CAPACITAÇÃO PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE SOBRE
DROGAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA (2012) ¹
TEIXEIRA, Joze Karlem da Silva²; SOCCOL, Keity Laís Siepmann3; TERRA,
Marlene Gomes4; VASCONCELOS, Raissa Ottes5 ; SILVA, Cristiane Trivisiol
da6;XAVIER, Mariane da Silva7 ; SOUTO, Valquíria Toledo 8; LEHNHARD,
Katiusci Machado9
1
Trabalho de Pesquisa. Curso Enfermagem, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Apresentador. Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brasil.
36
Mestrandos do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brasil.
4
Professora Orientadora do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),
Santa Maria, RS, Brasil.
7
Enfermeira.
58
Acadêmicas do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria, RS, Brasil.
9
Psicóloga Residente em Saúde Mental. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria,
RS, Brasil.
E-mail: [email protected]
2
RESUMO
Este tratalho trata-se de um relato de experiência de acadêmicos de Enfermagem da
Universidade Federal de Santa Maria, do estado do Rio Grande do Sul/Brasil. Tem por
objetivo expor sobre as experiências relatadas de Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
acerca da sua atuação na promoção e prevenção do uso de drogas na comunidade. Foi
realizado durante um curso de extensão do Centro Regional de Referência de
Enfrentamento ao Crack e outras Drogas. Os cursos acontecem no Cento de Atenção
Psicossocial de Álcool e outras drogas (CAPS AD), o tema em pauta neste dia foi sobre
como os ACS fazem promoção e prevenção em saúde sobre as drogas. Notou-se, a falta de
capacitação dos ACS relacionados a esta temática do uso de drogas, o que nos leva a
refletir sobre a importância de capacitar esses profissionais para que possam atuar de
maneira eficiente na promoção e prevenção da saúde.
Palavras-chave: Drogas, Agentes Comunitários de Saúde, Responsabilidade Profissional.
1. INTRODUÇÃO
As atividades dos agentes de saúde nas comunidades teve inÍcio como um trabalho
social voluntário, desde a década de 1970, em diversas regiões do Brasil e somente no
inÍcio dos anos 90, começou a estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a
reorganização dos serviços básicos de saúde por meio do Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS), em decorrência dos problemas relacionados com a saúde e
as condições de vida da população. Sendo criado no ano de 1994, o Programa de Saúde da
1
Família (PSF), com objetivo principal de assegurar a qualidade de vida e o bem estar
individual e coletivo por meio de ações preventivas integrais e contínuas, ajustadas à
realidade loco-regional e não apenas no modelo assistencial de cura das doenças. Desta
forma, o Agente Comunitário de Saúde (ACS) é reconhecido como um importante
articulador entre os serviços de saúde e a comunidade (VASCONCELLOS; COSTA-VAL,
2008).
Na lógica de equipe multiprofissional destaca-se o ACS como um trabalhador
exclusivo do SUS que, em função da obrigatoriedade de morar no território onde atua, tem
como atribuição o papel de mediador social entre a comunidade e o serviço público de
saúde. A moradia na comunidade faz com que o ACS transite entre os papéis de
trabalhador do Estado e de usuário morador local e favorece um duplo olhar sobre as
necessidades de saúde da população, que não podem ser descoladas da dinâmica do
território e devem ser compreendidas a partir do contexto sociocultural, econômico e político
no qual os sujeitos vivem e trabalham (LACERDA, 2010).
A incorporação de ACS teve como propósito assegurar uma relação mais estreita
entre serviços de saúde e comunidade para possibilitar intervenções, tendo como atribuição
a orientação das famílias, sendo os ACS uma peça-chave para o desenvolvimento de ações
básicas, com destaque para as ações educativas e de prevenção voltadas para os mais
diversos problemas sociais de saúde da população, dentre eles o consumo de drogas.
Diante da amplitude de ações requeridas de um ACS que conta quase exclusivamente com
sua bagagem de vida, pois tem uma breve formação específica, pode-se afirmar que suas
representações sociais serão o substrato fundamental para direcionar suas práticas.
(OLIVEIRA et al, 2010). Este trabalho tem por objetivo expor sobre as experiências
relatadas pelas (ACS) acerca da sua atuação na promoção e prevenção do uso de drogas
na comunidade.
2. METODOLOGIA
Trata-se a um relato de experiência de acadêmicas de enfermagem da Universidade
Federal de Santa Maria, (UFSM) onde as mesmas também atuam como monitoras do curso
de extensão do Centro Regional de Referência de Enfrentamento ao Crack e outras drogas,
onde são ministrados cursos para capacitar agentes comunitários de saúde, em relação ao
tema crack e outras drogas. Os cursos estão sendo realizados no Cento de Atenção
Psicossocial de Álcool e outras drogas (CAPS AD), onde ocorrem uma vez por semana,
todos os sábados, nos turnos da manhã e da tarde. Teve início no dia 25 de agosto e
continua ocorrendo até o presente momento. Sendo que, o assunto abordado e discutido
2
pelos profissionais ACS, e coordenadores mediadores do curso foi em relação às drogas,
como os ACS fazem promoção e prevenção em saúde sobre as drogas.
Uma discussão permeou durante todo o dia do curso, onde os alunos que já
trabalham diretamente com esses usuários também relatavam algumas de suas
experiências.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os ACS são elementos chave, pois são potencialmente capazes de agregarem
diversos conhecimentos em torno da questão do processo de saúde - doença, incorporando
outros saberes além da perspectiva biomédica, tais como habilidade de interação cotidiana
com as famílias e no reconhecimento de suas necessidades (VASCONCELLOS; COSTAVAL, 2008). Podendo de certa forma ter uma maior abertura para trabalhar em relação as
drogas.
Percebe-se que os ACS tendem a focar em outras doenças, tais como diabetes,
hipertensão, e não nas drogas, durante o curso foram relatadas muitas falas, dentre uma
dela o aluno fala, nas visitas que realizamos não nos comentam nada sobre drogas, só
falam quando já está em faze terminar, vemos o quanto é polemica essa fala, o que esta
faltando, identifico nestas palavras que não se está dando o enfoque necessário para a
prevenção das drogas, em outra fala eles dizem: precisamos de material, matérias de
campanha para trabalhar, folders ilustrativos, más não temos. Será que é problema de
gestão, porque os agentes comunitários de saúde não tem o mínimo para conseguirem
efetuar seus trabalhos.
Deve-se instigar os ACS para que foquem não somente na doença, mas que
consigam identificar os usuários de drogas e ter competência para intervir, como é um
profissional de saúde que mais se aproxima do usuário, muitas vezes, durante todo o tempo,
mora na mesma comunidade, assim fica mais fácil trabalhar na educação e prevenção das
drogas, existem dois aspectos fundamentais na identidade profissional dos ACS, a afinidade
com a comunidade e a tendência para a ajuda solidária. Embora os ACS sejam
fundamentais para a efetivação da Saúde da Família, vale ressaltar a precariedade que tem
marcado tanto a sua qualificação profissional como os vínculos de trabalho ao longo desses
anos e o fato de ser o único trabalhador da equipe de saúde que prescinde de formação
técnica para o exercício de suas atividades. Isso nos leva a questionar sobre o
reconhecimento do seu valor enquanto trabalhador da saúde, e a sugerir que a temática do
reconhecimento seja aprofundada no seu cotidiano (VASCONCELLOS; COSTA-VAL, 2008).
O quanto é importante qualificar, capacitar os ACS, pois eles são fortes aliados para
promover e educar sobre as drogas, estão diariamente dentro das residências destes
usuários, deve-se fazer folhetos explicativos para que eles tenham um referencial para
3
embasar seus conhecimentos, preparo psicológico para saber como agir diante das variadas
situações que se deparam no seu turno de trabalho, situações que nem mesmos outros
profissionais com mais qualificação nunca se depararam.
Assim, conhecer as representações sociais de ACS acerca do consumo de drogas
poderá
contribuir
para
elaboração,
implantação
e
implementação
de
ações
de
enfrentamento desse problema de forma humanizada, não preconceituosa, respeitando as
diferenças, aí incluídas as diferenças de gênero. Diante das considerações apresentadas e
ainda, da escassez de investigações na literatura brasileira sobre os profissionais de saúde
no enfrentamento do problema de consumo de drogas.
Foi constatada a falta de habilidade e de sensibilidade de profissionais de saúde para
lidarem com problemas relacionados ao abuso e dependência de drogas o que indica que
as tradicionais ferramentas e ações voltadas para a promoção, prevenção e tratamento,
principalmente no âmbito da atenção básica, não estão dando conta do problema, o que
requer mudanças na formação e qualificação dos profissionais, bem como nas estratégias
de ação.
No entanto, o consumo de drogas não é assumido como um problema de saúde no
contexto assistencial em que atuam. O que nos permite afirmar que há uma distância a ser
vencida para que este problema saia da invisibilidade em que é posta pelos profissionais de
saúde e que essa distância não se restringe apenas à proximidade com o problema. Ela tem
raízes mais profundas, que exigem a reformulação de conhecimentos e conceitos que
perpassam de geração para geração e que estabelecem papéis e funções específicas para
pessoas de diferentes sexos, atreladas à idade, classe social, raça/cor, nível de
escolaridade. Neste sentido, consideramos que o estudo das representações sociais se
constitui uma ferramenta útil para revelar estereótipos e compreender aspectos
psicossociais acerca do fenômeno das drogas e, consequentemente, favorecer sua
visibilidade como problema de saúde pública (OLIVEIRA et al., 2010).
4. CONCLUSÃO
Percebeu-se que os ACS não tem claro como atuar a respeito do polêmico assunto
das drogas. Identifica-se a grande necessidade de capacitar os profissionais de saúde e
não somente os ACS, más também gestores entre outros.
Acredita-se que os ACS
deveriam lutar pelo direito à saúde, ser o representante da comunidade, sujeito
transformador, um elo entre a comunidade e o serviço de saúde, que conhecesse as reais
necessidades de saúde da população, para que assim consiga fazer o planejamento das
ações voltado para as demandas reais da sua comunidade, através da integração de
saberes científico e o popular.
4
Também notou-se, a falta de capacitação dos ACS relacionados a esta temática do
uso de drogas, o que nos leva a refletir sobre a importância de capacitar esses profissionais
para que possam atuar de maneira eficiente na promoção e prevenção da saúde.
5. REFERÊNCIAS
LACERDA, A. Redes de Apoio Social no Sistema da Dádiva: Um Novo Olhar Sobre a Integralidade
do Cuidado no Cotidiano de Trabalho do Agente Comunitário de Saúde. Tese apresentada com vistas
à obtenção do título de Doutor em Ciências na área de Saúde Pública. Rio de Janeiro, Julho de 2010
OLIVEIRA, J.F. de; MCCALLUM, C.A.; COSTA, H.O.G. Representações sociais de Agentes
Comunitários de Saúde acerca do consumo de drogas. Rev Esc Enferm USP 2010; 44(3):611-8.
VASCONCELLOS, N. de P.C.; COSTA-VAL, R. Avaliação da qualidade de vida dos agentes
comunitários de saúde de lagoa santa-MG. Rev.APS, v. 11, n. 1, p. 17-28, jan./mar. 2008
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