ANÁLISE DO CURRÍCULO DO CURSO DE PEDAGOGIA DA PARFOR: OS CAMINHOS E DESCAMINHOS DA FORMAÇÃO DOCENTE DOS PROFESSORES/ALUNOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL. 1 ANDRADE, Vivia Santos - UNEB 2 ANDRADE, Juliana Alves - UNEB E-mail do autor: [email protected] E-mail do co-autor: [email protected] Eixo Temático: Eixo II - Políticas Educacionais: níveis e modalidades de ensino, currículo e financiamento. Resumo: No contexto atual, pensar a etapa de educação infantil, requer uma revisão das concepções sobre educação de crianças nos espaços coletivos, não o bastante, trazer também ao diálogo a formação do professor de Educação Infantil que deve seguir as orientações contidas nas leis, em especial, o que diz a LDB, o que pressupõe considerar a especificidade desse nível educativo, qual seja: cuidar e educar crianças pequenas em uma perspectiva ampla e indissociável. Nesse sentido, procurou-se refletir nesta pesquisa acerca da Prática Pedagógica na ação docente no espaço de creche, a partir dos entendimentos adquiridos pelo profissional do processo ensino-aprendizagem no âmbito infantil. Bem como, pensar a formação inicial e continuada do professor numa perspectiva sociohistórica. Utilizou - se neste estudo uma reflexão tendo como base dados qualitativos, a partir de embasamentos teóricos legais no campo da área infantil, e ainda a partir das atividades por nós desenvolvidas nos espaços de formação docente no âmbito da formação inicial e coordenação de projetos e programas. Portanto, as análises dos dados colhidos permitiram compreender o processo histórico da educação infantil, a qual ainda permeia na Prática Pedagógica nos espaços de Creche, na atualidade, e igualmente, evidenciou a importância de repensar o currículo, atentando para compreender o descortinando as nuances que compõe a proposta de formação docente dos professores-alunos do curso de Pedagogia da Parfor de Cansanção - Bahia, com um olhar mais denso para a Educação Infantil na etapa Creche, a qual contribuirá para uma prática inovadora, fortalecendo ou mesmo proporcionando quebra de paradigmas para os docentes da Educação Infantil. Palavras - chave: Formação docente. Creche. Currículo. Introdução O presente trabalho aponta algumas reflexões acerca da formação docente dos professores - alunos do curso de pedagogia da Plataforma Freire no tocante à especificidade da Educação Infantil. Sendo assim, partimos da perspectiva de formação inicial desses profissionais, perpassando também por sua formação continuada em outros espaços de formação delineando alguns aspectos que provocam preocupações. O despertar dessa inquietação surge no espaço acadêmico no período em que cursava Pedagogia na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) no período de 2005 e 2009. No decorrer do curso passamos por etapas de estágios, sendo que o primeiro era destinado justamente a Educação Infantil. O que inquietava era justamente realizar o estágio sem um respaldo maior, uma vez que o currículo do curso nos oferecia apenas um componente curricular de 60 horas no âmbito da Educação Infantil, deixando amplas lacunas no processo de construção de conhecimentos que amparassem as reflexões e o (re) pensar dessa etapa tão significativa na formação humana. Hoje trabalhando como professora articuladora do curso de Pedagogia da Plataforma Freire - Parfor me deparo com a mesma angústia. Como acontece a formação efetiva do docente se o currículo do curso não apresenta uma discussão minuciosa acerca das especificidades e peculiaridades dessa modalidade de educação? A mesma angústia é latente em minha companheira de escrita e estudo, uma vez que a mesma desenvolve seu trabalho na área educacional, e lhe foi oportunizado vivenciar pertinentes discussões no espaço de Acompanhamento e Assessoramento do Proinfância - Bahia, a respeito dos espaços infantis, e igualmente, vivencia cotidianamente os desafios entorno da formação dos profissionais destinados ao atendimento de crianças de creche e pré - escola em funcionamento no município. Partindo dessas experiências vivenciadas, traçamos um pequeno esboço do contexto da educação infantil para que iniciemos a discussão com maior afinco, nos despindo de alguns discursos, rompendo os estereótipos e delineando alguns pontos que carecem destaque no presente texto. 1 O atendimento em creches e pré-escolas como direito social das crianças se afirma na Constituição de 1988, com o reconhecimento da Educação Infantil como dever do Estado com a Educação. A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) Lei 9394 de 1996, que reconhece a Educação Infantil como parte integrante da Educação Básica, surge alusões importantes para o perfil do profissional que atua nessa modalidade. Diante da afirmativa questionam-se quais são os entraves e avanços na formação e, consequentemente na prática pedagógica do docente de creche, de acordo com o que preconiza os referenciais legais para a Educação Infantil? E como o Curso de Pedagogia da Plataforma Freire ampara ou delineia essa formação docente? No contexto atual, pensar a etapa de educação infantil, requer uma revisão das concepções sobre educação de crianças nos espaços coletivos, não o bastante, trazer também ao diálogo a formação do professor de Educação Infantil amparada e legitimada nas orientações contidas nas leis, em especial, o que diz a LDB Lei 9394/96 o que pressupõe considerar a especificidade desse nível educativo que aponta o cuidar e educar crianças pequenas em uma perspectiva ampla e indissociável. Logo, utilizou - se neste relato de experiência, uma reflexão tendo como base dados qualitativos a partir das atividades por nós desenvolvidas nos espaços de formação docente no âmbito da formação inicial e coordenação de projetos e programas, embasamentos teóricos legais no campo da Educação Infantil, buscando compreender os processos de formação e prática pedagógica nesses espaços, contemplando mais especificamente a Creche. Partindo desse pressuposto, no contexto atual, depara-se com a necessidade de novas perspectivas para a docência na educação infantil, que vislumbram a exigência de renovar as discussões que fundamentam a prática pedagógica e metodologias inovadoras, que venham condizer com as novas exigências educacionais que estão prescritas na LDB, DCNEI, bem como nos referenciais curriculares nacionais para a Educação Infantil. Com isso, urge questionar a formação do profissional de Educação Infantil, enxergando a necessidade de compreender o seu papel profissional, que se relaciona com o cuidar e educar, da necessidade de ser pesquisador, crítico e reflexivo da sua própria prática. 2 Breve histórico do processo da Educação Infantil no Brasil A educação infantil vem se configurando como palco de abertos debates no campo educacional. Desde a Constituição Federal de 1988, passando pelo Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 1080/90 e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Lei 9394 de 1996, o atendimento de crianças de 0 a 6 anos em espaços coletivos passou a ser avaliada ação da Educação. Contudo, até chegar a esse patamar, no campo da educação Infantil no Brasil, é imprescindível refletir a respeito do processo histórico vivenciado pelos sujeitos no decorrer desse percurso de construção e saberes históricos para assim pensarmos como se originou os espaços de Creche na sociedade brasileira. Como relata Silva (2010, p.29): As primeiras instituições brasileiras de atendimento às crianças de zero a seis anos surgiram ainda no Império, com o intuito de amparar as crianças abandonadas nas ruas das cidades, como os orfanatos, os asilos para pobres e a Santa Casa de Misericórdia, com sua roda dos expostos. E ainda, de acordo Santana (2011, p.5): No Brasil, quem primeiro direcionou o olhar para a infância foram os médicos higienistas, devido ao alto índice de mortalidade infantil. A partir daí, a educação infantil esteve ao longo de sua trajetória aliada às questões de saúde e ao assistencialismo. As creches começaram a ser implantadas sob direção filantrópica e inspiradas nas creches francesas. Sua finalidade era prestar assistência às crianças pobres de zero a dois anos, cujas mães trabalhavam fora do lar. Ao saírem das creches essas crianças ingressavam nas salas de asilos onde permaneciam sendo socialmente assistidas até os sete anos. Portanto, vista sob essa ótica, não se requeria formação específica para as pessoas que cuidavam das crianças. No decorrer desse processo as creches passam a serem totalmente mantidas pela política de assistência social, vislumbradas como uma alternativa de sustento para crianças mais pobres e estavam orientadas para cuidados em relação à saúde, higiene e alimentação. Neste período, a creche não era vista como uma instituição educacional, mas apenas um espaço para deixar as 3 crianças, em geral pobres, cujas mães necessitavam se ausentar de casa para trabalhar. De acordo Heidrich (2013) referencia que: Em 1975, o Ministério da Educação começou a assumir responsabilidades ao criar a Coordenação de Educação PréEscolar para atendimento de crianças de 4 a 6 anos. Ainda assim, o governo continuou promovendo, em paralelo, políticas públicas descoladas da Educação. Em 1977, foi criada, no Ministério da Previdência e Assistência Social, a Legião Brasileira de Assistência (LBA), com o objetivo de coordenar o serviço de diversas instituições independentes que historicamente eram responsáveis pelo atendimento às crianças de 0 a 6 anos. Essas instituições eram divididas em: comunitárias, localizadas e mantidas por associações e agremiações de bairros; confessionais, mantidas por instituições religiosas; e filantrópicas, relacionadas a organizações beneficentes. Assim, a partir das reflexões tecidas na LDB muito foi significativa para a área infantil, pois na legislação anterior, a da Reforma de Ensino de 1971, o Estado/poder público tinha como responsabilidade somente velar pelas crianças pequenas. Com a nova LDB (1996), a encargo do Estado passa a ser a de educar e cuidar. O art. 29 estabelece que: ”A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. O mesmo texto enfatiza no Art. 30 Inciso I e II “A educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade e II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade”. A qual vem resguardar com maior ênfase esse direito educacional efetivamente, com politicas públicas educacionais e investimentos na área infantil. Contudo, muito se tem a problematizar, questionar e reivindicar melhorias para a etapa de educação infantil. No contexto atual, a partir de subsídios legais e reflexões sobre o mesmo cada vez mais as instituições de ensino infantil necessitam superar totalmente esse caráter assistencialista, e vislumbrar um espaço que proporcione a criança o seu desenvolvimento integral e pleno. Segundo Gadotti (2004 apud Silva, p, 2010): “A força da educação no está seu poder de mudar comportamentos. Mudar 4 comportamentos significa romper com certas posturas superar dogmas, desinstalar-se, contradizer-se”. Deste modo, é essencial para o progresso da Educação Básica, que a Educação Infantil mesma se torne prioridade para nossos governantes, que receba investimentos maciços em infraestrutura, formação, capacitação e valorização dos docentes e demais profissionais que ocupam esses espaços, material pedagógico dentre outros aspectos. Formação Inicial e Continuada para atuação dos Professores de Creche No trajeto histórico da educação infantil, em especial, a etapa creche, ao longo do seu percurso não se tinha uma preocupação com a formação e o perfil desse profissional, o qual era somente considerado um cuidador da criança, “a creche não era concebida como uma instituição educacional, mas apenas como local para deixar as crianças, em geral pobres, cujas mães precisavam se ausentar de casa para trabalhar. Para atender este contexto, não requeria formação para as pessoas que cuidavam de crianças” (SILVA, p, 30, 2010). Após os aportes legais, a Constituição Brasileira de 1988 que estabelece legalmente – artigo 208, inciso IV – a educação em creches e pré-escolas como dever do Estado e direito da criança. O Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) que contempla o direito da criança a esse atendimento. E ainda com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) que reconhece a Educação Infantil como a primeira etapa da educação básica (título V, capítulo II, seçãoII, artigo 29), tendo “como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade”. A existência de tais aportes legais não deixa dúvidas ao propor a configuração da creche e da pré-escola como um nível oficial da escolarização da criança. A partir dessa ótica é fundamental pensar e discutir a formação inicial e continuada do professor de educação infantil, sujeito da educação diretamente responsável pela mediação dos saberes culturais e pela leitura da produção cultural da criança. “A formação do profissional de educação infantil precisa 5 levá-lo a compreender que a criança aprende de modo integrado e por isso o ambiente educativo não pode ser organizado de forma disciplinar”.(KISHIMOTO, 2002 apud OLIVEIRA, 2010, p.5) O professor necessita ter o conhecimento do processo de desenvolvimento infantil, as implicações existentes no que tange a cultura da criança, desde o brincar, o jogo, o movimento como aportes fundamentais dessa cultura infantil. Deste modo, “as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira” (DCNEI, p, 27, 2005). No processo de formação do/a professor/a, evidencia-se, nesse nível, a necessidade do docente compreender a criança como Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo saberes. Como ressalta PINTO (2001): A perspectiva de uma formação inicial crítica exige que rompamos com a dicotomia teoria–prática, oportunizando a nossos alunos/futuros professores condições de uma apropriação ampla e crítica da cultura e do conhecimento. Que eles possam conhecer as teorias e concepções de infância, escola, sociedade; que compreendam as teorias sobre o desenvolvimento e a aprendizagem infantis, sobre o jogo e o movimento, entre tantas outras. E no intuito de buscar a superação já citada, que possamos considerar a cultura como elemento central de nossos currículos, assegurando o acesso a livros, viagens, teatro, música, cinema, grupos de estudo, projetos de extensão, artes plásticas, dinâmicas de grupo, enfim, linguagens diversificadas que possibilitem a interação do aluno/professor consigo mesmo, com seus colegas, com os autores das teorias e com o mundo. Assim, talvez, possamos criar condições para o confronto de ideias, teorias, ideologias, culturas, proporcionando uma formação ampliada pela prática cultural enriquecida pelo olhar histórico, sociológico, filosófico e pedagógico. Sob essa ótica, os desafios que urge enfrentarmos no processo de formação docente para a educação infantil não devem ser pensados desvinculados do contexto mais abrangente da sociedade onde nascem e crescem as crianças que queremos educar; nem tampouco desvinculados dos alunos/ futuros professores, de suas expectativas e histórias de vida; ou do espectro de políticas públicas que orientam a vida cotidiana, em especial as que se referem ao sistema educacional brasileiro. 6 Conforme art. 62º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação NacionalLDBEN, Lei nº 9.394/96 preconiza que: (…) a formação de docentes para atuar na educação básica farse-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. Não só a formação inicial está nesse bojo da discussão, pensemos igualmente, que na prática diária do professor, é imprescindível também investir no seu processo de formação continuada. Que proporcione ao docente uma pedagogia contextualizada, que possibilite a criança interagir na construção da sua identidade local e global. Na visão de Candau (1997) destacamos: A formação continuada não pode ser concebida como meio de acumulação (de cursos, palestras, seminário, etc., de conhecimentos ou de técnicas), mas através de um trabalho de reflexibilidade critica sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal e profissional, em interação mútua. (p.64) Nesse sentido, estas linhas propõem-se a contribuir para a reflexão sobre a formação inicial e continuada de professores para a educação infantil, sob a ótica de uma educação de qualidade que de fato contemple o que está prescrito na LDB, DCNEI, PCNEI. Esperamos, dessa forma, também contribuir com reflexões críticas sobre a educação da criança de zero a três anos de idade. Silva (2010, p 38) referencia: Temos consciência de que a formação do professor de Educação Infantil ainda tem um longo caminho a percorrer, com muitos questionamentos. Pela pesquisa realizada, fica evidente a necessária e constante reflexão acerca da Educação Infantil, pois todos os movimentos, as ideias, valores e conceitos que giram ao seu redor têm sido construídos e transformados historicamente. Igualmente, construir novos conceitos, romper paradigmas, construir uma cultura de maior visibilidade para a área da Educação Infantil e valorização dos profissionais docentes que atuam nela é um dos grandes 7 desafios da atualidade. Quando viabilizarem-se de fato políticas públicas educacionais que dê prioridade absoluta as crianças, compreendendo-as como sujeitos de direitos, que devem ser garantidos e resguardados, pode-se vislumbrar uma melhoria real para a educação infantil. Desde o olhar para o profissional, a infraestrutura, como o bem estar e formação integral de nossas crianças. Portanto, na educação infantil hoje, necessita está no bojo das principais discussões, que seja fomentada com maior ênfase na área da pesquisa e das políticas públicas, que venha viabilizar um ganho real para a melhoria na qualidade desse nível educacional. Em foco o currículo: Descortinando as nuances que compõe a proposta de formação docente dos professores-alunos do curso de Pedagogia da Parfor de Cansanção-Ba. Desde agosto de 2011 que o município de Cansanção-Ba tem em funcionamento uma turma do Curso de Pedagogia da Plataforma Freire (Parfor), turma essa composta por inicialmente 48 professores-alunos da rede municipal de ensino. Atualmente a turma conta com 35 professores - alunos regularmente matriculados. É vivenciando a experiência de acompanhar essa turma na condição de professora articuladora do curso que me deparo com a formatação curricular e inquieto-me com a proposta delineada para a formação desses professoresalunos. Cabe ressaltar, que uma especificidade dos cursos da Plataforma Freire é justamente promover a formação inicial e/ou continuada de professores que atuam na educação Básica, cabendo aos professores-alunos à obrigatoriedade de estarem em exercício do magistério para se matricularem e permanecerem nos cursos de licenciaturas. Partindo desse pressuposto, é que aponto algumas fragilidades presentes no currículo do curso de pedagogia no que tange à educação Infantil, uma vez que não encontramos na disposição curricular do curso amparo para as discussões e reflexões necessárias para tecer a compreensão e ampliação 8 do olhar e entendimento dos processos que desencadeiam a formação ampla e plena das crianças de 0 a 5 anos, bem como a análise crítica dos espaços em que essa etapa educacional acontece. O curso de Pedagogia da Parfor está disposto em 7 semestres perfazendo o total de 3. 745 horas dentre as quais estão dispostos os componentes curriculares responsáveis por desencadear discussões, análises e o (re)pensar do devir docente, pautando-se na reflexão da dicotomia que permeiam os espaços de formação desses professores que é justamente a práxis pedagógica. Ao apropriar-se do Projeto Político do Curso nos deparamos com a fragilidade curricular do curso frente à educação Infantil. Não há um ou alguns componentes curriculares disponíveis exclusivamente para a reflexão e construção de conceitos sobre a modalidade educacional enfatizada, não há uma proposta que atenda as necessidades dos professores-alunos que atuam nas creches e pré - escolas inseridos no programa de formação. O que nos deixa provocados a pensar sobre as intencionalidades desse currículo, dessa formação, dessa construção frágil de saberes. Cabe ressaltar, que o currículo não é neutro e que temos que nos atentarmos para suas manobras e tessituras. “Enquanto cenário de desenvolvimento concreto, que incluem elementos que se estendem desde a infra-estrutura e macro-estrutura às pessoas reais em toda sua diversidade, o currículo “forma” as pessoas, ou seja, produz identidades” (LOPES et al 2004, p. 68). Sendo assim, levantamos alguns pontos. Como efetivar a formação docente dos profissionais que atuam ou atuarão em espaços destinados à educação Infantil, mais especificamente nas creches? Como garantir aos professores-alunos da Parfor consistência no embasamento teórico e metodológico no devir docente sem construir no percurso do curso estudos e discussões voltadas para essa modalidade de ensino? Como os mesmos conseguirão participar efetivamente da construção de propostas destinadas à Educação Infantil no município em que desenvolvem suas atividades docentes? 9 Considerações Finais Nas últimas décadas a Educação Infantil vem tendo amplo espaço de discussão. Em termos das legislações brasileiras, a Constituição Federal de 1988 reconhece o dever do Estado e o direito da criança de ser atendida em creches e pré-escolas e vincula esse atendimento à área educacional. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96) regulamenta a Educação Infantil, definindo-a como primeira etapa da Educação Básica e indicando como sua finalidade o desenvolvimento integral da criança de zero a seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Como também, há outros documentos norteadores. Contudo, não só a legislação garante aos nossos espaços infantis uma educação de qualidade. É necessário acompanhar a Legislação, e interferir nesta construção. Assim, o reconhecimento da Educação Infantil como parte da educação básica, impõe ao poder público a responsabilidade de formular políticas de expansão do atendimento, formação específica dos profissionais, orientações pedagógicas, e adequação e construção de espaços físicos para esta etapa educacional. É partindo desses preceitos, que levantamos alguns questionamentos que nos parecem pertinentes, sugerindo alguns pontos para diálogos nos espaços de formação docente para assim, desmistificarmos concepções impregnadas de intencionalidades assistencialistas enraizadas na formatação da educação brasileira. REFERÊNCIAS BARRETO, Luciani Gallo Machado, SILVA Neide da. MELO, Solange dos Santos. A História da Educação Infantil: Centro de Educação Infantil Eusébio Justino de Camargo Nova Olímpia – MT. Disponível em:<http://need.unemat.br/4_forum/artigos/luciani.pdf> Acesso em: 15 jun. 2014. BARROS, Rosangela; CABARL, Simone. Importância da Formação Continuada. Módulo I - Curso de Formação Continuada para professores de 10 Educação Infantil / Coração de Maria/BA. Disponível em:<http://essenciadapedagogia.blogspot.com.br/2009/05/importancia-da-formacaocontinuada.html>. Acesso em: 12 jun. 2014. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. 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