Analgesia epidural para o trabalho de parto e nascimento Brasília, 07 julho de 2011 Frederico Arruda Larissa Michetti Mônica Arruda Vanessa Amaral Coordenação: Paulo R. Margotto www.paulomargotto.com.br From the Department of Anesthesiology, University of Colorado Denver School of Medicine Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF Dda Larissa, Ddo Frederico, Dda Vanessa, Dda Mônica ESCS! Caso Clínico • Pct, 30 anos, nulípara, 39 semanas de gestação, com rotura prematura de membranas, • Recebeu oxitocina e apresentava dilatação cervical de 1 cm. Foi realizado infusão de fentanil para analgesia, dor referida (9 em 10). Sentiu-se nauseada. • Prefere o parto natural e tem receio que a epidural altere o trabalho de parto. • O anestesista foi consultado sobre o uso de epidural durante o parto. • Trabalho de parto causa uma dor severa de intensidade para paciente, necessitando de intervenção. • Na ausência de contra-indicação a solicitação materna pela analgesia é uma indicação para alívio da dor. • O trabalho de parto com dor severa, aumenta o risco de conseqüências neuropsicológicas, como depressão pós parto e desenvolvimento de estresse pós traumático. • A dor severa durante o parto também afeta o pai o A dor durante o parto ocorre devido a contração e dilatação uterina. o Os nervos aferentes entrem na coluna espinhal de T10 a L1. o Após o parto o estimulo doloroso devido ao alargamento perineal é transmitido via nervo pudendo e sacral. o A resposta ao estresse materno aumenta a liberação de corticotropina, cortisol, noraepinefrina, epinefrina e Bendorfinas. o A epinefrina tem efeito relaxante uterino. oA analgesia epidural envolve infusão de anestésicos locais ou opióides no espaço epidural. oO agente anestésico difunde através da dura e atinge o espaço subaracnóide. oAgindo principalmente sobre os nervos da coluna vertebral e raízes, em menor grau na medula espinhal e nervos paravertebral. oA analgesia espinhal tem um efeito mais rápido. oA analgesia epidural produz um bloqueio seguimentar e diminuição de catecolaminas endógenas e da dor. oHipotensão ou normalização da PA. oAs doses relevante de anestésico afeta apenas a musculatura esquelética, não tendo ação na amplitude e freqüência de contrações do miométrio. Trial • 992 nulíparas Analgesia epidural X suporte obstétrico contínuo (administração IM de meperidina, inalação de óxido nítrico ou métodos não farmacológicos) Escala de dor de 0 a 1000 Antes -> 80 X 85 Depois -> 27 X 75 (p < 0,001) Metanálise (cinco trials) • 2703 nulíparas Analgesia epidural X meperidina EV Escala de dor de 0 a 10 Antes -> 9 X 9 Depois -> 2 X 4 (primeiro estágio) 3 X 5 (segundo estágio) (p < 0,001) • Decisão entre o Obstetra e o paciente. • Contra-indicações: coagulopatia, hipovolemia materna não corrigida, infecção no local da agulha de punção, HIC e inexperiência. • Efeitos colaterais: Hipotensão, depressão respiratória, convulsão e PCR. Prática Clínica Analgesia Epidural: anestésico local e um opióide + cateter de infusão contínua. Analgesia Combinada: Raqui + peridural. • Associação de um anestésico local com um opióide reduz a dose e prolonga o efeito (bupivacaína/ropivacaína + fentanil/sulfentanil). • Cateter de infusão contínua permite maior controle da analgesia. • Analgesia espinhal é mais rápida e confiável. • Complicações são similares para os dois métodos. • EUA (publicado em 2002) Parto vaginal: analgesia EV - $ 3,117 analgesia epidural - $ 3,455 • Analgesia epidural x Parto cesariano • 03 estudos controlados e randomizados mostraram que a analgesia epidural nas fases iniciais do trabalho de parto não aumentaram as taxas de parto cesariana quando comparadas ao uso de opióides parenteral. • A analgesia epidural aumenta o tempo de duração na segunda fase do parto (15 30 mim), a assistência instrumental durante o parto vaginal e a administração de ocitocina. • Retenção urinária • Hipotensão (80%) [5 a 10 mg de efedrina ou 50 a 100 µg de fenilefrina] • Cefaléia (70%) • Revisão sistemática com uma amostra de 1,37 milhões de gestantes que receberam analgesia epidural mostraram os riscos dos principais efeitos adversos graves: – 1 : 168.000 de hematoma epidural – 1 : 145.000 de abscesso epidural – 1 : 240.000 de injúria neurológica persistente – 1 : 6.700 de injúria neurológica transitória • O relaxamento uterino pode ser uma complicação da administração: – 250 µg de terbutalina – 50 a 150 µg de nitroglicerina – 400 µg de nitroglicerina sublingual • Contração uterina hipertônica ocorre mais após a infusão de opióide espinhal do que epidural. • Administração acidental de anestésico local intratecal pode causar bloqueio espinhal alto comprometendo a respiração. • E se intravenoso, pode causar parada cardíaca. Analgesia Epidural • Febre Materna; – Relatado em ensaio controlado randomizado; Mecanismo desconhecido; – Hipertermia fetal – risco aumentado para encefalopatia neonatal e paralisia cerebral; • Redução do sucesso na amamentação; – Difícil avaliar – Estudos retrospectivos são conflitantes: • Grande dose de fentanil, >150mg (epidural) durante o trabalho de parto pode atrasar o sucesso da amamentação; • Anestesia Obstétrica da ASA; – A escolha da técnica analgésica depende do estado clínico, progresso do trabalho de parto e recursos; • Cateter neuroaxial deve ser uma opção; • Prevenção das complicações; • Complementa as diretrizes da Sociedade Americana de Anestesia Regional; • O Colégio Americano de Ginecologistas e Obstetras tem emitido boletins sobre anestesia e analgesia obstétrica; • Refuta a associação entre analgesia epidural e o aumento da taxa de cesáreas. • A gestante apresentada é boa candidata à analgesia epidural; • Esclarecimentos: – Não aumenta o risco de cesárea; – Provoca menos náusea que o fentanil; – Possibilidade do uso da bomba de infusão controlada pelo paciente na fase de manutenção – minimiza o bloqueio motor e sensitivo; reduz a necessidade de cateterismo vesical; • Se houver necessidade de cesárea, o cateter epidural poderá ser usado para anestesia e analgesia pós-operatória; Obrigado Dda Larissa, Ddo Frederico, Dda Vanessa, Dda Mônica e Dr. Paulo R. Margotto ESCS!