Notícia anterior Classificação do artigo Próxima notícia 15 abr 2015 O Globo VINICIUS SASSINE vinicius. jorge@ bsb.oglobo.com. br Integrante da AGU diz que não houve sobrepreço na estatal Número 2 do órgão afirma que será difícil definir valores desviados “Fica muito difícil, principalmente nos casos da LavaJato, falar em sobrepreço. Órgãos da Petrobras entendem que (...) houve o acolhimento de tabelas” Fernando Luiz Albuquerque Faria Advogadogeral da União substituto BRASÍLIA O número dois da AdvocaciaGeral da União ( AGU) defendeu que não houve superfaturamento em contratos de empreiteiras investigadas na Operação LavaJato e que, por essa razão, será difícil definir o ressarcimento de valores desviados, como mostra vídeo obtido pelo GLOBO. A tese foi lançada pelo advogado geral da União substituto, Fernando Luiz Albuquerque Faria, no último dia 8, em seminário sobre corrupção realizado no auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em Portugal. O cerne das investigações da LavaJato aponta para a existência de superfaturamento de contratos, a partir dos quais eram extraídos pagamentos indevidos a políticos, operadores, diretores e funcionários da estatal. Na Universidade de Lisboa, o número dois da AGU participava de um dos painéis do 3º Seminário LusoBrasileiro de Direito. A fala sobre a inexistência de sobrepreço em determinados contratos ocorreu no momento em que ele defendia os acordos de leniência a serem firmados com as empresas investigadas. “A previsão do acordo de leniência busca agilizar (a reparação do dano). Agora, também é um calcanhar de Aquiles, porque vai existir uma grande dificuldade da fixação do valor de ressarcimento, dos parâmetros”, disse o advogadogeral substituto. “Em alguns casos, fica muito difícil, principalmente nos casos da LavaJato, falar em sobrepreço. Órgãos da própria Petrobras entendem que, na fixação dos preços, houve o acolhimento de tabelas internacionais, houve todo um estudo, e que não houve sobrepreço. A inexistência desse sobrepreço é defendida inclusive perante o Tribunal de Contas da União”. O advogadogeral substituto admitiu, no entanto, que “em alguns casos” a CGU identificou “valores que extrapolaram o razoável, e se entende que esses valores seriam aptos à reparação”. Ao GLOBO, Faria negou ter feito uma defesa de que não houve superfaturamento nos contratos das empreiteiras: — O que existe é uma dificuldade em falar em sobrepreço. A própria Petrobras, junto ao TCU, diz que não houve. Temos interesse em recuperar o máximo possível de valores à Petrobras, mas temos encontrado dificuldades para fixar o valor. Vamos buscar incessantemente. Se houve sobrepreço, vamos atrás do sobrepreço. O ministro da CGU, Valdir Simão, disse ser “prematuro” definir como deve ser feito o cálculo do ressarcimento dos danos causados à Petrobras pelas empreiteiras investigadas na LavaJato. — No âmbito da CGU, a LavaJato culminou na abertura de 29 processos contra empresas. É prematuro dizer sobre o valor do dano e sobre como esse dano tem de ser calculado. Cada caso é um caso — disse o ministro. “EVITAR UM ACORDÃO” O TCU pautou de novo para a sessão de hoje o processo que analisa se acordos de leniência devem prosseguir na CGU antes da conclusão das investigações da LavaJato. O relator no tribunal, ministro Augusto Nardes, reuniuse ontem com o procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, e se encontra hoje com o advogadogeral da União. Ontem, o delegado Márcio Ancelmo, coordenador da Operação LavaJato, disse ver com reservas acordos de leniência entre a CGU e as empreiteiras investigadas. Para ele, é importante que os acordos não resultem em punições mais leves para as empresas. Perguntado sobre as negociações em curso na Controladoria, o delegado afirmou que “é preciso evitar um acordão e que punições deixem de ser aplicadas”. Ancelmo participou de uma entrevista na sede da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), que divulgou propostas que serão encaminhadas ao governo. Impresso e distribuído por NewpaperDirect | www.newspaperdirect.com, EUA/Can: 1.877.980.4040, Intern: 800.6364.6364 | Copyright protegido pelas leis vigentes. Notícia anterior Próxima notícia