Maio, 2013 Relatório final Introdução O número de pessoas com 65 anos ou mais está projetado para crescer de 524 milhões em 2010 para 1.5 bilhão, aproximadamente, em 2050 (WHO, 2011) 1. O Brasil enfrenta um acelerado processo de envelhecimento. A esperança de vida ao nascer se amplia de tal maneira, que muitos brasileiros chegarão à velhice, e o farão sem encontrar infraestrutura nos serviços de saúde compatíveis com a demanda. Além da alteração do padrão demográfico, enfrentamos importantes alterações no quadro de morbi-mortalidade. Esta realidade gera reflexos na dinâmica populacional brasileira, atingindo custos da previdência social, mercado de trabalho, acesso a serviços de saúde, entre outras situações que sofrem o impacto do envelhecimento no Brasil. São concretos os motivos para se repensar nas políticas públicas de saúde desenvolvidas no País. A não utilização de projetos de promoção e prevenção, acompanhados de estratégias de correção do uso abusivo de procedimentos diagnósticos e terapêuticos de alta tecnologia, são verdadeiros desafios para os gestores de saúde, que buscam redução de custos, equidade e equilíbrio na assistência em saúde em um País de realidades tão desiguais. A Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil (SMSDC), parte integrante do Sistema Único de Saúde (SUS), é o órgão da Prefeitura do Rio de Janeiro responsável por formular e executar a política municipal de saúde. Norteada pelos princípios do SUS, a SMSDC tem como propósito promover a saúde, priorizando as ações 1 WHO. Global Health and Ageing. National Institute on Aging/National Institutes of HealthNIH Publication no. 11-7737 October 2011 / Available in: http://www.who.int/ageing/publications/global_health/en/index.html 1 preventivas e democratizando as informações relevantes para que a população conheça seus direitos e os riscos à sua saúde. No escopo do PSF está a intervenção nos fatores de risco aos quais a população está exposta. A assistência integral ao indivíduo no seu ambiente familiar vem trazer respostas à estas circunstâncias. O PSF não é uma solução barata para preencher as necessidades da população economicamente menos favorecida, nem mesmo uma política de exclusão. Pelo contrário, a incorporação de novas tecnologias que cresce em larga escala pelo setor de saúde deve ser abrangente e atingir também a atenção básica, racionalizando o uso e democratizando o acesso2. Portanto, a disponibilização de atendimento domiciliar para pacientes acima de 60 anos e possibilidades móveis diagnósticas, como apoio às Clínicas da Família têm o potencial de diminuir o tempo de espera até a realização dos exames complementares e consulta, aumentando a satisfação da população e melhorando o cuidado médico da mesma. Propostas criativas, que possam ofertar soluções diferentes na manutenção de terapêuticas que alcancem as necessidades dos pacientes, podem auxiliar na construção de modelos de atendimento adaptados às nossas realidades. Fundamentos O Sistema Único de Saúde (SUS) surgiu na Constituição de 19883 e da sua criação até o concreto estabelecimento de seus princípios há um hiato. Ainda que tenha surgido num período de intensa atividade social e abertura política do País, apenas em 1994, quando foi criado o Programa de Saúde da Família (PSF), é que o processo de consolidação dos princípios do SUS estava de fato começando a acontecer. O PSF propôs a reestruturação dos serviços de saúde, orientando o modelo médico assistencial vigente, predominantemente “hospitalocêntrico” e 2 niversidade de o a lo ac ldade de a de lica . Programa de Saúde da Família. São Paulo: 2000;34(3):316-9. Disponível em: <www.fsp.usp.br/rsp> Acesso em 15 Jan 2012 3 A Reforma Sanitária, impulsionada pelos movimentos sociais contra a ditadura, com a bandeira da Saúde e Democracia, consolida o que viriam a ser as bases do Sistema Único de Saúde. 2 procurando harmonizar os princípios da universalidade, equidade da atenção e integralidade das ações, princípios do atendimento na atenção básica no Brasil4. O Município do Rio de Janeiro (MRJ), capital do estado do Rio de Janeiro, é a segunda cidade mais importante economicamente do país e possui uma geografia peculiar, está encravada entre o mar e a montanha. Tem uma área territorial de 1.264,2 Km², divididos em 160 bairro, 34 Regiões Administrativas e, na área de saúde, em 10 Áreas de Planejamento (AP). O Município do Rio de Janeiro tem uma população estimada para o ano de 2009 de 6.667.233 habitantes, sendo aproximadamente 15% de idosos, com distribuição heterogênea entre as Áreas de Planejamento, variando de 9,5% na AP 5.3 a 23,1% na AP 2.1. Atenção Primária – Clínicas da Família A atual gestão tem como principal foco o Programa de Saúde Presente, que em 2009 marcou o início de uma nova fase para o atendimento de saúde para população do Rio de Janeiro. O programa foi lançado com o objetivo de expandir os serviços de saúde a toda população do Rio de Janeiro de maneira mais homogênea, atendendo regiões até então prejudicadas na gestão de saúde. Com o Saúde Presente, a população passou a contar com um sistema personalizado de assistência onde cada cidadão tem uma equipe de saúde que o acompanha dando orientações sobre promoção e prevenção e realizando o diagnóstico precoce de doenças. O programa tem como metas a melhoria dos 4 Universidade de S o a lo ac ldade de a de lica blica. Programa de Saúde da Família. São Paulo: 2000;34(3):316-9. Disponível em: <www.fsp.usp.br/rsp> Acesso em 15 Jan 2013 Fernandes LCL et al. ealth service se in a pop lation covered the stratégia de a de da am lia. Rev Saúde Pública 2009;43(4) BRASIL. inistério da a de ecretaria ec tiva istema nico de a de princ pios e con istas inistério da a de, ecretaria ec tiva ras lia inistério a de, p il 3 indicadores de mortalidade materno-infantil e a qualidade de vida da população, além de redução de custos hospitalares, diminuindo internações, consultas e exames. O programa Saúde Presente conta com um sistema integrado de unidades de saúde, onde a porta de entrada é a Clínica da Família (CF) e os Pólos de Saúde. Nestes locais é possível realizar exames laboratoriais, de raios-x e ultrasonografia, além de consultas e outros procedimentos. As equipes profissionais das clínicas, formadas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde, dentistas e auxiliares de consultório dentário, técnicos de saúde bucal, agentes de vigilância em saúde e agentes de defesa civil, acompanham os pacientes com problemas crônicos, como hipertensão e diabetes. Eles são encaminhados para consultas ambulatoriais e com especialistas quando necessário, diminuindo a evolução para doenças mais graves que, quando não tratadas adequadamente, podem resultar diferentes eventos clínicos graves (infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, diabetes mellitus, dentre outras). Em 2009, as Equipes de Saúde da Família já cobriam 50,7% da população brasileira, um total de 30.328 equipes estabelecidas. Na cidade do Rio de Janeiro já são mais de 30 clínicas. Considerando o Brasil, o PSF está presente em mais de 90% dos municípios brasileiros e estima-se que tenha cobertura de mais de 85 milhões de pessoas5. Clínica da Família Santa Marta Em março de 2009 foi inaugurada a unidade básica de Saúde da Família na Comunidade Dona Marta onde funciona o Polo de Inclusão Social Padre Velloso sendo o primeiro polo de saúde localizado na AP 2.1. No total, são três equipes compostas por um médico, um enfermeiro, um 5 Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção a Saúde. Available in: (http://dab.saude.gov.br/abnumeros.php ) 4 técnico de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde. Além disso, duas equipes de saúde bucal com um dentista e um auxiliar de consultório dentário para atendimento local. Cada equipe atende cerca de 3 mil pessoas cadastradas, totalizando uma cobertura de 100% da população da comunidade, que é de mais de 7 mil habitantes, divididos em 1.740 domicílios6. Saúde do Idoso Dentre os vários programas da SMSDC temos a Gerência de Programas de Saúde do Idoso. O aumento da longevidade é uma conquista social, que se deve em grande parte ao progresso da medicina e a uma cobertura mais ampla dos serviços de saúde, mas também é um desafio por soluções para demandas por políticas públicas voltadas para a população idosa. Chegando à terceira idade, é preciso levar em conta que os tratamentos tornam-se mais prolongados e onerosos, pois a recuperação é mais lenta e complexa. Há um aumento da incapacidade funcional, potencializado pela carga de morbidades relacionada à idade, quanto mais idosos, mais propensos a desenvolver co-morbidades. O numero de consultas médicas aumenta, consequentemente, o numero de exames, medicamentos e internações hospitalares prolongadas7. O envelhecimento saudável implica em aumento da sobrevida quantitativamente com qualidade. A população que envelhece requer serviços de saúdes específicos, que envolvam políticas preventivas e de promoção da saúde, com foco na qualidade de vida, na boa alimentação e na prática de exercícios físicos 6 Para mais informações: http://www.psfsantamarta.com Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE. Síntese de indicadores sociais Uma análise das condições de vida da população brasileira 2010. Brasília, 2009. Available in: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseind th icsociais2010/default.shtm Access in September 10 2012 Schramm, JMA et al. Transição epidemiológica e o estudo de carga de doença no Brasil. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro,9(4)2004 . Available in: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413th 81232004000400011&script=sci_abstract&tlng=pt . Access in September 10 2012 7 5 e reabilitação. Da mesma forma que necessita de projetos voltados à atenção domiciliar, ambulatorial e da Estratégia de Saúde da Família. É indiscutível a necessidade de um fortalecimento das ações e acessibilidade de atendimento à população idosa dentro do município do Rio de Janeiro com parâmetros de eficácia, eficiência e efetividade e em consonância com a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Desenho do Estudo Título: Análise de Custo-Consequência do Projeto Piloto e-Health no Sistema Público de Saúde do Brasil Desenho da Análise Clínica e Econômica (1) Objetivo Estimar os benefícios clínicos e econômicos do Projeto Piloto e-Health numa coorte de pacientes idosos acompanhados no Programa de Saúde da Família da Unidade Básica de Saúde Santa Marta em Botafogo, Rio de Janeiro, comparado com dados históricos antes da implantação do projeto. Controles históricos são usados na comparação de sujeitos que estejam sendo tratados ou acompanhados simultaneamente. População estudada: Coorte de pacientes da Clínica da Família Santa Marta, Rio de Janeiro, Brasil. Recrutamento: Inicialmente, tínhamos colocado como critérios de inclusão pacientes que já estavam matriculados na Clínica da Família, acima de 60 anos de idade, com uma doença crônica que fosse alvo do estudo (hipertensão, diabetes, acidente vascular cerebral) e mobilidade reduzida. Considerando o baixo número de pacientes em recrutamento e curto prazo de coleta de dados, decidimos fazer uma "força-tarefa", mas os pacientes foram ao nosso encontro, e neste caso o critério de mobilidade reduzida não foi totalmente respeitado. Além disso, buscamos observar 6 a rotina da Clínica da Família na organização de visitas domiciliares e suas prioridades. Perspectiva: O ponto de vista da análise foi o Sistema Único de Saúde - SUS. Desenho do estudo: antes e depois do desenho Na terminologia do projeto, "antes" refere-se a uma medição a ser feita antes de uma intervenção ser introduzida a um grupo e "depois" refere-se a uma medição a ser feita após a sua introdução. Termos equivalentes para "antes" e "depois" são "pré" e "pós". O desenho de projeto “antes e depois” é a concepç o não experimental mais importante para os nossos propósitos, uma vez que é uma opção razoável para uma avaliação. O desenho antes e depois oferece mais evidências sobre a eficácia da intervenção do que os outros projetos não experimentais. Embora sofra algumas ameaças à validade interna, pode em muitos casos, fornecer evidências preliminares da eficácia de intervenção, principalmente quando completadas com informações complementares. Procedimentos para coleta de dados Para coletar os dados epidemiológicos, utilizamos o registro histórico do banco de dados VITACARE. Para coleta de dados clínicos, os profissionais receberam uma ficha clínica (Anexo 1), que deveria ser preenchida na primeira visita domiciliar. Na segunda visita, foi preenchido um questionário (Anexo 2) sobre os possíveis custos do paciente com seus problemas de saúde, envolvendo habitação, assistência fora da Clínica da Família e tempo dos cuidadores. 7 Treinamento Um time composto por 11 profissionais (4 médicos, 3 enfermeiros, 3 técnicos de enfermagem e a gerente, que é uma enfermeira) foram treinados antes do início da coleta de dados. O primeiro treinamento foi sobre a mochila, seus equipamentos e o uso pelos profissionais. Depois, os médicos foram treinados para usar o V-SCAN. Todos os profissionais foram treinados para usar o equipamento de Eletrocardiograma (ECG). Ficou estabelecido que a mochila seria utilizada pelos profissionais que fazem visitas domiciliares. A gerente e 2 médicos não realizam visitas, uma vez que desenvolvem outras atividades na Clínica da Família. Considerando a coleta de dados de 30 semanas, foram feitas 200 visitas com a mochila, chegando a uma média de 6,6 visitas por semana. A mochila também foi utilizada em visitas domiciliares para pacientes que não preenchiam os critérios de inclusão do estudo (mulheres grávidas, pacientes com idade inferior a 60 anos, portadores de deficiência). Apenas para ilustrar, após a realização das visitas, a equipe de pesquisa selecionou os pacientes que poderiam ser incluídos na pesquisa. Sob as circunstâncias acima mencionadas, pelo menos 50 pacientes foram excluídos. Aspectos Éticos Este projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro. Como se trata de uma pesquisa com seres humanos, alguns pontos importantes foram cuidadosamente observados: - espera pela aprovação do projeto antes da coleta de dados - autorização para acessar o banco de dados VITACARE - assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido por todos os participantes da pesquisa 8 - permissão para uso de voz e imagem para disseminação dos resultados Devemos ressaltar que o início da pesquisa, a equipe como um todo esteve empenhada em evitar que a variação máxima da rotina da Clínica da Família. Os pacientes são principalmente não para ser servido, e desviar suas funções de serviços profissionais para atender às demandas da pesquisa seria antiético para pacientes e profissionais. Além disso, considerando a incerteza da permanência da mochila na Clinica, seria antiético avaliar um grupo placebo (sem a presença da mochila), sem ter a certeza de oferecer o atendimento posterior com a mochila. Por estas razões, a proposta foi pesquisar o mesmo grupo de pacientes, comparando os dados da intervenção "mochila", com dados históricos de VITACARE. E por essas razões, não foi possível avaliar o mesmo grupo em duas circunstâncias: assistido pela pesquisa, mas sem a mochila e, posteriormente, com a mochila. (2) FORMA DE AVALIAÇÃO: Análise de Custo-Consequência Gestores e formuladores de políticas de saúde têm uma necessidade de informação sobre o valor econômico de intervenções alternativas de saúde para que possam tomar decisões informadas sobre a alocação de recursos escassos da saúde. Uma abordagem para a apresentação de informações sobre o valor de uma intervenção médica é a análise de custo-consequência. Uma análise de custo-consequência tem sido definida por Russell et al.8 como uma análise ". . . em que os custos e os efeitos são calculados, mas não agregadas em anos de vida ajustados pela qualidade, ou razões de custo-efetividade ". Este tipo de análise proporciona a apresentação de informação mais completa descrevendo o valor de uma intervenção médica, e é também o mais simples conceitualmente. É uma listagem de todos os custos e 8 Russell LB, Gold MR, Siegel JE, et al. The role of cost-effectiveness analysis in health and medicine. JAMA 1996; 276:1172-7 9 resultados relevantes ou consequências da intervenção, e compreende os seguintes componentes principais: · Custos médicos diretos; · Custos não médicos diretos (por exemplo, dispositivos e cuidadores pagos); · Custos indiretos (ex.: perda de rendimentos) · Impacto de qualidade de vida; · Resultados clínicos. Coleta de dados (3) DADOS DE EFICÁCIA A avaliação clínica foi baseada em uma coorte de pacientes da Clínica de Saúde Santa Marta, Rio de Janeiro, Brasil. (4) MEDIDA E AVALIAÇÃO DE BENEFÍCIOS Os desfechos primários foram “internação evitada” e “desfechos clínicos evitados”. (5) CUSTOS Uma ampla pesquisa e revisão da literatura sobre o custo da doença e da carga de doença no Sistema Único de Saúde (SUS) foi realizada. O objetivo foi estimar o custo econômico de doenças e procedimentos médicos para avaliar a Análise CustoConsequência. (6) ANÁLISE ESTATÍSTICA Estatística descritiva Teste de hipóteses: Hipótese nula: média de Resultados Clínicos antes do Piloto E.Health menos Média resultados clínicos após o Piloto E.Health = 0 10 Hipótese Alternativa: média de Resultados Clínicos antes do Piloto E.Health menos média dos resultados clínicos após o Piloto E.Health > 0 = 0,05 (95% intervalo de confiança) T tabulado = valor extraído da tabela Tstudent Tcalculado = valor calculado a partir dos dados da amostra Quando Tcalculado é maior que T tabulado rejeitar a hipótese nula e aceitar a hipótese alternativa. (7) RESULTADOS: ACESSO AO SISTEMA DE SAÚDE Facilitar o acesso é estar preocupado em ajudar as pessoas a ordenar os recursos apropriados de cuidados de saúde, a fim de preservar ou melhorar a sua saúde. Acesso é um conceito complexo e, pelo menos, quatro aspectos requerem avaliação9 . Se os serviços estão disponíveis e existe uma oferta adequada de serviços, então a oportunidade de obter cuidados de saúde existe, e uma população pode “ter acesso aos serviços”. O quanto à pop laç o “ganha o acesso” tam ém depende de barreiras financeiras, organizacionais, sociais ou culturais que limitam a utilização dos serviços. Assim, o acesso medido em termos de utilização é dependente da disponibilidade, acessibilidade física e aceitabilidade dos serviços e não apenas a adequação da oferta. Serviços disponíveis devem ser relevantes e eficazes se a população quer "ter acesso a resultados de saúde satisfatórios". A disponibilidade de serviços e as barreiras ao acesso têm que ser consideradas no contexto das diferentes perspectivas, as necessidades de saúde e de materiais e configurações culturais de diversos grupos da sociedade. Equidade de acesso pode ser medido em termos de disponibilidade, utilização ou resultados dos serviços. Dimensões horizontal e vertical de equidade exigem consideração. 9 Gulliford M et al. What does 'access to health care' mean? J Health Serv Res Policy 2002 ;7(3):186-8. 11 Desde 1989, todos os brasileiros têm direito a cuidados de saúde gratuitos no nível primário, secundário e terciário através de um sistema nacional de saúde, que é único na América Latina, que está sendo financiado por impostos e contribuições sociais, tais como pagamentos da seguridade social10. A implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) foi acompanhada por uma forte descentralização e resultou em maior acesso aos cuidados de saúde primários, por meio da Estratégia de Saúde da Família. A realização da visita médica é a porta de entrada do paciente para o sistema de saúde. Caracteriza-se como um indicador robusto de acesso da população aos cuidados de saúde. Na amostra de pacientes atendidos no período de 01/01/2012 a 31/12/2012, a visita médica alcançou 84,31% da população atendida na Clínica de Saúde Santa Marta, provando ser um bom indicador de acesso a serviços de saúde Ta ela 1 A partir de cons ltas em casa, os pacientes ≥ 65 anos de idade representavam 26% do total. Na Clínica de Saúde de Santa Marta, a porcentagem de pacientes ≥ 6 anos de idade é de 13,78% Tabela 1: Visitas médicas no período de 01/01/2012 a 31/12/2012 na Clínica da Família Santa Marta Número % Consultas médicas realizadas 8701 84,31% Consultas médicas canceladas 490 4,75% Consultas médicas não realizadas 204 1,98% Pacientes que faltaram as consultas 925 8,96% NOTA: As visitas médicas mostradas acima estão relacionadas a todas as consultas agendadas em 2012 10 Paim J et al. The Brazilian health system: history, advances, and challenges. Lancet 2011;377(9779):1778-97 12 RESULTADOS CLÍNICOS O controle da pressão arterial é uma das ações de saúde pública com maior impacto na redução da morbidade e mortalidade relacionada à doença cardiovascular. O grupo de pacientes observados no projeto E.Health apresentou redução média na pressão sanguínea sistólica de 5,29 mm Hg (p <0,05) (Tabela 2). Há evidências robustas na literatura médica de que a redução na pressão arterial sistólica, em torno dos valores documentados no Projeto E.Health representa benefício na proteção cardiovascular e doença renal relacionada à hipertensão, especialmente em pacientes diabéticos11. Tabela 2: Medidas da Pressão Arterial sistólica e diastólica antes e depois do projeto E.Health Avaliação da Pressão Arterial Sistólica Média Pressão Arterial Sistólica Pressão Arterial Sistólica Pré-projeto Pós-intervenção 139,77 mmHg 134,48 mmHg Redução média 4,29% (p < 0.05) Avaliação da Pressão Arterial Diastólica Média Pressão Arterial Diastólica Pressão Arterial Diastólica Pré-projeto Pós-intervenção 80,63 mmHg 79,18 mmHg Redução média , 7% p ≥ 5 11 Turnbull F et al. Effects of different blood pressure lowering regimens on major cardiovascular events in individuals with and without diabetes mellitus: results of prospectively designed overviews of randomized trials. Arch Intern Med 2005;165:1410–1419. 13 RESULTADOS CLÍNICOS E ECONÔMICOS Acidente Vascular Cerebral (AVC) O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte entre a população adulta brasileira, variando entre a primeira e a terceira posições, de acordo com o ano e o Estado da Federação12. A mortalidade é apenas uma das medidas de saúde pública sobre o impacto do acidente vascular cerebral, com sequelas sendo igualmente importante, e, consequentemente, falta de produtividade, perda de qualidade de vida e aposentadoria precoce. Estima-se que 85% dos acidentes vasculares cerebrais são de origem isquêmica e 15% de origem hemorrágica13. Um inquérito epidemiológico efetuado o Sistema Único de Saúde (SUS)14 em pacientes com AVC, na idade produtiva de 20 a 59 anos, mostrou que 80% referiram algum tipo de incapacidade funcional persistente após o primeiro episódio. Após o AVC, 70% dos pacientes tornaram-se desempregados ou aposentados prematuramente. Christensen et al estimaram o custo do tratamento agudo do AVC isquêmico e hemorrágico em dois hospitais públicos brasileiros15. Os autores utilizaram uma análise retrospectiva dos prontuários e identificaram 316 pacientes com permanência hospitalar de duração média de 12,0 ± 8,8 dias, para acidente vascular cerebral isquêmico e 13,3 ± 23,4 dias para acidente vascular cerebral hemorrágico. O custo médio de internação para o tratamento de acidente vascular cerebral isquêmico foi US$1,902 dólares. A Tabela 3 mostra o resumo do benefício de saúde e econômico do Piloto E.Health por evitar acidente vascular cerebral nos pacientes com hipertensão. Houve 14,8% de AVC no controle histórico e 0,82% no piloto E.Health. Significa benefício 12 Lessa I. Epidemiologia das doenças cerebrovasculares no Brasil. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo 1999;4:509-18. 13 Bonita R. Epidemiology of stroke. Lancet 1992;339(8789):342-4. 14 Falcão IV et al. Acidente vascular cerebral precoce: implicações para adultos em idade produtiva atendidos pelo Sistema Único de Saúde. Rev bras saúde matern infant 2004;4(1):95-102. 15 Christensen MC et al. Acute treatment costs of stroke in Brazil. Neuroepidemiology 2009;32(2):1429. 14 absoluto de 13,98 por cada 100 doentes no grupo piloto E.Health (p <0,05). A estimativa de redução de custos de 100 pacientes do grupo piloto E.Health por um ano é de R$ 65.454,36. Tabela 3: Frequência (%) de AVC em pacientes hipertensos % resultados no controle histórico* 14,8% % resultados no piloto E.Health 0,82% Benefício absoluto por 100 pacientes no grupo piloto E.Health Média de custo da hospitalização por AVC ** Redução de custos por 100 pacientes no grupo piloto E.Health por 13,98 (p < 0.05) R$4.682,40 R$ 65.454,36 um ano *Fonte: Mion Jr D et al. Hipertensão Arterial na Cidade de São Paulo: Prevalência Referida por Contato Telefônico. Arq Bras Cardiol 2010;95(1):99-106. **Média de custo total na hospitalização inicial. Fonte: Christensen MC et al. Acute treatment costs of stroke in Brazil. Neuroepidemiology 2009; 32 (2): 142-9. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Insuficiência Cardíaca representa a principal causa de internação no Sistema Único de Saúde (SUS), a partir de 65 anos de idade. A prevalência de insuficiência cardíaca está aumentando, devido ao incremento na expectativa de vida da nossa população e maior eficácia de novos medicamentos no tratamento dos pacientes, estendendo suas vidas. Araujo et al. descreveu os custos diretos e indiretos do tratamento ambulatorial e hospitalar de insuficiência cardíaca, no Hospital Escola do Estado do Rio de Janeiro, 15 Brasil 16 . Um estudo transversal sobre utilização e valoração de recursos em pacientes, selecionados de forma consecutiva, em tratamento ambulatorial e hospitalar. Questionários e prontuários dos pacientes foram utilizados para a coleta de dados. Os recursos utilizados foram valorados em reais (2002). O ponto de vista do estudo foi a perspectiva da sociedade. A população estudada foi composta por 70 pacientes (39 mulheres), com idade média de 60,3 anos. Houve 465 dias de internação para 28,5% da amostra de pacientes. Houve 386 internações em enfermaria e 79 na UTI. O custo com consultas ambulatoriais foi de R$14,40. As despesas com medicamentos em ambulatório foram de R$83.430,00 (R$1.191,86/paciente/ano). O custo por paciente internado foi de R$ 4.033,62. Os custos com exames complementares totalizaram R$39,009.50 (R$557.28/paciente/ano). Vinte pacientes se aposentaram devido à insuficiência cardíaca, o que representou uma perda de produtividade de R$182.000,00. O custo total foi de R$444.445,20. Hospitalização representou 39,7% e a utilização de medicamentos 38,3% do custo direto. A Tabela 4 mostra o resumo de benefício de saúde e econômico do Piloto E.Health para evitar a hospitalização por insuficiência cardíaca em pacientes com diabetes tipo II e hipertensão. Houve 17,1% de pacientes com insuficiência cardíaca no controle histórico e 6,36% no piloto E.Health. Demonstra benefício absoluto de 10,74 por cada 100 doentes no grupo piloto E.Health (p <0,05). A estimativa de redução de custos de 100 pacientes do piloto E.Health grupo por um ano é de R$8.055,00. 16 Araujo DV et al. Cost of Heart Failure in the Unified Health System. Arq Bras Cardiol 2005;84(5):422427. 16 Tabela 4: Frequência (%) de Insuficiência Cardíaca em pacientes com diabetes tipo II e hipertensão % resultados no controle histórico * 17,1% % resultados no piloto E.Health 6,36% Benefício absoluto por 100 pacientes no grupo piloto E.Health 10,74 (p < 0.05) Média de custo da hospitalização por Insuficiência Cardíaca** R$ 750,00 Redução de custos por 100 pacientes no grupo piloto E.Health R$ 8.055,00 por um ano *Baseado no auto-relato de diagnóstico de Insuficiência cardíaca de 171 de 1000 pacientes diabéticos tipo II ambulatoriais do SUS em 8 cidades brasileiras. Fonte: Bahia LR et al. The Costs of Type 2 Diabetes Mellitus Outpatient Care in the Brazilian Public Health System. Value in Health 2011;14:S137-S140. **Ribeiro RA et al. Annual Cost of Ischemic Heart Disease in Brazil. Public and Private Perspective. Arq Bras Cardiol 2005;85:3-8. TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA (TRS) A doença renal crônica é um problema de saúde pública. Estima-se que mais de dois milhões de brasileiros sofrem algum tipo de disfunção renal. Hoje, mais de 70 mil pacientes necessitam de terapia renal de substituição (TRS), seja diálise ou transplante de rim, com uma despesa anual de cerca de R $ 2,0 bilhões. Desde 1975 TRS tem sido publicamente financiada pelo nível federal. A previsão é de que em 2015 haverá 125 mil pacientes que necessitam de TRS, dos quais 89% serão cobertos pelo SUS17. De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia hipertensão arterial e diabetes são as causas subjacentes em aproximadamente 50% dos pacientes em diálise. Estes dados são comparáveis à de outros países da América Latina, no 17 Grupo Multisetorial de Doença renal Crônica (SBN, SOBEN, ABCDT, Associações de Pacientes renais Crônicos). Perfil da Doença Renal Crônica: O Desafio Brasileiro – 2007. Available in: http://www.sbn.org.br/ 17 entanto, nos Estados Unidos, estas duas condições são as causas subjacentes de três quartos dos pacientes em diálise, o que pode ser explicado pelo número maior de indivíduos idosos em países desenvolvidos. No rastro da transição demográfica e do envelhecimento da população, estas duas condições podem potencialmente representar uma proporção cada vez mais crescente de casos de insuficiência renal terminal nos próximos anos no Brasil, levando a um aumento no número de pacientes que necessitam de diálise. Em 2007, o custo da diálise no Brasil foi estimado, incluindo custos ambulatoriais, os custos de internações hospitalares por qualquer causa, e eventos cardiovasculares18. Custo médio total por ano por paciente em hemodiálise para o Ministério da Saúde foi US$ 7,980.00 dólares. A Tabela 5 mostra o resumo de benefício de saúde e econômico do Piloto E.Health para evitar a terapia de hemodiálise crônica em pacientes com diabetes tipo II e hipertensão. Houve 28% de pacientes com Doença Renal Crônica no controle histórico e 2,71% no piloto E.Health. Demonstra benefício absoluto de 25,29 por cada 100 doentes no grupo piloto E.Health (p <0,05). A estimativa de redução de custos de 100 pacientes do piloto E.Health grupo por um ano é de R$ 403.628,40. Tabela 5: Percentagem anual de pacientes diabéticos tipo II em hemodiálise % resultados no controle histórico * % resultados no piloto E.Health Acompanhamento (meses) Benefício absoluto por 100 pacientes no grupo piloto E.Health 28% 2,71% 12 25,29 (p < 0.05) Média de custo por terapia de hemodiálise crônica** R$ 15.960,00 Redução de custos por 100 pacientes no grupo piloto E.Health por R$ 403.628,40 um ano 18 Sesso R et al. Dialysis care, cardiovascular disease, and costs in end-stage renal disease in Brazil. International Journal of Technology Assessment in Health Care, 23:1 (2007), 126–130. 18 *Número estimado de adultos em hemodiálise baseado no número total de procedimentos reembolsados pelo SUS. Fonte: Chronic Dialysis in Brazil - Report of the Brazilian Dialysis Census, 2011. J Bras Nefrol 2012;34(3):272-277. **Média do custo global por paciente/ano em terapia de hemodiálise crônica. Fonte: Sesso R et al. Dialysis care, cardiovascular disease, and costs in end-stage renal disease in Brazil. International Journal of Technology Assessment in Health Care, 23:1 (2007), 126–130. TRATAMENTO DO OLHO A LASER A retinopatia diabética progride de anormalidades suaves não proliferativas, caracterizadas pelo aumento da permeabilidade vascular, a retinopatia diabética proliferativa moderada e severa, caracterizadas por fecho vascular, a retinopatia diabética proliferativa, caracterizada pelo crescimento de novos vasos sanguíneos na retina e a superfície posterior do vítreo. O Estudo de Retinopatia Diabética (DRS) investigou se a intervenção com fotocoagulação (panretinal), em comparação com o adiamento indefinido, poderia reduzir o risco de perda de visão por retinopatia diabética proliferativa. Depois de apenas dois anos, a fotocoagulação demonstrou reduzir significativamente a perda visual grave (isto é, a melhor acuidade visual de 5/200 ou pior)19 . Assim, existe uma forte evidência de que o tratamento de fotocoagulação é padrão para retinopatia diabética proliferativa. A Tabela 6 mostra o resumo do benefício de saúde e econômico do Piloto E.Health para evitar a retinopatia diabética, em pacientes com diabetes tipo II. Houve 17,5% de pacientes com retinopatia diabética no controle histórico e nenhum no piloto E.Health. Demonstra benefício absoluto por de 17,5 por cada 100 doentes no grupo de Piloto E.Health (p <0,05). A estimativa de redução de custos de 100 pacientes do piloto E.Health grupo por um ano é de R$ 3.150,00. 19 Fong DS et al. Retinopathy in Diabetes. Diabetes Care, volume 27, supplement 1, january 2004 19 Tabela 6: Percentagem anual de pacientes diabéticos tipo II fazendo tratamento a laser para retinopatia diabética % resultados no controle histórico * 17,5 % resultados no piloto E.Health 0 Acompanhamento (meses) 12 Benefício absoluto por 100 pacientes no grupo piloto E.Health 17,5 (p < 0.05) Média de custo por tratamento a laser do olho** Redução de custos por 100 pacientes no grupo piloto E.Health por R$ 180,00 R$ 3.150,00 um ano * Fonte: Bahia LR et al. The Costs of Type 2 Diabetes Mellitus Outpatient Care in the Brazilian Public Health System. Value in Health 2011;14:S137-S140. **Fonte: quarto sessões de tratamento a laser do olho (custo por sessão = R$ 45,00) Disponível em: http://sigtap.datasus.gov.br/tabelaunificada/app/sec/procedimento/exibir/0405030045/03/2013 ÚLCERAS DOS PÉS Rezende et al. analisou o atendimento recebido pelos pacientes hospitalizados com diabetes mellitus e úlceras do pé no Brasil, levando em conta os aspectos clínicos e econômicos20. Um estudo prospectivo de coorte de 109 pacientes com diabetes hospitalizados principalmente para úlceras do pé, cobertos exclusivamente pelo sistema público de saúde brasileiro. Todos os pacientes tinham diabetes mellitus tipo 2, a equipe do hospital não tinha formação específica para o atendimento de pacientes com pé diabético e o estudo não teve acesso a equipes 20 Rezende KF et al. Direct costs and outcomes for inpatients with diabetes mellitus and foot ulcers in a developing country: The experience of the public health system of Brazil. Diabetes & Metabolic Syndrome: Clinical Research & Reviews 3 (2009) 228–232 20 multidisciplinares ou de reabilitação, caracterizando um conjunto não organizado. Os doentes tinham úlceras crônicas, profundas e infectadas com pouco ou nenhum acesso prévio a uma clínica especializada em pé diabético antes da hospitalização. Quarenta e três (39%) pacientes tiveram alta com cura primária e 52 (48%) foram curados com a amputação. Quatorze pacientes (13% da amostra) morreram durante a internação. Apenas cinco pacientes (4,6% da amostra) receberam procedimentos vasculares reconstrutivos. O custo direto por paciente variou entre US$324,3 e US$5.628,4 (1.533,0 ± 1.029,3). O custo total para os 109 internações foi de US$167,097.40. Os autores concluíram: Neste conjunto não organizado, atendimento hospitalar para pé diabético no sistema de saúde pública do Brasil está relacionado a altos custos e resultados ruins. A Tabela 7 mostra o resumo da comparação com úlceras do pé em pacientes com diabetes tipo II. O resultado não foi estatisticamente significativo. Tabela 7: Frequência (%) de úlceras dos pés de pacientes diabéticos tipo II % resultados no controle histórico * 4,5% % resultados no piloto E.Health 4,52% Benefício absoluto por 100 pacientes no grupo piloto E.Health NS p > 0.05** * Baseado em 45 de 1000 pacientes diabéticos tipo II que relatarm úlcera nos pés no ano anterior. Fonte: Source: Bahia LR et al. The Costs of Type 2 Diabetes Mellitus Outpatient Care in the Brazilian Public Health System. Value in Health 2011;14:S137S140. ** Não estatisticamente significativo 21 A DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA No Brasil, dados de estudos relacionados com a prevalência de doença arterial periférica (DAP) e seus fatores de risco são escassos e restritos a populações específicas, com quase todos eles realizados na região Sudeste do país. Entre eles, dois estudos de base populacional, destacam-se: Projeto Bambuí, que avaliou (Estado de Minas Gerais), e mostrou uma prevalência de 2,5% de claudicação intermitente21 e o Estudo Epidoso, que a cidade de São Paulo, por meio da ABI e encontrou uma prevalência de 36,4% de DAP22. Um estudo mais recente, também realizado no estado de Minas Gerais, encontrou 37,5% de DAP em pacientes com doença renal crônica pré-dialítica23. Makdisse et al. avaliaram os fatores de prevalência e risco relacionados à doença arterial periférica (DAP) em centros urbanos brasileiros com mais de 100.000 habitantes. A prevalência de DAP foi de 10,5%24. A claudicação intermitente (CI) esteve presente em apenas 9% dos pacientes com DAP. Foi encontrada uma associação significativa entre a DAP e os seguintes fatores: diabetes, obesidade total e abdominal, acidente vascular cerebral e doença cardíaca isquêmica (DCI). Houve uma tendência de prevalência de DAP maior entre os indivíduos com hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica em diálise, bem como aqueles que fumaram mais de 20 anos. Para o sexo feminino, presença de DCI foi associada a 4,9 vezes maior risco de DAP. Entre os homens, um risco 6,6 vezes maior de DAP foi encontrado para diabéticos em comparação com indivíduos nãodiabéticos. Prevalência de DAP foi elevada, considerando-se a baixa média de idade da população estudada (44 ± 14,7 anos). Claudicação intermitente foi detectada em uma minoria de pacientes com DAP, indicando um número considerável de 21 Passos VMA et al. The Bambuí Health and Aging Study (aBHAS): prevalence of intermittent claudication in the aged population of the community of Bambuí and its associated factors. Arq Bras Cardiol 2001;77:458-62. 22 Makdisse M et al. A risk score for predicting peripheral arterial disease in individuals 75 years or older. Arq Bras Cardiol 2007; 88(6):630-6. 23 Carmo WB et al. Doença arterial obstrutiva de membros inferiores em pacientes com doença renal crônica pré-dialítica. J Bras Nefrol 2007; 29(3):127-34. 24 Makdisse M et al. Prevalence and Risk Factors Associated with Peripheral Arterial Disease in the Hearts of Brazil Project. Arq Bras Cardiol 2008;91(6):370-382 22 indivíduos assintomáticos. Diabetes, obesidade, AVC e DCI foram os preditores mais fortes de DAP. A Tabela 8 mostra o resumo dos dados para a amputação de membros em pacientes com diabetes tipo II. Não havia controles históricos de prevalência de amputação de membros em pacientes de diabetes tipo II para comparar com o piloto E.Health. Tabela 8: Incidência anual e prevalência de amputação de membros em pacientes diabéticos tipo II % resultados no controle histórico * (Incidência) 0.18% % resultados no piloto E.Health (Prevalência) 1,35% *Baseado no registro regional de amputações na cidade do Rio de Janeiro de 19921994. Fonte: Capture-recapture method to estimate lower extremity amputation rates in Rio de Janeiro, Brazil. Rev Panam Salud Publica. 2001 Nov;10(5):334-40. INFARTO DO MIOCÁRDIO Alguns estados do Brasil têm uma elevada taxa de mortalidade por doença isquêmica do coração, apesar dos leitos hospitalares disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). A capital do estado do Rio de Janeiro tem a maior rede hospitalar pública do país, no entanto, o estado tem a segunda maior taxa de mortalidade específica por doença isquêmica do coração no Brasil (68.44/100, 000 habitantes)25. Os coeficientes de mortalidade por infarto do miocárdio em cidades brasileiras, estratificados por idade, apresentam um perfil de risco que são 25 Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) e IBGE 2003. Available in: http://www.datasus.gov.br. 23 diferentes daquelas observadas em outros países26. Cerca de 50% das mortes no sexo masculino devido à doença da artéria coronária ocorrem na faixa etária <65 anos. Nos Estados Unidos, Cuba e Inglaterra, esse percentual é de cerca de 25%. Esta alta mortalidade em faixas etárias mais jovens representa um importante impacto socioeconômico para o Brasil, uma vez que promove uma retirada rápida do indivíduo no mercado de trabalho. Uma hipótese para tal é a elevada mortalidade por falta de acesso ao tratamento durante a fase aguda do enfarte do miocárdio. A Tabela 9 mostra o resumo dos dados sobre infarto do miocárdio em pacientes com hipertensão. Não havia controles históricos de prevalência de infarto do miocárdio em pacientes com hipertensão para comparar com o piloto E.Health Tabela 9: Risco Populacional Atribuível e Prevalência de infarto do miocárdio em pacientes com hipertensão Risco Populacional Atribuível no controle histórico* 43.2% % resultados no piloto E.Health 0,59% *Fonte: Lannas F et al. Risk Factors for Acute Myocardial Infarction in Latin America. The INTERHEART Latin American Study. Circulation 2007;115:1067-1074. HOSPITALIZAÇÃO EVITADA E REDUÇÃO DE CUSTOS A análise do Piloto E.Health demonstrou diminuição da morbidade cardiovascular para os pacientes hospitalizados por doença cardiovascular (Tabela 10). Houve uma redução relativa de 74% no risco de hospitalização, antes e após a comparação dos dados de séries temporais e piloto E.Health. Para a perspectiva do gestor e formulador de políticas de saúde, pode ser estimada uma redução de 360 26 Avezum A et al. Risk factors associated with acute myocardial infarction in the Sao Paulo metropolitan region: a developed region in a developing country. Arq Bras Cardiol 2005; 84(3):206-13. 24 internações por mil pacientes tratados no piloto E.Health. Redução de custo é de cerca de R$ 273.000,00 para cada 1000 pacientes tratados no piloto E.Health. Tabela 10: Hospitalização por doença cardiovascular antes e após o Piloto E.Health Hospitalização % resultados no controle histórico * 49 % resultados no grupo piloto E.Health 12,5 Acompanhamento (meses) Benefício absoluto por 100 pacientes no grupo piloto E.Health Média de custo por paciente internado Redução de custos por 100 pacientes no grupo piloto E.Health por 12 36,5 (p < 0.05) R$ 750,00 R$ 273.750,00 um ano * Fonte: Rosa MLG et al. Análise da Mortalidade e das Internações por Doenças Cardiovasculares em Niterói, entre 1998 e 2007. Arq Bras Cardiol 2011;96(6):477483 Indicadores econômicos, de processo e resultados relacionados ao Projeto de m-health, no Rio de Janeiro 25 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. INDICADORES DE PROCESSO Controle da Pressão Arterial (PA) < 140/90 mmHg em diabéticos e/ou hipertensos27 INDICADORES DE RESULTADO Mortalidade Disfunção renal [proteinúria patológica e/ou ↓clearance de creatinina clearance < 60ml/min)] em pacientes diabéticos e/ou hipertensos Ocorrência de Acidente Vascular Cerebral ou Ataque Isquêmico Transitório Ocorrência Síndrome Coronariana Aguda (SCA) Ocorrência de fratura proximal do fêmur INDICADORES ECONÔMICOS RAZÃO DE CUSTO-CONSEQUÊNCIA INCREMENTAL Custo monetário (R$) do paciente no m-health program por hospitalização evitada* (%) Custo monetário (R$) do paciente no m-health program por controle da PA (mmHg) Custo monetário (R$) do paciente no m-health program por evento cardiovascular evitado Custo monetário (R$) do paciente no m-health program por fratura proximal do fêmur evitada Custo monetário (R$) do paciente no m-health program por óbito evitado ANÁLISE DE CUSTO-BENEFÍCIO Custo monetário (R$) do paciente no m-health program por hospitalização cardiovascular evitada em valor monetário (R$) Custo monetário (R$) do paciente no m-health program por hospitalização ortopédica evitada em valor monetário (R$) *Hospitalização evitada: toda hospitalização relacionada à fratura por queda e eventos cardiovasculares Análise de Satisfação Pacientes 27 Em idosos com valores muito elevados de PA sistólica, podem ser mantidos inicialmente níveis de ate 160 mmHg 26 Considerando que a Estratégia Saúde da Família surgiu para reorientar o modelo atual de saúde da atenção primária e de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde, pudemos assistir a um novo desempenho dinâmico em unidades básicas de saúde, a definição de responsabilidades entre os serviços de saúde e da população. Para o Programa de Saúde da Família, a família deve ser entendida de forma holística e em seu espaço social, abordando seu contexto socioeconômico e cultural, considerando que ocorrem nas famílias interações e conflitos que afetam diretamente a saúde das pessoas28. Entre os serviços prestados pela CF, podemos citar a visita domiciliar, que é um importante instrumento de aproximação entre os profissionais e os pacientes atendidos pela CF. A visita domiciliar também foi o principal instrumento de coleta de dados em nosso estudo. De acordo com o Ministério da Saúde29, each cada nova estratégia de ação proposta em serviços de saúde deve ser avaliada. Considerando o questionário de satisfação como uma metodologia de avaliação, com base em seus resultados, o mesmo pode ser entendido como uma resposta às necessidades da população e uma ferramenta de treinamento para profissionais. Após a segunda visita, o paciente ou responsável foi convidado a participar de uma pesquisa de satisfação (Anexo 3) sobre a visita e sobre a mochila em particular. Para melhor compreensão, as perguntas foram agrupadas: gráfico 1 mostra satisfação com visitas domiciliares e 28 rasil inistério da a de ecretaria de Assistência a de oordenaç o de a de da om nidade a de da am lia ma estratégia para a reorientaç o do modelo assistencial ras lia inistério da a de, 1 7 29 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Atenção Básica. Avaliação na Atenção Básica em Saúde. Barsília, DF, 2005 27 atendimento em geral e gráfico 2 mostra satisfação com a utilização da mochila. Resultados nos gráficos: Gráfico 1: No primeiro gráfico, podemos ver que a avaliação geral é boa, de modo que o único parâmetro que se destaca dos outros diz respeito a espera pelos os exames, 38% dos pacientes avaliaram a espera como regular. As informações que recebemos da Clínica da Família, é que os exames de sangue (glicose, triglicerídeos e colesterol) são coletado duas vezes por semana (na Clínica da Família e na casa do paciente quando necessário). O resultado leva em média três dias para sair na internet e então o paciente pode acessar o seu resultado (o paciente recebe uma senha para acessar os resultados de seu exame no momento da coleta), mas também o resultado é impresso para a clínica e chega numa média de 7 a 10 dias após a sua coleta. Gráfico 2 28 No segundo gráfico, podemos ver que 73% dos pacientes avaliaram positivamente o uso do kit na visita domiciliar e 68% fizeram uma boa avaliação da duração da visita (poderia ser uma visita demorada, considerando a variedade de dispositivos). Uma vez que a satisfação é uma medida subjetiva, centrada no usuário, fatores psicossociais ganham importância na compreensão de satisfação. A expectativa dos pacientes é, sem dúvida, um fator determinante na resposta à avaliação, fatores como a satisfação com a vida em geral e da comunidade em que reside, o nível de credibilidade de médicos na região, e o estado atual de saúde do usuário , que podem intervir não apenas por gravidade, mas através da limitação psicológica doença física, mental ou social resultante, tal como a depressão. Houve um alto grau de satisfação dos usuários das visitas domiciliares na CF estudada, podendo haver uma associação da satisfação com as seguintes variáveis: duração da visita, frequência de visitas, o equipamento e a relação usuárioprofissional de saúde. Ressalta-se que o baixo nível de escolaridade e baixa renda 29 familiar dos usuários podem estar favorecendo o julgamento de satisfação com o serviço de saúde, pois o usuário tende a ser mais condescendente com o atendimento recebido. Além disso, no Brasil precisamos considerar as desigualdades sociais que afetam a compreensão do questionário. Como consequência do atraso na escola, incluindo o público-alvo do nosso estudo, hoje vemos o envelhecimento progressivo do grupo mais afetado pelo analfabetismo no País30. Este fator também influencia a percepção do paciente sobre o que é uma visita com a mochila. Os pacientes que costumavam ser visitados, são pacientes com múltiplas comorbidades, e que na maioria dos casos não tem condições sócioculturais para entender a diferença entre as visitas. E como se trata de uma população em envelhecimento, há viés de memória, quando realizamos a segunda visita muitos deles não se lembravam da primeira visita com a mochila. De acordo com Esperidião, os pacientes sentem-se satisfeitos, independentemente da boa qualidade do atendimento recebido e a insatisfação se manifesta apenas em eventos extremamente negativos. Portanto, a satisfação não indica que a assistência foi boa, mas que não era "muito ruim"31. Apesar desses fatores determinantes, o PSF constitui uma política inovadora que tem como objetivo reduzir as desigualdades sociais e possibilitar uma cobertura 30 Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE. Síntese de indicadores sociais Uma análise das condições de vida da população brasileira 2012. Brasília, 2012. Disponível em ftp://ftp.ibge.gov.br/Indicadores_Sociais/Sintese_de_Indicadores_Sociais_2012/SIS_2012.pdf 31 Espiridião MA, Trad LAB. Avaliação de satisfação de usuários: considerações teórico-conceituais Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(6):1267-1276, jun, 2006 30 mais igualitária. Assim, é possível que a ESF esteja contribuindo para reafirmar a igualdade, um princípio do SUS que visa reduzir as desigualdades existentes entre os grupos que apresentam diferentes condições socioeconômicas, considerando as necessidades de cuidados de saúde. Mudanças no modelo de atenção à saúde e a implementação da Estratégia de Saúde da Família parecem produzir um impacto positivo e progressivo das condições de saúde da população mais pobre, uma vez que tem como objetivo reduzir as disparidades e promover a equidade. Profissionais Propomos uma análise de satisfação da equipe profissional. No total, seis profissionais responderam ao questionário, os quais usaram diretamente o kit. O gráfico a seguir apresenta a experiência do usuário a partir da perspectiva do profissional. 31 Considerando que o gráfico pode apenas dar-nos uma impressão do que os profissionais pensam sobre o projeto, uma vez que é uma análise subjetiva, podemos ver que em geral, tivemos uma boa avaliação para o uso do kit. Para uma melhor compreensão sobre a pior avaliação, o treinamento, podese supor que é por causa do excesso de treinamento. Apesar da formação ser muito boa, houve muitos treinamentos, às vezes marcados e cancelados, exigindo ausência de atividades de trabalho. Embora a avaliação seja subjetiva, a opinião dos profissionais é extremamente importante, uma vez que apresentam uma visão técnica, contextualizada, que conhece a rotina atual da Clínica da Família e os impactos gerados pelo uso de uma nova tecnologia, o kit. DISCUSSÃO No ano de 2008, 63% das mortes no mundo foram causadas por DCNT. A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou em 2010 um relatório indicando que Países de baixa e média renda estão apresentando aproximadamente 80% de encargos com doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e doenças respiratórias. O mesmo documento identifica a atenção primária como a melhor estrutura para implementação de ações baseadas em evidências para prevenção de agravos em saúde32. 32 WHO. Global status report on noncommunicable diseases – WHO, 2010. Available in: th <http://whqlibdoc.who.int/publications/2011/9789240686458_eng.pdf > Access January 15 2012 32 As doenças crônicas como doenças as cardiovasculares (DCV) são apontadas pelo MS como a principal causa de morte entre brasileiros. Em 2007, cerca de 72% das mortes no Brasil foram atribuídas às DCNT (doenças respiratórias crônicas, diabetes, câncer, doenças cardiovasculares entre outras). Entre os idosos acima de 60 anos, insuficiência cardíaca congestiva é a causa mais comum de internações hospitalares 33. Com meta estabelecida pela OMS, de redução de 25% de mortes evitáveis em 2025 por doenças crônicas, os sistemas de saúde precisam passar por transformações, abordando os determinantes sociais da saúde, sendo capazes de melhorar a gestão dos fatores de risco e reduzindo as comorbidades34. É essencial encontrar soluções que criem sinergias entre os investimentos nos países de baixa e média rendas para diversas doenças. Em países com dificuldades sociais e de acesso aos serviços de saúde, alternativas precisam ser criadas para garantir que o paciente vai ser assistido quando ele precisar. Níveis de atenção primária associados à prestação de serviços, podem ser soluções iniciais para a saúde nas áreas mais pobres e carentes. O Programa Saúde da Família do Brasil tem sido citado como um exemplo de prestação de serviços e abordagem integrada, sugerindo que a expansão do programa foi um dos principais contribuintes para o decréscimo registrado na mortalidade.35. Serviços de saúde e facilidade de acesso chegam para o paciente, sua casa e sua família36. A inserção da Clínica da Família em comunidades carentes aumentou da cobertura de cuidados e tem sido associada também com o aumento da demanda 33 Schmidt MI et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Available in: www.thelancet.com Published online May 9, 2011 DOI:10.1016/S0140-6736(11)60135-9 34 WHO. 65th World Health Assembly. Prevention and control of non-communicable diseases. Geneva: World Health Organization, 2012. http://apps.who.int/gb/ebwha/pdf_files/WHA65/A65_6en. pdf (accessed Sept 20, 2012). 35 Atun R. Improving responsiveness of health systems to non-communicable diseases. www.thelancet.com. Vol381 February23,2013 36 Aquino R et al. Impact of the Family Health Program on infant mortality in Brazilian municipalities. Am J Public Health 2009; 1: 87–93 33 por serviços de cuidados primários, a redução de hospitalizações evitáveis por doenças não transmissíveis37 e melhores resultados em termos de saúde geral38. LIMITAÇÕES DO ESTUDO Algumas limitações sobre os métodos utilizados neste estudo merecem uma análise mais aprofundada. Nós usamos uma comparação entre o controle histórico e a amostra do Programa Saúde da Família. Existem fatores de confusão (por exemplo, características socioeconômicas diferentes), mas encontramos uma grande magnitude do efeito em resultados, tais como acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca. De acordo com o Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation (GRADE) 39,40 o sistema de graduação da evidência, quando você tem uma grande magnitude de efeito, este é um fator que pode aumentar a qualidade de evidências baseadas em estudo observacional. Além disso, a escolha dos desfechos duros finais ao invés de marcadores substitutos é outra questão comentada pelo Grupo de Trabalho GRADE como uma estratégia para obter uma boa evidência. Finalmente, os indicadores de saúde do Programa Saúde da Família na Comunidade Dona Marta são melhores do que outras comunidades do Rio de Janeiro. Então, nós não temos uma boa validade externa para extrapolar os resultados para todos. CONCLUSÃO Foi realizada uma análise de custo-consequência a partir da perspectiva do Sistema Único de Saúde brasileiro, para comparar a estratégia do projeto piloto E.Health em um nível de atenção primária realizada pela Clínica de Saúde da Família, versus a abordagem convencional (controle histórico). Nosso objetivo foi avaliar se o custo inicial com o conjunto de equipamentos do Piloto E.Health resultaria em uma 37 Rocha R et al. Evaluating the impact of community-based health interventions: evidence from razil’s famil health program Health Econ 2012; 19: 126–58. 38 Macinko J et al. Major expansion of primary care in Brazil linked to decline in unnecessary hospitalization. Health Aff (Millwood) 2010; 29: 2149–60. 39 Guyatt GH et al. GRADE: an emerging consensus on rating quality of evidence and strength of recommendations BMJ 2008;336:924-926. 40 Guyatt GH et al A Jo rnal l 6 | Vol me 1 • N m er 1 34 diminuição nos custos posteriores, como a necessidade de re-internação hospitalar e os procedimentos realizados para melhor controle de doenças no nível da atenção primária. Conclui-se que, ao adotar a estratégia de Piloto E.Health, no cenário do sistema público de saúde, a morbidade pode ser reduzida para estes pacientes. Os resultados do piloto E.Health mostraram benefícios clínicos aos pacientes e econômicos aos gestores de saúde. ANEXO 1 FICHA CLÍNICA: Nome do paciente: Gênero: Idade: Altura: Peso: Temperatura: 35 HGT: Triglicerídeos: Colesterol: Pulso: Saturação: Pressão arterial: Circunferência abdominal: ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO DE CUSTOS NOME COMPLETO EQUIPE DATA Utilização de recursos físicos e humanos na Clínica da Família Santa Marta Internação nos últimos 12 meses ( ) sim ( ) não Número de diárias ______ Diárias de UTI ______ Exames complementares realizados ambulatorialmente nos últimos 12 meses: Exames Nº de exames realizados Quem pagou ? nos últimos 12 meses Ecocardiograma uni e bidimensional com Doppler Radiografia de tórax Cinecoronariografia Eletrocardiograma Ultrasonografia de abdômen Ultrasonografia de Membros Inferiores Ultrasonografia de Carótidas 36 Sódio sérico Creatinina sérica Cintilografia miocárdica Uréia Ácido úrico Hemograma TAP Potássio sérico Outros: Exames complementares realizados durante a internação hospitalar: Exames Nº de exames realizados Quem pagou ? nos últimos 12 meses Ecocardiograma uni e bidimensional com Doppler Radiografia de tórax Cinecoronariografia Eletrocardiograma Ultrasonografia de abdômen Ultrasonografia de Membros Inferiores Ultrasonografia de Carótidas Sódio sérico Creatinina sérica Cintilografia miocárdica Uréia Ácido úrico Realizou cirurgia(s) nos últimos 12 meses ? ( ) sim ( ) não Qual ? ____________________________________________________________________ Dias de trabalho perdidos em decorrência da doença: _____ dias Transporte para consulta e/ou realização de exames: ( ) carro ( ) ônibus ( ) barca ( ) van ( ) metrô ( ) outros ___________________ Nº de acompanhantes ______ ________ Gasto por deslocamento para o ambulatório Nº de idas ao atendimento (Pronto-socorro + ambulatório + internação + realização de exames) _______ Aluguel ( ) sim ( ) não Quanto pagava por mês nos últimos 12 meses _______ Outras visitas em outros hospitais (públicos e/ou privados) – Especificar o local de 37 atendimento Nº de consultas _______ Nº de internações ________ Precisou de atendimento de outros profissionais de saúde? Atendimento de outros Numero de consultas Quem pagou? profissionais Fisioterapia Fonoaudiologia Psicologia Dentista Serviço Social ANEXO 3 INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS 1) Dados de identificação: Nome completo: Endereço: Motivo da visita: Equipe que é atendido: Idade: 2) Uso dos serviços da Clínica da Família Você já foi pessoalmente à Clínica da Família? SIM NÃO É a primeira vez que você recebe atendimento em casa? SIM NÃO Você já realizou exames pela Clínica da Família? SIM NÃO 3) Acesso aos serviços da Clínica da Família PERGUNTA PÉSSIMO RUIM REGULAR BOM ÓTIMO NÃO 38 AVALIEI O que você acha da visita domiciliar Tempo de espera entre uma visita e outra Tempo de espera para realizar os exames solicitados pelo médico Em sua opinião a assistência prestada foi O uso dos equipamentos da maleta As explicações para o uso da maleta Tempo de consulta no atendimento com a maleta Facilidade no atendimento com a maleta Você ficou satisfeito com o atendimento com a maleta Qual sua avaliação geral da consulta 39