiragem do Ganimedes e de 150 exemplares e ele é distribuido para professores de Fisica de segundo e de terceiro graus, para alunos do curso de Licenciatura em Fisica e para alunos de segundo grau que tenham participado de cursos de extensao do Departamento de Fisica. 0 boletim tambern esta disponivel em sua versa° eletrenica na rede da UFPel (http://www.ufpel.tche.br/ifm/ ganimedes). Com base em depoimentos colhidos em contatos pessoais, cartas e correio eletronico, podemos afirmar que ha urn crescente interesse pelos boletins. Acreditamos que isto se deve ao fato de os materiais neles publicados serem efetivamente ateis aos professores para suas aulas nas escolas. 206 PAINEL 16.12 - PARTICIPAcA0 DO ESPAc0 UFF DE CIENCIAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE NO PROJETO PRAIA DA CIENCIA ITINERANTE / CECIERJ / 1998 FINANCIAMENTO: FAPERJ Celia Maria du Silva Santiago I Espaco UFF de Ciencias Margarida Carvulho de Santana I Espaco UFF de Ciencias Gloria Regina P. Oueiroz I Espaco UFF de Ciencias / MAST O ESPACO UFF DE CIENCIAS é um Programa de Extensao da UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, esta vinculado ao Ensino e a Pesquisa e voltado para a Difusao das Ciencias, da sua Hist&la e do seu Ensino. 0 Espaeo UFF de Ciencias se alicerca em mais de 17 anos de trabalhos ininterruptos a partir do Programa de Integracao da Universidade ao Ensino de 1 9 e graus e das atividades do Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciencias na UFF. 1- Professor 2- Coordenador 3- Orientador O Projeto Ciencia Ativa na Escola, procura apresentar uma proposta de ensino voltada para a compreensao do mundo. Sao trabalhados com os alunos do curso de formacao de professores na linha das mudaneas conceituais, contendos e metodos baseados nas mais recentes pesquisas teOrico-metodolOgicas em ensino de ciencias realizadas no Brasil e em outros paises. A interdisciplinaridade e o construtivismo sao pontos fundamentals no desenvolvimento delta proposta. O material utilizado é simples e de baixo custo, exemplificando para os alunos e professores a viabilidade de transformar a sala de aula, o patio e dependencias em laboratOrios experimentais. A proposta de construir, atraves de experimentacao, os significados-conceituaeOes-dos contendos de ciencias sob varias perspectivas e sua relacao com a realidade e corn o cotidiano, objetiva melhorar a eficiencia da Ieitura de mundo. A selecao dos temas para as oficinas privilegia aqueles cujas mudancas e os conceitos da "ciencia da crianca" para a "ciencia do cientista" possam ser experimentados / observados pelos alunos com facilidade. Neste processo as analogias com a Hist&la da Ciencia sao exemplificadas de modo a valorizar as ideias trazidas pelos alunos, pois algumas etapas da mudanca conceitual desejada sac) vivenciadas no processo de aprendizagem. Isto vem reforear a afirmativa de que a Ciencia esta em processo de construed°, por isso aberta a novos questionamentos. As oficinas sao realizadas semanalmente nas escolas de formacao de professores, onde os alunos participam acompanhados pelos mesmos. A estrategia do trabalho em grupo, sob orientacao do professor para a execucao das experiencias, tem como objetivo facilitar a interacao entre os participantes para que se de o debate tornando alunos e professores sujeitos ativos na construed° e reconstrucao do conhecimento. A partir do principio que a escola é o espaco, por excelencia, da formacao continuada do professor, nossa proposta objetiva a formacao de multiplicadores a fim de que os projetos ndo sejam episodicos, mas que considerem a pratica concreta em sala de aula, refletindo-se na melhoria efetiva da qualidade da acao didatica dos professores que acompanham as oficinas. JUSTIFICATIVA O saber produzido em ciencias, de uma maneira geral fica restrito aos laboratOrios, as universidades ou aos congressos. As salas de aula de 1 9 e 2 9 grans, com muita frequencia, chegam os livros didaticos. As criancas e jovens, no senso comum, criam o prototipo de Ciencias, como saber inacessivel e o cientista como genio excentrico. Considerando estas afirmaeOes, avalia-se que estes fatores colaboram significativamente como elementos dificultosos da percepcdo de que os Principios Fundamentals das Ciencias, estao presentes em todo contexto no qual o homem atua e nao somente nos sofisticados experimentos dos laboratOrios ou em pesados livros. As estrategias de trabalhar questOes, hipOteses, contendos cientificos sob a forma de oficinas dindmicas, tem o propOsito de apresentar a ciencia do dia a dia, presentes nas experiencias cotidianas e praticas. Assim, como estao presentes na arquitetura, nas indOstrias, etc. os principios cientificos basicos tambem estao presentes nos brinquedos e jogos, desde sua forma e cores, ate as regras e normas de sua uti I izacdo. Os jogos e brinquedos, corn sua metodologia Indica prOpria, sao sem diwida elementos facilitadores da participacao dos alunos e seus respectivos professores nas propostas do Projeto. Logo, ao propor o Indic° como metodologia de divulgacdo e difusao das ciencias se objetiva criar um espaco corn programacoes e materiais no qual os alunos possam brincar e "brincar de ciencias". 207 Considerando estas duas afirmativas, as atividades tem como funcao despertar a curiosidade do observador e facilitar o dimensionamento da forma de ver o mundo, para melhor compreende-lo e preservalo. OBJETIVO Construir com os alunos do curso de formacao de professores, a discussao e experimentacdo, os significados e as conceituaceies de ciencias, e as varias perspectivas da relacao corn o cotidiano. AVALIACAO A avaliacao constitui um processo participativo. Sao avaliados a percepcao dos participantes sobre a adequacao do projeto as suas necessidades e interesses e o impacto do projeto sobre a clientela: professores, alunos e demais participantes. A participacao e o impacto provocado sobre a acao escolar (ensino/aprendizagem), e a aplicacao dos conhecimentos cientificos (trabalhados nas oficinas) em situaceies do cotidiano e o desempenho dos alunos. Algumas das oficinas que sac) realizadas no Projeto I- A AGUA NO COTIDIANO Estados fisicos da agua Tratamento da agua 11- 0 AR E 0 MEIO AMBIENTE O ar que nos rodeia 0 vento A pressao atmosferica III- 0 SOLO E A VIDA Importancia e composicao do solo 0 preparo do solo Horta / Terrario / Jardim IV- FORCA DA GRAVIDADE Os equilibristas VI- BRINCANDO COM BOLHAS DE SABAO 208 PAINEL 7.1 - TIPOS E FUNCOES DE IMAGENS EM LIVROS DIDATICOS DE CIENCIAS : UMA ANALISE PRELIMINAR Alfonso Alfredo Chincaro Bernuy, Claudia Avellar Freiras e Isobel Maims 1. OBJETIVO : 0 objetivo deste painel é mostrar o desenvolvimento de um referencia] que de conta de explicar o papel das representacOes visuals na comunicacao das ideias cientificas nos livros didaticos de ciencias. Pretendemos produzir uma analise ou retlexao dos tipos e das funcOes das imagens que estao nos livros, tomando como referencia a bibliografia estudada : "0 papel das representacOes visuals no ensinoaprendizagem de ciencias" de Isabel Martins e "The analysis of Ilustration in Theory and Practice" de Evelyn Goldsmith. Analisamos uma serie de ilustracOes nos livros didaticos verificando a sua relacao corn o texto no qual se encontra inserido. 2. RELEVANCIA : Partindo do pressuposto que esta analise possa auxiliar o professor na producao de material didatico e tendo em vista que os livros didaticos de ciencias estao cada vez mais visuals, acreditamos que seja de vital importancia que o professor saiba reconhecer a funcao das imagens nos textos, uma vez que é nos livros didaticos que o professor costuma estudar e buscar referencia. A importancia do reconhecimento dos tipos e funcoes das imagens nao se encontra no fato de podermos "rotular" o mesmo , mas sim representa a possibilidade de discutir as relacOes conceituais entre as estruturas apresentadas. 3. REVISAO DE LITERATURA : 0 artigo de Martins prop& a analise de representacifies visuals em livros didaticos pressupondo que a ciencia é algo que se exprime visualmemte; muitas vezes iatraves mais de representacOes visuais do que de palavras. A autora afirma que pouco se tern investigado sobre o papel destas representacOes visuals no ensino-aprendizagem de ciencias e que aprender ciencia é , de certo modo, usar termos cientificos, saber aplicar conceitos cientificos e usar termos tecnicos. 0 artigo comenta que os livros didaticos fazem use cada vez mais de representacOes visuais para tentar elucidar conceitos e que seus editores justificam esta posicao alegando que o meio visual é menos complicado para o estudante do que a linguagem tecnico-cientifica. 0 artigo tem por objetivo problematizar a nocao de que as representacOes visuals possuem significado imediato e transparente. Outra finalidade deste estudo é verificar em que medidas diferentes meios podem ser considerados mais aptos a representar determinados contendos. 0 artigo de Goldsmith questiona tambem a afirmacao de que as figuras seriam mais elucidativas e compreensiveis do que o texto. Ela prop& urn metodo de analise para tentar verificar se a presenca de ilustracOes modifica a legibilidade de urn texto didatico e se é possivel quantificar a extensao destas modificacOes. A autora descobriu, em sua revisao, que ha respostas contraditorias em sua area de pesquisa o que, segundo ela, talvez ocorra por que falta um metodo imico para analise de ilustracOes. 0 trabalho analisa os aspectos visiveis das figuras e aqueles chamados invisiveis (atracao, contexto, conotacao). 0 metodo proposto preve levar em consideracao apenas os aspectos diretamente relevantes a compreensao das ilustracOes, ja que o seu interesse é a area educacional. 4. DESENVOLVIMENTO : Tivemos oportunidade de observar e analisar representacOes visuais diferentes, em varios tipos de materials didaticos (livros, artigos em educacao), onde encontramos varios exemplos de conceitos que sao ensinados na escola que dificilmente seriam aprendidos se nao houvesse uma representacao visual para auxiliar o professor. Na fisica, por exemplo, o caso do campo magnetico; na biologia, a estrutura da molecula de DNA; na quimica, o modelo atomic°. Observamos e analisamos livros de biologia, fisica, quimica recentes e mais antigos. Usamos como unidade de analise uma unidade tematica corn a finalidade de verificar a comunicacao entre todo o texto e o aluno (usaremos o termo "texto escrito" para representar o texto formado por palavras que se encontram fora das molduras das figuras e "todo o texto" para nos referirmos a qualquer texto que esteja no livro, seja ele feito de figuras ou letras) ja que consideramos a relacao entre texto escrito e representacao visual importante para nosso estudo. Optamos por analisar livros atuais e publicados por editores brasileiras porque, atualmente, os livros didaticos estao totalmente preenchidos de figuras e porque o contexto em que nos encontramos é o de trabalhar corn estes livros em escolas da rede pnblica e particular de ensino. 5. RESULTADOS : Pudemos verificar que, realmente, a cada dia os autores de livros didaticos usam mais o recurso representacao visual para ensinar. Nota-se que a diagramacao nao é feita levando em consideracao a relacao entre o contend° do texto escrito e o contend° da figura. Fotos, aparentemente, possuem a funcao de exemplificar ou ilustrar aquilo de que se fala no texto e que pode ser estranho para o leitor o que pode facilitar a compreensao do texto pelo leitor. Quando conseguimos observar figura e texto escrito sobre o mesmo assunto a mesma pagina, notamos que a localizacao das figuras em relacao ao texto thcilita a leitura, pois, segundo Goldsmith, as imagens devem vir no alto da pagina e a direita, que é a direcao para a qual levamos nosso olhar primeiramente, descendo, em seguida, o olhar pelo restante da pagina. Desta maneira o diagramador se certifica de que o leitor ira ler tanto o texto escrito como o texto imagem: E importante observarmos este aspecto porque segundo Martins, os alunos, em geral, estabelecem relacOes enti• as imagens e o texto, julgam que algumas imagens tern uma funcao meramente estetica ou "que nao precisarn ser niemorizadas" e, muitas vezes, nao teem as imagens, limitando-se a ler o texto escrito. Ha varias figuras descritivas (usando a classificacao de Martins) nos livros didaticos de ciencias. Alguns esquemas podem confundir o aluno porque a tendencia, como ja foi dito, é de se ler da esqUerda para direita, 209 e estes apresentam setas indicando outra direcao de leitura. Outro problerna, Muito comum: os objetos microscOpicos sao desenhados em tamanho gigante se comparados ao seu tamarind real e nao ha, nos desenhos, uma escala da qual o aluno possa fazer use para imaginar o tamanho real. Notamos a presenca constante de setas em figuras narrativas (Martins). A relacao entre figuras e entre a figUra e o texto escrito e importante para compreensao destes pelos leitores. Os livros didaticos pareeem nao ,estar feitos corn o objetivo de facilitar a leitura pelos alunos. Talvez o meio visual seja menos complicado,para o estudante do que a linguagem escrita, porem as regras de representacao visual nao foram ainda claratnente estabelecidas e alguns pontos da relacao figura/figura e figura/texto escrito precisam ser melhor observados. PAINEL 7.2 - AULAS DE ELETRODINAMICA: UM PLANEJAMENTO EM BASES CONSTRUTIVISTAS Jurandyr C.N.Lacerda Joiner Burros [Who' e Dirceu da Alum) dc pies-graduacito da Faculdade de EducacAo UNICAMP c professor no ensino medio - [email protected] 'Alum) do pos-graduacao da Faculdade de EductOo UNICAMP e bolsista da CAPES jornarPobelix.unicamp.br 3 Faculdade de Educactio UNICAMP - [email protected] Muito se argumenta sobre a necessidade de abandonar as praticas de ensino tradicionais, baseadas na transmissao e recepcao de conhecimentos ja elaborados, em prol de urn novo paradigma, os principios construtivistas. Por priorizarem seu ensino a resolucao sistematica de exercicios padronizados, a pratica tradicional nao tem gerado uma aprendizagem significativa. 0 seu carater operatorio mecanico, restringindose ao simples manejo de formulas, tern incentivado apenas a memorizacao. Tratam de problemas fechados (no sentido de Alonso. I 992a). onde as perguntas do enunciado do exercicio estao sequenciadas de modo a indicar os passos que o aluno deve seguir. Ou seja, os dados numericos aparecem na mesma ordem que deverao ser usados na formula decorada. Em geral, nao abordam situacOes verdadeiramente problematizadoras. Ntio possibilitam que os estudantes facam hipOteses e experimentos, ou mesmo que consigam estabelecer as relacOes entre Ciencia, Tecnica e a Sociedade (Alonso, 1992a). Mas qual é a diferenca entre a postura de urn professor tradicional e a de urn professor que usa estes novos pressupostos? Uma analise geral do que acontece no dia a dia da sala de aula (as micro relacOes), revela que ao preparar o ensino, o professor tradicional esta pensando em uma interacao professor-aluno, na qual ele transmite 011 passa os seus conhecimentos. Em geral, estrutura o que vai dizer a classe seguindo uma seqtiencia de pensamento linear e prima por uma organizacao na lousa muito bem feita e por um rigor semantico exagerado ao apresentar as definicOes e equacOes que representam a situacao fisica, quase sempre ideal, que esta abordando. Por outro lado, cabe aos alunos ficarem quietos e atentos a explicacao do seu mestre, copiando tudo que ele escreve na lousa. Assim, o conhecimento assume uma forma estanque e (mica. Basta ser urn pouco sensivel para constatar que muitos professores acreditam que quanto mais os alunos repetirem tal conhecimento, em longas listas de exercicios, melhor sera a sua aprendizagem. Por basear-se na transmissao passiva de conhecimentos ja elaborados, este tipo de aula tradicional nao leva em consideracao as concepcOes previas dos estudantes. Ao inves de questionar estas ideias, elas sao reforcadas fazendo corn que os estudantes desenvolvam uma visao fechada e distorcida do que e ciencia (Alonso, 1992a; Alonso, I992b). Alem disso, os estudantes acabam se relacionando corn o conhecimento de uma forma burocratica. Decora-se urn conteudo para it bem nas provas. Logo apOs o seu termino, tudo é rapidamente esquecido. Por outro lado, se analisarmos a maneira com que os planejamentos gerais (macro) dos cursos sao feitos, perceberemos que sao vazios e nao deixam claro o que realmente acontece dentro da sala de aula. Ou nas palavras de Silva e Barros Filho (1997): 4 `... os planejamentos escolares servem apenas para prestar contas aos servicos burocraticos, muitas vezes sao apenas listas de conteudos que foram copiados de livros texto. Por nao terem criterios de importancia e de hierarquia, alem de nao apresentarem a forma que ensino e avaliacao, nao permitem a troca, o debate e o dialogo construtivo, representando mais uma pilha de papeis muitas vezes inAteis; sao dialogos surdos ou letras mortas: nao permitem questionamentos e nao revelam as intenceies pedagOgicas dos cursos. Nesse sentido, desacreditamos na construcao de urn projeto pedagOgico que nao seja coletivo e que nao se aproxime do que sera feito em sala de aula" (Silva e Barros Filho, 1997). Ja numa orientacao construtivista, o conhecimento nao é recebido passivamente, mas sim construido (edificado) ativamente pelo aluno sobre o conhecimento que ele ja tern. ldeias e pensamentos nao podem ser comunicadas como se fossem um pacote fechado, pronto e acabado. N6s nao podemos colocar iddias nas cabecas dos estudantes, eles deverao construir as suas prOprias ideias. Nesta perspectiva, o conhecimento se origina das atividades de aprendizagem sobre um objeto. Portanto, preparar aulas significa estruturar atividades e seqUencias de ensino que consigam desafiar os alunos questionando as suas ideias previas e criando conflitos cognitivos. Cada estudante deve ser encorajado a fazer a sua propria construcao conceitual, o que permitird ordenar o conhecimento dentro de seu esquema esquema de resolucao de problemas. Cabe ao professor usar (atividades) que estimulem e motivem os alunos para isso. 210 Existe uma alta probabilidade de gerarmos uma aprendizagem significativa se conseguirmos propor atividades de ensino que abordem situacoes que sejam verdadeiramente problematizadoras. A dificuldade que, o que é problema para uma pessoa nao necessariamente tambem e para outra (Wheatley, 1991). Uma boa fonte de inspiracdo para criarmos atividades de ensino, coerentes com os pressupostos acima, sao as pesquisas sobre concepcOes espontaneas, pois elas como ja foram testadas e retestadas em muitos paises e situacoes diferentes, conseguem de fato explicitar as ideias previas dos alunos (Silva e Barros Filho, 1997). Wheatley (1991), sugere que a aprendizagem deve estar calcada na triade: tarefas, grupos cooperativos e compartilhamento. Em geral, os livros textos nao foram escritos visando gerar atividades que tenham alta probabilidade de serem situacoes problematicas para os alunos, pois abordam situacoes fechadas e padronizadas. Portanto, o material do curso deve estar sempre sendo reestruturado, para que possa sempre ser usado a favor da aprendizagem. Os problemas dessas atividades devem focar a sua atencao nos conceitos chaves da disciplina, guiando os estudantes a construirem de maneira efetiva os seus pensamentos sobre o objeto em quest5o. Elas devem ser acessiveis a todos os alunos no comeco; estimular os estudantes a tomarem decisoes; encoraja-los a fazem perguntas; a usarem os seus prOprios metodos; promover discussOes e troca de informacOes. O professor deve fazer corn que os alunos trabalhem em pequenos grupos, onde é fomentado o trabalho colaborativo. Os estudantes podem progredir muito trabalhando em conjunto. A participacao em pequenos grupos Ora a resolucao de problemas pode estimular a ocorrencia de desequilibrios cognitivos. Pois a aprendizagem ocorre no contexto social da classe, ela é fortemente influenciada pela interacao de seus membros e delta inteligencia comunitaria. Assim, o conhecimento é construido em conjunto atraves das interaceies. O resultado dos trabalhos dos grupos devem ser socializados, estes devem apresentar os seus resultados para a classe, e nao so para o professor, abrindo uma discussao. Pode-se assim, criar urn momento de discuss5o e troca de ideias visando uma sinteses e nao urn moment() de enjuizamento. 0 professor nao deve ser a autoridade que ira dizer quem esta certo ou quem esta errado. Devera haver uma negociacao das diferentas buscando urn consenso (Wheatley, 1991). Desta forma, o professor assume o papel de urn orientados de pesquisas, ao passo que seus alunos sao tratados como pesquisadores novatos (Gil Perez) Estruturando o ensino Propomos urn conjunto de 16 aulas para desenvolver o curso de eletrodinamica. Sugerimos que a estrutura das seqtiencias de ensino estejam no formato de uma tabela, onde abrimos varios campos que explicitam: quais os mornentos e quais sao as atividades que o professor ira propor; quais as atitudes que os alunos deverao ter frente as atividades propostas; quais sao os objetivos pedagogicos de cada atividade; quais sao os textos de apoio que serao usados em cada momento; e por fim, quais serao os instrumentos de avaliacao utilizador e em que momentos serao usados. Preferimos elahorar 0 nosso planejamento seguindo a sugestao do artigo Silva e Barros Filho (1997). Este formato possibilita ter uma visdo do todo. Pois cr" precis() que o educador tenha clareza sobre quais sae os objetivos de seu ensino. Ele precisa ter muito hem em seu horizonte o inicio, o meio e olim do sett ensino, o objetivo de cada tareja e os instrumentos de avaliacdo que serao usados no decorrer do curso. On nas paluvras de Herbart (apud Machado, 1996): .. é preciso saber o que se quer quando se comeca a educacao (...) E preciso que o educador veja diante dos olhos o fim do seu trabalho, claro como uma carta geografica ou, se possivel, como um piano fundamental de uma cidade bem construida..." (Herbart apud Machado, /996). Para planejar as atividades de ensino, seguimos a seguinte sequencia (Gil Perez, 1996): a) Conceber situacoes problematicas que gerem interesses e levantem concepcOes espontaneas dos alunos, levem em consideracao suas ideias ,suas visoes de mundo e suas atitudes . b) Propor urn estudo qualitativo da situaczio problematica, tomando decisOes que definam e delimitem problemas concretos. Uma atividade na qual os alunos explicitem suas ideias de maneira funcional. Dar urn tratamento cientifico do problema: inventar conceitos e formular hipOteses. Elaboracao de possiveis estrategias para de problemas inclui a realizacao de experimentos para confirmar hipOteses a luz de um corpo de conhecimentos. A elaboracao de estrategias e a analises de resultados podem produzir conflitos cognitivos entre as diferentes concepcOes e possibilitar a formulacao de novas possibilidades. c) Propor a aplicacao dos novos conhecimentos numa variedade de situacoes novas dando uma enfase nas relacoes STS, na forma como o conhecimento é produzido no intuito de dar uma forma coerente de como o conhecimento deve ser construido. d) Fazer uma sistematizacao de forma a aumentar o interesse na formulacao de novos problemas. Esta sequencia exige urn planejamento previo bem estabelecido do processo sem o qual o professor saltaria, fatalmente, do improviso bem intencionado para o paradigma tradicional bem estruturado. Na elaboracao da tabela a seguir, seguimos a seguinte sequencia: 1- Colocar questOes problematizadoras sobre o tema de estudo de forma a levantar concepciaes espontaneas. 2- Colocar aos alunos uma situacao que gerem conflitos cognitivos. 3- Trabalhar a situac5o em pequenos grupos cooperativos de forma a procurar uma sintese. 4- Socializar a producao dos pequenos grupos no grupo classe caminhando na sintese final. 211 5- Faz uma apresentacao do formalismo da teoria envolvida no problema. 6- Coloca-se urn problema aberto de forma a possibilitar aos alunos aplicarem suas formulacOes e corrigir possiveis concepcOes espontaneas resistentes. Driver diz que quando se pede para os estudantes explicarem como que eles fariam para acender uma lampada, usando fios e pilhas, os modelos de circuitos que geralmente aparecem sao os modelos unipolares, correntes em colisao, atenuacao, corrente compartilhada e em menor freqiiencia o modelo cientifico. Desta forma, comecamos o curso propondo aos alunos a atividade-1 de forma a levantar as suas concepcbes espontaneas e comecar a gerar conflitos cognitivos. 0 desenvolvimento dos conceitos envolvidos na eletrodinamica serao apresentados numa tabela que estara no trabalho. Neste trabalho, alem da apresentacao da tabela, estaremos apresentando a elaboracao das atividades e suas conseqiiencias. Bibl iograjia 1. 2. 3. 4. 5. 6. GIL-PEREZ, D. (1996). New Trends in Science Education. Intenational Journal of Science Education. 18 (8): 889-901. SHIPSTONE, D. (1992). Electricidad en circuitos sencillos. Ideas cientificas en Ia infancia y la adolescencia. DRIVER, R., GUESNE, E., TIBERGHIEN, A. Segunda Edicao. Ediciones Morata, S. A. Capitulo III: (63-93). ALONSO, M., GIL-PEREZ, D. y TORREGROSA, J. M. (1992-a). Concepciones espontaneas de los profesores de ciencias sobre Ia evaluation: obsytaculos a superar y propuesta de replanteamiento. Ensenanza de las Ciencias. 5(2): 18-38. ALONSO, M., GIL-PEREZ, D. y TORREGROSA, J. M. ( I 992-b). Los examenes de fisica por transmision y en Ia ensefianza por investigation. Ensenanza de las Ciencias. 10(2): 127-138. SILVA, D., BARROS FILHO, J. (1997-a). A busca de coerencia com os preceitos construtivistas no processo de avaliacao da aprendizagem. A ser publicado nas Atas do Foro de Ia Academia de Ciencias de America Latina: Ensenanza de Ia Education Basica en America Latina: encuentro de Educadores e Invertigadores Cientificos - Caracas, Novembro/97. WHEATLEY, G.H. (1991). Construtivist Perspectives on Science and Mathematics Learning. Science Education, 75(1): 9-21. PAINEL 7.3 - DIFICULDADES PERCEBIDAS PELOS ALUNOS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA DISCIPLINA DE FISICA, NO CURSO DE MAGISTERIO, EM FOZ DO IGUACfJ - PR., NO ANO DE 1997 Vagner Camorini Alves' e Valdeci Marlins Rodrigues' / FACLEPP / UNOESTE [email protected] — Caixa Postal 976 — CEP. 19.050-900 'Programa de POs-Graduacdo cm Emilio de Fisica — UNOESTE 0 ensino de fisica deve ser introduzido de uma forma mais atraente, é preciso que os alunos percebam que a fisica esta presente em nossa vida e que faz parte do nosso cotidiano, os alunos devem-se conscientizar de que a fisica contribuiu, esta contribuindo e com certeza contribuird muito nos avancos tecnolOgicos criado pelo homem. Avancos esses que a cada dia melhora nossa qualidade de vida. Tern-se consci'encia de que nossos alunos sao altamente capaz de captar e compreender melhor essa disciplina, o que esta faltando e trabalhar a materia de uma forma que os alunos associe o aprendizado coin sua vida cotidiana. Assim todos conteodos trabalhados em sala de aula deve conduzir o aluno de forma que ele construa seus conhecimentos e que possa utilizar de uma maneira mais critica, mudando seus pensamentos, suas dificuldades, enfim. Atualmente o uso de laboratOrios, de experiencias desenvolvidas em salas de aulas, tem mostrado algumas mudancas em relacao o aprendizado. Corn isso percebemos que e possivel transformar a forma de conduzir os conteados que muitas vezes sao detestados pelos alunos, em uma maneira mais clara e agradavel, sendo que o resultado compensador, é sem duvida, o entendimento, a assimilacao dos conte6dos pelos alunos. Corn isso, acredita-se que é necessario rever como foi trabalhado a fisica corn esses alunos e quais os caminhos que devem ser percorrido para recuperar seu exito, sua vontade em aprender fisica. ' Corn base no resultado deste trabalho, realizado corn alunos do curso de magisterio, as dificuldades relacionadas corn a aprendizagem na disciplina de fisica sao relatados. Estas dificuldades veni desde o ensino fundamental (1° grau), uma vez que neste periodo os alunos tern pouco contato coni o assunto .desta disciplina, muitos nem se lembram, se estudaram algo relacionado a fisica, os resultados , niostram corn clareza estes dados. Outro fator, tambem apontado neste trabalho, e que contribui "para a 'defasagetn do processo e a falta do uso de laboratOrios e materiais didaticos adequados, uma vez que muitas escolas, principalmente, escolas p6blicas estaduais, nao possuem esta estrutura laboratorial, onde encontrarnos alunos que nunca entrou em urn laboratorio, ou melhor, nao conhecem. 212 Ainda pode-se destacar mais alguns fatores que ajuda nesta defasagem, sao eles: a carga horaria semanal reduzida, onde a maioria dos alunos (isto 6, 74,6%) acham pouco tempo para assimilar o contendo; o professor nao habilitado, que nao se encontra preparado para assumir tai desafio, onde muitos mostram inseguranca; falta de conhecimento, teorico e pratico; falta de dominio do contendo, deixando os alunos com uma serie de dUvidas; a falta de interesse dos governantes em solucionar estes problemas levando a educacao sempre para uma defasagem major, onde nem mesmo os profissionais, que trabalham em educacao sao valorizados. Neste trabalho pode se observar que os alunos, na sua maioria sac) consciente dos problemas que cercam o processo ensino-aprendizagem. Quando se fala em educacao, principalmente em disciplinas mais exigentes como é o caso da fisica. A maioria conhece perfeitamente bem os problemas relacionados as dificuldades em aprender fisica, e que sao problemas que deveriam comecar a ser solucionados. Quando o aluno entra na escola, mais precisamente no primeiro grau, uma vez que a fisica faz parte do nosso cotidiano, e que tern uma fundamental importancia em nossa vida, na tecnologia, enfim, em tudo que nos cerca. Entao porque nossos alunos tem tao pouco conhecimento? Muitos chegam ao 2° grau, totalmente desatualizado, quando se fala em fisica, parece ser uma disciplina dificil e que nunca existiu, que so apareceu para complicar a vida do aluno. Uma vez que é tudo ao contrario, do que citamos, a fisica tern uma grande importancia em nossa vida e que faz parte do nosso cotidiano. 0 objetivo principal deste trabalho foi levantar as dificuldades encontradas em aprender fisica, no Curso de Magisterio 2° grau, no municipio de Faz do Iguacn - Pr., a partir do depoimento dos alunos. Para o levantamento foi utilizado urn questionario compost° por quinze questOes abertas, para dar major liberdade de expressao aos alunos sobre suas dificuldades no processo ensino-aprendizagem, bem como, dar sugestOes sobre o que poderia ser feito para minimizar tais problemas. As questOes foram elaboradas a partir das seguintes hipOteses: falta de pre-requisito; dificuldades em interpretar conceitos basicos; dificuldades de expressao do professor; professor nao habilitado; e falta de perspective do aluno corn relacao aos estudos. Com este trabalho, foi observados algumas dificuldades ligadas a disciplina as causas desta dificuldades sao as seguintes: 1. Para 84,8% a falta de introducao no I° grau, se os alunos tivessem mais informacao, se materia fosse trabalhada mais adequadamente, corn certeza o aluno chegaria no 2° grau mais preparado, podendo assim, veneer muitas barreiras na disciplina, isso tambem poderia ate despertar major interesse por parte dos alunos. Pois sentimos que muitos alunos chegam no 2o grau totalmente perdido, confuso, corn medo da disciplina. 2. A carga horaria semanal, segundo 74,6 % dos alunos mesmo tondo a disciplina como sendo uma materia dificil, acham que 02 horas semanais de aulas nao e suficiente para aprender a materia. 3. A linguagem usada pelo professor, que muitas vezes usam uma linguagem em que os alunos nao entendem, e o professor nao preocupa em mudar, procurar uma forma mais simples de passar os contendos, para 82,2% dos entrevistados. 4. HO muitas, falhas no sistema educational muitos professores desinteressados, sem qualificacao, nao tern urn born preparo, e nao estorcam para aprofundar nos contendos, para alguns alunos, urn professor nao habilitado pode ser comparado como um aluno que inicia o 2° grau, sem um conhecimento de fisica, tambem relacionamos aqui a falta de materia laboratorios etc. 5. 0 dialog°, que muitas vezes separam o professor e o aluno, o professor que dialoga, cria uma amizade, essa integracao ajuda a desenvolver a aprendizagem, o aluno perde o medo, a vergonha e Ilea mais seguro na hora de perguntar questionar etc. 0 professor deve ter postura e saber impor para que os alunos nao confunda dialog° corn baderna que atrapalham, um professor simpatico, amavel, conquista os alunos e nao deixa de ter autoridade, corn isso, transmite o contend° corn mais facilidade, é a opiniao de 90,3% dos alunos. Tais resultados podem servir de parametro para a elaboracao dos prOximos projetos pedagOgicos e pianos de ensino, onde deve-se adequar as estrategias processo ensino-aprendizagem a uma situacao mais proxima a realidade e nao apenas do ponto de vista do professor. PAINEL 7.4 - DIFICULDADES EM APRENDER FISICA NAS ESCOLAS PUBLICAS DE ENSINO MEDIO NO MUNICIPIO DE FOZ DO IGUACIO - PR., NO ANO DE 1997 VagoerCamarini Alve.sj e Aparecido bus [email protected] — Caixa Postal 976 — CEP. 19.050-900 'FACLEPP / UNOESTE — / Programa de POs-GraduacAo em Ensino de Fisica — UNOESTE. A fisica deve e pode ser apresentada aos alunos de forma que eles percebam que ela é uma ciencia criada pelo homem em sua constante busca pela melhoria da qualidade de vida. Temos consciencia de que o aluno pode captar melhor o ensino de fisica, quando esta for trabalhada coin temas que ele associe a sua vida cotidiana. Deste modo, é preciso pensar sempre em como conduzir o trabalho em sala de aula para que o aluno construa seu conhecimento de forma a desenvolver e utilizar todo seu potential criativo e critico, apropriando-se dos conceitos e da linguagem do ensino de fisica. 213 estudo e a possibilidade de dialogarmos corn ditcrentcs \.1sOcs sobre unia ittoviica° especifica c sobre tematicas que emergem nesse contexto, como por exemplo: o !lapel do sistema educativo tiente as desigualdades sociais; os desafios de uma educacao geral basica quc reconheca e trabalhe as iliferencas entre os alunos; a relacao entre o desenvolvimento professional e a Reforma em curso modelos de desenvolvimento curricular; a ampliacao do significado de contendo; a proposicao de uma abordagem integrada das Ciencias; a dimensilo optativa do curriculo e a reproducao de papeis internalizados socialmente. A multiplicidade de sitmificados apresentados. expressOes de diferentes culturas presentes e em conflito no contexto escolar sinalizam o carater complex° das inovacOes. No caso da experiencia inglesa, dialogamos corn analiscs e resultados de pesquisas fundadas em uma base bastante diversificada de dados, levantados em estudos de caso, entrevistas semi-estruturadas e surveys. Apresentamos trabalhos de diferentes pesquisadores, convergentes em relacao aos eleitos da implantacao de urn Curriculo Nacional nas escolas inglesas. ldentificamos a importancia de considerarmos o conflito entre forcas politicas, entre projetos de sociedade distintos c sua incidencia na definicao dos !limos de uma inovacao. A implernentacao de uma inovacao e um processo politico que envolve conflito, que interfere em relacoes de poder e abarca interesses diferenciados. proprios de cada contexto. no qual atuam os agentes envolvidos. A experiencia inglesa possibilitou-nos ainda retletir sobre as diticuldades inerentes a urn curriculo detalhado e prescritivo, e as contradicOes de um sistema de avaliacao externa das escolas baseado na padronizacao de desempenhos dos alunos. As pesquisas demonstraram os efeitos negativos de alministrar a tensao entre autonomia e controle de modo a fortalecer urn dos pOlos determinando praticamente a exclusao do outro. Ao analisarmos as experiencias inglesa e espanhola. optamos por diferentes aberturas c possibilidades de reflexao sobre a pratica docente. sobre as acOes no camp° do desenvolvimento protissional e sobre gestao de programas de inovacilo. Explicitamos a diversidade e as tensOes emergentes de visOes e posicionamentos conflitantes. lnterpretamos a presenca dessas tensOes no contexto escolar e na comunidade educativa, enquanto elementos fundamentals de uma complexidade dinamica. Sao tensCies que nao devem ser tratadas no sentido de excluir um de setts elementos geradores, mas que devem ser alimentadas enquanto componentes de uma mesma totalidade, no sentido de se constituirem em forcas de mudanca. Dentro dessa perspective, a complexidade de uma inovacao revela-se sobretudo na impossibilidade de controle do processo assim como do estabelccimento de uma relacao linear entre causa e Oen°. seja no tempo, seja no espaco. A partir dessa visa . ° sistematizamos referencias e eixos para abordar a producao de mudancas no sistema educativo, que apontam para uma busca sistematica pelo entendimento dos fatos e situagOes, para o desenvolvimento da capacidade de aprender corn novos contextos, sabendo que nao ha uma resposta definitiva. Para tanto, e essencial o reconhecimento dos problemas como inerentes a qualquer esforco sério de produzir mudancas. Os problemas sao uma condicao necessaria ao aprender. NA° ha como desenvolver respostas efetivas a situacoes complexas evitando o confronto corn os problemas ou atribuindoos a resistencia, a ignorancia ou a visa() errada de outros. Os eixos propostos enfatizam a procura por interrelaciaes em vez de tuna cadeia linear de causa e efeito, e o tratamento da mudanca como urn processo, nao como o resultado de ulna acao cuidadosamente planejada. Finalizamos o trabalho dialogando corn uma experiencia brasileira. Refletimos sobre a elaboracao dos eixos norteadores do programa Escola Plural e a sua implantacao inicial no municipio de Belo Horizonte. Nao analisamos dados de implantacao. Refletimos sobre a experiencia de um dos autores na elaboracao e deflagracao inicial do programa enquanto diretor do Departamento de Educacao de uma das AdministracOes Regionals da cidade . As questrOes e hipOteses resultantes dessa problematizacao pretendem chamar para o debate sobre a experiencia em curso na rede municipal de Belo Horizonte. Contudo urn debate que contribua para a elaboracao de uma agenda de pesquisa, que reforce a necessidade de voltarmos nossa atencao sobre os processos de implementacao de mudancas e os resultados que produzem, corn vistas a concretizacao de politicas pnblicas mail continuas e articuladas ao desenvolvimento profissional dos professores e das instituiciaes em que atuam. PAINEL 7.11 - ENSINO - APRENDIZAGEM DE ELETRICIDADE - UMA EXPERIENCIA DA PROPOSTA GREF Grafiela das Neves'* Yassuko llosounie' I POs-graduacAo I F US WITUSP I FUSP - Yhosoume@anpfep I .1 F:usp.hr Este trabalho consiste numa pesquisa sobre aprendizagem de alguns elementos da Eletricidade, utilizando em urn curso a proposta de ensino desenvolvida pelo Grupo de Reelaboracao do Ensino de Fisica (GREF). Participaram dessa pesquisa aproximadamente 65 alunos de uma escola pnblica da cidade de Sao Paulo. Urn dos objetivos do GREF e trabalhar a Fisica a partir do cotidiano. E into comeca a ser feito quando o curso é organizado a partir de urn levantamento de coisas que os alunos acreditam estar relacionadas corn a eletricidade. Para dar uma breve ideia de como os content:1os foram abocdados, enumeramos os titulos das 222 Leituras (capitulos) dos textos desenvolvidos pclo REF para os alunos (versa° preliminar), sobre o conteudo de Eletromagnetismo, da parte que foi trabalhada: /.0r/c/c neio este' a eletricidade? - Uma introducao a classificacao da Eletricidade, onde o objetivo é mostrar que todos os objetos podem ser "eletricos", dependendo do ponto de vista utilizado na sua classificacao; 2. Pond° ordeal denim e fora de coca. - Urn levantamento de coisas que os alunos acreditam ser objeto de estudo da Eletricidade e classificacao em aparelhos resistivos, motores, fontes de energia, elementos de comunicacao e informacao, componentes eletro-eletronicos e semi-condutores; 3. Elementos dos circuitos eletricos. — Estudo dos componentes de circuitos eletricos e apresentacao de condutores e isolantes eletricos; 4. Cuidado! E 110V ou 220V? Uma pesquisa previa das informacOes contidas nas "chapinhas" dos aparelhos eletricos, e conceituacao de tensao eletrica, corrente, potencia e frequencia; 5. A confer de luz. — Introducao ao conceit° de energia eletrica; 6. Exercicios. (Referentes a todos as Leituras anteriores); 7. Chuveiros eletricos (ativiclade experimental). - Obtencao das relacOes entre o comprimento do resistor corn a potencia, o aquecimento e a corrente eletrica; 8. Lampadas e Jzrsiveis (atividade experimental). - Obtencao das relacOes entre a espessura do resistor corn a potencia, a corrente e a luminosidade (aquecimento); 9. A potencia nos aparelhos resistivos: 10. 0 controle da corrente eletrica; — Sistematizacao das relacOes obtidas coin as atividades anteriores: P = U.I, U = RI, R = p.I/A. ; //. Ligaceies - eletricas na residencia. - LigagOes residenciais bifasicas e monofasicas; 12.Circuitos eletricos e sua representaccio. - Circuitos eletricos e sua representacao na Fisica; 13. Exercicios. (Sobre os contendos abordados da Leitura 7 a 12). Para obter dados para a analise do trabalho desenvolvido, inicialmente foi feita uma pesquisa sobre os conceitos intuitivos dos estudantes, atraves de um pre- teste. E depois do curso foi pedido aos alunos para responderem ao pas - teste, que foi igual ao pre - teste. Os testes aplicados consistiram de dois questionarios, que foram elaborados e/ou adaptados a partir de algumas das bibliografias que trata de conceitos espontaneos de Fisica. 0 primeiro questionario é composto por dez questOes que tentam investigar a visao que os alunos tern sobre a eletricidade, explorando aspectos do cotidiano e as caracteristicas mais qualitativas dos fenomenos. Por exemplo, "que tipos de coisas, situacCies ou palavras surgem na sua cabeca quando se fala ern eletricidade?", "por que o ferro esquenta quando ele esta ligado?", "como a eletricidade age num liquidificador para die poder funcionar?". O segundo questionario é constituido de duas questOes sobre o funcionamento de circuitos eletricos simples. Uma delas apresenta um circuito coin associacao de lampadas em serie e a outra questao, em paralelo. Nas duas questOes foi pedido para responder qual(is) das lampadas teriam major luminosidade, e porque. A analise dos dados foi feita atraves da busca de respostas que apresentavam aspectos em comum. Portanto, para cada questao de cada questionario, buscamos categorias comuns de respostas. Este processo foi feito para os dois questionarios, antes e depois do curso dado. A partir da comparacao dos resultados da analise dos questionarios inicial e final, tentamos verificar qual foi o nivel da aprendizagem obtida, e tentamos relacionar coin a metodologia de ensino desenvolvida durante o curso. Para exemplificar os resultados obtidos, ern relacao a questao do primeiro questionario que pergunta "porque o ferro esquenta quando esta ligado", no teste inicial 38% dos alunos acreditavam que o aquecimento estava relacionado coin o contato da energia eletrica coal algum componente intern() do ferro, sem especificar qual era o componente. ApOs o curso, 65% dos alunos o identificaram como a resistencia do Ferro. Para esta rnesma questao, 10% dos alunos responderam, no teste inicial, que o aquecimento ocorre devido a transformacao da energia eletrica ern energia termica e 26% apresentaram esta resposta apOs o curso. No questionario referente aos circuitos eletricos 85% dos alunos afirmaram haver diferenca entre a luminosidade das lampadas, a maioria das justificativas se referiam a proximidade da lampada que brilha mais, de urn dos polos da pilha. Apos o curso, 55,7% dos alunos responderam que as lampadas (de mesma potencia e tensao nominal) possuem o mesmo brilho. Pudemos concluir coal esta pesquisa que obtivemos resultados satisfatOrios. A maioria dos alunos conseguiu atingir o nivel minim° da explicacao formal cientifica. 0 curso influenciou a maneira que os alunos tinham de "ver" a eletricidade, aumentando a percepcao da utilizacao da eletricidade no cotidiano, isto pode ser verificado mesmo nas questOes cujo contend° nao foi trabalhado durante o curso, como por exempt°, uma questao envolvendo o principio de timcionamento de uma TV. Vimos tambem que a maioria dos alunos, utilizaram o model° cientifico de circuitos eletricos nas respostas dados apOs o curso. A partir dos resultados obtidos, pudemos verificar que a metodologia proposta pelo GREF propicia uma aprendizagem significativa no ensino de Eletricidade. *Auxilio CAPES/SPEC Bibliografia: 1. GRAVINA , M.H. BUCHWEITZ . Mudancas nas concepcOes alternativas de estudantes relacionadas corn Eletricidade. Revista Brasileira de ensino de Fisica, Vol.16, n.s(l a 4),1994 Sociedade Brasileira de Fisica. 223 O nue e 1181.? MBL e uma ferramenta inovadora pertencente a nova tecnologia educacional e que consiste na integraciio de dispositivos fisicos de controle e interfaceamento de sensores e de programas aplicativos de armazenamento, tratamento e exibicao dos dados em diversos formatos. Normalmente as interfaces permitem o controle simultanco de alguns poucos sensores. mas isso (" stificiente para que possamos controlar e medir simultaneamente varias grandezas fisicas na situacao de interesse. Simultaneamente a coleta de dados das medidas, podemos apresentar as grandezas em tabelas c graficos. Quais as vantagens do 1111112 Podemos citar cinco principals vantagens do MBL: muda o foco da atencao dos estudantes, aumenta a possibilidade de se realizar varias experiencias em uma aula, amplia o horizonte experimental acessivel ao estudante, possibilita o controle e desperta o interesse do aluno, clesenvolve a habilidade de interpretar as informacOes cientificas. Muria a laco da Welk& dos estudantes Uma caracteristica das atividades corn MBL é a simplificacAo e mesmo eliminacao dos aspectos rotineiros e burocraticos dos experimentos, principalmente os procedimentos repetitivos e tediosos das coletas de dados e de construcAo de graficos. Como isso os estudantes necessariamente terao que mudar o loco de sua atencao: ao inves de se concentrar nesses aspectos como normalmente o fazem nos laboratOrios tradicionais, os estudantes passam a gastar mais tempo e focalizam sua atencao em questOes relacionadas decis'Ao sobre o que e como sera medido, a como as grandezas fisicas mensuradas devem ser tabuladas e a quais graficos sao relevantes para compreender o fenomeno e suas consequencias. Esses sao, em geral, os aspectos mais relevantes das experiencias. Aumenta a possihilidade de realizar tyirias experiencias en ► ion a aula A resposta rapida fornecida durante as atividades corn M.B.L e uma das caracteristicas mais poderosas dessa tecnologia. Os dados sao imediatamente disponibilizados na forma de tabelas e graficos, liberando os estudantes para dedicarem atencab a Ciencia subjacente aos dados. Alem disto, a major velocidade na coleta e apresentacao dos resultados cria a possibilidade de se repetir a experiencia varias vezes alterando-se as condicOes iniciais, aumentando corn isso a seguranca e dominio do estudante sobre o tema sob investigacao. A disponibilidade de se apresentar os dados de diversas formas tambem promove o desenvolvimento das habilidades de interpretar os varios formatos de comunicacao utilizados na Ciencia. A facilidade de experimentar sem grande esforco repetitivo, permite ao professor encorajar o estudante testar e corrigir suas prOprias ideias. A ►plia o horizontal experimental acessivel 110 estudante MBL fornece uma grande quantidade de dados e informacOes na melhor forma possivel, permitindo a analise de situacOes complexas no laboratOrio. A utilizacao do MBL possibilita ao aluno fazer estudos quantitativos de uma ampla gama de fenOmenos, que ate entao, seria impossivel nos laboratorios tradicionais. Assim, permite incorporar como objetos de investigacao experimental lenomenos que ocorrem em intervalos de tempo muito pequenos, os chamados transientes, on ainda fenOmenos de longa duracao, como alguns fenOmenos biolagicos. Possibilita o controle e &Tern' a interesse do abut() A nova tecnologia do MBL é atrativa, dinamica e interessante. 0 aprendizado tambem é encorajado corn a motivacao dos estudantes para expressar suas expectativas e discutir resultados inesperados. Num laboratOrio corn o MBL, o controle passa do professor e do roteiro para o estudante, que podem sentir se senhores de sua prOpria aprendizagem e achar facil investigar, corn sucesso, todas as coisas que os interessa, pois a utilizacao do MBL demanda pouquissimas instrucOes, e o controle do processo de medida fica sob supervisao do microcomputador. Aqueles estudantes, que tern diliculdade e ansiedade na manipulacao de instrumentos de laboratOrio, podem sentir-se seguros ao lidar corn instrumentos de laboratOrio baseados em microcomputador, o suficiente para se disporem a perguntar e responder suas prOprias questOes. Desenvolve a hahilidade de interpretar as infonn ► ciles delta:fiats Os efeitos da representacao grafica do MBL sobre os estudantes é vastamente estudado hoje em dia pelos especialistas em educacao. 0 conhecimento cientitico possui certos formas preferenciais para a comunicacao de informacOes, tais como, tabelas e graficos. Muitos professores tem descoberto que incapacidade de tracar e interpretar graficos é Lim grande bloqueio a aprendizagem de importantes conceitos fisicos. Alguns pesquisadores cheg,am a estabelecer que esta incapacidade em lidar corn graficos decorre da dificuldade em relaciona-los corn a realidade fisica concreta. As facilidades de apresentar os resultados das experiencias imcdiatamente em varios formatos pode constituir-se uma rara oportunidade de se aperfeicoar esta habilidade em lidar corn as diversas formas de representacao de cientificas. 0 fato do aluno ter em tempo 226 real o lenOmeno ocorrendo simultaneamente aexihicao de sua representacao cm labelas e grafieos pode vir lacilitar a sua compreens50 da relac5o entre o represcritacao e o (me e representado. Intender ern saber relacional - a representacilo abstrata corn o complex° mtmdo concreto do lenkUnen0 natural. 4 Trabalho parcialmente financiado pelo CNN. PAINEL 8.3 - DESIGN INSTRUCIONAL 1)E UM SISTEMA HIPERMiDIA 13ASEADO EM DIAGNOSTICO CONCEITUAL DE MECANICA BASICA Thr1ht kc:cm/c I ;II)calorio (IL. I ecilol ■ Tia, Irk:/en(lc - I I S/I it [MIL'S lnfroducdo A multimidia. sendo um mei() de processor a informacao conjugando varios tipos de miclia como textos, graficos, animacOes. videos e sons apresenta um potencial especifico para o ensino de Fisica, tornando possivel a animaciio de fenemenos c a simulacAo de modelos fisicos. A hipermidia acrescenta a multimidia urn alto gran de interatividade e traz a possibilidade de reflex5o por parte do estudante, de considerac5o ao sett estilo cognitivo e as suas concepc O - es previas. 0 desenvolvimento do sistema hipermidia "Forca & Movimento" objeto desse estudo procurou lancar moo desse potencial para atuar significativamente frente as dificuldades conceituais dos estudantes de Fisica apontadas pela literatura presentes tanto no 2 ° como no 3 ° grati. Especi licacao do sistema hipermidia "Forca & Movimcnto" O sistema hipermidia 'Toro & Movimento" (Gomel, 1996) foi especificado em 001-IDM (Schwabe & Rossi, 1994), o que permitiu sua implementacao baseada nos seus modelos de contend° e de navegacao descritos nesta secAo. Model() de Contend° do Sistema O sistema implementado constitui-se em urn ambiente hipermidia cujos nos sao gerados a partir das classes flindamentais "SituacOes". "Concepcoes" e "Leis fisicas". Da classe - "Leis fisicas" sao derivadas as subclasses "Modelo Cientifico"e "Modelo Hibrido" que se referent a simulacOes de situacOes fisicas regidas pelas leis fisicas levando em considerac5o a concepc5o cientifica e a concepc5o do estudante. Os atributos basicos dos nes derivados das tres classes e subclasses sao: o nome do nO, uma descricao textual e uma animacilo que se referent ao contend° do nO. O Modelo de Navegacao do Sistema: 0 Design Instrucional O modelo de navegacao do sistema hipermidia "Forca & Movimento" reflete o relacionamento entre Os nos derivados das tres classes fundamentals, cada uma das classes disponibilizando 5ncora para as demais. O contexto de navegacao (ou lour guiada) "Discussed' e um atributo da relacao entre as classes "ConcepcOes" e "Leis Fisicas" denominado de "Conciliacao". Esse atributo caracteriza o design instrucional do contexto de navegacao "Discussao" de acordo corn o pressuposto teerico de possibilitar a identificac5o de sucessos parciais dos estudantes a fim de que sejam emendados ao longo de uma discuss5o (diSessa, 1988, Smith et al., 1993), promovendo a conediacdo entre o ponto de vista do estudante e o conhecimento cientitico. 0 contexto de navegacao "Discuss5o" simula a discussao qualitativa dos conceitos envolvidos em seis situacOes fisicas que representam dificuldades conceituais de calouros universitarios em mecanica basica selecionadas por meio da aplicac5o do Teste Diagnostic° de Mecanica Basica (comes, 1996) — atlas questOes se baseiam nas questOes do Inverdorio do C'olicedo de Forca (Hestenes et al., 1992) — aos calouros dos cursos de Licenciatura Noturna em Fisica, Quimica e Matematica da UFRJ, no inicio de 1995. Visando ao objetivo de atender 'as dificuldades conceituais dos estudantes, escolhemos as situacoes fisicas exploradas nas questOes cuja frequencia media de acerto foi menor do que 50%. Ja as caracteristicas tecnicas da navegac5o hipertextual sao exploradas fundamentalmente atraves da Iigacao conceitual n50-linear entre os nos derivados das tres classes fundamentals que compOem o sistema, realizada na navegacao livre. 0 Contend° dos Nos do sistema As seis situacOes fisicas que compoem a classe "SituagOes" sao: (i) um corpo em queda livre, (ii) urn lancamento para cima; (iii) urn lancamento horizontal; (iv) urn lancamento oblique (v) urn corpo em velocidade constante apes receber urn impulso; e (vi) o movimento de um foguete que viaja no espaco corn o motor ligado e depois desligado. Foram incluidos na classe "ConcepcOes" os conceitos considerados fundamentals para a discussfto da relac5o entre forca e movimento, abordados qualitativamente. 0 contend° dos nos procura enfatizar, na medida do possivel, os pontos problematicos da relacao entre forca e movimento, como por exemplo, a 227 relativa independencia entre a forca aplicada e a velocidade do corpo (ja que elas podem ter sentidos opostos e pode haver velocidade com forca resultante nula). O contend° dos nos referentes as tres leis de Newton se baseou em exemplos frequentemente utilizados em livros-texto de fisica de 2 ° e 3 ° graus. Referencias 1. diSessa, A. (1988). Knowledge in pieces. In G. Forman & P. Pufall (Eds.), Constructivism in the Computer Age. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, Inc. 3. Gomes, Flavia Rezende S. (1996). A Hipertnidia no ensino de Fisica .facilitando a construed° de conceitos de mecdnica basica. (Tese de doutorado). Rio de Janeiro, Departamento de Educacacao, PUCRJ. 3. Hestenes, D., Wells, M. & Swackhamer, G (1992). Force concept inventory. The Physics Teacher, 30, March. 4. Schwabe, D. & Rossi, G (1994). From domain models to hypermedia application:an object-oriented approach. Relatorio Tecnico MCC 3094, Departamento de Informatica, PUC-RJ. 5. Smith, J. diSessa, A., & Roschelle, .1. (1993). Misconceptions reconceived: A constructivist analysis of knowledge in transition. The Journal of the Learning Sciences, 3(2): 115-163. PAINEL 8.4 - UMA EXPERIENCIA DE PRODUcA0 DE MATERIAL DIDATICO, VIA INTERNET# Maria Hilda de Paiva Andrade' e Oto N. Borges' Faculdade de Educacao da UFMG - mhildaP,educativa.org.br 'Colegio "ramie° e Programa de Pos-Graduacio em Educacao— UFMG - [email protected] I Introducao Em resposta a atual demanda por modalidades de Educacao a Distancia, o Centro de Ensino de Ciencias e Matematica da UFMG (Cecimig) vem desenvolvendo um Projeto de Educacao a Distancia, via Internet, buscando desenvolver modelos que contribuam para o desenvolvimento profissional e a formacao continuada de professores da area de Ciencias e Matematica. A equipe de Educacao a Distancia (EaD) do Cecimig e forrnada por professores da Area de Ciencias (Fisica, Quimica e Biologia), de Matematica, de Portugues e Pedagogia, alem de contar corn o suporte de uma equipe tecnica em informatica. Ha urn coordenador geral e os professores que tens a funcao de orientadores possuem experiencia anterior em producao de material didatico; urn dos membros da equipe tern experiencia anterior em EaD. Na primeira etapa do projeto, o Cecimig ofereceu aos professores do Ensino Fundamental do Estado de Minas Gerais tres modelos de interacao a distancia, utilizando a Internet nas comunicacOes: Cursos de Aperfeicoamento, Grupos de Discussao Tematica e Grupos de Producao de Material Didatico. Este trabalho relata uma experiencia vivenciada num Grupo de Producao de Material Didatico Distancia, tendo como foco as interacOes ocorridas durante o processo. Procuramos analisar as dificuldades encontradas e as solucOes propostas para enfrenta-las, visando tornar o processo mais eficiente. 0 Grupo de Producao de Material Didatico (GPMD) O GPMD é um modelo de formacao profissional que consiste em levar urn grupo de professores a elaborar um material didatico — uma unidade tematica, contextualizada e adequada para alunos de uma determinada faixa etaria ou ciclo de formacao. Os professores escolhem o tema, delimitam-no, decidem sobre quais os conceitos ou conteados sera() abordados e em que profundidade, escolhem atividades adequadas para desenvolver esses contendos, escrevem os textos e os roteiros para o aluno, escrevem urn manual para o professor, corn orientacOes e sugestoes sobre como desenvolver a unidade e elaboram uma visao geral da unidade. A dinamica num Grupo de Producao de Material Didatico, via Internet. As interaceies entre os orientadores e os professores participantes foram feitas atraves das paginas do curso, do correio eletronico e, eventualmente, por telefone. Os professores inscritos num mesmo tema deviam interagir atraves das paginas do curso e via correio eletronico, visando constituir urn grupo de trabalho que devia produzir urn tipo de material didatico — uma Unidade Tematica. O orientador tinha como sua responsabilidade fornecer instrucOes, incentivos e subsidios aos componentes do seu grupo de trabalho, buscando o objetivo final, que era a producao de uma Unidade Tematica. Para isso, era preciso identificar os problemas ou obstaculos e empreender awes que permitissem supera-los. 228 Uma vez por semana, a equipe de EaD do Cecimig se reunia e discutia sobre o andamento do projeto, procurando identificar as causas dos problemas e buscando solucoes para enfrenta-los. Essas discussOes foram subsidiadas por leitura e discussao de bibliografia especifica da area. Uma breve analise desta experiencia Para facilitar essa analise recortamos o processo em quatro etapas ou mementos que consideramos cruciais e que encerram dificuldades preprias: I ) a constituicao de um grupo de trabalho a partir de interacees via internet; 2 ) a compreensao da tarefa a ser realizada; 3 ) a escolha dos topicos e delimitacao do terra; 4 ) a elaboracao (escrita) do material. Alguns aspectos dificultaram o processo na primeira etapa, dentre os quais destacamos: a) nem todos os inscritos participaram do processo, o que dificultou a formacao inicial dos grupos e gerou a necessidade de reenturmacao; b) alguns participantes se dispersaram entre varios cursor e varias salas que podiam acessar; isso dificultou o encontro entre as pessoas na mesma pagina; c) ao entrar numa pagina os professores nao procuravam interagir corn quern ja havia entrado nas salas, ignorando o contend° das mensagens ja gravadas nelas; d) a lideranca no grupo se surgiu apes varias falas isoladas, em que se buscava interlocucao. A maior dificuldade da segunda etapa pode ser atribuida ao fato de o processo de producao de unidades tematicas nao ser conhecido pelos professores e os textos informativos estavam em paginas que eles deviam abrir, copiar e imprimir, awes que muitos nao dominavam ainda. A terceira etapa foi prejudicada pela demora do retorno dos professores apes as ferias escolares. Nessa etapa foi necessario recorrer ao telefone para incentivar os professores a continuar o trabalho. A partir de entao, algumas pessoas do grupo passaram a interagir tambem por telefone e combinaram de encontrar-se no laboraterio de onde acessavam a rede. A quarta etapa encerrou as dificuldades especificas da producao de urn material didatico, envolvendo tanto aspectos da linguagem quanto dos contendos cientificos. Foram feitas sugestees de modificacOes na primeira versao e foram feitas tentativas de melhorar a qualidade do material. A Oltima versa() foi enviada pelo correio, pois as paginas do GPMD ja nao estavam mais disponiveis. Consideracoes finais Do ponto de vista da orientacao do projeto, cada etapa encerrou algum tipo de dificuldade, nem sempre facil de identificar ou de solucionar. Manter algum controle sobre o processo, ja que deviamos orienta-lo, identificar as dificuldades que os cursistas estavam enfrentando e escolher a melhor forma de contorna-las ou supera-las nab foi tarefa facil. Apesar das varias dificuldades enfrentadas durante o processo, consideramos que a experiencia foi um sucesso e o principal ganho nesse grupo pode ser considerado o nivel de interacao que se estabeleceu entre os participantes ao longo do desenvolvimento do projeto que estimulou o interesse das pessoas em se conhecerem pessoalmente. Analisando o texto didatico produzido pelo grupo, ha ainda correcOes a serem feitas, tanto do ponto de vista da linguagem quanto do ponto de vista dos conceitos cientificos. Algumas questOes nos interessavam especialmente e ainda estamos buscando responde-las: C01710 se estabelece a identidade de um grupo que interage a distancia? Como surge a lideranca nesse grupo? Que papel dove desempenhar o orientador em cada etapa do processo para torna-lo mais eliciente? A medida que conseguirmos respostas para essas e outras perguntas, pretendemos elaborar um "Manual do Coordenador de Curso de Educacao a Distancia". Trabalho parcialmente financiado pelo CNPq. PAINEL 8.5 - UMA EXPERIENCIA DE PRODUCAO DE MATERIAL DIDATICO, VIA INTERNET# Maria Hilda de Paiva Andrade' e OW N. Borges' l'aculdade de Educacflo da UFMG - [email protected] 2 Colegio Tecnico c Progrania de POs-GraduacAo cm Educacao - UFMG - oto(ii),coltec.amg.br I Introductio A necessidade de melhoria da qualificacao profissional de professores e de outros profissionais da educacao tem demandado pesquisas na area, em busca de novas formas de atendimento, visando, essencialmente, atingir urn nnmero cada vez maior de pessoas, sem aumentar proporcionalmente os custos e permitindo que esses profissionais continuem em servico. Este tipo de demanda remete a. educacao a distancia, urn modelo ja conhecido e muito utilizado em outros paises, e que vem se expandindo tambem entre nos. Corn a evoluctio das tecnologias de informacao, ampliaram-se as possibihda-des de comunicacao e, a partir de entao, a educacao a distancia vem recebendo um grande impulso, pois torna-se possivel colocar em contato pessoas desconhecidas e geograficamente 229 distantes, mas que tem algum interesse em comum. A popularizacao do use de computadores e o aumento do namero de pessoas ligadas a Internet tern feito corn que a educacao a distancia mediada por computadores venha a tornar-se uma realidade possivel e, corn isso, surge entao a demanda por modelos eficientes dessa modalidade educacional. Em resposta a essa demanda, o Cecimig vem desenvolvendo urn projeto de educacao a distancia, buscando desenvolver modelos que sejam efetivos no desenvolvimento profissional e na educacao continuada de professores da area de Ciencias e Matematica. A equipe de Educacao a distancia (Ead) do Cecimig é formada por professores da Area de Ciencias (Fisica, Quimica e Biologia), de Matematica, de Portugues e Pedagogia, alem de contar corn o suporte de uma equipe tecnica em informatica. Os professores que orientam os Grupos de Producao de Material Didatico ja tem experiencia anterior em produzir materiais didaticos e uma das participantes da equipe ja tern experiencia anterior em Ead. Na primeira etapa do projeto, o Cecimig ofereceu aos professores do Ensino Fundamental do Estado de Minas Gerais tres tipos (modelos) de interacao a distancia, utilizando a Internet nas comunicacOes: Cursos de Aperfeicoamento, Grupos de Discussao Tematica e Grupos de Producao de Material Didatico. Cada um desses tipos de "curso" tinha uma equipe de orientadores especifica. Este trabalho relata uma experiencia vivenciada num dos Grupos de Producao de Material Didatico distancia e procura analisar cada uma de suas etapas, tanto no que diz respeito as dificuldades encontradas no processo quanto as solucoes propostas para enfrenta-las. 0 que é um Grupo de Producao de Material Didatico (GPMD) 0 GPMD é urn model° de formacao profissional que consiste em levar urn grupo de professores a elaborar urn material didatico — uma unidade tematica, contextualizada e adequada para alunos de uma determinada faixa etaria ou ciclo de formacao. Os professores escolhem o terra, delimitam-no, decidem quais os conceitos ou contendos sera() abordados e em que profundidade, escolhem atividades adequadas para desenvolver esses contendos, escrevem os textos e os roteiros para o aluno, escrevem urn manual para o professor, corn orientacOes e sugestOes sobre como desenvolver a unidade e elaboram uma visa() geral da unidade. A dinamica do trabalho num Grupo de Producao de Material Didatico (GPMD), via internet Os orientadores tinham como sua responsabilidade fornecer instrucOes, incentivos e subsidios aos componentes do seu grupo de trabalho, buscando o objetivo final, que era a producao de uma unidade tematica. Para isso, era precis() identificar os problemas ou obstaculos e empreender acOes que permitissem supera-los. Uma vez por semana toda a equipe se reunia corn a coordenacao e discutia-se sobre o andamento do projeto, procurando identificar as causas dos problemas e propondo-se solucOes para enfrenta-los. Essas discuss O - es eram subsidiadas pela leitura e discussao de bibliografia especifica da area. Os professores inscritos no projeto deviam interagir entre si para constituir urn grupo de trabalho e, enquanto grupo, deviam desenvolver urn trabalho de producao de material didatico. Do ponto de vista da orientacao do projeto cada etapa encerrou algum tipo de dificuldade, nem sempre facil de identificar ou de solucionar. Manter algum controle sobre o processo, ja que deviamos orienta-lo e identificar as dificuldades que os cursistas estavam enfrentando nao foi tarefa facil. A identificacao dos obstaculos e a escolha da melhor forma de contorna-los ou supera-los ocorria nas reuniOes semanais da equipe de coordenacao e orientacao, apos reflexties e acaloradas discuss 6- es. 0 foco principal deste trabalho 0 loco principal deste trabalho e a analise da interacao dos professores durante o desenvolvimento do trabalho. Para isso, recortamos o processo em quatro etapas ou momentos que consideramos cruciais e que encerram dificuldades prOprias: I ) a constituicao de um grupo de trabalho a partir de interacoes via internet; 2 ) a compreensao da tarefa a ser realizada; 3 ) a escolha dos topicos e delimitacao do terra; 4 ) a elaboracao (escrita) do material. Na primeira etapa analisamos as interacOes iniciais dos professores nas paginas de discussOes do GPMD procurando identificar possiveis causas das dificuldades encontradas, destacando aquelas diretamente relacionadas corn o desempenho do orientador. Na segunda etapa analisamos as dificuldades enfrentadas pelos participantes para compreender a tarefa que deviam desempenhar, buscando identificar suas causas e propondo medidas para supera-las. A terceira e a quarta etapas tratam das dificuldades especIiicas da producao de urn material didatico, envolvendo tanto aspectos da linguagem quanto dos contendos cientificos. Em resumo, procuramos analisar em cada etapa, como se den a interacao entre os participantes do grupo e entre o orientador e o grupo, em busca de tornar essa interacao mais eficiente e o trabalho mais produtivo e de melhor qualidade. 230 Algumas questeies nos interessavam especialmente e ainda estamos buscando responde-las: C01710 se estabelece a idemidade de um grupo que interage a distancia? Como surge a lideranca nesse grupo? Oue papel deve desempenhar o orientador em coda etapa do processo para torna-lo mais eficiente? A medida que conseguirmos respostas para essas e outras perguntas, pretendemos elaborar urn "Manual do Coordenador de Curso de Educacao a Distancia". Trabalho parcialmente financiado pela FINEP e pela SEEMG. PAINEL 8.6 - UM CURSO DE ASTRONOMIA PARA ALUNOS DO ENSINO 1\1E1)10: DESENVOLVIMENTO E UTILIZACAO DE RECURSOS DE MULTIMIDIA E INTERNET A. J. A. de Oliveira, R. Garcia': F. P. I'Valirick2 e J. M. Povoa2 'Department() de Fisica — Universidade Federal de Sao Carlos — e-mail: adilsoWpower.u1Sear.br 2 Departamento de Fisica — Universidade Federal de SAo Carlos — e-mail: djpo@power. Isear,br Devido aos grandes avancos na area da Astronomia nas idtimas decadas e ao grande nUmero de informaceies vinculadas na midia, e muito comum a curiosidade -sobre temas ligados a essa ciencia nab apenas dos alunos do ensino fundamental e do ensino medic' mas tambem da populacao ern geral. Planetas, cometas, estrelas, buracos negros e a origem do universo sao assuntos que despertam interesse ern todos e incentivam os estudantes a procurarem cursos universitarios nos quais possam estudar e ate trabalhar ern Astronomia. E muito comum encontrarmos nas turmas de graduacao em Fisica uma boa parcelas daqueles que procuram esse curso corn o objetivo de se tomarem astronomos posteriormente. Esse objetivo muda no decorrer do curso quando os alunos acabam descobrindo,•por exemplo, que existe urn mercado de trabalho muito restrito para a Astronomia. Contudo, o estimulo inicial acaba proporcionando para alguns a continuidade dos seas estudos ern outras areas de pesquisa. Devido ao fato da Astronomia ser apresentada para o piiblico ern geral como uma ciencia que faz grandes descobertas, isso acaba atraindo a atencao de muitos estudantes para carreira cientifica. Entretanto, a Astronomia e praticamente inexistente nos curriculos tanto do ensino basico como do ensino medio. Os professores de Fisica e Ciencias na maioria das vexes nao recebem uma formacao adequada para tratar sobre esse terra na sala de aula. Alem disso o trabalho docente é dificultado, pois quando esses temas aparecem nos livros didaticos muitos erros conceituais sao encontrados freqiientemente, tais como modelos absurdos para as estacOes do ano, as fases da lua, os eclipses etc. E comum, por exemplo, encontrarmos explicacOes do tipo que as estacOes do ano ocorrem devido a variacao da proximidade da Terra ern relacao ao Sol e nao pelo fato que o eixo de rotacao da Terra estar inclinado em relacao ao piano da sua Orbita. A partir dessas constataceies c a convite de um grupo de professores, resolvemos desenvolver uma serie de mini-cursos para alunos de uma escola pnblica do ensino medio na cidade de Sao Carlos. A escolha dos tOpicos que foram abordados nos mini-cursos surgiu a partir de uma discussao previa corn os professores responsaveis pela disciplina de Fisica na escola. A conclusao que se chegou foi a de que deviamos escolher temas que instigassem a curiosidade dos alunos, sem entrar ern detalhes tecnicos ou modelos sofisticados. Dessa forma, foram escolhidos os seguintes topicos: "0 Sls. lema Solar" (Sol, planetas, satelites, cometas etc); "Sois Distames" (estrelas, nebulosas, ag,lomerados estelares, pulsares e buracos negros) e "lmperio Extragalatico"(galaxias, aglomerados de galaxias e a origem e evolucao do universo). A ideia de utilizarmos titulos diferentes e chamativos foi para ajudar a despertar o interesse dos alunos. Cada topico foi apresentado por urn monitor durante duas horas , uma vez por Ines, durante o periodo de setembro a dezembro de 1998. Flouve a participacao de alunos do primeiro, segundo e terceiros anos do ensino medio alem de alunos do quarto ano do curso de habilitacao especifica em magisterio, contanto corn a presenca de aproximadamente 50 alunos, previamente inscritos, ern cada mini-curso. Outro fator importante para a motivacao dos alunos foi a utilizacao de recursos de multimidia. Todos os mini-cursos foram preparados utilizando-se imagens e animaceies graficas disponiveis em sites na Internet como por exemplo o "htip://antwrp.g.sfemasa.goviapod". Para estimular o interesse do aluno e auxiliar nas exposiceies foram tambem produzidas animaceies corn computacao grafica, usando o software 3D-Studio, que convidavam aos alunos a uma "pequena viagem espacial" permitindo o contato corn os temas propostos para cada mini-curso. As imagens, ilustracOes e animacOes eram exibidas diretamente via urn microcomputador ligado a urn aparelho de televisao de 29" que permitia uma boa visualizacao do material. 0 monitor discutia corn os alunos as ideias, temas, sempre instigando a reflexao e a participacao da plateia. Todo o material utilizado foi Bravado em urn CD-ROM para uma posterior utilizacao pelos professores da escola. Ern uma segunda etapa, o conteildo utilizado nos mini-cursos comecou a ser disponibilizado na "home-page" do Departamento de Fisica da UFSCar, isso permitira que os alunos participantes dos minicursos possam novamente tomar contato corn os temas apresentados e discutarn corn urn professor/monitor via Internet em urn dado horario combinado previamente. Para possibilitar esse tipo de interacao, foi desenvolvida uma ferramenta tipo "chat" especificamente para esse fim, a qual denominamos de "lousa virtual". Esse software, alem de permitir aos alunos trocar informacoes, fazer perguntas etc, tambem facilita 231 discussdo dos temas, pois o professor/monitor pode apresentar simultaneamente com a discussao textos, imagens, filmes e animacides graficas, facilitando a explicacao para o aluno. E importante informar que a escola possui acesso a Internet e o mini-curso possibilitou a melhor utilizacao desse recurso. 0 resultado dessa interacao corn a escola de ensino medio foi considerado muito born tanto pelos professores como pelos alunos. Estes construiram uma modesty "home-page" sobre Astronomia no site da escola. Iniciativas como essas indicam que o desenvolvimento de urn material para use em sala de aula, rico em imagens e em informacties e ainda a utilizacao da Internet como motivador tanto para os alunos como para os professores do ensino medio é excelente estrategia ao estudo da Fisica e ciencias em geral. Alem disso é uma alternativa que proporciona ao professor uma atualizacao de seus conhecimentos e a verificacao de conteados que se encontram em livros didaticos. E importante verificar que a proposta do mini-curso sobre temas de Astronomia alem de ser uma motivacao initial permitiu o aprofundamento das informaceies disponiveis nessa area cientifica e teve urn relevante papel formador ao possibilitar o acesso e a utilizacao efetiva de modernas ferramentas (Internet, "chat", animacOes em computacao grafica etc) que sao indispensaveis na busca de informaceies no mundo moderno que ainda se encontram distantes da maioria das nossas escolas publicas. PAINEL 8.7 - 0 COMPUTADOR E A FISICA DOS BRINQUEDOS Valdendson da Paz Ferreira Universidade CaMlica de Pernambuco - [email protected] INTRODUcA0 A utilizacao do computador como pratica pedagOgica é um fator motivador do aprendizado visto que é natural na crianca a curiosidade e a fascinacao pelo avanco tecnologico que envolve a informatica. Percebemos isso se fizermos uma reflexao sobre como elas sao facilmente envolvidas pelos filmes de fleck), jogos eletronicos e revistas que apresentam temas referentes ao computador, sem nos esquecei -mos o quanto sao fas dos super — herois que exploram corn ousadia os programas de software no mundo. A crianca desde muito cedo comeca a explorar o ambiente onde vive, mas o computador pode ampliar, sua visao que ira alem do ambito familiar, da sua cidade, do seu estudo, do seu pals, vai situa-la no mundo da informatica. DESCRIcA0 As pessoas, no cotidiano dos grander centros urbanos, em geral perdem a dimensao dos fenomenos fisicos associados ao nosso planeta e ao universo. Mostrar as criancas que em vez de andar procurando desculpas pelos baixos rendimentos escolares, reprovacao e evasao, elas podem voltar seus olhos para o computador e assistir o maravilhoso espetaculo dos programas e da informatizacao, é uma forma de ampliar nelas a visa° de mundo e de consciencia da terra como corpo virtual. Trabalhamos corn trinta e cinco criancas de catorze e quinze anos, na primeira serie do segundo gran, do Colegio Municipal Pedro Augusto, pertencente a Prefeitura da Cidade do Recife. Durante o desenvolvimento dos trabalhos, tinhamos como urn dos objetivos prepara -los para observar a fisica dos brinquedos, atraves do computador, onde foram apresentados alguns software educativos. Nossa pesquisa iniciou-se corn o desenvolvimento de programas relacionados ao conteado vivenciado em sala de aula com: aplicacao das leis de newton, forca de atrito, forca centripeta, trabalho e energia etc. levantando os elementos basicos para a compreensao dos conceitos fisicos. Apos este estudo os alunos realizaram um levantamento bibliografico sobre os conteados trabalhados, aproveitando o farto material que as revistas divulgam mensalmente. CONCEITO DE BRINQUEDOS Objeto que serve para divertir, entreter, adestrar, ensinar e educar, o brinquedo esta intimamente relacionado corn a crianca, em todos as faixas de idade e, em alguns casos, inclui o proprio adulto. Contudo, interessam principalmente as relacoes dos brinquedos corn a infancia, as quais possibilitam o estudo do carater, da eficacia, do desenvolvimento fisico e intelectual da crianca. Desde remotas epocas, quando aparecem a bola, o chocalho e o piao, esses brinquedos sempre responderam aos gostos da infancia, sofrendo mudancas paralelas ao desenvolvimento tecnolOgico, porem permanecendo, em alguns casos, atraves dos tempos. 0 primeiro exemplo historic° pertence a colecao egipcia do Museu Britanico, um elefante de porcelana, corn seu guia. Em Roma, para os bebes, havia chocalhos, sinos de prender ao pescoco e, para os maiores, bonecas, plow brinquedos de puxar corn fios (como carrocas de animais em madeira, argila, metal e vidro). Na idade media, grande parte deles eram figuras humanas e animais em madeira ou argila. A renascenca traz o refinamento artistico, jogos de paciencia, bilboque. No seculo XVII aparecem os brinquedos com fins didaticos. Os tempos modernos, alem de eliminarem o sentimento geral de que o brinquedo é superfluo, estabelecem de maneira positiva o papel importante que ele tern no desenvolvimento motor e mental da crianca. 0 progresso da ciencia, o desenvolvimento industrial, os novos materials, o mundo em transformacao fazem corn que as criancas, alem de seus brinquedos estaticos, inanimados, solicitem outros , 232 que representem uma extensao de seu sentido de integrac5o no tempo. Surgem os brinquedos mecanicos, eletrOnicos, auto-regulaveis e de controle remoto. CONCLUSAO A partir do material recolhido, eles elaboraram previsOes e explicacOes para alguns brinquedos escolhidos, os alunos devidamente preparados foram ao computador, onde puderam observa-los e criar situaceies, fazendo simulacoes corn os brinquedos apresentados na tela do computador. Apresentamos o resultado da analise comparativa entre as previsOes e explicacOes anteriores, verificamos o relatorio das observacOes vistas pelos alunos atraves dos brinquedos, a investiga0o foi tambem realizada atraves de questionarios, desenhos e entrevistas. 0 resultado evidencia o valor das crencas nas explicacOes que caracterizam a representacfto do mundo na crianca, bem como, os seus determinantes culturais. Foi possivel constatar nas representacOes dos alunos algumas categorias representativas das infantil. Identificamos tambem diferentes niveis de hipoteses a respeito dos brinquedos utilizados. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS I. Programa Educar, Apoio Vitae, FAPESP e CNPq 2. Producfto de Softwares Educacionais para o ensino de Fisica e Ciencias, Professores e Doutores:Oto Neri Borges e Nilton Penha 3. Coordenacao do Grupo de Pesquisa em Ensino de Fisica da PUC/SP, Professora Dra. Marisa Almeida Cavalcante PAINEL 8.8 - A FISICA NA INTERNET Rogialo Boareno, Norberto C. Ferreira e Maria Regina D. Kawamura Institute de Fisica da Universidade de Silo Paulo rgboarotmail.corn 1 - APRESENTACAO 0 objetivo deste trabalho e apresentarl enderecos de paginas na Internet que possuem algum tipo de software que possa ser tatil ao Ensino de Fisica, alem de silos corn assuntos ligados a Fisica ern geral, Astronomia, Teoria da Relatividade, HistOria da Ciencia, InstituicOes de Fisica no mundo e outros. Na seca'o 2 deste trabalho, sac , apresentados os enderecos dos sites corn assuntos relacionados a Fisica de urn modo geral, classificados segundo o terra central de interesse. Na secao 3, aparecem sites que contem algum tipo de software que pode ser 661 ao Ensino de Fisica. Na secao 4, sac) colocados sites que merecem ser destacados por possuirem urn !Miner° muito grande de softwares ou por serem tornados como referencia para a Fisica em toda a Internet 2 - CLASSIFICACAO Nesta secao, sao mostrados os enderecos dos sites (em negrito) na Internet, classificados de acordo corn o assunto abordado. Os comentarios abaixo do endereco de urn site indicam todos os assuntos que este contem, e nao apenas os assuntos referentes a secao ern que o site aparece. Urn mesmo site pode aparecer em mais de uma secao. Quando nao indicado, o idioma do site é portugues. Educacao Enderecos de sites que abordam temas educacionais de urn modo geral. http://www.bibvirtfuturo.usp.bdacervo/matdidatimatdidathtml . InformacOes sobre o Telecurso 2000, alem de poder acessar o material didatico para todas as materias, inclusive Fisica. Ciencias Enderecos de sites que abordam assuntos sobre Ciencias Exatas (Matematica, Fisica e Quimica) e/ou BiolOgicas. http://www.geocities.com/CapeCanavera1/7754/ Assuntos diversos sobre Ciencia e Tecnologia (Astronomia, Fisica, Quimica, etc.). Flistoria da Ciencia Enderecos de sites que abordam assuntos relativos a HistOria da Ciencia, tais como importancia histOrica de alguns personagens para determinado ramo da Fisica. biografias, instrumentos cientificos amigos e outros. http://www.curtin.edu.auicurtin/dept/phys-sci/gravity/ (Em ingles). Mostra a histOria da Gravidade e a importancia de alguns personagens, desde a antiguidade (como Galileu, Kepler e Newton) ate os dias atuais (como Einstein). Explica o que é a Gravidade, mostra algumas fOrmulas e leis, alem de testes para saber se a pessoa que esta lendo esta entendendo. 233 Astronomia Nesta sec5o, s5o encontrados enderecos de sites que abordam assuntos relativos a Astronomia em geral, Astrofisica, origem do Universo, Sistema Solar, Planetas, Galaxias, Big Bang e outros. http://ya bae.cptec. in pe.br/—lu iif/ciencia/ciencia.htm I Esta pagina oferece links a outras paginas de Astronomia. Boni para quern quer saber mais sobre Astronomia em geral, mesmo sendo leigo no assunto. Fisica em geral Urn mesmo site pode conter varios assuntos de Fisica. Aqueles que se encaixam nesta categoria, estao colocados aqui. http://physicsweb.org/TIPTOP/ (Em ingles). Muitas informacOes sobre Fisica (como calendario para eventos interessantes, links para paginas interessantes de Fisica na Internet, sociedades de Fisica no mundo, etc.). 3 - SOFTWARES Enderecos de sites que possuem algum tipo de animac5o ou simulacao, programas em que o usuario interage, softwares para download, simuladores, laboratorio virtual de Fisica e outros tipos de programas que podem ajudar no Ensino de Fisica. http://physicsweb.org/TIPTOP/paw/paw.phtml?I:=Computing/Java+Applets&t=k&f=1 (Em ingles). Varios assuntos de Fisica, incluindo laboratorio virtual e explicacOes sobre o assunto que esta sendo abordado. 4 - SITES RECOMENDADOS Nesta parte, sao encontrados sites que merecem destaque por possuirem qualidades, cm contend°, superiores a maioria dos sites que abordam assuntos de Fisica. Sites que aparecem aqui ja foram classificados nas seceles anteriores. http://physicsweb.org/TIPTOP/ Muitas informacOes sobre Fisica (como calendario para eventos interessantes, links para paginas (Em interessantes de Fisica na Internet, sociedades de Fisica no mundo, etc.). Urn site que é muitas vezes citado por outros sites como sendo a major referencia sobre Fisica em toda a Internet. Para quern sabe ler ingles, vale a pena dar uma olhada. http://info.itp.berkeley.edu/Voll/Contents.html (Em ingles). Cerca de 100 problemas praticos para estudantes de Fisica, acompanhados por solucOes detalhadas e experimentos interativos. Os assuntos abordados s5o temas de mecanica (posic5o, aceleracao, velocidade, forcas, trabalho, energia, etc.). Pode-se fazer download de todos os problemas. Pagina muito boa para alunos que estejam cursando Fisica. I Neste esboco, apenas alguns enderecos de sites s5o mostrados. PAINEL 8.9 - NAVEGANDO NA HIDROSTATICA COM 0 TITANIC Alrircio Vinicius CorraIto / c Alardla .S'addi 2 / corral lo(dfapO . i lusp.br, 2rnsadd i(a),opus.com.hr Co14.io Magno, Silo Paulo, SP INTRODUCAO Muitas vezes nos deparamos corn a desmotivacao de nossos alunos frente ao ensino de Fisica. Provavelmente, isso tambem deve-se ao fato do cotidiano estar alheio ao ensino escolar. Trazer a sociedade para dentro da sala de aula pode significar uma motivac5o e como disse urn de 110S505 alunos: "Agora elven& para (pre serve isso." Os professores devem estar atentos aos acontecimentos da sociedade, utilizando esses momentos para fazer uma reflex5o e insercao de conceitos. Seguindo esta metodologia e utilizando tambem a informatica, construimos urn software multimidia chamado Mecanica dos Fluiclos, no qual se pretende que o aluno entenda a anomalia da erigua, o Principio de Arquimedes e suas implicacOes no acidente do navio Titanic. O utilizando de urn sq/ilvare multimidia permite ao usuario interagir e, o fato de ser multissensorial, possibilita o use de mais de urn sentido. 0 usuario pode escolher o caminho a seguir, voltar, anotar, estabelecer a velocidade das apresentacOes e caminhar n5o linearmente. Som e imagem permitem criar uma realidade e vivencia-la. Estudos mostram, de fato, que 20% das informacOes s'Ao retidas pelo que se ouve, 40% pelo que se ouve e se ye, e 75% pelo que se ouve, se ye e se faz. A mera transmissao de conhecimento deve dar lug,ar a dimensfto do aprender a aprender, na busca de educacfto de alta qualidade e adequada as exigencias de urn mundo em constantes e aceleradas mudancas. APRESENTACAO DO SOFTWARE 234 0 software foi desenvolvido corn urn software de autoria denominado Nei)Book for Windows da empresa NeoSoll Corporation. 0 produto se baseia na construcao de telas e objetos corn um certo poder de programacao. Sao articulados imagens, textos, !Otos, animaceies, videos e sons. Sao abordadas tres possibilidade: Flutuacao dos Corpos, Principio de Arquimedes e Peso Aparente. A seguir vamos descrever cada uma delis. , Flutuacao dos Corpos Nesta secao, e apresentada uma sugestao de experiencia com o objetivo de observar que urn bloco de parafina afunda no alcool etilico e bOia na agua. Desta forma, o professor pode discutir o iceberg. Ja, atraves de uma simulacao, pode-se verificar a porcentagem de submersao de urn bloco de Belo (0°C) ern diferentes liquidos (agua, alcool etilico e Oleo lubrificante). Alen' disso, e possivel assistir alguns videos sobre o acidente do navio, observando as fases de choque, quebra e afundamento do Titanic . Por fin', pretende-se que o aluno possa entender que afundar depende das densidades e, consequentemente, responder a seguinte questao: Como urn sOlido pode boiar sobre seu prOprio liquido? Principio de Arquimedes Nesta secao, tambem é apresentada uma sugestao de experiencia com o objetivo de entender o Principio de Arquimedes. A atividade leva o aluno a perceber que o corpo totalmente submerso desloca o liquid() igual ao seu volume, portanto o empuxo é o peso do liquid() deslocado. Alen' disso, a experiencia permite perceber que se o corpo nao estiver totalmente submerso o empuxo sera menor e, consequentemente, o seu peso aparente sera major. Peso Aparente Nesta secao, é sugerida uma atividade, em que urn peso é colocado dentro de urn recipiente corn agua ou alcool etilico para demonstrar que a leitura em urn dinamemetro diminui a partir da subrnersao do peso. Tambem existe uma simulacao corn diferentes sOlidos e liquidos, na qual o aluno pode perceber as diferencas de densidades e, consequentemente, diferencas na leitura do dinamometro. Desta forma, pretende-se que o aluno possa perceber a existencia do Empuxo, ou seja, mais uma forca all presente. CONCLUSAO Tornamos o computador uma real ferramenta, sendo possivel extrapolar, simular experiencias, fazer calculos rapidamente e animar. Acreditamos que o ensino atraves da informatica torna-se significativo quando na() é possivel realize-lo atraves de outros meios didaticos. Ao final do trabalho, pretendia-se que o aluno fosse capaz de responder as seguintes questOes : Quais sac) as forcas que agem sobre o navio ? Por que o iceberg se mantem parcialmente submerso ? Por que o navio afundou ? Portanto, temas presentes na midia podem ser aproveitados como geradores de assuntos, tornando o ensino uma diversao. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS I. CHASSOT, A., A Ciencia Atraves dos Tempos, Editora Moderna, Sao Paulo, 1994, p.48-50. 2. EHRLICH, R., Virar 0 Mundo Do Avesso: E Outras 174 Demonstraciies Fisicas Simples, Lisboa, 1992, Gradiva, p.I44-145 3. SEARS, F. W., FISICA, Editora Gertum Carneiro, Rio de Janeiro, 1953, p.376-43 I. 4. NEVE A., A Multimidia e o Ensino, Revista Pesquisa e Tecnologia, Agosto/1995. , Videos adquiridos via Internet. PAINEL 8.10 - SORE ELETRONS E COMPUTADORES: 0 US() DE OFICINAS INTERATIVAS NO ENSINO DE FISICA Luciana Tavares dos Santos. Leandro Cu10(10 e Wen de ('amen Aloreira Institut° de Fisica - tirRi Aproveitamos a comemoracao internacional dos cem anos da "descoberta" do eletron para organizer uma exposicao de experimentos relativos ao eletron, sua importancia na fisica e na quimica e sua histOria. A exposicao foi realizada no Centro de Ciencias do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, em junho de 1997, e contou corn a participacao de cerca de 800 pessoas, a maioria das quail estudantes do segundo grau de escolas publjcas e privadas. Discutiremos a repercussao que a exposicao teve entre alunos e professores, as limitacOes deste tipo de atividade, ben' como a oficina "Por dentro do Computador" que lhe deu continuidade. A oficina foi 11111a atividade da exposicao Educocdo em Bytes, que tern ocorrido anualmente na Casa 235 da Ciencia da UFRJ. Urn dos objetivos dessa oficina, destinada prioritariamente a alunos e professores do segundo grau e da 8 a serie do primeiro grau (jovens na faixa etaria dos 14 aos 18 anos) e ao pUblico interessado em geral, foi mostrar alguns aspectos fisicos, quimicos e matematicos que estao por tras do funcionamento de urn computador. Seu propOsito basic° era, ao lado da exibicao de softwares educativos da exposicao, permitir que os participantes da oficina adquirissem urn entendimento basic° de conhecimentos cientificos subjacentes a base fisica (hardware) do computador. A oficina constou de quatro modulos: a corrente eletrica e as pilhas, o sistema binario, o armazenamento de dados e como opera o computador, e os principios fisicos do monitor. A ideia era desmistificar o computador, enquanto caixa preta misteriosa que, cada vez mais, esta presente na vida do cidadao, no sentido de mostrar que ele é resultado de urn processo tecnolOgico longo e complexo, mas que esta baseado em resultados e avancos basicos da ciencia e da tecnica cuja essencia pode ser genericamente entendida por todos. Em contrapartida, aproveitando o grande interesse entre os jovens pelo computador, tentou-se atrai-los para uma discussao dos principais conceitos fisicos, matematicos e quimicos envolvidos em sua operacao. Foram apresentados e discutidos na oficina os elementos fisicos basicos para o funcionamento do computador: a corrente eletrica, a magnetizacao, a inducao eletromagnetica, o transistor, o laser, a composicao da Iuz, as reacOes quimicas que produzem energia eletrica etc. 0 sistema binario e os procedimentos lOgicos de funcionamento do computador foram tambem apresentados, sempre atraves de atividades interativas. Ao lado disto, as partes do computador relacionadas corn estes principios ou fenomenos foram mostradas, possibilitando uma identificacao entre os contefidos cientificos expostos e os equipamentos tecnologicos. 0 participante da oficina percorria urn caminho no qual via representados, e realizava por ele mesmo, embora de forma simplificada, varias das atividades mais importantes de funcionamento do computador. POR DENTRO DO COMPUTADOR Modulo I: Cargas e correntes eletricas Modulo II: Pilhas I. Desvio do filete deagua 1. Pilhas secas 2. Forca magnetica: barra 3. Inducao eletromagnetica 2. Pilha de frutas 3. Bateria 4. Experiencia de Oersted 5. Motor eletrico Modulo Ill: Binarios e gravacao magnetica e Otica I. Tabua corn binarios e decimals 2. Painel de luzes 3. Jogos binarios 4. Gravacao magnetica 5. Gravacao otica 4. Motor movido a pilha liquida 5. Reacao quimica Modulo IV: Monitor e fibra Mica 1. Decomposicao da luz branca 2. Sombras coloridas 3. Ampola de Crookes 4. Osciloscopio 5. Filete de agua: fibra &lea A oficina Por dewro do computador foi construida a partir da experiencia anterior de organizacao da exposicao Os tern anos do eletron, comemorativa dos cem arms de alguns dos principais trabalhos de J. J. Thomson sobre o eletron. Essa exposicao foi realizada no Centro de Ciencias do Rio de Janeiro (CECIERJ), no Ines de junho de 1997. Abaixo é apresentada a lista de experimentos da parte da fisica utilizados na exposicao sobre o eletron. A exposicao constava tambem de urn conjunto de experimentos de quimica, relacionados ao eletron e as reacoes quimicas, que nao sera° apresentados aqui. Modulo I: Cargas Eletricas 1. BastOes e bolinhas de isopor e de Aluminio 2. Desvio do filete de agua 3. EletrOmetro 4. Gerador de van der Graaf 5. Eletrolise e forca magnetica MOdulo III: Tubos de raios catOdicos I. Ampola de Crookes I: Cruz de Malta 2. Ampola de Crookes II: dois feixes 3. Ampola de Crookes III: giro das palhetas 4. OsciloscOpio 5. Televisao 236 MOdulo II: Corrente eletrica I. Forca magnetica: barra 2. Experiencia de Oersted 3. Inducao eletromagnetica 4. Motor eletrico 5. Mini usina hidroeletrica MOdulo IV: Efeitos fisicos 1. Efeito fotoeletrico I: faiscamento 2. Efeito fotoeletrico II: medidas 3. Camara de nuvens de•Wilson PAINEL 8.11 - "EDUCACAO A DISTANCIA : ELABORA00 DE HIPERTEXTOS PARA 0 ENSINO DE FISICA" Schiel D I . E Guerrini 1.114 2 CDCC — 11S1) , SAo Carlos 'e-mail: [email protected] 'e-mail: [email protected] Este estudo procurou identificar a metodologia adequada para elaborar os hipertextos de FISICA para que estes conduzam efetivamente a uma aprendizagem. Atraves de softwares educacionais, tais como hipertextos colocados disponiveis na INTERNET, pode-se fazer com que o aluno construa o seu prOprio conhecimento, estimulando o aluno aprender a aprender, ou o professor atualize seus conhecimentos, melhorando a qualidade ensino. 0 hipertexto elaborado pela nossa equipe em Fisica foi "Mecanica Grafica para Alunos do 2 ° Grau" e houve uma preocupacao constante da equipe tal que mesmo sendo um meio auxiliar ou complementar no processo ensino/aprendizagem, este intencionalmente, auxilie na construcao do conhecimento do aluno e efetivamente apreenda. 0 endereco desse hipertexto é: http://educar.sc.usp.br/fisica/fisica.html. Introduccio As tecnologias de educacao a distancia estao evoluindo corn extrema rapidez. 0 que se tem observado é que os produtores de material educacional para educacao a distancia ficam tao atraidos pelas ultimas novidades tecnolOgicas, que se esquecem das metas e necessidades do aluno, do novo papel do professor e como desenvolver este material para que ele realmente seja um meio facilitador no processo ensino/aprendizagem. Ha necessidade dos educadores se preocuparem corn o material educacional que esta sendo produzido, principalmente, o que esta sendo veiculado pela INTERNET. Nao temos a intencao de desprezar em nenhum moment() a aula tradicional corn a presenca do professor. 0 professor competente ainda é o principal motivador e dentro de uma sala de aula o processo de sociabilizacao é um dos fatores que move a aprendizagem. 0 que se propbe e que a apropriacao de conhecimentos pode ser con plementada ou auxiliada corn o computador via INTERNET, desde que o professor tenha a habilidade de orientar seus alunos e avaliar se o material disponivel para "instrucao eletronica" seja adequado para os objetivos propostos no seu planejamento. A intencao deste piano de trabalho que esta contido em urn projeto maior, Projeto Educacao a Distancia em Ciencia e Tecnologia, é produzir material eletronico , no caso hipertextos de Fisica, tal que no processo ensino/aprendizagem auxiliem na construcao do conhecimento do aluno. Conceilo didoliC0 Atualmente o conceito chave é que o professor pode transmitir urn conjunto fixo de conhecimento para o estudante via uma representacao externa. Pode representar tanto uma imagem abstrata como uma concreta e em seguida apresentar para o aluno via um meio. 0 aluno, por sua vez, interprets, decodifica e armazena a representacao. Horton (1994) modifica este enfoque adicionando dois fatores a representacao: o contexto do estudante (ambiente, .situacilo que se encontra etc), e pensamento (memOrias, associacOes, emocOes, inferencia e razao, curiosidade e interesse). 0 aluno desenvolve a sua propria imagem e usa isto para construir novo conhecimento, fundamentado no seu prOprio conhecimento anterior e habilidades. A aprendizagem, segundo Kosman (1991), é urn processo ativo e construtivo por meio do qual o aprendiz gerencia os recursos cognitivos disponiveis para criar urn novo conhecimento extraindo informacOes do ambiente. 0 conceito didatico envolvido em hipertextos pode ser fundamentado nesses conceitos atuais que sao baseados em principios construtivistas, nos quais o aluno constrOi ativamente uma representacrio interna do conhecimento, interagindo com o material a ser aprendido e incorporando-o. Alem desse aspecto construtivista, as formas didaticas caracterizam-se como participativas e interativas (Visser, 1995). Metodologia Nao ha na literatura resultados efetivos sobre qual a metodologia é adequada para que o aluno aprenda atraves de hipertextos. Ha indicadores (Barret°, L.S. e outros, 1996) da estrutura que deve ser considerada na elaboracao de hipertextos: Sendo o hipertexto urn texto nfio linear, deve estar ligado as informacOes de urn banco de dados; deve ser urn facilitador e transferir conhecimentos complexos para novas situacOes; deve desenvolver estruturas de conhecimento integradas e tlexiveis atraves de ligacOes (links) por temas conceituais; deve aplicar o mesmo conceito para varias situacOes; deve dar liberdade para o usuario tomar decisOes sobre quais informacOes deseja e a sequencia destas. Na elaboracao dos hipertextos de Fisica/Mecanica Grafica, foi considerada a metodologia citada e desenvolveu-se uma metodologia prOpria, procurando adicionar as praticas experimentais a simulacao dos movimentos em uma linguagem computational (LOGO) que seguiu os seguintes passos: 237 - 0 contendo de Fisica/Mecanica Gratica, apresenta varios tipos de movimento, que inicialmente sao • realizados experimentalmente no laboratOrio coin a presenca do professor. Os roteiros dessas praticas sao editados como hipertextos na INTERNET. Os resultados obtidos no laboratOrio sao colocados em uma tabela programada em linguagem Perl para • que sejam auto-corrigidas. Estas tabelas sao parcialmente interativas. Caso acuse erro, os alunos poderao voltar a tabela que eles preencheram e fazer as correcOes necessarias. Estas tabelas sao enviadas via rede. Esses mesmos movimentos sao simulados em Linguagem LOGO. Desta forma, o aluno atraves de urn • - o de movimento, envolvendo as duas variaveis: tempo e espaco. Esses processo Wilco apreende a nog d programas que os alunos fazem em linguagem LOGO sao enviados tambem via rede. Ha ligacOes (links) do procedimento experimental corn outras paginas relativas a Fundamentos Teoricos • e Conceitos Basicos que o aluno acessard se ele quiser. Os textos envolvendo Fundamentos Teoricos sao elaborados partindo do cotidiano do aluno. • IMecanica grofica: ISimulacao de movimentos] • Experimental/PUCK ► ILinguagem LOGO Teo riaj Tabelas e programas via redej Figura 1 — Diagrama para a elaboracao de hipertextos em Mecanica Grafica do Projeto Educacao a Distancia em Ciencia e Tecnologia Aplieacdo e avaliacao do hipertexto O hipertexto foi aplicado em vinte e duas escolas do estado de Sao Paulo e a avaliacao foi realizada pelos professores e alunos envolvidos atraves das questbes que estao no endereco: http://educarsc.usp.briaval_educar.html Os resultados da avaliacao indicam que o programa "Mecanica Gratica" foi considerado de uma forma geral motivador e os alunos melhoraram seus desempenhos na disciplina. ConsideracOes finals Comparando o hipertexto de Mecanica Grafica corn outros que estao na Internet, o nosso apresenta pontos positivos que sac): aluno faz os experimentos corn o PUCK no laboratorio corn a presenca do seu professor. • A simulacao dos movimentos nao vem pronta para o aluno; ele precisa elaborar o programa em • linguagem LOGO (aprendendo a programar nesta linguagem) para ter o movimento. aluno tens a assistencia do mentor (professor distante) para esclarecer as suas dnvidas e corrigir as • tabelas e o programa em linguagem LOGO por ele enviados. preenchimento das tabelas faz corn que elas sejam corrigidas "on-line" fazendo corn que o aluno saiba se • ele acertou ou errou. 238 PAINEL 9.1 — UMA DISCIPLINA DE PRE-CALCULO PARA 0 CURSO DE FISICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO CARLOS Henrique Bezerra Cardoso Universidade Federal dc e - mail: [email protected] sao Carlos - UFSCar 00 [email protected] Motivacoes que levaram A elaboracao do curso No periodo de greve do primeiro semestre de 1996 das universidades federais, o professor Nelson Studart, do Departamento de Fisica da Universidade Federal de Sdo Carlos, ministrando a disciplina "Introducao a Fisica", ilk) podendo dar continuidade, devido as circunstancias da paralisacdo, decidiu neste periodo, ministrar algumas aulas de revisao de Matematica para os alunos que estivessem matriculados no seu curso. Foram ministradas 4 aulas e notou-se, no transcorrer delas, uma dificuldade quase que espontanca por parte dos alunos em relacdo aos problemas basicos que estavam sendo aplicados. 0 modelo de aula ministrada baseava-se em aplicacoes de exercicios. Ape's a conclusao do semestre, tendo a oportunidade de participar do grupo PET-Fisica (Programa Especial de Treinamento da Capes), durante o segundo periodo de 1996, ate o fim do primeiro periodo de 1998 e, tendo como tutor do grupo o pr6prio professor Nelson, ficou destinado a mim a elaboracdo de urn curso de revisao de matematica basica para os alunos calouros ingressantes no curso de Fisica, que ficou conhecido como "Pre-Calculo". Na elaboracdo deste curso, alem da pesquisa informal corn os alunos do curso de Fisica, os dados sobre o perfil dos ingressantes na Fisica da UFSCar, atraves do vestibular da FUVEST, foi importante para verificacao da grande necessidade de urn curso de revisao basica de Matematica. Media de notas das provas de Fisica e Matematica da primeira fase do vestibular da FUVEST para ingresantes no curso de Fisica da UFSCar 3,8 4 3,7 Media de notes das provas de Fisica e Matematica da — segunda fase do vestibular da FUVEST para ingresantes no— curso de Fisica da UFSCar 35 2.9 U 14 Fisica 1,65 Matematica 0 Fisica Matematica OVest. 1995 DVest. 1996 O Vest. 1997 CI Vest. 1995 IEVest. 1996 ❑ Vest. 1997 Atraves dos dados dos tres vestibulares, procurou-se uma interpretacdo geral do perfil dos alunos, pela media geral das notas obtidas nas provas de Fisica e Matematica da primeira e segunda fase dos vestibulares. Os graficos acima nos dao urn panorama sobre este perfil. Material Utilizado no Curso Para o curso, foram pesquisados alguns livros (ver referencias) que na sua abordagem permitissem lacilitar a transicao entre a Matematica elementar e a Matematica superior (o Calculo), fornecendo os conceitos e a pratica da algebra, da trigonometria e, do estudo das funcOes. Entre os livros pesquisados, adotou-se "College Algebra and Trigonometry" de "Jose Barros Neto" para o roteiro de aulas. Em geral, nos livros pesquisados, o contend° programatico é o mesmo, mas a escolha do autor se deu por uma major interdisciplinaridade de aplicaceies dos exercicios e problemas incluidos em seu livro. Realizacito das Aulas Em cima do material escolhido, criou-se o roteiro de aulas e listas de exercicios que foram distribuidas durante o curso para os alunos. Os repicos aplicados foram: Fundamentos de Algebra, Func5o Linear e Quadratica corn Aplicacoes, PolinOmios e FuncOes Racionais, Graficos de FuncOes, Funcdo Exponential e Logaritmica, Trigonometria e Funcifies Trigonometricas. (Para maiores detalhes do contend°, consul= referencias bibliogra ficas). Foram previstas inicialmente 26 aulas que seriam distribuidas da seguinte maneira: Duas aulas semanais corn duracfro maxima de uma hora e meia, no periodo noturno da universidade. lniciou-se o curso a partir da segunda semana de marco corn prazo para termino na segunda semana de junho. Para a realizacdo do curso, contou-se corn a participac5o e colaboracdo de dois professores do Departamento de Matematica e um do Departamento de Fisica; de alunos do grupo PET-Fisica e PETMatematica da UFSCar. Conclusoes e problematicas encontradas durante o curso 239 Durante o curso no 1. ° semestre de 1998, apesar de ter sido interrompido pela greve das universidades no mesmo periodo, e sem exigencia formal de comparecimento de alunos para existencia do curso, obteve-se uma participacao media de 9 alunos por aula com presenca maxima de 26 alunos e minima de 2 alunos por aula. Esse resultado foi bastante satisfatOrio em relacao as expectativas pois, alem dos alunos do curso de Fisica, alunos de outros cursos como Quimica, Biologia, Estatistica e Matematica tambem participaram apresentando bastante interesse pelo curso. 0 fator agravante para desistencia de boa parte dos alunos, segundo os proprios, deu-se pela falta de tempo de dedicacao devido a tarefa de cumprir os creditos obrigatorios de disciplinas no respectivo semestre letivo (1 0 semestre). As dificuldades enfrentadas pelos alunos, sobre o conteado ministrado no curso, estiveram evidentemente presente desde o inicio. Boa parte dos alunos apresentou dificuldades com manipulacties de expressOes algebricas basicas. Na parte de funcOes matematicas (Linear, Quadratica, Trigonometrica, Logaritmica e Exponencial) as dificuldades se apresentaram mais acentuadas na visualizacao e manipulacao de graficos. Apesar deste trabalho nao ter apresentado testes de avaliacOes e entrevistas, ele nos traz a tona um fato bastante conhecido por nos alunos e professores universitarios que é a falta de preparo dos calouros que estao ingressando na universidade para o curso de Fisica. De forma mais geral, parece ser este urn fato real no caso dos cursos que envolvem as ciencias basicas (Fisica, Quimica, Biologia e Matematica). Segundo os professores doutores, Joao Sampaio (matematico) e Nelson Studart (fisico), ao ministrar as disciplinas basicas, ou seja, introdutOrias ao seus respectivos cursos, a falta de preparo do alunos e evidente. Agradecimentos Agradeco ao professores do Departamento de Matematica: Joao Sampaio, na orientacao bibliografica do curso e apoio ao ministrar duas aulas durante o curso; a professora Margarete T. Baptistini , tutora do grupo PET-Matematica, pelo apoio e envolvimento de seu respectivo grupo com aluno Fernando Luiz de Souza Jilnior (PET-Matematica), ministrando aulas. Ao professor Nelson Studart, tutor do grupo PET-Fisica, pela motivacao, e a todos os aluno do grupo PET-Fisica: Giuliano Augustus Pavan Ribeiro, Eduardo Pinto Leite, Daniela Favarao Botelho, Ricardo Luciano Rodrigues e ao aluno Norberto Helil Pasqua (aluno agregado) que participaram ativamente ao ministrar as aulas e na elaboracao das listas de exercicios. Referencias Bibliograficas I. lnformativo do Perfil dos candidatos que ingressaram para Universidade Federal de Sao Carlos pelo vestibular da FUVEST (Fundacao Universitaria para o Vestibular); anon de 1995, 1996 e 1997. 2. Barros-Neto, J., College Algebra and Trigonometry with Applications, West Publishing Co., St. Paul, Minnessota, 1985. 3. Lial, M.L., & Miller, C.D., Algebra and Trigonometry, 3"1 Edition, Scott, Foresman & Co., Glenview, Illinois, 1983. PAINEL 9.2 - FILTRAGEM ESPACIAL UTILIZANDO A OTICA DE FOURIER Hilton de Souza Bernal* Jurandir Hillmans Rohling; Leandro Jose Raniero e Marcos Cesar Danhoni Neves Departamento de Fisica, Univcrsidadc Fstadual dc Mariiwn [email protected] INTRODUcA0 Atualmente o grande progresso na elaboracao de sinais 6ticos. Permite-nos obter numerosas aplicacOes tecnologicas (televisao, fotografia, etc.). A caracteristica substancial da Otica de Fourier 6 aquela de estender o formalismo.de sua transformada, que tantos resultados tern dado no campo da .eletronica e dos fenomenos Oticos, mesmo corn uma diferenca substancial: enquanto nos processos eletricos o interesse esta voltado fundamentalmente para o andamento dos sinais no tempo, em 6tica, este interesse se volta ao estudo do modo como a informacao se distribui em uma certa regiao do espaco em um dado instante de tempo. M ETODOLOG IA Atraves de procedimentos fenomenolOgicos baseados na utilizacao de fenomenos de interferencia e difracao (usando como fonte urn pequeno laser de Helio—Neonio e diversos objetos), substituimos o procedimento das equacOes de onda por raciocinios graficos referentes a forma dessa onda, usando a transformada de Fourier, ligando o objeto a sua figura de difracao ao infinito (difracao a famhofer). R ES U LTA DOS ApOs a montagem dos experimentos, iniciou-se o estudo da ligacao entre a figura de difracao e a imagem obtida. Nnalisou-se urn slide contendo uma partitura musical, por esta conter simetrias horizontais (linhas do pentagrama) e verticais (colcheias, semicolcheias, etc.). Obtida a imagem desta partitura no anteparo, iniciou-se o use de filtros espaciais (fendas regulaveis Olt vidro incolor obscurecido por pincel atomico) para barrar algumas componentes da figura de difracao e, posteriormente, analisar quais efeitos a 240 falta destas componentes(altas e baixas freqtlencias) iriam produzir na imagem al:6s a sua transformacao na lente. CONCLUSAO Os resultados mostraram a possibilidade concreta da confeccao de filtros passa-alto, passa-baixo, usando material de baixo custo para equipar laboratOrios didaticos de fisica. PAINEL 9.3 - EXPERIENCIAS PARA A PLATEIA DA AULA Miguel /Inge( Gregorio IF-FIT UFRJ—Rio dc .lanciro [email protected] No processo de programacao e concepcao das chamadas Aulas Magnas, surgiu o problema de como realizar a troca de elementos didaticos sem perda da continuidade na aula. Por exemplo, o caso tipico apresenta-se quando desligamos uma projecao de video, ou quando no computador realizamos uma troca de aplicativo ou prepara-se o inicio de uma experiencia de demonstracao. Na grande maioria destes eventos é possivel gerar uma troca continua e imediata de dispositivo. Entretanto existem momentos em que ha necessidade de algum elemento extra, coadjuvante, relaxante e divertido, para poder cortar a aula em duas, ou mais,partes . No exercitar das A.M no IF — UFRJ, comecei a explorar a ideia de distribuir entre os alunos da plateia, certos dispositivos, pequenos e de facil construcao, e baixo preco, que permitissem realizar uma experiencia fisica entrosada com o principal assunto em pauta na aula. Os dispositivos foram planejados para que o evento tivesse uma duracao maxima de 8 a 10 minutos. Podemos dizer que pela experiencia recolhida , foi de alto impacto nos dois sentidos: como element() provocador do intervalo e tambem de grande valor didatico. No curso de Mecanica foram utilizados os seguintes "kits" de experiencias de p6blico: (I) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Medida Do Tempo De Reacao,Usando "Queda Livre" Forca De Atrito: Leis De Variacao. Forca Centripeia / Efeito Centrifugo/Regulador De Watt. Determinacao Do Centro De Massa De Um Objeto Extenso. Centro De Massa: Forcas Externas E Interns. Comparacao Dinamica De Momentos De Inercia Rolamento: FLI1100 Do Atrito. Neste trabalho descrevo detalhadamente estes "kits" de experiemcias, sugerindo outros, fornecendo modelos e detalhes construtivos. PAINEL 9.4 - UMA ESTRUTURA MODULAR PARA 0 CURSO DE FISICA BASICA Aliguel Angel Gregorio IF — fit UFR.I — Rio de Janeiro Greuorio(1/?,iltild.hr Na ocasiao de comecar a implantacrio da reforma - curricular - metodolOgica do . curso de Fisica Basica no IF - UFRJ, foi necessario compatibilizar os alcances e propostas da reforma com as disponibilidades praticas de horarios, espaco fisico e pessoal, com que podemos efetivamente contar. O element() principal da referida reforma consiste em dispor de uma aula teorico - experimental demonstrativa, complementadas de aulas de exercitacao, discussao, levantamento de dados, etc. A primeira, chamada aqui de AULA MAGNA (AM) é geral, oferecida para todos os alunos divididos em dois ou tres grupos de aproximadamente 200 - 300 alunos, cada grupo. As outras aulas, chamadas agora de AULA DE FIXACAO DE CONCEITO (AFC) e AULAS DE LABORATORIO (AL), sao realizadas em grupos de no maxim°, 35 alunos cada grupo, com um professor em cada grupo. Desta forma, resulta claro que a primeira questao a ser resolvida e conseguir a sincrOnia destas aulas no referente ao material do contend°, em tanto que a segunda questao refere-se a distribuicao desse material em quantidade e intensidade para completar a ementa de forma uniforme e satisfatOria. As duas questOes foram resolvidas com urn cronograma de estrutura modular, descrito detalhadamente no trabalho. O modulo basic() foi criado tomando-se como base um tipico semestre letivo de 14 - 16 semanas, dividimos este em sete mOdulos de duas semanas cada uma. Cada modulo . contem os seguintes elementos: I) Uma aula magna AM. 2) Tres aulas de fixacfto de AFC I, AFC 2, AFC3 3) Duas aulas de laboratOrio AL I, AL 2 241 cada element() tern duracao de duas horas, portant° e mantida a mesma carga horaria atual dos cursos de Fisica e a sua associada Fisica Experimental de 6 horas semanais no total. A estrutura modular resulta valiosa no aproveitamento da interface entre a teoria , a experiencia, e a exercitacao pratica, pois concentrando em cada modulo urn assunto da materia é possivel colocar aquelas partes em sintonia; isto valoriza todo o esforco docente. Neste trabalho descrevemos: o modulo, a dinamica do modulo e a sua aplicacao especifica ao curso de Fisica I. Sera apresentada uma aula magna completa ,com material audiovisual e experiencias de demonstracao. PAINEL 9.5 - SUPERSIMETRIA EM MECANICA CLASSICA Wendel Pires de Almeida': Rafael de Lima Rodrigues': Arvind Naravan Vaidya i e Jose Abdalla Heloyal Nero' 1.2 Departantento de Ciacias Batas e da Natureza - Centro de FormacAo de Prolessores — UFPB 3 Instituto de Fisica, lJniversidade Federal do Rio de Janeiro 'Centro l3rasileiro de Pesquisas Fisicas — CBPF I [email protected] , 2 [email protected] ) A supersimetria (SUSI) surgiu na decada de setenta, em teorias relativisticas, sendo representada em termos de campos bosOnicos e fermionicos, em seguida, alguns pesquisadores relutaram corn a grande esperanca de que a mesma pudesse ser uma teoria de grande unificacao das quatro interacOes basicas da Natureza (forte, fraca, eletromagnetica e gravitational). Mas, apOs muitos trabalhos realizados fiesta Huila de pesquisa, ainda esta faltando uma constatacao experimental para que a SUSI se tonne uma teoria de unificacao a altas energias. A SUSI é a imica..simetria entre bosons e fermions compativel corn principios fundamentals da teoria quantica de campos; ela é tambem a Unica extensao nao-trivial possivel do grupo de Poincare (alem do grupo conforme). A Mecanica Classica (MC) é estudada nos livros-texto em termos de coordenadas bosonicas (ordinarias) [I]. Neste trabalho, vamos introduzir os conceitos de Mecanica Classica Supersimetrica, a qual unifica as coordenadas bosanicas (par) e fermionicas (impar) em urn super-espaco caracterizado pela introducao de variaveis Grassmannianas (nao-mensuraveis) anticomutantes [2,3]. A SUSI N=1 nao permite a introducao de urn termo de potencial para uma supercoordenada comutante [4]. Para resolver este problema, introduzimos uma supercoordenada anticomutante juntamente com a comutante, de modo que obtemos termos de potenciais que caracterizam osciladores harmanicos e nao-harmanicos. Consideramos inicialmente a introducao de urn parametro de Grassmann, o que define a SUSI N=1 no super-espaco > (t; 0 ), 0 2=0, onde t atua como element() par e 0 é urn parametro real atuando como urn elemento impar da algebra de Grassmarm. Note que e`' )=1+0, pois 0 2=0. A supercoordenada comutante é definida como (1) =4,(t, 0) =q (t) -1- ietP(t) 5°=EQ4, i 2=-I, s 2=o , . Q—a®+icia„ e Q é denominado supercarga ou gerador da SUSI. onde -ral a® , Aplicando a lei de transformacao (variacao) infinitesimal da supercoordenada, 81:1)=EQ(1), obtemos as variaceles das componentes par q(t) e impar ql(t), a saber: 6q--ickf e 64- 1=--E c ,onde (IR =dq/dt. A SUSI possui uma caracteristica bastante particular, pois, como o parametro infinitesimal anticomutante e e constants, vemos que a SUSI é uma simetria global. Em geral, as simetrias locais requerem uma derivada covariante, mas devido ao fat° de a,_,4(t;10) nao ser uma supercoordenada, a SUSI, apesar de global, vai requerer uma derivada covariante (D o ) para escrevermos a super-acao de modo consistente. D o é construlda de modo a satisfazer a anticomutatividade corn o gerador da SUSI, isto e [D o , Q] + = 0. Antes de construirmos a lagrangeana da superparticula, introduzimos as integrals de Berezin [5] para uma variavel de Grassmann 0, id00 = 1, J de = 0. Note que estas integrals operam como derivada. A SUSI é uma simetria da super-acao, e que nao deixa a lagrangeana invariante. Uma super-acao para a superparticula livre pode ser escrita como uma integral dupla: I = L ffdidO(D„),= O —1 PI (fc— 044c— itaikil= di 1_, 2 ApOs integrarmos na variavel 0, obtem-se a seguinte lagrangeana da superparticula: L = 1 6F:i 7 7 onde o primeiro termo é a energia cinetica associada a coordenada par e o segundo termo a energia cinetica associada a coordenada impar, para uma particula sem energia potencial. Analisando a SUSI N=2, denominada de supersimetria estendida e caracterizada pela introducao de duas variaveis anticomutantes, O f e 0, (0, -=0, --0), podemos escrever uma super-acao em termos de uma Unica supercoordenada (complexa) no super-espaco [3]: Super - espaeo (0,0;i) wide O e a complexo coMugada de O. sr(Di = fffdid6d0 242 — ( D )( D (I)) — (c13) , 2 D + 100, eD= 4 — ; 00,. Esta Ultima equacao nao é o complex° conjugado da derivada covariance D, a qual é construida de modo que [D, [D , Q ]+ = 0 (Q e supercoordenada, que e definida por: onde 'P(t) Q sac) geradores da SUSI N=2), U(t) é uma funcao polinomial da (i)(i; 0, 0) = q(l) + 10 v(I)+ /017(0 + 00A (/ ) e T(i) sao as componentes (impares) anticomutantes, q(t) é a coordenada de posicao e A(t) é denominada de coordenada auxiliar, ja que nao tern dinamica alguma. 0 parametro complexo 0 e definido como sendo uma combinacao de dois parametros Grassmannianos reais, ou seja, (0)=(0 1 +10,)/(2) 112 , onde =- I,e 0 é o complex° conjugado de 0. A dimensao de uma super-acao deve ser par. No caso da SUSI N=1, dispondo apenas de uma supercoordenada 4, foi mostrado que nao se permite introduzir urn termo de potencial V(4) na super-acao (S), pois levaria a uma nao-invariancia 0) e corn dimensao inconsistente (impar) [4]. Para resolver este problema introduzimos uma supercoordenada anticomutante juntamente corn a comutante e mais alguns termos de interacao para SUSI N=I gerando assim termos de potenciais na lagrangeana. Ao se impor que tenhamos urn termo de oscilador harmonic° simples, obtemos uma equacao diferencial de segunda ordem acoplada e nao-linear. A nao linearidade esta evidenciada devido a presenca de termos de potenciais de osciladores anarmanicosq 3 , 41 , q 5 e na lagrangeana total. Uma analise detalhada deste trabalho esta sendo preparado para ser publicado em urn periOdico especializado. AGRA DECIA4ENTOS Os autores agradecem ao Centro de Formacao de Professores da UFPB pelo apoio. WPA agradece a bolsa do PIBIC/CNN/UFPB. REFERENCIAS [I] Herbert Goldstein, Mecanica Classica, Collecion Ciencia y Tecnica-anguliar, Madrid (1979); Notas de aula de QED, do Prof Joao Barcelos-Neto do Institute de Fisica da UFRJ, 1990; Rafael de Lima Rodrigues, Mini-Curso: Metodo Alternativo ern Mecanica Classica. UFPB, Fevereiro-Marco de 1996. [2] F. Ravndal, ELEMENTARY SUPERSYMMETRY, Departament of physics, University of Olso, Norway( proceedings of CERN, 11-24 june 1984). [3] R. de Lima Rodrigues, A. N. Vaidya — Supersimetria: da Mecanica Classica a Mecanica Quantica — Revista Brasileira de Ensino de Fisica, 19, 374, (1997). [4] R. de Lima Rodrigues, Joao Noilton da Costa, Israel Fonseca neto e A. N. Vaidya - Mecanica Classica Supersimetrica: Corn N=I (Trabalho a ser submetido a publicacao). [5] F. Berezin, The Method of Second Quantization(Academic Presse New York, 1966). PAINEL 9.6 - TRANSPORTE DE VETORES NUM PLANO SOB INFLUENCIA DO CAMPO GRAVITACIONAL Sibymio Beferra de rabbi- Beferra Barbosa' liniversidade Federal da Paraiba-Campus I - Centro dc Cli .acras Exatas c da Nalurcza Coordenaerio de Pais-Ciraduaeao em Fisica -1)epartamcnto de Fisica 58.059-970..1. l'essoa. 1'13 - Cl. Postal 5.008 / I silvanio(li4lp.orph.br c 2 valdir(Olisiezi.ulph.br I -Introducao Trabalhos envolvendo variaveis de contorno tern sido publicados corn o objetivo de explicitar as formas dos vetores transportados paralelamente ern torno de uma curva fechada (transformacOes holonomicas), sob influencia do campo gravitational [1,2,9]. Neste trabalho, realizaremos a generalizacao dos vetores que sao transportados cm torno de urn sistema de particulas (variaveis de contorno) para estudar a gravitacao de Einstein como descrito ern [I]. Usaremos a condicao que o fator de fase geometric° adquirida por urn vetor, que transportado paralelamente na presenca de Lull conjunto de particulas pontuais, é o mesmo como que adquirida par este vetor quando transportado paralelamente em torno desta simples particula. 2-Generalizacao do Transporte de Vetores para um Sistema de (n-1)-Particulas Pontuais em Repouso Ern [II], descreve todo o procedimento para um sistema de dual particulas (n=2) corn uma deltas movendo-se corn uma certa velocidade v. A particula I, em repot's° na origem, e a particula 2 localizada em a,, movendo-se corn velocidade v, . A particula 2 pode ser vista como uma particula ern repouso que foi impulsionada. Entao, se tomarmos urn vetor .x7 2 o conduzirmos ao longo de um circulo em torno da particula 2, obtemos, X 2= a, -FL2U2L, - (x-a,) , (I) 243 em relacao ao sistema de coordenada fixo na particula I. Este boost corresponde a mudanca da coordenada L2 sobre esta mudanca o fator de lase U transforma-se como Na eq. (I), U-,----exp(-21(3-,J,) (com (3-,=47cm,) e L2 é dado pew L,= cosh 7, 0 senh y, 0 1 0 senh 7, 0 cosh 7 2 ) Se transportarmos paralelamente o vetor x - ao lenge de urn circulo, em torno da particula I, o vetor resultante sera dado por X 2= U i[a2 -1--I (x-a2)] (2) As equacOes (I) e (2) correspondem as condiCks dadas per Deser el all, agora entendida em termos de variaveis de contorno. Pela eq. (2) vemos que, se urn vetor é transportado no campo das particulas I e 2, esta adquire uma lase dada par U,L 2 U 2 L 2- '. Se considerarmos este sistema come uma simples particula (particula 3 ) que comporta-se igual ao sistema anterior, esta particula pode ser considerada como impulsionada por ( :E3(03 , xd= 2 C.3 /// + — c3s3 2 C 3 S 3 ( 1 — /I3) (1— + S. yi3) C 3 Z3 C3 X3 8 3%3 S 3X3 c/1 3 1113 —coshy3 e onde c 3 =c04 3 , Em geral, a particula 3 teria spin [I] a variavel loop 6 dada per algum elemento do grupo de Poincare. Dessa forma, se transportarmos um vetor x paralelo ao circulo em torno desta curva fechada cujo centre temos uma particula rotacionando de massa 1113, obtemos o seguinte vetor apes o transporte: x 3=k,,[a3 +U3 .6 -1 (x-a 3 )+co], (3 ) • onde a 3 é a distancia da particula 3 a partir da origem e o termo f 3e0 esta associado com o salto no tempo [I] quando a particula desloca-se em torno do cone. Sua lase é dada poi - Equacionando as lases geometricas adquiridas pelos vetores x 2 e x' 3 Esta é uma equacao fundamental e corresponde exatamente aos calculos de Regge identidade de Bianchi usados per Rocek e Williams [2] no caso de duas colisOes de particulas. Tomando-se o trace de (3) obtemos uma igualdade entre loops gravitacional de Wilson para ambas as resulta em, cost3 3 =cos[3 1 cos[3 2 -senP i sen[3-,coshy 2 (4) a qual é a mesma relacao entre o deficit angular e a velocidade obtida par Deser el al e tambem por Rocek e Williams. Generalizando para um sistema de n-particulas, as quais (n- I )-particulas estao em repouso. 0 vetor transportado em torno da n-esima particula, que possui velocidade v,„ sera dada par, x "--a„--I-L„U„L„ .1 (x-a„) Na eq. (5), U,,—exp(-2i[3,,,L), (corn (3=4rum,,) e L,, e dado cosh 7„ 0 senh y„ 0 1 0 senh y,, 0 cosh 7„ L„= onde (5) esta o parametro de impulso e tal que lv„Htanh y„ . Se transportarmos paralelamente o vetor em torno das (n- f)-particulas, o vetor resultante obtido e expresso par xn= (6) o later de lase adquirido, assoc iado com o deficit angular é dado por U i ll,...U,,L„U„L„ I .Considerando o sistema de n-particulas como uma simples particula (particula x (n ` )), o vetor transportado em torno desta particula e dado per x ( "" i =f„., l£ (7) cuja lase 6 - expressa par £,,,1U„ onde e dado par, 0 en-f-1 Vir+1 ± S o/4-1 / (Op /, Y, d= „+ I s „+, ( 1 —1/1 „_,I) e n+I Xn+I onde 244 ‘11„,. 1 —coshy„, e Xn+I e n+I'V n-f-1 ( 1 — Vi n+1 ) 2 S /14-I VII+I + C 11-4-1 'V n+IXn-4-1 'C /1-1-1 Z11+1 Vn+1 Equacionando as fases geometricas adquiridas pelos vetores x" e teremos, (8) Tomando os tracos da eq. (6), obtemos, cos13,,,I=cos(131-1-13,+...+13„_,)cosI3,,-sen(131+(3,+...-13„..1)senr„coshy;1 (9) Se considerarmos urn sistema onde (n-1)-particulas est5o ern movirnento e apenas uma ern repouso. De fato, para esta situacao, viriamos estas (n-1)-particulas comp sendo uma simples particula, e ai voltariamos ao caso da eq.(I), obtendo uma equacao analoga a eq. (4). 3-Concluslio A generalizaca"o do transports de vetores em tomb de urn sistema de n-particulas torna-se possivel, bem como as fases adquiridas per esses vetores, as quais sac) afetadas apenas pelas particulas no interior da curva. Estamos estudando esse modelo para particulas corn momento angular e analisando urn sistema envolvendo cordas cOsmicas. 4-Referencia I- Deser, S., Jackiw, R. e 't Hooft, G., Ana Phys., NY 152 220, 1984. 2- Rocek, M. e Williams, R. M., Chess. Quantum Gray., 2 701. 3- Regge, T., Nuevo Chnento, 19 558, 1961. 4- Vilenkin, A., Phys. Rev. D, 23 852, 1981. 5- Mandelstam, S., Ann. Phys., NY 19 25, 1968, Phys Rev.,175 1604. 6- Yang, C., M., Phys. Rev. Len., 33 445, 1974. 7- Bollini, C., G., Giambiagi J., J., e Tomno, J., Nuevo Chnetrio, 31 13, 1981. 8- Wu, T., T., e Yang, C., N., Phys. Rev. D, 12 3845, 1975. 9- Bezerra, V., B., Phys. Rev. D. 34 3288, 1987, /Innais. of Physics, V. 34, No. 2, November I, 1990, Class. Quantum Grav:, 5 1065-1072, 1988. 10- Hiscock, W., A., Phys. Rev. D, 31 3288, 1985, Gott, J., R., III„4.rfrophys. 1., 288 422, 1985. PAINEL 9.7 - TRANSFORMACAO DE DARBOUX NA MECANICA QUANTICA Uherlandio Bafiso Severn „S'ilvaaio Bezerra de Olive ire' e Rafael de Lima Rodrigues' lniversidade Federal da Paraiba, Centro de Forma0o de Prolessores, Departamento de Clem:las Exams c da Natureza, Campus V. Calitzeiras-P13, E-mail: utherland@+penlinc.com.br 2 lJniversidade Federal da Paraiba, Centro de Clem:las Fxatas c da Natureza, Departamento de Fisica, Coordenitcao de Psis-Gracluaci -to em Fisica, Campus I, .1o5o Pessoa-I'll. sob(a?pagte.rpp.br I. A TRANSFORMACAO DE DARBOUX A Transformacao de Darboux [I] e utilizada para fazer a conexao entre duas equacOes tipoSchrodinger fornecendo urn novo potencial . A tecnica de Darboux foi usada pela primeira vez em 1882, para equacOes diferenciais classicas. Ainda It* e comum se falar que somente alguns potenciais sao soltliveis exatamente em mecanica quantica nao-relativistica [7], tanto em sistemas unidimensionais como em sistemas tridimensionais. Isso ocorre tambem cm mecanica relativistica. Neste trabalho, a nossa meta é analisar essa questa° somente no contexto da mecanica quantica nrio-relativistica, aria clinamica do estado quantico e governada pela equacao de Schrodinger. Recentemente, tern sido aplicado a te.cnica de Supersimetria em Mecrinica Quantica para se construir novos potenciais isoespectraiS [6]. 0 nosso metodo consiste em efetivar duas transformacOes de Darboux sucessivas para ampliar a classe de potenciais unidimensionais que levam a solucOes exatas da equacao de Schrodinger. Considere uma equac5o de Schrodinger independence do tempo unidimensional: (x) 11. i " (X) + V 1 (X)II,/ 1 (X) = E l y/ (x) (1) onde as linhas significam derivadas de segunda ordem em relactio a x. A Transformacao de Darboux relaciona a solucao dcsta equactio tipo-Schrodinger corn a solticao de ouira equacao tipo-Schrodinger corn urn novo potencial e o mesmo autovalor de energia E 1 , a saber: Hy] H-) 1//, =L- V, "(X) 1/, (x)y/ 2 (x) = E l y/ 2 (x), tom (x) = V1 (x) — (2) y/ii,(x).1" onde ///, / ,(y) e uma solucrio particular de (I). A nova equacrio de Schrodinger (2) tern as seguintes v, (x)= v i '( x) — In (x) 1(X), (3) autofuncOes: 245 para toda solucao de H I diferente de yilp (x) (correspondente a primeira transformacao de Darboux), e (correspondente a segunda transformacao de Darboux). Para demonstrarmos este teorema, multiplicamos as equacOes (3) e (4) por yilp (x), e em seguida, derivamos ambas as equacOes resultantes, obtendo, respectivamente, a primeira e segunda transformacOes de yz,(x) = 1 r , )] -2 ds p y ip (x) (4) Darboux. 2. OSCILADOR COM BARREIRA DE POTENCIAL 0 oscilador harmonic° unidimensional adicionado de uma barreira de potencial g/x 2 é descrito em termos do seguinte hamiltoniano id2 I 11 0b = +X dx2 2 g 2 \ , + 12 i onde g é uma constante real. Os n-esimos estados excitados silo bem conhecidos, cujos autovalores de energia E r()I'," ) = in = 0,1,2,... +—+2m, 2 estao associados as seguintes autofuncoes de energia: onde C é a constante de normalizacao, N é o nOmero quantico principal e L " 11(x) representa os polinomios associados de Laguerre. Agora consideraremos uma segunda transformacao de Darboux generalizada, a qual é baseada na seguinte 1 2 e 2 L(A+I / 2) //,,I, (x) = Cx" 1 in=1 / 2( Ar-A) I/1 2 p (X) — I vip(x) I + { (X), yr2 tts,.} a I pi,in(, sii ,_. solucao geral de H, onde a é uma constante e yz2,,(x) é uma solucao particular de H,. Urn novo hamiltoniano corn o seguinte potencial: isoespectral COM o hamiltoniano original. De acordo com o teorema de Darboux, esse novo hamiltoniano ' tern uma solucao geral dada por: para toda solucao de H I diferente de yi, /,(1). (x) = V, (x) — (In y/ 21, (x))" yri (x) = Vi? 1 (x) — V2,, (X)) ' V2 (x), Como aplicacao considere a seguinte solucao particular da equacao de Schrodinger para o oscilador corn barreira: 111 2 1, = (0) (x) 0x A+1 e Portanto, uma nova classe de potenciais isoespectrais corn 1 =—x- + 2 246 x- T 2 dx 2 In n (x), 11„b, toma a seguinte forma: onde (x) = _ a.c 2) f y 2(A+1) ,( d Y• Note que no limite quando a tende a zero, obtemos o potencial original. 3. CONCLUSAO Aplicamos a transformacao de Darboux para o sistema quantico unidimensional constituido de urn oscilador harmonic° simples adicionado, de uma barreira de potencial. Usando duas transformacOes de Darboux construimos uma nova classe de potenciais unidimensionais que sao isoespectrais corn o espectro de energia do oscilador quantico unidimensional corn barreira de potencial. Vale salientar, que este metodo tambem pode ser aplicado a sistemas quanticos tridimensionais. 4. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS [I] G. Darboux, C. R. Acad. Sci. (Paris) 94, 1456 (1882); [2] W. M. Zheng,.1. Math. Phys. 25, 88 (1984); [3] C. Sukumar, J. Phys. A: Math, Gen. 18,157 (1985); [4] C. Sukumar, J. Phys. A: Math. Gen. 18, 2917 (1985); [5] M. N. Nieto, Phys. Lett. 8145 208 (1984); C. V. Sukumar, .1 Phys. A: Math. Gen. 18, 2917 (1985); [6] R. de Lima Rodrigues, Mod. Phys. Lett. 10A , 1309, (1995); [7] R. de Lima Rodrigues, Mecanica Quantica na Descricao de Schrodinger, Revista Brasileira de Ensino e Fisica, marco/97; [8] M. Luban e D.L. Pursey, Phys. Rev. D33, 431 (1986). PAINEL 9.8 - A VISA() DOS LICENCIANDOS ACERCA DA LICENCIATURA EM FISICA DA UNESP/C. Bauru Aparecider Valquiria Pereira da Silva' e Francisco de Paula da Silva Mariano' 2 Bolsista / Dep. Fisica- Fn. de Ciacias-UNESP/ C.Bauru PAP./ Dep. de Fisica —Fn. de Ciemeias - UNESP/ C.Bauru Financiamento: CAPES/PADCT/SPEC 1. Introduciio Buscando subsidiar o processo de revisao do projeto pedagOgico do curso de Licenciatura em Fisica da UNESP (Bauru), o Conselho de Curso vem implementando o projeto A licenciatura em Fisica da UNESP (Bauru) num processo de revel- e ampliar sua acao" financiado pela CAPES/PADCT/SPEC. No projeto a avaliacao do curso compreende: a) a avaliacao das disciplinas pelo discentes e docentes, b) a avaliacao do curso pelos licenciandos e c) a avaliacao do curso pelo egressos (Follow-up), cujos resultados e analises devem compor os subsidios que orientem a discussao para a revisao pretendida. 0 presente estudo descreve, apenas a parcela da avaliacao do curso realizada pelos licenciandos. 2. Objetivos A avaliacao do curso pelos licenciandos buscou dados para subsidiar a reestruturacao do curso visando: uma melhor adequacao ao perfil dos alunos matriculados, maior integracao das disciplinas e a avaliacao do projeto pedagOgico que orienta o atual curso. 3. Metodologia 3.1 Participantes Participaram dessa etapa da avaliacao doze (12) alunos que cursavam o Ultimo ano em 1997. 3.2. Procedimentos e instrumentos de coleta de dados O instrumento utilizado consistiu num questions rio contendo questOes abertas e fechadas, adaptado a partir do instrumento desenvolvido por Tancredi (1995), organizado de maneira a obter dados acerca do perfil do aluno concluinte do curso, da avaliacao do curso pelos concluintes, da avaliacao da universidade e as expectativas existentes apOs a conclusao do curso. O questionario foi respondido individualmente num periodo de tres horas, marcado corn antecedencia corn todos os discentes, quando foram apresentados os objetivos pretendidos. 3.3. Tratamento dos dados Os questionarios respondidos foram previamente analisados para definir quais respostas constituiriam dados quantitativos e quais os dados qualitativos. Para o tratamento dos dados quantitativos foram utilizados 247 procedimentos estatisticos, a opcao foi apOs a ordenacao dos dados, numa serie ordenada de valores, classifica-los em uma distribuicOes de freqiiencia relativas e absolutas(sem qualificativo). Os tratamento dos dados qualitativos oriundos de questOes abertas foi realizados nas etapas: a) Leitura das respostas de todos os questionarios, sem a anotacao de qualquer resposta ( pre-analise); b) Leitura sistematizada das respostas: bl) Reuniao das respostas dos alunos por questa(); b2) Reuniao das respostas dos alunos por grupos de questOes; c) Estabelecimento de categorias de analise: ci) Definicao provisOria de categorias gerais de analise (a partir do questionario ou reformulacao a partir das respostas); c,) Representacio dos dados em quadros ou tabelas utilizando as expresseles ou patavras chave que expressem as opiniOes dos respondentes: cr,) Refinamento das categorias gerais de analise; d) Elaboracao de quadros sinteses que caracterizem a avaliacao dos discentes acercada licenciatura em Fisica. 4. AnAlise dos dados 41. CaracterizacAo dos licenciandos em Fisica A maioria dos licenciandos é do sexo masculino (72,8%), exerce atividade remunerada para sustentarse (90%) e moram sozinhos em repilblicas ou residencias (64%). A maioria dos licenciandos que trabalham tem faix.a salarial correspondente ao intervalo entre RS 400,00 e R$ 600.00. Os dados acima permitem afirmar que a opcao pelo curso noturno é realizada par alunos trabalhadores, oriundos de familias de baixa renda responsaveis pelo seu sustento, o que indica a pouca disponibilidade de tii -npo desses alunos para a realizacao de atividades extra-classe e mesmo para o estudo, uma vez que a maioria exerce atividades que ocupam 8 horas diarias. Cerca de 50% desses alunos ja foram bolsistas em algum moment() do curso, sendo que a minoria desenvolveu atividades de iniciacao cientifica. Dos doze alunos que responderam ao questionario, apenas 5 estao concluindo o curso em 4 anos, ou seja conseguiram realizar o percurso curricular proposto no tempo medio correspondente. Se considerarmos que ingressam 20 alunos a cada concurso vestibular, é possivel notar que tal percurso proposto foi realizado por apenas 25% dos ingressantes. Considerando o perfil caracterizado pela exiguidade de disponibilidade de tempo caberia questionar a adequacao da proposta de 4 anos e propor alternativas que aumentassem o tempo de percurso criando espacos para o estudo, a realizacao de atividades extracurriculares e de iniciacao a pesquisa no periodo noturno. Outra alternativa é o aumento das bolsas de auxilio aos alunos carentes, como o Programa de Apoio ao Estudante, para aqueles cursos noturnos em que os alunos se caracterizam como de baixa renda, como meio de remediar a injusta situacao dos alunos trabalhadores que sao duplamente penalizados: cansados do trabalho tern seu desempenho prejudicado e seu percurso curricular empobrecido pela inviabilidade de realizar outras atividades universitarias que nao aquelas inerentes as disciplinas. 4.2. Expectativas dos licenciandos em relacao ao curso e ao exercicio profissional Em relacao ao ingresso no curso, cerca de 82% indicou a Licenciatura em Fisica como primeira °Ka°, sendo que tiara 90% dos respondentes este é o 6nico curso universitario que realizaram. Quanto a expectativa profissional para a formacao oferecida, 55% pretendiam no inicio do curso, exercer o magisterio. As respostas relacionadas a expectativa profissional imediatamente apos a conclusao do curso apontam que 63,6 % dos respondentes nao pretendem exercer o magisterio imediatamente apos o termino do curso, uma vez que desse total 57,6% pretendem cursar pOs-graduacao e o restante pretendem exercer outra atividade. Somente 28% dos respondentes pretendem exercer o magisterio imediatamente .apos a conclusao do curso. Embora os aspectos anteriores parecam inicialmente contraditOrios, uma vez que ao termino do curso diminuiu a expectativa de exercer o magisterio, a analise das questOes abertas relacionadas as expectativas do egress() aponta que cerca de 30% dos concluintes pretende exercer o magisterio no ensino superior e continuar a aprofundar seu conhecimento em uma area de especificidade. Ou seja a experiencia possibilitada pelo curriculo desenvolvido ao longo do curso de Licenciatura, nao pode ser a Unica a considerar para descrever a expectativa de exercicio profissional ao final do curso, uma vez que a maioria dos licenciandos exerce on exerceu em algum moment() o magisterio no ensino medio e vivenciou a realidade do docente de Fisica neste nivel de ensino ( poucas aulas, salario indigno e precarias condicees de trabalho). Ao mesmo tempo é preciso refletir acerca projeto pedagOgico que é realmente desenvolvido ao longo do curso, revelado nesta contradicao, pois o curso tern explicitado como principal objetivo: a formacao do professor de Fisica para o ensino medic), dando-Ihe condicOes de continuar a formacao. 4.3. Avaliacao do curso 248 Ao avaliar o curso como urn todo, a maioria dos licenciandos (75%) consideraram o curso como regular e o restante como um bom. Neste relato serao apresentadas as principais categorias levantadas a partir das respostas dos licenciandos em relacao: a estrutura curricular do curso, a questao teoria X pratica, a pratica pedagOgica desenvolvida em sala de aula e a avaliacao. A estrutura curricular foi apontado como uma das dificuldades a enfrentar no percurso curricular, uma vez que as disciplinas mostram-se estanques impedindo muitas vezes a compreensao das relacOes entre os diferentes contefidos desenvolvidos, especialmente entre aquelas que instrumentalizam os discentes como o Calculo Diferencial e Integral, desenvolvidas como urn fim em si mesmas, sem quaisquer tentativas de estabelecer as possiveis relacOes corn os conhecimentos da area de Fisica. Essa fragmentacao tambem foi apontada em relacao as disciplinas cujos contefidos sao aqueles da area de Fisica e as disciplinas de carater pedagogico, assim no decorrer dos tres primeiros semestres a questao do ensino permanece intocada, para ser desenvolvida a partir do inicio das disciplinas pedagOgicas. Outra dificuldade apontada refere-sea desarticulacao entre teoria e pratica explicitada na configuracao curricular atraves de disciplinas agrupadas de maneira estanque em areas de contefidos especifico e de contefido pedagogico, o que representa serio obstaculo para a formacao e, que nao privilegio delta proposta curricular como descrevem os estudos de Silva (1989) e Carvalho (1992). A elevada carga horaria prevista na grade curricular, associada a pequena disponibilidade de tempo dos discentes, ja descritas, apresenta-se como urn, seri° obstaculo a veneer, uma vez que conduz reprovacoes que dificultam ainda mais o percurso curricular. Em relacao a pratica pedagOgica desenvolvida, os discentes sao unanimes em afirmar o despreparo da maioria dos docentes, do conjunto de disciplinas de contefido especifico, para a atividade pedagogica, uma vez que a aula expositiva, seguida de longa listas de problemas a resolver como atividade proposta para os alunos, parece ser o procedimento mais comumente utilizado, com enfase na transmissao do contefido. Ao mesmo tempo destacam infimeros aspectos positivos na relacao professor-aluno estabelecida entre os docentes do Departamento de Fisica e os alunos do curso, descritos como sendo entre outros: a disponibilidade no atendimento aos alunos, a busca conjunta de alternativas para dirimir dificuldades, o interesse em promover o desenvolvimento de habilidades e a aprendizagem. Dentre as dificuldades enfrentadas ao longo do curso, muitas se apresentam ainda no primeiro ano, uma vez que na visao dos discentes, eles "nao estavam preparados para enfrentar as disciplinas". Essa dificuldade parece estar relacionada a inadequacao das disciplinas as reais habilidades presentes nos ingressantes e, tambem atualmente a selecao negativa para os cursos de Licenciatura, como apontam os estudos de Carvalho ( Op. Cit.) e Banos (1992) como consecitiencia da desvalorizacao profissional do professor e dos cursos de licenciatura apontando. 0 estudo de Tancredi (1995), cujo foco é a avaliacao da formacao dos licenciados na area de Ciencias e Matematica da UFSCar (que inclui a Licenciatura em Fisica), reafirma os resultados anteriores e apresenta ate mesmo as consequencias dessa desvalorizacao nas salas de aula das disciplinas de contefido especifico, em que e possivel "perceber o preconceito a respeito da capacidade intelectual dos alunos e da profissao escolhida ( p.433)". Urn ultimo aspecto a relatar neste estudo esta ligado a avaliacao, que segundo os discentes ainda tens carater classificatOrio, sendo representada pot - provas escritas contendo infimeros problemas, nas quais sao valorizadas formulas e resolucOes que exigem instrumental matematico sofisticado, em detrimento do "pensar e raciocinar" e mesmo de outros instrumentos de avaliacao. 5. Consideracties finais A analise dos dados apontaram para a organizacao da estrutura curricular (linear e de disciplinas justapostas), em que o estudo da teoria antecede a realizacao de atividades praticas relatives a docencia, como um dos obstaculos para a vivencia da relacao teoria X pratica como dimensbes de urn mesmo saber. Uma caracteristica enfatizada pelos licenciandos em relacao a organizacao curricular existente, é a de que tal organizacao nao contempla a multidimensionalidade do processo de formacao do docente de Fisica em seus aspectos cientificos, pedagOgicos e politicos, uma vez que prioriza os aspectos relativos ao conhecimento especifico da area de Fisica. Embora afirmem ter adquirido conhecimentos de cunho especifico e pedagogico sobre o que e o como ensinar, tais conhecimentos e habilidades ainda nao sao considerados como adequados e suficientes para atender as mudancas percebidas na sociedade moderna e as necessidades atuais dos educandos e da mesma sociedade, delas decorrentes. 6. Bibliografia I. ABD-EL-KHALICK, F. & BOUJAOUDE, S. An exploratory study of the knowledage base for science teaching. Journal of Research in Science Teaching. 34, 7, 1997, p. 673-699. 2. ABIB, M. L. V. Em busca de uma nova formacao de professores. Ciencia & Educacao. 1996. Bauru, n.3,p. 60- 72. 249 3. ANDERSON. C. The role of education in the academic disciplines in teacher preparation. Paper presented at Rutgers Invitacional Symposium on Education: The Graduate Preparation of Teachers, May/ 1987, New Brunswick, NJ. 4. BARROS, S. de S. & ELIA, M. F. Physics teachers'attitudes: how do they affect the reality of the classroom and models for change? In: TIBERGHIEN, A.; JOSSEM, E. L. & BAROJAS (Ed.) Connecting Research in Physics Education with Teacher Education. ICPE/BOOKS,1998. 5. BOGDAN, R.C. & BIKLEN,S.K. Qualitative research for education: An introdution to theory and methods. 1992, Boston . Allyn and Bacon. 6. CARVALHO, A M. P. de; VIANNA, D. A quern cabe a Licenciatura . Ciencia e Cultura, 40 (2), 1988, p. 143-147. 7. CARVALHO, A M. P. de. Reformas nas licenciaturas: a necessidade de uma mudanca de paradigma mais do que de mudanca curricular. Em Aberto.I 2 (54) 1992, p. 51-63. 8. CARVALHO, A M. P. de & GIL-PEREZ, D. Formacao de professores de Ciencias. Sao Paulo, 1993., Ed, Cortez. 9. DINIZ, R.E.S. ConcepcOes e praticas pedagOgicas do professor de Ciencias. In: Nardi, R. (org.) Ciencia Contemporanea e Ensino: Novos Aspectos. Serie Ciencia & Educacao, v. 2, UNESP, Campus de Bauru, 1996. 10. NOVOA, A. ( coord.) Os professores e sua formacao. 1992. Lisboa. Dom Quixote. 11. REALI, A. M. R. & MIZUKAMI, M. G. N. ( Orgs.) Formacao de Professores - Tendencias atuais. 1996. Sao Carlos.EDUFSCar. 12. SILVA, A. V. P. da . Os problemas e perspectivas do Ensino de Fisica no municipio de Bauru (SP). 1989, Sao Paulo, Dissertacao de mestrado. Institute de Fisica/ Faculdade de Educacao ,Univ. de Sao Paulo. 13. SILVA, A. V. P. da. A construcao do saber docente no ensino de Ciencias para as series iniciais do primeiro grau. Ciencias & Educacao. (Bauru), n.3 ,p. 73 -84, 1996. 14. SILVA, A. V. P. da & NARDI, R. ; Pratica de Ensino e Instrumentacao para o Ensino de Fisica: uma tentativa de acao integrada. In: XI Simposio Nacional de Ensino de Fisica. 1995, NiterOi. Atas Niteroi , 1995. p. 249. 15. SILVA, A. V. P. da, GRANDINI, C. R. e RUIZ, L. S. R. 0 Projeto Pedagogic° do curse de Licenciatura em Fisica da UNESP/Bauru. In: XI Simposio Nacional de Ensino de Fisica. 1995, NiterOi. Atas ...NiterOi, 1995. p. 297. 16. TANCREDI, R.M.S.P. A formacao do professor nos cursos de licenciatura da area de Ciencias na UFSCar: uma analise da questa° sob a Otica dos licenciandos. 1995. Sao Carlos. Universidade Federal de sao Carlos, Tese de Doutorado. 17. VILLANI, A. ReflexOes sobre o ensino de Fisica no Brasil: praticas, contefidos e pressupostos. Revista de Ensino de Fisica, vol. 6, n° 2. Dez/I984. PAINEL 9.9 - REFLEXAO SOBRE UMA AVALIACAO: 0 ENSINO EXPERIMENTAL DA GRADUACA.o EM FISICA Lucia da Cruz de e Rosana There:Mimi Oueiro: de Oliveira' 'UT - Institute de Fisica, Av. Gal. Milton Tavares de Souza, sin, R.I, 24210-340, E-mail: lucia@ifulibr UFF - Pro-Reitoria de Assuntos Acadernicos, R. Miguel dc Frias. 09, 2 0 andar, R.I, 24220-000 1. Introdueao: O terra avaliacao tem sido enfatizado por diversos segmentos da sociedade contemporanea. Em termos da educacao nacional, particularmente a superior, este assunto passou a ser revigorado em fins da decada de 80. Retomando os FOruns Nacionais de PrO-Reitores de Graduacao das Universidades Brasileiras, pode-se observar atraves da analise de documentos que estes encontros se constituiram como marcos histOricos para o processo de avaliacao do ensino superior. O Ministerio da Educacao e do Desporto/MEC, colocando-se como parceiro dos Pre-Reitores de Graduacao das Universidades, apoiou o processo de avaliacao nas 1ES, criando o Programa de Avaliacao Institucional das Universidades Brasileiras/PAIUB. Em seu Documento Basico: uma proposta nacional, apresenta os principios, os objetivos, as caracteristicas, o desenvolvimento, os indicadores do programa. A Universidade Federal Fluminense/UFF passou, entao, a integrar o PAIUB, tendo seu projeto: "Proposta de Avaliacao para os Cursos de Graduacao da UFF" aprovado pelo programa em 1993. Ficando a cargo da PrOReitoria de Assuntos Acadernicos, por intermedio de sua Subcoordenadoria de Acompanhamento e Avaliacao o desenvolvimento deste projeto. O Curso de Graduacao em Fisica, segundo curso da UFF a aderir ao processo, teve suas atividades avaliadas no periodo de 1994 a 1995, numa metodologia fundamentada na avaliacao iluminativa (Parlett, M. & Hamilton, D., 1972) onde foram coletados dados quantitativos e qualitativos e todo o processo foi realizado de forma participativa. 250 Dentre as sugesteies coletadas, destacava-se, naquela ocasiao, a necessidade de "urn estudo sobre o funcionamento dos LaboratOrios Didaticos", devido a sua importancia para o curriculo e, de maneira a permitir permanente atualizacdo de contendos e metodologias, principalmente na sua abordagem experimental. Dessa forma, buscou-se neste trabalho refletir/verificar o impacto do processo de avaliacao do curso de graduacao em Fisica da UFF, no periodo de 1994 a 1995, no que diz respeito as disciplinas corn abordagem experimental. 2. Metodologia: A metodologia utilizada foi a de estudo de caso, por ser apropriada a investigacOes de pequena escala, corn limitacao de tempo, espaco e recursos, porem de especulacdo profunda. Alem de proporcionar uma analise qualitativa; possibilitando que fatos novos surgissem apesar dos pressupostos teOricos iniciais; utilizar fontes de informacOes variadas e permitir o pluralismo de idelas em torno de uma questa° (Santos, M. S., 1993). 0 modelo avaliativo adotado, combina perspectivas de avaliacao prOprias ao contexto (Stark, J. S., 1998), de maneira participativa, levantando dados qualitativos e quantitativos. Foram utilizados questionarios e entrevistas que envolveram professores e alunos do ensino experimental do ciclo basic° e do profissional. Os questionarios aplicados aos professores e alunos continham as mesmas questbes, a saber: Avalie o Laboratorio Didatico do Curso de Graduacao em Fisica da UFF, nos seguinte aspectos: tamanho; ventilacao; iluminacao; quantidade de mobiliario adequado; quantidade de material de consumo; funcionabilidade dos equipamentos; manutencao dos equipamentos e aparelhos; reposicdo dos equipamentos e aparelhos; atualizacdo dos equipamentos e aparelhos; disponibilidade para uso; contribuicao para a formacao profissional; relacao entre as aulas teOrica e pratica; relevancia dos contendos; atualidade tecnico-cientifica dos contendos; contribuicao para definicao de futura Area profissional. 0 acesso aos professores e alunos deu-se a partir de reunides corn a Coordenacao do Curso, onde foram discutidas as estrategias do estudo e a elaboracao dos questionarios e entrevistas. 0 levantamento de dados atingiu 100% dos professores e 74% dos alunos vinculados as 9 disciplinas (teerico-praticas: Fisica Geral e Experimental XI, XII, XIII e XIV; praticas: Laboratorio de Fisica Moderna Ill, Laboratorio Profissional I e II, Instrumentacao para o Ensino da Fisica III e IV) oferecidas no I° semestre letivo de 1998 . Paralelamente a aplicacao dos questionarios foram feitas entrevistas corn 3 professores, sendo I do ciclo basic°, outro do ciclo profissional e o Coordenador do Laboratorio Didatico e, 2 alunos, I do ciclo basico e outro do profissional. As questOes eram do tipo semi-estruturadas (Borg, N. R. & Gall, M. B., 19.79), e procuravam aprofundar os temas do questionarios, compreendendo: impressao sobre o ensino experimental; pontos altos do ensino experimental; principals problemas; preparacao para ingressar na vida profissional e sugesEcies para reformulacao do ensino experimental. As entrevista foram gravadas e de carater ananimo, as mesmas foram transcritas e resumidas por temas e por grupos consultados, garantindo o anonimato dos entrevistados, assegurando os principios eticos no processo de entrevista e estabelecendo uma relacao de confianca corn os participantes. construindo, assim, a legitimidade dos dados. Os dados levantados a partir dos questionarios foram organizados e submetidos a tratamento estatistico, tendo sido utilizado planilhas eletrOnicas em microcomputador. 3. Resultados: Os resultados apontam uma satisfacao dos participantes em relacao ao funcionamento do Laboratorio Didatico, onde sao citadas como melhorias ocorridas nester ultimos tres anos: a mudanca do predio do Institute de Fisica/UFF para novas instalacdes onde os problemas de infra-estrutura fisica foram superados; a significative modernizacao dos equipamentos e aparelhos; os beneficios que o LaboratOrio Didatico tern trazido para a formacao profissional dos estudantes. A boa qualidade do ensino experimental e a conseq0ente melhoria do funcionamento do LaboratOrio Didatico tern como suporte diversos aspectos, dentre eles, a imperceptive! dicotomia teoria-pratica; a desmitificacAo da ciencia; a relevancia dos contelidos para formacao dos licenciandos e bacharelandos; a contribuicao para futura de atuacao profissional e a atualidade tecnico-cientifica dos conteridos. Dentre os itens merecedores de maior atenc"ao, tres deles estAo associados diretamente as questhes orcamentaria e politico-financeira, ou seja: quantidade de mobiliario adequado; quantidade de material de consumo; manutencao e reposicao dos equipamentos. A superacao dos demais problemas encontrados corn este estudo vai depender, exclusivamente, da politica de ensino do Departamento de Fisica, de forma que esforcos sejam direcionados para: melhor planejamento das disciplinas corn atividades experimentais; major envolvimento de professores na elaboracao de novas atividades c modernizaciio do LaboratOrio Didatico, reformulaciio do tipo de avaliaciio rcalizada nas disciplinas prAticas e teerico-praticas. 4. Conclusfio: A proposta do estudo foi muito bem recebida por todos os professores e alunos, que se demonstraram sempre promos a colaborar e a fornecer as informaclies e documentos necessarios para o desenvolvimento da 251 pesquisa. Esta postura foi de encontro a proposta metodolOgica de realizar uma avaliacao participativa e contextual, possibilitando uma coleta de dados direta (Lawrence, J. H., e outros, 1997), por meio de entrevista e observacao ocasional (Vianna, H. M.,1997) e indireta por meio de questionarios. A Coordenacao do Curso demonstrou especial interesse na possibilidade de poder visualizar, neste momento, o impacto das melhorias efetuadas no Laboratorio Didatico, responsavel pelo ensino experimental de Fisica, tendo em vista os esforcos realizados nos Ultimos 3 anos e, realizar, assim, adaptacOes a partir de novas necessidades do contexto para as quais estas melhorias foram desenvolvidas. A avaliacao anterior resultou em tomada de decisdo para urn salto qualitativo do funcionamento do LaboratOrio Didatico na formacao do aluno de graduacao em Fisica. Porem, de acordo corn o resultado apresentado pelo grupo de professores neste estudo, o estagio atual é considerado corn uma primeira etapa do que se considera urn LaboratOrio Didatico ideal para a graduacao ern Fisica. As reflexOes que este estudo pode proporcionar caracterizam, na verdade, a avaliacao como urn processo que leva a ampliacao do senso critico daqueles que dela participam, assumindo, assim, seu verdadeiro carater pedagOgico de crescimento e reflexao. Referencias Bibliograficas 1. BORG, N. R. & GALL, M. B. Educational Research: An Introduction. New York, Lorgman, 1979. 2. LAWRENCE, J. H., GATTI, B. A. e WALTMAN, J. Avaliacdo de Disciplinas. Catedra Unesco de Educacao a Distancia da UnB, Brasilia, 1997. 3. MINISTERIO DA EDUCACAO E DO DESPORTO. Secretaria de Educacao Superior. Avaliacao da Universidades Brasileiras. Document° Basico: uma proposta nacional. Comissao Nacional de Avaliacao, 1993. 4. PARLETT, M. & HAMILTON, D. Evalution as Illuminations a New Approach to the Study of Innovatory Programs. Centre for Research in the Educational Science, University of Edingurgh. Ocasional Paper, october, 1972. 5. SANTOS, M. S. A Metodologia de Resolucao de Problemas como Atividade de Investigacao: urn instrumento de mudanca didatica. Tese de Doutorado. USP. Sao Paulo, 1993. 6. STARK, J. S. Avaliacao em Instituicoes de Ensino Superior. Brasilia: Universidade de Brasilia, 1998. 7. VIANNA, H. M. Avaliacao Educacional e seus Instrumentos: novos paradigmas. Fundacao Carlos Chagas. 1997. PAINEL 9.10 - PERFIL SOCIO-ECONOMICO DO ESTUDANTE INGRESSANTE NO CURSO DE FISICA DA UFRN EM 1998 Enrico de CAR V/I 1.110 e Ciclamio L. 13A RRETO Departamento de Fisica/ CCETI UFRN - Campus Univensitario de Lagoa Nova CaiNa Postal: 1641 - 59072-970 - Natal - RN E-mail: ciclamio*I Ite.0 Im.hr I. INTRODUcAO. Este estudo visa analisar e interpreter os dados que compoem as respostas ao questionario preenchido pelo candidato ao Vestibular 1998 da UFRN que tenha sido aprovado para o Curso de Fisica, nas modalidades Bacharelado e Licenciatura. Nesse intuit°, efetuamos uma abrangente caracterizacao do perfil socio-economic° dos ingressantes em 1998 neste Curso. Uma ampla diversidade de variaveis sao consideradas nesta analise. Para mencionar alg,umas, temos: a condicao previa de cadastramento na Universidade (se ja tinha ou nao uma matricula na UFRN), idade, sexo, renda familiar, estado civil, isencao da taxa do vestibular, grau de instrucao (da mae, do pai), local de residencia, ocupacao (do candidato, do pai, da mae), tipo de escola onde cursou o 10. e 2o. gratis, ano de conclusao do 2o. grau, turno em que cursou o 2o. grau, estado onde conduit.' o 2o. grau, frequencia a curso preparatOrio, numero de vezes que prestou vestibular, motivo da I a. °Nab, principal influencia para I a. opyao, grau de decisao sobre I a. opcao, e outras. 2. M ETODOLOGIA. Partindo dos dados tabulados pela Comissao Permanente do Vestibular (Comperve/ UFRN), referentes aos aprovados para o Curso de Fisica ingressantes em 1998, elaboramos as representacOes graficas de todas as tabelas para ambas as modalidades do Curso, a tim de auxiliar a uma mais eficiente visualizacao do conjunto dos dados. Algumas variaveis s5o representadas simultaneamente para Licenciatura e Bacharelado, a fim de facilitar a comparacao entre elas. Utilizou-se a planilha Microsoft Excel para a elaboracao dos graficos. Essas representacOes graficas mostraram-se de grande utilidade na comparacao das variaveis. 0 relevante papel do Concurso Vestibular 1998, a que foram submetidos estes alunos, é discutido, buscando contextualiza-lo no processo de transic5o para a Universidade. Uma confrontacao corn os dados disponiveis no Sistema de Registro Academic° referentes ao desempenho no primeiro period() letivo (98.1) propicia correlacOes interessantes corn a realidade sOcio-economica, conduzindo a um entendimento mais acurado das condicOes desses estudantes, bem como nos permite discutir sobre eventuais indicadores da sua 252 transic5o do Ensino Medi° para o Ensino Superior. Foram coletadas as medias finals e o Minter° de faltas que estes alunos apresentaram nas disciplinas deste primeiro periodo letivo, convenientemente tabuladas em relacao a variaveis selecionadas dentre o conjunto disponivel oriundo do questionario do candidato ao Vestibular 1998, e elaboradas diversas representacOes graficas representativas, ilustrativas da dependencia relativa aos fatores socio-economicos. 3. RESULTADOS. A elaborac5o deste trabalho resulta em urn aprofundamento do conhecimento da realidade socioeconomica do ingressante ao Curso de Fisica da UFRN em 1998. Passamos a dispor de informacao quantitativa concernente a uma variedade de aspectos anteriormente ftio somente intuitivamente suspeitados, ou mesmo totalmente insuspeitados. Neste contexto, estabelecemos comparacOes de diversas variaveis entre os Licenciandos e Bacharelandos, a fim de interpretar as condicOes que tern tradicionalmente conduzido estes Ultimos em geral a urn mentor desempenho no Curso. Neste esboco, preparado na fase initial do trabalho, portanto necessariamente parcial, mostramos apenas os primeiros resultados. Por exemplo, a razao de getter° (masculino/feminino) dentre os aprovados nao cadastrados para o Bacharelado foi de 3,83, enquanto para os ja cadastrados na UFRN foi de 5,25; para a Licenciatura estes nnmeros foram, respectivamente, 2,2 e 11,5. Essas razOes indicam que relativamente mais mulheres optaram pela Licenciatura do que pelo Bacharelado neste vestibular (em que foram aprovadas pela primeira vez), mas, como e de esperar, urn nitmero relativamente bem maior (particularmente o dobro) de homens dentre os candidatos que ja possuiam matricula na UFRN buscaram a Licenciatura, em relac5o aqueles que buscaram o bacharelado. Enquanto 13,8% dos bacharelandos nao cadastrados e 8% dos cadastrados ja se achavam casados, dentre os licenciandos estes percentuais cram de 25% e 32%, respectivamente. Embora nab possa ser considerada como uma regra geral, o estado civil pode afetar drasticamente o desempenho do estudante, haja vista as demandas que geralmente se impbem sobre os casados, muito especialmente quando tern filhos, tipicamente superiores aquelas sobre os solteiros. Mediante acesso ao Registro Academic°, compararemos o desempenho geral dos casados corn o dos solteiros. Dentre estes referidos bacharelandos, houve mais que 2,3 vezes mais aprovados nao cadastrados na faixa etaria de 20 a 24 anos do que na de 17 a 19 anos, enquanto que dentre os ja cadastrados o percentual de aprovados no grupo de idade de 17 a 19 anos e que superou, por 15%, o correspondente percentual no grupo de idade de 20 a 24 anos. No tocante aos licenciandos, nao houve tal inversao, sendo que o grupo de idade de 20 a 24 anos superou o de 17 a 19 anos por urn fator 2 para os nao cadastrados e por 2,75 para os cadastrados. Enquanto 100% dos aprovados na Licenciatura ja residiarn no Rio Grande do Norte, houve apenas 2 (em 79) aprovados no Bacharelado que residiam em outros estados (um no MA, ja cadastrado, outro no RS, nao cadastrado). Curiosamente, nao houve aprovados para o Curso de Fisica residentes em estados na vizinhanca imediata (CE, PB, PE) do estado, o que e esperado ocorrer no Vestibular 1999, quando pela primeira vez o vestibular da UFRN sera realizado em data nao coincidente corn os demais vestibulares de Universidades Federais da regi5o, devido ao periodo do Cantata], micareme (carnaval fora de epoca) da iniciativa privada que (pasmem!) muda profundamente a rotina da Cidade do Natal, ao ponto da UFRN decidir pela alterac5o da data do vestibular para nao concorrer corn este evento. Ademais, quase 40% dos bacharelandos 1998, dentre os nao cadastrados, sat) filhos de pal corn primario incompleto, enquanto dentre os ja cadastrados, menos de 20% tern pal corn este gran de instrucao. A versa° 1998 do Vestibular na UFRN deu continuidade ao processo de mudanca iniciado nos idtimos anos, tendo sido unanimemente considerado, especialmente na area de fisica, como um estimulador de mudancas nas escolas do Ensino Medi° no estado (principalmente na capital). Por exemplo, a cobranca de conceitos e habilidade de resolver problemas simples que se configuram no escopo da fisica moderna, especialmente da fisica quAntica, ja e uma sistematica ordintiria nos vestibulares da UFRN. Verificou-se ulna ampla gama de acertos nas questoes pertinentes, mostrando que as escolas e cursos preparatorios ja incorporaram a necessidade de incluir em seus programas e ensinar aos setts alunos os elementos mais basicos da fisica moderna. 4. CONCLUSAO. Alguns dos resultados de certo modo confirmam diversos fatos sobre os quaffs se dispunha de conhecimento tao somente intuitivo. Outros apontam para situac6es surpreendentes, que podem vir tanto a prejudicar o estudante quanto a beneficia-lo no decorrer do seu Curso. Enfim, este trabalho revela urn quadro da situacao secio-econemica do ingressante no Curso de Fisica da UFRN em 1998 que sugere diversas noes por parte da Coordenactio do Curso e da Chelia do Departamento de Fisica que visem aperfeicoamento do Curso nas suas modalidades Licenciatura e Bacharelado. Licenciando em Fisica, UFRN. Bolsista Pibic/CNPq. 253 PAINEL 9.11 – ESPECTRO DE POCOS FINITOS: UMA ANALISE SEMI-CLASSICA ROSCMCI /3ulos Santiago' c L. C. Guimoriie.s.2 %Istituto dc Fisica. Universidade do Fstado do Rio de Janeiro -UFRJ, [email protected] . Rua Sao Francisco Xavier 524-Maracanli, Cep 20550-013, Rio de Janeiro, Brasil 'Instituto dc Fisica, Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFR.1, CP 68528 Cep 21945-970, Rio de Janeiro, Brasil Em geral, nos cursos introdutOrios de fisica modem nab é uma tarefa facil introduzir o conceito de tunelamento. Acreditamos que isto se deva em parte a ausencia de uma analogia clara (!) deste fenomeno corn outros da mecanica classica. Vamos tentar aqui mostrar que a ideia de comprimento de tunelamento pode ser vista como uma escala natural de medida de distancia espacial. Para tanto, faremos urn estudo do espectro de energia de pocos finitos utilizando as ideias do modelo de mecanica quantica de Bohr para a quantizacao de movimentos periedicos. Corn isto, mostraremos que o problema do calculo de espectro energias mais baixas de pocos finitos é extremamente analogo a tarefa de se calcular os mesmo niveis de energia de um pogo infinito, corn tanto que, o conceito e os efeitos de tunelamento sejam introduzidos como novas escalas de comprimento associadas ao problema. 0 modelo Neste trabalho vamos admitir que uma particula de massa m seja confinada por urn potencial da forma 2 —V o p((x–x 0 )/ L) / (2mL ). Sendo ir uma funcao da posicao da particula e as grandezas positivas V0 e L representam respectivamente escalas apropriadas de energia e comprimento. Alem disto, sem perda de generalidade vamos admitir que x0 seja um ponto onde o pontencial e a forca sao nulos. Desta forma, estamos interessados em obter estimativas para as auto-energias associadas a seguinte equacao de Schrodinger unidimensional e independente do tempo: (I) d 2 c0„ 170/1((x xo )/ L) co„ — oo < x < ci0 2 En n(l) 2m clx 2 2mL 2mL Onde c„ > 0 corn0 , !,..., n,,,) é a escala de auto-energias em unidades reduzidas. Sendo assim, fazendo a mudanca de variavel x E--- yL , a equacao diferencial acima pode ser reescrita como a seguinte equacao de onda: (2) d)CD " 2 Onde definimos +k,',(y)co„ =0 ; – Go < .1) <(Y3 k„ o momento efetivo como: k„(.1)) vs„ – V()P(Y) > 0 ; Y_(£„) Sendo dy y y + (E„ ) (3) y + ( 8 „) os pontos de retorno classicos, ou seja, sao zeros do momento efetivo ( k(y + ) =0 ). regra de quantizacao de Bohr-Sommerfeld nos diz que: (4) fclyk„ (y)=(n+112)7z- Vu 254 A . Observe que, Fig(1): Mostra o comportamento do momento efetivo possui um maxim° em y o e zeros em y, . A regra de quantizacao de Bohr-Somerfeld afirma que a area hachurada da figura acima vale (n+11 2)7z- . Ern geral, regra de quantizacao(4) da origem a equacOes transcedentais cujos os zeros sao os valores possiveis para as auto-energias . Alem disso, e interessante notar da figura(1) que a area hachurada sobre a curva k, 1 vale (n + I / 2)7c. Portanto para urn dado valor de E n , pode haver diferentes curvas passando por pontos de retorno prOximos a y+ , tais que sua area tambem seja entendermos melhor isto vamos olhar para a serie de Taylor de km em torno de yo , (n + 1 / 2)Tc. Para a saber: (5 ) d2 kn(y) VE„ LIVE, V0 Yo ) 2 + 0( Y — Yo ) 3 (Y dY - adotado como fixo, curvas corn a propriedade de Desta forma uma vez que o valor de g 11 preservac5o de area acima citada devem ter o termo entre colchetes da expansao em Taylor(5) bastante semelhante. Ern outras palavras, para isto ocorra é necessario que o produto da barreira de potencial pela curvatura do mesmo na vizinhanca de y o varie pouco. A figura a seguir exemplifica isto mentor. V '„ V„ Ttinclantent da func5o de onda Y II Fig(2): Mostra que o espectro de urn poco de profundidade espectro de urn poco mais profundo pode ser interpretado como sendo o porem corn uma largura efetiva' maior devido ao tunelamento da funcao de onda. Desta forma, no limite de V' 0 —> Go podemos usar a regra de quantizacao(4) para estimar as autoenergias c„ do problema de poco de profundidade finita contanto que sejam adcionadas as escalas de . No caso de pocos finitos porem discontinuos, comprimento do problema o comprimento de tunelamento essas ideias podem tambem ser aplicadas. Para tanto, e necessarib se utilizar uma regra de quantizacfto similar a eq(4) aplicavel ao caso de potenciais discontinuos [2]. Nos abordamos corn essas ideias problemas de pocos de potenciais finitos corn simples forma tais como retangular, triangular e parabOlica. Estes resultados se mostraram bastante simples e satisfatOrios que acreditamos ser uma pequena contribuicfto para uma compreensao pedagOgica dos mecanismos inerentes da mecanica quantica como por exemplo, o tunelamento. Referencias: [I] E. Merzbacher, Quantum Mechanics (Wiley, N. York, 1970) [2] M. V. Berry, Proc. Phys. Soc. 88, 285 (1966). ( 0 ) Achamos que o conceito de ondas evanescentes comumente abordado em livros-texto nab apropriado para esta tarefa. é muito 255 PAINEL 9.12 - AULA-TRABALHO COM EXPERIMENTO QUALITATIVO Luis Augusto Alves*, Nell Ortega** e Vera Bohomoletz Henriques Institute de Fisica da USP [email protected] Da pratica em sala de aula surgiram questOes no que toca o processo de ensino aprendizagem, especialmente quanto a interacao professor-aluno, quanto a forma de levar o contend° de maneira significativa ao aluno e quanto aos processor de apropriacao dos conceitos, que levaram a proposta de aulas trabalho com experimetito qualitativo. Neste trabalho, descreveremos a aplicacao desta proposta ao curso de Eletromagnetismo basic° no segundo ano da licenciatura em Fisica na USP, para o qual foi desenvolvido material experimental teorico e, paralelamente, analise sistematica das atividades e tecnicas de interacao professor-aluno. As aulas-trabalho se distinguem tanto do laboratOrio como de aulas corn demonstracOes, pois se constituem em urn espaco dentro do curso, que privilegia a interacao aluno-aluno-experimento qualitativoprofessor. Essas aulas ocorrem corn periodo quinzenal, se alternando corn as aulas expositivas, nas quais é desenvolvido o contend° tanto conceitual quanto formal. Os alunos, em grupos, recebem materiais necessarios para a confeccao do arranjo experimental corn materiais simples, e sao orientados por um roteiro te6rico experimental aberto (pouco direcionado). Importante distinguir o carater teOrico experimental, pois visamos que os alunos nao apenas observem e descrevam em palavras o fenomeno estudado, mas tambem que entendam as relacees entre as grandezas envolvidas e facam uma analise qualitativa do fenOmeno, que inclui o desenvolvimento de relacOes matematicas, levando a formacao dos conceitos fisicos estudados. A interacao proporcionada pela aula-trabalho incentiva a participacao do aluno e respeita seus saberes, colocando questOes problematicas que nao permitem solucOes apenas por esquemas classificatOrios, ou descricOes matematicas que sejam memorizadas, objetivando que ele reflita. Valorizando o discurso informal do aluno (nao cientifico), trabalha-se corn componentes afetivos do processo de desenvolvimento cognitivo, diminuindo a distancia entre o aluno e a construc5o do conhecimento. E o roteiro aberto permite o surgimento de mIlltiplos caminhos, quest'Oes e experimentacOes, pois o aluno tern possibilidade de formular hipoteses prOprias, que ao serem discutidas durante a aula, permitem confronto das hipeteses corn outros alunos, bem como discuti-las corn a professora e equipe. Tambem propicia uma melhor avaliacao do conhecimento previo do aluno e possibilita a identificacao de conceitos mal compreendidos possibilitando que sejam reexplorados a tempo, bem como constitui uma situacao de avaliacao da eficiencia do processo de ensino aprendizagem fora do contexto das provas. Quanto a escolha de trabalharmos corn materiais simples deve-se a acreditarmos que urn equipamento sofisticado confunde o aluno: corn tantos elementos misturados ele acaba vendo o experimento como uma caixa preta, onde a observacao do fenomeno Ilea vinculada a uma situacao especial. E contribui para despertar a imaginacao dos alunos, criando urn potencial para explorarem outros fenomenos da mesma forma em seu futuro trabalho em educacao. Alem disso, o envolvimento dos alunos na confecOo ajuda a tomar consciencia dos elementos componentes do experimento. Para efetuar a analise da atividade nessas aulas dentro da perspectiva descrita, foram gravadas algumas aulas para comparacao com os relatOrios sobre as questOes levantadas no roteiro, permitindo confrontarmos as discussOes ocorridas durante a aula-trabalho com o texto elaborado pelos alunos fora da aula. A formacao de conceitos é urn processo que nao é mecanico e cada aluno deve se defrontar com suas d6vidas e certezas num processo dinamico, fazendo generalizacOes, relacionando tanto elementos trabalhados neste curso como aprendidos anteriormente em urn contexto de trabalho coletivo. E esta capacidade de generalizar e sim urn indicio de entendimento do conceito fisico trabalhado. "o mundo da experiencia precisa ser extremamente simplificado e generalizado antes que possa ser traduzido em simbolos."' Uma exposicao clara e objetiva nao constitui "born ensino" no sentido de que o contend°, embora logicamente encadeado, nao e necessariamente significativo para o aluno. E necessario induzi-lo a fazer perguntas e hipOteses; o papel do professor é apresentar o contend° e situacOes de observacao, perguntas e vivencias que explorem o pensamento do aluno, acompanhando seu desenvolvimento dentro do curso. Sens a pretensao de qualquer avaliacao numerica, o aprofundamento da analise do processo ensino aprendizagem é feito em contexto dinamico, corn o objetivo de ampliar, corrigir, transformar o prOprio processo. Apoio: * Fapesp ** Capes 'L.S. Vigotski, Perisamemo e Linguagem, Martins Fontes. 256 PAINEL 9.13 - EQUAOES DE MAXWELL VIA TEORIA DE GAUGE Cleidison Renato Laurifino de Lima, Rajael de Lima 1?odrigues 2 e Arvind N. Vaidya3 2 'Departamento dc Fisica- Universidade Federal do Paraiba- Campus II Departamcnto de Cibcias c da Nalureza- Universidade Federal da Paraiba- Campus V i lnstituto de Fisica- Univcrsidade Federal do Rio de Janeiro A Teoria de Gauge é de muita importfmcia no que diz respeito as interacOes fisicas existentes na natureza. E no caso abeliano é possivel urn estudo da Teoria de Campos, ou seja, a Teoria da Eletrodinamica Quantica( QED) nos oferece uma analise da interacao do foton corn a materia. Neste trabalho apresentamos o estudo da Teoria de Gauge no caso abeliano. E atraves deste estudo podemos concluir que o campo de gauge abeliano é exatamente o campo eletromagnetico e corn isso conseguimos obter as equacOes de Maxwell no vacuo e na forma covariante. I- Teoria de Calibre Abeliano: U(I) Ern fisica das interacOes fundamentais da natureza usa-se o formalism° lagrangeano. Neste caso dizemos que urn sistema fisico é invariante quando ocorre uma simetria da lagrangeana. Consideramos a simetria da gauge global e local ern D—(3+1) (3 dimensOes espaciais + I dimensao temporal). 0 espaco quadridimensional (3+1) dimensOes e definido por: - quadrivetor de posicao contravariante: = ( ct,x ); - quadrivetor de posicao covariante, = ( ct„. -x ), onde x = ( x, y, z ), x° = ct, x l = x, x 2 = y, =z Utilizando o tensor metric() = ( +, - ) passamos do quadrivetor de posicao covariante para o quadrivetor de posicao contravariante, ou seja, x" = g" s' x,, , onde g" é urn tensor simetrico, ou seja, = • - CAMPO ESCALAR CARREGADO 0 campo escalar can -egado se transforma da seguinte maneira: (p(x) —> = e- ' (r)(x) , (1) onde e é uma constante real. A carga eletrica total é dada pela seguinte integral tripla q = (1 3 j ° = f dxdydzj () , = j° = p, 11 = = 1. onde .j é a quadricorrente,j é a densidade de corrente e p e a densidade de carga. A densidade de lagrangeana total e dada por: L4, = L( (-) 4) = 1-0(4) + Li( 44 * ) (2) sendo que Lo(4) = ahi-74) - 111 24) *(1) LIM)) X/2 (4;0 2 irl) 4)(x2(x)) =IN21, onde 4),(x) e (x) sao campos reais. Ld, é invariante sob uma transformacao de gauge global U(I). De fat°, quando -> (I)(x) = e -' ° p(x), q = I, onde a lei de transformacao U(I) é dada por U(1) = e - ' 0 . No caso do complex° conjugado do campo, temos: (I) —> (x) = e i0 40) . Portanto, vemos que L,p = L1, , o que nos assegura a invariancia de . PrincIpio de gauge: Simetria de gauge global —> Simetria de gauge continua(local). Transformacao de Gauge Local: (1; (x) = x 1 p(x), = I. (3) Transformacoes infinitesimais: 0 grupo de gauge associado a estas transformacOes é o grupo abeliano U(1)(dois element° do grupo comuta). Neste caso, dizemos que e -' (I( x) e a representacao unidimensional de U( I ). (1; * (1)' = e °43,*e-' 5(1) = 4) (1) é invariante de gauge. Mas, a,,4; = i( (-),, 0(x) )e -i (1( ) (I) + e -' ° `" ) (-)„(1) = e ° '1( ( 4) 257 a „ci)* aN) nao é invariante de gauge porque aparece 0„e(x) em # L(ca„0, para transformacao de gauge local. L(4; logo, . Portanto, 11- Acoplamento Minimo do Eletromagnetismo(Campo de gauge para o. grupo U(1)) Para garantir a invariancia de gauge devemos efetuar o processo de acoplamento minimo substituicao a„ , fazendo a seguinte - leA„ . D„= Neste caso, vemos que D„ cl) = ( i)„ - ieA„ )(13.. = e - ' 0( ( -( - ieA'„(1)) e invariante. Por isso, D„ passa a ser denominada de derivada covariante e o campo A„ introduzido é - es de chamado de campo de gauge. Logo, para que possamos garantir a invariancia de L sob as transformac O gauge locals, devemos necessariamente fazer a seguinte transformacao no campo de gauge A„: A„ --> A„ = A„ - 1/e(3„0(x)) —> 8A„ = -(1/e)0„0(x). (7) As transforrnacOes de gauge locals sao dadas pelas equaceies ( I ) e ( 3 ), as quais definem as transformaceles de gauge abeliano. Neste caso, D„(13, se transforma como os campos e, assim, o produto escalar ( Dh) * .(Dh) sera um - m',1) (13. - (X/2)(4) )- e invariante de gauge local. invariante de gauge. 1, 4, —> I, (Ph) 0 Tensor de intensidade eletromagnetico: Few = A„ - a,, A.„ ( 8) é invariante de gauge U(I). Ele define a densidade de lagrangeana para o campo vetorial livre, a saber: L I, A l = -1/4 ( F. Fl y ), a qual e exatamente a densidade de lagrangena de MAXWELL. E finalmente usando a equacao de Euler-Lagrange obteremos as equacOes de Maxwell no vactio e na forma covariante. a„ =0 ( 9) AGRADECIMENTOS Nossos sinceros agradecimentos aos professores Pedro da Silva Barbosa( Campus V-UFPb), Jambunatha Jayaraman (Campus 1-UFPb) e aos alunos Eric Alexandre(Campus 11-UFPb) e Wendel Pires(Campus V-UFPb) pelo apoio, pelas sugestOes e discurs6es bastante oportunas e esclarecedoras..Um agradecimento especial ao professor Rafael de Lima Rodrigues pela paciencia e pela dedicacao na obtencao deste trabalho cujo conteudo ja tern grande discursao na literatura. 0 bolsista CRLL agradece ao P1B1C/CNPq/UFPb. REFER 'ENCIAS BIBLIOGRAFICAS [ I ] Cleidison R. L. de Lima e Rafael de Lima Rodrigues, "Supersimetria em Mecanica Qutintica para o Eletromagnetismo", SBPC 1998. [ 2 ] J. Barcelos Neto e Ashok Das, Phys. Rev. D33, 2863, (1986). [ 3 ] T. P. Cheng e L. F. Li, " Gauge Theory of elements particle physics", Cap. I. [ 4 ] C.G. Bollini, " Introducao a teoria quantica de campos", (notas de curso, CBPF-1978). [ 5 ] J. D. Bjorken e S. D. Drell, " Relativistic quantum fields", Cap II . 258 PAINEL 10.1 - ESB04'0 DO TRABALHO: "BRINCANDO COM VETORES" - UMA ANALISE DAS GRANDEZAS FISICAS VETORIAIS NO ENSINO MEDI() Norberto Cardoso Ferreira/ e O'clock' Lopes' I luistiluto de Fisica da USP/ Norbertogilusp.br; 'Institute de Fisica da USP/ Tel: 6694-3419 0 contend° deste trabalho e decorrente de uma pesquisa sobre o modo como vem sendo realizado o ensino de grandezas vetoriais em Fisica nas escolas do Ensino Medi° de Sao Paulo. Tendo em vista que grande parte dos conceitos fisicos vistos pelos alunos em sala de aula utilizam como parametro urn estudo vetorial, buscamos averiguar como é feito o primeiro contato dos alunos corn esta forma de abordar os problemas em Fisica, suas principais dificuldades, as metodologias utilizadas pelos professores no desenvolvimento do assunto assim como subsidios que sejam capazes de diminuir as dificuldades em seu ensino-aprendizagem. Conhecendo a importancia de se saber as regras vetoriais assim como a sua interpretac5o Fisica e que julgamos importante repensar como vem sendo realizado o ensino de vetores. Logo fizemos uma analise sobre o modo como esta sendo desenvolvido esta tematica pelos professores em sala de aula, nos livros didaticos e as possibilidades, de modificarmos e melhorarmos a aprendizagem atraves de uma outra proposta de ensino, que é feita atraves do projeto RIPE (Rede de Instrumentac5o para o Ensino), que busca desenvolver contendos de Fisica utilizando materials de laboratOrio de baixo custo, jogos e brincadeiras. Para a realizacao deste trabalho foram elaborados alguns questionarios a professores e alunos, dos quais pudemos obter algumas respostas sobre os problemas que ambos enfrentam diante deste contend° e as falhas existentes no mode como este vem sendo aplicado nas salas de aula atualmente. Foram elaborados tres tipos de questionarios: • o primeiro voltado aos professores, na intencrio de levantarmos os conhecimentos que estes possuem corn relacrio as grandezas vetoriais e dificuldades encontradas corn relac5o ao ensino deste contendo; • o segundo voltado aos alunos e aplicados no inicio do ano letivo, a tin de termos nocOes dos conhecimentos previos e tipos de representacOes mais commis dados pelos alunos corn relacao a certas grandezas fisicas; • o terceiro, tambem destinado aos alunos, porem aplicado no termino do ano letivo, de onde podemos tirar algumas conclusOes sobre o contend° desenvolvido e "aprendido" pelos mesmos. Os questionarios foram aplicados a 10 professores de Fisica e a uma turma de 40 alunos que estrio no primeiro ano do Ensino Medi°. Escolhemos esta serie, pois e nela que se ensina aos alunos de maneira mais sistematizadas os conceitos fisicos, dentre eles as nocoes vetoriais. Alem dos questionarios foram feitos alguns acompanhamentos em aulas, onde pudemos detectar corn maior clareza as falhas existentes no ensino vigente, tanto corn relac5o a metodologia utilizada pelo professor ao abordar o contend°, quanto aos problemas e dificuldades em relacrio a aprendizagem dos alunos. Ao observarmos os livros didaticos apontados pelos professores quando estes elaboram suas atividades e aulas, optamos em fazer uma analise mais detalhada do livro Fisica Fundamental ja que o mesmo é indicado por urn maior nnmero de professores. Deste livro preocupamo-nos em observar a linguagem utilizada, a sua organizac5o corn rel