Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Estenose bilateral de artérias renais de dupla etiologia
Relato de caso
Andrade, T.H.S.; Barbosa, A.R.D.; Guimarães, I.R.T.; Tavares, I.R.; Farret, A.N.; Faria, E.D.B.
 FUNDAMENTAÇÃO
 DISCUSSÃO
A aterosclerose é a principal causa de hipertensão arterial corrigida
cirurgicamente, correspondendo a aproximadamente 90% dos casos de
hipertensão renovascular (HRV). Por outro lado, a fibrodisplasia muscular
(FDM) das artérias renais é uma entidade clínica rara, acometendo
menos de 0,5% da população, ocorrendo geralmente em mulheres
jovens. A associação dessas duas etiologias em um mesmo paciente é
rara na literatura.
 OBJETIVO
Apresentar caso clínico de paciente com estenose de artéria renal
bilateral de dupla etiologia e revisar a literatura sobre o tema.
 MÉTODOS
Análise de prontuário e entrevista à paciente internada no Hospital
Universitário Onofre Lopes (HUOL), Natal.
 RESULTADOS
Paciente EMAP, sexo feminino, 56 anos, com hipertensão arterial
sistêmica de difícil controle há cerca de quatro meses, sendo internada
no HUOL para investigação diagnóstica e terapêutica. Faz tratamento
clínico para seguimento de síndrome nefrótica de etiologia não
esclaredida há aproximadamente cinco anos. A arteriografia revelou
estenose da artéria renal esquerda aterosclerótica ostial (gradiente
sistólico de 50 mmHg) e artéria renal direita com displasia fibromuscular.
Foi realizada angioplastia com colocação de stent na artéria renal
esquerda (acometida de aterosclerose) e angioplastia com balão na
artéria renal direita (displasia fibromuscular). A angiografia de controle
evidenciou resultado satisfatório e a paciente evoluiu com melhora
significativa da hipertensão arterial.
PRÉ
PRÉ
A HRV acomete cerca de 1% da população de pacientes hipertensos. É
considerada a segunda causa mais freqüente de hipertensão secundária.
Estudos recentes demonstram que a doença renovascular é, de fato,
subdiagnosticada, podendo atingir 25 a 30% em pacientes hipertensos
ateropatas. O comprometimento bilateral das artérias renais é mais raro. Mais
de 90% das estenoses das artérias renais são causadas por aterosclerose
obliterante (AEO) e, uma minoria (menos de 10%) é causada por FDM.
Geralmente as estenoses por AEO acometem o óstio ou o terço proximal da
artéria renal. Já na fibrodisplasia, é mais comum o envolvimento da camada
média, geralmente bilateral, envolvendo as porções distais da artéria renal.
Certos achados clássicos, como hipocalemia, sopro abdominal, ausência de
história familiar de HAS essencial, HAS de duração inferior a um ano, início da
HAS após os cinqüenta anos e HAS refratária a tratamento clínico, são mais
sugestivos de HRV do que outros tipos de HAS, mas nenhum tem forte valor
preditivo. A investigação diagnóstica está indicada em pacientes com
características clínicas sugestivas da doença. A avaliação é feita através de
métodos não-invasivos, como a ultra-sonografia com Doppler e a tomografia
computadorizada espiral. A avaliação invasiva com a arteriografia permanece
o padrão-ouro no diagnóstico da hipertensão renovascular. Um dos critérios
diagnósticos para HRV é o desaparecimento da hipertensão com a correção
da lesão. Entretanto, este último critério não é considerado obrigatório para
definir a HRV, pois pacientes com estenose da artéria renal aterosclerótica
podem ter hipertensão essencial concomitante. Infelizmente ainda não
dispomos na atualidade de evidências científicas robustas que nos orientem
sobre o melhor momento e a melhor forma terapêutica para pacientes
portadores de doença renovascular. Assim como foi sugerido pelas V Diretrizes
Brasileiras, lesões fibrodisplásicas foram tratadas com angioplastia com balão
sem colocação de stent e lesões ateroscleróticas, com implante de stent.
 CONCLUSÃO
A investigação precoce baseada em critérios clínicos de probabilidade
somada ao auxílio de exames complementares permitirão maiores chances de
acerto diagnóstico, cuja certeza só existirá após a realização da intervenção
escolhida. É certo que, independentemente da opção terapêutica utilizada,
além da necessidade de se alcançar melhor controle da pressão arterial e
preservação da função renal, é imperativo que todas as co-morbidades
presentes sejam corrigidas, quando se buscam melhores resultados finais pósintervenção. Portanto, do precoce e correto diagnóstico dependem os
melhores resultados e a melhor preservação da função renal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FINAL
FINAL
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