Serviço Nacional de Saúde Midlands Orientais PROMOVER E INCORPORAR A INOVAÇÃO Aprendendo com a experiência1 Health Services Management Centre 1 0 Texto traduzido pela Empresa Sem Fronteiras Idiomas para o Portal da Inovação na Gestão Iestyn Williams, Debra de Silva e Chris Ham Centro de Gestão de Serviços de Saúde Índice. A inovação no Sistema Nacional de Saúde (SNS) é dirigida regionalmente pelas Autoridades Estratégicas de Saúde (AES). Principais Mensagens 2 Visão Global Inovação Métodos Reflexões sobre literatura 5 5 6 7 Caminhos da Inovação Descoberta Adoção Difusão Rotinização Substituição 8 8 9 9 9 9 Inovação no SNS 10 Determinantes Características da Inovação Características individuais Características organizacionais Características ambientais 13 13 14 15 20 Esta pesquisa descreve as principais evidências de sucesso e os desafios de países que adotaram e disseminaram uma cultura de inovação. Fomentando a Inovação Teorias da Mudança Evidências Ferramentas de Disseminação Recursos de Adoção Redes Liderança Avaliação 22 22 25 27 30 33 35 O trabalho foi conduzido e produzido em conjunto pelo SNS – Midlands Orientais e o Centro de Gestão de Serviços de Saúde da Universidade de Birmingham. Principais Fatores de Sucesso 37 Referências Apêndice 1: Principais Recursos Apêndice 2: Teorias 41 45 46 Aprender como outras organizações nacionais e internacionais abordaram, planejaram e incorporaram a inovação ajudará as AES a fomentar uma cultura de inovação. 1 Aprendendo com a experiência Principais Mensagens Inovação é um termo complexo que abrange uma série de intervenções. O julgamento sobre o alcance do “inovador” ou “novidade” depende do contexto. O processo de inovação em saúde e assistência social é raramente linear, embora seja possível definir seus componentes como: descoberta, adoção, difusão e rotinização. A presente resenha delineia pontos-chave de aprendizagem sobre como difundir e incorporar a inovação no setor da saúde. A base de evidências na difusão da inovação está crescendo, mais continua completa e metodologicamente limitada. “Ainda não sabemos tanto quanto gostaríamos, e tudo que sabemos, talvez não o saibamos com certeza.” (Rye and Kimberly2007:254) Inúmeros mecanismos locais e nacionais criaram-se para facilitar a inovação em saúde, e estamos aprendendo cada vez mais sobre o que é preciso para promover e incorporar a inovação. Por exemplo, os determinantes identificados na literatura incluem: ● Fatores ligados à inovação em si tais como vantagem relativa, complexidade, compatibilidade, testagem e maturidade. ● Características de adoção (ou não adoção), de indivíduos tais como as capacidades cognitivas, atitudes, percepções e padrões de comportamento. ● Características de adoção de organizações, tais como o tamanho e a estrutura, o clima organizacional, a extensão de recursos e de infraestrutura, a capacidade de absorção e a "conectividade". ● Recursos do meio ambiente mais amplo, tais como: elementos reguladores externos ou o ambiente de mercado, as prioridades e metas nacionais, as redes externas e as demandas dos pacientes e dos grupos de defesa. Várias ferramentas e estratégias para incentivar a inovação estão disponíveis, embora existam diferentes níveis de evidência do seu impacto. Ferramentas potencialmente úteis para a difusão da inovação incluem evidências formais publicadas, ferramentas de apoio à decisão e divulgação (como orientações), redes organizacionais e interorganizacionais desenvolvimento de lideranças e avaliação e revisão. Os fatores essenciais para a incorporação da inovação no SNS podem ser resumidos da seguinte forma: ● Uma inovação bem sucedida requer colaboração e coordenação interfuncional e interorganizacional ● É improvável que uma única ferramenta de implementação seja suficiente para assegurar uma inovação ao longo do tempo. ● Não existe uma única abordagem exitosa para todos os cenários. É a interação entre a inovação, o públicoalvo e o contexto que determina a taxa de adoção. ● As inovações precisam ser adaptadas e adotadas no contexto local. ● Um clima receptivo à inovação se desenvolverá de forma incremental e em diferentes períodos de tempo. ● Uma abordagem múltipla - com vários determinantes e várias camadas, é essencial. ● Os usuários finais e as outras partes interessadas devem ser envolvidos como agentes ativos de mudança, e não como receptores passivos de inovação. ● Incentivos financeiros e outros podem apoiar a adoção de novas ideias e serviços. ● Campanhas que abordam quais as novas ideias de "mercado" que têm sido benéficas em outros lugares. ● As abordagens centralizadas para divulgação de novas ideias não devem ser descartadas, mas comprometimento e adaptações locais são importantes. É importante reforçar a capacidade e a potencialidade dentro das organizações de primeira linha. O desenvolvimento de redes além das fronteiras ou de "comunidades de prática" é importante para a divulgação. Da mesma forma, a liderança em todos os níveis é um importante facilitador da inovação. Altos níveis de "conectividade" organizacional irão facilitar uma inovação mais rápida e duradoura. Centro de Gestão de Serviços de Saúde 2 Neste contexto, e à luz dos resultados detalhados apresentados no presente relatório, as AES poderiam considerar o "menu" abaixo para a difusão da inovação: 1. Construir sobre a experiência do SNS sobre o que funcionou ou fracassou. A experiência anterior na Agência de Modernização do SNS e na Equipe Nacional de Desenvolvimento da Atenção Primária sob responsabilidade de Sir John Oldham mostrou os benefícios de trabalhar por meio de cooperativas e redes de profissionais de melhoria da qualidade para estimular e divulgar a inovação. Redes colaborativas e de profissionais não são uma panaceia, mas quando são usadas com habilidade, podem contribuir para desenvolver novas formas de melhoria no trabalho e nos serviços (ver p.32). 2. Envolver o pessoal da linha de frente e buscar seu compromisso para a mudança O trabalho do Instituto do SNS sobre a teoria dos movimentos sociais é um exemplo prático de como mobilizar pessoal da linha de frente e buscar o seu compromisso de mudar a partir de dentro do SNS. Este trabalho está intimamente relacionado ao uso de redes colaborativas e de profissionais, e que encontra expressão na noção de "comunidades de prática" como meio para promover a inovação. As AES poderiam estabelecer e apoiar comunidades de prática para facilitar a coprodução da melhoria da qualidade e do serviço na próxima fase da reforma. 3. Realizar campanhas para apoiar a ação em áreas prioritárias A campanha “100.000 vidas salvas” sobre a segurança do paciente ilustra o impacto que uma campanha pode ter em áreas onde há boas evidências sobre o que está funcionando e onde há um argumento convincente para uma ação concertada a fim de permitir alterações rápidas (ver p.23). As técnicas promocionais, planejamento e uso de nós e redes poderiam ser adotados e adaptados no SNS, tanto a nível nacional quanto das AES. 3 Aprendendo com a experiência 4. Apoiar líderes e inovadores por meio da formação e da criação de tempo livre Os gerentes seniores, líderes clínicos e funcionários envolvidos na linha de frente da inovação são beneficiados por meio de acesso à formação e a tempo e espaço para "sair da rotina" e desenvolver suas ideias. Isso pode ser feito com um programa regional de formação e apoio, mas também permitindo que pessoaschave possam visitar outras organizações no Reino Unido e outros países para aprender com sua experiência. Organizações como a Fundação de Saúde financiam oportunidades de desenvolvimento deste tipo. 5. Facilitar o acesso e o compartilhamento de conhecimentos sobre as inovações A exemplo de muitas organizações grandes e complexas há pouco compartilhamento de informações no SNS. Além disso, este não ajuda seu pessoal a ter acesso às experiências conduzidas em outros lugares nem se as mesmas funcionaram. Com base na experiência da Agência dos EUA de Pesquisa e Qualidade em Saúde, o SNS poderia criar um website para resolver estas lacunas ou incluir estudos de casos locais existentes em sites de Conhecimento, tornando mais fácil descobrir e compartilhar conhecimento sobre as inovações e difundir as melhores práticas (ver p.26). 6. Aprender com as organizações que têm um histórico de inovação A Administração de Saúde dos Veteranos do EUA ilustra como reviravoltas organizacionais e melhorias podem ocorrer através de um programa interligado de intervenções. Estas incluem a liderança do nível hierárquico mais alto, comunicação estruturada através de boletins informativos internos, e-mails e reuniões, o uso da participação e a adoção de um quadro formal de divulgação (ver p.28). Este quadro utilizou um “checklist” para a divulgação que poderia ser aplicado com modificações no âmbito do SNS. O hospital de crianças de Cincinnati é outro exemplo que destaca o papel da cultura organizacional em promover a inovação. 7. Reconhecer e valorizar a inovação e os inovadores O SNS poderia ser mais explícito no reconhecimento e valorização da inovação e dos inovadores. Por exemplo, poderia haver prêmios de inovação locais e regionais, com os vencedores sendo premiados tanto através do reconhecimento quanto do apoio prático (como a oportunidade de participar em redes nacionais e internacionais de inovação ou visitar exemplos de inovação em outros lugares). Com o tempo, os vencedores se tornariam uma comunidade de prática em torno do processo de inovação. A valorização de inovadores também envolve tolerar as formas de trabalho "inconvencional" que pessoas inovadoras frequentemente apresentam ao invés de buscar a adequação à cultura corporativa. 8. Estimular articulações com organizações do setor privado Enquanto muitas inovações no SNS surgiram "de dentro", o setor privado e organizações fora da família SNS também são uma importante fonte de novas ideias, como ilustrado pelo exemplo de Birmingham OwnHealth (ver p.19). Uma vez que o SNS adote uma abordagem mais sistemática para a captação e difusão da inovação, será importante envolver o setor privado para evitar tornar-se demasiado isolado. Isso é improvável de acontecer espontaneamente, ou seja, as AES têm um papel na facilitação do envolvimento do setor privado, bem como na criação de vínculos com universidades, organizações do terceiro setor e outras fontes de novas ideias. 9. Reconhecer e fomentar os agentes da inovação ou os campeões de mudança A inovação muitas vezes não ocorre através da invenção, mas da aplicação de tecnologias e abordagens desenvolvidas em um setor noutro setor. É necessário não apenas fomentar vínculos com organizações do setor privado, mas também reconhecer e estimular os agentes de inovação. Estes são indivíduos que podem construir uma ponte entre diferentes setores e estabelecer novas redes e comunidades. As redes permitem converter desvios individuais (modelo “aka” de inovação) em desvios coletivos e, portanto, incorporá-los com mais força nas rotinas organizacionais. 10. Use concorrência e incentivos para impulsionar a inovação Os líderes do SNS, sejam eles gerentes ou clínicos, têm desejo e energia inerentes de serem considerados na vanguarda do desempenho. Um sistema de prêmios e reconhecimentos da inovação incentivará este desejo, mas algo a mais pode ser necessário. Organizações como a Administração de Saúde dos Veteranos dos EUA e o Instituto de Melhoria de Sistemas Clínicos em Minnesota têm usado informações sobre o desempenho comparativo de hospitais e clínicas para estimular a melhoria e a inovação (ver p.18). Em alguns casos, isso tem sido associado a modestas recompensas financeiras, mas, de modo geral, essas organizações confiam mais no desejo dos líderes de bom desempenho e serem reconhecidos por ele. O SNS poderia recorrer a esse desejo através do uso sistemático e transparente de dados sobre o desempenho comparativo. Esta variedade de abordagens mostra que é extremamente importante que os líderes sêniores estejam totalmente envolvidos em qualquer abordagem adotada. Para que a inovação seja mais eficiente no interior e por meio do SNS, não é suficiente que o pessoal da linha de frente e os líderes clínicos sejam desenvolvidos e apoiados. A mudança nos microssistemas deve estar ligada à mudança dentro das organizações e das regiões como um todo. Centro de Gestão de Serviços de Saúde 4 Visão Global A existência da inovação, em qualquer estrutura, implica no seu progresso e melhoria. Como tal, sua importância na configuração do setor de saúde e de prestação de serviços tem sido considerada há muito tempo. Por outro lado, a verdadeira realização da inovação é muito mais complicada e contestada. Isto ocorre, em parte porque, com uma inspeção mais minuciosa, o conceito é, ao mesmo tempo, vago e se assemelha a um alvo em movimento: Como é que vamos decidir o que é uma intervenção inovadora e valiosa? E quando é que as práticas inovadoras se tornam obsoletas e precisam de substituição ou de novo design? Como a inovação pode ser adotada rotineiramente e incorporada na prática? No âmbito do SNS, a captação de novos produtos e práticas se faz a uma taxa desproporcionalmente lenta (Sheldon 2004, Black 2006) e casos de boas práticas muitas vezes não conseguem se espalhar para além das fronteiras profissionais, organizacionais e geográficas. Este aparente fracasso levou a uma sucessão de iniciativas governamentais, culminando, recentemente, na exigência legal imposta para inovar no âmbito das Autoridades Estratégicas de Saúde Inglesas (Darzi, 2008). No entanto, a fim de cumprir esta exigência, as AES precisam realizar uma apreciação detalhada e baseada em evidências. Este relatório apresenta os resultados de uma revisão de literatura sobre os determinantes da inovação dentro de cuidados sociais e de saúde. Após descrição dos métodos utilizados para recolher informação, examina como a inovação pode ser incorporada às práticas do SNS e, em especial, o papel dos atores locais no processo. 5 Aprendendo com a experiência Inovação Embora o termo "inovação" necessariamente incorpore uma gama de fenômenos, é importante identificar as principais características que o definem. No entanto, isto pode ser difícil em razão das várias definições utilizadas na literatura. É geralmente aceito que o termo inovação implica não apenas invenção, mas também a implementação (ou adoção). Também é claro que a dimensão de inovação só pode ser entendida em relação ao contexto. Em outras palavras, a mesma intervenção pode não ser inovadora em circunstâncias diferentes ou alteradas. Isso torna a avaliação objetiva dos graus de "inovatividade" problemática. O termo está ligado às noções de "novidade", "recência" ou "diferença", que podem ser mais passíveis de mensuração objetiva (Rye & Kimberly 2007), mas em última análise, a decisão sobre o que é ou não é inovador envolve um julgamento. Para efeitos desta análise, definimos inovação como qualquer prática ou produto que representa um afastamento consciente e significativo do comportamento atual (Rye & Kimberly, 2007). Este elemento de descontinuidade distingue inovação de uma ampla gama de tipos de melhoria. Helfrich et al (2007:281) utilizam a definição de "idéias, práticas ou tecnologia que são percebidas como novas pelo adotante". Freeman et al (2006:2) vão mais longe ao sugerir que, para ser inovadora, a intervenção deve "mudar fundamentalmente as características da organização, seus sistemas de produção ou de mercado". Isso não significa, porém, que todas as inovações irão apresentar rupturas dramáticas em relação a problemas-limite. Como processo, a inovação também pode ser gradual e incremental (Hwang & Christensen, 2007), porém constitui uma mudança radical ao longo do tempo (ver, por exemplo, Buchanan et al 2005). As inovações são mais propensas a serem simples e de baixo custo do que complexas e caras. Métodos “Uma inovação pode ser grande ou pequena. Os principais objetivos da revisão da literatura realizada são: Nova em folha ou apenas um pouco diferente, não importa. Uma inovação pode ser claramente complexa ou aparentemente simples... O tipo, a indústria e o estilo da inovação são irrelevantes; o impacto de uma inovação determina sua qualificação". (realinnovation.com) As intervenções inovadoras vão desde aquelas que afetam fundamentalmente as principais tarefas clínicas (geralmente reunidas na forma de um novo medicamento ou procedimento) às inovações gerenciais e organizacionais que impactam num espectro de atores do sistema (Parnaby & Towill, 2008). Com efeito, a distinção entre inovação clínica e organizacional precisa ser realizada com a ressalva de que qualquer nova intervenção tem impactos sobre o comportamento individual, grupal e organizacional. Outras subcategorias incluem ainda "inovações sociais" - intervenções destinadas a fortalecer a comunicação e o trabalho em equipe (Djellal & Gallouj, 2007) - e as inovações em matéria de governança (Hartley & Moore, 2008). Finalmente, há uma crescente atenção para o potencial transformador de inovações "disruptivas" – novas e radicais intervenções que ameaçam modelos estabelecidos, práticas e interesses (Hwang & Christensen, 2007). Portanto, o conceito de inovação engloba uma série de atividades. Embora grande parte da literatura enfoque hospitais, os cenários de inovação variam de prática clínica em cuidados primários e secundários, passando pela assistência social, até saúde domiciliar ou comunitária. Da mesma forma, os "usuários finais" de inovações incluem não apenas clínicos, mas também outros atores, como os enfermeiros, agências reguladoras, os contribuintes e os pacientes (Gelijns et al, 2001). 1. Sintetizar a evidência sobre os determinantes da inovação em saúde; 2. Apresentar estudos de casos de fracasso e sucesso da inovação em contextos nacionais e internacionais. 3. Identificar as principais lições aprendidas para o SNS. Dada a extensão da literatura potencialmente relevante, adotou-se uma abordagem seletiva para a pesquisa. Em primeiro lugar, nós conduzimos uma “revisão das revisões”. As revisões formais de temas relevantes para a questão da inovação foram as fontes principais de evidência. Essas foram completadas por políticas, prática e pesquisa em áreas de interesse específico. Outros tipos de literatura incluem estudo de casos selecionados, artigos de opinião e contribuições teóricas. A resenha tem abrangência internacional e inclui documentos publicados em língua inglesa no período 1999-2009, especialmente relativos, embora não de modo exclusivo, a contextos do setor público. As pesquisas foram conduzidas com base em bancos de dados referentes a assistência social e de saúde (Medline, EMBASE, CINAHL, PubMed, Cochrane, Elite de Negócios de Saúde, resumos de serviços sociais, TRIP (Transformando Pesquisa em Prática), ASSIA), utilizando uma gama de termos de pesquisa (por exemplo, “inovação”, “adoção”, “cobertura”, “implementação”, “difusão”, “disseminação”, “melhoria”) e busca manual de bibliografias. Também contatamos mais de 30 especialistas internacionais para pedir-lhes recomendações e estudo de casos. Os documentos e informações obtidos foram selecionados de acordo com o rigor e a relevância . Centro de Gestão de Serviços de Saúde 6 A trajetória da inovação Reflexões A literatura sobre o alcance e a difusão da inovação é vasta, mas sofre de uma série de lacunas e pontos fracos (Greenhalgh et al 2004, Länsisalmi et al, 2006, Leeman et al 2007, Mitton et al 2007). É importante delineá-los brevemente antes de procedermos ao resumo da literatura. Grande parte da evidência empírica diz respeito a inovações médicas tradicionais e, como consequência, há menos a aprender em relação às intervenções mais complexas. Só recentemente os pesquisadores procuraram entender os fatores organizacionais e do sistema que impedem ou facilitam a inovação (Fitzgerald et al, 2001). Literatura é mais voltada para análise do adotante da inovação individual. Os estudos empregam diferentes definições de termos como "inovação", "adoção" e "difusão". Isto torna difícil a comparação dos resultados (Fleuren et al 2004, Ellis et al 2005, Williams & Dickinson 2008). Por vezes, a literatura sobre inovação em saúde é expressa em linguagens divergentes. Por isso, é importante esclarecer algumas das principais escolas de pensamento, suas perspectivas e contribuições sobre o tema. O apêndice 2 descreve o quadro de teorias centrais a respeito da inovação. 7 Aprendendo com a experiência A sustentação e a desativação (em oposição à adoção e difusão) são as fases menos compreendidas do processo de inovação (Greenhalgh et al 2004, Buchanan et al 2005). Nenhuma revisão formal da evidência sobre a inovação na assistência social foi identificada. Embora alguns dados do estudo de caso abordassem as estruturas de assistência social (Osborne 1996, Henderson 2001, Stevens et al 2005), esta continua a ser uma lacuna significativa. Poucos estudos empregam um desenho sistemático e menos ainda exploram as bases teóricas (ou modelos) da mudança (Faulkner et al 2003, Haines et al 2005) "A pesquisa crítica é fundamental para melhorar o que sabemos sobre o impacto das inovações na prestação de serviços de saúde e na vida das pessoas e para usá-las da maneira mais apropriada. Isso implica na clarificação dos contextos em que a inovação revela-se clinicamente e socialmente valiosa ou não.” (www.hinnovic.org) A literatura que sustenta esta resenha é, portanto, parcial e limitada. Existe a necessidade de extrapolar a aprendizagem a partir de contextos que, em alguns casos, são bastante diferentes do SNS. Assim, a identificação de lições para a inovação no âmbito do SNS é caracterizada por estas considerações de rigor e relevância. A trajetória da inovação (ou ciclo) pode ser caracterizada por uma série de etapas, conforme descrito abaixo. No entanto, é importante notar que, na realidade, as evidências sugerem que a inovação raramente corresponde a um modelo linear (Fitzgerald et al, 2002). O processo pelo qual as organizações de usuários de saúde descobrem inovações permanece um tanto ad hoc, apesar dos investimentos em exploração de horizonte (Knudsen &Roman, 2004) e pesquisa e desenvolvimento. Os recém-criados centros de inovação do SNS, juntamente com a orientação sobre os direitos de propriedade intelectual, são uma resposta a falta de coesão e padronização na identificação e desenvolvimento de inovações de dentro do SNS (DH, 2002). A inovação tem sido tradicionalmente associada a avanços na prática clínica, de modo que a grande responsabilidade de identificar a inovação compete aos médicos sêniores (Berwick, 2003). No entanto, este arranjo é insatisfatório, especialmente dada ampla gama de inovação buascada. Há um consenso crescente de que uma série de inovações potencialmente benéficas estão "lá fora" - o desafio é principalmente de identificação e implementação (Hargadon, 2003) Descoberta Adoção Para efeitos desta análise, a adoção é entendida como a As inovações podem ser desenvolvidas internamente ou adotadas a partir de fontes externas em processos referidos por Adams et al (2006) como: "identificação de oportunidades", "análise de oportunidades", "gênese de ideias", "seleção de ideias" e "desenvolvimento de conceitos". Os canais externos para identificar a inovação incluem a transferência de políticas de sistemas de saúde internacionais, de outras configurações do setor público e da indústria. As três principais esferas comerciais relacionadas à saúde são a indústria farmacêutica, a indústria de dispositivos médicos e a indústria de biotecnologia. Estas indústrias variam em termos de sua estrutura de mercado e maturidade, e essa variação pode ter impacto sobre o seu "encaixe" com as necessidades dos usuários de saúde (Gelijns et al, 2001). decisão organizacional de aceitar ou rejeitar uma inovação (RyeKimberly&2007). Claramente, no âmbito do SNS, tais decisões podem ser tomadas em momentos diferentes por uma variedade de indivíduos e organizações, incluindo comissários, organizações prestadoras de serviços e organismos nacionais, como a NICE. A adoção também pode ocorrer implicitamente, sem uma decisão formal (Fitzgerald et al, 2002). Na fase de adoção, existe uma exigência de clareza dos papéis e funções. A pesquisa sugere que essa clareza não está sempre presente (Williams & Bryan, 2007). A fase de adoção é também o ponto em que a evidência formal e a orientação a respeito dos custos, benefícios e riscos da inovação devem ser consideradas . Centro de Gestão de Serviços de Saúde 8 Difusão Na sequência da adoção, a difusão é o processo de adaptação necessário para acomodar o novo produto ou prática dentro de um ambiente de saúde particular (Berwick, 2003). Inevitavelmente, as inovações que são difundidas com sucesso sofrem mutações para se ajustar ao contexto. Embora do ponto de vista da medicina baseada em evidências mais ortodoxa isso possa constituir diluição ou desvio, a adaptação é bem-vinda por aqueles que consideram que os sistemas de saúde são complexos e variados e, portanto, não se prestam a soluções simplistas (Berwick, 2003). Também é importante evitar a difusão inadequada - por exemplo através da introdução de práticas dispendiosas e/ou ineficazes (Rye &Kimberly, 2007). Rotinização A rotinização é necessária à inovação para que ela se torne sustentável e pode ser definida como o processo através do qual as inovações se conservam por um período adequado (Greenhalgh et al, 2004). Para tanto se exigem novas formas de trabalho para que a inovação seja incorporada na prática, nos regimes de gestão de desempenho e nas normas culturais - em outras palavras, para tornar-se parte da cultura corporativa (Buchananetal, 2005). A probabilidade é que a "sustentabilidade" se manifestará como a "sucessão" ou "adaptação", uma vez que a inovação sofre uma mutação e congela com o ambiente organizacional. Substituição Num serviço que é continuamente inovador, a difusão e a rotinização não podem ser consideradas como os únicos pontos finais. É igualmente importante o processo de identificação de produtos e práticas que devem ser interrompidas ou substituídas. No entanto, esta é uma área de atividade que é invariavelmente negligenciada na política e na pesquisa (Williams & Dickinson, 2008). 9 Aprendendo com a experiência Inovação no SNS A inovação é central para a agenda de reformas na assistência social e médica, tanto nacional como internacionalmente. Apesar de uma estimativa anual de gastos de cerca de 3 bilhões de libras em dispositivos médicos. (www.technologyadoptionhub.nhs.uk), o SNS inglês, no âmbito da inovação, é considerado aquém em comparação com setores que não sejam de saúde, bem como de sistemas de saúde em outros lugares (Sheldon 2004, Preto 2006, Liddelletal2008). Esta perspectiva foi confirmada por revisões recentes das reformas e do desempenho do SNS (Wanless 2004, Cooksey 2006, Darzi 2008). A revisão Cooksey, por exemplo, recomenda o aumento do financiamento para a introdução da adoção da tecnologia baseada em evidências dentro do SNS, e Darzi (2008) identificou especificamente a inovação como uma fonte de preocupação para o SNS. A exigência de um maior enfoque na divulgação de evidências também se reflete no recém-formado "Centro de Adoção de Tecnologia do SNS" e no programa de implementação dentro do NICE (NICE, 2008). As seguintes causas são geralmente consideradas como as principais razões de um desempenho inferior: Disconexão entre evidências e prática: A absorção lenta da inovação é considerada como sendo um aspecto do desafio mais geral de implementação de prática baseada em evidências em saúde (Grol &Wensing, 2004). O déficit nessa área é impulsionado por fatores tais como a fragmentação nas práticas de comissionamento e de compra no SNS; falta de interação entre a indústria e o setor público (HITF 2007, Liddell etal2008) e o uso irregular ou sub-ótimo de repositórios de orientações ou revisões baseadas em evidências. Escassez de Expertise e Método: As habilidades e conhecimentos específicos necessários para a descoberta e difusão de inovações estão fora daqueles incorporados pelos profissionais de saúde. É insuficiente depender de agentes de mudança externos para alcançar uma mudança radical e/ou contínua e melhoria (Greenhalgh et al, 2004). Características do SNS: Apesar das sucessivas reformas, o SNS continua a ser uma organização relativamente centralizada. Ao mesmo tempo, a expansão total e a diferenciação interna têm aumentado sem integração equivalente das partes constituintes. Esta é considerada como a razão que levou tanto à fragmentação quanto à duplicação de serviços (Glouberman & Mintzberg 2001, 2001a). O tamanho e a complexidade do SNS podem eles mesmos impedir a inovação (Greenhalgh et al, 2004). Além disso, a estrutura hierárquica do SNS e a regulação e gestão de desempenho de seus componentes pode levar à aversão ao risco entre aqueles que trabalham dentro dele. Juntamente com os problemas de complexidade e fragmentação, o SNS continua a ser uma organização caracterizada por grupos de profissionais caros, especializados e poderosos, bem como instituições e modelos de atenção de alto custo. Como resultado, a resistência à mudança pode tornar-se codificada em paradigmas profissionais e de prática. Quando combinado com as preocupações dos reguladores sobre colocar pacientes em risco desnecessário, isso pode trazer estagnação e inércia (Christenson et al, 2000). Falta de sensibilização das inovações: Restam relativamente poucas rotas fáceis e universalmente acessíveis à informação sobre a inovação. Aquelas que existem nem sempre são totalmente acessadas pelos profissionais de saúde. Isso é especialmente verdade na área de inovações organizacionais e de processo (Grol &Wensing, 2004). Centro de Gestão de Serviços de Saúde 10 Desde 1997 uma série de "blocos de construção" tentou responder a estes problemas percebidos (SteelFisher, 2005). Por exemplo, o Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica (NICE) tornou-se um ponto focal para a avaliação das tecnologias da saúde e desenvolvimento de diretrizes clínicas, com foco na avaliação de produtos licenciados e práticas e a produção de diretrizes baseadas em evidências. Um dos principais objetivos de NICE é gerar inovação através da rápida divulgação de novas intervenções economicamente eficientes (SteelFisher, 2005). Embora NICE seja visto como um líder mundial no desenvolvimento de orientação e divulgação (WHO, 2004), o longo tempo que ele leva para analisar as evidências levou alguns a criticá-lo por retardar o acesso a novos tratamentos e inovações (Summerhayes & Catchpole, 2006). Além disso, a produção do Instituto até agora não tendeu a incluir conselhos sobre tecnologias inovadoras ou "disruptivas" e só recentemente começou a oferecer apoio à implementação das recomendações de avaliação (NICE, 2008). O equivalente de NICE na área de assistência social – o Instituto de Excelência da Assistência Social (SCIE) tem como objetivo difundir evidências de boas práticas e apoiar a transformação de serviços de assistência social (www.scie.org.uk). Isto é realizado através de publicações baseadas em pesquisas e recursos. A estratégia para construir uma infraestrutura de apoio à inovação em ambos os campos (saúde e assistência social) tem sido implementada e recebeu impulso da recente revisão de Darzi (2008). Isto inclui o Conselho de Inovação em Saúde, que é encarregado de fornecer uma visão geral de todas as outras características do cenário da inovação e de incorporar a inovação em todos os aspectos da assistência médica e social. O Conselho trabalhará em estreita colaboração, especialmente, com os serviços de atenção primária e as comunidades de boas práticas. Os "Centros de Inovação" ingleses alinhados com as Autoridades Estratégicas de Saúde também trabalham para defender a causa da inovação, e identificar e apoiar a inovação e práticas inovadoras que se originam no âmbito do SNS. 11 Aprendendo com a experiência Diálogo adicional entre governo e indústria sobre a regulação e fornecimento de produtos médicos complexos tem ocorrido numa tentativa de alinhar melhor as agendas dos produtores e dos adotantes (HITF, 2007) O recém constituído Centro de Adoção de Tecnologia do SNS é um órgão nacional que visa apoiar a rápida adoção de tecnologias inovadoras e é uma resposta direta para a lentidão na absorção no âmbito do SNS. O Centro está em processo de revisão das práticas nessa área e de realização de "projetos de implementação" de uma amostra de tecnologias (www.technologyadoptionhub.nhs.uk). Como parte de sua pesquisa sobre a adoção da tecnologia, NIHR SDO está encomendando uma avaliação do trabalho do Centro." (www.ecas.org.uk). Outro recurso fundamental para facilitar a inovação é o Instituto para Inovação e Melhoria do SNS (Instituto do SNS) que apoia a identificação e difusão de inovação e melhoria no âmbito do SNS por meio de programas de apoio, formação, redes, prêmios e consultorias (Maher et al 2008, Mugglestone et al 2008). Seguindo o trabalho da Agência de Modernização do SNS, o Instituto SNS recorre explicitamente à literatura de melhorias dos movimentos sociais (Bate et al, 2004) e a projetos baseados na experiência (Bate, 2007) e vem trabalhando com o Centro de Compras Baseadas em Evidências para criar estratégias de implementação que estimulem a adoção de tecnologia no âmbito da assistência médica e social (HITF, 2007). Determinantes da inovação Outras redes relevantes para o compartilhamento de conhecimentos e experiências de inovação e melhoria incluem a Rede de Aprendizagem entre Pares para Melhoria dos Serviços de Saúde (http://networks.csip.org.uk) e a Rede de Transferência de Conhecimento em Tecnologias de Saúde (Ansell, 2007). O reconhecimento de aversão ao risco dentro do SNS sustenta a recomendação de Darzi (2008), em virtude da qual são ofertados os incentivos para apoiar e recompensar a inovação e para construir parcerias mais fortes entre as organizações de saúde, universidades e indústria. Em conjunção com o dever legal de inovar e o quadro de pagamentos da Comissão para a Qualidade e Inovação (CQUIN), tais desenvolvimentos constituem o sistema de intervenções para facilitar a inovação (DH, 2008). Aliado a estes desenvolvimentos, há o compromisso com a investigação de alto nível sobre temas de inovação, adoção de tecnologia e gestão da mudança através do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde (NIHR) (www.nihr.ac.uk). Um desenvolvimento mais recente é o Serviço Nacional de Conhecimento (www.nks.nhs.uk), criado com o objetivo de reunir o trabalho de uma gama de agências de produção de conhecimento em assistência médica e social como a NICE, SCIE, Instituto SNS, Parceria para Melhoria de Serviços de Saúde, Observatório de Saúde Pública, Agência Nacional de Segurança do Paciente, Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde, o Programa de Desenvolvimento e Pesquisa do SNS, a Agência de Proteção da Saúde, o Centro de Informação de Atenção Médica e Social e a Comissão de Cuidados de Saúde. O serviço incorporará: ● O Melhor Serviço de Conhecimento Atual: envolve avaliação das necessidades de conhecimento dentro do SNS e a coleta de dados existentes ● A Biblioteca Nacional de Saúde: um website personalizado, oferecendo acesso a evidências e informações atualizadas. ● A Rede Nacional de Gestão do Conhecimento: seu objetivo é compartilhar habilidades e boas práticas entre os trabalhadores de gestão do conhecimento ● O Serviço Nacional de Apoio à Decisão Clínica: envolvendo a avaliação e aquisição de suporte de decisão e entrega do programa de TI nacional. Estes desenvolvimentos são significativos e têm provado ser úteis em alguns casos. No entanto, a extensão da sua coerência e impacto ainda não foi completamente estabelecida. Resta um forte argumento para uma maior articulação e planejamento entre as organizações e os recursos que incluem a inovação entre seus principais objetivos. Centro de Gestão de Serviços de Saúde 12 Uma gama de disciplinas e tradições de pesquisa tem influência sobre o tema da inovação em saúde. No entanto, apesar das diferenças de ênfase e de categorização, uma imagem nítida emerge sobre os principais fatores que influenciam a inovação e adoção de inovações em saúde. A relativa importância das distintas categorias de determinantes é menos clara. Esta seção detalha o conjunto de determinantes identificados na revisão. Eles são agrupados em quatro categorias: ● Características da inovação ● Características do(s) indivíduo(s) que adota(m) ● Características da(s) organização(ões) adotante(s) ● Recursos do meio ambiente em geral Após a descrição de cada categoria, um comentário é inserido sobre as forças de evidência, de eficácia e de impacto. Características da Inovação Grande parte de evidências sobre os aspectos de inovações que influenciam sua adoção e disseminação deriva da difusão da literatura de inovação. As principais características incluem: Vantagem Relativa: até que ponto a inovação é - ou é percebida - como sendo melhor do que a prática atual (Sanson-Fisher, 2004). Claramente, esta não é uma propriedade fixa da inovação, estando ligada à mobilização das evidências, à experiência e à persuasão envolvidas no convencimento dos usuários finais de seus benefícios. Compatibilidade: na medida em que a inovação se enquadra às crenças atuais, práticas e culturas (Kimberly & Cook, 2008). Pesquisas indicam que quanto mais radical (e, portanto, perturbadora) é uma tecnologia em relação às formas atuais de funcionamento, mais apoio é necessário para sua implementação (Greenhalgh et al, 2004). 13 Aprendendo com a experiência Complexidade: o grau em que uma inovação é ou é percebida – como simples de adotar. Se por um lado que algumas intervenções médicas parecem ter implicações previsíveis para os executores, parece que inovações organizacionais, por exemplo, são susceptíveis de gerar maior resistência e, portanto, requerem maior apoio para implementação (Ferlie et al, 2005). Essa característica por vezes é designada “características de uso” da inovação (Rye & Kimberly, 2007). Quanto mais complexa é a inovação - por exemplo, quando requer uso coordenado de vários membros da organização - mais provável será a necessidade de ser adaptada (ao invés de simplesmente adotada) a um determinado contexto (Helfrich et al, 2007). Experimentabilidade: Até que ponto uma inovação pode ser introduzida inicialmente em pequena escala a fim de observar resultados antes da implementação completa. Existe quem apoia a ideia de que os benefícios que se manifestam dentro da organização ou sistema de adoção são mais valorizados do que os gerados em estudos formais. Portanto, a habilidade de pilotar uma inovação é um preditor significativo de difusão (Berwick 2003, Helfrich et al 2007). Isso está ligado à noção de "observabilidade" (Rogers, 2003) - a visibilidade da inovação e seus benefícios. Em muitos aspectos, as propriedades de uma dada inovação não podem ser separadas da abordagem usada para a sua introdução. As percepções da vantagem relativa da inovação, complexidade e observabilidade, por exemplo, são moldadas pelas implementação e estratégia de retorno adotadas, a presença de defensores da adoção e da disponibilidade de evidências e informações localmente geradas. Da mesma forma, o "suporte do fornecedor" para a implementação (Rye & Kimberly 2007) e da maturidade da inovação (Phillips et al, 2006) também influenciam a extensão em que os canais estabelecidos de contratação, abastecimento e implementação são passíveis de serem instalados. Características Individuais Grande parte da literatura mais antiga sobre barreiras e facilitadores para a inovação nos cuidados de saúde concentra-se sobre o papel desempenhado por indivíduos (muitas vezes os médicos) que levaram ao desenvolvimento de recursos como diretrizes clínicas e tecnologias de apoio à decisão (Williams & Dickinson, 2008). Este trabalho foi ampliado mais recentemente, com foco em organizações e sistemas. Entretanto, ainda há considerações importantes ao nível individual que precisam ser estudadas. A difusão do modelo clássico de inovação (Rogers, 2003) classifica os indivíduos como: o Inovadores: aqueles indivíduos formalmente ou informalmente encarregados da busca de criação de inovação o Adotantes Precoces: indivíduos que são menos avessos ao risco e que inculcaram menos as normas vigentes e práticas do que seus pares. Estão preparados para se vincular com inovadores a fim de facilitar a introdução de novas práticas e produtos. Os adotantes iniciais são geralmente 'líderes' de alguma forma e, portanto, têm o potencial para aumentar a receptividade dos outros para a inovação. o A Maioria Precoce: este é um grupo considerável que está preparado para adotar uma inovação, tal como apresentada por líderes carismáticos, sujeita a considerações como vantagem relativa e complexidade. o A Maioria Tardia: este é um grupo equivalente que irá adotar uma inovação quando ela parecer ao status quo. O Os retardatários: este pequeno grupo de indivíduos mantêm uma preferência por práticas anteriores, apesar da inovação se tornar prática comum. Esta tipologia é uma construção que não é evidente para a inovação em todos os contextos (Berwick, 2003). Em particular, tem sido desenvolvida em relação a produtos (por exemplo, dispositivos e tratamentos) ao invés de inovações baseadas em processos (Buchanan et al, 2007). No entanto, constitui um quadro útil para estudar a interação de características de inovação e de indivíduos quanto ao grau de receptividade à mudança. Outra tipologia, elaborada por Pope et al (2006), distingue entre "oportunistas", "pragmáticos", "idealistas" e "céticos". Em seu estudo sobre a introdução de Centros de Tratamento, eles detalham como o foi necessário um acordo entre estes diferentes atores para que as novas práticas fossem incorporadas. As capacidades cognitivas individuais, as percepções de atitudes e os padrões de comportamento têm sido mostrados como determinantes importantes da adoção de novos produtos e práticas (Grol & Wensing 2004, Williams & Dickinson 2008). Além disso, os aumentos do leque e do volume de informações disponíveis levaram a uma alegada "sobrecarga" entre os profissionais de saúde (Clancey & Delaney, 2005). Claramente, a inércia resultante e falta de motivação dificultarão a inovação. Mesmo aqueles mais inclinados para a inovação irão calcular os benefícios percebidos das novas práticas contra risco - tanto para si quanto para usuários dos serviços. Se as pessoas acreditam que seu trabalho será adversamente afetado como resultado da inovação, ou se ela é percebida como difícil de implementar, há uma maior probabilidade de que a nova tecnologia será rejeitada (Williams & Dickinson, 2008). Da mesma forma, as experiências negativas de inovações anteriores irão aumentar a aversão ao risco (Parnaby & Towill, 2008) bem como a preocupação geral com a estabilidade e o futuro do lugar de trabalho e o papel individual dentro dele (Buchanan et al, 2005). Centro de Gestão de Serviços de Saúde 14 Finalmente, a literatura sugere que "a incerteza da tarefa" (por exemplo, devido à falta de informações sobre o processo de adoção e suas implicações) pode criar uma perspectiva avessa ao risco nos adotantes (Karsh, 2004). A pesquisa sobre como os avanços acontecem mostrou que a inovação não ocorre com a invenção, mas através da aplicação de tecnologias e abordagens desenvolvidas num setor noutro. No centro deste processo encontram-se "corretores de tecnologia”, que reúnem ideias, pessoas e objetos. Esses indivíduos têm a capacidade de ligar mundos distantes e também construir comunidades e redes. Isto é importante porque, no início, a inovação é um mero desvio. As comunidades e as redes ajudam a construir apoio à inovação e, assim, converter o desvio individual em desvio coletivo. Sustentar uma inovação requer a necessidade das redes irem além de suas fronteiras organizacionais e funcionais (Hargardon, 2003). Características Organizacionais A importância do contexto organizacional é constantemente citada na literatura (Savitz et al 2000, Berwick 2003, Fleuren et al 2004, Greenhalgh et al 2004, Buchanan et al 2005, Helfrich et al 2007, Rye & Kimberly 2007, Williams & Dickinson 2008). Existe uma crescente percepção de que muitas inovações - especialmente aquelas que são complexas – são adotadas principalmente pela organização e, portanto, o determinante central da adoção é o alinhamento entre a tecnologia e os objetivos, estrutura e clima da organização adotante (Shortell & Kaluzny, 2006). A partir desta perspectiva, as percepções e crenças individuais são muitas vezes apenas uma extensão do contexto organizacional. Características da maioria das organizações inovadoras Portanto, os fatores de nível individual afetarão os níveis de aceitação e importância da participação ativa na inovação. A implicação é que as pessoas devem ser encaradas como agentes ativos de mudança, em vez de implementadores passivos (Greenhalgh et al, 2004). As estratégias de inovação de sucesso deverão ser apresentadas num quadro que é inteligível e atraente para os indivíduos e grupos envolvidos. ● Valores compartilhados fortes e claramente expressos. ● Sentido histórico forte e claramente comunicado. ● Foco intenso no consumidor. ● Culturas que incentivam a abertura e bom humor ● Comemoração constante de sucessos. ● Foco claro sobre as tendências, mesmo aquelas que não parecem afetar diretamente os negócios atuais. ● Equipes funcionais multidisciplinares. ● Uma apreciação das pessoas que trabalham com eles e tudo o que podem trazer para a organização. www.aspirenow.com 15 Aprendendo com a experiência Os aspectos importantes da organização incluem: Estrutura: É geralmente aceito que as organizações assimilam inovações mais prontamente quando elas estão funcionalmente diferenciadas (isto é, constituídas de departamentos e unidades semiautônomas) e especializadas (Greenhalgh, 2004). Em contraste, a centralização - com a tomada de decisões concentrada no topo da hierarquia – pode provavelmente impactar negativamente a inovação (Fitzgerald et al, 2002). As organizações inovadoras evitam hierarquias rígidas, favorecendo a tomada de decisão descentralizada e são investem em ter linhas claras de responsabilidade combinadas com redes abertas e multifuncionais de co-trabalho e intercâmbio de informações (Buchanan et al 2005). A ênfase excessiva no cumprimento de regras e procedimentos (formalização) também militará contra a inovação (Fitzgerald et al, 2002). A complexidade estrutural pode inibir a adoção de inovações, especialmente onde a comunicação entre as camadas e as fronteiras departamentais e interorganizacionais não é ativamente promovida. Clima Organizacional: um importante preditor de inovação é saber até que ponto os empregados percebem que a inovação é uma prioridade organizacional que é incentivada, facilitada e recompensada (Helfrich et al, 2007). Um preditor significativo de inovação é a existência de antecedentes de inovação (Rye & Kimberly 2007), uma vez que os sucessos precedentes trazem receptividade para melhorar ainda mais (Greenhalgh et al 2004, Buchanan et al 2005). A receptividade à inovação reflete-se em estruturas de incentivos e regimes de gestão de desempenho, mas também depende da estrutura e do processo: será que a organização incentiva a criação de vínculos de inovadores e adotantes iniciais? A organização promove trocas sociais ou desenvolve hábitos e estruturas de isolamento? (Rye & Kimberly 2007). Um clima mais receptivo integrará o necessário treinamento, conhecimento técnico, apoio, recompensa e recursos e lhes formalizará em políticas organizacionais (Buchanan 2005, Helfrich et al 2007). Outro fator determinante do clima organizacional é a abordagem adotada pelos gerentes mais antigos que são responsáveis pela articulação de uma visão de inovação e pelo apoio à atividade de inovadores (Adams et al 2006, Liddell et al 2008). Um bom exemplo disto é descrito no estudo de caso 1. Os gerentes seniores precisam estar preparados para enfrentar os problemas difíceis, para mudar seu próprio comportamento e para incentivar sólidas relações de confiança (Buchanan et al 2005). Priorizar a inovação irá potencialmente ter um impacto negativo sobre os outros gerentes e imperativos, como a eficiência, acessibilidade e segurança (Helfrich et al, 2007). Recursos para Inovação: a necessidade de recursos na montagem e manutenção tem sido repetidamente enfatizada nos estudos (Shapiro & Devlin 2000, Greenhalgh 2004, Liddell et al2008). As evidências sugerem que recursos adicionais são necessários para a inovação continuar (Rye & Kimberly 2007). Esse "suporte" permite tempo e recursos a serem canalizados para novos projetos. A inovação também consome energia, exigindo, portanto a liberação de recursos humanos de outras tarefas (Berwick, 2003). Capacidade de Absorção: Estratégias para aumentar a capacidade de absorção (ou a capacidade de entender e utilizar a inovação) incluem a digitalização dos processos, liderança eficaz, fortes mecanismos formais e informais para o intercâmbio de conhecimentos e habilidades na identificação e avaliação da inovação (Knudsen & Roman2004, Williams & Dickinson 2008). Conexidade: A superação das fronteiras entre os diferentes grupos ou organizações profissionais irá influenciar no grau de "conexidade" dentro e entre as organizações (Rye & Kimberly, 2007). Quanto mais "conectadas" as partes constituintes de uma organização ou organizações, mais provavelmente a inovação será introduzida e difundida. Centro de Gestão de Serviços de Saúde 16 Claramente este é um conceito bastante intangível e que é de difícil mensuração. No entanto, a literatura sempre apoia a visão de que a proximidade e o contato regular, que ultrapassam as tradicionais fronteiras profissionais e organizacionais, facilitará a inovação (Williams & Dickinson, 2008) e que as relações de respeito e confiança podem contrabalançar outros fatores negativos (Fitzgerald et al, 2002). Há inúmeros exemplos de colaboração, redes e outras iniciativas de "conectividade" desenvolvidas para difundir e incorporar a inovação. Os estudos de caso 2, 7, 8 e 9 fornecem ilustrações de diferentes formas de conexidade. Tamanho: A evidência é ambígua com relação ao tamanho ideal das organizações que tentam inovar (Shapiro & Devlin 2000, Greenhalgh 2004). É pouco provável que esta seja uma variável independente e confiável e irá depender de fatores citados acima, incluindo disponibilidade de recursos, a diferenciação funcional e regimes regulatórios. Uma vez que o tamanho é uma proxy para os outros determinantes, as grandes organizações estarão em melhor posição para abraçar e absorver a inovação. 17 Aprendendo com a experiência No geral, há uma série de aspectos importantes de clima organizacional que são consistentes com a inovação. Estes são resumidos por Kanter (1988:172): “É mais provável [a inovação] crescer em organizações que possuam estruturas e culturas integrativas, enfatizando a diversidade, com várias ligações estruturais dentro e fora da organização, territórios cruzados, orgulho coletivo e fé em talentos das pessoas, da colaboração e de trabalho em equipe” Estudo de Caso 1: Cultura Organizacional Inovadora Panorama da Inovação O Centro Médico do Hospital de Crianças de Cincinnati é um centro médico acadêmico sem fins lucrativos com 475 leitos e 15 centros não-locais. O Hospital tem incorporado uma cultura organizacional de inovação contínua, com foco na melhoria da vida das crianças e das famílias, redução das internações e dos custos. Adoção e Difusão O Hospital tem uma visão de longo prazo de difusão da inovação. Inovação e melhoria foram pauta em cada reunião do conselho de administração e nas reuniões da gerência executiva. O diretor executivo e o conselho de administração definem as prioridades estratégicas para melhoria com base no feedback do pessoal da linha de frente e das famílias. Os líderes da linha de frente receberam tempo e recursos para visitar e aprender com outras organizações. Cada líder sênior foi responsável por, pelo menos, uma equipe de melhoria, e a compensação vinculou-se à consecução das metas da equipe. Os analistas financeiros determinaram o impacto de projetos de inovação. As ferramentas de medição desenvolveram-se no início dos projetos e foram usadas consistentemente por toda organização. Um dos objetivos era divulgar cuidados inovadores de asma. As estratégias de adoção de maior sucsso foram: - Identificação da população e criação de um registro - Treinamento de habilidades de autogestão para famílias e crianças - Coleta de dados e uso dos mesmos nas práticas - Colaboração entre clínicas - Uso de um registro baseado na web como uma ferramenta para divulgação de boas práticas - Praticar a liderança no nível clínico - Reembolso de desempenho (por exemplo, recompensas financeiras para as clínicas que adotaram a inovação) Principais Lições As pessoas podem estar mais propensas a adotar a inovação quando ela está ligada ao reembolso. Estratégias de mensuração claras e ferramentas de mensuração fáceis de usar são essenciais. A difusão da inovação é um objetivo a longo prazo, não um "projeto" de curto prazo. Manter a inovação na pauta de cada reunião a mantém na vanguarda da organização. Uma liderança forte é essencial para criar a compra da inovação por toda a organização. A alocação de recursos e a dedicação de tempo para aprender com os outros funciona bem. Designar campeões dá às pessoas um senso de responsabilidade para a inovação. Aplicabilidade no SNS Criar uma cultura de inovação será essencial, uma vez que as AES assumem o seu dever legal de promover e incorporar a inovação. As lições que podem ser aplicadas no contexto do SNS incluem discutir o alcance da inovação regularmente nas reuniões da diretoria e estar ciente do tempo significativo que pode demorar a incorporação da inovação, uma vez que isso requer novas formas de pensamento e mudanças de atitude. A armadilha que deve ser evitada pela AES é ver a inovação como um "projeto" em vez de um modo geral de trabalhar e pensar. O reembolso é um fator que pode não ser prontamente transferível. É improvável que seja viável para AES e PCTs reembolsarem práticas e para as PCTs o desempenho, embora os incentivos financeiros existentes, tais como pontos de QOF ou acordos LES possam ser úteis. As AES deveriam pensar mais criativamente, porém, sobre como incentivar PCTs, clínicas e organizações parceiras para o pensamento inovador. Esquemas de prêmios, funções de rede e dias de fora do trabalho, inovação, ranking e oferta de formação extra podem ser incentivos que a considerar. Mais informações: www.cincinnatichildrens.org Centro de Gestão de Serviços de Saúde 18 Estudo de Caso 2: Parceria com o Setor Privado Panorama da Inovação Birmingham OwnHealth é uma parceria entre o PCT (o comissário), um fornecedor do setor privado (Pfizer Health Solutions) e SNS Direct (subcontratada pelo setor privado). O programa usa os enfermeiros e as instalações da central de atendimento da SNS Direct para proativamente apoiar as pessoas portadoras de doenças de longo prazo com o objectivo de aumentar a auto-gestão e reduzir o uso desnecessário de serviços de saúde, especialmente as internações não planejadas. As pessoas portadoras de doenças como diabetes e doenças cardíacas são encontradas em listas clínicos gerais e convidadas a se inscrever no Programa de Gerenciamento de Cuidados por Telefone. Os participantes recebem chamadas telefônicas regulares que envolvem controle de sintomas, entrevistas motivacionais e informações para apoiar a auto-gestão. O Programa foi desenvolvido pela empresa Pfizer Health Solutions (Soluções de Saúde da Pfizer) nos EUA e adaptado para uso no Reino Unido. O Programa apresentou melhorias significativas na motivação para mudança, no comportamento saudável e mudanças na dieta, bem como uma tendência de redução do uso de serviços. Adoção e Difusão O Programa dos EUA divulgou-se na Inglaterra por meio de um piloto realizado numa pequena região da Grande Londres, antes de ser testado e ampliado em Birmingham. O fato de existir uma empresa privada ansiosa para realizar melhorias no Programa foi importante na adoção da gestão de cuidados por telefone na Inglaterra. O contexto político aceitava a teleassistência no momento em que o programa foi iniciado (2005), e novos recursos foram disponibilizados pelo governo central, bem como no âmbito de PCTs individuais, a fim de experimentar tecnologias inovadoras. Desde o início, Birmingham OwnHealth definiu um Programa de avaliação com medidas claras de sucesso, incluindo o valor monetário. O objetivo era coletar informações que permitissem que o Programa fosse expandido após o período experimental a outras partes da Inglaterra. Uma estratégia de comunicação também foi desenvolvida para que as organizações parceiras, o pessoal da linha de frente e outras organizações fossem contempladas por atualizações regulares. Comunicados de imprensa foram emitidos e os líderes do Programa participaram de conferências para compartilhar suas experiências. A equipe não esperou até conseguir resultados para relatar; eles tiveram como objetivo disseminar informações sobre configuração, treinamento e implementação do Programa para gerar interesse e entusiasmo. Principais Lições Os fatores de sucesso deste Programa incluem: - Aproveitar da experiência dos prestadores fora do SNS - Uma verdadeira parceria: PCT contratou o setor privado que, por sua vez, treinou os enfermeiros do SNS Direct - Investimento na capacitação: gestores de cuidados de enfermagem participaram de um programa de capacitação de 4-5 semanas - Planos de avaliação e comunicação desde o início para apoiar a difusão Aplicabilidade do SNS Uma questão para as AES e PCT é que não há muito espaço para a difusão de inovações já desenvolvidas em outros países ou regiões. No entanto, é preciso tempo para adaptar os modelos e as linguagens usados em outros lugares. Neste exemplo, o software de apoio à decisão utilizado pelos gestores de cuidados de enfermagem foi reconstruído e os pacientes queriam encontrar o seu gestor de cuidados em pessoa para conhecê-lo (em comparação aos modelos norte-americanos que eram totalmente baseados no telefone). Houve também uma ligação muito mais extensa e uma integração com serviços de clínica geral necessários. O ponto chave para a aprendizagem AES é que a inovação necessita de adaptação, não apenas a adoção do que se realizou alhures. Mais informações: www.birminghamownhealth.co.uk 19 Aprendendo com a experiência Características do Ambiente Dependendo do tipo de inovação, uma ampla série de fatores pode influenciar a sua adoção e disseminação. Estes incluem o cenário regulatório e do mercado externos (Rye & Kimberly, 2007). No âmbito do SNS, isso pode incluir prioridades nacionais e metas, as agendas e práticas de organizações de comissionamento e o comportamento dos concorrentes (por exemplo, nos mercados de prestação de serviços de saúde) (Liddell et al,2008). Conforme descrito anteriormente, inúmeros mecanismos no nível macro têm sido postos em prática para gerar um ambiente propício à inovação no âmbito do SNS. No entanto, os efeitos dessas iniciativas ainda precisam ser demonstrados e é necessária uma avaliação adicional. Determinantes externos incluem redes externas, tais como redes profissionais formais e informais (Fitzgerald et al, 2002) e cooperação e coprodução dos próprios usuários dos serviços (Bovaird 2007, Williams 2008). Esta categoria de determinantes sublinha a importância de um ambiente favorável às inovações, que podem ocasionar perturbações e risco (Tyler et al, 2007). O estudo de caso 3 ilustra algumas armadilhas que surgem quando não se pode contar com fatores ambientais e contextuais no momento de lançar a inovação. . Resumo A experiência internacional, por vezes, reflete a realidade da Inglaterra, mas pode ser divergente dela em outros casos. Por exemplo, na Austrália, não existe um organismo nacional formalmente constituído encarregado de promover a inovação, nem do ponto de vista tecnológico nem da gestão. Alguns grupos (em grande parte baseados na Universidade) pretendem incentivar a inovação em áreas específicas, e há um Centro Australiano de Recursos para a Inovação em Saúde que visa disseminar informações sobre inovação de serviços. No entanto, os profissionais e gestores, por vezes, percebem que o sistema de saúde está fragmentado e que isso se reflete na forma como a inovação é disseminada. A Inglaterra pode beneficiar de um sistema mais coeso e, portanto, com maior potencial de difundir a inovação mais rapidamente. Os determinantes da inovação afetam a inovação em si, o indivíduo adotante, o contexto organizacional e o contexto mais amplo. Para inovações complexas, é provável que haja interação entre uma multiplicidade de atributos e não é sempre simples, ou mesmo possível, identificar o qual está impedindo ou facilitando a adoção em qualquer momento (Bradley et al 2004, Buchanan et al 2005). É intrinsecamente difícil prever quais os fatores que facilitarão a inovação, uma vez que, por definição, a inovação envolve imprevisibilidade, controvérsia e a evolução de novos conhecimentos e práticas de contextos específicos (Caldwell & O’Reilly, 2003). Isto sugere que a necessidade de um planejamento caso a caso, análise e avaliação. Empreender complexas intervenções em sistemas complexos não pode basear-se em fórmulas simplistas ou "clonagem" de estratégias bem sucedidas em outros lugares. As receitas para aumentar ou facilitar a inovação são, portanto, necessariamente parciais. Com esta ressalva em mente, a próxima seção resume as evidências sobre a eficácia dos recursos e estratégias para a incorporação da inovação no âmbito do SNS. Centro de Gestão de Serviços de Saúde 20 Estudo de Caso 3: É necessário investir tempo e dinheiro Panorama da Inovação Iniciativas de melhoria da qualidade têm sido sugeridas como uma forma de garantir a inovação e a melhoria contínua na área da saúde e em outros setores. Alemanha, Japão e Estados Unidos empreenderam grandes esforços para avaliar como metodologias de melhoria da qualidade da indústria podem ser transferidas aos cuidados em saúde. Por exemplo, nos EUA, um projeto nacional de demonstração de melhoria da qualidade foi criado. Vinte e uma organizações de cuidados de saúde de todo o país uniram-se a um número igual de especialistas em gestão de qualidade industrial para formar as equipes de projeto locais. Cada equipe produziu uma declaração formal sobre o desafio a ser abordado, um plano de trabalho e um acordo para informar sobre os progressos oito meses depois. Cada projeto abordou diferentes áreas, mas todos aplicaram os princípios de medição contínua, pequenos passos incrementais, relatórios regulares e feedback. Adoção e Difusão Ao mesmo tempo, a exemplo dos projetos de demonstração dos Estados Unidos, o SNS também investiu num programa piloto de três anos sobre a "gestão da qualidade total", iniciado pelo Departamento de Saúde com 23 cenários, desde departamentos dentro de unidades até bairros inteiros. Iniciativas formais de melhoria de qualidade podem ser caras. Estimou-se que o custo médio para uma unidade de tratamento intensivo alcançou £ 350.000 a £ 500.000 por ano para os primeiros dois a três anos. O impacto pareceu insignificante e apenas dois dos 23 locais tiveram um bom progresso. Principais Lições As principais lições do pilotos do Departamento de Saúde são as seguintes: Houve um contexto geral pouco receptivo à inovação e à melhoria no SNS. O pessoal e as equipes sentiram que havia pouca estabilidade dentro de suas organizações e que qualquer novo programa era apenas o "regime mais recente" e logo seria substituído por outra coisa. Um local de demonstração foi mais bem sucedido devido a uma ameaça percebida a partir de um hospital de ensino local. Pilotos norte-americanos também descobriram que "experiências de quase morte" ou desafios para as equipes e unidades podem proporcionar motivação para buscar a melhoria da qualidade ou iniciativas de inovação. As equipes precisam enxergar uma razão para participar. Uma das principais razões para o "fracasso" foi que os pilotos do SNS não investiram na formação e apoio à mudança na mesma escala que as organizações do setor privado que, rotineiramente, implementaram a melhoria da qualidade. Espera-se que a educação e a formação tenham uma contribuição substancial na gestão da qualidade total e na melhoria contínua da qualidade. A falta de engajamento clínico foi considerada como outra razão para o fraco desempenho dos pilotos do SNS. A presença de consultores hospitalares em eventos de treinamento variou de 30% em alguns cenários a 1-5% em outros. Aplicabilidade do SNS As implicações para AES é que existem armadilhas conhecidas que devem ser evitadas quando da implantação de uma cultura de inovação, incluindo a falta de engajamento clínico, não adaptação às inovações e iniciativas para a cultura organizacional local e contexto, a falta de motivação entre as equipes para participar, a falta de treinamento, subestimação do investimento financeiro necessário e a não-atribuição às equipes do tempo necessário para permitir que elas se concentrem na consolidação e disseminação de idéias inovadoras. A inovação exige tempo, pessoas e dinheiro. Mais informações: Joss R, Kogan M. Advancing quality: TQM in the NHS . Open University Press, Buckingham, 1995. 21 Aprendendo com a experiência Teorias de Mudança Uma das razões para o fracasso da inovação é a confiança em métodos de execução, que não têm conexão com uma teoria mais ampla que permita saber por que e como determinados métodos trarão mudanças e melhorias. Isso destaca a necessidade de vincular os métodos de implementação da inovação a uma compreensão clara de como as organizações e setores operam e, portanto, como eles respondem a novas práticas (Leeman et al, 2007). Cada vez mais, há um reconhecimento de que as teorias fundamentadas na complexidade, na difusão não linear e na construção social das organizações nos ajudam a entender por que a experiência de inovação varia de forma tão grande em diferentes contextos. Embora nenhuma teoria possa se traduzir num plano de ação, ela pode fornecer um ponto de partida importante para estabelecer como um programa de mudança pode ser implementado com sucesso. Na Holanda, o governo está testando se a promoção de pioneiros e uma abordagem "colaborativa" irão acelerar a inovação. O governo holandês transformou o sistema de saúde: de um serviço público em um serviço privado sob controle público, para introduzir mais concorrência no mercado. Há um desejo de construir e disseminar práticas inovadoras. Isto foi feito em três etapas. Líderes de saúde e outras indústrias foram convidados a apresentar ideias inovadoras, e círculos de melhoria da qualidade foram instalados juntamente com indicadores de desempenho. Além disso, hospitais-polo estão trabalhando juntos para experimentar novas abordagens. Houve relatos de melhorias na logística e segurança. O modelo inteiro é construído sobre a teoria de que a demonstração do sucesso é uma força motriz que estimula os outros a adotar inovações. Evidências “A pesquisa é o recurso natural que alimenta a economia da saúde e é o motor da mudança em nosso sistema de saúde .” (www.cihr-irsc.gc.ca) As análises formais – apresentadas, por exemplo, como análises de taxas hierárquicas e de custo-efetividade econômica (CEA), são um importante recurso para aqueles que procuram identificar a base de evidências para novos produtos e (em menor grau) práticas. Tais análises são particularmente úteis na fase de adoção do processo de inovação. O estudo de caso 4 fornece um exemplo de como a evidência tem sido usada com sucesso nos EUA para incorporar e sustentar práticas inovadoras. Entretanto, os métodos que se baseiam em evidências como uma fonte de inspiração para inovação têm uma série de limitações. Em primeiro lugar, os estudos e métodos são principalmente voltados para avaliação de tecnologias distintas em termos de eficácia, segurança e valor monetário (Gelijns et al 2005, Sorenson et al 2007). Por outro lado, intervenções organizacionais complexas são muito mais difíceis de avaliar. Em segundo lugar, a geração e a síntese das evidências por si só são relativamente limitadas na sua capacidade de facilitar a adoção de inovações (Lehoux et al 2008, Williams et al 2008). Isto porque a adoção requer, principalmente, informações de um contexto específico sobre os custos (por exemplo, enquanto os custos das unidades de ressonância magnética não são vistos como influentes na sua adoção, o custo de preparação do local o é (Rye & Kimberly 2007)), a conveniência social e clínica, a implementação, os obstáculos e as barreiras locais, e como as mudanças nas práticas atuais podem realmente ser promulgadas. Centro de Gestão de Serviços de Saúde 22 Ferramentas para fomentar a inovação Relatórios formais de evidências e análise raramente incluem guias de implementação e tendem a privilegiar o conhecimento explícito em detrimento do conhecimento prático e experimental (tácito). Finalmente, a realidade dos cuidados de saúde é tal que muitas inovações são introduzidas antes que uma base de evidências formais seja consolidada. Globalmente, a produção de evidências baseada em pesquisa formal é um elemento necessário da inovação, embora seja insuficiente. Há uma necessidade de mudar de "transferência" de conhecimento para uma "troca" de conhecimento a fim de superar barreiras individuais, organizacionais e sistêmicas. Dado que uma abordagem metodológica com design experimental para a geração de evidências é inadequada para a adoção de inovação, são necessários métodos alternativos de coleta de dados e produção de análises. Os dados extraídos das organizações adotantes (ou pelo menos similares) podem ser mais persuasivos do que artigos de periódicos revisados por pares e revisões sistemáticas (Bradley et al 2004, Leeman et al 2006). As evidências do que funciona e em que circunstâncias devem ser registradas e compartilhadas usando uma variedade de métodos e canais. Os dados de apoio ao início, implementação e revisão das inovações devem ser "críveis e convincentes" para aqueles que tomam decisões orçamentais (Bradley et al, 2004). 23 Aprendendo com a experiência Novamente, isso se liga à necessidade de engajar os envolvidos como agentes ativos de mudança e não como passivos: “Para serem eficazes, as necessidades de informação devem ser traduzidas em comportamento de busca de informações e depois no uso da informação, conectando as informações à ação real que importa para os pacientes.” (Swinglehurst, 2005: 199) O fato de simplesmente colocar a disposição evidências irá engendrar a sua utilização, e abordagens para a troca de conhecimento devem incorporar a reconstrução de evidências necessárias dentro do contexto organizacional (Dopson, 2007). Waterman et al (2007) defendem o uso de pesquisaação - um processo interativo de coleta de dados e apoio à implementação – para a difusão de intervenções complexas. Esta abordagem reconhece o valor do envolvimento ativo e contínuo dos que se encontram no âmbito da adoção, bem como a necessidade de um elevado grau de adaptação ao contexto, especialmente em se tratando de inovações complexas. Estudo de Caso 4: foco no que funciona Panorama da Inovação A Campanha 100.000 Vidas Salvas foi promovida por 20 funcionários do Instituto de Melhoria de Saúde (IHI) dos Estados Unidos (EUA). A campanha participou da melhoria em mais de 3.000 hospitais, correspondendo a 75% de todos os leitos de cuidados intensivos dos EUA, concentrando-se em ganhos rápidos e seis áreas de melhoria conhecida. O objetivo era salvar 100.000 vidas, melhorando a segurança nos hospitais. A inovação consistiu na forma como os temas de melhoria foram lançados para diversas organizações e como houve compra generalizada e execução de campanhas. Ao invés de sugerir que as equipes hospitalares desenvolvessem as suas próprias inovações, adotou-se uma abordagem de planejamento mais centralizado: a equipe do IHI decidiu sobre as metas baseadas em evidências de boas práticas, mostrou aos hospitais participantes como alcançá-las e disponibilizou ferramentas para ajudar os hospitais a implementar as mudanças Adoção e Difusão O programa consistiu na divulgação de seis áreas de ação fundamentais para líderes sêniores, usando e-mails regulares, newsletters promocionais, workshops e eventos para ganhar em compras, a criação de redes ou nós ao invés de trabalhar individualmente com cada organização e o planejamento de um bom monitoramento e estratégias de coleta de dados desde o início. O fato de ter um objetivo bem conhecido, que dirige o trabalho, e de providenciar constantemente relatórios de progresso em direção ao mesmo ajudou no sucesso do programa. Principais Lições O fato de ter uma "campanha" ou um objetivo definido de um programa comum pode atrair as organizações a reunirem-se. Focalizando métodos testados e aprovados como ponto de partida pode ajudar a garantir uma rápida disseminação. Focar numa liderança de alto nível funcionou bem porque o objetivo era ganhar confiança no nível organizacional. Ocorreu uma promoção extensa, inclusive com o público, para assegurar que todas as partes interessadas estavam cientes dos objetivos e poderiam exercer uma pressão sobre aqueles que não faziam parte. Foi de suma importância trabalhar com “campeões” e líderes intelectuais, pois isso envolveu organizações e partes interessadas locais, regionais e nacionais oriundas do setor de saúde, da assistência social e do setor terciário. A mensagem era simples, as ferramentas distribuídas eram de fácil aplicação na prática do dia a dia e o objetivo foi universalmente aceito: salvar vidas. Aplicabilidade do SNS Uma lição importante para as AES, que agora têm o dever legal de impulsionar a inovação, é que, às vezes, uma inovação e melhoria centralizadas podem ser benéficas, particularmente em áreas onde há boas evidências sobre o que funciona. Inovação não significa apenas encorajar as equipes e organizações a considerar novas ideias ou métodos, trata-se de promover melhorias numa escala maior. Algumas das técnicas promocionais, o planejamento de campanha e o uso de redes do modelo IHI poderiam ser aplicados no âmbito do SNS para a implantação da inovação e programas de melhoria regionais. No contexto de uma autoridade e orçamentos alienados, as AES podem se concentrar na inovação ao nível do apoio a outras organizações, mas este exemplo sugere que há muito a ganhar com uma abordagem mais centralizada, que alavanque a adoção de princípios em maior escala, em vez de apenas com foco em incentivar as organizações a inovarem elas mesmas. Mais informações: www.ihi.org/IHI/programs/campaign Centro de Gestão de Serviços de Saúde 24 Ferramentas de Disseminação Outras ferramentas e estratégias existem para apoiar a adoção de boas práticas, evidências e inovação, incluindo: orientações escritas, conferências, divulgação educacional e sistemas de apoio eletrônico à decisão. Na Nova Zelândia, o Ministério da Saúde realiza um evento anual e oferece prêmios para inovações. Agências de saúde e assistência social, universidades, organizações voluntárias e grupos de usuários de serviços são todos recompensados publicamente por inovações no planejamento, na prestação de serviços e na avaliação. Os prêmios fornecem uma motivação tangível e o evento proporciona a criação de redes e oportunidades de "treinamento". Em geral, as ferramentas de divulgação são projetadas para melhorar a fase de difusão (ou execução). As evidências atuais mostram apenas um modesto impacto de cada uma dessas ferramentas (Innvaer et al 2002, Lavis et al 2003, Grimshaw et al 2004, Grimshaw et al 2006, Mitton et al 2007). Há inúmeras razões possíveis para o modesto impacto de tais estratégias na adoção e difusão. Em primeiro lugar, o modelo continua a ser de transferência de conhecimentos, em vez de troca dos mesmos, impedindo que os usuários finais compartilhem o conhecimento tácito e as percepções acerca de uma inovação. Pode fazer pouco sentido o fato de "replicar" a informação dentro do contexto local específico (Landry et al, 2006). Em segundo lugar, as diretrizes, os sistemas de apoio à decisão e a divulgação educacional não criam em si incentivos à inovação (Williams & Dickinson, 2008). O seu impacto é, portanto, dependente da receptividade dos indivíduos, organizações e sistemas mais amplos (Solberg et al, 2000). Berwick (2003) aponta que quanto mais os usuários finais sabem sobre os benefícios de uma inovação, mais eles são susceptíveis de adotá-la. No entanto, ele também nota que as ferramentas de divulgação são muitas vezes incompatíveis com os processos atuais, necessidades sentidas e sistemas de crenças. Para serem mais eficazes, as ferramentas de divulgação da inovação precisam ser mais flexíveis, adaptáveis e coproduzidas com os usuários finais. Embora as pesquisas sugiram alguns benefícios adicionais da aplicação de múltiplas técnicas de divulgação (Solberg et al 2000, Lavis et al 2003, Chaillet et al 2006), não se sabe quais os componentes de intervenções multifacetadas são as mais eficazes (Davies, 2002). . Ao longo da década passada, milhares de projetos de inovação em saúde foram financiados pelo Estado da Finlândia, muitos dos quais se concentraram na inovação em tecnologia, existindo atualmente um foco mais explícito na inovação na prestação de serviços. A difusão e a absorção têm sido identificadas como um obstáculo, razão pela qual o Programa Nacional de Inovações nos Serviços de Assistência Social e Médica foi implantado para desenvolver ferramentas de difusão. Uma dessas ferramentas é a “escala de serviço”, um banco de dados online que resume e quantifica os dados do indicador de desempenho a partir de inovações recentes. Quando possível os dados sobre acesso, volume, custos, qualidade, produtividade e eficácia são apresentados. O objetivo é promover a responsabilização e transparência e introduzir mais competição. Os desenvolvedores acreditam que isso apoiará a captação de novas inovações, uma vez que as organizações irão querer acompanhar umas às outras. Outras inovações na Finlândia incluem desenvolvimento de parcerias estratégias entre organizações que financiam projetos de inovação em assistência médica e social com a criação de um Fórum de Discussão Estratégica e de círculos de financiamentos conjuntos ou coordenados, e com grande potencial será criado ao longo dos próximos cinco anos o “InnoVillage”. O “InnoVillage” consistirá numa cidade virtual com um banco de inovação, oficinas de inovação, “InnoCollege”, “InnoMarket” e redes nacionais e regionais de especialistas, gerentes e tomadores de decisão. O programa utilizará as tecnologias da nova mídia social e focará na construção de redes de inovadores. 25 Aprendendo com a experiência Estudo de Caso 5: Compartilhar boas práticas online Panorama da Inovação A Agência de Pesquisa em Saúde e Qualidade dos EUA (AHRQ), criou o site "Healthcare Inovações Exchange" (troca de inovações em saúde). O website foi desenhado para ser um centro nacional de aprendizagem eletrônica para compartilhar as inovações de serviços de saúde e reunir inovadores e adotantes. Ele pode ser utilizado para recorrer às experiências dos outros ao planejar a inovação localmente. Adoção a Difusão O website inclui uma base de dados pesquisável contendo sucessos e fracassos de inovação, comentários de especialistas e as lições aprendidas. Foi criado especificamente para compartilhar a inovação e ajudar a melhorar a qualidade do atendimento. O website também contém uma série de ferramentas e funções de rede. Principais Lições Os estudos de caso não são suficientes para manter o interesse de gerentes e clínicos muito ocupados com suas tarefas finalísticas. Detalhes para contato são fornecidos no caso dos leitores querem mais detalhes de serviços locais. O website ajuda a interligar pessoas e organizações s- uma parte fundamental para difundir a inovação. As inscrições para o banco de dados são voluntárias, por isso são de qualidade variável. . Aplicabilidade do SNS O banco de dados contém milhares de estudos de caso, abrangendo a atenção primária e secundária e tópicos clínicos específicos. Embora todos os estudos de caso sejam dos EUA, eles têm o potencial de gerar ideias ou ajudar a planejar e evitar armadilhas no âmbito do SNS. O banco de dados é bem utilizado, especialmente para fins de interligação em rede. Algo semelhante poderia ser configurado em escala regional ou nacional de assistência médica ou social no Reino Unido, com base nas outras redes formais de transferência de conhecimentos já disponíveis. O que torna esta inovação diferente das redes e sistemas de partilha de conhecimento existentes no seio do SNS é que a ênfase é dada a estudos de caso e de aprendizagem a partir da experiência e da paixão dos outros. É algo que uma AES poderia experimentar na sua região, antes de considerar a expansão nacional. Mais informações: www.innovations.ahrq.gov Centro de Gestão de Serviços de Saúde 26 Recursos de Adoção Nossas análises demonstram as necessidades de capacidades específicas locais e de capacidade de tornar efetiva uma prática. No entanto, há relativamente poucos dados empíricos relacionados ao nível ótimo ou à área de recursos necessários para facilitar a inovação. Isso reflete tanto uma lacuna na literatura pesquisada, como também a dificuldade intrínseca de identificar o que é necessário em situações diferentes. Apesar dessas incertezas, o Instituto SNS (e seu antecessor a Agência de Modernização), descreve os elementos-chave da infraestrutura e da estratégia de inovação numa série de publicações com base na sua experiência de inovação e melhoria (MA 2002, 2004, Buchanan et al 2005, Mugglestone et al 2007, Maher et al 2008). Elementos-chave de uma infraestrutura de inovação - Um comitê diretivo com membros adequadamente representativos e experientes - Especialista: capacidade de se dedicar à gestão de projeto. - Acesso aos facilitadores especialistas - Procedimentos para a resolução de problemas e solução de conflitos - Tempo e apoio de gerenciamento sênior - Treinamento para o pessoal, tanto em termos de inovação genérica quanto em relação a intervenções específicas - Equipe de trabalho efetiva - Mecanismos de apoio técnico e outros - Gerenciamento de sistemas de qualidade 27 Aprendendo com a experiência A pesquisa indica que o acesso a agentes de mudança externos pode ser útil na geração da confiabilidade em novas práticas (Leeman et al 2007, Williams et al 2009). Finalmente, os recursos financeiros necessários para criar as novas formas de trabalho, assegurar a formação, marketing e educação; resolver problemas de execução; promover a difusão para fora do contexto inicial de introdução e assegurar a sucessão e rotinização devem todos ser cuidadosamente planejados e orçados (Bradley et al, 2004). O trabalho do Instituto SNS sugere que uma variedade de métodos de implementação pode ter um impacto substancial nos resultados (Gelijns et al 2001, Coughlan et al 2007). Áreas importantes a estudar incluem a incubação (em desenvolvimento de "versões aproximadas de um produto final ou o estímulo rápido rapidamente como um processo pode funcionar através de uma variedade de métodos, incluindo "orientações" e role plays" (Mugglestone et al, 2007: 22)) e prototipagem (aprendizado mais rápido através de intervenção exploratória e fracassos iniciais, levando ao desenvolvimento da inovação e seu refinamento). Estas estratégias podem ser adicionadas a um modelo mais convencional e a realização de pilotos que busquem uma abordagem "aprender fazendo" da inovação. O estudo de caso 6 descreve como o sistema de saúde de Veteranos dos EUA usou a tecnologia e as listas de verificação da inovação como recursos de adoção. O estudo de caso 7 descreve como padrões de qualidade e diretrizes foram usadas para lançar a inovação em uma região dos EUA. Estudo de Caso 6: Tecnologia para incorporar a inovação Panorama da Inovação A Administração dos Assuntos dos Veteranos dos EUA assegura assistência médica pública para os veteranos militares norte-americanos e desenvolveu uma cultura de inovação. Em 1990, foi considerado como um serviço de saúde de última opção e o Congresso dos EUA cnsiderou a possibilidade de dissolvê-lo. Em menos de duas décadas, a organização está rivalizando com os serviços do setor privado no que conserne às medidas de um desempenho de qualidade e àsatisfação do paciente. Uma liderança forte foi essencial nessa reviravolta (ver p.33), mas a tecnologia foi amplamente utilizada para ajudar a adotar e difundir a inovação. Por exemplo, a organização usou o "Acesso Avançado", um sistema de programação que permite aos pacientes marcar uma consulta por telefone no mesmo dia. Em nível nacional, o tempo médio de espera para agendar uma consulta caiu de 60 dias em 2000 para 25 dias em 2004. Adoção e Difusão O Sistema dos Assuntos dos Veteranos inovou com base numa forte liderança, incutindo uma cultura de mudança, com equipes locais e uma infinidade de outras melhorias difundidas. Nós enfocamos apenas uma das pedras angulares do sistema: um prontuário eletrônico que oferece aos médicos e às equipes de saúde lembretes com base em orientações, melhores práticas clínicas e lições aprendidas ao longo do sistema. O prontuário eletrônico exige dos médicos coletar dados e executar testes e fornece sugestões sobre os cuidados preventivos. Ele também permite a verificação constante do desempenho dos dados de rotina. Este sistema tem ajudado a difundir as melhores práticas de modo que os clínicos adotam melhorias dia após dia. As equipes de Assuntos dos Veteranos utilizaram vários métodos para disseminar suas inovações em toda a organização, incluindo boletins internos, e-mails, reuniões mensais e, em alguns casos, processos “colaborativos” formais (seguindo a metodologia do colaborativas inovadoras). O mais importante é que houve um enquadramento formal para a difusão adotada que planejou como difundir idéias. Principais Lições O Sistema dos Assuntos dos Veteranos adotou a filosofia de que melhoria e inovação não poderão ser difundidas senão por meio de uma mudança no nível central. O importante é que líderes de organizações ou áreas puderam demonstrar uma melhoria no tempo de espera e de acesso, não sendo importante saber como eles fizeram a melhoria. As áreas e líderes tinham a liberdade desenvolver ideias e ações de diferentes formas - mas os objetivos foram centralmente dirigidos. Todas as pessoas no âmbito do Sistema dos Assuntos dos Veteranos estavam cientes de que reduzir tempos de espera era uma prioridade. Cada região designou uma "equipe de difusão" com liderança de alto nível. A disponibilização de informações sobre como iniciar e manter um acesso avançado aos cuidados foi essencial, assim como os defensores que puderam promover a inovação e convencer os céticos. Aplicabilidade do SNS A abordagem dos Assuntos dos Veteranos pode ter aplicabilidade para o SNS, porque ele também é um sistema grande e diversificado no nível nacional. Um ponto de aprendizagem para as AES é que há muito a ser alcançado a partir da inovação centralmente dirigida, com flexibilidade entre as iniciativas locais para atingir a meta global. Outro ponto de aprendizagem para as AES é o uso de um "checklist para a propagação", incluindo questões como: será que a inovação nesta área é uma prioridade estratégica para a organização? Há um executivo sênior, que será responsável pela propagação? Há uma equipe que irá assumir a responsabilidade para a difusão no dia-a-dia? Será que a liderança irá fornecer as ferramentas necessárias para o sucesso (pessoal, equipamentos, finanças, tecnologia da informação)? Será que a inovação tem economia de escala no âmbito da saúde? Há um plano de comunicação claro? Usando um sistema de pontuação ou lista de verificação como esta se pode ajudar as AES a priorizar novas iniciativas e negócios e garantir que as essas tenham recursos e planejamento adequados para a difusão e adoção. Mais informações: www.ihi.org/IHI/programs/campaign Centro de Gestão de Serviços de Saúde 28 Estudo de Caso 7: Clubes de “Melhoria de Qualidade” Panorama da Inovação O Instituto para a Melhoria dos Sistemas Clínicos foi criado em Minnesota com o propósito explícito de difundir a inovação e a melhoria. O Instituto é financiado por grandes hospitais e planos de saúde. Estas organizações perceberam que, muitas vezes, com a inovação vem com uma idéia nova, que é implementada numa clínica ou hospital gerando bons efeitos, mas não é adotada por outras unidades ou estruturas. O Instituto foi criado para superar isso, promovendo a difusão, tanto dentro das organizações como entre elas. É uma organização na qual a participação de hospitais e clínicas é voluntária por meio de uma inscrição. Para participar, os grupos devem se empenhar na inovação e difusão. Adoção e Difusão O Instituto concentrou-se no desenvolvimento de protocolos clínicos, diretrizes de melhores práticas clínicas e métricas concretas para medir cada organização no estado. A estratégia de difusão inicial consistia em começar com as organizações melhor perfomance e mais conhecidas e desafiar, em seguida, outros prestadores de serviços a imitá-las. As clínicas e os hospitais tornaram-se membros do Instituto, a fim de associar-se a outras organizações de alto nível na região. Para ingressar no Instituto, os prestadores devem respeitar certas normas de qualidade, comprometer-se com a realização de quatro projetos de melhoria da qualidade a cada ano (dois sobre temas selecionados pelo Instituto) e demonstrar comprometimento da liderança sênior. O Instituto atua como um clube de melhoria "da qualidade", pelo qual os membros devem assumir o compromisso de adoção e difusão da inovação como parte de sua filiação. Principais Lições O Instituto desenvolveu com clareza medidas de desempenho. O Instituto recompensa as tentativas de melhoria, não se limitando às medidas de melhoria de desempenho. Se não houver nenhuma mudança em medidas de desempenho, as organizações não são penalizadas. Elas precisam apenas demonstrar tentativas contínuas de aperfeiçoamento e inovação. Há uma formação obrigatória para todos os "líderes" de melhoria nas organizações que se tornam membros. O treinamento envolve uma reunião de um dia, três vezes a cada ano, teleconferências mensais, sessões de coaching e deveres de casa Aplicabilidade do SNS É incerto se tal iniciativa iria funcionar no âmbito do SNS. Talvez haja pouco impulso para participar de uma rede de melhoria da qualidade ou instituto desta natureza, especialmente porque um tempo e fundos consideráveis devem ser dedicados a projetos inovadores. O SNS não tem necessariamente o mesmo foco no prestígio, de modo que a ideia de integrar uma iniciativa de melhoria somente para estar ao lado dos "grandes jogadores" pode não ser aplicável. Um ponto importante de aprendizado para as AES é o valor dos defensores da inovação para a adoção e difusão. Para garantir que as inovações testadas num local fossem adotadas pelos outros, as organizações usaram um "modelo de vendas", pelo qual cada site piloto designava um defensor que visitou outros locais para persuadir os outros a adotarem a inovação. Foi constatado que esta abordagem funcionou bem em organizações onde os médicos gozam de uma forte autonomia, permitindo-lhes resistir às mudanças obrigatórias da liderança central. A abordagem pode ter alguma aplicabilidade no âmbito do SNS. As organizações descobriram que, a fim de assegurar a difusão, as mudanças devem ser priorizadas e promovidas pelos médicos e outras pessoas da linha de frente e que esse pessoal deve ser liberado de seus deveres do dia a dia a fim de difundir o valor de suas inovações através do trabalho de boca a boca. Mais informações: www.icsi.org 29 Aprendendo com a experiência Redes Há uma crescente literatura a respeito do valor das redes e outros modelos coletivos na busca de melhoria nos cuidados de saúde. O estudo de caso 8 descreve o modelo "colaborativo" dos EUA que tem sido amplamente documentado e aplicado em todo o Reino Unido e Europa. O modelo colaborativos envolve mais do que simples redes profissionais. Nesta seção, usamos o termo "rede" de forma mais ampla para abranger organizações e equipes que se juntam para partilhar boas práticas e ajudar a garantir a adoção e difusão da inovação. Embora as evidências sejam amplamente produzidas a partir de estudos de caso, as redes estão constantemente citadas como um facilitador importante de difusão e disseminação da inovação (Fleuren et al 2004, Knudsen & Roman, 2004). Por exemplo, Greenhalgh et al (2004: 601) argumentam que "a influência interpessoal através de redes sociais ... é o mecanismo dominante para difusão" e isto é especialmente verdade nos casos onde a adoção requer a colaboração entre organizações. Há uma série de razões pelas quais investir no desenvolvimento de redes pode ser fecundo para a inovação. A gama de diferentes tipos de redes é tão extensa que não cabe no presente estudo (ver Goodwin et al, 2004). No entanto, descrevemos algumas característicaschave. As redes facilitam trocas tácitas e explícitas de conhecimento: Com foco em trocas interpessoais e numa interação facilitada, as abordagens de rede podem gerar a predisposição, a permissão e o reforço necessários à inovação (Grol, e Wensing, 2004: 58). Ao contrário das tradicionais técnicas de divulgação, as redes promovem intercâmbio, em vez de transferência linear de informação. Isso remete à oportunidade de fazer sentido, segundo o qual narrativas organizacionais compartilhadas sobre "o que estamos fazendo com esta inovação" podem surgir (Greenhalgh et al, 2004: 611-612). As redes podem ajudar a desenvolver contextos receptivos: Trabalhos realizados pela Agência de Modernização e pelo Instituto do SNS procuraram ir além dos tradicionais programas planejados de mudança, adotando uma abordagem baseada na teoria dos movimentos sociais (Bate et al, 2004, consulte o Apêndice 2 para mais detalhes sobre essa teoria). Isso é um reconhecimento da importância da mobilização local e de base para uma mudança contínua. Inovações podem acontecer mais facilmente em lugares onde elas são consistentes com o contexto e o clima locais. Por esta razão, o foco primário devem ser os métodos para assegurar uma cultura receptiva à mudança e à inovação. As redes (ou "comunidades de prática") são importantes elementos de mobilização local e serão, portanto, indispensáveis para a criação desses contextos receptivos para a mudança. As redes facilitam o aprendizado & solução de problemas: Compartilhamento de experiências e conhecimentos e resposta aos obstáculos que surgem parecem ser importantes funções de uma rede desenvolvida em torno da difusão da inovação (Williams & Dickinson, 2008). No entanto, a experiência anterior sugere que essas redes necessitam de apoio institucional suficiente para garantir força e longevidade, sem se tornar excessivamente burocráticas ou hierárquicas (Bate & Robert, 2002). As redes podem construir uma ‘coalizão para mudança’: A importância do apoio coletivo para a inovação é destacada na literatura. As redes podem ser fundamentais para o intercâmbio de conhecimentos necessários para familiarizar os usuários finais com as características de uma inovação proposta (Fitzgerald et al, 2002). Isso remete ao potencial de aumentar a observabilidade, uma vez que as redes permitem que o comportamento de adotantes iniciais seja visível para o grupo mais amplo (Berwick, 2003). Greenhalgh et al (2004) concluíram que a inovação pode ser desencadeada pelo conhecimento de que organizações similares já seguiram um curso semelhante. Centro de Gestão de Serviços de Saúde 30 As redes podem abordar problemas de escala: As organizações menores, com menos recursos emergenciais ou uma infraestrutura de inovação mais pobre, podem compensar estas lacunas recorrendo a redes interorganizacionais para aproveitar das informações, experiências e recursos de terceiros (Berwick, 2003). As redes podem ser inovações em si: Há exemplos em que as redes possam constituir um modelo inovador de prestação de serviços (ver Estudo de Caso 8). Foi constatado que, nos cuidados crônicos, onde os modelos tradicionais de prestação de serviços de saúde estão mal equipados para atender a necessidade do paciente, as redes que incluem os pacientes e os usuários dos serviços podem conduzir a uma melhor autogestão (Hwang & Christensen, 2007). As redes podem conectar usuários e produtores: Por unanimidade, a investigação nesta área cita a importância da interação entre produtores e usuários da inovação, especialmente em situações em que a inovação não se origina dentro da “família” SNS (Hargadon, 2003) e em áreas de inovação muito novas (por exemplo, a engenharia de tecidos), onde há uma maior necessidade de antecipar e superar os potenciais obstáculos (Gelijns et al 2001, Phillips et al 2006). 31 Aprendendo com a experiência Apesar dos benefícios potenciais das redes, algumas preocupações são identificadas na literatura e se relacionam, especialmente, à história, estrutura e composição da rede em questão. As redes não são totalmente criadas ou continuadas por si só e, muitas vezes, dependem de uma história prévia de colaboração e uma forte liderança para assegurar a evasão das divisões profissionais (Greenhalgh et al 2004, Dobbins et al 2007). As redes de inovação tendem a ser mais eficazes quando compreendem vários grupos de partes interessadas. As redes organizadas de acordo com a profissão ou especialidade não são susceptíveis de facilitar o intercâmbio eficaz e difusão através das fronteiras organizacionais e profissionais (Fitzgerald et al, 2002). De fato, alguns autores argumentam que as redes profissionais, em especial, podem impedir a inovação (Ferlie et al, 2005). Portanto, as redes de inovação devem ser destinadas a capitalizar os "elos fracos" entre grupos tradicionalmente divergentes, o que permite o surgimento de novas ideias e experiências a serem trocadas (Berwick, 2003). Para garantir a participação ideal, a importância de um grupo de trabalho multidisciplinar para supervisionar a rede tem sido sugerida (Leeman et al, 2006). Arranjos altamente "cosmopolitas" (numa rede externa) são preferíveis, embora sejam mais difíceis de implementar. Por exemplo, a interação dentro e fora das fronteiras formais depende da compatibilidade das estruturas de gestão de desempenho e dos incentivos (Greenhalgh et al 2004, Williams e Dickinson 2008). Além disso, o conhecimento e envolvimento dos usuários e beneficiários (pacientes e cuidadores) da proposta de alteração de saúde também é importante, especialmente quando há uma coprodução de serviços de saúde (Batalden & Splaine, 2002). Estudo de Caso 8: redes colaborativas Panorama da Inovação O Instituto de Melhoria da Saúde dos EUA (IHI) desenvolveu o modelo "séries colaborativas de avanço" para ajudar as organizações a rapidamente implementar a inovação. O processo envolve organizações que se reunem para aprender umas com as outras e se concentrar numa área de interesse particular (clínica). O grupo gera uma lista de possíveis formas de melhorar a área específica, depois procede à sua classificação para viabilidade e provável impacto e, finalmente, enfoca as maiores variações da classificação. Cada rede colaborativa tem cerca de 20-40 organizações que implementam suas próprias iniciativas de mudança, tendo uma duração de 9-12 meses. Adoção e Difusão As redes colaborativas visam difundir a inovação com ciclos rápidos de planejamento, implementação, avaliação e difusão. Cada organização reporta regularmente às outras para promover a disseminação da aprendizagem. Emails, teleconferências, sites, reuniões de divulgação e treinamento de liderança são todos usados para promover a adoção e a difusão. Nos Estados Unidos, as séries colaborativas de avanço tem se espalhado amplamente, com centenas de organizações já envolvidas. Reino Unido, Suécia, Noruega, França e Países Baixos, todos experimentaram este método. Principais Lições As redes colaborativos evitam a mentalidade de "projeto”. A rede colaborativa nem a área temática, são vistas como um projeto, mas sim como a nova forma de fazer as coisas. O foco principal é sobre assuntos relacionados às clínicas. A melhoria e a inovação são vistas como parte do processo de trabalho, não como funções separadas ou especiais. As redes colaborativas são menos bem-sucedidas quando a metodologia tem precedência sobre o objetivo de melhorar os serviços. Nos EUA, um líder com uma reputação nacional no tema selecionado é designado para presidir a rede colaborativa. Em seguida, um grupo de planejamento define os objetivos e medidas de resultados claros que todas as organizações usam para monitorar o progresso. Na Inglaterra, medidas de resultados compartilhadas não foram sempre utilizadas ou previstas com antecedência, o que tornou a avaliação problemática. Nos EUA, cada organização participante paga uma taxa de inscrição para demonstrar compromisso com a mudança e apoio à liderança sênior. Isso nem sempre foi implementado em outros países – o que pode ser a razão pela qual as redes colaborativas, às vezes, são vistas como "apenas mais um projeto" quando a filosofia subjacente e a abordagem não são compreendidas ou seguidas por aqueles que pretendem implementá-las. Aplicabilidade do SNS As redes colaborativas foram criadas na Inglaterra para serviços de câncer, ortopedia, saúde mental, atenção primária, serviços de emergência doenças cardíacas coronárias e gestão de medicamentos. Embora possa ser tentador para AES usar um modelo de colaborativo para fomentar e incorporar inovações, as avaliações e os projetos de pesquisa-ação revelaram que as redes colaborativas do Reino Unido não mostraram um sucesso tão rápido quanto nos Estados Unidos. Em alguns casos, as equipes da Inglaterra consideraram a metodologia como sendo percebida para prescrever o modo de fazer a mudança, inibindo o fluxo natural do progresso ou a "forma SNS" de fazer as coisas. O SNS pode ter considerado as redes colaborativas como se fossem "reuniões em redes", enquanto, na verdade, se propõem a demostrar o compromisso através da dedicação do tempo de liderança e o financiamento a uma área temática, compartlhando ideias e participando da melhoria rápida da qualidade. A implicação para AES é que, quando há experimentação de modelos inovadores de divulgação de outros lugares, isso pode ser importante para compreender os princípios norteadores desses modelos, não apenas sua mecânica. A adaptação ao contexto local é essencial, mas, às vezes, a adaptação é tão grande que o modelo perde suas características fundamentais, que o fizeram valer a pena. Mais informações: Vários casos de estudo específicos dos EUA estão disponíveis em www.ihi.org Centro de Gestão de Serviços de Saúde 32 Liderança A última área de atividade que ganha muito apoio da literatura empírica é o cultivo de líderes ou “defensores” de inovação (Shapiro & Devlin 2000, Rogers, 2003). Fitzgerald et al (2002) distinguem três tipos de líder de opinião: - Aqueles que canalizam a informação através de organizações e redes, criando uma ligação com inovadores, especialistas e profissionais. - Aquelas que gozam de uma expertise (muitas vezes, clínica) e credibilidade local. - Aqueles que promovem uma gestão estratégica e têm habilidades políticas. A maioria dos estudos indica que os meios mais comuns de efetuar a mudança por meio da liderança envolvem o carisma e a demonstração de compromisso com a inovação (Leeman et al, 2007). Os líderes impulsionarão a construção da inovação, o monitoramento da implementação e fornecimento de feedback e a orientação para as partes interessadas (Rogers, 2003), bem como ajudarão a apresentação de um caso de negócio financeiro ira para a organização adotante (Bodenheimer, 2007). Frequentemente, estas atividades envolverão o estabelecimento do formato em que a inovação é adotada e adaptada localmente (Fitzgerald et al 2002). Essencialmente, estas tarefas exigem um tipo de liderança consultiva, facilitadora e flexível, além de ser compatível com uma abordagem em rede para mudança e melhoria. No entanto, na medida em que a inovação requer interrupção e descontinuidade, os líderes também terão de demonstrar empreendedorismo e capacidade de gerenciar o ambiente de autorização para que as práticas que são contrárias às normas operacionais e procedimentos estabelecidos sejam introduzidas e incorporadas (Mulgan & Albury 2003, Phillips & Garman, 2006). O estudo de caso 9 fornece um exemplo de equilíbrio entre a inovação contínua e a rotinização. A fim de criar expectativas compartilhadas em torno da inovação, os líderes devem contribuir para um clima em que erros ocasionais sejam aceitos como inevitáveis, onde a orientação para a tarefa é encorajada (Caldwell & O’Reilly, 2003). Obviamente, isto requer o apoio fundamental da alta administração e reforço na política e missão organizacionais Os estudos de caso sugerem que vários líderes de diversos níveis organizacionais estão presentes nas organizações inovadoras (Helfrich et al, 2007). Em especial, a pesquisa destaca a importância de nutrir líderes clínicos e gerenciais. No entanto, a seleção destes pode se revelar difícil antes de introduzir a inovação, uma vez que candidatos à liderança, muitas vezes, surgem espontaneamente. Além disso, a exemplo das redes, os líderes de opinião podem surgir, inibindo ou facilitando a difusão, o que sugere a necessidade de uma abordagem coordenada para uma inovação que não depende excessivamente de indivíduos (Locock et al, 2001). A reformulação da Administração de Saúde dos Veteranos dos EUA é um exemplo de liderança inovadora. Kenneth Kizer, um profissional na medicina de emergência com experiência política de saúde, chegou à organização como um "forasteiro". Ele reconheceu que as mudanças de percepções da organização eram tão essenciais quanto as melhorias de desempenho. Algumas mudanças significativas foram feitas, mas estas são talvez menos importantes aqui do que as estratégias que visam garantir a adoção e a incorporação. Os documentos e projetos de políticas de mudança de Kizer foram elaborados com uma inspiradora linguagem de “marketing”, e os argumentos foram adaptados às diferentes partes interessadas para ganhar a confiabilidade. Além disso, houve um foco em envolver os médicos e o pessoal de cuidados primários, bem como uma ênfase renovada na gestão de desempenho através de monitoramento de dados e incentivos. A história de investimento em pesquisa ajudou a organização a enfocar melhorias fundamentais, mas o sucesso foi alcançado pelo fato de ter tido um agente de mudança que dispunha do tempo e orçamento para melhorar (Oliver 2007). 33 Aprendendo com a experiência Estudo de Caso 9: usando uma abordagem “big bang” Panorama da Inovação A Associação de Clínicas Independentes de Humboldt-Del Norte foi criada num condado americano para dar aos médicos mais "influência" na negociação de contratos com organizações de manutenção da saúde. A Associação de Clínicas conta com 240 médicos e 140 outros profissionais e trabalhadores de saúde mental, abrangendo 26 clínicas e cinco centros de saúde comunitários. A Associação queria ampliar a utilização de um registro para pessoas com diabetes a fim de melhorar a qualidade do atendimento e garantir que os sintomas das pessoas fossem controlados. Uma vez que os registros não eram comuns entre os profissionais de atenção primária desse condado, a Associação promoveu uma abordagem “Big Bang”, levando o conceito ao maior número possível de centros de saúde. Houve uma melhoria significativa no tratamento do diabetes. Adoção e Difusão A Associação não começou em difundir o conceito de registros usando um piloto de pequeno porte. Ela levou as clínicas a quererem adotar e incorporar esta iniciativa através de argumentos racionais, passionais e feitos sob medida. Os líderes da Associação convocaram uma reunião da qual participaram o maior número possível de clínicas e descreveram como o registro pode funcionar, enfatizando os benefícios para as clínicas e os pacientes. O registro foi lançado simultaneamente para o maior número possível de clínicas e todas as questões foram atendidas em diferentes clínicas ao mesmo tempo. O registro foi projetado para ser de uso fácil pelas clínicas, com o download de dados automaticamente a partir dos registros das clínicas. Os assistentes médicos em cada clínica foram treinados a usar o registro, e a Associação arcou com as despesas de acesso a websites e computadores, se necessário. As mensagens utilizadas para promover o registro foram adaptadas para atender às preocupações dos diferentes grupos de clínicas e médicos de família e comunidade. Por exemplo, algumas estavam focadas em poupar dinheiro ou receber dinheiro com sistemas de pagamento por desempenho, outras visavam tornar a sua própria vida profissional mais fácil e outros estavam ansiosos para melhorar a satisfação do paciente ou a qualidade do atendimento. A identificação dessas três mensagens centrais ajudaram a Associação de clíncias a incluir simultaneamente todas as clínicas de atenção primária do condado. Um conselho de liderança se reunia semanalmente para aprender com as clínicas e resolver quaisquer questões, e uma enfermeira visitou todas as clínicas para conversar sobre seus sucessos e desafios individuais. . Principais Lições A Associação de Clínicas utilizou uma abordagem de "campanha" em vez de uma abordagem "colaborativa" O objetivo era divulgar uma forma inovadora de trabalhar (campanha), ao invés de testar possíveis novas abordagens. Os líderes tinham uma ideia clara sobre o que eles queriam alcançar. Tempo e recursos adequados foram dedicados a educar os profissionais e apoiar o pessoal sobre a inovação e houve um acompanhamento regular para resolver quaisquer problemas e aprender com os sucessos. Mensagens precisas sobre os valores e as necessidades de cada clínica foram desenvolvidas desde o início. Não havia entendimento de que uma mensagem seria igualmente motivadora para todos. Aplicabilidade do SNS As AES podem considerar este exemplo interessante porque a associação de clínicas é semelhante em muitos aspectos a um grupo de comissionamento baseado em clínicas. O ponto de aprendizagem é que a difusão da inovação pode acontecer dentro dos grupos PBC e outras redes localizadas, desde que haja uma liderança, recursos adequados e apoio contínuo. Este grupo contou com a paixão de um líder para identificar a inovação e espalhar a idéia. O que é interessante para o AES é como as principais partes interessadas foram envolvidas, bem como o valor do pensamento sobre os incentivos e fatores motivacionais para diferentes grupos de audiência – e difundindo mensagens adequadas a esses grupos. A inovação exige comprometimento. Mais informações: www.hdnipa.com Centro de Gestão de Serviços de Saúde 34 Avaliação A pesquisa sugere que, ainda que imperfeitamente aplicada, é imperativo incorporar a avaliação no processo contínuo de difusão da inovação e rotinização (Chapman et al, 2004). O aspecto de implementação da inovação torna inadequado um projeto de avaliação experimental (Booth & Falzon, 2001). Ao medir as entradas e saídas de inovações, é provável que estas últimas incluam recursos financeiros, humanos e físicos quantificáveis, sendo difícil medir ao mesmo tempo o conhecimento tácito (Adams et al, 2006). A fim de capturar a gama de processos e resultados a nível individual, grupal e organizacional, uma combinação de abordagens pode ser adotada. Por exemplo, reflexões individuais qualitativas, avaliação do processo de grupo através da "pesquisa-ação" e garantia de qualidade em relação a processos organizacionais (Booth & Falzon,2001). Fundamentalmente, a avaliação não deve limitar-se à fase de piloto ou de introdução precoce em detrimento da avaliação contínua de processos e resultados. Freeman et al, (2006) sugerem que os objetivos de avaliação devem incluir: O grau de ajuste entre a inovação e o contexto As percepções das partes interessadas e as experiências da inovação O grau de mudança dos serviços e resultados Até que ponto as novas tornaram-se incorporadas práticas Os efeitos (e consequências não intencionais) da inovação sobre os serviços, os usuários dos serviços e o resto do sistema O aprendizado que poderá ser transferido para outros contextos e como isso se relaciona com a literatura mais ampla sobre inovação As questões que devem ser levadas em conta quando da elaboração de uma lista de medidas de resultado incluem não apenas benefícios para a organização e os pacientes, mas também a distribuição de benefícios líquidos positivos, por exemplo, entre organizações, funções e grupos de usuários (Coyte & Holmes 2007, Rye & Kimberly 2007). Os autores alertam contra problemas de “acesso inverso” onde, por exemplo, grupos desfavorecidos continuam a ter acesso a inovações menos eficazes ou prejudiciais (Rye & Kimberly, 2007). Por fim, as medidas de resultado devem refletir os objetivos subjacentes ao processo de inovação (Dickinson, 2008) e as medidas devem ser cuidadosamente selecionadas de acordo com a adequação e pertinência (Kimberly e Cook, 2008). Centro de Gestão de Serviços de Saúde 35 35 Aprendendo com a experiência Resumo Os determinantes da inovação podem ser considerados como predisposição abrangente (por exemplo, experiências anteriores, atitudes da equipe), capacitação (por exemplo, através da geração de recursos, liderança e redes) e reforço (por exemplo, através de recompensa, revisão e adaptação) (Riesma et al, 2002). Assim, as estratégias de sucesso para a inovação atendem a cada uma dessas dimensões e a interação entre elas. Não há "bola de cristal" que irá assegurar que as organizações inovem. Isso porque o SNS é um sistema complexo que envolve múltiplas interações entre os grupos além das fronteiras. A mudança, a transformação e a melhoria não podem ser asseguradas por meio de soluções estruturais ou apenas através da adoção de uma receita ou fórmula que tenha sido implementada com sucesso em outros lugares. Embora a experiência em outros ambientes e contextos ofereça potencialmente a aprendizagem, uma préação programada não levará necessariamente a resultados de inovação (Caldwell & O "Reilly, 2003). Nas palavras de Greenhalgh et al (2004: 598) “As pessoas não são receptores passivos de inovações. Pelo contrário (em maior ou menor escala para pessoas diferentes), eles buscam inovações, experimentam com elas, avaliam-nas, encontram (ou não conseguem encontrar) significado nelas, desenvolvem sentimentos (positivos ou negativos) sobre elas, desafiam-nas, se preocupam com elas, queixam-se delas, "contornam-nas", ganham experiência com, modificam-nas para atender a tarefas específicas e tentam melhorá-las ou redesenhálas -. muitas vezes através do diálogo com outros usuários." Portanto, a inovação implica sempre algum grau de adaptação em resposta a outros fatores contextuais e temporais. As estratégias devem ser sensíveis ao “contexto”, à complexidade, à ambiguidade, à incerteza, às partes interessadas concorrentes e à gama de influências convergentes possíveis" (Buchanan et al 2005: 203). Greenhalgh et al (2004) revisaram sistematicamente evidências sobre "o que funciona" na difusão e incorporação da inovação. Os autores descobriram que, mesmo nos casos em que a inovação se tornou a norma, a implementação foi confusa, não linear e envolveu muitas vezes tropeços e resistência. Vários fatores podem inibir ou facilitar a mudança em todos os níveis de sistemas e organizações. Em especial, capacitação dos usuários, redes inter-organizacionais, tempo e recursos dedicados e liderança e gestão podem todos ajudar a facilitar a difusão. Esta revisão também identificou a importância da avaliação e sustentabilidade para a busca contínua por inovação. Centro de Gestão de Serviços de Saúde 36 Principais Fatores de Sucesso As evidências sobre os determinantes individuais, organizacionais e ambientais de adoção da inovação e da difusão fornecem orientações para as organizações do SNS que querem melhorar a captação e difusão. O trabalho da Agência de Modernização do SNS entre 2001 e 2005 encerra uma série de lições relevantes. A Agência de Modernização do SNS definiu como desafio principal o fato de sustentar e difundir inovações, particularmente aquelas envolvendo alterações na prestação de serviços (Buchanan, Fitzgerald e Ketley 2007). Obviamente, ao enfrentar esses desafios, as inovações na prestação de serviços podem raramente, ou até nunca, ser copiadas. Em vez disso, elas devem ser adaptadas e personalizadas a fim de atender às diferenças nos contextos organizacionais e nas variações de receptividade a novas formas de trabalho. Uma série de fatores influenciam a absorção de inovações na prestação de serviços, incluindo liderança por parte de diretores executivos e gerentes seniores, envolvimento clínico e posse de novas formas de trabalho, treinamento e desenvolvimento para apoiar mudanças na prática, tempo e recursos disponíveis para implementar inovações e alinhamento com a gestão de desempenho e sistemas de incentivo. O trabalho da Agência de Modernização do SNS mostra que algumas inovações foram retomadas e difundidas rapidamente – o programa "Ver e Tratar" nas emergências dos hospitais é um exemplo -, mas na maioria dos casos houve variações na velocidade e profundidade da absorção. A complexidade da mudança organizacional na área da saúde significa que não existem fórmulas mágicas ou atalhos para melhorar a absorção de inovações no SNS. 37 Aprendendo com a experiência A mensagem clara que se depreende desta análise é que não existe uma fórmula mágica para institucionalizar a inovação. Não obstante, uma série de fatores emergem como princípios consistentes de boas práticas. Estes podem ser expressos numa série de recomendações gerais: Criar caminhos para identificar a inovação: A revisão identificou uma série de canais e recursos disponíveis para as organizações locais e partes interessadas que procuram inovar. As evidências sugerem que um estímulo adicional de indivíduos que buscam inovações (juntamente com pesquisa e desenvolvimento corporativos mais estabelecidos) é importante para a identificação contínua de novas formas de trabalhar. Isso exigirá a alocação de recursos excessivos para identificar e testar novas práticas. As organizações de saúde podem descobrir intervenções potencialmente benéficas por meio das seguintes ações (entre outras) : Criar um sistema formal para buscar a mais relevante literatura científica, organizacional e de gestão. Integrar redes mais amplas para aprender sobre boas práticas vigentes alhures Fomentar a inovação interna - o que exige comprometimento de muitos recursos para os indivíduos inovadores, bem como tolerância para com a heterodoxia do inovador Comprometer-se com teorias de mudança: Um erro comum identificado no estudo consiste na tendência das intervenções serem introduzidas sem qualquer concepção abrangente de como elas serão difundidas e como trarão benefícios pretendidos. É importante que a aprendizagem e discernimento sobre como a mudança e a transformação ocorrem apliquem-se a estratégia e práticas locais. Conduzir uma análise de determinantes locais: As estratégias de inovação devem levar em conta uma compreensão completa da infraestrutura, das relações e das práticas existentes, bem como os potenciais obstáculos. Em especial, as aspirações e as condições de grupos profissionais devem ser avaliadas juntamente com os canais de comunicação e trabalho conjunto. Empregar uma mudança organizacional multinível: Uma estratégia de inovação bem-sucedida terá uma abordagem planejada para a aplicação de ferramentas e técnicas e a integração destas em operações de rotina. Isso acarretará a análise de todo o sistema dos grupos e funções envolvidos na intervenção. Garantir apoio à gestão sênior: Embora a descoberta inicial da inovação (e em alguns casos, a adoção) não possa ser através de canais formais, a mobilização eficaz de recursos, a difusão e a disseminação propagação e exigirão o apoio ativo dos gerentes seniores. Um apoio contínuo independentemente de mudanças de pessoal – também será necessário para continuar novas práticas benéficas. Desenvolver liderança e defensores: A literatura sempre destaca a liderança em todos os níveis como um importante facilitador da difusão. A liderança clínica pode ser crucial para conseguir o apoio de uma comunidade médica mais ampla. Construir uma coalizão para mudança: Facilitar o surgimento de redes de difusão de inovações ajudará a gerar uma massa considerável de apoio das intervenções comprovadamente benéficas. Uma ilustração convincente de como uma estratégia coordenada para a mudança pode ser crucial para a inovação é apresentada pela Equipe de Desenvolvimento da Atenção Primária Nacional (NPDT), que foi lançada em fevereiro de 2000 (Oldham, 2004). Este é um modelo colaborativo que proporcionou consideráveis melhorias de larga escala a pacientes acometidos por doenças de longo prazo. Os princípios fundamentais adotados nessa abordagem são: - A transferência sistemática de conhecimento - Criação de um clima receptivo - Alinhamento de políticas, estratégias e recursos para a difusão Vale ressaltar que a "transferência sistemática de conhecimento" não ocorreu de uma forma mecânica ou unidimensional, pois envolveu uma busca contínua de aprendizagem e troca de conhecimentos. Os principais elementos de um 'clima receptivo’ consistiam em robustos sistemas de medição e de prestação de treinamento. Finalmente, o modelo de difusão adotado caracteriza-se por fases ou 'ondas', que permitiram a execução, mas não em detrimento de uma resposta às necessidades e prioridades locais. Criar um clima organizacional receptivo: As principais dimensões de um clima organizacional receptivo à inovação incluem: o alinhamento da estratégia da organização, regulação e regimes de recompensa e promoção; incentivo ao risco e criatividade e elevadas relações de confiança. Criar uma cultura de inovação ajudará as inovações bem sucedidas a ir além da fase de "projeto" e tornarem-se incorporadas na prática. Isto exige que as organizações debatam regularmente a inovação, incorporem-na à gestão de desempenho e incentivem os esquemas. As AES podem considerar as seguintes opções : esquemas de prêmios, funções de rede e dias de folga, inovação, classificações e oferta de formação extra Construir uma infraestrutura de inovação: Criar uma infraestrutura com conhecimentos e recursos destinados à inovação é indispensável para uma mudança e aperfeiçoamento contínuos. Estes devem cobrir as implicações específicas de escala e difusão pela diferentes estruturas. Centro de Gestão de Serviços de Saúde 38 Cumprir todos os aspectos do processo de inovação: As estratégias anteriores de inovação negligenciaram as questões da difusão, sustentabilidade e “exnovation” (isto é, serviços de desativação quando novas inovações são implementadas). Estes devem ser planejados desde o início. Os fatores genéricos a serem considerados ao difundir a inovação podem ser capturados em um sistema de lista de verificação ou de pontuação, a fim de garantir um planejamento adequado e a mobilização de recursos. Isso deverá levantar os questionamentos seguintes: - A inovação nesta área é uma prioridade estratégica para a organização? - Existe um alto executivo que será responsável pela propagação? - Existe uma equipe que irá assumir diariamente a responsabilidade para a difusão? - A liderança fornecerá as ferramentas necessárias para o sucesso? - A inovação é possui escala no âmbito da economia da saúde? Assegurar tempo suficiente: A justificativa da inovação tem uma série de vertentes, incluindo a melhoria da produtividade e eficiência, redução de custos, melhoria da qualidade e capacidade de resposta, redução da variação na prática e ampliação do acesso aos serviços de saúde. Embora grande parte do debate até agora tenha se concentrado em como o caminho da inovação no SNS pode ser percorrido mais rapidamente, um objetivo mais razoável seria o de atingir um ritmo adequado de adoção e difusão (Rye & Kimberly, 2007). A aplicação de escalas de tempo ótimo varia de acordo com a natureza da intervenção e o contexto de sua introdução. Mudanças precipitadas podem gerar fadiga e, num último momento, fracasso. (Buchanan et al, 2005). O desejo de processos de inovação rápidos também não deve ignorar a necessidade de evitar a difusão além das áreas eficazes ou da adoção que cria ou agrava as desigualdades de acesso e os resultados. 39 Aprendendo com a experiência Reforçar ganhos: O apoio e a recompensa por implementações bemsucedidas (bem como por ganhos, por exemplo, no trabalho conjunto e na liderança) ajudarão a criar as condições para a difusão continuada. Os ganhos devem ser rotineiramente repercutidos em todas as partes interessados. Aproveitar os recursos: A importância de mobilizar recursos locais concerne a todas as dimensões da inovação. Tempo, energia e dinheiro serão necessários para incentivar e facilitar a identificação, adoção e difusão. Construir uma infraestrutura de inovação requer a garantia de recursos. Aproveitar recursos nacionais, tais como repositórios de evidências e conhecimento, redes, ferramentas de formação e implementação ajudará os projetos de inovação conduzidos localmente. Gestão efetiva de conhecimento: Uma estratégia de gestão do conhecimento organizacional é um pré-requisito de uma difusão de sucesso e continuação da inovação. Bem como ela deveria abordar formas de conhecimento explícito e tácito. É imperativo que os benefícios das inovações e as armadilhas a serem evitadas em sua difusão sejam rotineiramente e amplamente divulgados. Uma opção é a criação de um "Portal de Inovação", onde organizações postem pequenos estudos de caso daquilo que estão fazendo e como eles "estão fazendo”. Uma rede regional de "defensores da inovação" de todas as organizações locais poderia ser criada. Os membros receberiam treinamento e tempo para promover a inovação na sua organização e usar a rede para a difusão e “venda” de boas práticas. Estes desenvolvimentos podem ser completados por um pequeno guia que será distribuído em toda a região, contendo conselhos sobre como adotar e difundir a inovação. Adotar a adaptar: A adaptação da intervenção a fim de atender às especificidades do contexto local deve ser incentivada, e uma diferenciação deve ser feita entre a reinvenção legítima e a resistência global. O programa básico de difusão e propagação deverá levar em conta a complexidade da inovação e o ambiente de adoção, bem como antecipar mudanças no ambiente externo. Em geral, o tempo, o sequenciamento e o ritmo da mudança serão indispensáveis para a sustentabilidade. Embora as inovações aconteçam fora dos "canais habituais", a fim de distribuí-las com sucesso, terão de ser adaptadas para se ajustar às exigências e restrições do contexto local. Tanto adotantes precoces quanto tardios devem ser incentivados a promover uma abordagem adaptativa. Isto significa que os prazos precisariam ser flexíveis, as oportunidades de reflexão construídas dentro do processo de difusão e os usuários finais envolvidos em todos os aspectos. Encorajar o sentido: As mudanças propostas para a prática devem ser enquadradas de forma que façam sentido e sejam atraentes aos olhos dos usuários finais. O processo de inovação deve proporcionar múltiplas oportunidades de reflexão e de aprendizagem em todos os níveis da organização e do sistema. As abordagens de campanha podem ser úteis para obter informações sobre inovação e melhoria para um leque mais amplo de partes interessadas. Quanto mais envolvente for a campanha, mais provável fica a difusão da inovação. Isto pode incluir técnicas promocionais, planejamento de campanha e uso de redes. Monitorar, analisar e avaliar: Monitoramento contínuo e a avaliação são essenciais. Não há um padrão ouro de coleta de dados neste contexto, e as abordagens aplicadas devem ser sensíveis às necessidades definidas localmente, Às condições e aos objetivos. Sem coleta de dados, é impossível identificar ou demonstrar os benefícios de novas práticas. Um quadro claro para a avaliação da implementação e dos resultados deve ser concebido antes do início. As AES têm o dever legal de inovar e difundir a inovação. Esta exigência é fundamental para a sustentabilidade do SNS. Com o aproveitamento das lições do que funciona bem em outro lugar e a pesquisa de evidências de boas práticas, esperamos que as AES sejam capazes de desenvolver um plano de ação ou um conjunto de abordagens para fomentar e incorporar a inovação a nível local, regional e nacional. Envolver os usuários finais e as partes interessadas: Os usuários finais da inovação devem, sempre que possível, ser envolvidos na fase de concepção do projeto. A categoria "Usuários Finais" inclui cada vez mais os pacientes, os usuários de serviços e o público. Um compromisso amplo ajudará a evitar a dependência excessiva de "inovadores individuais", "adotantes precoces" e "defensores". Centro de Gestão de Serviços de Saúde 40 Referências s Ansell, C. (2007) Fostering Innovation and collaboration. Medical Device Technoiogy January-February. Buchanan, DA., Fitzgerald, L., Ketley, D. (eds) (2007) T he sustainability and spread of organisational change. Routledge, Oxfordshire. Batalden, P. & Splaine, M. (2002) W hat will it take to lead the continual improvement and innovation of health care in the 21st century? Quality Management in Health Care 11(1): 45-54. Caldwell, DE. & O‟Reilly, CA. (2003) T he determinants of team-based innovation in organisations: the role of social influence. Small Group Research 34: 497-517. Bate, P. (2007) Bringing the design sciences to organisational development and change management. 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Fleuren et al (2004): este documento identifica uma lista de cinquenta determinantes da adoção de inovações e registra a prevalência dos mesmos nos estudos publicados. Greenhalgh et al (2004): a revisão mais completa e recente da literatura sobre inovação em saúde. Don Berwick, Instituto para Melhoria do Setor de Saúde EUA. Tom Bodenheimer, Universidade de California, San Francisco, EUA. Terkel Christiansen, Universidade do Sul da Dinamarca, Dinamarca. David Clemments, Fundação de Pesquisa em Serviços de Saúde, Canadá. Philip Davies, Departamento de Saúde e Envelhecimento, Austrália. JM Evans, Universidade de Dundee, Escócia. MM Godfrey, Escola de Medicina de Dartmouth, EUA. Maria Hofmarcher-Holzhacker, Avançados (IHS), Áustria. Instituto de Estudos Susan Law, Fundação de Pesquisa em Serviços de Saúde, Canadá. Hans Maarse, Universidade de Maastricht, Holanda. Martin Marshall, Fundação de Saúde, Reino Unido. Buchanan et al (2005): uma revisão da literatura sobre a sustentação da mudança organizacional. CJ McCannon, IHI, EUA John Ovretveit, Instituto Karolinska, Suécia Ronald Paulus, Sistema de Saúde de Geisinger, Pensilvânia. Jim Primrose, Ministério da Saúde, Nova Zelândia. Rye & Kimberly (2007): este artigo estuda as evidências na fase de adoção da inovação por organizações prestadoras de serviços de saúde. Uwe Reinhardt, Universidade de Princeton, EUA. Williams & Dickinson (2008): um estudo recente sobre a literatura relativa à adoção de tecnologia na área da saúde. Steve Shortell, Universidade de California, Berkeley, EUA. M Ryvicker, Serviço de enfermaria de Nova Iorque, EUA Sophia Schlette, Bertelsmann Stiftung, Alemanha. LM Schwartz, Grupo sobre os Resultados de Assuntos dos Veteranos, EUA. Alan Spinks, Ministério da Saúde, Nova Zelândia. Juha Teperi, Ministério dos Assuntos Sociais e da Saúde, Finlândia. Ken Thorpe, Centro para a Reforma de Direitos, EUA. Paul Wallace, Kaiser Permanente, EUA. 45 Aprendendo com a experiência Apêndice 1: Principais Recursos A literatura sobre inovação em saúde é redigida às vezes em linguagens divergentes. Por isso, é importante esclarecer as ideias de algumas das principais escolas de pensamento e sua perspectiva e contribuição para o tema. Este apêndice apresenta uma breve descrição de alguns dos quadros e perspectivas principais empregadas na literatura Política Baseada em Evidências O guia para uma política e prestação de serviços baseadas em evidências - uma extensão da aplicação anterior para o estreito campo da prática clínica - tornou-se um quadro abrangente para a definição de padrões e a redução de desigualdades nos cuidados de saúde (Sackett et al 1997, Harrison 1998). Uma das principais características de uma abordagem baseada em evidências para a inovação e melhoria é a ênfase na geração explícita de conhecimento - por exemplo, por meio de técnicas como a Avaliação em Tecnologia de Saúde (McDaid e Cookson, 2003). A suposição de que aumentar e melhorar a base de conhecimento de profissionais e tomadores de decisão trará melhorias correspondentes para a prática está no cerne da abordagem baseada em evidências. Em outras palavras, isso leva a uma ênfase na dimensão de melhoria sobre “o quê" em vez do "como" e, como tal, pode assumir a existência de processos lineares e relativamente simples da difusão do conhecimento na prática. De muitas maneiras, as funções de Nice - pelo menos em sua forma original - podem ser vistas como um reflexo da abordagem de mudança baseada em evidências (Williams et al, 2008). Difusão da Inovação A difusão do modelo de inovação se distancia da geração de evidências, concentrando-se nos "sistemas sociais" que apoiam ou impedem a difusão (Rogers, 2003). Apesar de ser menos linear do que o modelo baseado em evidências, essa abordagem é ainda mais bem equipada para entender como as inovações médicas são introduzidas e incorporadas de modo relativamente discreto, ao invés de inovações gerenciais e organizacionais (Buchanan et al 2007). De acordo com Rogers, adoção e difusão tendem a se conformar a um padrão previsível no qual "inovadores" e "adotantes precoces" possuem um "ponto de inflexão", que precede uma adoção mais generalizada. Esta perspectiva é útil para chamar a atenção para o importante papel de mediador desempenhado por indivíduos inovadores e defensores locais no sentido de facilitar uma propagação mais ampla. Rogers (2003: 414) refere-se a "indivíduo carismático que se entrega totalmente à inovação, superando assim a indiferença ou a resistência provocada quase sempre por uma nova ideia dentro de uma organização”. No entanto, a difusão do modelo de inovação não se sustenta em todas as circunstâncias e é improvável que o fomento de indivíduos que buscam inovação possa por si só resolver todos os problemas enfrentados pelas organizações que procuram inovar (Dickinson & McLeod, 2006). Centro de Gestão de Serviços de Saúde 46 Teoria Organizacional Não existe relato único e definitivo de como as organizações de cuidados de saúde são estruturadas e constituídas. No entanto, há cada vez mais consenso de que as organizações de cuidados de saúde são complexas, multiníveis e envolvem a interação de uma série de grupos (Fitzgerald et al 2002, o Papa et al 2006, Dopson 2007). Existe também um consenso crescente de que diferentes formas organizacionais – medidas em termos, por exemplo, de estrutura, escala, cultura e práticas - são uma consideração importante na criação do contexto para a inovação e melhoria (Fitzgerald et al, 2002). Isto representa uma reorientação importante para a criação de um microclima propício à mudança e à inovação. Neste caso, por "forma organizacional" entendem-se as estruturas subjacentes que são evidentes nos processos de trabalho, nas expectativas e nas premissas da equipe tidas como certas. A força principal desta abordagem é a sua atenção para os meios pelos quais podemos abordar os determinantes organizacionais de inovação que restringem o fluxo de evidências e inibem a adoção de inovação pelos indivíduos 47 Aprendendo com a experiência Teoria Ator-Rede A teoria de rede de atores chama a atenção para a existência de atores heterogêneos conectados através de uma diversidade de redes e relações sociais (Fitzgerald et al, 2002). Nessa perspectiva, a difusão de ideias e práticas é mediada pela configuração de redes dentro de um determinado contexto. O valor deste modelo reside no destaque dado à natureza não linear e dinâmica dos processos de mudança e a necessidade de apreciar a especificidade local de cada microcontexto. Ele também coloca em primeiro plano as noções de negociação e liquidação entre as redes e a necessidade de novas práticas "fazerem sentido" antes que possam ser introduzidas com sucesso. Assim, por exemplo, a adoção bem sucedida depende da capacidade dos indivíduos de comprar ações de uma narrativa organizacional mudada com cada inovação que é introduzida (Peck & Dickinson, 2008). Movimentos Sociais Enquanto a difusão da inovação constituiu o grosso do trabalho da Agência de Modernização, o Instituto SNS é baseado mais na abordagem dos movimentos sociais, que se concentra menos em envolver indivíduos excepcionais do que no engajamento amplo das partes interessadas (Bate et al 2004, Bate et al, 2004a). O aspecto principal desta abordagem é a mudança de abordagens de cima para baixo (neste caso) da adoção e difusão da inovação em direção a uma abordagem popular, de baixo para cima, em que a mudança é moldada e protagonizada por indivíduos encarregados da implementação. (Dickinson & McLeod, 2006). Microssistemas Clínicos Existe um ímpeto crescente atrás do foco na reengenharia das menores unidades naturais da organização e da prestação de cuidados de saúde (Williams et al, 2009). Os "Microssistemas clínicos" são as menores unidades replicáveis dentro de uma organização que contêm os seus próprios recursos humanos, financeiros e tecnológicos (Batalden & Splaine, 2002). Ferlie & Shortell (2001) observam que o conceito de microssistemas surgiu com foco nos recentes trabalhos de melhoria de qualidade da saúde. Os benefícios dessa abordagem incluem a ênfase na obtenção de apoio para a mudança junto a todas as partes interessadas no microssistema (em oposição a uma abordagem de difusão da inovação que visa inovadores e adotantes precoces) e a reiteração da necessidade de uma abordagem de melhoria orgânica, de baixo para cima, incorporando um desenvolvimento incremental rumo à eventual transformação de serviço. Gestão de Conhecimento A gestão de conhecimento pode ser considerada como qualquer processo sistemático concebido para "adquirir, preservar, organizar, recuperar, exibir e distribuir o que é conhecido." (Matheson, 1995: 74). Como tal, uma estratégia de gestão do conhecimento pode abranger uma gama de abordagens e mecanismos, incluindo: o fornecimento de evidências e informações, transferência ou difusão das melhores práticas, redes e comunidades de prática, desenvolvimento de sistemas de informação e ferramentas de decisão, desenvolvimento de habilidades, abordagens “sense making” e narração de histórias. A importância de uma abordagem mais sofisticada para a disseminação e troca de conhecimentos é atrelada ao princípio de que se o conhecimento necessário para o uso da inovação pode ser codificado e transferido de um contexto para outro, será adotado mais facilmente (Greenhalgh et al 2004, Williams & Dickinson 2008). Uma consideração importante é a distinção entre conhecimento explícito e conhecimento tácito (Greenhalgh et al 2004, Bosua & Scheepers 2007). Enquanto o conhecimento explícito pode ser codificado em AES e diretrizes, o conhecimento tácito é obtido através de sabedoria prática, experiência e expertise, sendo, portanto, menos adaptável a uma articulação formal. A principal implicação da distinção entre conhecimento explícito e tácito é que a geração de inovação requer o reconhecimento da natureza social e contextual do conhecimento. Os métodos para transmissão de conhecimento tácito (por exemplo, competências) incluem a experiência de tutoria, experiência compartilhada e narração de histórias (Peck & Dickinson 2008, Williams & Dickinson 2008). Em geral, a gestão do conhecimento é considerada imprescindível para da capacidade de absorção de uma organização, que é a capacidade para uma organização de identificar, assimilar, compartilhar, re-codificar e agir em novos conhecimentos (Zahra e George, 2002). Centro de Gestão de Serviços de Saúde 48 Estudo de Caso 10: Microssistemas Clínicos Panorama da Inovação O conceito de microssistemas clínicos foi originalmente adotado nos EUA, onde foi criado pelo centro médico Dartmouth Hitchcock. Um microssistema é um grupo de funcionários de primeira linha e pessoal de apoio trabalhando em conjunto para melhorar o atendimento ao paciente. Os microssistemas têm objetivos clínicos e de negócios, processos interligados, um ambiente de informações e resultados de desempenho compartilhados. Eles evoluem com o tempo e muitas vezes são incorporados em organizações maiores. A maioria das alas, das equipes de atenção primária e outras equipes da linha de frente poderia ser classificada como um microssistema clínico. Este método de adoção e difusão da inovação depende do fato de a equipe ser reflexiva e disposta a experimentar novas abordagens.. Adoção e Difusão Ferramentas para ajudar as pessoas que trabalham em microssistemas a entender seu trabalho e identificar áreas para a mudança têm sido desenvolvidas pelo centro médico Dartmouth Hitchcock e as equipes de microssistemas clínicos do SNS. Por exemplo, há um "quadro microssistêmico", que contém um conjunto de ideias e ferramentas concebidas para ajudar as pessoas que trabalham em microssistemas a ter um desempenho mais eficaz como equipe e melhorar os padrões de serviço. O quadro incentiva os membros da equipe a pensar objetivamente sobre como sua equipe está estruturada e como ela funciona, e a compreender os sistemas e processos que a conectam. Eles podem, portanto, usar essas informações para identificar áreas para melhoria, e introduzir mudanças de uma forma sistemática e bem gerida. A inovação é mais adotada e difundida quando os microssistemas dispõem de tempo para analisar as áreas de desenvolvimento e para se reunir com os outros a cada mês ou cada trimestre para avaliar os progressos e compartilhar as lições aprendidas. Principais Lições Os estudos identificaram nove fatores de sucesso de microssistemas bem-sucedidos: liderança, cultura, apoio organizacional, foco no paciente, foco no pessoal, interdependência da equipe de atendimento, informação e tecnologia da informação, foco na melhoria de processos e nos padrões de desempenho. Os microssistemas clínicos que são mais eficazes para a adoção e difusão da inovação têm quatro características em comum: utilizam informações de benchmarking sobre processos e resultados, usam "mural de dados" para informar as principais medidas, os quais permitem que o pessoal veja e se adapte à avaliação de desempenho, e utilizam protocolos e diretrizes para processos centrais, incentivando pensamento inovador e testes de mudança. Aplicabilidade do SNS O Programa e as Ferramentas da “Ala Comunitária Produtiva e bem Sucedida” do Instituto de Inovação e Melhorias do SNS baseiam-se nos princípios de microssistemas clínicos. As AES podem aprender com o sucesso dessas abordagens tirando proveito das lições-chave, tais como a concentração nas equipes de primeira linha para adotarem a inovação, em vez de se concentrar em níveis gerenciais, incentivando as PCTs e os profissionais a adotar a inovação e a melhoria no trabalho cotidiano das equipes existentes, usando evidências sobre as melhores práticas para definir protocolos e diretrizes locais e, por fim, introduzindo novas e simples estratégias de monitoramento, tais como fotos e gráficos de desempenho nas salas de trabalho das equipes ou nas alas para manter visível a agenda melhoria. O uso de recursos como as séries produtivas do Instituto SNS pode ser apropriado, uma vez que o Instituto dedicou tempo e recursos consideráveis no desenvolvendo desses materiais, que têm sido realizados e implementados por toda a Inglaterra. Ao invés de tentar "reinventar a roda", as AES poderiam investir na aplicação das ferramentas existentes nas áreas locais. Mais informações: www.clinicalmicrosystem.org 49 Aprendendo com a experiência Estudo de Caso 11: Reengenharia do processo de negócios Panorama da Inovação Nos anos 1990, a reengenharia do processo de negócios tornou-se popular como uma forma de incentivar a mudança. Esta abordagem rejeita a mudança incremental em favor de uma abordagem de cima para baixo, de “tudo ou nada". Novos processos e protocolos são criados a partir do nada dentro de um curo período de tempo. Isso faz parte do planejamento e da implementação da inovação, porque é uma abordagem estruturada para facilitar novas formas de pensar sobre os processos de rotina. Adoção e Difusão Este método era popular em algumas partes da Europa e dos EUA. Dois fundos fiduciários de hospitais para doenças agudas, King’s Healthcare e Leicester Royal Infirmary, participaram de projetos pilotos em meados dos anos 1990. Os projetos eram destinados a difundir novas ideias, através de orientações centralizadas, reuniões de equipe regulares e uma abordagem de "começar do zero", segundo a qual nada foi considerado como "sagrado" ou imutável. As equipes sêniores promoveram pontos de partida e as equipes de linha de frente foram instruídas a fazer a rapidamente as mudanças para assegurar que a nova visão funcionasse na prática. O objetivo era de reinventar totalmente sistemas organizacionais. Principais Lições As avaliações revelaram algumas evidências de mudança resultantes da reengenharia, mas não em larga escala com era esperado. A mudança foi mais incremental. Foi essencial ter um comprometimento clínico. Houve resistência em se tratando das abordagens "de cima para baixo", sem espaço para os clínicos individuais e as equipes "colocarem sua própria marca”. Aplicabilidade do SNS Esta abordagem foi testada no âmbito do SNS, mas não funcionou bem para facilitar maior inovação. Ela tende a se concentrar no tratamento de doenças agudas ao invés de atenção primária e a adotar metodologias rígidas para "forçar" a inovação. O perigo reside no fato que, se não for aplicada corretamente, esta abordagem pode presumir que os sistemas e os processos devem ser completamente reconstruídos, em vez de se desenvolver com base nas boas práticas existentes. Outra questão é que, embora uma inovação generalizada tenha sido o objetivo, houve resistência a tal mudança fundamental e os programas obtiveram apenas mudanças incrementais. A lição para as AES é que é importante ter um equilíbrio entre a vasta reforma do sistema e uma inovação passo a passo. Também é essencial investir tempo, energia e financiamento para garantir a participação adequada em todos os níveis, desde o pessoal de primeira linha até os usuários do serviço e a alta gerência. A inovação não diz respeito a processos, e sim a pessoas. Centro de Gestão de Serviços de Saúde 50 Avaliação Realista Resumo Dada a aparente necessidade de uma valorização da interação entre intervenção, contexto e resultados, é cabível fazer uma breve introdução do conceito de "avaliação realista" (Pawson &Tilley, 1997). Embora seja primariamente um método para intervenções de avaliação, uma abordagem realista encerra inúmeros benefícios para a nossa compreensão da inovação. A partir desta perspectiva, não é uma intervenção específica que funciona ou não funciona. Pelo contrário, ela se refere aos mecanismos de implementação subjacentes, bem como à relação destes com um ambiente mais amplo que trazem efeitos observados. A avaliação realista facilita o desenvolvimento de uma teoria sobre o que funciona, em que aspectos, para que indivíduos e em que tipo de situações (Pawson 2005), elaborando, portanto, recomendações informadas, qualificadas e contextualizadas a respeito das políticas e da prática em outros lugares. Quando aplicada sobre a inovação, esta abordagem incentivaria a identificação de padrões e regularidades contextuais na adoção da inovação e difusão, a fim de formular prescrições informadas e contextualmente relevantes para avançar. Embora distintas, muitas destas abordagens são compatíveis ou têm alguma relevância, dependendo da natureza do cenário de inovação. Como quadros mais abrangentes, elas fornecem, muitas vezes, a estrutura subjacente para apoiar a pesquisa (e posterior análise) realizada por seus partidários. A literatura teórica nesta área move-se gradualmente de modelos lineares de intervenções e resultados até a apreciação da não linearidade e da complexidade (Walker, 2003). A taxonomia aqui fornecida não é exaustiva e poderia ter sido ampliada para incluir, por exemplo, a teoria de sistemas complexos (Plsek & Greenhalgh, 2001) e “design science” (Bate, 2007). O objetivo não é cobrir todos os aspectos da teoria, mas indicar como a prática da inovação será geralmente informada, embora implicitamente, por uma teoria ou modelo de como as práticas do setor público são constituídas e alteradas. 51 Aprendendo com a experiência