Parceria ControlLab Habilitada ANVISA/REBLAS Provedor Alternativo CAP Certificada ISO 9001 Perfil de Resultados – Proficiência Clínica Área: Tema Livre Rodada: abr/2007 Tema CALIBRAÇÃO DE INSTRUMENTOS Elaborador Fernanda Dias. Engenheira Química, Gestora do Laboratório de Calibração da ControlLab. Carla Albuquerque. Engenheira Química, pós-graduada em produção e serviços, Signatária do Laboratório de Calibração da ControlLab. A calibração surge para os laboratórios junto a automação, na forma de calibradores que possuem uma concentração conhecida para um analito e é usado para a “verificação da calibração”, como é mais conhecida. Quando dosado no equipamento, o resultado obtido é comparado ao resultado esperado e, se necessário, o sistema é ajustado. A calibração ficou restrita aos equipamentos de análise no Brasil até a década de 90, quando a ISO9000 e as BPLCs apresentaram a necessidade de calibrar também os instrumentos de apoio, como centrífugas, vidraria, pipetadores, termômetros, manômetros etc. Neste momento surge a primeira dificuldade: conciliar a nomenclatura adotada pelos laboratórios (verificação da calibração é passar o calibrador e ajustar o sistema) com a nomenclatura metrológica oficial que estava em fase de atualização (aferir e calibrar são sinônimos e ajustar é uma outra atividade). Em 1995 uma portaria determinou a nomenclatura oficial: • Calibração (ou aferição, termo em desuso): conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os valores indicados por um instrumento ou sistema de medição ... e os valores correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões. • Ajuste: operação destinada a fazer com que um instrumento de medição tenha desempenho compatível com o seu uso. Ou seja, calibração, é um processo de verificação do estado do instrumento/equipamento, que pode resultar em um ajuste ou não. E isto independe de ser um equipamento analítico, no qual a calibração é feita pelo uso de calibradores, ou um instrumento, como o termômetro, cuja calibração ocorre pela comparação direta do resultado dele com o de outro similar. O fato é, um instrumento calibrado só estará adequado ao uso se o resultado for satisfatório, se um ajuste ou curva de calibração for possível. Em alguns casos, a calibração detectará a necessidade de manutenção, de ajuste ou até, de retirar o instrumento de uso por não haver possibilidade de ajuste, como no caso de balões volumétricos. A verificação não foi definida no VIM ou na RDC302/2005, mas pode-se apenas dizer que é uma calibração simplificada, que não apresenta a “precisão” e “exatidão” de uma calibração, mas oferece um resultado aproximado, que para muitos usos já é suficiente. A RDC302/2005 tornou o processo de calibração/verificação de instrumentos obrigatório, incitando os laboratórios a elaborarem um planejamento que atenda aos requisitos, a sua rotina e ao custo financeiro da atividade. O primeiro passo é levantar os instrumentos que o laboratório possui e, conforme o uso, determinar se há necessidade de calibrar ou verificar. Por exemplo, uma proveta não é um instrumento de precisão, por isso há a possibilidade de não calibrar nem verificar; já um pipetador precisa ser calibrado, principalmente em microvolumes, cujas aproximações adotadas em verificações podem ter impacto significativo nos resultados; e um termômetro que controla temperatura de geladeira, pode ser apenas verificado. A partir daí, é importante selecionar pontos de calibração/verificação coerentes com a faixa de uso, uma tolerância (variação máxima permitida) que não afete os resultados e o intervalo entre calibrações. Não há sentido em calibrar um termômetro usado em estufa bacteriológica em 80oC, por exemplo, mas faz muito sentido calibra-lo na faixa de incubação dos microrganismos e em 0oC. O ponto “zero” é importante para verificar o estado da coluna (expansão do vidro) e fácil de reproduzir com um banho de gelo. A tolerância é fundamental para a decisão por ajuste. A variação de 5% é comumente usada em laboratórios clínicos, mas a pergunta deve ser: se o meu pipetador de 100uL, dispensar 95uL ou 105uL qual será o impacto no meu exame? Se a resposta for aceitável, só será feito ajuste se a variação ultrapassar esta marca. Página 1 de 3 Parceria ControlLab Habilitada ANVISA/REBLAS Provedor Alternativo CAP Certificada ISO 9001 Perfil de Resultados – Proficiência Clínica Área: Tema Livre Rodada: abr/2007 O intervalo entre calibrações é muito importante pois tem impacto financeiro e na rotina laboratorial. Um instrumento só deve ser retirado de uso para calibração/verificação quando necessário e com uma agenda que distribua custos e mantenha as áreas trabalhando. A sugestão é definir períodos conservadores (curtos) inicialmente, para conhecer o comportamento do instrumento sem correr o risco de prejudicar os resultados, mas usar o método escalonado (NBR ISO 10012-1/1993) para ir espaçando as calibrações com o tempo. Ao optar por realizar internamente uma verificação, deve-se usar padrões rastreáveis a padrões nacionais ou internacionais e com melhor “resolução” (10 vezes maior) que o calibrado, além de prover condições estáveis para o o o processo. Para um termômetro com menor divisão de 1 C deve-se usar um padrão de 0,1 C e realizar a verificação em um banho-maria ou uma estufa/forno com temperatura estável. A análise dos resultados deve sempre considerar a média e a incerteza para aprovar ou reprovar o instrumento, atento para o fato de que o erro (média – valor nominal) tem a possibilidade de ser corrigido por ajuste e incerteza por manutenção. Uma reprovação e a necessidade de ajuste, aponta para possibilidade de resultados anteriores terem sido liberados com erros. Por esta razão, tão importante quanto decidir o futuro do instrumento é verificar o impacto nos resultados de pacientes já liberados, principalmente resultados críticos e de decisão médica. Outras informações detalhadas podem ser obtidas nas referências bibliográficas. Referências Bibliográficas Guia “Desmistifique a Calibração” publicação ControlLab. Disponível em www.controllab.com.br, no link “Livros & Materiais”. Inmetro. Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais de Metrologia – VIM. 4a Edição. 2005. Disponível em www.inmetro.gov.br/infotec/vim.asp Resolução RDC 302/2005 – Regulamento Técnico para o Funcionamento de Laboratórios Clínicos. Disponível em www.controllab.com.br, no link “legislação” e no site www.anvisa.gov.br Respostas dos Participantes Opções (%) Opção 1 Opção 2 Opção 3 Opção 4 Resultado(s) aceito(s) Pergunta 1 36,9 7,9 18,5 36,0 3e4 Pergunta 2 1,5 88,9 5,9 3,2 2 Pergunta 3 4,2 2,7 84,2 7,9 3 Pergunta 4 1,2 90,6 4,9 3,2 2 Pergunta 5 0,7 3,0 1,5 93,3 4 Pergunta 6 32,8 2,0 18,0 46,3 3 Pergunta 7 26,8 14,3 20,7 34,5 1 Pergunta 8 32,3 35,5 17,5 9,9 2 Pergunta 9 61,9 1,2 13,1 22,9 1 Pergunta 10 77,8 4,2 8,9 6,2 1 Pergunta 11 20,0 18,0 52,5 5,9 3 Pergunta 12 23,4 35,2 11,8 24,1 1e2 Pergunta 13 43,6 7,4 42,4 4,2 3 Pergunta 14 32,8 35,2 9,6 14,3 2 Pergunta 15 12,6 4,7 10,3 66,5 4 Questionários Respondidos 406 Página 2 de 3 Parceria ControlLab Habilitada ANVISA/REBLAS Provedor Alternativo CAP Certificada ISO 9001 Perfil de Resultados – Proficiência Clínica Área: Tema Livre Rodada: abr/2007 Análise das respostas e comentários dos participantes O resultado estatístico demonstra que existem diversas dúvidas sobre o tema, principalmente quanto a detalhes que não constituem práticas do dia a dia. Tais dúvidas podem ser esclarecidas com a leitura das referências bibliográficas e do texto acima, que são complementadas pelos comentários a seguir: Pergunta 1(cancelada): A verificação é normalmente adotada em processos com menor exigência e também é comumente aplicada entre calibrações. Um exemplo da utilização da verificação conjugada com a calibração é a balança analítica, que normalmente requer calibração periódica e rotineiramente é verificada por pesagem repetida de um peso. Entretanto, conforme o texto acima, a calibração e a verificação não são garantias de um instrumento adequado ao uso, pois as mesmas podem indicar a necessidade de manutenção ou ajuste, que nem sempre são possíveis. Considerando que o que se questionava era a opção errada, a resposta “todas as afirmações acima” também é incorreta. Pergunta 6: A melhor opção é utilizar laboratórios acreditados pelo Inmetro, que automaticamente possuem um sistema da qualidade qualificado e são rastreáveis a padrões nacionais ou internacionais. Contudo, a regra mínima é a rastreabilidade a padrões, cabendo ao próprio laboratório ou a uma entidade regulamentadora optar por um critério mais rigoroso. Pergunta 11: a primeira opção não é a mais adequada porque a incerteza prevê resultados fora da faixa de tolerância, o que não deve ser desconsiderado. Pergunta 12(cancelada): O uso de curva ou fator de conversão dificilmente poderá ser adotado para pipetadores, assim como o ajuste é inviável para termômetros de vidro, o que torna as opções 1 e 2 erradas. O descarte só deve ser adotado em último caso, conforme a opção 4. Pergunta 13: A calibração/verificação antes de um ajuste ou manutenção é essencial para determinar o impacto do equipamento em resultados já liberados, sempre que possível. Por esta razão, instrumentos calibrados por laboratórios acreditados pelo Inmetro, quando ajustados ou concertados, apresentam resultados antes e após o ajuste/manutenção no certificado. Pergunta 14: Um instrumento que possui quatro calibrações consecutivas com bons resultados, possui 3 períodos completos de aprovação, por esta razão já é possível considerar um aumento entre os intervalos. Por exemplo, se o instrumento é calibrado de 3 em 3 meses e possui resultados que mostram que durante 9 meses não houve variação do seus estado, é interessante aumentar o prazo (p. ex. 6 meses) para otimizar sua saída da rotina e gasto com calibração. Página 3 de 3