Resumo de Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Ciências Morfológicas da UFRJ em 2012 – Sayonara Maria de Carvalho Gonzalez Estudo da regulação da expressão do gene galanina e do seu envolvimento no crescimento e na sobrevivência de células-tronco embrionárias de camundongo RESUMO A galanina é um neuropeptídio que apresenta funções neuromodulatórias e endócrinas além de desempenhar um importante papel trófico no cérebro adulto e também durante o desenvolvimento embrionário. Este peptídeo também pode atuar induzindo a apoptose e a proliferação, dependendo do tipo celular envolvido. Através de estudos de transcriptoma e proteoma a galanina foi identificada em células tronco embrionárias (ES) indiferenciadas, entretanto, o seu papel nestas células, assim como as proteínas que regulam a sua expressão ainda não foram determinados. Através de análises in silico, identificamos a presença de sítios de transcrição conservados entre sequências regulatórias do gene galanina de camundongo e humano. Os sítios HOX-F e PAX 4/6 localizam-se a -2408bp/-2186bp e os sítios SP1 e CRE localizam-se a -146bp /+69 bp, no gene do camundongo. A combinação de ensaios de EMSA, transfecção e ensaios de luciferase revelou que CREB ativa a expressão de galanina e deve trabalhar com SP1 de forma cooperativa, enquanto que HOX-F e PAX 4/6 devem atuar como inibidores da expressão da galanina. Provavelmente, a utilização diferencial destes elementos regulatórios dirige a expressão apropriada da galanina in vivo. Ao investigar o papel da galanina no crescimento e na diferenciação de células ES por citometria de fluxo, utilizando os anticorpos anti-nestina, alfa-feto proteína e alfaactina, específicos para os três folhetos embrionários e os anticorpos anti-Oct 3/4, Nanog e SSEA-1, marcadores de pluripotencialidade e anti-Ki-67 marcador de proliferação não observamos alteração na diferenciação e nem na proliferação destas células. Como a galanina sabidamente apresenta um papel protetor de morte em diversos tipos celulares, combinamos o tratamento com galanina e anisomicina, para avaliar a morte celular por apoptose, utilizando o ensaio de Anexina-V e iodeto de propídeo e análise por citometria de fluxo. Após o duplo tratamento foi observado que a galanina foi capaz de reduzir a morte induzida por anisomicina. Tem sido descrito que este efeito protetor da galanina é mediado pelo receptor GALR2 através da via de PI3/AKT. Como neste trabalho observamos que as células ES expressam somente o receptor GalR2, nós postulamos que esta via de sinalização seja utilizada para a sobrevivência das células ES. A análise por espectrometria de massa do perfil proteico das células ES tratadas com galanina mostrou um aumento da expressão de 286 proteínas e diminuição da expressão de 174 proteínas. Dentre as proteínas com expressão aumentada, APi5 nos chamou atenção por ser um potente inibidor de apoptose induzida por E2F1. Interessantemente, este efeito de E2F1 na apoptose também pode ser inibido pela via PI3K/AKT. Estes dados nos levam a propor que APi5 e PI3K medeiam a sobrevivência das células ES induzida por galanina.