O leitor na cultura da convergência: interações entre TPM e seus leitores em ambientes digitais Marlon Santa Maria DIAS1 Viviane BORELLI2 Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS A popularização das novas tecnologias e das ferramentas digitais, o desenvolvimento da comunicação digital, a proliferação de redes de informações interconectadas e o deslocamento da concepção de um leitor passivo na recepção à concepção de um leitor em atividade tanto no consumo quanto na produção despertaram, nos anos recentes, a discussão sobre o “futuro do jornalismo”. A emergência das mídias digitais e a migração dos leitores para esses ambientes online resultam em especulações sobre a finitude próxima da mídia impressa. A questão que se instala nas redações jornalísticas, estende-se e ganha vida em fóruns de discussão, observatórios, congressos e salas de aula das escolas de comunicação é de que maneira pensar a produção de conteúdo para um leitor que não se fixa mais no produto impresso apenas, mas que circula pelos ambientes digitais. De que modo satisfazer e fidelizar esses leitores que “perambulam por várias mídias, migrando em seus contatos com os mesmos, e quebrando zonas clássicas de fidelização com vários deles” (FAUSTO NETO, 2009, p. 9)? 1 Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo, Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Midiática, UFSM. Bolsista Capes. 2 Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos. Professora do Departamento de Ciências da Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Midiática, Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. 1 Os ambientes digitais emergiram como novos territórios e, hoje, é praticamente impossível encontrar organizações jornalísticas que não tenham sites ou portais de informações, perfis e páginas em sites de redes sociais ou ainda produção de material voltado exclusivamente para essas plataformas. Com isso, vemos que o jornalismo passa por um processo de transformações. Esse processo, no entanto, não é exclusivo do campo midiático, mas sim de toda a sociedade, em que práticas sociais sofrem constantes mudanças em decorrência da midiatização. O processo de midiatização da sociedade encontra-se em curso, ou seja, incompleto (VERÓN, 1997), e se realiza quando dispositivos midiáticos empreendem operações técnicas e simbólicas que afetam os demais campos sociais, sua estrutura e seu funcionamento, podendo codeterminar suas ações. Essas injunções do campo midiático nos demais campos se deve não só à centralidade da mídia nas interações entre os campos, mas também – e sobretudo – a essa nova cultura que vivenciamos hoje, a midiática, que instaura novos protocolos de linguagem e redimensiona as práticas sociais (FAUSTO NETO, 2007). Assim, também percebemos, em decorrência da midiatização, mutações nos modos de se fazer jornalismo. Como afirma Fausto Neto (2009, p. 19), “o processo intenso e crescente da midiatização sobre a sociedade e suas práticas sociais, afeta de modo peculiar a cultura jornalística, seu ambiente produtivo, suas rotinas e a própria identidade dos seus atores”. Frente a este cenário de mutações e considerando a influência do processo de midiatização nas transformações do jornalismo contemporâneo, buscamos discutir neste artigo como o jornalismo de revista interage com seus leitores em diferentes ambientes digitais. Nossa escolha pelo produto revista se deve a particularidades do contrato que a revista estabelece com o leitor, lançando mão de algumas estratégias para garantir sua fidelização. Aliás, é o contato com o seu leitor que diferencia a revista dos outros meios (SCALZO, 2004). A segmentação, por exemplo, já se mostra como uma estratégia de delimitação de público. Desse modo, iniciamos com uma reflexão sobre a convergência cultural (JENKINS, 2009), que reconfigura as instâncias de produção e recepção dos 2 produtos midiáticos. Em seguida, pensamos mais detidamente no jornalismo de revista e em seus leitores. Por fim, buscamos aplicar as reflexões empreendidas na parte mais teórica deste artigo em nosso objeto de estudo, a revista TPM. Para compreender como a revista interage com seus leitores, mapeamos, num primeiro momento, os ambientes digitais onde encontramos a revista e os elencamos, discorrendo sobre sua funcionalidade. Num segundo momento, pretendemos pensar quais são os espaços que a revista constrói para participação do seu leitor, quais as estratégias utilizadas para “chamar” esse leitor à participação, bem como a maneira como ocorre o diálogo entre essas duas instâncias do processo comunicacional. Referências FAUSTO NETO, A. Fragmentos de uma “analítica” da midiatização. Revista Matrizes. São Paulo: ECA/USP, n. 1, ano 1, p. 89-105, 2007. ______. Olhares sobre a recepção através das bordas da circulação. In: XVIII Encontro da Compós - GT Recepção, Usos e Consumos Midiáticos. Anais... Belo Horizonte, 2009. JENKINS, H. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009. SCALZO, M. Jornalismo de revista. São Paulo: Contexto, 2004. VERÓN, E. Esquema para el análisis de la mediatización. In: Revista Diálogos de la Comunicación, n.48, Lima: Felafacs, 1997. 3