AS CHAVES DE MARDUM
TV ESCOLA
EPISÓDIO 11
Os Chocalhos
Gêmeos do
Mambo
Conteudista:
Antônio José
Lopes Bigode
MATEMÁTICA E NOVAS MÍDIAS
No mundo
mágico de
Mardum
Na série, Cacá e Nina usam seus
conhecimentos matemáticos
para enfrentar desafios
O
s irmãos Cacá e Nina chegam com
os pais à casa em que passarão as férias. Eles não veem a hora de explorar tudo. Mas por onde começar?
Pelo quarto de despejo da casa! Uma
estante empoeirada chama a atenção dos irmãos. Na verdade, não é
uma estante comum. Atrás dela as
crianças encontram uma porta que
os leva direto para a oficina de Anonimus, outro lugar repleto de objetos interessantes, como uma flauta
mágica – a flauta de Hamelin. Ela
é uma das chaves musicais que dá a
quem as tiver o direito ao trono de
Mardum, um mundo extremamente
colorido e musical.
A LUTA PELO TRONO
Anonimus foi escolhido pelo bom
rei Ghor para proteger as chaves
mágicas e, assim, evitar que elas
caiam nas mãos do terrível Rumpus, seu ambicioso irmão. Mas
as chaves estão perdidas e precisam ser recuperadas o mais rápido
possível. Para realizar essa missão,
Anonimus contará com a ajuda de
Nina e Cacá que, além de muito
corajosos, adoram uma aventura.
E aventura é o que não vai faltar
para eles e também para seus alunos, professor (a). Até recuperar as
chaves musicais, os irmãos passarão
por muitas peripécias.
Professor (a), nos episódios de O
Mundo de Mardum, Cacá e Nina
circulam entre o real e o imaginário: o Mundo Paralelo de Mardum.
Mas tanto lá quanto cá, as crianças
usam conhecimentos, ou conceitos matemáticos, para enfrentar os
desafios que encontram. Os seus
alunos, certamente, também fazem
isso, por isso é importante valorizar
os conhecimentos prévios que eles
já têm, tanto em relação aos temas
e questões que são explorados nesta
série quanto em outros momentos
em que os conteúdos matemáticos
são estudados.
Bom divertimento a todos vocês!
Mundo Paralelo
Nos episódios, o mundo paralelo de Mardum é uma referência ao universo paralelo,
teoria desenvolvida pelos físicos em que eles buscam comprovar a existência de outra
realidade que é paralela, ou existe ao mesmo tempo, à realidade na qual vivemos.
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TERREMOTO À VISTA
Os Chocalhos
Gêmeos do
Mambo
Neste episódio, são exploradas
algumas relações numéricas que
estão ligadas à ideia de dobro
C
acá e Nina continuam com a árdua
tarefa de tentar colocar Anonimus
na linha. Afinal, nosso glutão predileto precisa ficar em forma rapidamente para conseguir escorregar
pelo Portal que o levará de volta à
Mardum. Portanto, “salada nele”,
insistem os dois, mesmo que de um
jeito meio atabalhoado.
O esforço quase inglório dos irmãos é interrompido bruscamente
por um barulho estranho que vem
lá do reino paralelo. “Só podem ser
os chocalhos gêmeos do mambo,
eles estão tocando e isso é um desastre”, apavora-se Anonimus.
Essa chave mágica tem um poder imenso: quando agitada sacode
tudo a sua volta, derruba prédios,
provoca terremotos.
O TRONO EM JOGO
A duplinha animada corre para as
terras do rei Ghor e se depara com
um quadro desanimador. Rumpus
não só agitou os chocalhos, como
está lendo uma lista de exigências
para o rei, que parece infindável.
Mas é só aparência, pois ele exige
apenas o trono e nada mais. Esse é
o pretexto para que o reizinho dos
mardunianos dê uma lição no malvado. Confira e não deixe que os alunos
percam um só detalhe deste episódio.
PALAVRAS-CHAVE
dobro, duplo, números pares, ímpares, relações numéricas.
Ecologia e saúde em pauta
De um lado, são as crianças que, preocupadas com a saúde de Anonimus, tentam animá-lo a devorar
uma tigela de salada. De outro, é Ghor que, mesmo pressionado por Rumpus, não perde a oportunidade
de dar uma bela lição sobre desperdício de papel e reciclagem ao irmão mais velho. Chame a atenção
dos alunos para o esforço dos irmãos e para a esperteza do reizinho dos mardunianos.
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“C
NA SALA DE AULA
De dois em dois
Além de brincar com palavras relacionadas ao
número 2, há muito que apreender sobre as relações
numéricas que remetem a ele e à ideia de dobro
hocalho não, Nina, são chocalhos,
no plural, pois são dois deles”. Ao corrigir a irmã dessa forma, Cacá apresenta a principal ideia de natureza
matemática a ser explorada neste episódio. O garoto vai além e, também,
lembra à irmã que a palavra “gêmeos”
sugere a ideia de dobro, que também
está ligada ao número 2.
O pretexto pode parecer simples,
mas ele oferece várias possibilidades para que você desenvolva o tema
com os alunos. Nesse sentido, vale
a pena começar por uma boa conversa com o objetivo de saber quais
palavras, relacionadas ao número
2, ou ao dobro, as crianças conse-
guem lembrar. São muitas as palavras dessa natureza que usamos no
dia a dia, como:
PARELHA
AMBOS
Usada quando se quer falar
de duas coisas ou de duas
pessoas ao mesmo tempo.
E a lista não para por aí. Ela vai bem
mais longe e se enriquece com certas palavras que têm os prefixos DI,
DO e DU:
CASAL
DISSÍLABO
Em geral, refere-se a duas pessoas
que namoram ou estão casadas.
Palavra que tem duas
sílabas como: PA-TO,
DE-DO, BO-LA, etc..
PAR
Par de ases, par de sapatos,
par de meias, par de luvas,
par de vasos, etc.
Par de animais, geralmente
do mesmo tamanho.
DIÁLOGO
Em geral, refere-se a uma
conversa entre 2 pessoas.
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DOMINÓ
ímPAR!
Cada peça do dominó é formada
por dois quadrados justapostos.
PAR!
DUPLA
Dupla sertaneja, dupla
de jogadores, dupla
de bailarinos, etc.
DUELO
Palavra usada para se referir
à disputa entre 2 oponentes,
muito comum nos filmes
de faroeste e de espada.
Palavras cujo prefixo é BI também
estão relacionadas ao número 2 e,
como tal, fazem parte dessa lista, por
exemplo:
BICAMPEÃO
Nome que se dá a um atleta
ou equipe que ganha 2
campeonatos, em geral,
consecutivamente.
BÍPEDE
Maneira de se referir
a seres vivos com dois pés.
O jogo de par ou ímpar é outro
contexto simples que é possível explorar.
Desde cedo as crianças jogam par
ou ímpar, para decidir quem inicia uma brincadeira, um jogo, ou
quem vai ser escolhido para fazer
alguma coisa.
Para saber se a soma dos números de dedos é par ou ímpar, o mais
comum é as crianças usarem uma
estratégia que se baseia em uma espécie de “agrupamento dois a dois”,
enquanto falam em voz alta:
Impar-par, impar-par,
impar-par, ímpar
No caso de a última palavra ser
ímpar, elas sabem que a soma dos
números de dedos é ímpar; se cantam par significa que, ao contrário,
elas já sabem que a soma é par.
Tal habilidade pode ser relacionada a um procedimento utilizado,
em geral, para determinar se uma
quantidade de objetos é par ou ímpar, quando a contagem e o Sistema
de Numeração Decimal (SND) ainda não foram devidamente aprendidos.
Por exemplo, para saber se o número de objetos (feijões, botões ou
corações) é par ou ímpar, sem contá-los, os alunos podem agrupá-los
dois a dois, como na imagem:
BIMESTRE
Período de 2 meses.
IMAGEM NO ESPELHO
A ideia de dobro é muito importante
na matemática escolar. Por isso, vale
a pena explorar situações diferentes
e interessantes que podem levar a ela,
como é o contexto das imagens refletidas no espelho. Confira:
Como é possível perceber, dobrar
usando um espelho é, de fato, um
bom artifício para levar as crianças a
aprender fatos aritméticos que levam
à tabuada do número 2.
©IMAGEM: REPRODUÇÃO
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Procedendo deste modo, é possível
aos alunos perceber que, se todos os
objetos puderem ser pareados, então
a quantidade será par. Porém, se sobrar um objeto sem par, a quantidade será ímpar. Ou seja, mesmo sem
saber exatamente quantos objetos há,
é possível ter certeza de que eles são
em número ímpar.
IDEIAS SOBRE O DOBRO
Há muito mais para se falar sobre
atividades que facilitam a reflexão e
neste caso, mesmo sem saber exatamente quantos coraçõezinhos há na
imagem, é possível ter certeza de que
há um número ímpar de corações.
Há muito mais para se falar sobre
atividades que facilitam a reflexão e
a aprendizagem de relações numé-
ricas referentes ao número 2, ou à
ideia de dobro. Mas isso ficará para
outra oportunidade. Nesse momento, a sugestão é que você examine o
problema seguinte e possa perceber
que algo aparentemente muito simples, ao primeiro olhar, pode ficar
mais simples ainda:
Quantas crianças você acha
que estão atrás da cerca?
Se você contou as mãos levantadas
e disse que há 13 crianças acertou.
Mas, convenhamos, esta é apenas
uma das conclusões a que os alunos também podem chegar, não é
mesmo? Provocações à parte, você
poderá estar se perguntando, qual
é a novidade, então?
A mesma situação foi proposta
para um grupo crianças de 7 anos
e, uma delas, arriscou a seguinte
questão, usando o tradicional, “mas
e se ...?”:
E se uma das crianças estiver
com duas mãos levantadas?
A pergunta é pertinente e ela indica um pensamento mais flexível
da criança. Respondendo ao novo
problema, temos que 12 crianças
estão atrás da cerca.
A partir daí, as outras crianças já
estavam se perguntando: mas e se
houver duas crianças com as duas
mãos levantadas? Nesse caso, a resposta do problema seria 11.
E se forem 3 crianças?
Chega de bicho-papão
Apresentar situações instigantes e abrir espaço para que os alunos exercitem a criatividade, ponderem e
construam hipóteses é fazer Matemática com as crianças. Em um ambiente encorajador e livre, em que elas
possam (e sejam incentivadas) pensar e falar, a aprendizagem se amplia. Além disso, os conceitos dessa área
de conhecimento começam a ser vistos de outro modo, diferente daquele que, muitas vezes, os torna os
“bichos-papões” da escola. As crianças, como você bem sabe, são perfeitamente capazes de formular ótimas
questões matemáticas. No problema explorado acima, elas certamente poderão concluir que o número
mínimo de crianças atrás da cerca é 7, sendo que 6 crianças estão com as duas mãos levantadas, e uma delas
está com uma única mão para o alto. Ou seja, as crianças são capazes de produzir respostas e argumentos
pertinentes mesmo sem saber que 6 x 2 + 1 = 13.
©IMAGEM: REPRODUÇÃO
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ATIVIDADES E ESTUDOS COMPLEMENTARES
Aprender
nunca é demais
E
Conheça algumas histórias sobre esse instrumento de
percussão, popular em terras brasileiras há mais de 500 anos
m Os chocalhos do mambo, a referência é clara: as duas maracas poderosas do reino de Mardum são
“parentes” daqueles instrumentos
chacoalhantes que acompanham
diversas músicas e danças populares latino-americanas. Estudiosos
da música também têm esses dois
na mais alta conta, classificando-os
como idiofones de agitamento, pertencentes à família dos instrumentos de percussão. O que nem todos
sabem, porém, é que as maracas
têm uma história antiga.
Quando os primeiros colonizado-
res europeus chegaram, há mais de
cinco séculos, ao litoral do que hoje
são terras da América Central e do
Sul, já encontraram as maracas em
toda a região. Feitas, em geral, de cabaças, dentro das quais se colocavam
sementes ou pedrinhas, eram completadas por cabos e enfeitadas com
desenhos e penas coloridas.
Aqui nestas terras, as maracas
eram usadas pelos indígenas em rituais religiosos e de preparação para
a guerra. Eles acreditavam que elas
tinham o poder de atrair a atenção
e os favores dos deuses.
PRIMEIROS REGISTROS
O alemão Hans Staden (1525-1576)
que, no século 16, naufragou na região litorânea do atual estado de São
Paulo, fez os primeiros registros sobre a presença das maracas na região.
Segundo conta Staden, os índios
tupinambás (senhores daquele território) veneravam o instrumento –
chamado por eles de maracás - como
deuses. Cada índio possuía seu maracá particular, que era guardado em
um aposento próprio, após ter sido
consagrado pelo pajé. A eles, os índios dirigiam suas preces e pedidos.
No oco do mundo
No livro O xamanismo e as técnicas arcaicas do êxtase, o historiador e filósofo Mircea Elíade,
também faz menção aos maracás. De acordo com ele, alguns povos da África e indígenas latino-americanos
o viam como um símbolo do universo: enquanto seus cabos eram feitos da árvore do mundo, os ocos
dos instrumentos, propriamente ditos, simbolizavam o cosmo. Além do nome mais conhecido, podiam
chamá-lo de uma infinidade de outros, como: bapos, maracaxás, xuatês ou carcaxas (no Brasil); asson
ou tcha-tcha (no Haiti); alfandoque, carangano ou geraza (na Colômbia); nasisi (no Panamá); sonajas
(no México); chinchin (na Guatemala); dadoo (na Venezuela); huada (no Chile) e maruga (em Cuba).
PARA SABER MAIS
ELÍADE, Mircea. O Xamanismo e As Técnicas Arcaicas do Êxtase, Martins Editora, 1951 (1ª edição).
STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil: primeiros registros sobre o Brasil,
Tradução de Angel Bojadsen. Editora L&PM, Porto Alegre (RS), 2010.
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