UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PATRÍCIA KUNDE SCHROEDER QUALIDADE DE VIDA E DESEMPENHO PROFISSIONAL: UM ESTUDO EM UMA LOJA DE VAREJO Balneário Camboriú 2008 - 2 -2 PATRÍCIA KUNDE SCHROEDER A INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DE VIDA NO DESEMPENHO PROFISSIONAL: UM ESTUDO EM UMA LOJA DE VAREJO Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração – habilitação em Recursos Humanos, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Balneário Camboriú. Orientador: Prof. MSc. Lorena Schröeder Balneário Camboriú 2008 - 13 -13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 15 1.1 Tema de estágio ................................................................................... 16 1.2 Problema de pesquisa .......................................................................... 16 1.3 Objetivos da pesquisa ........................................................................... 16 1.4 Justificativa da pesquisa ....................................................................... 17 1.5 Contextualização do ambiente de estágio ............................................ 18 1.6 Organização do trabalho........................................................................ 18 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................ 20 2.1 Gestão de Pessoas................................................................................ 20 2.1.1 O Ser Humano do Século XXI nas organizações.................................. 24 2.1.2 Gestão de Pessoas nas Pequenas Empresas ...................................... 26 2.2 Motivação............................................................................................... 28 2.2.1 Necessidades Humanas........................................................................ 30 2.2.2 Teorias Motivacionais............................................................................ 32 2.2.2.1 Hierarquia das Necessidades de Maslow ............................................. 32 2.2.2.2 Teoria dos Dois Fatores ........................................................................ 35 2.2.2.3 Teoria X e Teoria Y ............................................................................... 37 2.3 Qualidade de Vida no Trabalho............... ............................................. 39 2.3.1 Fatores de Qualidade de Vida no Trabalho........................................... 42 2.4 Qualidade de Vida.................................................................................. 45 2.5 Desempenho.......................................................................................... 48 3 METODOLOGIA CIENTÍFICA .............................................................. 55 3.1 Tipologia de pesquisa ........................................................................... 55 3.2 Sujeito do estudo .................................................................................. 56 3.3 Instrumentos de pesquisa ..................................................................... 56 3.4 Análise e apresentação dos dados ....................................................... 57 3.5 Limitação da pesquisa .......................................................................... 58 4 RESULTADOS ..................................................................................... 59 4.1 Ações de recursos humanos ................................................................. - 14 -14 4.1.2 Descrição de atividade e condição de trabalho..................................... 4.2 Perfil sócio-econômico........................................................................... 4.3 Percepção das funcionárias sobre a qualidade de vida......................... 4.4 Desempenho individual e da equipe...................................................... 4.5 Influência da Qualidade de Vida no Desempenho Profissional............. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 60 REFERÊNCIAS .................................................................................... 62 APÊNDICE ............................................................................................ 65 - 15 -15 1 INTRODUÇÃO A qualidade de vida é essencial para o ser humano. Cada pessoa tem parâmetros individuais, como bem-estar, realização, saúde, cultura, satisfação, motivação, objetivos, daí a necessidade de compreender a importância da qualidade de vida. Segundo Möller (2002) a qualidade de vida condiz com as exigências e expectativas pessoais do indivíduo, relacionadas às suas percepções de valores, padrões e cultura. A partir deste conceito entende-se que a qualidade de vida é uma questão de valores e expectativas individuais, relacionado à idéia de valores de vida de cada indivíduo. Ressalta Nahas (2001) que a qualidade de vida é “como um conjunto harmonioso e equilibrado de realização em todos os níveis como: saúde, trabalho, lazer, sexo, família e desenvolvimento espiritual”. Assim sendo, salienta-se que além de estar ligada com fatores relacionados à saúde, a qualidade de vida também está relacionada com fatores externos como família, amigos, trabalho e outras circunstâncias do ciclo de vida. É necessário, pois, analisar que a qualidade de vida para ser satisfatória deva oferecer condições para que o indivíduo possa desenvolver suas potencialidades. De acordo com Möller (2002, p. 18) a “qualidade pessoal pode ser definida como a satisfação das exigências e expectativas técnicas e humanas da própria pessoa e das outras”. A partir dessa reflexão, pode-se dizer que as organizações têm grande influência na qualidade de vida de seus colaboradores, sendo que a organização preocupada em contribuir para o desenvolvimento da qualidade de vida do seu funcionário, estará contribuindo a si mesma, sendo que o funcionário obtém maior interesse e motivação, gerando assim um maior comprometimento com a organização, contribuindo em prática para os resultados organizacionais. “Qualidade de Vida é um fator de excelência pessoal e organizacional, que pode trazer inúmeros benefícios às pessoas e as empresas, porém, é necessário saber implanta-la” (CAÑIZARES, 2008). - 16 -16 Portanto, a qualidade de vida é essencial para qualquer indivíduo, sendo esta denominada conforme necessidades, objetivos e padrões de vida de cada um; e as organizações têm grande influência para alcançar uma qualidade de vida satisfatória, sendo o funcionário visto como seu objeto direto de sucesso e permanência no mercado competitivo. Segundo Möller (2002) os resultados positivos ou negativos afetam o desempenho profissional. Quanto mais elevado os ideais do indivíduo, mais alto será seu nível de qualidade do desempenho. Ainda, o referido destaca que o funcionário passa a ser um patrimônio da organização, quando seu nível de desempenho pessoal é elevado e os resultados alcançados. Pode-se assim interpretar que o melhor desempenho é quando se aplica total qualidade pessoal, atingindo o resultado ideal. 1.1 Tema: Importância da Qualidade de Vida para o trabalhador e reflexos no desempenho no trabalho. 1.2 Problema: Qual a interferência da qualidade de vida do indivíduo no desempenho profissional ? 1.3 Objetivo Geral: Identificar a percepção de qualidade de vida das funcionárias da Danchelle Modas e a influência desta no seu desempenho profissional. 1.3.1 Objetivos Específicos: Descrever as ações de recursos humanos desenvolvidas para a qualidade de vida no trabalho; Identificar o perfil sócio-econômico dos funcionários da empresa; - 17 -17 Caracterizar as percepções dos funcionários acerca da importância da qualidade de vida; Identificar o desempenho individual dos funcionários e participação no desempenho da equipe; Relacionar a influência da qualidade de vida no desempenho profissional. 1.4 Justificativa: Vive-se em um período onde as mudanças são constantes, às pessoas estão vulneráveis a mudanças e novos desafios, visando estar à frente de novos avanços. O desenvolvimento humano constitui grande influência a esses novos tempos, o foco atual está direcionado a gestão de pessoas, daí a necessidade de analisar a qualidade de vida do ser humano. Pode-se compreender com base em Moller (2002) que a qualidade de vida é um tema muito ambíguo, sendo muitos os fatores que devem ser levados em consideração ao se julgar qualidade. Partindo da premissa de que a qualidade de vida está relacionada ao desenvolvimento humano, pode-se entender que esta qualidade é uma questão de valores e expectativas do próprio indivíduo. Nesse sentido ressalta-se que o indivíduo além de boa saúde, física e mental, precisa estar de bem consigo mesmo, com a vida, com sua auto-estima, emocionalmente, com o trabalho, com as pessoas que o cercam e vários outras variáveis relevantes à qualidade de vida. É de suma importância debater a questão qualidade de vida, não só para uma realização pessoal do funcionário, mas também para o desenvolvimento da organização a qual se está inserido, já que o funcionário com uma qualidade de vida satisfatória obtém mais motivação e comprometimento com a organização, contribuindo em prática com o faturamento organizacional, alcançando resultados significativos. Estudos nesta área são incipientes, pois pouca atenção se dá a qualidade de vida do funcionário. A qualidade de vida no trabalho já assumiu um significativo espaço nas organizações nos últimos anos, embora ainda tenha muito a evoluir. No decorrer da formação em administração foi possível observar um avanço a esse tema, muito mais voltado as grandes empresas. As pequenas ainda estão - 18 -18 distantes da preocupação da qualidade de vida do funcionário, sendo que as pequenas empresas têm uma relação mais próxima com o indivíduo, o que despertou o interesse de atribuir qualidade de vida no trabalho ao funcionário da pequena empresa e consequentemente esta qualidade no trabalho resultará em sua qualidade de vida. 1.5 Contexto do ambiente de estágio: A Danchelle foi fundada no dia 22 de dezembro de 1999, na cidade de Balneário Camboriú. Trata-se de uma empresa de caráter familiar visto que as proprietárias são mãe e filha. No início a empresa era composta por apenas dois funcionários sendo que atualmente o quadro consta com o número de sete colaboradores. A empresa comporta uma área de aproximadamente 100m², onde se localiza o salão de vendas, um banheiro e um depósito. A clientela alvo da Danchelle é o público feminino sendo o foco principal mulheres acima dos 20 anos de idade. A grande maioria dos fornecedores estão localizados na cidade de São Paulo sendo que o principal produto são as roupas femininas de multimarcas, incluindo alguns acessórios como bolsas, colares e pulseiras. Dentre as principais grifes que a empresa dispõe há suas clientes existem aquelas voltadas às roupas sociais para executivas, bem como trajes informais e de ampla exclusividade. 1.6 Organização do Trabalho O capítulo 1 apresentará a introdução, seguida do tema, do problema de pesquisa, objetivos geral e específicos, a justificativa e a contextualização do ambiente de estágio. O capítulo 2 é composto pela fundamentação teórica, onde inicia-se pelo conceito de gestão de pessoas, seguindo pelo conceito de motivação, as necessidades humanas e principais teorias motivacionais; em seguida apresenta a qualidade de vida no trabalho e seus principais fatores, prosseguindo com o - 19 -19 conceito de qualidade de vida e finalizando com desempenho, relacionando-os com o tema da pesquisa. No terceiro capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para elaborar a pesquisa, onde consta o tipo de pesquisa utilizado no projeto, sua área de abrangência e a coleta de dados. No capítulo 4 demonstra-se os resultados obtidos com a aplicação da pesquisa e a devida análise. O quinto capítulo é apresentado as considerações finais obtida após a execução do projeto. E, por fim, no capítulo 6 constam as referências bibliográficas utilizadas para esta pesquisa. - 20 -20 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Gestão de Pessoas A gestão de pessoas ganhou maior importância nos anos 90, visando substituir a gestão de recursos humanos, com o intuito de designar o modo de lidar com as pessoas dentro das organizações (GIL, 1994). Atualmente a gestão de pessoas vem assumindo novos parâmetros de importância nas organizações, isso se reflete pelo ambiente de constantes mudanças em que se vive hoje. “O modelo de gestão de pessoas é a maneira que a organização se estrutura para gerenciar e orientar o comportamento humano no ambiente de trabalho” (MASCARENHAS, VASCONCELOS, 2004 p. 01). Afirma Chiavenato, (2004 p.10) que “a gestão de pessoas é a função que permite a colaboração eficaz das pessoas, para alcançar objetivos organizacionais e individuais”. Defende ainda o autor, que as organizações dependem das pessoas para seu funcionamento, e conseqüentemente os indivíduos dependem das organizações para atingir objetivos pessoais e individuais. Em função disso pode-se dizer que as pessoas são de grande importância para as organizações, são fontes criadoras, inovadoras, cooperativas, com capacidade original e de diversas qualidades, das quais são fundamentais para uma organização diferenciada. Para confirmar esta importância Chiavenato (2004 p. 05) diz que “o contexto em que se situa a gestão de pessoas é representado pelas organizações e pelas pessoas”. A partir dessas reflexões cabe ressaltar que sem pessoas e sem organizações não existe gestão de pessoas; as organizações dependem dos colaboradores para cumprir suas missões e as pessoas para cumprir seus objetivos. Destaca ainda Chiavenato (2004) alguns objetivos organizacionais e objetivos individuais que são fundamentais para a gestão de pessoas. - 21 -21 Objetivos Organizacionais Objetivos Individuais • Sobrevivência; • Melhores salários; • Crescimento sustentado; • Melhores benefícios; • Lucratividade; • Estabilidade no emprego; • Produtividade; • Segurança no trabalho; • Qualidade • Qualidade de vida no trabalho; serviços; • Satisfação no trabalho; • Redução de custos; • Consideração e respeito; • Participação no mercado; • Oportunidades de crescimento; • Novos mercados; • Liberdade para trabalhar; • Novos clientes; • Liderança liberal; • Competitividade; • Orgulho da organização. • Imagem no mercado. nos produtos ou Quadro 1: Objetivos organizacionais e individuais da gestão de pessoas. Fonte: Chiavenato, (2004, p.227). Conclui ainda Chiavenato (2004) que muitos objetivos tantos pessoais quanto organizacionais não poderiam ser atingidos isoladamente, mas sim de forma conjunta. É importante ressaltar que para Marcarenhas, Vasconcelos (2004) o modelo de gestão de pessoas é formado por vários fatores internos e externos à organização, os quais podem interferir no comportamento das pessoas. Estágio de desenvolvimento do país, ambiente sociocultural do local, condições do mercado de trabalho são fatores externos que auxiliam o estilo de gestão mais adequado. Já os fatores internos como a estrutura organizacional, cultura e métodos de gestão, princípios e política, tomada de decisões, são variáveis que influenciam não só o modelo de gestão, mas também o posicionamento e imagem da organização no mercado competitivo. Com base nas reflexões acima, pode-se dizer que o comportamento das pessoas no ambiente de trabalho são influenciados por vários fatores, e as pessoas podem ser o sucesso ou o fracasso de uma organização, assim torna-se fundamental focar-se na gestão de pessoas. A gestão de pessoas, segundo Chiavenato (2004) se baseia em três aspectos fundamentais: as pessoas como seres humanos, as pessoas como ativadores - 22 -22 inteligentes de recursos organizacionais e as pessoas como parceiros da organização. Com base neste autor ainda, as pessoas como seres humanos devem ser tratadas como pessoas e não apenas recursos, são únicas e diferenciadas, possuem conhecimentos, habilidade e competências indispensáveis à organização. As pessoas como ativadores inteligentes de recursos organizacionais “são como fonte de impulso próprio que dinamiza a organização e não como agentes passivos, inertes e estáticos” (CHIAVENATO, 2004 p. 09). Já às pessoas como parceiros da organização são definidas realmente como parceiros, investindo na organização com mais responsabilidade, dedicação, comprometimento com o objetivo de se obter retorno a esses investimento como melhores salários, crescimento profissional, quanto maiores forem os retornos melhores serão os investimento dos parceiros, assim cria-se uma reciprocidade entre parceiro e organizações, conduzindo a excelência e sucesso organizacional (CHIAVENATO, 2004). A partir dessas abordagens pode-se perceber a grande importância das pessoas serem vistas como colaboradores e não mais como um recurso, sendo elas o capital intelectual das organizações e buscando resultados cada vez mais positivos de excelência e sucesso organizacional. O mesmo autor ainda diferencia as pessoas como recursos e como parceiros, observa-se a seguir: Pessoas como recursos Pessoas como parceiros Empregados isolados nos cargos Colaboradores agrupados em equipe Horário rigidamente estabelecido Metas negociadas e compartilhadas Preocupação com normas e regras Preocupação com resultados Subordinação ao chefe Atendimento e satisfação do cliente Fidelidade à organização Vinculação à missão e à visão Dependência da chefia Interdependência com colegas e equipes Alienação à organização Participação e comprometimento Ênfase na especialização Ênfase na ética e na responsabilidade Executoras de tarefa Fornecedoras de atividade Ênfase nas destrezas manuais Ênfase no conhecimento Mão- de – obra Inteligência e talento Quadro 2: A diferença entre pessoas como recursos e como parceiros. Fonte: Chiavenato, (2004, p. 08). - 23 -23 Como pode-se perceber as organizações atuais tendem a deixar de tratar seus colaboradores como recursos, passando a tratá-los como parceiros da organização. A gestão de pessoas foca-se na importância do indivíduo como parceiro da organização. A gestão de pessoas vem tornando-se atividade fundamental para a sobrevivência e o sucesso das organizações, as quais enfrentam cenários cada vez mais competitivos. Segundo Gil (2001) o processo de gestão de pessoas é bastante amplo, pode-se resumir em seis processos básicos que são agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, reter e monitorar pessoas, conforme apresentados a seguir: Processo Descrição de Atividades Busca a finalidade de incluir, buscar novas pessoas para a organização, Agregação onde o gestor tem a atividade de recrutar e selecionar pessoas. Baseada nas atividades das pessoas na organização, resume-se na Aplicação atividade de orientar, acompanhar e avaliar o desempenho do parceiro da organização. Requer incentivar as pessoas e criando condições satisfatórias de trabalho, satisfazendo as necessidades individuais do ser humano, o Recompensar gestor deve incluir atividades de recompensas, remuneração, benefícios, carreira, higiene e serviços. É o processo para capacitar o desenvolvimento profissional e pessoal, Desenvolver atividades como treinamento, desenvolvimento, comunicação, mudança organizacional devem ser exercidas pelo gestor de pessoas. É um processo para criar condições ambientais e psicológicas satisfatórias para as atividades das pessoas, mantendo-as nas Reter organizações, incluem atividades como segurança, disciplina, medicina e qualidade de vida no trabalho. Relaciona-se ao acompanhamento e controle das pessoas verificando assim os resultados do trabalho, avaliação de desempenho, banco de Monitorar dados, auditoria de recursos humanos, informações gerenciais são atividades que o gestor de pessoas deve exercer perante esse processo. Quadro 3: Processo e Atividades da Gestão de Pessoas Fonte: Gil (2001) Os processos apresentados, segundo Gil (2001) estão interligados, e relacionam-se entre si, acontecendo um após o outro, influenciando-se - 24 -24 reciprocamente. É natural que alguns processos são mais complicados de serem classificados, o que podem vir a gerar controvérsias relacionadas a certas atividades. Segundo Möller (2002) os funcionários estão hoje mais exigentes e críticos, e a qualidade pessoal pode ser relacionada com a satisfação destas exigências e expectativas, sendo que esta qualidade pessoal pode determinar o futuro de uma empresa. Apesar de as organizações estarem conscientes de que é preciso administrar seus colaboradores como parceiros, é importante compreender de que são seres humanos e que necessitam de lazer, prazer e qualidade de vida, e possuem objetivos individuais que muitas vezes se dispersam dos objetivos organizacionais. 2.1.1 O Ser Humano do Século XXI nas Organizações Vive-se numa época de constantes mudanças, sendo o indivíduo visto dentro das organizações não mais como recursos, fontes geradoras de atividades pré-estabelecidas, passam agora a ser vistos como parceiros da organização, seres pensantes e criativos, colaboradores essenciais para as organizações atuais. Pode-se compreender com base em Davel e Vergara (2001, p. 31) que as pessoas, Constituem o princípio essencial de sua dinâmica, conferem vitalidade às atividades e processos, inovam, criam, recriam contextos e situações que podem levar a organização a posicionar-se de maneira competitiva, cooperativa e diferenciada com clientes, outras organizações e no ambiente de negócios em geral. Preservar pessoas capacitadas e preparadas para esse novo tempo é o foco principal para as organizações de hoje, que vêm sofrendo grandes desafios atualmente e nem todas conseguiram adaptar-se a esses novos desafios, desaparecendo do mercado. Esse é um grande fato para se entender que é preciso estar preparado para novas mudanças, conservando o potencial humano dentro das organizações. Gil (2001) defende a idéia de que as organizações devem reconhecer as pessoas como parceiros, já que todo o processo produtivo de uma organização acontece através de uma diversidade de parceiros, constituindo seus acionistas, fornecedores, clientes e principalmente seus funcionários. - 25 -25 Cada parceiro tem um papel fundamental para o desenvolvimento da organização, investindo seus próprios recursos com o intuito de satisfazer as necessidades pessoais e organizacionais. Afirma ainda Gil (2001, p. 23) que “torna-se necessário valorizar o empregado, já que ele é o parceiro mais íntimo da organização”. As organizações buscam hoje, talentos diferenciados, que obtém conhecimentos, agilidade e competência em todas as áreas da empresa, não se limitando a informações de uma única tarefa, estão antenadas as evoluções e mudanças do mundo atual. O avanço da tecnologia, o mundo competitivo faz com que as pessoas necessitem buscar sempre mais, assim evoluir trás ao indivíduo melhor preparo e oportunidade no mercado profissional. Ribeiro (2006) afirma que esta nova época em que se vive, onde as mudanças, tecnologia, globalização, competição são fatores principais para os desafios externos, assim o conhecimento humano tornou-se fator principal para a vantagem competitiva das empresas, buscando soluções satisfatórias e inovadoras de uma forma ágil e eficaz. Pode-se inferir, com Carvalho e Serafim (2004) que as pessoas são resistentes às mudanças, e para se conseguir resultados significativos a determinadas mudanças é necessário permitir que os colaboradores da organização participem e se envolvam neste processo. O colaborador de uma organização precisa estar sempre preparado para estas novas mudanças e desafios conseguindo assim participar de forma eficiente das modificações que a organização venha a sofrer. Nesta nova era, de constantes desafios e mudanças, é preciso renovar, e a forma de gestão deve ser reconstituída. Pode-se compreender essa renovação a partir da afirmação de Lacombe (2005, p. 21): Nas empresas do século XXI, as comunicações serão intensas e tanto mais eficientes quanto maior for à qualificação dos administradores. A área de recursos humanos terá de participar intensamente na formulação e implantação das estratégias da empresa, pois elas dependem cada vez mais das pessoas em todos os níveis. As organizações são feitas de pessoas, são elas que executam tarefas, lidam com situações organizacionais, agem perante estas situações, portanto se não houvesse pessoas não existiria organização. Por outro lado as pessoas - 26 -26 necessitam das organizações para executar essas tarefas, para atingirem seus objetivos pessoais. Afirma Lacombe (2005,p.10) que “pessoas e organizações estão intimamente interligadas e dependem umas das outras”. Defende ainda Lacombe (2005) que as organizações vivem em constantes mudanças e estas interferem nas atividades as quais as pessoas estão inseridas, influenciando-as as determinadas mudanças. A partir dos conceitos apresentados pode-se considerar que as pessoas são de grande importância nas organizações, e que esta nova era requer cuidar do talento humano, e a organização sensata dá prioridade para o desenvolvimento e capacidade das pessoas garantindo assim uma vantagem competitiva no mundo moderno. 2. 1. 2 Gestão de Pessoas nas Pequenas Empresas Nesta nova era de globalização, avanços tecnológicos e fortes mudanças fizeram as organizações mudarem seus métodos de gerenciamento, percebendo a importância da valorização do intelectual humano como o grande diferencial competitivo. A gestão de pessoas é a área de uma organização que mais sofre mudanças nos últimos tempos, e o gestor deve estar atento a considerar as pessoas que relaciona-se não mais como funcionários e sim como parceiros da organização. Ribeiro (2006) considera: as pessoas que produzem, vendem, servem o cliente, tomam decisões, lideram, motivam, comunicam, supervisionam, gerenciam e dirigem os negócios da empresa. Varia enormemente a maneira pela qual as pessoas se comportam, decidem, agem, trabalham, executam e melhoram suas atividades, cuidam dos clientes e tocam os negócios das empresas, e essa variação depende, em grande parte, de políticas e diretrizes das organizações que dizem respeito a como lidar com as pessoas em suas atividades. Pode-se concordar com a idéia de Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001) que atualmente dos processos de uma organização o de gestão de pessoas é hoje o mais importante, considerando que qualquer ação e resultado que a organização venha a alcançar depende do trabalho humano. Ribeiro (2006, p.14) defende que o “objetivo da gestão de pessoas é criar oportunidades para as pessoas dentro das empresas”. - 27 -27 Conforme Ribeiro (2006) qualquer organização, seja ela de pequeno ou grande porte, espera de seus colaboradores resultados significativos, assim devem estar conscientes da necessidade de criar melhores condições de trabalho e consequentemente gerar colaboradores mais produtivos. As pequenas empresas possuem particularidades que as diferem das grandes organizações, porém quando se fala em gestão de pessoas pode-se destacar uma grande afinidade, sendo a preocupação com o indivíduo fundamental. Em organizações de pequeno porte o contato com pessoas torna-se mais acessível de certa forma, onde o acesso às informações, a participação, a integração é mais fácil e prática, tornando uma organização mais flexível e inovadora. Afirma Lacombe (2005,p.18) que “quanto menor a empresa, mais importantes são as pessoas”. O contato entre as pessoas nas pequenas empresas são mais próximos, uma relação mais íntima e direta, sendo assim fato importante para esta nova era de gestão. Qualquer organização requer uma importante existência para a sociedade e as pessoas das quais estão inseridas, tanto no alcance de objetivos individuais, cultura e desenvolvimento econômico. Neste ambiente altamente competitivo pode-se concordar ainda com Previdelli e Meurer (2005) de que torna-se cada vez mais difícil garantir a permanência no mercado das pequenas organizações, sendo estas fontes importantes de geração de empregos e renda, economia e desenvolvimento local, fatores que influenciam diretamente o estilo de vida do ser humano. Torna-se evidente a importância das pessoas para as organizações, sendo necessárias para a concretização de objetivos tantos individuais quanto organizacionais. Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001) afirma que “a otimização do trabalho das pessoas poderá ser crescente, na medida em que programas específicos mantenham a sua motivação e desenvolvam a sua capacitação”. Quanto melhores condições a organização oferecer a seus colaboradores, mais estes serão participativos, responsáveis e comprometidos. Pode-se assim entender a necessidade da organização em criar uma qualidade de vida no trabalho para seus colaboradores, sendo estes recursos fundamentais para a permanência no mercado. - 28 -28 Sendo o mercado atual onde as mudanças ocorrem de forma acelerada, onde o mercado está constantemente proporcionando desafios e inovações, e as empresas devem adaptar-se com esse novo tempo. As pequenas empresas obtêm uma característica de gestão própria para atender a essas mudanças, e possuem urgência em responder às necessidades do mercado as quais estão inseridas. Definir rápido, propor soluções diferenciadas, otimizar custos, estabelecer parcerias, identificar e desenvolver talentos são formas de mostrar criatividade e capacidade para se manter no mercado competitivo e obter sucesso (MOURA, 2008). Assim entende-se que a gestão da pequena empresa deve estar atenta as mudanças e definir estratégias organizacionais para assim obter vantagem no mercado competitivo. 2.2 Motivação Motivação tornou-se tema de estudo a partir do advento da Teoria das Relações Humanas, onde a ênfase nas tarefas e na estrutura é substituída pela ênfase nas pessoas. Iniciou-se na Teoria das Relações Humanas, ganhou força na Teoria Comportamental e vem sendo discutida até os dias de hoje (CHIAVENATO, 1999). A Teoria das Relações Humanas, também denominada Escola Humanística da Administração, surgiu nos Estados Unidos a partir dos estudos de Elton Mayo, que objetivou corrigir a desumanização pessoal no trabalho, onde anteriormente eram praticados métodos rigorosos de trabalho e gestão, sendo os trabalhadores obrigados a executar tarefas sem nenhuma valorização pessoal (CHIAVENATO, 1999). Surge a importância do intelectual humano, dos sentimentos e valores das pessoas, deixando de lado a idéia de que pessoas são meros produtores de tarefas pré-estabelecidas, e sim, criadores de idéias inovadoras e criativas. Defensor dessa nova filosofia administrativa, Mayo percebeu a “importância de considerar a pessoa na sua totalidade” (BERGAMINI, 1997, p. 21). Considera ainda Bergamini (1999) que os adeptos a essa escola defendiam que os indivíduos deveriam perceber sua importância e utilidade pessoal na organização, e os objetivos motivacionais orientam as pessoas a isto. - 29 -29 Essa concepção da valorização humana destaca a importância e influência do indivíduo nas organizações. Chiavenato (1997, p. 227) afirma que “a atitude do empregado ante o seu trabalho e a natureza do grupo do qual ele participa são fatores decisivos da produtividade”. Cada indivíduo tem diferentes estilos e hábitos de trabalho, alguns com maior desempenho outros um pouco menos. O desempenho de cada pessoa relaciona-se com suas aptidões e habilidades, e para se obter um bom desempenho além de aptidões e habilidades requer também motivação; quanto mais motivado maior o desempenho do trabalhador. As pessoas são motivadas por metas específicas, desafiadoras e feedback, sendo que o envolvimento do funcionário perante as metas estabelecidas estimula um maior comprometimento com a organização, onde a tendência é de trabalhar com mais assiduidade em uma tarefa sobre a qual dispõem de mais controle (SALGADO, 2005). Afirma Maximiniano (2000, p. 297) que “no campo da administração, pessoa motivada usualmente significa alguém que demonstra alto grau de disposição para realizar uma tarefa ou atividade de qualquer natureza”. Compreende-se que a motivação se refere às forças que tem dentro de cada indivíduo, sendo que este tem seu próprio valor, princípios e objetivos; onde a motivação vem de motivos ligados ao que se quer alcançar, esses motivos são pessoais, intransferíveis e estão dentro de cada indivíduo. Constata Bergamini (1997) que cada indivíduo trás as motivações dentro de si, o importante é encontrar recursos para serem trabalhadas estas motivações. A motivação é algo interno das pessoas, todo indivíduo é auto-motivador, ninguém motiva ninguém além de si mesmo, apenas pode-se oferecer formas que podem ajudar na motivação do outro. Na visão de Salgado (2005) cada indivíduo é responsável pela sua própria motivação, das quais pessoas e organizações podem dar condições para motivar, mas que a motivação está dentro de cada um. Pode-se compreender com o conceito acima, que ninguém além de si mesmo é tão responsável pela auto-motivação, porém várias condições podem ser colaboradores para a motivação humana. - 30 -30 Afirma ainda Chiavenato (1994, p. 166) que “a motivação está contida dentro das próprias pessoas e pode ser amplamente influenciada por fontes externas ao indivíduo ou pelo seu próprio trabalho na empresa”. Como pode-se perceber em relação aos conceitos citados, outras pessoas podem influenciar na motivação do indivíduo, e dentro das organizações os líderes tem grande importância em sua forma de gerenciar e conduzir as pessoas. A motivação organizacional tem uma relação entre gestores e seguidores; chefes autoritários desmotivam seus funcionários, impedindo-os de criar condições melhores de trabalho (BERGAMINI, 1997). De acordo com Chiavenato (1994) motivar é uma das principais responsabilidades gerenciais, pois a gestão eficaz requer uma contínua motivação de equipe. Entende-se que o estilo de gestão influência no comportamento motivacional do indivíduo, pois o líder eficaz consegue com lealdade e respeito influenciar seus subordinados a comprometer-se com os objetivos da organização. Porém, o gestor deve compreender o que motiva seus subordinados e saber extrair da melhor maneira possível para uma satisfação profissional dos funcionários. Destaca Chiavenato (2003, p. 329) que o “administrador precisa conhecer as necessidades humanas para melhor compreender o comportamento humano e utilizar a motivação humana como poderoso meio para melhorar a qualidade de vida dentro das organizações”. A melhor organização é aquela que otimiza a satisfação das necessidades individuais e organizacionais através de formação de grupos de trabalhos estáveis e participação dos trabalhadores na tomada de decisões, boas comunicações e supervisão expressiva, estruturas não burocráticas que funcionem mais pela colocação de objetivos do que através de hierarquia de autoridade (CHIAVENATO, 1999, p. 313). As organizações atualmente já perceberam a importância da valorização de seus funcionários, tornando-os mais criativos, competentes e eficazes, e adquirindo um maior comprometimento com a organização. 2.2.1 Necessidades Humanas As organizações buscam motivar seus funcionários para que possam desempenhar suas atividades com sucesso, beneficiando assim não só o colaborador como também a própria empresa. - 31 -31 “A motivação funciona como um dinamizador, um impulsionador do comportamento humano” (CHIAVENATO, 1994, p. 155). É de suma importância relacionar as necessidades humanas com a motivação,conforme afirma Bergamini (1997, p. 89): Todo comportamento motivacional só existe em função de um estado interior de carência; portanto, quanto maior for este estado, maior será a motivação vigente, fazendo assim com que a necessidade seja sinônimo de motivação. Quanto maior a necessidade, maior a motivação. De acordo com Chiavenato (2003, p.117) “a motivação se refere ao comportamento que é causado por necessidades dentro do indivíduo e que é dirigido em direção aos objetivos que podem satisfazer essas necessidade”. Afirma Maximiniano (2000, p.308) “quanto mais forte a necessidade de realização pessoal, mais intensa a motivação”. Como pode-se perceber a motivação impulsiona o comportamento humano, sendo algo individual, único, existente dentro de cada pessoa. Portanto presumese que estes comportamentos são extremamente variados, onde objetivos, desejos, finalidades são diversidades e estão relacionados com a necessidade de cada um. De acordo com a teoria das necessidades humanas, o indivíduo requer necessidades a todo instante, quando certas necessidades são supridas outras novas necessidades vão surgindo e assim constantemente (CHIAVENATO, 1999). Da mesma forma Gil (1994), que as pessoas têm milhares de necessidades e conforme vão sendo alcançadas dão lugar a outras necessidades. Assim, por exemplo, o ser humano possui necessidades básicas, como moradia, alimento, vestuário que são de extrema importância para sua sobrevivência, após as necessidades básicas serem atingidas vão gradativamente dando lugar a outras necessidades secundárias. As necessidades exercem diretamente uma influência sobre o comportamento humano, dando-lhes direção e conteúdo (CHIAVENATO, 2003). A motivação presume-se no estado emocional da pessoa, seus desejos, vontades, objetivos, cultura, pretensão, sendo diferente de pessoa para pessoa (BERGAMINI, 1997, CHIAVENATO, 2003, GIL, 1994, MAXIMINIANO, 2000). Qualquer organização pode suprir a satisfação de certas necessidades, requer apenas ter conhecimento das mesmas e construir um sistema motivacional - 32 -32 baseado nas necessidades humanas presentes nas teorias motivacionais citadas adiante. 2.2.2 Teorias Motivacionais Várias teorias da motivação foram desenvolvidas por vários autores, e todas são precisas nas suas definições, cada teoria propõem fatores significantes para a motivação humana. De acordo com Chiavenato (1999, p. 246) “os trabalhadores são criaturas sociais complexas, com sentimentos, desejos e temores. O comportamento no trabalho – como o comportamento em qualquer lugar – é uma conseqüência de muitos fatores motivacionais”. Segundo ainda o autor, perante as diversas teorias existentes as mais conhecidas estão entre a Hierarquia das Necessidades, de Abraham Maslow, a Teoria dos Dois Fatores, de Frederick Herzberg e a Teoria X e Teoria Y, de Douglas McGregor, as quais fundamenta-se a seguir. 2.2.2.1 Hierarquia das Necessidades de Maslow Abraham Maslow (1908-1970), psicólogo americano, criou no início da década de 1940 uma teoria baseada nas idéias das necessidades humanas, a hierarquia das necessidades de Maslow (MAXIMINIANO, 2000). Talvez a classificação das necessidades humanas de Maslow seja a proposta mais conhecida, onde considera que o indivíduo tem necessidades mais complexas. A Teoria apresentada por Maslow é organizada em níveis de importância e influências, representada em forma de pirâmide, sendo que no topo encontram-se as necessidades mais elevadas e na base as mais baixas (CHIAVENATO, 1999). A pirâmide é assim representada: - 33 -33 Necessidades de Autorealização Necessidades de Estima Necessidades Sociais Necessidades de Segurança Necessidades Fisiológicas Figura 1: Hierarquia das necessidades de maslow. Fonte: Chiavenato, (1999, p. 287) Segundo Gil (1994) as necessidades fisiológicas são básicas para a sobrevivência do indivíduo. Concorda Chiavenato (1999) definindo que estas necessidades fisiológicas estão relacionadas com o que o indivíduo precisa para viver, como alimento, vestuário, abrigo, repouso, desejo sexual; são necessidades básicas que o indivíduo já traz consigo quando nasce. Pode-se perceber que no primeiro nível da pirâmide estão as necessidades das quais o indivíduo precisam para sua sobrevivência, após estas serem supridas dão lugar as outras necessidades. As necessidades de segurança estão caracterizadas com a estabilidade, proteção, fuga ao perigo (CHIAVENATO, 1999). Afirma Gil (1994, p. 122) que “as necessidades de segurança envolvem, a preocupação com o futuro, no tocante à manutenção principalmente do emprego e da propriedade”. Referem-se, portanto, à necessidade de estar livre de perigos e da privação das necessidades fisiológicas básicas. No terceiro nível da pirâmide estão as necessidades sociais, das quais tomam lugar após as necessidades de segurança serem supridas. Define Gil (1994) que estas necessidades são baseadas ao desejo de se relacionar com outras pessoas, participar de grupos sociais e aceitação destes grupos. - 34 -34 As necessidades sociais estão relacionadas com a aceitação da participação do indivíduo no meio social. A troca de sentimentos de amizade, carinho, afeto, amor também estão associados a esta necessidade (CHIAVENATO, 1999). Acima das necessidades sociais está a necessidade de estima, quando as necessidades sociais são alcançadas o indivíduo passa a buscar a realização da necessidade de estima. Segundo Chiavenato (1999) esta necessidade está relacionada em como o indivíduo se auto-avalia, sua auto-confiança, a imagem perante a sociedade, status, prestígio, valor. A necessidade de estima condiz com o amor próprio e coletivo, o reconhecimento de outros (GIL, 1994). Afirma Chiavenato (1999) que se esta necessidade não for suprida pode causar sentimentos de inferioridade, solidão, desânimo, dependência. No topo da pirâmide está a necessidade de auto-realização esta se torna necessária após a realização de todas as outras. Afirma Gil (1994, p. 122) que esta necessidade “refere-se à realização do máximo do potencial individual, onde as pessoas desejam se tornar aquilo que são capazes de ser”. A necessidade de auto-realização está relacionada com a realização do potencial de cada indivíduo particularmente, um auto-desenvolvimento contínuo, e um impulso em querer ser sempre mais, sendo que nem todos os seres humanos conseguem alcançar o topo da pirâmide, por determinadas circunstâncias da vida (CHIAVENATO, 1999). Pode-se perceber através das teorias apresentadas que as pessoas são motivadas por diferentes necessidades, e os diferentes níveis de realização pode variar de acordo com cada pessoa ou situação. Estas necessidades vão sendo gradativamente satisfeitas, onde o indivíduo tem prioridade em satisfazer suas necessidades fisiológicas, e uma vez satisfeitas essas necessidades passam a desejar mais, elevando assim seu nível de necessidades (GIL, 1994). Afirma ainda Maximiniano (2000, p. 312) que “as pessoas estão em processo de desenvolvimento contínuo, tendem a progredir ao longo das necessidades, buscando atender uma após a outra”. Presume-se que a hierarquia de Maslow tem sido de suma importância na compreensão do comportamento humano, e que quando uma necessidade é - 35 -35 atendida perde sua força motivadora e o indivíduo passa a ser motivado por uma nova necessidade. Estima-se que toda organização almeja satisfazer as necessidades de seus funcionários, sendo que vários meios podem auxiliar na realização destas satisfações. Conforme Chiavenato (2003) os meios de satisfação são usados como suporte para atender as necessidades humanas, pode-se citar nas necessidades fisiológicas situações como intervalos de descanso, conforto físico, horário de trabalho adequado; de segurança destaca-se meios como condições seguras de trabalho, estabilidade, remuneração e benefício; as necessidades sociais envolvem relações com outras pessoas como amizade, interação com clientes, gerencia amigável; de estima são abordados meios como responsabilidade por resultados, orgulho, reconhecimento, promoções; e por fim na necessidade de auto-realização pode-se dizer de trabalho criativo e desafiante, diversidade e autonomia e participação nas decisões. Assim, torna-se conclusivo de que as pessoas necessitam de estímulo e condições para tornar satisfatória suas necessidades, onde as organizações tendem a colaborar para a realização das mesmas, sendo estas alcançadas gradativamente conforme apresentada a pirâmide. 2.2.2.2 Teoria dos Dois Fatores A Teoria dos Dois Fatores foi desenvolvida com o intuito de explicar o comportamento do indivíduo em situação de trabalho (CHIAVENATO, 1999). Frederick Herzberg, criador desta teoria, constatou que o indivíduo tem duas necessidades, uma denominada fatores higiênicos, e a outra, fatores motivadores (GIL, 1994). Afirma Chiavenato (1999) que os fatores motivacionais e higiênicos, são fatores que orientam no comportamento do indivíduo. Pode-se entender que o comportamento do indivíduo é movido por determinadas situações na qual ele se encontra, e determinados fatores que lhe são oferecidos. Segundo Gil (1994) os fatores higiênicos estão relacionados ao ambiente de trabalho, e tem a função de impedir a insatisfação deste. Estes fatores condizem com o que realmente motiva o indivíduo para sua realização interior. - 36 -36 Os fatores higiênicos são fatores existentes no ambiente que rodeiam o indivíduo e dão condições para desempenhar seu trabalho, são condições desenvolvidas pela organização como o salário, benefícios sociais, tipos de chefia e liderança, políticas organizacionais, regulamento interno, relação entre empresa e colaborador (CHIAVENATO, 1999). Já os fatores motivacionais, estão sob o controle do indivíduo, pois estão relacionados com o que ele faz e desempenha, com o conteúdo do cargo e a natureza da execução de suas tarefas (CHIAVENATO, 1999). Afirma ainda Chiavenato (1999, p. 286) que “os fatores motivacionais envolvem os sentimentos de crescimento individual, de reconhecimento profissional e as necessidades de autorealização”. Entende-se que os fatores higiênicos são desenvolvidos por situações oferecidas pela organização ao trabalhador, enquanto os fatores motivacionais são situações próprias de cada indivíduo. Pode-se relacionar a diferença entre esses dois fatores como mostra Gil (1994, p. 123). Os fatores higiênicos, tais como dinheiro, segurança e condições de trabalho, não motivam os empregados, apenas impedem que estes tenham sua capacidade produtiva inibida. Já os fatores motivadores, tais como sentimento de realização, reconhecimento e desafio, são capazes de proporcionar efeitos produtivos na satisfação no trabalho, resultando no aumento da capacidade produtiva das pessoas. Compreende-se que os fatores motivadores estão relacionados da maneira de como o indivíduo se sente em relação ao seu cargo, enquanto os fatores higiênicos estão relacionados em como o indivíduo se sente em relação à organização. O quadro a seguir apresenta algumas características em relação aos dois fatores apresentados. Fatores Motivacionais Fatores Higiênicos O trabalho em si As condições de trabalho Realização Administração da empresa Reconhecimento Salário Progresso profissional Relações com supervisores Responsabilidade Benefícios e serviços sociais Quadro 4: Fatores Motivacionais e Fatores Higiênicos. Fonte: Chiavenato, (1999, p. 287). - 37 -37 Percebe-se que os conceitos das teorias de Maslow e Herzeberg possuem relação entre si, sendo que os fatores higiênicos de Herzberg relacionam-se com as necessidades primárias de Maslow, enquanto os fatores motivacionais estão relacionados às necessidades secundárias (CHIAVENATO, 1999). Observa-se o quadro a seguir: Fatores de Higiene – Motivação de Herzberg Autorealização Motivacionais Hierarquia das necessidades de Maslow Estima Segurança Higiênicos Sociais O trabalho em si Responsabilidade Progresso e Crescimento Realização, Reconhecimento e Status. Relações interpessoais, supervisão, colegas e subordinados. Supervisão técnica, políticas administrativas e empresariais. Segurança no cargo Condições físicas de trabalho, salário e vida pessoal. Fisiológicas Figura 2: Comparação dos modelos de motivação de Maslow e Herzberg. Fonte: Chiavenato, (2003, p. 337). 2.2.2.3 Teoria X e Teoria Y A teoria X e Y foi desenvolvida no início da década de 60, por Douglas McGregor. McGregor desenvolveu dois estilos opostos de administrar, a Teoria X baseada nas teorias tradicionais, mecanicistas e pragmáticas, e a Teoria Y baseada na modernidade do comportamento humano (CHIAVENATO, 1999). Segundo Gil (1994) a Teoria X supõem que o indivíduo não gosta de trabalhar, não tem criatividade e iniciativa, precisa de controle e orientação de outras pessoas. - 38 -38 Para Chiavenato (2003, p. 338) a Teoria X tem como estilo de administração “um bitolamento da iniciativa individual, aprisionamento da criatividade, estreitamento da atividade profissional por meio do método e da rotina de trabalho”. Afirma ainda Chiavenato (1999, p. 291) que “a Teoria X leva as pessoas a fazerem exatamente aquilo que a organização pretende que elas façam, independentemente de suas opiniões ou objetivos pessoais”. Percebe-se que a Teoria X é baseada em uma administração rígida e autocrática, julgando o indivíduo de uma forma equivocada quanto ao comportamento humano, levando apenas em consideração os objetivos da organização, onde a pessoa é vista apenas como meio de produção. Ao contrário da teoria X a Teoria Y é mais otimista em relação ao comportamento humano. Na visão de Chiavenato (1999) a teoria Y é uma administração mais liberal, dinâmica, aberta a criar novas oportunidades, remover obstáculos, um estilo mais participativo, focando-se nos valores humanos e sociais. Para Gil (1994) a teoria Y defende o indivíduo como um ser esforçado, confiável, criativo e que obtém o autocontrole. Compreende-se que a Teoria Y trás a idéia de as pessoas possam dar sua contribuição pessoal, participando da administração organizacional e assim se comprometendo com o alcance dos objetivos empresariais. As Teorias X e Y são opostas entre si; enquanto a “Teoria X é uma administração através de controles externos impostos ao indivíduo, a teoria Y é uma administração por objetivos que realça a iniciativa individual” (CHIAVENATO, 1999, p. 292). Enquanto a teoria X trata a pessoa de forma mecânica, onde as pessoas são preguiçosa, indolentes, ingênuas e sem iniciativa, evitam trabalho, responsabilidade a fim de se sentirem mais seguras, onde as pessoas precisam ser controladas e dirigidas, a teoria Y valoriza o comportamento humano onde as pessoas são esforçadas, competentes e criativas, aceitam responsabilidades e desafios, são automotivadas e gostam do que fazem. As diversidades das teoria X e Y reforçam a ampla importância de valorizar o capital humano dentro das organizações, sendo este o maior patrimônio organizacional. - 39 -39 2.3 Qualidade de Vida no Trabalho Vive-se em uma nova forma de gestão, em que o ser humano toma partido da importância de avaliar e valorizar seu potencial humano não mais como meros cumpridores de tarefas pré–estabelecidas, mas sim como intelectual humano, mentes pensantes e criativas nas organizações. Esta nova era veio contrapor a desumanização no trabalho de métodos rigorosos e tomar partido da concepção da valorização humana, considerando o ser humano mais complexo, com sentimentos, desejos e temores (CHIAVENATO, 2004) Segundo Limonge-França (2007) o ser humano é movido e guiado por situações e necessidades que o envolvem, o grupo ao qual faz parte, seu ambiente de trabalho, suas emoções, satisfações, objetivo e interesses. O comportamento do indivíduo é influenciado por determinados fatores no qual a qualidade de vida no trabalho é primordial para a sua realização profissional, sua saúde física e mental. Segundo Rodrigues (1994) a qualidade de vida no trabalho tomou sentido importante no final da década de 70, quando outros países superaram a crise inflacionária e despertou o interesse de novas formas de gerenciar. Pode-se dizer que a partir desta época o foco nas pessoas como potencial humano tomaram força, a preocupação e a maneira de pensar no funcionário foram tomando formas diferentes com o passar do tempo. A qualidade de vida no trabalho tomou seu rumo direcionado ao ser humano na década de 70, porém foi evolutiva como mostra o quadro a seguir: - 40 -40 CONCEPÇÕES EVOLUTIVAS DO QVT 1.QVT como uma variável (1959 a 1972) 2. QVT como uma abordagem (1969 a 1974) 3. QVT como um método (1972 a 1975) 4. QVT como um movimento (1975 a 1980) CARACTERÍSTICA OU VISÃO Reação do indivíduo ao trabalho. Investigava-se como melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo. O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional; mas, ao mesmo tempo, buscava-se trazer melhorias tanto ao empregado como à direção. Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo e satisfatório. QVT era visto como sinônimo de grupos autônomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com integração social de técnica. Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a organização. Os termos “administração participativa” e “democracia industrial” eram frequentemente ditos como ideais do movimento de QVT. 5. QVT como tudo Como panacéia contra a competição estrangeira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade, problemas de queixas e outros problemas organizacionais. 6. QVT como nada No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro, não passará de um “modismo” passageiro. Quadro 5: Evolução da qualidade de vida no trabalho. Fonte: Rodrigues (1994, p. 81). A qualidade de vida no trabalho segundo Davis (2001) refere-se à preocupação da organização com o bem-estar geral e a saúde de seus colaboradores para um melhor desempenho de suas tarefas. Para Búrigo (1997) a qualidade de vida no trabalho busca satisfazer as necessidades do colaborador, relacionadas a bem-estar, à saúde e segurança no trabalho, deve estar associada tanto à satisfação do trabalhador quanto ao desenvolvimento da organização. A qualidade de vida no trabalho é importante para o desempenho e desenvolvimento individual e organizacional. Quando a organização oferece ao funcionário melhores condições no ambiente de trabalho, este se sente mais motivado, seguro, interagindo assim com maior facilidade ao meio organizacional, atingindo os objetivos organizacionais e individuais. - 41 -41 Pode-se ressaltar que a organização é parte fundamental na questão de proporcionar qualidade de vida no trabalho aos seus colaboradores, conforme Limonge-França (2007, p. 80) que afirma: Qualidade de vida no trabalho é o conjunto da ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha à empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial. O posicionamento biopsicossocial representa o fator diferencial para a realização de diagnóstico, campanhas, criação de serviços e implantação de projetos voltados para a preservação e desenvolvimento das pessoas, durante o trabalho na empresa. A qualidade de vida no trabalho pode ser entendida como um envolvimento de pessoas e organização para melhorar o bem-estar do funcionário proporcionando-lhe um ambiente favorável de trabalho, obtendo uma maior satisfação, comprometimento, colaboradores mais participativos e eficiência organizacional. Para Chiavenato (2004) a qualidade de vida no trabalho envolve aspectos físicos, ambientais e psicológicos no local de trabalho, ao qual a organização requer oferecer bem-estar e satisfação a seus colaboradores, porém em contrapartida exige produtividade e qualidade organizacional. Pode-se compreender, com base em França (2007) que a qualidade de vida no trabalho envolve questões comportamentais relacionadas às necessidades humanas e a situações no ambiente de trabalho. A relação entre qualidade de vida no trabalho e produtividade torna-se visível, pois uma organização que oferece à seus colaboradores um ambiente propício de trabalho aumenta o desempenho do profissional. Concorda Búrigo (1997): a qualidade de vida no trabalho refere-se à satisfação das necessidades da pessoa. Ela afeta atitudes pessoais e comportamentais, tais como criatividade, vontade de inovar ou aceitar mudanças, capacidade de adaptar-se a mudanças no ambiente de trabalho e o grau de motivação interna para o trabalho, que são fatores importantes para a produtividade do indivíduo. Assim entende-se que a qualidade de vida no trabalho são condições oferecidas pela organização em todo seu ambiente, com o intuito de adquirir colaboradores mais satisfeitos e motivados, e com isso consequentemente aumentar a qualidade na produtividade da organização. Chiavenato (2004) ressalta que para se obter uma excelência no atendimento com o cliente externo é necessário que os colaboradores da - 42 -42 organização estejam satisfeitos, oferecendo-lhes uma qualidade de vida no trabalho, assim obterão um maior contentamento profissional e comprometimento com a empresa. Neste sentido, pode-se ressaltar a grande importância de preservar e valorizar o funcionário dentro das organizações, sua atitudes, suas idéias, seu potencial. Chiavenato (2004 apud Möller, 1999, p. 44) afirma que é preciso “colocar os empregados em primeiro lugar e eles porão os consumidores em primeiro lugar”. Posto que a satisfação, qualidade e comprometimento do funcionário são adquiridos com qualidade de vida no trabalho, considera-se que caso esta qualidade não seja atingida o colaborador passa a não produzir de forma eficaz, gerando insatisfação, má vontade, desinteresse e comprometendo a produtividade e conseqüentemente o faturamento da organização. Ressalta Silva e Marchi (1997) que é de grande importância a existência de qualidade de vida no trabalho, pois é ali que o funcionário passa a maior parte de sua vida, e é através do trabalho que se realiza grande parte das aspirações do ser humano. É necessário, pois, analisar que a qualidade de vida no trabalho é algo que depende de situações oferecidas ao colaborador, atingindo suas respectivas necessidades, sendo que a qualidade de vida pode ser satisfatória para um pode não ser para outro, por isso a existência de uma diversidade de fatores que predizem a qualidade de vida no trabalho. 2.3.1 Fatores da Qualidade de Vida no Trabalho Muitos são os fatores que geram qualidade de vida no trabalho e os gestores devem estar atentos e preparados para a implantação destes fatores em sua organização. Como conceituado anteriormente, o indivíduo possui necessidades individuais as quais variam conforme a cultura de cada um e de cada organização a qual se está inserido. A qualidade de vida no trabalho requer uma diversidade de fatores que podem ser adotados e colocados em prática pelas organizações (LIMOGI-FRANÇA, 2007). Ressalta Limonge-França (2007) que o modelo de Walton obteve uma grande importância para a análise destes fatores obtendo basicamente oito - 43 -43 categorias a ser oferecida aos colaboradores, como uma compensação justa e adequada, condições de trabalho segura e saudáveis, oportunidades imediatas para desenvolver e usar as capacidades humanas, oportunidades futuras para o crescimento contínuo e a garantia de emprego, integração social na organização, constitucionalismo na organização, trabalho e espaço total na vida do indivíduo, e relevância social do trabalho. A partir do modelo de Walton, Chiavenato (2004) apresenta os fatores de QVT dimensões relacionadas, apresentado a seguir: Fatores de QVT Dimensões 1. Compensação justa e adequada 1. Renda (salário) adequada ao trabalho 2. Eqüidade interna (compatibilidade interna) 3. Eqüidade externa (compatibilidade externa) 2. Condições de segurança e saúde no trabalho 4. Jornada de trabalho 5. Ambiente físico (seguro e saudável) 3. Utilização e desenvolvimento de capacidades 6. Autonomia 7. Significado da tarefa 8. Identidade da tarefa 9. Variedade de habilidades 10. Retroação e retroinformação 4. Oportunidades de crescimento e segurança 11. Possibilidade de carreira 12. Crescimento profissional 13. Segurança do emprego 5. Integração social na organização 14. Igualdade de oportunidades 15. Relacionamentos interpessoais e grupais 16. Senso comunitário 6. Garantias constitucionais 17. Respeito às leis e direito trabalhistas 18. Privacidade pessoal 19. Liberdade de expressão 20. Normas e rotinas claras da organização 7. Trabalho e espaço total de vida 21. Papel balanceado do trabalho na vida pessoal 8. Relevância social da vida no trabalho 22. Imagem da empresa 23. Responsabilidade social pelos produtos/serviços 24. Responsabilidade social pelos empregados. Quadro 6: Modelo de Qualidade de Vida no Trabalho de Walton. Fonte: Chiavenato (2004, p. 452). - 44 -44 Outro modelo a ser apontado é o modelo de Westley na qual diz q a avaliação da qualidade de vida pode ser relacionada através de quatro indicadores. O econômico, representado pela equidade salarial e equidade no tratamento recebido; indicador político pelo conceito de segurança no emprego, o direito de trabalhar sem discriminação; o indicador psicológico ao qual está relacionado a auto-realização; e por último o sociológico que se refere na participação ativa em decisões diretamente relacionadas com o processo de trabalho, a forma de executar tarefas e distribuição de responsabilidades dentro da equipe (FERNANDES, 1996). A autora cita ainda um outro modelo de Werther e Davis no qual especificam elementos organizacionais, ambientais e comportamentais. Elementos Organizacionais Elementos Ambientais Elementos Comportamentais • Abordagem mecanística • Habilidade • Fluxo de trabalho nibilidade de empregos • Variedade • Práticas de trabalho • Expectativas sociais • Identidade de tarefa e dispo- • Autonomia • Retroinformação Quadro 7: Modelo de Werther e Davis (Elementos de Qualidade de Vida no trabalho). Fonte: Fernandes (1996, p. 54). O modelo de Belanger analisa a qualidade de vida no trabalho aspectos ligados ao trabalho em si, crescimento pessoal e profissional, tarefas com significado e funções e estruturas organizacionais abertas. O Trabalho em si Crescimento pessoal e profissional Tarefas com significado Funções e estruturas abertas Quadro 8: Modelo de Belanger. Fonte: Fernandes (1996, p. 55). Criatividade Variabilidade Autonomia Envolvimento Feedback Treinamento Oportunidade de crescimento Relacionamento de trabalho Papéis organizacionais Tarefas completas Responsabilidade aumentada Recompensas financeiras / não-financeiras Enriquecimento Clima de criatividade Transferência de objetivos A partir dos modelos citados acima, pode-se observar que a Qualidade de Vida no Trabalho é um fator a ser expandido, difundido e conquistado pelas - 45 -45 organizações e colaboradores, ambos precisam desta qualidade de vida, já que o maior tempo da vida do ser humano é passado no trabalho deve ser um lugar agradável, aprazível e saudável, resultando assim em resultados positivos o âmbito pessoal e organizacional. 2.4 Qualidade de Vida O interesse pela qualidade de vida aumentou significativamente no mundo após 1964, depois que Lyndon Johnson, presidente dos Estados Unidos da América entre 1963 e 1969, disse a seguinte frase: “Os objetivos de nosso governo não podem se basear no balanço dos bancos, mas sim, na qualidade de vida das pessoas” (NAHAS, 2001, p. 27). A partir disso, muitos organismos internacionais se empenharam em fazer definições de Qualidade de Vida e em estabelecer parâmetros internacionais nesse assunto. A de qualidade de vida pode ser diferente de pessoa para pessoa e tende a mudar ao longo da vida de cada um. Segundo a Nahas (2001), o conceito de qualidade de vida é subjetivo, multidimensional e envolve dimensões positivas e negativas, é a percepção do indivíduo quanto sua posição na vida, no contexto da cultura e no sistema de valores nos quais ele vive, em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Conforme Silva (1997) a maior importância para se obter qualidade de vida é a condição interior de cada indivíduo, sendo esta defasada, o ser humano gera insatisfação profissional e perturbações neuróticas no relacionamento com outras pessoas. Existe o consenso em torno da idéia de que são múltiplos os fatores como estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário, lazer, relações familiares, disposição, prazer e até espiritualidade, que determinam a qualidade de vida de pessoas. A combinação desses fatores que mudam e diferenciam o cotidiano do ser humano, resulta numa rede de fenômenos e situações que, abstratamente, pode ser chamada de qualidade de vida (MOREIRA e GOURSAND, 2006). Num sentido mais amplo, a qualidade de vida pode ser avaliada pela própria dignidade humana, pois pressupõe o atendimento das necessidades humanas fundamentais. Segundo Moreira e Goursand (2006), a qualidade de vida está - 46 -46 apoiada em sete pilares: a alimentação, a atividade física, o sono, o trabalho, a afetividade, a sexualidade e o lazer. A alimentação saudável e equilibrada é condição essencial para uma boa qualidade de vida. É necessário conhecer o que está sendo ingerindo, a comida não existe apenas para matar a fome, a refeição é uma fonte de satisfação do corpo e da mente. Outro fator importante para uma vida saudável é a prática de exercícios e atividades físicas, os quais podem ser sentidos como algo maçante e cansativo para um grande número de pessoas, principalmente para aquelas que se acostumaram a ter uma vida sedentária, entretanto, após certo período, os exercícios passam a ser uma atividade agradável e com o tempo, é possível ver os benefícios que a atividade física traz. Outro pilar citado por Moreira e Goursand (2006) é o sono. Um sono tranqüilo e repousante é essencial para se ter uma boa saúde física e psíquica, além de dar condições para se ter eficiência e qualidade no trabalho. Dormir não é apenas se desligar do mundo, durante o sono nossa vida vegetativa e psicológica continua a todo vapor, hormônios são fabricados, alimentos são digeridos e toxinas são eliminadas. As principais doenças do sono como insônia, apnéia, narcolepsia, bruxismo, terror noturno, sonambulismo tem grande influência na vida do ser humano, afetando sua qualidade de vida. O trabalho também está ligado diretamente à qualidade de vida do mundo e a sua forma de se relacionar. Estar empregado tem a ver com o sentimento de existência social da pessoa, promove seu status, independente do emprego que possui, mas se a pessoa está desempregada será considerada como uma pessoa socialmente improdutiva, assim o emprego é um fator determinante para a auto-estima e conseqüente gerar qualidade de vida. Ainda segundo Moreira e Goursand (2006) as questões de qualidade de vida interessam diretamente às organizações, pois hoje se sabe que a prevenção em saúde e o bem-estar do trabalhador são fatores fundamentais para a produtividade e o rendimento, em contrapartida a baixa qualidade de vida, o estresse, a obesidade, o sedentarismo, a falta de disposição física, a ansiedade, a solidão, a depressão e outros problemas similares têm como conseqüência a queda na produtividade, na qualidade do trabalho, absenteísmo, aumento das despesas - 47 -47 médico-hospitalares, rotatividade de mão-de-obra, entre outras, relacionando diretamente a qualidade de vida ao trabalho. Outro pilar é a afetividade, a qual é a manifestação da vida psíquica. É possível dizer que a sensação de empatia tem a ver com a afetividade, é a forma de como os sentimentos são expressados. Afirma ainda o autor que, “isoladamente, não há nada tão importante para a qualidade de vida do que ter uma vida afetiva de qualidade” (MOREIRA e GOURSAND, 2006 p.94). O afeto é um dos melhores remédios para o estresse, uma pessoa acolhida afetivamente é mais calma, suporta melhor os sofrimentos, tem mais auto-estima. Quem expressa e recebe afeto diariamente tem a sensação de satisfação psicológica e dificilmente se deixa abater com os problemas. O próximo pilar abordado pelo autor é a sexualidade. Através do sexo, o ser humano busca satisfação, afirmação, fantasias, o ato sexual pode ser estimulado ou limitado pelas condições afetivas, físicas e intelectuais dos parceiros. O sexo não é uma função humana separada das outras, cada acontecimento na vida de um indivíduo influência a sexualidade, esta influência pode ser positiva ou negativa. Um grande sucesso profissional pode ser ótimo estímulo para a libido, melhorado pelo bom estado da auto-estima e refletindo também na qualidade de vida. O último pilar abordado pelo mesmo autor, é o lazer. Hoje que o lazer, a diversão, o espaço para fazermos aquilo que gostamos são muito importantes. Planejar as férias, as viagens, os bons momentos da vida é algo tão necessário quanto ter um emprego e se dedicar a ele. A melhor maneira de definir o lazer é o termo “recarregar a bateria”, a oportunidade de descansar, se divertir e descontrair. O lazer é tão importante para a qualidade de vida quanto os outros pilares, fechando um complexo ciclo na vida de um indivíduo. A partir dessas abordagens, pode-se perceber que a qualidade de vida deixa de enfatizar aspectos materiais e evoluiu para a valorização de fatores como satisfação, realização pessoal, qualidade dos relacionamentos, opções de lazer, acesso a eventos culturais, percepção de bem estar geral, entre outros. Rodrigues (1994) reafirma que pode-se considerar como pré-requisito ou componente fundamental para se obter uma qualidade de vida, o atendimento das necessidades humanas básicas como o alimento, a moradia, a educação e o trabalho. Qualidade de vida é, pois, algo que envolve bem estar, felicidade, sonhos, dignidade e cidadania, ligados diretamente ao bem estar do indivíduo. - 48 -48 Relata Silva (1997, p 27): A qualidade de vida é algo que depende das expectativas e do plano de vida de cada um e guarda, por conseguinte, importante componente individual e subjetivo. O que é uma vida de boa qualidade para um pode ser – e certamente não o será – para outro, dados os diferentes projetos de vida que acalentamos. Pode-se assim interpretar que o indivíduo é responsável por determinar qualidade de vida, boa ou má esta qualidade depende de seus comportamentos, suas expectativas, desempenho e plano de cada um, o entusiasmo de alcançar seus desejos e objetivos, realização de hábitos e costumes saudáveis, proporcionam ao indivíduo uma qualidade melhor, além de desempenhar suas atividades profissionais com eficiência resultando assim em melhores recompensas, levando o indivíduo a melhores opções e condições, assim sendo o grande responsável pela sua própria qualidade de vida. 2.5 Desempenho As mudanças ocorrem cada vez mais rápido, assim o foco direciona-se em identificar, cultivar e explorar as competências essenciais que tornam possível para um melhor desempenho (MILKOVICH e BOUDREAu, 2006) Chiavenato (1998, p. 103) diz que o “desempenho no cargo é extremamente contingencial”. As pessoas são o centro de interesses agora, e esse desempenho varia de pessoa para pessoa, de organização para organização, dependendo de inúmeros fatores condicionantes que influenciam sua eficiência, além das habilidades e capacidade de cada um, conforme mostra a figura a seguir: - 49 -49 Valor das Recompensas Habilidades da Pessoa Desempenho no Cargo Esforço Individual Percepção de que as recompensas dependem do esforço Percepção de Papel Figura 3: Fatores que afetam o desempenho do cargo. Fonte: Chiavenato (1998, p. 103). Pode-se perceber ainda com base neste autor que a avaliação de desempenho está relacionada com o potencial de desenvolvimento de cada ocupante do cargo, seu esforço, suas habilidades, interesses individual e organizacional. Milkovich e Boudreau (2006) relata que o desempenho reflete no sucesso ou fracasso da organização. Um empregado satisfeito obtém um maior desempenho comprometendo-se com a eficiência da organização da qual está inserido. Entende-se que o desempenho do indivíduo é relacionado a ele próprio, porém as situações das quais a organização venha a oferecer são fundamentais para o desenvolver do desempenho do funcionário. Durante muito tempo os administradores focaram a gestão na eficiência das máquinas, sendo esta vista como fonte principal do aumento da produtividade. Porém com a nova forma de gestão o foco passou a ser identificado no homem, suas qualidades, habilidades, conhecimentos e desempenho (CHIAVENATO, 1998). A partir deste novo conceito organizacional surgiu a necessidade de avaliar o potencial humano, o desempenho do funcionário individualmente e com o grupo, e a partir do conhecimento do potencial humano criar condições para a melhoria do desempenho humano nas organizações. - 50 -50 Avaliar o desempenho humano passou a ser desenvolvido nas organizações com maior freqüência. “Toda avaliação é um processo para julgar ou estimular o valor, a excelência e as qualidades de uma pessoa” (CHIAVENATO, 1998 p. 103). Pode-se perceber que a avaliação de desempenho é um sistema que mede os conhecimentos e habilidades do indivíduo dentro da organização. Segundo Milkovich e Boudreau (2006, p. 98) a avaliação de desempenho “é o processo que mede o desempenho do empregado. O desempenho do empregado é o grau de exigência de seu trabalho”. Afirma ainda, o autor que a “avaliação de desempenho é uma ferramenta para influenciar pessoas” (MILKOVICH e BOUDREAU, 2006, p. 116) Entende-se que a avaliação de desempenho é uma forma de estimular o funcionário a executar suas tarefas com qualidade e excelência, fornecendo informações sobre sua própria atuação na organização. Chiavenato (1998) relata a idéia de que a avaliação do desempenho envolve não apenas o funcionário, mas todo o colaborador envolvido com a organização, como o gestor, a equipe, fornecedores e clientes, ligados diretamente ao próprio indivíduo; como apresentado a seguir: Gerente Outros gerentes Fornecedor interno O próprio indivíduo Cliente Interno Equipe de trabalho Figura 4: Responsabilidade pela avaliação do desempenho. Fonte: Chiavenato (1998, p.104). A avaliação de desempenho, como mostra a figura acima é de grande importância para todas as partes envolvidas na organização, fornecendo informações sobre a atuação de cada indivíduo e da própria organização no mercado. Milkovich e Boudreau (2006) afirma que a avaliação de desempenho proporciona benefícios com as informações em que se adquire, servindo de base - 51 -51 para as decisões que venham a ser tomadas pelos gestores sobre seus funcionários. Relata ainda o autor que a avaliação de desempenho deve ser flexível e moldada para atingir as metas apropriadas para a empresa. Conceitua Chiavenato (1998 p. 109) que: avaliação de desempenho não pode restringir-se ao simples julgamento superficial e unilateral do chefe a respeito do comportamento funcional do subordinado; é preciso descer a um nível maior de profundidade, localizar causas e estabelecer perspectivas de comum acordo com o avaliado – o avaliado deve receber a retroação adequada e reduzir dissonâncias a respeito de sua atuação na organização. A partir deste conceito entende-se que é necessário assegurar-se se o funcionário está obtendo retorno adequado sobre sua avaliação, pois além de obter conhecimento sobre sua avaliação é preciso ser informado como deve ser feita as mudanças necessárias para seu desenvolvimento. O quadro a seguir mostra que a implantação de um sistema de avaliação de desempenho requer segmentar em seis questões básicas. - 52 -52 Avaliado: Avaliadores: Todos os empregados Supervisor, outros pares colegas, QUEM? ou supervisores, o próprio empregado, subordinados, gerente de pessoal, consultor externo, combinação de grupo. O QUÊ? Objetivo: Tempo de referência: Especificações: Pessoas Desempenho atual Traços pessoais Potencial futuro Resultados alcançados Manter a força de trabalho; Melhorar desempenho; Determinar necessidade de treinamento; POR QUÊ? Determinar oportunidades de desenvolvimento pessoal; Base para promoções, transferências, desligamento, etc; Base para aumentos salariais; Auxílio nos processos de recrutamento, seleção, colocação e integração; Mecanismos de retroação e comunicação. QUANDO? Onde? Formal: Informal: Anualmente; Semanalmente; Semestralmente; Diariamente; Trimestralmente. Continuamente. No Cargo: Fora do Cargo: No escritório do chefe; No escritório do consultor; No local de trabalho do subordinado; Em qualquer lugar. Em qualquer lugar. COMO? Tradicionais: Modernos: Problemas: Escala de classificação; Centro de avaliações; Efeito de halo; Comparações Administração Leniência de empregados; objetivos; Lista de verificação; Contabilidade Ensaios de forma livre; valores humanos. Entrevistas; por ou restritividade; de Tendência central; Preconceitos pessoais; Propósito de avaliação. Incidentes críticos. Quadro 9: Questões de avaliação de desempenho. Fonte: Chiavenato (1997, p. 111). Identifica-se através destas informações que a avaliação de desempenho fornece base para importantes decisões organizacionais, procurando sempre alcançar objetivos e metas organizacionais. Afirma ainda Chiavenato (1998) que a avaliação de desempenho é um instrumento, uma ferramenta para melhorar o resultado do desempenho dos - 53 -53 funcionário e da própria organização, com o intuito de atingir objetivos intermediários entre ambos. Conforme Milkovich e Boudreau (2006, p. 120) o “gerenciamento do desempenho foi implantado com o estabelecimento explícito de expectativas, treinamento e avaliação, realimentação e sistema de recompensas baseado no desempenho”. Conforme Davis e Newstrom (2001) que a avaliação de desempenho está relacionada com vários objetivos da organização, das quais servem de base para um melhor resultado e incentivo profissional. Os objetivos são assim representados: Objetivos da avaliação de desempenho Atender normas de igualdade de oportunidades Alocar recursos Aconselhar e desenvolver empregados Recompensar empregados Dar feedback aos empregados Manter justiça Figura 5: Objetivos da avaliação de desempenho. Fonte: Davis e Newstrom (2001, p. 99). Entende-se através do gráfico apresentado que a avaliação de desempenho é um processo importante nas organização para avaliar diversos critérios que podem influenciar o desempenhos do funcionário, orientar a organização para critérios precisos e objetivos para o desenvolver da avaliação. Para Martinez (2002) incentivos financeiros são recompensas que o funcionários são estimulados a atingir metas e objetivos predeterminadas, aumentando o desempenho individual e consequentemente organizacional. - 54 -54 Concorda Milkovich e Boudreau (2006, p.103) quando diz que “para a distribuição de recompensas a medida mais valiosa deveria ser os resultados alcançados”. A partir dos conceitos mencionados pode-se entender que o desempenho é importante tanto para o indivíduo quanto para a organização, porém o funcionário desenvolve melhor este desempenho quando se tem uma qualidade de vida e satisfação na organização a qual está inserido, sendo esta responsável em lhe proporcionar boas condições de trabalho, motivação, segurança, credibilidade e recompensas, para assim efetuar com excelência e qualidade seu papel dentro do mercado competitivo. - 55 -55 3 METODOLOGIA Neste capítulo são apresentados os pressupostos metodológicos utilizados para o desenvolvimento da presente pesquisa. A metodologia é uma explicação de toda ação desenvolvida no trabalho tipos de pesquisa, abordagem, instrumento de coleta de dados e população estudada. A pesquisa foi realizada na empresa Danchelle Modas, no período de março a dezembro de 2008. 3.1 Tipologia de pesquisa: A pesquisa deste projeto caracteriza como um Estudo de Caso. “ O método de estudo de caso trata-se de uma estratégia de pesquisa que procura examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto e que pode ser utilizado de modo exploratório com o objetivo de levantar questões e hipóteses para futuros estudos” (ROESCH, 1995, p.146). Para Gil (1996) o estudo de caso deve ser profundo, permitindo um conhecimento amplo e detalhado do que se está sendo pesquisado, a fim de conhecer todos os detalhes possíveis. Caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, com o intuito de descrever os fenômenos estudados. A pesquisa descritiva segundo Gil (1996) visa descrever as características de determinada população ou fenômeno. Esta pesquisa não tem o compromisso de explicar os fenômenos dos quais dercreve. A pesquisa apresenta abordagem qualitativa e quantitativa. A pesquisa qualitativa vem com o intuito de estabelecer uma relação entre o mundo real e o sujeito em estudo, privilegiando a qualidade, contribuindo para uma melhor compreensão dos fenômenos estudados (NEVES, 1996) Segundo Lima (2004) os estudos de pesquisa qualitativa diferem entre si quanto ao método de investigação, à forma e aos objetivos”. A pesquisa qualitativa busca a explicação e a compreensão do acontecer das coisas. Segundo Lima (2004 p. 30) a pesquisa qualitativa “valoriza a idéia de intensidade em detrimento da idéia de quantidade”. - 56 -56 Já a pesquisa quantitativa tem o objetivo de traduzir em números opiniões e informações da pesquisa para assim analisar e classificar; buscar enumerar ou medir eventos (LIMA, 2004). Segundo Neves (1996, p. 2) “combinar métodos quantitativos e qualitativos torna uma pesquisa mais forte e reduz os problemas de adoção exclusiva de um desses grupos”. 3.2 Sujeito de estudo: A pesquisa foi realizada com os funcionários da empresa Danchelle Modas; sendo a população envolvida são de 6 (seis) funcionárias da área de vendas; e com a proprietária da loja. 3.3 Instrumentos de pesquisa: O método utilizado para a coleta de dados será a princípio uma observação direta, da qual o observador pode tomar suas próprias conclusões perante o observado. Segundo Martins e Lintz (2000) a observação é uma técnica direta com o sujeito de estudo para coletar dados e obter informações referentes a pesquisa realizada. Tem o objetivo de complementar os questionários e as entrevistas. O observador precisa ter plena consciência do que se deseja alcançar. Foi observado o ambiente de trabalho das funcionárias, seu espaço físico se adequado para o trabalho como também área de descanso, condições de trabalho, relação entre superiores e colaborador, entre a equipe e com os clientes. Pode-se também observar o desenvolvimento profissional do funcionário, seu grau de motivação, fatores relevantes para seu desempenho. A observação trouxe o máximo de informações sobre elementos envolvidos no ambiente de trabalho do funcionário e seus comportamentos. Após a observação foi efetuada uma entrevista com os funcionários, em relação aos seus dados pessoais. Segundo Barros (2007, p. 108) a “entrevista é uma técnica que permite o relacionamento estreito entre entrevistado e entrevistador”. - 57 -57 Para Martins e Lintz (2000) o objetivo da entrevista é entender o significado que o entrevistado tem sobre determinadas situações com base nas suposições do pesquisador. A entrevista pode ser classificada como estruturada e semi-estruturada. A entrevista estruturada é aquela orientada por um roteiro previamente definido. A semi-estruturada classifica-se quando o pesquisador busca informações, dados e opiniões que considera mais relevantes por meio de uma conversação mais objetiva. (MARTINS e LINTZ, 2000). Afirma ainda Barros e Lehfeld (2007) que na entrevista estruturada o entrevistador não tem a liberdade de alterar informações dadas pelo entrevistado. Pode-se dizer que na realização da entrevista o pesquisador obtém maior flexibilidade em formular questões e maneiras para um melhor entendimento do entrevistado. O pesquisador, através da entrevista tem a oportunidade de observar as atitudes, reações e condutas durante a realização da entrevista. Foi aplicado um questionário, com o intuito de coletar informações pessoais da equipe de vendas quanto ao objetivo do projeto. Para Celinski (1994) o questionário é uma elaboração de quesitos escritos, o qual aborda um assunto específico, sendo estes sistematizados para serem respondidos pelos funcionários através de pronunciamento escrito. O questionário possibilita coletar informações e respostas mais reais e sinceras, já que não expõem a identidade do funcionário. Dados secundários foram obtidos a partir da documentação, possibilitando o acesso ao desempenho. 3.4 Análise e apresentação dos dados Em primeiro instante da observação foi relacionado de forma descritiva a rotina de trabalho das funcionárias, como também destacados alguns itens de qualidade de vida no trabalho proporcionado pela organização. Através dos discursos foi realizada a análise e os dados foram alocados em categoria de acordo com o roteiro de entrevista. Variáveis de qualidade de vida e desempenho foram tabuladas no excel e expostas em gráficos para uma melhor visualização. - 58 -58 3.5 Limitação da pesquisa Por ser uma pesquisa realizada com poucas pessoas, houve certa limitação de idéias, existiu também uma escassez na exploração de informações das entrevistadas por receio de suas opiniões lhe causarem problemas futuros, sendo o que levou a ter opiniões semelhantes. - 60 -60 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao finalizar a pesquisa, por meio de observações, entrevistas e questionários, foi possível atingir os objetivos propostos na pesquisa, relacionados a identificar a percepção de qualidade de vida das funcionárias da Danchelle Modas e a influência desta no seu desempenho profissional. Foram descritas as atividades de recursos humanos que a organização desenvolve à suas funcionárias, sendo estas identificadas com grande importância por parte das entrevistadas, buscando cada vez mais um enfoque para a necessidade do alcance de melhores condições de qualidade de vida. Foi também identificado o reconhecimento da gestora perante atividades que contribuem para a qualidade de vida do funcionário. A preocupação da organização com a qualidade de vida do seu funcionário pode ser considerada como um ponto positivo e impulsionador para o desenvolvimento de novas e melhores questões de qualidade, engajando assim organização e colaboradores para um mesmo intuito profissional. Foi identificado o perfil sócio-econômico das funcionárias facilitando conhecer os padrões de vida às quais estão inseridas, e o que esperam para melhores condições, perspectivas e prioridades a serem observadas, sendo que necessidades alcançadas fornecem espaços para outro patamar de necessidade, elevando assim seus desejos e necessidades; sendo que foi possível identificar a grande ênfase propagada por todas as entrevistadas ao fator financeiro, na qual assemelham por meio deste aspecto o alcance de melhores condições de qualidade de vida. Com a pesquisa foi possível analisar a percepção das funcionárias sobre a importância da qualidade de vida. Neste sentido, consistiu-se fatores importante e significante para as funcionárias como a saúde, remuneração, estabilidade profissional, realização pessoal, bem estar, condições adequadas e dignas de sobrevivência, enfatizou-se ainda o relacionamento com outras pessoas e principalmente a satisfação no contexto da afetividade. Analisou-se ainda o desempenho individual e a participação da equipe, o qual foi surpreendente na questão em que as entrevistadas relatam que a equipe não influencia no seu desempenho individual, porém avaliam ser como fator fundamental o bom relacionamento com organizacional. o grupo para o desempenho - 61 -61 Ao relacionar a influência da qualidade de vida com o desempenho profissional também foi possível confirmar que o desempenho reflete diretamente sobre as vendas da organização, sendo que a gestora usa os valores de vendas como parâmetro para a avaliação do desempenho da funcionária, acreditando ser fonte de crescimento e lucro da organização. O funcionário necessita receber um feedback no qual pode ser identificado ações que venham a progredir nas expectativas profissionais. O trabalho contribuirá a medida que caracteriza a importância da qualidade de vidas das pessoas para o desenvolvimento de melhoria no desempenho e resultados significantes em meio ao mercado competitivo. Na trajetória da realização do trabalho, foi possível reconhecer com a pesquisa o grau de importância da qualidade de vida para o desempenho profissional, o qual não atribuía tanta ênfase neste aspecto na empresa estudada. Os resultados podem ser considerados satisfatórios, veio a trazer informações sobre a percepção dos funcionários aos fatores que possam contribuir para a organização em sua forma de gestão de pessoas, identificando e reformulando suas estratégias que proporcionem melhores condições de qualidade de vida, colaborando para a satisfação e o desempenho da funcionária e também para o sucesso organizacional. As entrevistas tiveram pouca explanação de idéias e opiniões, no qual opiniões semelhantes foram apresentadas, impedindo novas idéias e parâmetros. Para futuros trabalhos sugere-se que sejam realizados enfatizando a qualidade de vida dos funcionários para mulheres executivas, no qual não se têm destaque ainda, sendo precisam associar sua vida afetiva, suas atividades como mãe, esposa e dona de casa com sua atividade profissional, sendo que esta nova geração de mulheres executivas buscam espaço no mercado atribuindo suas funções ao desempenho máximo. - 62 -62 REFERÊNCIAS BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de Metodologia Científica. 3ed. São Paulo: Pearson, 2007. BERGAMINI, C.W. Motivação nas Organizações. 4ed. São Paulo: Atlas, 1997. BÚRIGO, C. C. D.; Qualidade de Vida no Trabalho: Dilemas e Perspectivas. Florianópolis: Insula, 1997. CAÑIZARES, J. C. L. Como Implantar Ações de Qualidade de vida em Empresas. 21 jan. 2008. Disponível em:http:// www.rh.com.br. Acesso em: 01 abr. 2008. CARVALHO, A. V.; SERAFIM. O. C. G. Administração de Recursos Humanos. São Paulo: Thomson, 2004. CELINSKI, L. 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