ANÁLISE DESCRITIVA DE UMA SÉRIE HISTÓRICA DE PREÇOS DA LARANJA [email protected] POSTER-Trabalhos de Iniciação Científica LEONARDO MATHEUS MARCONDES PEREIRA; SANDRA CRISTINA DE OLIVEIRA; LEONARDO DE BARROS PINTO. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, UNESP - TUPÃ - SP - BRASIL. Análise Descritiva de uma série histórica de preços da laranja Grupo de Pesquisa: Trabalhos de Iniciação Científica Resumo: A cultura da laranja é extremamente expressiva para o agronegócio do Brasil, especificamente, para o estado de São Paulo. O objetivo deste trabalho foi mostrar uma análise descritiva de uma série histórica de preços da laranja recebida pelo produtor brasileiro, cujos resultados darão suporte a análises estatísticas de séries temporais mais aprofundadas. Palavras-chave: fruticultura, séries temporais, tomada de decisão. Descriptive analysis of a time series of orange prices Abstract: The orange crop is extremely significant for agribusiness in Brazil, specifically the state of Sao Paulo. The aim of this work was to display a descriptive analysis of a historical series of prices received by producers of oranges in Brazil, whose results will support the statistical analysis of time series. Key words: fruit, time series, decision-making. 1 Introdução Atualmente vivencia-se um cenário de aumento de preços no setor de alimentos pelo mundo. Uma conjuntura que anuncia o avanço do consumo mundial e as questões climáticas são apontados como os principais aspectos que desencadearam tal situação. O Brasil possui condições plenamente favoráveis para incrementar a produção mundial de alimentos, uma vez que o agronegócio é uma das atividades mais importantes da economia nacional e tem gerado mais de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Neste contexto, destaca-se a cultura da laranja, que é extremamente expressiva para o agronegócio do Brasil, especificamente, para o estado de São Paulo. Com mais de um milhão de hectares de plantas cítricas em seu território, o Brasil tornou-se, na década de oitenta, o maior produtor mundial de laranja. O setor emprega diretamente cerca de 400 mil pessoas e é atividade econômica essencial de cerca de 300 municípios paulistas (ABECITRUS, 2008). Na safra de 2005/06, o Brasil destacou-se como o maior produtor mundial de laranja com 17,9 milhões de toneladas, seguido pelos Estados Unidos (8,3), México (3,9) e Índia (3,1). Em 2007 o estado de São Paulo foi responsável por quase 80% da produção nacional de laranja, com 14,9 milhões de toneladas, o que correspondeu a aproximadamente 1 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural R$4.128.075.000 em valor de produção, seguido pelos estados da Bahia, Sergipe, Minas Gerais e Paraná com valores bastante inferiores ao da produção paulista (IBRAF, 2009). A maior parte da produção brasileira de laranja destina-se à indústria do suco, concentrada no estado de São Paulo, responsável por 98% do suco que o Brasil produz. O país tem hoje 52 processadoras de laranja, das quais cinco exportam suco, todas localizadas em São Paulo. No que se refere ao suco de laranja, o Brasil detém quase 60% da produção mundial e mais de 80% de participação no mercado (USDA, 2008). Portanto, dada a importância econômica da cultura da laranja, torna-se de grande importância e relevância a realização de estudos relacionados à mesma, como forma de contribuir para a demanda crescente de informações sobre o agronegócio brasileiro. 2 Objetivos Uma vez que o preço é uma variável decisória muito importante para o agronegócio, torna-se fundamental entender as possibilidades de análise sobre tal variável, contribuindo no processo de planejamento e de tomada de decisão da comercialização de produtos. Assim, a proposta deste trabalho foi mostrar uma análise descritiva de uma série histórica de preços da laranja, recebidos pelo produtor brasileiro, cujos resultados permitirão dar suporte para análises estátisticas de séries temporais mais aprofundadas e análises qualitativas de conjuntura econômica sobre a referida cultura. 3 Metodologia Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizadas informações coletadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e disponibilizadas na base de dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Neste trabalho foi considerada uma série histórica de preços médios mensais de Agosto de 1994, período de instalação do Plano Real, até Dezembro de 2009 (IPEADATA, 2009). Com o intuito de padronizar a coleta de dados, os preços foram deflacionados pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGPDI), tendo como base o mês de Agosto de 1994. Assim, os preços nominais da laranja foram transformados em preços reais por meio da seguinte expressão: (MENDES & PADILHA JR., 2007): Correção = ([IGP_DI base] ÷ [IGP_DI outros meses]) × preço nominal Os preços reais foram analisados por meio de técnicas de Estatística Descritiva, usando métodos gráficos (apresentação gráfica e/ou tabular) e de métodos numéricos (apresentação de medidas de posição e/ou dispersão). 4 Resultados e discussões Uma análise cuidadosa da Figura 1 permite destacar algumas características evidenciadas pela série de preços da laranja, sugerindo o tipo de modelação mais adequado ao seu estudo e previsão. Pôde-se observar que, durante o período considerado, os preços nominais caminharam acima dos preços reais. Um diagnóstico preliminar dos dados nominais levaria à identificação de uma tendência crescente dos preços, porém, ao analisar os dados reais percebe-se que a existência da componente tendencial é pouco acentuada, sugerindo a influência da inflação no período. Nota-se ainda a existência de algumas oscilações periódicas, ao longo dos vários anos. 2 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Fonte: Fundação Getulio Vargas, Agroanalysis (FGV/Agroanalysis), 2009. Figura 1 – Série histórica do preço médio mensal da laranja (real/cento), recebido pelo produtor brasileiro – Agosto de 1994 a Dezembro de 2009. A Tabela 1 a seguir mostra as principais medidas descritivas obtidas a partir da série de preços deflacionados (preços reais) da laranja, possibilitando uma visão geral do comportamento dos preços médios mensais no período estudado. Tabela 1 – Medidas descritivas do preço real da laranja (real/cento). Parâmetros Média Mediana Desvio-Padrão Mínimo Máximo Valores 1,87 1,88 0,41 0,99 3,12 Quartil (1º) 1,60 Quartil (3º) 2,12 Fonte: Fundação Getulio Vargas, Agroanalysis (FGV/Agroanalysis), 2009. Observando os resultados obtidos pode-se dizer que o preço médio da série de dados foi de cerca de R$1,87 com uma variabilidade de R$0,41 em relação ao preço médio (variam de R$1,46 a R$2,28). Observa-se ainda uma homogeneidade moderada dos preços, uma vez que o coeficiente de variação (relação entre desvio-padrão e média) é de aproximadamente 21,9%. Das 186 observações consideradas, o maior preço observado foi de R$3,12, referente ao mês de Janeiro/1995. Por outro lado, nota-se que o menor preço foi de R$0,99, referente ao mês de Setembro/2000. Os valores de R$1,60 e R$2,12 deixam 25% e 75% dos preços abaixo deles, respectivamente, enquanto que, o preço mediano de R$1,88 separa a série de preços ao meio, deixando 50% dos preços abaixo deste valor e, por conseqüência, 50% dos preços acima do mesmo. 5 Considerações finais Para ser viável, um produto deve possuir competitividade econômica e, neste contexto, uma das questões relevantes a serem observadas é o comportamento do preço, que geralmente apresenta oscilações nos períodos de safra e entressafra, influenciando diretamente no processo de planejamento e de tomada de decisão da comercialização agropecuária. Assim, foi mostrada uma análise descritiva da série histórica de preços da laranja, que indicou graficamente a evolução dos preços nominais e reais, mostrando a influência da inflação sobre os mesmos e a existência pouca acentuada de movimentos na série (tendência e sazonalidade), bem como a dispersão moderada dos dados em relação ao preço médio real do período analisado. Como a média e a mediana são valores aproximados, há indícios da existência da normalidade dos preços reais, porém, esta condição deve ser devidamente avaliada. Agradecimentos: Á FAPESP, pela bolsa de IC (Processo 2009/50746-3). Referências 3 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural ABECITRUS, Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos. Disponível em: < http://www.abecitrus.com.br/historia_br.html#industria>. Acesso em: 02 mai. 2008. IBRAF, Instituto Brasileiro de Frutas. Disponível em: http://www.ibraf.org.br/ Acesso em: 27 mar. 2010. IPEADATA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br/ipeaweb.dll/ipeadata?247675234>. Acesso em: 12 ago. 2009. MARTINS, G. A. M. Estatística Geral e Aplicada. 2. ed., São Paulo: Atlas, 2002. 417p. MENDES, J. T. G. ; PADILHA JR., J. B. Agronegócio: uma abordagem econômica. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2007. USDA, United State Department of Agriculture. Disponível em: < http://www.fas.usda.gov/>. Acesso em: 20 nov. 2008. 4 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2010, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural