04 - Editorial:
Paulo Rocha
06 - Foto da semana
07 - Citações
08 - Nacional
14 - Internacional
20 - Opinião:
Miguel Oliveira Panão
22 - Semana de..
Carlos Borges
24 - Dossier
Mil dias com o Papa
Papa levou
esperança a África
48- Estante
50 - Multimédia
52 - Concílio Vaticano II
54- Agenda
56 - Por estes dias
58 - Programação Religiosa
59- Minuto Positivo
60 - Liturgia
62 - Ano da Vida Consagrada
66 - Fundação AIS
68 - Lusofonias
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Açores receberam
novo bispo
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Foto da capa: D. R.
Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA
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Luís Filipe Santos, Sónia Neves
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2
Mil dias com o
Papa Francisco
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Opinião
Paulo Rocha | Miguel Oliveira Panão
| Jorge Reis-Sá | Carlos Borges
| Manuel Barbosa | Paulo Aido | Tony
Neves | Fernando Cassola Marques
3
O homem e a máquina
Um objetivo sem um plano
é apenas um desejo.
(Saint-Exupéry)
Pauloo Rocha
Agência Ecclesia
4
Cruzei-me com a sabedoria de Saint-Exupéry,
expressa sempre em poucas palavras, ao pensar
no pontificado do Papa Francisco. Não tanto a
pessoa do cardeal Bergoglio, determinante para
o perfil do líder da Igreja Católica e para a
imagem que cria atualmente, mas a missão que
tem em curso na instituição.
1000 dias após a eleição de um Papa que veio
“quase do fim do mundo”, há muitas imagens
fortes, emocionantes, significativas, comoventes,
enternecedoras…
Transcendentes, mesmo! E não
será necessário muito mais do que
as imagens, 1000 imagens, para
fixar a relevância deste pontificado,
a energia transformadora que
trouxe à Igreja Católica, o impacto
que provoca na sociedade
mediatizada e a expectativa em
relação ao ponto de chegada de um
jeito único, autêntico, pessoal e
próximo de comando a partir da
cúpula, que tem na forma de
transformar o poder da cúpula em
possibilidade de diálogo a primeira
chave de leitura do seu pontificado.
No dia em que se completam 1000
dias da eleição do Papa Francisco,
todas as imagens e todas as
palavras poderiam ser traduzidas
apenas numa: misericórdia. É esse
o modo de agir de Deus. E do Papa.
E o que Deus e o Papa querem
para toda a Igreja.
O Jubileu da Misericórdia, que inicia
no dia 8 de dezembro, quando se
completam 1000 dias de pontificado
de Francisco e 50 anos do
encerramento do Concílio Vaticano
II,
vai, por certo, oferecer muitas
oportunidades para compreender
que a misericórdia é o ambiente de
todos gestos, desafios, provocações
e surpresas do Papa. Deste, como
foi de todos!
Incerto é o fim da história, como tem
de ser quando o curso dos
acontecimentos não se circunscreve
a horizontes possíveis de avistar,
mas aos que derivam de uma era
inaugurada há 2000 anos com o
mistério do Natal: a incarnação de
Deus em Jesus, a Sua morte e
ressurreição.
Uma circunstância bastante para
motivar pessoas e instituições que a
seguem neste tempo à renovação
que implica a realização da
experiência crente, não permitindo
que projetos permaneçam desejos
pela passividade de quem tem por
missão elaborar os planos que
concretizam os primeiros.
Nesta como noutras ocasiões é
necessário ajustar ritmos, os da
máquina aos do homem.
5
- “Um povo abandonado, um povo
assassinado, um povo esquecido precisa
de uma mensagem de esperança. E o
Papa Francisco veio trazer-nos essa
mensagem de esperança, convidou-nos à
reconciliação, a ter um coração
misericordioso, a perdoar, e sobretudo, a
semearmos para construir um país
belíssimo que se chama República
Centro-Africana”. D. Dieudonné
Nzapalainga, arcebispo de Bangui, Rádio
Vaticano, 30.11.2015
- Alguns perguntam porque é que estamos
a perder tempo a debater o clima, no meio
da ameaça terrorista e da necessidade de
protegermos as nossas populações. A
resposta é que esta questão, das
mudanças climáticas, afeta todas as
outras, é um imperativo económico e de
segurança que temos de enfrentar agora”.
Barack Obama, presidente dos Estados
Unidos da América, Reuters, 01.12.2015
Cimeira do Clima seguida com expetativa em todo o mundo (Reuters)
6
- “ [O essencial] é não gastar dinheiro a
subsidiar a precariedade, mas a
concentrar os recursos na criação de
postos de trabalho para jovens
qualificados. É não só uma forma de
beneficiarmos do seu talento, como
também do seu impulso e contributo
essencial para a modernização do nosso
tecido empresarial”. António Costa,
primeiro-ministro, RTP, 02.12.2015
7
Açores celebraram chegada do bispo
coadjutor
D. João Lavrador tomou posse este
domingo como bispo coadjutor da
Diocese de Angra, na sala dos Atos
do Paço Episcopal, dois meses
depois de ter sido nomeado pelo
Papa Francisco. Já na Missa de
entrada solene, na Sé local, D. João
Lavrador afirmou que se quer inserir
na “riquíssima” experiência de vida
cristã e ser integrado na
“vastíssima” tradição açoriana.
“Tenho consciência de que me
venho inserir na riquíssima
experiência de vida cristã,
desenvolvida ao longo de quase
cinco séculos”, referiu na
mensagem que dirigiu à diocese.
O bispo coadjutor valorizou o
trabalho realizado de “edificação de
uma comunidade diocesana ativa” e
comprometida com a “construção de
uma sociedade melhor e digna do
ser humano”. “Venho aprender de
vós, irmãos e irmãs, a vossa
riquíssima experiência religiosa que
tão significativamente fostes
forjando”, afirmou
D. João Lavrador quer “usufruir” da
“riquíssima cultura” açoriana,
valorizar a “comunhão sacerdotal a
edificar com
8
os presbíteros” e construir uma
“comunidade diocesana na
comunhão e na
corresponsabilidade”. “Peço com
humildade que me aceiteis e que
pacientemente me ajudeis e melhor
servir-vos”, disse D. João Lavrador
no fim da Missa presidida pelo bispo
da Diocese de Angra, D. António
Sousa Braga, e concelebrada pelo
núncio apostólico (embaixador da
Santa Sé) em Portugal.
Na homilia da Missa, o bispo de
Angra desde 1996 agradeceu o “ato
de coragem e de generosidade” de
D. João Lavrador. “É uma graça a
sua vinda para a Diocese”, disse D.
António de Sousa Braga,
valorizando a “consciência muito
viva” do agora bispo coadjutor
diante dos “grandes desafios da
presença e ação da Igreja no mundo
de hoje, a partir, precisamente, dos
que mais precisam de carinho e de
misericórdia”
Durante esta celebração, foi lida a
Bula de nomeação de D. João
Lavrador, até agora bispo auxiliar da
Diocese do Porto, pelo núncio
apostólico.
A Missa contou com a participação
do bispo do Porto, D. António
Francisco
dos Santos e de D. Pio Alves, bispo
auxiliar desta diocese e presidente
da Comissão Episcopal da Cultura,
Bens Culturais e Comunicações
Sociais; do bispo de Setúbal, D.
José Ornelas, e D. Gilberto Reis,
emérito da mesma diocese; e o
bispo de Coimbra, D. Virgílio
Antunes.
Além dos prelados, participaram na
celebração vários sacerdotes da
Diocese de Angra e a alguns da
Diocese do Porto, além de
responsáveis políticos, entre eles o
presidente do Governo Regional,
Vasco Cordeiro.
D. João Lavrador saudou a
comunidade diocesana açoriana,
nomeadamente os que estão na
diáspora “lutando por melhores
condições de vida em terras
estrangeiras, mas que continuam
animados pela mesma fé e pela
mesma devoção que souberam
preservar em outros contextos
humanos”.
No fim da celebração, D. António de
Sousa Braga entregou ao coadjutor
da diocese um báculo como oferta
de todo o clero açoriano,
desejando-lhe que "promova e viva
o seu trabalho como pastor”.
9
Natal para humanizar o mundo
A LOC/MTC – Movimento de
Trabalhadores Cristãos alerta na
sua mensagem de Natal deste ano
para a necessidade de ter
“compaixão com o sofrimento de
cada um” e em comunidade “ver o
que faz falta para humanizar o
mundo”. “Nesta sociedade onde
vivem tantas pessoas atropeladas
na sua dignidade, amachucadas no
seu local de trabalho, retiradas à
força do seu ambiente e da sua
cultura, escravas das máquinas do
nosso tempo, só uma montanha de
ternura e afeto pode curar tais
feridas”, refere a organização
católica.
A mensagem de Natal destaca que
como cristãos e cidadãos deve
haver preocupação com os outros.
“Ter compaixão com o sofrimento de
cada um, sair do nosso mundo
pessoal para, em comunidade, ver o
que faz falta para humanizar o
mundo”, acrescenta.
O movimento de trabalhadores
cristãos recorda que o atentado
terrorista na cidade de Paris
(França), a 13 de novembro, fez
com que a ’cidade das luzes’ vissese “coberta de sombras” e alerta
que noutras cidades e aldeias do
mundo “as sombras da guerra
continuam” mas “muitas não passam
na televisão”.
10
A LOC/MTC contextualiza que com
as guerras chegam os refugiados e
“muitas interrogações” que se
juntam às “interrogações de vida” de
outros homens e mulheres “sofridos,
mergulhados no desemprego, na
precariedade, na incerteza
permanente, na desestruturação da
vida familiar, na violência doméstica,
na pobreza”.
Neste contexto, os trabalhadores
cristãos adiantam que vão
“privilegiar” o encontro com as
pessoas “em relação às redes
sociais e às mensagens de
conveniência” assumindo os riscos
desses encontros pessoais. Na
mensagem de Natal ‘Uma montanha
de ternura’, a LOC/MTC afirma que
a necessidade de “lutar pela
dignidade de todas as pessoas”,
especialmente do mundo do
trabalho.
Preparar o mundo para acolher
Cristo
O arcebispo de Braga diz que este
tempo de Advento é um desafio às
comunidades católicas para
“acordarem da sonolência” e se
empenharem na construção de
“um mundo melhor”. Numa nota
pastoral enviada à Agência
ECCLESIA, D. Jorge Ortiga realça
que o Advento, a caminhada para
o Natal, só faz sentido quando
serve para preparar o mundo para
acolher Cristo.
“E o mundo”, refere o prelado,
“está a ser construído sem
referência a valores e princípios
que deviam ser identificativos da
nossa identidade portuguesa”.
Neste sentido, o arcebispo
bracarense convida as suas
comunidades a assumirem a
condição de missionárias,
mostrando que “ser cristão é uma
opção consciente e desejada, e
não apenas tradição”. “Não basta
sermos formalmente cristãos. Isso
não abre espaço a um encontro
pessoal com Cristo, não nos
implica nem nos transforma
interiormente”, realça D. Jorge
Ortiga, que aponta depois alguns
setores da sociedade onde a ação
cristã é mais necessária.
Primeiro junto dos mais carenciados,
onde é urgente “responder às
inquietações de quem sofre com a
ausência de bens materiais de
primeira necessidade mas também de
quem sofre espiritual e
psicologicamente”. Depois no
exercício de uma missão solidária,
dentro da Igreja Católica ou junto de
alguma instituição social.
“O voluntariado, na comunidade e a
partir da comunidade, mostra a
alegria do compromisso responsável.
Jesus está aí”, lembra o arcebispo.
Também na disponibilização de tempo
para a família, para o diálogo com os
amigos, com os vizinhos, com quem
“se afastou da Igreja”. “Há vizinhos
que não conhecemos e pessoas a
necessitarem de gestos
representativos da ternura de Deus”,
alerta D. Jorge Ortiga.
11
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a
atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados
emwww.agencia.ecclesia.pt
Património: Diocese de Portalegre-Castelo Branco promove primeira
«grande ação de divulgação»
Novo Ano Pastoral do Santuário de Fátima
12
13
África: Papa concluiu viagem
em nome da paz, contra o terror
O Papa concluiu na República
Centro-Africana (RCA) a sua
primeira viagem a África, com
mensagens e gestos pela paz e o
perdão particularmente significativos
neste país, marcado pelas guerras
e conflitos inter-religiosos. Numa
visita que se iniciou no Quénia,
Francisco fez história este domingo
ao abrir, pela primeira vez,
14
a porta santa de um Jubileu fora de
Roma.
O Ano Santo da Misericórdia
começou assim a ser vivido na RCA,
um território marcado pela violência,
para travar a “espiral” da vingança e
do ódio, segundo o Papa. “Bangui
torna-se a capital espiritual da
oração pela misericórdia do Pai”,
explicou, à
porta da Catedral da cidade.
Pouco depois de chegar à capital da
RCA, Francisco tinha mergulhado
no entusiasmo das crianças e das
centenas de pessoas que estavam
à sua espera, algumas ainda
incrédulas, no campo de refugiados
da paróquia de São Salvador.
“Desejo para vós e para todos os
centro-africanos a paz, uma grande
paz entre vós. Que possais viver em
paz, qualquer que seja a etnia,
cultura, religião, estatuto social. Mas
todos em paz! Todos, porque todos
somos irmãos”, sublinhou, numa
mensagem que viria a repetir na
mesquita central de Bangui.
“Juntos, digamos não ao ódio, à
vingança, à violência, especialmente
aquela que é perpetrada em nome
duma religião ou de Deus. Deus é
paz, salam”, apelou.
Francisco partira esta sexta-feira do
Uganda, onde centrou as suas
intervenções na herança deixada
pelos mártires católicos e
anglicanos que foram perseguidos e
mortos em finais do século XIX, bem
como no
compromisso social junto dos mais
desfavorecidos que deriva da
vivência da fé. “A minha visita visa
ainda chamar a atenção para a
África no seu conjunto, para a
promessa que representa, as suas
esperanças, as suas lutas e as suas
conquistas”, disse no palácio
presidencial.
Antes, no Quénia, deixou
mensagens contra o terrorismo, a
exploração dos mais pobres e em
defesa do meio ambiente. Num país
que tem sido alvo de vários ataques
terroristas nos últimos anos,
Francisco defendeu a “tolerância e
o respeito pelos outros”, em
particular no diálogo entre religiões.
A 21.ª Conferência da ONU sobre
Alterações Climáticas que começou
hoje em Paris não foi esquecida e o
Papa sustentou que um eventual
fracasso na COP21 seria
“catastrófico” para a humanidade. A
visita de Francisco a África, 11ª
viagem internacional do pontificado,
levou-o a percorrer 11 727
quilómetros em mais de 17 horas de
voo.
15
Jubileu quer despertar revolução
da ternura
O Papa Francisco quer que o
Jubileu da Misericórdia provoque
uma “revolução da ternura” nos
mais diversos níveis, prometendo
um “gesto” simbólico durante cada
mês do Ano Santo extraordinário
(dezembro 2015-novembro 2016).
“A revolução da ternura é o que
temos de cultivar como fruto deste
ano da misericórdia: a ternura de
Deus para com cada um”, disse, em
entrevista à revista oficial do
Jubileu, ‘Credere’, divulgada pelo
Vaticano.
Francisco adiantou que o programa
prevê “muitos gestos” e que ele
próprio irá concretizar “um gesto
diferente” numa sexta-feira de cada
mês, durante o Jubileu da
Misericórdia, promovendo uma
“atitude mais tolerante, mais
paciente, mais terna”.
O Papa deu como exemplo de
mudanças a promover o
relacionamento entre patrões e
trabalhadores. “Se um empresário
contrata um empregado de
setembro a julho não faz a coisa
certa, porque o manda embora para
as férias e vai buscá-lo de volta com
um novo contrato”, negando-lhe
direitos, precisou.
16
O Papa nega que este ano santo
seja uma “estratégia”, mas diz que é
algo presente na tradição da Igreja
e que, pessoalmente, lhe vem de
dentro, recordando que já em 1994
tinha apresentado, durante um
Sínodo dos Bispos, esta ideia da
misericórdia como “revolução da
ternura”, algo pelo qual foi
repreendido “por um bom homem”,
já muito idoso. “Eu continuo a dizer
que hoje a revolução é a da ternura,
porque daqui deriva a justiça e tudo
o resto”, assinala. Para o Papa
Francisco, este Jubileu é “o ano do
perdão, o ano da reconciliação”,
uma proposta da Igreja a todo o
mundo. “Está em curso – permitame que o diga – um sacrilégio
contra a humanidade”, alertou.
COP21: Papa diz que mundo
caminha para o «suicídio»
O Papa Francisco disse que o
mundo caminha para o “suicídio” e
que é preciso travar as alterações
climáticas antes que seja tarde
demais, numa mensagem dirigida à
Cimeira do Clima, que começou em
Paris. “Julgo que o posso dizer: é
agora ou nunca”, sublinhou, em
conferência de imprensa durante o
voo de regresso a Roma, desde a
República Centro-Africana.
O Papa lamentou o “pouco” que se
fez desde o Protocolo de Quioto
(1997) e alertou que todos os anos
os problemas são “cada vez mais
graves”. “Estamos no limite de um
suicídio, para usar uma expressão
forte, e tenho a certeza de que
quase todos os que estão em Paris
têm esta consciência e querem fazer
algo”, referiu aos jornalistas que o
acompanharam na sua primeira
viagem a África.
Francisco aludiu às consequências
do degelo e do aumento do nível do
mar, mostrando-se confiante de que
haverá decisões em Paris.
A Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre as alterações
climáticas consagra como meta
limitar a um valor inferior a 2ºC o
aumento da temperatura média
global.
Francisco falou aos jornalistas
durante cerca de uma hora e
condenou também as injustiças na
distribuição da riqueza mundial, que
provocam “grande dor”. “Ontem
[domingo], por exemplo, foi ao
hospital infantil, o único hospital
pediátrico de Bangui ou do país.
Nos cuidados intensivos não há
aparelhos de oxigénio, havia tantas
crianças malnutridas, tantas”,
lamentou.
Reforçando as suas críticas à
“idolatria” do dinheiro, o Papa
sustentou que “se a humanidade
não mudar, vão continuar as
misérias, as tragédias, as guerras,
as crianças que morrem de fome, a
injustiça”. “O que pensa de tudo isto
a minoria que tem nas suas mãos
80% da riqueza do mundo? E isto
não é comunismo, está bem? É a
verdade”, declarou.
17
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a
atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados
em www.agencia.ecclesia.pt
Papa alerta para perigos do fundamentalismo
Viagem do Papa Francisco a África
18
19
Não Esquecer
Miguel Oliveira Panão
Professor Universitário
20
Entra em funções um novo Governo de Portugal,
nomeadamente para a pasta que diz respeito à
Ciência. O que conheço do Prof. Manuel Heitor,
novo Ministro da Ciência e Ensino Superior
permite-me respirar um pouco de alívio no
sentido de o conhecer como uma pessoa muito
capaz de dar um rumo diferente à forma como se
desenvolve o tecido científico português,
nomeadamente naquilo que diz respeito à
relação entre política e o papel do investigador
na sociedade atual.
Será que existe um domínio do poder político
sobre a independência científica do
investigador?
Todos reconhecemos o valor da ciência para o
desenvolvimento cultural e progresso
tecnológico, mas o que motiva o desenvolvimento
da própria ciência? Alguns poderão pensar: “o
desejo de conhecer o universo e como este
funciona”, outros, se são crentes, poderão
pensar “o desejo que conhecer melhor a Obra da
Criação de Deus” … pois é, quem me dera.
Infelizmente, vivemos demasiado centrados na
“ciência útil”, ou seja, se tiver uma aplicação
prática, financia-se, caso contrário, “lamento,
mas não há financiamento para todos” e há
ciência criativa que fica por fazer. Porém, como
afirma o filósofo Charles Taylor, o maior desafio
da era secular é … o esquecimento. O apoio
exacerbado à “ciência útil” esquece que o mundo
tecnológico através do qual o leitor tem acesso a
este artigo de opinião assenta também na
“ciência inútil”. Toda a ciência que hoje
consideramos como útil era inútil no período
em que foi desenvolvida, bastando
pensar no bosão Higgs. É
importante não esquecer isso.
Seja “útil” ou “inútil”, o progresso
científico está muito ligado ao
financiamento através de projetos.
São esses projetos que permitem,
posteriormente, aos políticos
encontrar critérios de apoio à
decisão como os que estão na base
do COP 21, em Paris, dedicado às
alterações climáticas e à
necessidade de chegar a uma
acordo global sobre a redução da
emissão de gases com efeito de
estufa para a atmosfera. Porém, ao
nível global, independentemente do
tema que se escolhe para um
projeto científico, tem-se verificado
ser sempre bom dar uma volta ao
texto, de modo a que o chavão
“alterações climáticas” apareça.
Porquê? É importante sensibilizar os
políticos que possuem a decisão de
apoiar a nossa investigação.
Considero este
aspeto perigoso por dois motivos.
Primeiro, a gradual perda da
independência científica proveniente
da criatividade humana. Segundo, a
instrumentalização de um assunto
tão sério como o das alterações
climáticas.
Como ultrapassar estes desafios?
Não sei, mas lembro-me do
Evangelho e do quanto Jesus, após
ter sido preso, personifica o inútil,
pois nada pode fazer senão amar,
nem que seja com um simples olhar
(Lc 22, 61). O cientista que se
dedica à “ciência inútil” apenas o faz
por amor ao desejo de conhecer,
pois não há ciência (in)útil, mas
apenas ciência. E através da ciência
encontramos o sentido e significado
do deslumbramento com o universo,
criação de Deus, que somos cada
vez mais chamados a trazer à
dimensão litúrgica da nossa vida.
Penso que isto seja algo a não
esquecer.
21
Calçado em Paris e em Portugal…
Carlos Borges
Agência ECCLESIA
22
A Praça da República, na capital francesa, foi
“invadida” este domingo por cerca de 20 mil
pares de sapatos, botas, chinelos, ténis. Este foi
um protesto silencioso um dia antes de começar
a 21.ª Conferência do Clima das Nações Unidas,
a COP21, onde delegações de cerca de 200
países têm como objetivo chegar a um acordo
para diminuir a emissão de gases de estufa.
Se o governo francês não tivesse decretado o
estado de emergência, depois dos atentados
terroristas de 13 de novembro, e proibido a
marcha estes sapatos podiam ter pessoas como
o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, a
estilista Vivienne Westwood ou o Papa Francisco,
não estivesse de visita à República CentroAfricana, porque o calçado simbolicamente
estava em Paris.
Já o calçado feito em Portugal
está entre os melhores do mundo, no top 20 da
produção mundial, mais concretamente somos o
19.º produtor e o 12.º maior exportador em valor
mas esta situação não quer dizer que todos
tenham calçado digno, como as pessoas em
condição sem-abrigo.
Por isso, a Comunidade Vida e Paz (CVP) lançou
a campanha ‘Este Natal, Dar é Calçar’ e convida
os portugueses a deixarem os ténis que já não
usam, nas várias caixas de sapatos que vão
estar espalhadas em diferentes pontos de Lisboa
e Porto.
Com apenas nove dias esta iniciativa decorre até
31 de dezembro e todos podem contribuir,
segundo a CVP colocando as sapatilhas nos
postos aderentes como a própria Comunidade
Vida e Paz, a Montra
Solidária no Atrium Saldanha, o
Café Galeria House of Wonders, em
Cascais, e mesmo no Ministério do
Trabalho, Solidariedade e
Segurança Social.
Quem não puder deslocar-se a uma
destas caixas pode enviar os ténis
numa embalagem solidária dos CTT
para CVP que o “envio é gratuito”.
Se os seus sapatos não foram a
Paris podem sempre ajudar pessoas
sem-abrigo em Portugal. Escolha os
que já não gosta, não servem e até
já passaram de moda mas ainda
estão bons.
A Arte chocalheira, ou seja, o
fabrico de chocalhos em Portugal,
foi classificada pela Organização
das Nações Unidas para a
Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO) como
Património Cultural Imaterial com
Necessidade de Salvaguarda
Urgente, na 10.ª reunião do Comité
Intergovernamental, esta terça-feira,
na capital da Namíbia.
Será que podemos aproveitar esta
arte com necessidade de
salvaguarda para chocalhar as
ideias dos governantes mundiais
para chegarem a um acordo sobre o
clima na Cimeira de Paris e a nível
nacional colocar a pessoa semabrigo na agenda do dia.
23
1000 dias com o Papa
Francisco
A Agência ECCLESIA assinala os
primeiros 1000 dias do pontificado
de Francisco com 1000 imagens
que marcam o quotidiano do Papa.
Eleito no dia 13 de março de 2013,
Francisco completa 1000 dias de
pontificado a 8 de dezembro de
2015.
24
A escolha das imagens foi feita pela
redação e por todos os que
quiserem participar no desafio
proposto pela Agência ECCLESIA:
enviar uma imagem tirada com o
Papa ou um momento do pontificado
de Francisco que tenha sido
particularmente marcante, seja nos
encontros públicos seja nas suas
expressões.
Jorge Mario Bergoglio, de 78 anos
de idade, foi eleito como sucessor
de Bento XVI após a renúncia do
agora Papa emérito; Francisco é o
primeiro Papa jesuíta na história da
Igreja e também o primeiro pontífice
sul-americano.
Em 32 meses, o Papa argentino
visitou o Brasil, Jordânia, Israel,
Palestina, Coreia do Sul, Turquia,
Sri Lanka, Filipinas, Equador,
Bolívia, Paraguai, Cuba e Estados
Unidos da América, Quénia, Uganda
e República Centro-Africana, bem
como as cidades de Estrasburgo
(França), onde passou pelo
Parlamento Europeu e o Conselho
da Europa, Tirana (Albânia) e
Sarajevo (Bósnia-Herzegovina).
Realizou também dez viagens em
Itália, incluindo uma passagem pela
ilha de Lampedusa e uma
homenagem no centenário no início
da I Guerra Mundial, para além de
outras visitas a paróquias na
Diocese de Roma.
As Filipinas acolheram a 18 de
janeiro a maior celebração do atual
pontificado, junto ao estádio ‘Quirino
Grandstand’, na área do Parque
Rizal, com seis milhões de
participantes, o que representa um
recorde na história da Igreja
Católica.
Entre os principais documentos do
atual pontificado estão as encíclicas
‘Laudato si’, dedicada a questões
ecológicas, a ‘Lumen Fidei’ (A luz da
Fé), que recolhe reflexões de Bento
XVI, e a exortação apostólica
‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do
Evangelho).
O Papa argentino promoveu um
Sínodo sobre a Família, em duas
sessões, com consultas alargadas
às comunidades católicas, e
simplificou os processos de nulidade
matrimonial.
Francisco está a promover uma
reforma da Cúria Romana, a
começar pelo setor administrativofinanceiro, com auditorias externas
às contas do Vaticano e a criação
de uma Secretaria para a Economia
na Santa Sé, para além da
implementação de medidas de
transparência financeira no Instituto
para as Obras de Religião (IOR,
conhecido como Banco do
Vaticano).
Além das várias críticas a um
sistema económico e financeiro que
“mata”, o Papa tem apelado à paz
nas várias regiões do mundo
afetadas por conflitos, assumindo a
defesa dos cristãos no Médio
Oriente, perseguidos pelo
autoproclamado ‘Estado Islâmico’, e
criticando quem justifica ataques
terroristas com as suas convicções
religiosas.
O Papa criou 38 novos cardeais,
incluindo D. Manuel Clemente,
patriarca de Lisboa, e prelados de
Cabo Verde, Etiópia, Mianmar,
Panamá, Tonga, Tailândia e
Vietname, entre outros.
25
Grazie Mille
1. Mille é muito. Mil, no entanto, é
muito pouco.
2. “Pensávamos que todo mundo
nos tinha abandonado, mas ele não
abandonou. Ele também nos ama,
aos muçulmanos, e eu estou muito
feliz.” Quem o disse foi Idi Bohari,
um ancião que se juntou à
passagem do Papa, há dias, na
República Centro-Africana.3.
3. Ecumenismo. Tolerância.
Vontade.
4. Não se trata aqui de fala. Tratase de acção. Francisco não ama a
Humanidade enquanto conceito lato
e geral. Francisco ama os homens,
um a um. Quando estamos a um
clique de uma reacção a uma
tragédia – como se quiséssemos
saber – o que nos ensina este outro
ancião é um regresso: “Amar a
Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a ti mesmo.” Também
aqui há uma trindade, santíssima:
Ele, tu e eu. Não é “Ele” e uma
abstracção. É “Ele e tu”. Francisco
toca-nos porque nos toca sem ser
na alma – toca-nos nas mãos e na
pele quando nos encontra. E só não
nos abraça a todos fisicamente
porque não consegue, sei-o.
26
5. Não acredita na matização, dissenos. Na entrevista a que assisti e
onde tive o enorme privilégio de lhe
dizer umas palavras, disse-nos que
não se trata de matizar as
diferenças. Antes de as aceitarmos
e vivermos para além delas.
6. Francisco é um pobre. E desses
será o reino dos céus.
7. Ensina-nos o significado radical
do despreendimento. Não nos diz
para nos tornarmos
fundamentalistas – acha qualquer
fundamentalismo absurdo. Ensinanos o bom senso, que o
despreendimento vale em todas as
áreas da nossa vida, desde que
acordamos até que adormecemos;
desde que nascemos até que
adormeceremos para sempre.
mesmo sem solução para essa dor,
quis dizer-nos da perseguição a
muçulmanos por cristãos. Quis
dizer-nos de como nas diferenças
por vezes somos iguais –
infelizmente até no pior de nós.
9. A Humanidade é uma abstracção
inútil. Francisco ensina-nos a amar
um homem e uma mulher. Este,
aquele, aqueloutra. Foram mil dias
de ensinamentos pelo exemplo,
como lhe ouvi. Que se somem
muitos mais mil.
10.Grazie mille.
Jorge Reis-Sá
8. Na República Centro-Africana
milhares de cristãos atacam
muçulmanos, sitiados numa prisão a
céu aberto. Francisco disse-me na
altura da preocupação que sentia
pelas perseguições a cristãos no
médio-oriente, ainda o
autoproclamado estado islâmico
estava no seu início. Anos depois,
27
5
Cecilia Vigário
28
Daniela e Inês Leitã
29
(105)
31
30
(204)
(205)
33
32
(305)
34
35
(404)
(405)
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(504)
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38
(604)
40
41
(704)
42
43
(804)
45
44
(901)
46
47
Associação Portuguesa de Deficientes
online
http://www.apd.org.pt/
No próximo dia 3 de dezembro
comemoramos mais um dia
internacional da pessoa com
deficiência, assim como forma de
me juntar a esta causa que deverá
ser de todos, esta semana
proponho uma visita ao sítio da
Associação Portuguesa de
Deficientes (APD).
A 14 de Outubro de 1992, o 37º
plenário da Assembleia Geral das
Nações Unidas, através da
resolução nº 47/3, convida todos os
estados membros e as organizações
envolvidas na problemática da
deficiência, a intensificarem os seus
esforços de forma eficaz e
sustentada, com vista a melhorar a
situação das pessoas com
deficiência, proclamando o dia 3 de
Dezembro como o “Dia Internacional
da Pessoas com Deficiência”.
Segundo os mais recentes dados
estatísticos cerca de 10% da
população nacional possui algum
tipo de deficiência ou incapacidade
Ao digitarmos o endereço
www.apd.org.pt entramos num
espaço eminentemente informativo,
onde a componente gráfica não é
de todo a grande mais-valia deste
48
ambiente, mas por outro lado
possui, como não poderia deixar de
ser, todas as certificações em
termos de acessibilidade.
Em “APD” ficamos a saber que esta
“é uma organização de pessoas com
deficiência, constituída e dirigida por
pessoas com deficiência. Enquanto
organização de direitos humanos,
tem por objeto a promoção e defesa
dos interesses gerais, individuais e
coletivos das pessoas com
deficiência em Portugal”.
Na opção “projetos APD” podemos
conhecer quais os projetos que
anualmente esta associação abraça.
Para o presente ano tem em curso o
projeto
Capacitação/Participação/Inclusão,
e ainda o projeto Deficiência:
litoralidade e interioridade”.
No item “documentos” acedemos à
biblioteca online da APD. Aí
dispomos de vários textos
relacionados com a temática da
deficiência. Seja da relação com o
emprego (acesso ao emprego,
inclusão no mercado de trabalho),
com a formação e outros de âmbito
mais geral.
O jornal da APD também se
encontra disponível online e com
acesso livre. Facilmente podemos
consultar
todas as edições, organizadas por
ano, desta publicação intitulada
“associação”.
Se pretender conhecer todas as leis
que se encontram em vigor que de
alguma forma se relacionam com a
questão da deficiência, basta que
clique em “legislação”.
Por último em “transportes
acessíveis” podemos facilmente
perceber que tipo de
enquadramento deverá existir para
que as pessoas
com deficiência possam ser
transportadas com o máximo de
conforto e dignidade, seja por meio
aéreo, rodoviário ou de comboio.
Aqui fica uma sugestão bastante
interessante porque, como nos diz o
lema deste ano, "a inclusão importa:
acesso e capacitação para pessoas
de todas as habilidades".
Fernando Cassola Marques
[email protected]
49
Revista Invenire dá a conhecer
brilho das iluminuras
O Secretariado Nacional dos Bens
Culturais da Igreja (SNBCI) decidiu
lançar anualmente um número
especial da revista ‘Invenire’, para
“especializar” os conteúdos da
publicação, e começou pelas
iluminuras em Portugal. “O primeiro
número especial é dedicado a um
conjunto de estudos sobre
50
manuscritos iluminados em Portugal,
uma área de investigação no nosso
país que tem vindo a ser bastante
desenvolvida nos últimos anos”,
explicou Sandra Costa Saldanha,
diretora do SNBCI e da publicação,
em declarações à Agência
ECCLESIA.
Na apresentação da primeira edição
especial, no Mosteiro de São
Vicente
de Fora em Lisboa, a responsável
observou que a iluminura é um tema
“muito interessante e fascinante”
pela sua qualidade e beleza, tendo
conseguido aliar “naturalmente, a
qualidade e um leque excelente de
investigadores”.
Neste contexto, Sandra Costa
Saldanha assinala ainda a receção
positiva da edição «Fiat Lux:
Estudos sobre manuscritos
iluminados em Portugal», que “ao
fim de um mês se encontra
esgotada”.
A revista conta com uma
coordenação científica e uma
comissão científica especializada
para “avaliar e avalizar a qualidade”
desses conteúdos, informou a
diretora do SNBCI. Fernanda Maria
Guedes de Campos, coordenadora
do número especial começa por
explicar que iluminura é “tudo que é
a pintura que consta nos livros ou
nos documentos manuscritos da
Idade Média”, uma arte de pintar em
consonância com a expressão –
“uma imagem vale mais do que mil
palavras” – que na época tinha o
mesmo sentido, “explicar um texto
que podia ser mais ou menos difícil
para as pessoas”.
À Agência ECCLESIA, contextualizou
que “as catedrais podem ter sido
pintadas” mas atualmente “só se
distingue a escultura” e estes
manuscritos “conservam a cor”. A
coordenadora da edição especial
considera que “faltava” uma obra
que levasse esta pintura aos
leitores, tanto ao conhecedor,
porque “são artigos de muita
qualidade”, como a quem não
conhece, porque “fica a conhecer”.
Henrique Leitão, físico e vencedor
do Prémio Pessoa 2014, apresentou
a nova revista e comentou que a
ideia é levar ao “grande público” um
tema no qual há um conjunto de
especialistas portugueses “a fazer
trabalho do mais alto nível”. “Os
artigos são alguns deles de
grandíssima qualidade mas ao
mesmo tempo tem de ser um tema
que seja visualmente,
esteticamente, muito apelativo, que
também é o caso”, observou.
Os 14 artigos abrangem
cronologicamente do século XII ao
XVI, e houve dos autores e da
comissão científica a “preocupação”
de não fazer um “número hermético
do ponto de vista académico e
científico”. “Do ponto de vista
científico informações o mais
rigorosas possível sempre com a
ideia que estávamos a trabalhar
para o público em geral. A vertente
pedagógica dos textos tinha de
estar presente”, explicou Catarina
Barreira.
Para 2016, o SNBCI vai apresentar
as Catedrais Portuguesas, num
número cujo alinhamento está “em
fase de conclusão”, adiantou
Sandra Costa Saldanha.
51
II Concílio do Vaticano: O fim dum
tempo
e o nascer de outro
O dia 08 de dezembro de 1965 fica nos anais da
história, não apenas religiosa, mas também da
humanidade. Com o encerramento do II Concílio do
Vaticano – convocado por João XXIII e continuado pelo
seu sucessor – uma nova porta se abriu e entrou uma
epifania do Espírito Santo. Um acontecimento que os
órgãos de comunicação social da altura trouxeram ao
nível do homem da rua. Foi um facto histórico,
daqueles que ficam a marcar o fim dum tempo e o
nascer de outro.
No II Concílio do Vaticano redescobriu-se a Palavra de
Deus na sua genuína fonte da Escritura-Tradição, na
proclamação querigmática da Boa Nova anunciada
aos pobres, na celebração litúrgica que a distribui aos
fiéis reunidos em torno da sua mesa. A própria
linguagem desta assembleia magna libertou-se das
formulações jurídicas e teológicas, para se enriquecer
das expressões imaginosas e animadas de que a
Palavra de Deus concretamente se revestiu ao sair da
boca ou da pena dos profetas e do Mestre.
Se o milagre das línguas permitiu a todos os
estrangeiros entenderem a palavra dos apóstolos
naquela primeira manhã da Igreja ativa, também neste
concílio (1962-65) a Igreja se começou a expressar
mais claramente na linguagem de todos os homens,
cristãos e não cristãos.
Os padres conciliares entabularam na esperança o
diálogo ecuménico e o diálogo com o mundo. Uma
nova forma de dialogar que repudia as distâncias do
«eu e eles», para a todos englobar no fraternal «nós»
dos filhos de Deus. Com a realização do concílio, a
Igreja
52
não se sente como cidade forte
fora do mundo e defendida dele,
mas como fermento na massa a
levedá-la toda. Há quem diga que o
II Concílio do Vaticano encontrou
uma nova maneira de apresentar ao
nosso tempo as verdades de
sempre. Dizer isto é pouco.
O interesse da nossa vida, do nosso
pensamento e da nossa ação
voltou-se para temas que andavam
esquecidos. Temos novas
possibilidades de refletir e de atuar.
A Igreja recebeu uma nova
estruturação nas suas esferas
superiores e tomou
consciência de funções das quais
só tinha uma ideia relativamente
confusa. Adquiriu um novo modo de
presença no mundo. É esta a
novidade do Concílio.
Fora da Basílica de São Pedro, no
interior da imensa muralha circular
que delimita as colunas de Bernini, o
II Concílio do Vaticano findou numa
quarta-feira com uma grandiosa
cerimónia. O facto de se ter
realizado ao ar livre marca a
vontade do concílio e do Papa Paulo
VI, de não colocar nenhum limite à
solicitude da Igreja.
53
dezembro 2015
04 de dezembro
. Lisboa - A Confederação
Portuguesa do Voluntariado (CPV)
vai entregar o Troféu Português do
Voluntariado 2015 no encerramento
da iniciativa Lisboa Capital Europeia
do Voluntariado 2015.
. Aveiro - Albergaria (Biblioteca
municipal), 18h - Exposição de
presépios «Olhares sobre o
nascimento» com cerca de 150
presépios de todo o mundo. (até 06
de janeiro)
. Leiria - Aula Magna do seminário
diocesano, 21h - O padre Feytor
Pinto vai dinamizar
o tema «Sexualidade humana – O
jogo dos afetos» no ciclo de
conferências «Escuta-me», do
Grupo Cáritas Jovem de Leiria
. Faro - Igreja de Nossa Senhora do
Carmo, 21h30 - Concerto de coral
da Associação dos Médicos
Católicos Portugueses promovido
pelo núcleo algarvio desta
organização.
05 de dezembro
. Porto - Casa de Vilar -Encontro
das Associações, Movimentos e
Obras da Diocese do Porto
54
. Fátima - Centro João Paulo II,
9h30 - Eleições dos novos corpos
sociais da União das Misericórdias
Portuguesas
. Leiria – Ourém, 15h - Dia de
advento na «Casa Velha» com o
padre Vasco Pinto Magalhães com
reflexão sobre a encíclica «Laudato
Si»
. Fátima - Museu da Consolata, 16h
- Tarde de Poesia Natalícia com
declamação de poemas por
crianças do 1.º ciclo do
Agrupamento de Escolas de Ourém
e cerimónia oficial da abertura da
exposição temporária «Mães
coragem … e o vazio das crianças
que não puderam ser felizes» com
fotografias de Francisco Pedro
. Terra Santa – Belém, 19h30 - Os
sinos das igrejas de
Belém tocam pela «paz, justiça e
dignidade»
06 de dezembro
. Algarve - Visita da Imagem
Peregrina na Diocese do Algarve
(até 20 de dezembro)
. Braga - Seminário menor, 15h30 Dedicação da capela de Nossa
Senhora da Conceição (Seminário
menor) por D. Jorge Ortiga
. Lisboa - Alfragide (Seminário dos
Dehonianos), 15h30 - Lançamento
da obra «Mística e Psicanálise Experiências do desejo e do amor
do absoluto» da autoria de Eugénia
Magalhães e com apresentação de
D. José Ornelas de Carvalho, José
Eduardo Franco, José Augusto
Ramos e Ana Teresa Penim
. Lisboa - Rua Garret (junto à
Basílica dos Mártires)
-Iniciativa «Presépio na Cidade»
com o tema «Todos os homens
verão a salvação de Deus» (até 22
de dezembro)
. Lisboa – Sé, 16h - Sessão do ciclo
de concertos do órgão da Sé de
Lisboa
. Braga - Igreja dos Congregados,
16h - Concerto de Natal promovido
pela FAIS
. Lisboa -Bênção das
grávidas promovida pela Pastoral
Familiar do Patriarcado de Lisboa
. Lisboa - Igreja de Nossa Senhora
de Fátima, 16h30 Conferência sobre «Desbravando
caminhos da comunicação em
casal» pelo casal Fátima e António
Carioca
. Setúbal - Capela de Santo António
-A Comissão Diocesana de Arte
Sacra de Setúbal compilou os
poemas do primeiro vigário-geral da
diocese que vão
ser apresentados no livro «A Fonte
do Solitário e Outros Poemas»
. Setúbal - Azeitão (Igreja de Vila
Fresca), 17h - Concerto de Natal
pelo INov’Arte Camerata Vocal
07 de dezembro
. Porto - Valadares (Seminário da
Boa Nova), 21h30 - Concerto da
Imaculada pelo Coro do Mosteiro de
Grijó dirigido pelo professor
Joaquim Marçal
08 de dezembro
. Vaticano -Início do Jubileu da
Misericórdia convocado pelo Papa
Francisco
. Vaticano -Inauguração do presépio
e da árvore de Natal
. Beja – Sé
-Ordenações sacerdotais
. Fátima - Basílica da Santíssima
Trindade -Abertura da Porta Santa
da Misericórdia na Basílica da
Santíssima Trindade por D. António
Marto
. Porto - Valadares (Seminário da
Boa Nova), 16h - Ordenação
diaconal de Hipólito Maria André
Julião Vida por D. António José da
Rocha Couto, Bispo de Lamego
. Lisboa - Igreja do Sagrado
Coração de Jesus, 21h15 - O
Instituto Diocesano da Formação
Cristã, do Patriarcado de
Lisboa, promove uma «Leitura
Crente da Atualidade», pelos 50
anos da Constituição Pastoral
55
anos da Constituição Pastoral
«Gaudium et Spes»
As Misericórdias preparam-se para ir a votos no
próximo dia 5 de dezembro. A eleição dos novos
corpos sociais da UMP para o quadriénio 2016-2019
vai ter lugar no Centro João Paulo II, em Fátima, e
começa às 09h30. A única lista a ser escrutinada pelos
provedores é liderada pelo presidente em funções.
Também no sábado, pelas 17h30, em Lisboa, o
presidente da Junta de Freguesia e o pároco,
padre Miguel Pereira, presidem à reabertura
oficial da Capela de Santo Amaro ao público.
Numa iniciativa da Paróquia de Aljustrel, com o apoio
do Sindicato dos Mineiros, do Município e de outras
entidades locais, realiza-se no próximo sábado, dia 5
de Dezembro, pelas 17h00, no Sindicato Mineiro, a
conferência Santa Bárbara, padroeira dos mineiros, e
a identidade aljustrelense.
D. Jorge Ortiga preside este domingo, às 15h30,
à cerimónia de Dedicação da Capela Imaculada
do Seminário de Nossa Senhora da Conceição,
da Arquidiocese de Braga.
O Papa Francisco vai abrir a 8 de dezembro a Porta
Santa do Jubileu da Misericórdia na Basílica de São
Pedro. A Missa tem início marcado para as 09h30
(menos uma em Lisboa).
56
57
Programação religiosa nos media
RTP2, 11h30
Antena 1, 8h00
RTP1, 10h00
Transmissão da
missa dominical
11h00 Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O
Dia do Senhor; 11h00
- Eucaristia; 23h30 Ventos e Marés;
segunda a sexta-feira:
6h57 - Sementes de
reflexão; 7h55 Oração da
Manhã; 12h00 Angelus; 18h30 Terço; 23h57Meditando; sábado:
23h30 - Terra
Prometida.
Domingo, 06 de dezembro Papa Francisco: De África
para o mundo.
RTP2, 15h30
Segunda-feira, dia 07 Entrevista ao padre Manuel
Morujão sobre o Jubileu da
Misericórdia.
Terça-feira, dia 08 Informação e entrevista a
Juan Ambrosio sobre o
Jubileu da Misericórdia.
Quarta-feira, dia 09 - Informação e entrevista
às Irmãs Isabel Francisco e Maria da Conceição Pena
sobre a Madre Wilson.
Quinta-feira, dia 10 - Informação e entrevista a
Verónica Policarpo sobre o trabalho doméstico em
Portugal
Sexta-feira, dia 11 - Análise às leituras bíblicas das
missas de domingo com a Irmã Luísa Almendra e
Cónego António Rego.
Antena 1
Domingo, dia 06 de dezembro - 06h00 - O
pontificado do Papa Francisco para os colaboradores
da Conferência Episcopal Portuguesa.
Segunda a sexta-feira, 07 a 11 de dezembro 22h45 - Presépio passo a passo
59
58
Ano C – 2.º Domingo do tempo do
Advento
Somos
transformados
em Deus ou
preferimos
outros
endireitas?
60
A missão profética marca este segundo domingo do
Advento. Ela é um apelo à conversão, à renovação, no
sentido de eliminar todos os obstáculos que impedem
a chegada do Senhor ao nosso mundo e ao coração
dos homens. Esta missão é uma exigência que é feita
a todos os batizados, chamados, particularmente
neste tempo, a dar testemunho da salvação que Jesus
Cristo veio trazer.
O Evangelho apresenta-nos o profeta João Baptista,
que nos convida a uma transformação total quanto à
forma de pensar e de agir, quanto aos valores e às
prioridades da nossa vida.
Para que Jesus possa caminhar ao nosso encontro e
apresentar-nos uma proposta de salvação, é
necessário que os nossos corações estejam livres e
disponíveis para acolher a Boa Nova do Reino. É esta
missão profética que Deus continua, hoje, a confiarnos.
No Evangelho, todos os grandes responsáveis estão
em cena: o poder central, com o imperador Tibério e o
seu prefeito Pôncio Pilatos; o poder local, com
Herodes, Filipe e Lisânias; o poder religioso, com os
sumo-sacerdotes Anás e Caifás. Em face deles, um
homem despojado, sem qualquer poder humano,
João, filho de Zacarias.
Três anos mais tarde, um outro homem, despojado,
em face dos mesmos poderosos, as mãos
trespassadas pelos pregos, Jesus, filho de Maria.
Dos poderosos nada resta de essencial. Mas João
permanece pela sua vida autêntica e pela Palavra de
Deus que foi dirigida no deserto: “Preparai os
caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas”.
Esta voz ressoa nos nossos ouvidos, não já nos
desertos de areia, mas no deserto dos nossos
corações, muitas vezes demasiado desertos de
esperança, de alegria,
de amor. Há sempre entre os
homens passagens tortuosas que
tornam tão difícil a comunhão,
montanhas demasiado altas que
impedem de nos vermos, ravinas
demasiado profundas que impedem
a reconciliação e a paz.
A voz de João ressoa ainda nos
nossos ouvidos, para que a Palavra
possa penetrar sempre nos nossos
corações. João desapareceu, mas a
Palavra eterna, feita carne, está
sempre presente, porque Jesus
ressuscitou, está vivo para sempre.
A morte não tem mais nenhum
poder sobre Ele, nem qualquer
outro poder, político,
militar, económico e mesmo
religioso!
Esta Palavra é-nos dada a nós,
hoje. Quando deixamos a Palavra
iluminar o nosso caminho e
comemos o Pão da Vida na
Eucaristia, é Jesus vivo que vem
endireitar os nossos caminhos,
preencher as nossas ravinas
interiores.
Para que isso aconteça mesmo é
preciso deixar que seja Deus a
endireitar os nossos caminhos. Ou
preferimos outros endireitas?
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.pt
61
Fidelidade à memória dos mártires
O Papa encontrou-se no Uganda
com membros do clero e institutos
religiosos, a quem pediu “fidelidade”
ao testemunho dado pelos mártires
cristãos do final do século XIX. Numa
celebração que decorreu na
Catedral de Campala, Francisco
deixou de lado o discurso que tinha
preparado e apresentou uma breve
reflexão centrada em três ideias
centrais, “memória, fidelidade e
oração”.
“Pelo sangue dos católicos
ugandeses corre o sangue dos
mártires, não percam a memória
desta semente para que assim
continuem a crescer”, apelou.
Segundo o Papa, o “principal
inimigo da memória é acostumar-se
a herdar
62
os bens dos mais velhos”. “As
glórias passadas foram o princípio”,
mas os religiosos de hoje são
chamados a ser as “glórias futuras”,
precisou.
A intervenção deixou um pedido
particular aos sacerdotes, para que
se ofereçam “para ir para outra
diocese que precise de clero”, como
missionários. “O Uganda foi regado
com o sangue de mártires, de
testemunhas, e precisa de continuar
a ser regado” para que a “pérola de
África” não acabe “guardada num
museu”, advertiu.
Francisco convidou os religiosos à
oração e confissão frequentes,
porque nenhum consagrado deve
“levar uma vida dupla”.
Após ter estado no continente africano pela primeira vez na sua vida,
Francisco deixou um agradecimento aos missionários e missionárias por uma
“vida de tanto e tanto trabalho, às vezes dormindo no chão, toda a vida”.
De improviso, recordou o encontro em Bangui com uma religiosa italiana de
81 anos que vive em África há quase seis décadas e saiu do Congo, em
canoa, para ir ver o Papa. “Como esta irmã há tantas, tantas irmãs, tantos
padres, tantos religiosos que consomem a sua vida para anunciar Jesus
Cristo. Que belo é ver isto”, disse.
A religiosa é uma parteira, que ajuda também as mulheres muçulmanas:
“Toda uma vida pela vida, pela vida dos outros”. “Testemunho: esta é a
grande missionariedade, heroica, da Igreja, anunciar Jesus Cristo com a
própria vida”, precisou.
O Papa deixou por isso um desafio aos jovens: “Pensem no que querem
fazer da vida”.
63
64
65
China: Igreja Clandestina chora a morte do padre Peter
Wei
Semente de fé
São muitos os padres, religiosas
e bispos pertencentes à Igreja
Clandestina, fiel a Roma, que
estão detidos na China. No início
do mês, o corpo de um padre
apareceu a boiar nas águas de
um rio. “Suicídio”, apressaramse a dizer as autoridades.
Tinha apenas 41 anos. Era uma
pessoa inspiradora, incansável,
sempre preocupado com os outros,
os mais pobres, os mais
vulneráveis. O padre Peter Wei
morreu. O seu corpo apareceu a
boiar no passado dia 6 de
Novembro, no rio Fen, em Taiyuan,
província de Shanxi. As autoridades
apressaram-se a dizer que Peter
teria cometido suicídio. Todos os
que o conheceram negam essa
hipótese. Peter Wei HePing
pertencia à Igreja Clandestina, fiel
ao Papa, que o regime de Pequim
não tolera. Na verdade, o padre
Peter terá escrito a sua própria
sentença de morte pela forma
entusiástica como viveu o
sacerdócio, fundando um seminário
clandestino, mobilizando jovens,
levando-os em memoráveis
peregrinações a pé, lançando até
66
um “site” com notícias da Igreja no
mundo.
O Partido Comunista desconfiava do
seu entusiasmo. Peter era uma
ameaça. Importava afastá-lo. Sobra
agora a tese de suicídio e a certeza
dessa mentira pelos seus amigos. A
Fundação Cardeal Kung, com sede
nos EUA - instituição que tem como
missão auxiliar a Igreja perseguida
na China -, exigiu de imediato “um
inquérito” para se apurar o que terá
ocorrido. O padre Peter Wei
incomodou o regime com a sua
alegria, a sua perseverança, o seu
testemunho.
Agosto de 2004, em terras da
China, por um bispo também ele fiel
ao Papa. Agora, estava em missão
em Yunnan. “Há 3 anos comecei a
visitar os católicos de Miao Yi, perto
da fronteira com o Vietname, que
vivem em condições de extrema
pobreza. Algumas destas regiões
remotas não têm um sacerdote há
mais de 40 anos, mas, ainda assim,
conseguem manter a fé católica,
através das tradições
familiares. Quando cheguei,
surpreendi-me ao ver o fervor
religioso destas pessoas.”
O Padre Peter Wei, encarava cada
dia como uma bênção. Pergunta
agora a Fundação Cardeal Kung:
“poderia
um pastor tão zeloso e com uma fé
tão forte cometer suicídio?”
Nunca se saberá o que aconteceu
nesse dia 6 de Novembro, mas
ninguém tem dúvidas de que o
padre Peter Wei viveu heroicamente
a sua fé em Cristo e a sua fidelidade
ao Papa. São muitos os sacerdotes,
religiosas e bispos ainda presos na
China. São muitos, também, os que
estão desaparecidos, os que
morreram nos cárceres do regime.
São, porém, cada vez mais os que
abraçam a fé em Jesus.
Paulo Aido | Departamento de
Informação da Fundação AIS
| [email protected]
Com os mais pobres
O padre Peter nunca se
acobardou. Nasceu na véspera do
Natal de 1974, oriundo de uma
família católica na província de
Shanxi. Toda a sua formação foi
junto da Igreja Católica. Entrou para
o seminário em 1993 e, passado
uns anos, foi enviado para a
Europa, para continuar os seus
estudos. Foi ordenado sacerdote
clandestinamente no dia 24 de
67
Direitos Humanos via Rádio
Tony Neves
Espiritano
68
10 de Dezembro é data reservada nos
calendários. Neste dia de 1948 foi assinada em
Paris a Declaração Universal dos Direitos
Humanos. A ONU, nascida no fim da Segunda
Grande Guerra Mundial, quis dizer um ‘não’
rotundo a guerras futuras e lançou-se na
aventura de construir um texto que os países
todos do mundo assinassem e pelo qual se
comprometessem. Assim nasceu esta Declaração
e os Direitos Humanos ganharam direito de
cidadania, tornando-se referência contra as suas
violações.
Já lá vão 67 anos… e, verdade seja dita, é mais
longo o caminho a percorrer que aquele que já
foi palmilhado. A boca está cheia de afirmações
sobre os Direitos Humanos, mas os corações e
os compromissos ainda estão muito longe de os
assumir e praticar. Por isso, há que continuar a
falar deles, a explica-los, a toma-los a sério, a
pratica-los.
Na promoção dos Direitos Humanos, as estações
de Rádio continuam a desempenhar um papel de
decisivo. Em contextos mais pobres, pouca gente
lê ou tem acesso a títulos de imprensa. Também
não são numerosos os que dispõem de
aparelhos de televisão ou computadores para
aceder à internet. Assim, as Rádios chegam mais
longe lá onde os Direitos Humanos são desafio
incontornável. E, verdade seja dita, mesmo em
contextos economicamente mais favorecidos, as
Rádios continuam a ter o seu lugar insubstituível
e desempenham um grande papel na formação
e informação acerca dos Direitos
Humanos fundamentais.
A ligação entre a Rádio e os Direitos
Humanos faz-me sempre regressar
a Angola no tempo da guerra civil.
Sem internet, televisão, revistas
nem jornais, só sobrava a Rádio
para informar, formar e empurrar a
compromissos pela justiça e paz.
Claro que era obrigatório escutar
emissoras estrangeiras, porque as
nacionais faziam a propaganda da
guerra, de acordo com os
interesses militares. Mas as
emissoras estrangeiras
ajudavam a perceber quanto
os Direitos Humanos estavam a ser
violados e apontavam para a
urgência de um cessar-fogo que
trouxesse paz e liberdade ás
populações martirizadas pela guerra
civil.
É sempre longo o caminho que leva
ao cumprimento integral dos Direitos
Humanos. Mas ninguém questiona a
sua importância para a construção
de um mundo solidário e fraterno.
Todos nunca serão demais nesta
missão e as Rádios estão a dar uma
colaboração decisiva.
“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou
em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –
Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”
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