XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
SELEÇÃO DE OPERADOR LOGÍSTICO
PARA TRANSPORTE DE PRODUTOS
RESFRIADOS UTILIZANDO AHP PARA
TOMADA DE DECISÃO DE
MULTICRITÉRIO
Geraldo Cardoso de Oliveira Neto (UNINOVE)
[email protected]
Julio Cezar de Oliveira (UNINOVE)
[email protected]
Andre Felipe H. Librantz (UNINOVE)
[email protected]
WASHINGTON CARVALHO DE SOUSA (UNINOVE)
[email protected]
As organizações visam terceirizar os serviços logísticos quando podem
melhorar o nível de serviço aos clientes. Neste contexto, é fundamental
selecionar o operador logístico mais apropriado, que possa complementar
a capacidade logística da contratante. O objetivo deste trabalho consiste
em aplicar o método AHP (Análise Hierárquica do Processo) para
selecionar um operador logístico que atua no transporte de produtos
resfriados, em que foram considerados os critérios e subcritérios
identificados mais relevantes pela empresa contratante. A pesquisa foi
conduzida utilizando o método de pesquisa estudo de caso exploratório.
Os resultados permitiram selecionar o melhor fornecedor para o segmento
de produtos resfriados, o qual o critério gestão da qualidade foi o mais
relevante para o setor em estudo. Além disso, contribui para identificação
dos critérios mais importantes para o setor em relação a percepção dos
tomadores de decisão.
Palavras-chave: Seleção de operador logístico, Multicritérios de Decisão,
Análise Hierárquica do processo (AHP)
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1. Introdução
As empresas têm terceirizado suas operações logísticas com o objetivo de direcionar esforço para
sua atividade fim, o que além de proporcionar ganhos com know-how de outras empresas
especialistas de serviços logísticos (BAYAZIT e KARPAK, 2013), que contribui para alcançar
objetivos estratégicos e melhorar a competitividade da organização. A seleção do operador
Logístico (OPL) é uma decisão que causa impacto em longo prazo nos resultados da organização,
a qual é fundamental na construção de modelos para suportar as melhores decisões (ALMEIDA,
2013). Por exemplo, a utilização do AHP para seleção de OPL’s baseado em critérios e
subcritérios qualitativos e quantitativos, ao invés de se basear unicamente em custo (HO et al.,
2009).
A Análise Hierárquica do Processo (AHP) trata-se de um método que permite a seleção de
multicritérios aplicado na resolução de problemas complexos, os quais possuem múltiplos
objetivos para tomada de decisão (OLIVEIRA NETO et al., 2014), que permite avaliar critérios
qualitativos e quantitativos simultaneamente, considerando os julgamentos e importâncias
atribuídas a cada critério e alternativa por parte dos tomadores de decisão (IAÑES e CUNHA,
2006). Contudo, as decisões nas organizações envolvem critérios conflitantes. Neste sentido, se
faz necessário a utilização para apoiar à tomada de decisão multicritério para que se obtenha
coerência entre o objetivo e a decisão final selecionada (SALOMON, 2010).
A utilização do método AHP é fundamental para selecionar operadores logísticos por meio da
identificação e avaliação dos critérios envolvidos na cadeia de suprimentos, permitindo à seleção
apropriada do operador e que este possa contribuir com a melhoria da qualidade dos serviços
logísticos. Desta forma, se faz necessário a avaliação detalhada antes da formalização contratual
para verificar se o operador tem capacidade para atender os critérios definidos pela empresa
(OLIVEIRA et al., 2014).
Com base na revisão da literatura foi possível identificar estudos que utilizaram o método AHP
para selecionar operadores logísticos nos seguintes segmentos: automotivo, agrícola, serviços e
congelados (VIJAYVARGIYA et al., 2010; XIU e CHEN, 2012; DAIM et al., 2013; OLIVEIRA
NETO et al., 2014). Contudo, foi identificada a ausência de estudo que aplicou o método AHP
para selecionar operador logístico no segmento de transporte de produtos resfriados. Desta forma,
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emergiu-se a seguinte pergunta, o uso do método AHP contribui para avaliação e seleção do
operador logístico para o segmento de produtos resfriados e que atenda as aos critérios que
expressam as reais necessidades das partes interessadas?
Portanto, o objetivo da pesquisa consiste em aplicar o método AHP para avaliar e selecionar
OPL’s ideais para o segmento de produtos resfriados, que expressam as reais necessidades das
partes interessadas através da utilização de critérios e subcritérios relevantes para o segmento
2. Revisão da literatura
2.1. A utilização do AHP para seleção de OPL
A Análise Hierárquica do Processo (AHP) é uma técnica estruturada para organizar decisões
complexas em que foi desenvolvido por Thomas Saaty para resolução de problemas complexos
que envolvem decisões multicritérios. A aplicação do método AHP tem contribuído para decisões
corretas que envolvem os seguintes temas: Planejamento, alocação de recursos, prioridade e
seleção de operadores logísticos (SAATY, 2008; ALMEIDA, 2013; OLIVEIRA NETO et al.,
2014). Como por exemplo, no segmento eletroeletrônico aplicaram o método AHP para seleção
de OPL e consideraram os seguintes critérios como relevantes para a organização: pró-atividade,
responsabilidade e baixo em relação ao custo, condição de entrega, flexibilidade de produção,
idoneidade, qualidade, equipamentos físicos, capacidade de identificar e prevenir possíveis
problemas, acessibilidade e contato com as pessoas em situações de emergência, e estabilidade
financeira e habilidades de mitigar riscos (HO et al, 2009).
Na pesquisa realizada no setor automotivo, a aplicação do método AHP proporcionou a seleção
do melhor operador que contribuíram para melhorar a eficiência e clareza no processo de tomada
de decisão (GOL e CATAY, 2007). A área de produtos agrícola possui estudos com aplicação do
AHP que abordaram os critérios: capacidade operacional, níveis de serviço e preço, potencial de
desenvolvimento e Green level abrangendo emissões de poluentes, consumo de energia e
reutilização de recursos (XIU e CHEN, 2012).
Em outro estudo, foram considerados seis critérios para seleção do OPL no segmento de serviço
por meio da utilização do método AHP, sendo: custo do serviço, desempenho, capacidade de
abrangência global, capacidades e integração de tecnologia da informação, expertise e
experiência específica para a (DAIM et al., 2013). O segmento de produtos variados possui um
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estudo que utilizou os critérios de riscos de recursos, gerencial, físico do ambiente, humano, de
segurança, financeiro, de mercado regulatório ou político e risco de operações, que contribui para
a satisfação dos clientes (LAM et al., 2015).
A seleção de produtos congelados aplicou o método AHP e identifcou os seguintes critérios:
infraestrutura operacional, gerenciamento de operação, qualidade, tecnologia, recursos humanos,
confiabilidade e responsividade. Neste segmento, obtiveram-se os seguintes resultados
classificação e avaliação dos operadores logísticos, indicando o mais apto a transportar e
armazenar produtos congelados, além de avaliar pontos importantes, tais como, localização e
capacidade de resposta (OLIVEIRA NETO et al., 2014).
Com base na pesquisa realizada, foi evidenciada a importância de identificar os critérios e
subcritérios para selecionar operador logístico por meio da utilização do método AHP, que
contribuiu para à tomada de decisões complexas, permitindo melhorar a qualidade dos processos
logísticos. Desta forma, no próximo tópico serão detalhadas as etapas envolvidas para
identificação e avaliação dos critérios com base no método AHP.
2.2. Etapas utilizadas para análise e seleção de operadores logísticos
Com base na revisão da literatura foi possível encontrar 7 etapas para analisar o processo de
seleção do operador logístico por meio da aplicação do método AHP conforme os conceitos
expostos abaixo.
A primeira etapa consiste em determinar os critérios que é uma das ações mais importante na
construção do modelo e deve ser realizado em conjunto com os profissionais dos diversos setores
envolvidos no processo de decisão (XIU e CHEN, 2012), permitindo melhor entendimento das
necessidades de cada critério para seleção do operador logístico. Na segunda etapa é necessário
elaborar a matriz de comparação que possui julgamentos aceitáveis pelos especialistas da área
logística, caso contrário necessita-se de ajustes nos pesos atribuídos aos critérios (OLIVEIRA
NETO et al., 2014).
Na terceira parte, trata-se da matriz normalizada que é realizada através da divisão do peso
atribuído a cada critério pela soma de todos os pesos, a fim de se obter a contribuição de cada
critério na seleção da alternativa (BAZIT e KARPAC, 2013), em seguida, inicia-se a quarta
etapa, em que realiza o cálculo de consistência (CR) que se faz necessário para que o processo
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tenha dados consistentes (XIU e CHEN, 2012). Posteriormente, no quinto passo, a determinação
do peso relativo consiste na atribuição de um valor entre 1, 3, 5, 7 e 9 para cada uma das
alternativas em relação às outras e em cada um dos critérios e subcritérios para realização da
comparação entre as alternativas, contribuindo para a análise dos resultados (OLIVEIRA NETO
et al., 2014). Os valores são atribuídos considerando as definições apresentadas na tabela 1
abaixo.
Tabela 1- Escala de avaliação dos critérios
Valor
Definição
Explicação
1
Igualmente preferido
Ambos os critérios contribuem igualmente para
o objetivo
3
Fracamente preferido
A análise e experiência demonstram que um
critério é levemente mais importante em relação
ao outro
5
Fortemente preferido
A análise e experiência demonstram que um
critério é fortemente mais importante em
relação ao outro
7
Muito fortemente preferido
Um critério é fortemente preferido e sua
importância é demonstrada na prática
9
Extremamente preferido
Há evidência que um critério é extremamente
mais importante com a mais alta certeza
2, 4, 6, 8
Valores intermediários as
alternativas
Condição de avaliação entre dois conceitos
1/3, 1/5,
1/7, 1/9
Valores recíprocos
Valores recíprocos aos aplicados na comparação
entre pares
Fonte: adaptada de Saaty (2008).
Após definido o peso de cada critério, é necessário realizar a comparação entre os pares que
incorpora ao processo de decisão a experiência e a preferência dos envolvidos no processo de
decisão, essa comparação define os critérios e alternativas mais importantes (IANÑES e
CUNHA, 2006) sendo a sexta etapa. Por fim, o último passo consiste na análise da sensibilidade
que permite analisar as mudanças de julgamentos e suas influências na seleção das alternativas, o
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que dá uma visão ao tomador de decisão sobre o impacto das mudanças dos pesos atribuídos aos
critérios e aos resultados da organização (BAZIT e KARPAC, 2013).
Deste modo, após a revisão da literatura emergiram-se seguintes etapas para aplicação do método
AHP para realizar o processo de seleção do OPL: (i) definição do problema, (ii) decomposição do
problema em critérios, (iii) comparação entre pares de critérios, (iv) normalização da matriz de
comparação, (v) cálculo de consistência, (vi) comparação entre as alternativas e (vii) análise de
sensibilidade. Dessa forma, pretende-se utilizar essas etapas para identificar e selecionar os
critérios envolvidos no segmento de produto resfriado.
3. Metodologia
Este estudo utilizou o método de pesquisa estudo de caso exploratório para analisar os resultados
no segmento de produto resfriado. O estudo de caso tem como objetivo investigar um
determinado fenômeno que ocorre na realidade, mas que não está claramente definido,
possibilitando o desenvolvimento de novas teorias, com base nas evidências observadas (YIN,
2010), a abordagem exploratória é indicada para assunto pouco ou ainda não abordado (GIL,
2009).
Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: reuniões, grupos focais e
análise de documentos. Os grupos focais ou de observação geram aprendizagens importantes
sobre o fenômeno avaliado por meio do envolvimento dos especialistas (THIOLLENT, 2007).
Em seguida os dados foram utilizados para identificação e avaliação dos critérios por meio da
aplicação do método AHP, que contribui para a análise e discussão do caso conforme apresentado
na próxima seção.
3.1. Procedimentos do AHP
Para realização deste estudo foi aplicado o método AHP utilizando os programas Super Decision
e editor de planilhas eletrônicas, seguindo as seguintes etapas (i) definição do problema, (ii)
decomposição do problema em critérios, (iii) comparação entre pares de critérios, (iv)
normalização da matriz de comparação, (v) cálculo de consistência, (vi) comparação entre as
alternativas e (vii) análise de sensibilidade as quais foram aplicadas e são descritas a seguir.
3.1.1. Definição do objetivo
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O modelo hierárquico aplicado neste estudo é ilustrado em 4 níveis na figura 1.
Figura 1 – Modelo hierárquico para seleção de OPL’s
Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
A definição do problema é o objetivo no modelo hierárquico, que neste estudo, consiste na
avaliação e seleção do OPL aplicados através de um estudo de caso na indústria de produtos
resfriados, representado no modelo ilustrado na figura 1 no 1º nível, os quais os critérios e
subcritérios utilizados emergiram-se da literatura e são comuns para seleção de OPL’s. Os
critérios e subcritérios são representados no modelo da figura 1, no 2º e 3º nível, respectivamente.
O 4º nível ilustra as alternativas de OPL’s avaliados neste estudo através da aplicação do método
AHP, ilustrados na figura 1, neste modelo representado pela sigla OPL (Operador de Serviços
Logísticos).
3.1.2. Decomposição do problema em critérios
Após revisão da literatura foi possível identificar 7 critérios e 32 subcritérios que norteiam o
processo de avaliação e seleção do OPL conforme apresentado na tabela 2, os quais são os
requisitos essenciais para o processo de seleção dos OPL’s.
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Tabela 2 – Critérios e subcritérios para seleção de OPL’s
Critérios
Gestão da Qualidade (c1)
Credibilidade e experiência do OPL (c2)
Confiabilidade (c3)
Responsividade (c4)
Subcritérios
Certificação da qualidade (c1.1)
Conformidade para garantia da integridade física do produto (c1.2)
OPL busca melhorias no processo (c1.3)
Rastreabilidade (c1.4)
Reputação da empresa (c2.1)
Parcerias logísticas (c2.2)
Quantidade de contratos/ano (c2.3)
Competência no serviço (c2.4)
Tempo de experiência com o produto (c2.5)
Tempo de atuação no mercado (c2.6)
Carteira de cliente (c2.7)
Entrega de pedidos completos (c3.1)
Vazamento de informações confidenciais (c3.2)
Segurança contra roubo de carga (c3.3)
Multa pelo não atendimento (c3.4)
Operação em JIT (c4.1)
Entregas em curto prazo (c4.2)
Localização do OPL (c5.1)
Condições de limpeza do caminhão para o carregamento e transporte na
contratante (c5.2)
Equipamentos necessários para o carregamento e transporte na contratante,
recebimento, movimentação interna, armazenagem e transporte para o cliente (c5.3)
Infraestrutura operacional (c5)
Processos de recebimento, manuseio, estocagem/empilhamento e separação no
armazém responsivo sem avarias no OPL (c5.4)
Exigência de túneis no armazém para o resfriamento da carga (C5.5)
Entrega do pedido perfeito ao cliente sem avarias e no tempo certo (c5.6)
Tecnologia da informação (c6)
Gestão de Recursos Humanos (c7)
Facilidade de comunicação (EDI) (c6.1)
(ERP) (c6.2)
(WMS) (c6.3)
(TMS) (c6.4)
Roteirização (GPS) (c6.5)
Vestes e asseio dos funcionários (c7.1)
Capacidade de trabalho em equipe (c7.2)
Capacitação e testes práticos (c7.3)
Qualificação de funcionários (c7.4)
Fonte: Oliveira Neto (2008; 2014)
3.1.3 Comparação entre pares de critérios
A comparação entre pares foi realizada utilizando a escala de importância de Saaty (2008),
conforme apresentada na Tabela 1, que que incorpora ao processo de decisão a experiência e a
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preferência dos envolvidos no processo de decisão, essa comparação define os critérios e
alternativas mais importantes (IANÑES e CUNHA, 2006).
As comparações entre os pares ocorrem através dos programas específicos ou editores de
planilhas eletrônicas, utilizando a matriz de decisão A, onde são calculados os resultados parciais
dos pesos de cada critério através de vi(Aj), j=1, ..., n, sendo j o peso das alternativas em relação
ao critério i.
3.1.4 Normalização da matriz de comparação
Os critérios e subcritérios utilizados são qualitativos e quantitativos traduzidos em uma escala de
1 a 9, o qual se faz necessário após as comparações entre pares a normalização de cada matriz.
Para isso utilizou-se a seguinte expressão:
i = 1 vi(Aj) = 1, para j = 1, ...,n;
onde n é o número de critérios, subcritérios ou alternativas comparados. Em seguida foram
calculadas as somas dos resultados parciais de cada critério através da expressão:
vi (Aj) = aij / i = 1 aij, para j = 1, ...,n.
Em seguida, foram calculados os vetores de prioridades de cada alternativa i em relação ao
critério Ck com a expressão:
vK (Ai) = j = 1 vi(Aj) / n, para i = 1, ...,n.
Após o cálculo dos vetores das prioridades, foram calculados o peso de cada critério Ck e seu
impacto em cada uma das alternativas utilizando a equação apresentada abaixo:
wi(Cj) = Cij / i = 1 Cij, para j = 1, ..., m;
o qual m é o valor de critérios no mesmo nível. O vetor de prioridade é obtido por:
wi(Ci) = i = 1 w(Cj) / m, para i = 1, ..., m;
Por fim, os valores de avaliação de cada alternativa após a normalização é obtido através da
equação 4:
f(Aj) = i = 1 w(Ci) * vi(A), para j = 1, ..., n;
onde n é o número de alternativas.
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3.1.5. Cálculo de consistência
Os julgamentos realizados pelos envolvidos no processo de julgamento são avaliados através do
cálculo de consistência, sendo necessário obter o valor máximo do vetor de eigen para cada
matriz através da equação:
onde n é o número de critérios. O cálculo do índice de consistência (CI) é calculado através da
equação:
A consistência relativa (CR) é calculada através da equação:
onde o valor de RI(n) é um valor tabelado obtido a partir do valor de n, conforme ilustrado na
tabela 3. O valor de CR deve ser menor que 0,1, caso contrário, será necessário rever os valores
dos julgamentos atribuídos aos critérios e subcritérios na comparação entre pares.
Tabela 3 – Tabela de índices de consistência aleatória (RI)
n
RI(n)
2
0
3
0,58
4
0,9
5
1,12
6
1,24
7
1,32
8
1,41
9
1,45
Fonte: Saaty (2005)
3.1.6. Comparação entre as alternativas
Os critérios e subcritérios, após definidos pelos tomadores de decisão, e realizados os
julgamentos e verificado as consistências dos dados, em seguida, foram comparadas as
alternativas entre si através de matriz de comparação par a par para cada um dos subcritérios,
permitindo que as alternativas sejam avaliadas e selecionadas através de uma classificação
ordinal.
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3.1.7 Análise de sensibilidade
A análise de sensibilidade possibilita aos tomadores de decisão visualizar o quanto uma avaliação
subjetiva impacta na seleção de um OPL em uma aplicação do método AHP. Este recurso
possibilitou também que sejam analisados os critérios, os respectivos pesos e faixa de variação
que provoca a mudança de resultado do OPL selecionado. Desta forma, a análise de sensibilidade
pode ser realizada utilizando programas específicos para decisão multicritério ou através de
editor de planilhas eletrônicas.
4. Resultados
Inicialmente foi realizada uma reunião com o principal acionista da empresa fabricante de
produtos perecíveis resfriados (contratante) localizada no interior de São Paulo a fim de
compreender as necessidades logísticas. O acionista denotou características conservadoras em
relação a “reputação e marca tradicional do produto” da empresa no mercado e enfatizou que se
“não conseguisse encontrar um OPL apropriado preferia deixar de fornecer os produtos para a
região metropolitana de São Paulo”. O acionista relatou que os produtos estavam chegando nas
prateleiras dos clientes localizados na região metropolitana de São Paulo avariadas devido ao
tempo de entrega e ausência de veículos frigoríficos. Essa falha logística passou a afetar a
qualidade e tradição do produto, aspecto bastante importante na visão do proprietário da empresa
contratante.
Em seguida, realizou-se a comparação entre pares de critérios foi desenvolvido utilizando o
software de decisão multicritério SuperDecisions e um editor de planilhas eletrônicas, a partir dos
quais foi possível obter resultados parciais dos pesos de cada critério e subcritérios utilizado em
relação aos outros conforme ilustrado na tabela 4, em que este processo foi realizado para todos
os subcritérios, os quais os critérios envolvidos foram: C1: Gestão da Qualidade, C2:
Credibilidade e Experiência do OPL, C3: Confiabilidade, C4: Responsividade, C5: Infraestrutura
Operacional, C6: Tecnologia da Informação e C7: Gestão de Recursos Humanos. Os resultados
demonstram que a capacidade logística central da contratante consiste em selecionar um OPL que
garanta a qualidade dos produtos por meio de credibilidade e experiência na movimentação de
produtos resfriados. Constatou-se também que o OPL precisava ser confiável na prática logística
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no que tange a veracidade das entregas com qualidade e responsividade. Por outro lado, o critério
gestão de recursos humanos foi o menos importante.
Tabela 4 – Comparação entre pares de critérios
c1
c2
c3
c4
c5
c6
c7
c7: Gestão de Recursos Hum anos
1
01/mai
01/mai
1
1
01/set
01/set
5
1
1
1
1
01/set
01/set
5
1
1
01/mar
1
01/mai
01/mai
1
1
3
1
1
01/set
01/set
1
1
1
1
1
1
01/jul
9
9
5
9
1
1
01/mar
9
9
5
9
7
3
1
=
3,622
9,222
8,733
7,222
6,143
34,333
43
c1: Gestão da Qualidade
c2: Credibilidade e Experiência do OPL
c3: Confiabilidade
c4: Responsividade
c5: Infraestrutura Operacional
c6: Tecnologia da Inform ação
Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
Em seguida foi analisado cada subcritério individualmente para cada OPL para facilitar à tomada
de decisão por parte da empresa, conforme apresentados nas tabelas 5, que permitiram conduzir a
avaliação dos OPL’s em cada um dos critérios.
Com base nos resultados é possível identificar que o OPL2 teve maior desempenho nos seguintes
subcritérios: certificação da Qualidade (0,56572), conformidade da garantia de integridade física
do produto (0,43729), rastreabilidade do produto (0,50988), parceiras logísticas (0,49680),
quantidade de contratos vigentes (0, 49680), competência no serviço (0,50988), carteira de
cliente (0,50409), entrega dos pedidos completos (0,51341), segurança contra roubo de carga
(0,51647), tempo de experiência com o produto (0,48537), confidencialidade e/ou vazamento de
informações confidenciais (0,54404), multa pelo não atendimento (050409), Operação em Just In
Time (0,56203), entregas no curto prazo (0,47207), localização do OPL (0, 50078), condições de
limpe do veículo (0,49808), estrutura de equipamentos para movimentação (0, 42785),
responsividade sem afetar a qualidade do material (0,53108), exigência de túneis para
resfriamento da carga (0,49068), facilidade de comunicação por meio da TI EDI (0,43260),
utilização do WMS para gerenciamento do armazém (0,44796), TMS (0,49680), GPS (0,47775) e
capacitação e testes práticos da equipe (0,44888).
Por outro lado, o OPL1 teve melhor desempenho nos seguintes critérios: Busca melhorias no
processo (0,42712), reputação da empresa (0,54998), capacidade de trabalho em equipe
(0,37931) e qualificação dos funcionários (0,44985). Contudo, os subcritérios: entrega dos
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produtos no prazo sem avaria e utilização do ERP para gestão dos recursos da empresa para
apresentaram os mesmos resultados para os OPL1, OPL2, OPL3 e OPL4 conforme tabelas 7 e 8.
Tendo em vistas os resultados apresentados nas figuras 7 e 8, é possível visualizar que o OPL2
apresentou melhor pontuação em grande parte das comparações.
Tabela 5 - Comparação entre as alternativas de OPL’s
Alternativas
Peso das Prioridades
Certificação da qualidade (c1.1)
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
0,19314
0,56572
0,17392
0,04305
OPL busca melhorias no processo (c1.3)
OPL 1
0,42712
OPL 2
0,37669
OPL 3
0,14237
OPL 4
0,05381
Alternativas
Peso das Prioridades
Conformidade para garantia da integridade física do
produto (c1.2)
OPL 1
0,36000
OPL 2
0,43729
OPL 3
0,17392
OPL 4
0,06722
Rastreabilidade (c1.4)
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
Reputação da empresa (c2.1)
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
0,34982
0,50988
0,09641
0,04388
Parcerias logísticas (c2.2)
0,54998
0,33545
0,06431
0,05026
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
0,36750
0,49680
0,08645
0,04925
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
0,34982
0,50988
0,09641
0,04388
Tempo de experiência com o produto (c2.5)
OPL 1
0,39496
OPL 2
0,48537
OPL 3
0,06264
OPL 4
0,05704
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
Tempo de atuação no mercado (c2.6)
0,34982
0,50988
0,09641
0,04388
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
Entrega de pedidos completos (c3.1)
0,31279
0,51341
0,11676
0,05705
Quantidade de contratos /ano (c2.3)
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
Competência no serviço (c2.4)
Carteira de cliente (c2.7)
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
0,35224
0,50409
0,10792
0,03576
Vazamento de informações confidenciais (c3.2)
OPL 1
0,25359
OPL 2
0,54404
OPL 3
0,11037
OPL 4
0,09199
Segurança contra roubo de carga (c3.3)
OPL 1
0,34284
OPL 2
0,51647
OPL 3
0,07590
OPL 4
0,06479
Multa pelo não atendimento (c3.4)
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
0,44248
0,49680
0,08076
0,03428
Operação em JIT (c4.1)
0,35224
0,50409
0,10792
0,03576
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
0,22478
0,56203
0,17215
0,04104
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Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
(continuação)
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Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
Alternativas
Peso das Prioridades
Entregas em curto prazo (c4.2)
OPL 1
0,41643
OPL 2
0,47207
OPL 3
0,05575
OPL 4
0,05575
Condições de limpeza do caminhão para o
carregamento e transporte na contratante (c5.2)
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
0,32898
0,49808
0,08647
0,08647
Processos de recebimento, manuseio,
estocagem/empilhamento e separação no armazém
responsivo sem avarias no OPL (c5.4)
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
0,20607
0,53108
0,18031
0,08254
Entrega do pedido perfeito ao cliente sem avarias e
no tempo certo (c5.6)
OPL 1
0,25000
OPL 2
0,25000
OPL 3
0,25000
OPL 4
0,25000
Alternativas
Peso das Prioridades
Localização do OPL (c5.1)
OPL 1
0,36416
OPL 2
0,50078
OPL 3
0,09460
OPL 4
0,04046
Equipamentos necessários para o carregamento e
transporte na contratante, recebimento,
movimentação interna, armazenagem e transporte
para o cliente (c5.3)
OPL 1
0,32055
OPL 2
0,42785
OPL 3
0,19361
OPL 4
0,05799
Exigência de túneis no armazém para o resfriamento
da carga (c5.5)
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
Facilidade de comunicação (EDI) (c6.1)
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
ERP (c6.2)
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
0,32644
0,43260
0,17857
0,06239
WMS (c6.3)
0,45000
0,45000
0,05000
0,05000
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
0,36750
0,49680
0,08645
0,04925
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
Vestes e asseio dos funcionários (c7.1)
0,38459
0,42450
0,14047
0,05043
TMS (c6.4)
0,37001
0,44796
0,14019
0,04184
Roteirização - GPS (c6.4)
0,39423
0,47775
0,07912
0,04890
Capacidade de trabalho em equipe (c7.2)
OPL 1
0,37931
OPL 2
0,20774
OPL 3
0,31613
OPL 4
0,09683
Qualificação de funcionários (c7.4)
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
0,35522
0,49068
0,11415
0,03996
Capacitação e testes práticos (c7.3)
0,44985
0,32382
0,16996
0,05636
OPL 1
OPL 2
OPL 3
OPL 4
0,39745
0,44888
0,11012
0,04355
Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
Com base nos resultados, o melhor operador logístico foi o OPL2, que apresentou bons
resultados em 26 subcritérios em relação aos 32 subcritérios apresentados, representando um
desempenho de (0,4872) e sendo a melhor decisão após a utilização do método AHP para auxiliar
os gestores da organização na tomada de decisão conforme figura 2. Ressalta-se que o OPL2
apresentou melhor desempenho por estar localizado próximo ao rodoanel, com fácil acesso à
região metropolitana de São Paulo. Essa localização privilegiada permitiria melhorar o
escoamento de mercadorias com maior responsividade, que reflete diretamente na entrega com
melhor qualidade nas prateleiras dos clientes, evitando avarias.
Em segundo lugar ficou o OPL1 com 0,3286 (32,86%) que não foi bem avaliado em 4 dos 32
critérios. Por outro lado, os fornecedores OPL3 e OPL4 mantiveram-se em 3º e 4º colocados
respectivamente nas avaliações da maioria dos subcritérios, exceto nos quesitos “entrega do
pedido perfeito ao cliente sem avarias e no tempo certo”, em que todos os OPL’s apresentaram o
mesmo desempenho.
Figura 2 – Classificação dos OPL’s
Fonte: Elaborado pelos autores (2015)
5. Conclusões
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O estudo realizado avaliou e selecionou o OPL por meio da aplicação do método AHP para o
segmento de produtos resfriados. Os resultados mostraram que para essa empresa com uma visão
mais conservadora em termos de “qualidade e tradição” os critérios gestão da qualidade,
credibilidade e experiência do OPL, confiabilidade e responsividade tiveram maior peso no
processo de decisão devido as necessidades apontadas pelo acionista da contratante. Desta forma,
após a aplicação da AHP o OPL2 teve melhor desempenho, sendo o mais apropriado por
apresentar bons resultados nos critérios requeridos pela contratante: certificação da qualidade,
conformidade da garantia de integridade física do produto, rastreabilidade do produto, parceiras
logísticas, entrega dos pedidos completos, segurança contra roubo de carga, tempo de experiência
com o produto, operação em just in time, entregas no curto prazo, localização do responsividade
sem afetar a qualidade do material.
O método AHP contribui para reduzir a subjetividade da seleção de fornecedores a partir da
análise dos critérios e subcritérios, o qual foi possível por meio da utilização dos programas
SuperDecision, editor de planilhas eletrônica e o método AHP. Entretanto, sugere-se para
pesquisas futuras o desenvolvimento deste estudo com o método ANP e uma comparação de
resultados entre os dois métodos.
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