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04/março/ 2014
Edição 1133
CNBB – Regional Sul 2
Papa Francisco: A cruz da perseguição
está sempre presente no caminho
cristão
sus: "Eu garanto a
vocês que quem tiver
deixado casa, irmãos,
Na homilia de hoje
irmãs, mãe, pai, filhos
em sua Missa matu- e campos, por causa
de mim receberá cem
tina na Capela da
Casa da Santa Mar- vezes mais agora,
durante esta vida",
ta, o Papa Francisco
mas acrescentou
refletiu hoje sobre os
"junto com persecristãos perseguidos em
guições".
todo mundo e martirizados por ódio à fé, e as- Segundo a informação difundida pela
segurou que “a cruz
está sempre no camin- Radio Vaticano, o
Santo Padre comenho cristão”.
tou: "Como se (JeComentando a passasus) quisesse dizer:
gem do Evangelho de
Sim, vocês deixaram
hoje, em que Pedro diz
tudo e receberão
a Jesus: 'Eis que nós
aqui, na terra, muitas
deixamos tudo e te secoisas, com perseguimos', o Papa enfatiguições. Como uma
zou a resposta de JeVaticano, 04 Mar. 14 /
01:19 pm (ACI)
salada temperada
com o óleo da perseguição, sempre! Este
é o ganho do cristão
e este é o caminho
para quem deseja
seguir Jesus, porque
é o caminho criado
por Ele. Ele foi perseguido! É o caminho
do abaixamento,
aquele caminho que
Paulo disse aos Filipenses: Ele se abaixou. Se fez homem e
se humilhou até a
morte, morte de cruz'.
Esta é a tonalidade
da vida cristã".
Nas BemAventuranças Jesus
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O Papa convidou
a pensar nos
irmãos proibidos
de irem à missa:
"Muitas vezes
eles se reúnem
em segredo com
um sacerdote e
fazem de conta
que estão
tomando um chá
e ali celebram a
missa. Isso
acontece hoje"
diz: "Felizes vocês, se
forem insultados e
perseguidos por causa de mim". Os
discípulos, logo depois da vinda do
Espírito Santo, começaram a pregar o
Evangelho e tiveram
início as perseguições. Pedro foi
preso, Estevão foi
morto e ainda hoje
morrem muitos outros
discípulos. "A cruz
sempre está no caminho cristão. Teremos muitos irmãos,
irmãs, mães e pais na
Igreja na comunidade
cristã, mas teremos
também perseguições", frisou ainda
o Papa.
“O mundo não tolera
a divindade de Cristo.
Não tolera o anúncio
do Evangelho. Não
tolera as BemAventuranças. Eis a
perseguição, com palavras, calúnias, com
as coisas que diziam
dos cristãos nos primeiros séculos, as
difamações, o
cárcere. Nós es-
quecemos facilmente.
Pensemos nos
cristãos, sessenta
anos atrás, nos campos, nas prisões nazistas e comunistas.
Eram muitos! Hoje
temos mais cultura e
estas coisas não existem? Existem! Hoje,
existem muito mais
mártires do que nos
primeiros tempos da
Igreja."
"Muitos irmãos e
irmãs que testemunham Jesus são perseguidos. São
cristãos que não podem nem ter a Bíblia
consigo", remarcou.
"São condenados
porque possuem uma
Bíblia. Não podem
fazer o sinal da cruz.
Este é o caminho de
Jesus, mas é um caminho de alegria, porque o Senhor nunca
nos prova além daquilo que podemos suportar”.
“A vida cristã não é
um obter vantagem
comercial, não é uma
carreira: é simplesmente seguir Jesus!
Mas quando seguimos Jesus acontece
isso. Pensemos se
temos dentro de nós o
desejo de ser corajosos no testemunho de
Jesus. Pensemos nos
irmãos e irmãs que
hoje não podem rezar
juntos, porque são
perseguidos; não podem ter a Bíblia porque são perseguidos."
O Papa convidou a
pensar nos irmãos
proibidos de irem à
missa: "Muitas vezes
eles se reúnem em
segredo com um sacerdote e fazem de
conta que estão tomando um chá e ali
celebram a missa.
Isso acontece hoje",
disse ainda Francisco.
O Santo Padre exortou a pensar se estamos dispostos a carregar a cruz como
Jesus, como fazem
muitos irmãos e irmãs
que hoje são humilhados e perseguidos.
ACESSE
APROVEITE PARA
CURTIR
ATUALIZE-SE
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Padre Joãozinho recorda mensagens enviadas por
Papa Francisco no twitter que revelam um programa
de governo do seu pontificado
quem Jesus havia
dado as “chaves” do
céu e da terra? Seria
Judas Iscariotes que
tinha a “chave do cofre”? Seria João, o
melhor amigo do mestre? Ou quem sabe
Mateus que era alfabetizado e influente
na sociedade.
Papa Francisco, eleito
no dia 13 de março de
2013, enviou sua primeira mensagem pelo
Twitter no dia 17, pedindo oração e, dois
dias depois, em 19 de
março, publicou duas
mensagens na mesma rede social. Estas,
relidas agora, revelam
um verdadeiro programa de governo:
1ª Mensagem: “O
verdadeiro poder é o
serviço. O Papa deve servir a todos,
especialmente aos
mais pobres, aos
mais fracos, aos mais
pequeninos.”
No reino de Jesus, reinar é servir. Quando o
poder se resume em
títulos, cargos e busca
de prestígio ele corrompe o mais profundo
da nossa alma. Nem
os apóstolos escaparam desta tentação.
Quem não se lembra
daquele episódio em
que os escolhidos de
Jesus vinham conversando pelo caminho
sobre quem deles seria
o “maior” (Cf. Mc 9,3037). Seria Pedro a
Conhecemos a palavra de Jesus: Se alguém quer ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos”.
Este episódio não foi
um fato isolado. Certa
ocasião a mãe de
Tiago e João fez um
pedido um pouco estranho. Pedia que
seus filhos ocupassem os primeiros lugares no Reino (Cf.
Mt 20,20-28). Ela
imaginava Jesus um
messias puramente.
Queria que seus filhos
fossem os primeiros
ministros. O Mestre
de Nazaré diz sem
rodeios: “Você não
sabe o que está pedindo”. Em seguida
deixa claro que seu
reino é o serviço, seu
trono é a cruz e sua
1ª Mensagem:
“O verdadeiro
poder é o
serviço. O Papa
deve servir a
todos,
especialmente
aos mais pobres,
aos mais fracos,
aos mais
pequenino;”
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2ª Mensagem:
“Guardemos
Cristo na
nossa vida,
cuidemos uns
dos outros,
guardemos a
criação com
amor.”
coroa, de espinhos.
Eles não entenderam
muito bem. Então ele
falou claramente: “Sabeis que os chefes das
nações as subjugam, e
que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim
entre vós. Todo aquele
que quiser tornar-se
grande entre vós, se
faça vosso servo. E o
que quiser tornar-se
entre vós o primeiro,
se faça vosso escravo.
Assim como o Filho do
Homem veio, não para
ser servido, mas para
servir e dar sua vida
em resgate por uma
multidão.”
Ao assumir o ministério de sucessor de Pedro, o Papa Francisco
deixou claro que aceita
este programa de governo feito de serviço
aos irmãos, especialmente os mais pobres,
humildes e sofredores.
2ª Mensagem:
“Guardemos Cristo
na nossa vida, cuidemos uns dos outros, guardemos a
criação com amor.”
O serviço aqui se revela em três dimensões
que se integram entre
si. A primeira é cuidar
da nossa espiritualidade “guardando Cristo
em nossa vida”. A segunda é cuidar dos
irmãos, promovendo a
fraternidade. A terceira
é cuidar deste mundo
onde Deus nos colocou como jardineiros
do paraíso. Simples
assim. Completo assim.
Francisco tem como
programa de governo
o serviço de cuidar da
pessoa humana nas
suas três dimensões
essenciais: espiritual,
interpessoal e corporal. A salvação passa
pela saúde nestas
três dimensões. Aos
poucos ele iria chamar isso de “cultura
do encontro”.
Não é apenas um
programa retórico,
feito de discursos e
palavras. Francisco
nos provoca permanentemente com seu
testemunho. Ele
acredita na solidariedade. Denuncia toda
forma de poder usado
em favor apenas de
um ou de um grupo.
Tem nomeado sempre equipes para as
mais diversas tarefas.
Sabe que seu pontificado não poderá ser
monárquico, mas colegial. Ele acredita
em uma Igrejacomunhão.
que não é assim. Jogamos em equipe.
Somos um time. Sabemos conjugar o
verbo no plural. Somos corpo de Cristo.
Sozinhos perdemos
nossa identidade.
Juntos somos mais.
Parafraseando o
Papa:
“Nós da Pastoral
Familiar, Jogamos
em equipe. Somos
um time. Sabemos
conjugar o verbo no
plural. Somos corpo
É claro que muitos
ainda insistem em
de Cristo. Sozinhos
olhar para o papa
perdemos nossa
como uma personaliidentidade. Juntos
dade: o dono da bola.
somos mais.
Desde os primeiros
dias ele deixou claro
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“Francisco é um pastor, próximo do povo,
como João XXIII”
Philippe Chenaux é
professor de História
da Igreja Moderna e
Contemporânea na
Universidade Lateranense (em Roma).
Por ocasião do primeiro aniversário da
eleição de Francisco, ele falou sobre o
que o aproxima ou o
distingue dos papas
que o precederam.
A entrevista é de
Aymeric
Christensen e publicada no sítio da revista francesa La Vie,
26-02-2014. A tradução é de André
Langer.
Eis a entrevista.
Se compararmos
com os seus predecessores, Francisco
é um Papa diferente?
Há uma diferença
notável em Jorge Mario Bergoglio: é que
antes de ser eleito, ele
não tinha nenhuma
experiência romana.
Os outros papas, de
João XXIII a Bento
XVI, estudaram ou
fizeram carreira em
Roma. João Paulo II
estudou aí, Bento XVI
fez carreira aí, especialmente na Congregação para a Doutrina da Fé, portanto,
pertencia ao palácio
quando foi eleito. Além
disso, Francisco,
antes de ser eleito,
quando ainda era arcebispo de Buenos
Aires, evitou tanto
quanto possível as
viagens a Roma. Isso
é importante na maneira como conduz hoje a
reforma da cúria com
um olhar totalmente de
fora, estranho, e mesmo crítico. Ele aparece
como alguém totalmente de fora. Por
outro lado, Francisco
é um papa não somente não romano,
mas também não europeu. Ele vem do “fim
do mundo”, como ele
mesmo disse na noite
da sua eleição. Ao vir
da América Latina ele
Há uma diferença
notável em Jorge
Mario Bergoglio: é
que antes de ser
eleito, ele não
tinha nenhuma
experiência
romana.
Isso é importante
na maneira como
conduz hoje a
reforma da cúria
com um olhar
totalmente de
fora, estranho, e
mesmo crítico.
04/MAR/14 – 1133 – Página 6
tem uma outra experiência de Igreja: uma
Igreja que sempre
desejou estar próxima
do povo. Ele insiste
muito nesta imagem
da Igreja como Povo
de Deus, povo de
fiéis.
Para ele, em
primeiro lugar, é
o espírito do
Vaticano II que
conta: a opção
preferencial
pelos pobres,
mas também a
cultura do
diálogo e do
encontro, do qual
ele fala muito, e,
enfim, a recusa a
condenar, de
pronunciar
anátemas...
Mas, um outro ponto
importante, na minha
opinião, é a relação
com o Concílio Vaticano II. Francisco é
um papa que não viveu diretamente o
acontecimento; para
ele, o concílio é uma
evidência. Contrariamente aos seus predecessores, ele cita
pouco os textos. Provavelmente, por outro
lado, porque ele os
conhece menos, uma
vez que não participou da sua elaboração. Para ele, em
primeiro lugar, é o
espírito do Vaticano II
que conta: a opção
preferencial pelos pobres, mas também a
cultura do diálogo e
do encontro, do qual
ele fala muito, e, enfim, a recusa a condenar, de pronunciar
anátemas... A Igreja,
com ele, é plenamente pós-conciliar.
Acrescento, por fim,
que Francisco é um
papa jesuíta, o primeiro papa jesuíta da
história. Nisso ele se
distingue de todos os
seus predecessores
(e não somente de
seus predecessores
imediatos). É uma
identidade que ele
reivindica com facilidade – muito mais
que sua identidade
latino-americana – e
que se reflete na sua
maneira de governar
e de apreender os
problemas.
XVI é um grande
teólogo, seus ensinamentos são
magníficos, mas ele
tocou muito pouco as
pessoas, porque havia, talvez, um déficit
de encarnação em
seu pontificado.
Do ponto de vista do
estilo pessoal, em
que ele se distingue?
Ele se pretende um
pastor, o que o diferencia muito claramente de Bento XVI,
seu predecessor imediato, que era um
teólogo. Desse ponto
de vista, ele se aproxima sem dúvida mais
de João XXIII que
dos outros, com sua
aproximação não intelectual dos problemas. É um papa que
ele cita muito, e não é
por acaso que ele vai
canonizá-lo no fim de
abril, mesmo sem um
segundo milagre!
João Paulo II, mesmo se querendo um
pastor, era um filósofo, um intelectual, e
Paulo VI antes dele
também. Esta maneira que Francisco tem
de querer ser próximo
das pessoas, próximo
do povo; a recusa de
uma certa pompa romana, um estilo muito
mais simples, mais
evangélico, tudo isso
o aproxima indiscuti-
O que imediatamente
me impressionou é
que ele compreendeu
que para atingir as
pessoas eram necessários atos, tinha
que ser confiável. E a
credibilidade da mensagem evangélica
passa pelo testemunho concreto. O que
explica esse estilo
novo, despojado, essa recusa de todo
luxo, de toda manifestação exterior de riqueza. Ele se esforça
– e penso que o consegue até agora –
para devolver a credibilidade à mensagem
do Evangelho, colocando-o acima da
doutrina. O que não
quer dizer que ele
renegue a doutrina,
mas que não fala muito dela. A título de
comparação, Bento
De que papa recente
se aproximaria em
termos de perfil?
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velmente de João
XXIII.
A relação com Paulo
VI é menos evidente,
menos imediata, mas
Francisco também o
cita muito. Há
grandes textos de
Paulo VI que ele cita
facilmente, sobretudo
no que diz respeito à
dimensão missionária
da Igreja (em particular a Exortação
Apostólica Evangelii
Nuntiandi).
No momento da sua
eleição, ouvia-se
comparações com
João Paulo I...
Sim, era uma comparação muito pertinente, na medida em
que João Paulo I
vinha também, à sua
maneira, da periferia,
e não tinha nenhuma
experiência curial.
Mas a comparação
para por aí, como seu
pontificado durou
apenas um mês...
Mas é verdade que no
começo, por algumas
maneiras de ser, por
seu estilo, Francisco
podia também fazer
pensar em João Paulo I.
A eleição de Francisco foi percebida
por muitos como um
sopro de ar fresco.
Seus predecessores
conheceram um tal
entusiasmo na sua
chegada?
No momento da sua
eleição, os papas –
como, aliás, a maioria
dos chefes de Estado
– beneficiam-se geralmente daquilo que se
chama de estado de
graça... Esse foi, talvez, um pouco menos
o caso para Bento
XVI, que se inscrevia
na continuidade de
João Paulo II e que
não tinha uma imagem
muito positiva; mas é
verdade para todos os
seus predecessores.
João XXIII especialmente, após o pontificado de Pio XII, representou um extraordinário vento de novidade. Se acrescentarmos a isso o anúncio
do concílio, tem-se
verdadeiramente a impressão de que tudo
estava em vias de mudar, que a Igreja entrava numa nova era...
Com Paulo VI talvez
um pouco menos, porque no fundo ele foi
eleito para continuar o
que João XXIII fez,
isto é, levar o concílio
ao fim. Com João
Paulo I também havia
ainda esta impressão
de novidade, indiscutivelmente, mas enfim...
o pontificado terminou
muito rapidamente. E
com João Paulo II
também: esse papa
vindo do Leste marcou a opinião pública
desde o início e suscitou uma grande esperança. Mas é verdade
que esse fenômeno é
talvez mais forte ainda com Francisco do
que com os outros...
Essas esperanças
foram seguidas por
reais reformas?
Alguns papas foram
mais reformadores
que outros. Paulo VI,
por exemplo, foi verdadeiramente um reformador, mesmo se
este aspecto hoje caiu
um pouco no esquecimento. Retemos
mais a imagem de um
papa angustiado,
preocupado em defender a doutrina, o
papa da Humanae
Vitae... Mas não se
deve esquecer que no
começo do seu pontificado ele era muito
popular e que ele quis
realmente mudar as
coisas. Pensemos na
reforma da liturgia ou
ainda na reforma da
cúria. Em nível das
estruturas, João Paulo II reformou, sem
dúvida, muito menos
que Paulo VI.
Bento XVI reformou
as coisas especialmente por sua preocupação de jogar luz
sobre todos os
No momento da
sua eleição, os
papas – como,
aliás, a maioria
dos chefes de
Estado –
beneficiam-se
geralmente
daquilo que se
chama de estado
de graça... Esse
foi, talvez, um
pouco menos o
caso para Bento
XVI, que se
inscrevia na
continuidade de
João Paulo II e
que não tinha
uma imagem
muito positiva;
mas é verdade
para todos os
seus predecessores.
04/MAR/14 – 1133 – Página 8
escândalos que poderiam ter acontecido,
como o caso da pedofilia. Esta vontade de
transparência deve,
indiscutivelmente, ser
creditada a Bento
XVI, mesmo se essa
não é tecnicamente
uma reforma das estruturas e das instituições. Além disso, o
que a história irá reter
é, evidentemente,
também o gesto da
renúncia, que é um
ato em si revolucionário, e que permitiu sem dúvida a
eleição de Francisco.
Penso que o atual
papa percebe isso e deseja dar
novamente um
novo dinamismo
a este espírito de
colegialidade que
foi se perdendo
um pouco.
Quando se fala de
reforma da cúria,
evoca-se com frequência a questão
da colegialidade.
Francisco pode verdadeiramente fazer
evoluir o funcionamento da Igreja
nesse nível?
Sobre este ponto havia grandes esperanças com o concílio.
Mas houve um retorno a uma forma de
centralização no governo da Igreja, apesar da convocação
regular de sínodos.
Nos discursos e nas
declarações oficiais,
invocava-se sempre a
dimensão colegial,
mas na prática as decisões eram tomadas
em Roma, e muitas
vezes sem muita consulta aos bispos.
Penso que o atual
papa percebe isso e
deseja dar novamente
um novo dinamismo a
este espírito de colegialidade que foi se
perdendo um pouco.
Sem dúvida,
Francisco terá a
tendência a ser mais
autoritário a título
pessoal, e isso se
pode ver, talvez, em
algumas nomeações
que ele fez ou nas
decisões que ele tomou desde sua
eleição. Mas o que
ele disse sobre sua
maneira de governar
na entrevista dada às
revistas dos jesuítas
era muito justo: ele
seria, talvez, naturalmente levado a tomar
as decisões sozinho,
mas ele se dá conta
de que é preciso
exercer a colegialidade, e que no fundo
as decisões são
melhores quando tomadas consultando
outros. Este aspecto
também tem a ver
com sua visão de
Igreja como Povo de
Deus, e não simplesmente como estrutura hierárquica de
poder.
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Papa Francisco: A cruz da perseguição está sempre presente no