Chamados a ir além de nós próprios Deus está em nós, mas está também à nossa frente. Ele acolhe-nos tal como nós somos, mas também nos leva para além de nós próprios. Por vezes, vem perturbar a nossa vida, alterar os nossos planos e os nossos projetos. A vida de Jesus motiva-nos a entrar nesta perspetiva. Jesus deixava-se conduzir pelo Espírito Santo. Ele nunca deixava de se referir à presença invisível de Deus, seu Pai. É aí que se encontra o fundamento da sua liberdade, que o levou a dar a sua vida por amor. Nele, relação com Deus e liberdade nunca se opunham, mas reforçavam-se mutuamente. Em todos nós há o desejo de um absoluto em direção ao qual orientamos todo o nosso ser, corpo, alma e inteligência. Há uma sede de amor que arde em cada um, do pequeno bebé à pessoa de idade avançada. Nem mesmo a mais profunda intimidade humana a pode saciar plenamente. Frequentemente, vemos essas aspirações como algo que nos falta ou como um vazio. Por vezes, elas podem dispersar-nos. Mas, longe de serem uma anomalia, elas fazem parte de nós. Elas são um dom, já contém o chamamento de Deus para nos abrirmos. Então, cada um é convidado a interrogar-se: em que sentido sou agora chamado a ir mais longe? Não se trata necessariamente de «fazer mais». O que somos chamados é a amar mais. E como o amor precisa de todo o nosso ser para se expressar, cabe-nos a nós procurar, sem esperar nem mais um minuto, formas de permanecer atentos ao nosso próximo. Irmão Alois, Prior de Taizé, escreve «Carta do Quénia»