Reservas mundiais de nutrientes e uso de fertilizantes Eng° Agrônomo Douglas de Castilho Gitti Disciplina : Avaliação de Fertilizantes e Corretivos Prof. Dr. Salatier Buzetti 01 de Outubro de 2010, Ilha Solteira, SP. Roteiro Introdução 2. Fósforo 3. Potássio 4. Nitrogênio 5. Enxofre 6. Fertilizantes no Brasil 7. Boas práticas para o uso de fertilizantes 1. 1. INTRODUÇÃO Os dez maiores problemas para a humanidade nos próximos 50 anos Segundo, Dr. ROBERTO RODRIGUES. Fonte: Alan MacDiarmid, 2005. Crescimento da população mundial Extraído de Dr. Luís I. Prochnow - Diretor IPNI Brasil Século XXI: o início de uma nova ERA Fonte: Nakícenovic, Grübler e MaConald, 1998 Dr. N. Borlaug, ganhador do Prêmio Nobel (1993), declarou: “O dilema é: alimentar uma população fértil com solos inférteis em um mundo frágil”. “A questão decisiva não é somente quantas pessoas o planeta pode alimentar, mas quantas pessoas este planeta poderá alimentar em níveis sustentáveis.” (Blair, 2007) 2. FOSFORO FOSFATADOS Matéria-prima : Rocha fosfática (RF) Em geral, existem dois tipos de RF: 1- Rochas ígneas 2-Rochas sedimentares Cerca de 80% das RF produzidas no mundo provém dos depósitos sedimentares. Figura 1. Depósitos de rocha fosfática econômicos e potencialmente econômicos no mundo. Fonte: Mcclellan e Van Kauwenbergh (2004). Os fosfatos naturais: quase totalidade em forma não assimilável pelas plantas, totalmente insolúveis em água. Os fosfatos naturais minerais: produção de fosfatos mais solúveis. APATITAS (30-40% de P2O5), não possuem fósforo solúvel em água, apresentam cerca de 3% de P2O5 solúvel em citrato de amônio, que é o fósforo assimilável. Exemplos: Araxá (35% P2O5), de Jacupiranga (36% P2O5), fosfato de Alvorada (30% P2O5), de Aruba (25% P2O5). FOSFORITAS (30% de P2O5), com 5-12% de P2O5 solúvel em ácido cítrico a 2%, solubilidade em citrato de amônio de 5% e não apresentam P2O5 solúvel em água. Exemplos : Gafsa, Daoui, Arad, Carolina do Norte, apresentam estrutura microcristalina pobremente consolidada e com grande superfície específica. Qual foi a produção de rocha fosfática nos últimos anos? Figura 2. Produção mundial de rocha fosfática no período de 1981 a 2008. (Ano 2008: valor estimado). Fonte: USGC (2009). Os termos abaixo são definidos pelo USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos) Reserva : parte da base de reserva que pode ser economicamente extraída ou produzida no momento da avaliação; Base de reserva : aqueles recursos que são atualmente econômicos (reservas), marginalmente econômicos e alguns dos quais são atualmente subeconômicos. RESERVAS * DE FOSFORO MUNDIAIS EM 2008 TOTAL = 15.000 Milhões de ton métricas * Reservas atualmente exploradas e outras com potencial econômico. Fonte: USGS (2009) Produção mineral (média 2007 e 2008 e conteúdo de P2O5 23 a 39%): 161,5 Milhões de ton métricas RESERVAS BASE* DE FOSFORO MUNDIAIS EM 2008 TOTAL = 47 Bilhões de t métricas * Reservas atualmente exploradas econômico e algumas subeconômicas. Fonte: USGC (2009). Figura 4. Longevidade das reservas e das bases de reserva das minas de fosfato tomandose como base a produção de 2007-2008. Fonte: USGC (2009) As estimativas de reservas e recursos de RF são incertas. informações limitadas; Produtores de fosfatos consideram as informações confidenciais; Dependem do nível tecnológico para extração; Possibilidade das reservas estarem subestimadas, devido, atualmente as reservas estimadas são baseadas nas condições de mercado e, pelo menos, dois anos e, portanto não refletem os preços de 2008. Histórico de confiabilidade destas estimativas. 1° exemplo – (bilhões de ton métricas) - Em 2002 Reservas = 12; Bases reservas = 47 - Em 2009 Reservas = 15; Bases reservas = 47 - Ou seja, após 7 anos as reservas aumentaram em 22% e as bases de reservas permaneceram 100%. 2° exemplo - (bilhões de ton métricas) Sheldon (1987) reportou que as reservas e bases de reservas eram de 15 (próximo ao que foi estimado atualmente) e 112. Fome: A ameaça ao fornecimento de alimentos Extraído de Fixen, FERTBIO (2010) Equipamento moderno em operação em mina de fosfato 3. POTÁSSIO POTÁSSICOS - Fontes econômicas: camadas sedimentares de sal, remanescentes de antigos mares interiores (depósitos evaporativos), ou em lagos de sal e salmouras naturais. - O potássio é extraído de minerais, sendo mais comuns: Silvita (KCl) Silvinita (KCl + NaCl) Hartsaltz (depósitos de mineral com sais de sulfato) Langbeinita (K2SO4.MgSO4) Figura 1. Cloreto de Potássio - Mina de Taquari – Vassouras (SE), visão geral do poço de extração de minério silvinítico. Fonte: CETEM, 2002. Mina de Taquari–Vassouras (SE) Fonte: CETEM, 2002. Figura 4. Minerador Marieta em escavação, Taquari-Vassoura (SE). Fonte: CETEM, 2002. POTÁSSIO NO MUNDO Figura 5. Reservas e bases de reserva mundiais de potássio. Fonte: Terry Roberts, USGC, 2008 RESERVAS DE POTASSIO MUNDIAIS EM 2008 8.300 Milhões de ton métricas K2O Fonte: USGC (2009). Produção mineral (média 2007 e 2008): 35,3 Milhões de ton métricas RESERVAS BASE DE POTASSIO MUNDIAIS EM 2008 18 Bilhões de ton métricas K2O Canadá+Rússia+Bielo rússia+Alemanha = 75% Fonte: USGC (2009). Figura 7. Longevidade das reservas e das bases de reservas das minas de potássio tomando-se como base a produção de 2007-2008. Fonte: USGS (2009). 4. NITROGENIO NITROGENADOS A amônia (NH3) é a fonte básica de nitrogênio (N) utilizada na produção da maioria dos fertilizantes nitrogenados; O gás natural é a matéria prima utilizada em 75-80% da produção mundial de amônia, sendo necessários cerca de 1.230 m3 de gás para produção de 1 tonelada de N-amônia O consumo de gás natural para produção de amônia é pequena. Mesmo se toda a amônia fosse produzida a partir do gás, seria necessário apenas 5% da produção anual de gás. Reservas de gás natural no mundo (2007) Consumo anual de CH4 = 3,2 Trilhões de ton m3 1230 CH4 – 1 t NCH3 TOTAL = 175 Trilhões metros cúbicos Produção anual de amônia (NH3) no mundo (2007-2008) TOTAL = 133,6 Milhões de toneladas Fonte: USGS (2009). Se toda a NH3 fosse produzida pela CH4, seria necessário apenas 5% do total consumido. Longevidade gás natural... -Avaliação das reservas relacionando com o consumo anual = 55 anos; - Atualmente há tendências positivas quanto as reservas de gás natural; - Adições recentes às estimativas provém da Venezuela e Arábia Saudita. Indústria de fertilizantes nitrogenados no Alasca (EUA) 5. ENXOFRE SULFÚRICOS -Um dos mais comuns da crosta terrestre; -Geralmente, não é produzido intencionalmente como produto primário; - Maior parte atualmente é extraída do gás natural e do petróleo (0,1-0,2% de S); -80-85% da produção mundial de S é utilizada para fabricação do H2SO4; - ½ da produção mundial de H2SO4 é utilizada para fabricação de fertilizantes {Ca10(PO4)6F2 ------Ca(H2PO4) 2------CaHPO4}; - Cerca de 1 tonelada de S é necessária para a produção de um pouco mais de 2 toneladas de DAP. Produção mundial anual de enxofre (2007 e 2008). TOTAL = 68,8 Milhões de ton métricas Figura 10. Fonte: USGS (2009). Extraído de LIMA, Palestra FERTBIO 2010. 6. FERTILIZANTES NO BRASIL Tabela 5. Consumo mundial de fertilizantes por países (alguns) em milhões de toneladas. Fonte: ANDA, 2008. (adaptada) Oligopólio dos Fertilizantes no Brasil 2% 13% 52% 33% BUNGE MOSAIC Fonte: http://scienceblogs.com/mt/pings/106653 YARA Outras Perspectivas de demanda de N-P2O5-K2O, Brasil, 2009-2010. Fonte: MAPA (2009) Extraído de LIMA, Palestra FERTBIO 2010. Pontos fracos: Importação de fertilizantes pelo Brasil e logística.... Fonte: ANDA e SIACESP, 2008. Extraído de Barbosa Neto, 2008. Fonte: FMB e Fetilizer Week Extraído de Barbosa Neto, 2008. Fotos: Claudinei Kappes Fotos: Claudinei Kappes Pontos forte: Grande área a ser explorada sustentavelmente Fósforo é ‘salvação da lavoura’ em MT Descoberta de jazidas do minério promete revolucionar segmento agrícola que, assim como restante do país, é 100% dependente de importações Pesquisas recentes apontam a presença de jazidas Planalto da Serra (256 quilômetros ao sul de Cuiabá), em Paranatinga (373 quilômetros ao sul de Cuiabá) e na região da hidroelétrica de Manso. Atualmente, uma tonelada do minério está cotada em US$ 1 mil e poderá ter o volume reduzido para US$ 320. Anualmente, as principais culturas mato-grossenses, como soja, milho e algodão, geram demanda de 650 mil toneladas de fósforo. Extraído de LIMA, Palestra FERTBIO 2010. Extraído de LIMA, Palestra FERTBIO 2010. Reinhold Stephanes, anunciou na última semana que o Brasil possui atualmente a terceira maior reserva de potássio do mundo, ficando atrás apenas da Rússia e do Canadá. Esta nova reserva está localizada no norte do país, estendendo-se até o Pará, ao longo do Rio Amazonas. A expectativa do governo é que a exploração destas últimas eleve a produção dos 9% para 25% da necessidade de consumo interno. Em 2008, os produtores importaram 91% do cloreto de potássio consumido, gastando US$ 5 bilhões. Fonte: http://scienceblogs.com/mt/pings/106653 Extraído de LIMA, Palestra FERTBIO 2010. 6.1. Balanço de nutrientes na agricultura Brasileira Tabela 6. Balanço do consumo de nutrientes na agricultura brasileira (2007). Fonte: IPNI (2010). Tabela 7. Balanço do consumo de nutrientes pelas principais culturas brasileira (2008/09). Fonte: IPNI (2010). Tabela 8. Balanço do consumo de nutrientes por Estados (2008/09). Fonte: IPNI (2010). Extraído de Cunha, Simpósio sobre BPUF, 2009 7. BOAS PRÁTICAS PARA USO DE FERTILIZANTES O que fazer ? É necessário analisar a situação com conhecimento e tomar atitudes corretas sob o ponto de vista técnico; Utilização de tecnologias viáveis; Nutrientes revestidos com liberação lenta. MITO !!! “Precisamos modificar a concepção totalmente equivocada de que somos agentes a poluir e deteriorar o ambiente ou que não trazemos contribuição social. Há necessidade de divulgarmos de forma insistente que somos pelo ambiente, que inclusive criamos situação de melhor condição ambiental e que somos fundamentais para a paz no mundo.” Dr. Luís I. Prochnow – Diretor IPNI Brasil IMPACTO ECONÔMICO – SOCIAIS ÍNDICE DE PREÇO DA CESTA BÁSICA BRASILEIRA Fonte: Portugal (2002) Extraído de Fixen, 2008. FONTE Fontes que não volatilizam N: nitrato de amônio, sulfato de amônio, etc; Uran (metade do N é uréia); Inibidores (NBPT); Misturar aquamônia à vinhaça (pH <7); Incorporar uréia superficialmente; Uréias recobertas. Volatilização de N-NH3 de fontes nitrogenadas em cana-de-açúcar colhida sem despalha a fogo Fonte: Cantarella, Vitti e Costa (2003). DOSE “lei dos incrementos decrescentes” de Mitscherlich e Spillman (1924) “Lei do mínimo” de Liebig (1862) ÉPOCA Resposta da soja à aplicação de KCl em cobertura, em diferentes épocas de aplicação. Fonte: Baches et al. (2007) LOCAL Desenvolvimento radicular do algodoeiro em resposta à localização do fertilizante Fonte: Souza, Farinelli e Rosolem (2007) Localização do adubo em algodão Duas linhas abaixo e ao lado das sementes Fonte: Souza, Farinelli e Rosolem (2007) Uma linha abaixo das sementes RESUMO • NITROGÊNIO => apesar da dependência atual, a construção das duas FAFENS deverá suprir nossa demanda de curto prazo; • FOSFATO => Existem enormes potenciais. A construção dos projetos privados e ampliação daqueles em operação devem reduzir nossa dependência para 25% nos próximos anos; • POTÁSSIO => Situação mais crítica em função da dependência e dos potenciais geológicos. A pesquisa no mar, na Amazônia e internacionalização de empresas nacionais pode ser o caminho; • FERTILIZANTES NPK: condições internas (logística, fiscais, tributárias, aduaneiras) facilitam a importação e desestimulam novos projetos, além dos subsídios, preços internacionais e concentração de mercado e de demanda dificultam competitividade; • CALCÁRIO, GESSO => Reservas suficientes para atender a produção. Estímulos culturais e produtivos (logístico, crédito, financiamento, gestão, etc.). Reservas mundiais de nutrientes e uso de fertilizantes Obrigado!!! Eng° Agrônomo Douglas de Castilho Gitti 01 de Outubro de 2010, Ilha Solteira, SP. Agradecimento - Kappes, C. - Marcandalli, L.H. - Marchini, D. Referencia CUNHA, J.F.; CASARIN, V.; PROCHNOW, L.I. Balanço de nutrientes da agricultura brasileira. Informações Agronômicas, IPNI. Piracicaba, n° 130, 2010. SOUSA, D.M.G.; REIN, T.A. Manejo da fertilidade do solo para culturas anuais: esperiências no cerrado. Informações Agronômicas, IPNI. Piracicaba, n° 126, 2009. CD-ROON, Simpósio sobre Boas Práticas para Uso eficiente de Fertilizantes, Piracicaba, 2009. Palestras FERTBIO, 2010. disponível em: http://www.fertbio2010.com/index.php?option=com_content&view=article&id=83&It emid=178