III Encontro Científico do GEPro
Grupo de Estudo de Produção
MANUTENÇÃO INDUSTRIAL E SUA EVOLUÇÃO PARA FUNÇÃO
ESTRATÉGICA: UM ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DOS
CONCEITOS DE MANUTENÇÃO NO POLO CALÇADISTA JAUENSE
Juliana Frazon Géa1; Tatiana Cunha2; Marcos Antonio Bonifácio3
123
Faculdade de Tecnologia de Jahu – FATEC-JAHU
[email protected]
Resumo
Este artigo integra um projeto de pesquisa maior, cujo objetivo é apresentar a manutenção
industrial como opção estratégica para empresas do polo jauense de calçados femininos,
que notoriamente não utilizam estes conceitos. Para tanto este projeto utilizará a ferramenta
de TPM – Manutenção Produtiva Total especificamente em seu pilar de MA – Manutenção
Autônoma para esta finalidade, uma vez que, este pilar busca a integração dos Operadores
(já disponíveis) em ações de conservações e inspeção de equipamentos (ações de
manutenção), sem que para tanto seja necessário à contratação de novos funcionários.
Como se trata do primeiro trabalho, este artigo, tem como objetivo apresentar a própria
manutenção industrial e, para tanto, utilizará sua própria história, destacando as principais
ferramentas a medida que foram surgindo ao longo do tempo. Metodologicamente amparase em um modelo de pesquisa bibliográfica, que busca fundamentar os conceitos
apresentados. Ao final pretende-se ter despertado o interesse sobre o tema, dando a
possibilidade do segundo trabalho, inserir na discussão a ferramenta de TPM e seu pilar de
MA.
Palavras Chave: MANUTENÇÃO INDUSTRIAL, ESTRATÉGIA, PRODUÇÃO
Abstract
This article is part of a larger research project whose goal is to provide industrial
maintenance as a strategic option for companies Jauense polo women's footwear, which
notoriously do not use these concepts. Therefore this project will utilize the tool of MPT Total Productive Maintenance specifically in his pillar MA - Autonomous Maintenance for this
purpose, since this pillar seeks the integration of Operators (already available) shares of
conservations and inspection equipment (maintenance actions), without much need for the
hiring of new employees. As this is the first study, this article aims to present the very
industrial maintenance and, therefore, use their own story, highlighting key tools as they
arose over time. Methodologically sustains itself on a model of literature that seeks to
support the concepts presented. At the end you want to have aroused the interest on the
subject, giving the possibility of the second paper, insert the tool in the discussion of MPT
and its pillar of AM.
Keywords: INDUSTRIAL MAINTENANCE; ESTRATEGY, PRODUCTIONT.
Introdução
Este artigo é parte integrante de um projeto de pesquisa, cujo objetivo é apresentar a
manutenção industrial como opção estratégica para empresas do segmento calçadista,
especificamente instaladas APL - Arranjo Produtivo Local de Calçados Femininos instalado
na cidade de Jaú. As empresas instaladas neste APL, notoriamente pouco utilizam os
recursos da manutenção industrial como fator de apoio às ações da produção. Este projeto
de pesquisa buscará apresentar as vantagens contidas na utilização da Manutenção
Industrial, como uma opção estratégica, fazendo-o a partir da utilização da ferramenta de
TPM – Manutenção Produtiva Total, especificamente no seu pilar de MA – Manutenção
Autônoma. A partir daí despertando o interesse destas empresas na utilização destes
III Encontro Científico do GEPro
Grupo de Estudo de Produção
conceitos de manutenção para que possam usufruir dos possíveis ganhos associados ao
tema.
Figura 1: Esquema gráfico da divisão do projeto de pesquisa
Fonte: Autores
Este projeto de pesquisa estrutura-se em três fases (figura 1), sendo estas:
- em um primeiro momento (este artigo) fazer uma contextualização histórica da
manutenção industrial, evidenciado sua evolução e possibilidades nela presentes.
- para que o segundo trabalho, possa com esta base, fazer a apresentação e
discussão da ferramenta de TPM e seus oito pilares, reforçando a apresentação do pilar de
MA – Manutenção Autônoma.
- e, no terceiro e último, implantar um modelo prático em ambiente controlado,
justificando sua possibilidade de adoção pelo polo calçadista jauense, dando mostras de sua
efetividade.
A partir deste preâmbulo é possível iniciar efetivamente as discussões deste artigo, que
abordará a história da manutenção, desde o inicio do Século XX até os dias atuais. Além da
apresentação dos principais pontos históricos que marcaram a evolução da manutenção,
serão apresentadas as principais técnicas e/ou ferramentas desenvolvidas ou introduzidas
naquele período, sendo que, sempre que uma nova ferramenta surgir no contexto, esta será
sempre rapidamente explicada.
Objetivos
O objetivo central deste artigo é contribuir com a primeira parte de um projeto maior, que
visará apresentar as vantagens da utilização da manutenção industrial como apoio às ações
de produção, tendo-a como um diferencial estratégico para as empresas do APL Jauense de
Calçados Femininos.
Neste artigo pretende-se de forma sucinta apresentar a Manutenção Industrial, sua evolução
histórica e tecnológica, discutindo as principais formas ou ferramentas utilizadas pela
manutenção, para que ao final seja possível ter-se uma ideia formada quanto a sua
contribuição para as empresas.
Metodologia
Para ser possível o desenvolvimento de uma pesquisa acadêmica, é necessário que seja
em seu tempo, estabelecido o projeto metodológico, que dará as orientações necessárias
III Encontro Científico do GEPro
Grupo de Estudo de Produção
para que os objetivos possam ser atingidos. Trata-se, segundo Lakatos e Marconi (2006), de
um tema que deve ser tratado de forma técnica dentro dos projetos acadêmicos. A primeira
definição deverá ser do projeto de pesquisa a ser utilizado. Marconi e Lakatos (2011)
destacam que existem inúmeros tipos de pesquisa e que sua escolha dependerá
exclusivamente do enfoque que os autores quiserem dar ao trabalho. Neste artigo será uma
pesquisa Histórica que para as autoras, “Descreve o que era”, envolvendo quatro aspectos:
Investigação; registro; análise e interpretação de fatos ocorridos no passado; e uma
pesquisa bibliográfica, pois utilizará materiais escritos como base para as discussões.
Segue-se com a decisão da forma de coleta de dados, que será a pesquisa bibliográfica,
que para Marconi e Lakatos (2011) trata-se de um apanhado geral sobre os principais
trabalhos já realizados, que pela importância, são capazes de fornecer dados atuais e
relevantes relacionados com o tema da pesquisa. Encerra-se com a definição da forma de
análise de dados, esta análise (ou explicação) para Marconi e Lakatos (2011) é a tentativa
de EVIDENCIAR as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores. Neste
artigo a interpretação que busca a verificação das relações entre as variáveis, a fim de
ampliar os conhecimentos sobre o fenômeno, será a utilizada.
Revisão Bibliográfica
Como descrito no projeto metodológico, este artigo terá na revisão bibliográfica e em suas
análises o próprio desenvolvimento, pois cabe a ele, dentro de um projeto maior esclarecer
o que se que pretende com a manutenção Industrial, qual fora sua evolução histórica e seus
propósitos, assim uma atenção especial será dada a este tópico a partir deste ponto.
Manutenção Industrial
A manutenção é uma função de apoio às ações da organização. É definida pela ABNT-NBR
5462 (1994) como sendo a combinação de ações técnicas, administrativas e também de
supervisão, com o objetivo de manter ou recolocar um item em um estado do qual possa
desempenhar uma função requerida, ou seja, fazer o que for preciso para assegurar que um
equipamento ou máquina opere dentro de condições mínimas de requerimentos e
especificações. Todas as organizações possuem ativos para o desempenho de suas
funções, a manutenção é ou deviria ser, o tutor automático destes ativos, conservando-os
para que tenham uma maior vida útil, mantendo-os em funcionamento sem que apresentem
falhas inesperadas e quando estas falhas surgirem, repará-las o mais rápido e
eficientemente possível.
Para Kardec e Ribeiro (2002) em uma visão mais contemporânea, a manutenção (setor)
existe para que não haja manutenção (falhas), em equipamentos, no que tange as falhas
não previstas ou corretivas. Para os mesmos autores, embora a afirmação possa parecer
paradoxal à primeira vista, numa visão mais detalhada, percebe-se por traz da afirmação a
própria evolução da manutenção (setor) elevando-a a uma condição de evitar as falhas e
não apenas corrigi-las.
Mas, para atingir este patamar teve que permitir-se evoluir ao longo de sua história, sendo
esta evolução que a trouxe para patamares estratégicos das organizações e, esta evolução
será apresentada a seguir.
História da Manutenção Industrial
Cronologicamente, a manutenção como função de apoio na atividade industrial mereceu
maiores cuidados e dedicações através de estudos realizados ao longo dos anos, uma vez
que a evolução, principalmente tecnológica dos equipamentos das empresas a obrigava a
atualizar-se também. Apesar de seus princípios terem surgido na América, antes da II
Guerra Mundial, sua aplicação concreta aconteceu com bastante sucesso no Japão,
quando, ao final da II Guerra, os japoneses deram início ao processo de melhorias
contínuas em suas indústrias, utilizando-se dos trabalhos pioneiros de Shewhart, Juran,
Deming, Feigenbaum, Crosby, e outros celebres dos movimentos de qualidade. Com a
III Encontro Científico do GEPro
Grupo de Estudo de Produção
globalização dos mercados a concorrência tornou-se mais acirrada, exigindo das empresas
um desempenho de classe mundial 1, o qual deve ser dedicado a atender o cliente. Em
decorrência as grandes companhias tiveram que adequar sua qualidade à altura dos novos
e exigentes padrões mundiais. A qualidade total ou TQC – Total Quality Control tornou-se
condição fundamental para a competitividade e sobrevivência das empresas, pois ela
influencia decisivamente na maneira de conduzir os negócios. Desde então inúmeros
refinamentos foram introduzidos, chegando ao atual estado de arte, que busca não só o
aperfeiçoamento contínuo total de bens e serviços, que não só satisfaça as necessidades do
cliente, mas que exceda suas expectativas. Isto significa submeter todos os processos a
melhorias contínuas na busca da qualidade total, utilizando-se de ferramentas gerenciais
das mais diversas, e dentre estas destaca-se o TPM - Manutenção Produtiva Total, quando
se tratar de processos industriais (WYREBSKI, 1997).
Evolução Histórica da Manutenção
Segundo Tavares (1999), a história da manutenção acompanha o desenvolvimento
tecnológico-industrial da humanidade, onde no fim do século XIX, com a mecanização das
indústrias, surgiu a necessidade dos primeiros reparos. Bonifácio (2008) ressalta que as
práticas utilizadas atualmente pela manutenção industrial no Brasil são as mesmas
utilizadas nos países mais desenvolvidos do mundo, dando mostras de que tecnicamente a
manutenção nacional encontra-se nos mesmos níveis tecnológicos que o restante do
mundo, o que ocorreu ao longo desta evolução foi certa defasagem temporal, já o Brasil por
muitos anos observou uma reserva de mercado, que dificultava a entrada de equipamentos
específicos.
Para esta apresentação optou-se por fazê-la na forma de uma linha do tempo que é
resumida pela figura 1 e detalhada Década a Década na sequência.
Figura 1: Linha do tempo da evolução da manutenção
1
CLASSE MUNDIAL (WORLD CLASS) = Ser o melhor no seu ramo de atuação, conseguindo obter diferenciais
de competitividade que possam levar ao atendimento de metas e ser considerado o melhor na satisfação de
seus clientes internos ou externos.
III Encontro Científico do GEPro
Grupo de Estudo de Produção
Fonte: Richard Douglas Vidal – Fatec - Faculdade de Tecnologia de Jahu
Década de 1910
A manutenção tinha importância secundária para as empresas e os reparos, quando
requeridos, eram executados pelo próprio Operador designado para as atividades de
produção. Com o advento da Primeira Guerra Mundial (1914 A 1918) e a implantação da
produção em linha (1913), instituída pela Ford Company, as fábricas passaram a
estabelecer programas mínimos de produção e, em consequência, sentiram necessidade de
criar equipes que pudessem efetuar reparos em máquinas no menor tempo possível, uma
vez que a produção era caracterizada como sendo em massa e destinada para uma
demanda reprimida naquela época. (BONIFÁCIO, 2008)
Década de 1920
Após a Primeira Grande Guerra, surge nas empresas órgão, que embora ainda subordinado
à produção, já recebia como atribuição o rápido reparo nos equipamentos quando estes
falhassem. Seu objetivo básico era de consertar as máquinas, modalidade de manutenção
hoje conhecida como Manutenção Corretiva.
Para a NBR 5462 este tipo de manutenção “refere-se a manutenção efetuada após a
ocorrência de uma pane destinada a recolocar um item e/ou peça para seu uso em
determinado equipamento.”
Décadas de 1930 e 1940
Esta situação se manteve até a década de 30, quando, em função da Segunda Guerra
Mundial (1939 e 1945) e da necessidade de aumento na rapidez de produção para atender
às demandas da guerra no primeiro momento e em um segundo, suprir as demandas
decorrentes também da guerra, a alta administração industrial passou a se preocupar, não
apenas na necessidade de correção das falhas, mas também evitar que ocorressem. Neste
momento equipes técnicas são formadas para estabelecer um setor independente de
manutenção, com novas preocupações, inclusive com atribuições para o desenvolvimento
de técnicas e processos conservações dos ativos e de prevenção de falhas que, juntamente
com a correção, completavam o quadro geral de manutenção, formando uma estrutura tão
importante quanto à de operação. (WYREBSKI,1997)
Década de 1950
Segundo Nakajima (1989), é apenas na década de 1950 que o termo “Manutenção”
consolida-se nas indústrias nos EUA, onde em:
1951  com o advento da aviação civil surge o que foi considerado por Bonifácio (2008) a
mais significativa evolução da manutenção que foi a Manutenção Preventiva (MP), pois a
reposiciona de uma mera reparadora de quebras, para uma posição estratégica de
prevenção de falhas. Neste sentido Branco (2002) definiu a manutenção preventiva como
sendo a que busca a prevenção das falhas, onde a ideia por traz deste tipo de manutenção
foi substituir as peças e/ou componentes antes que estes apresentassem falhas. Já para a
ABNT-NBR 5462 a definição oferecida “é todo serviço de manutenção realizada em
máquinas que não estejam em falha, estando com isto em condições operacionais, ou em
estado de defeito.”
1954  Surge no cenário o conceito administrativo de Manutenção dos Sistemas Produtivos
(MSP) que tem por objetivo acompanhar os conjuntos e não apenas equipamentos isolados.
Este foi o primeiro movimento para a introdução dos conceitos de TPM – manutenção
produtiva total no Japão (SHIROSE, 1996). Segundo ABNT NBR 5462-1994 para tentar
“prever” ou “predizer” a proximidade da ocorrência de uma falha. (MONCHY, 1989).
1957  Em uma década bastante agitada para a manutenção é apresentado um novo
movimento que é a Manutenção Corretiva com Incorporações de melhoria (MM), que trata
de providenciar os consertos e reformas necessários, mas propondo estudos para que a
III Encontro Científico do GEPro
Grupo de Estudo de Produção
análise desta ação seja feita verificando-se as possibilidades de melhorias para que a
mesma falha não torne a ocorrer (WYREBSKI, 1997).
Década de 1960
A Manutenção nesta década reforça seus conceitos baseados em engenharia, no estudo
dos equipamentos, buscando entender os equipamentos para trabalhar mais efetivamente
nas causas e como estas podem ser evitadas por processos de engenharia, modificando-se
equipamentos, projetos ou mesmo formas de atuação.
Torna-se uma discussão recorrente nesta década a busca pela prevenção das falhas, feitas
a partir do monitoramento das condições, com as máquinas e equipamentos em operação.
Para Nakajima (1989), significa montar uma estrutura colaborativa para administração dos
ativos em todos os níveis da organização, onde haja a participação de todos na
administração das ações de gestão dos ativos.
As características desta Manutenção são: buscar antecipar-se às condições dos
equipamentos, detectar possíveis maus funcionamentos, planejando-se a intervenção,
monitoramento. (KMITA, 2003).
Ainda nesta década destancam-se os seguintes movimentos:
- a introdução da Prevenção de Manutenção em 1960 que significa incorporar ao projeto
das máquinas a não-necessidade da manutenção. Um exemplo é a lubrificação, limpeza e
ajustes feitos nos equipamentos para que os mesmos não sofram paradas indesejáveis,
tendo que parar a produção. (VIEIRA, [sd])
- a Engenharia da Confiabilidade a partir de 1962; é o ramo da engenharia voltado para o
estudo de sistemas, que identificam defeitos em produção de larga escala, com intuito de
aumentar a disponibilidade dos equipamentos, não precisando parar a produção para
manutenção das máquinas, apenas quando não é possível identificá-lo. A ferramenta
utilizada geralmente é da categoria CMMS – Computerized Maintainance Management
System (Sistema Computadorizado de Gerenciamento da Manutenção).
-a Engenharia Econômica: é o estudo que compreende os métodos, as técnicas e os
princípios necessários para se tomar decisões entre alternativas de investimentos, relativas
à aquisição de bens de capital, indicando o mais econômico.
Década de 1970
No Japão consolida-se a ferramenta de TPM - Manutenção Produtiva Total, que segundo
Xenos (1998) é inserida ou adaptada dentro das concepções do Sistema Toyota de
Produção (STP) com a filosofia de eliminar os desperdícios, buscar zero defeitos, buscar
zero quebra/falha, aumentando produtividade, melhorando a competitividade e aumentando
o TMEF/MTBF 2.
Nesta década de 1970 observa-se outros movimentos também:
- o desenvolvimento da Engenharia de Sistemas; é um campo interdisciplinar da
engenharia que foca no desenvolvimento e organização de sistemas artificiais complexos.
Problemas relacionados com logística, coordenação de diferentes máquinas e
equipamentos tornam-se mais complexos à medida que se lida com projetos de grande
dimensão. A Engenharia de Sistemas introduz métodos e ferramentas que facilitam o
trabalho nesse tipo de projeto e funde diversas disciplinas. (REZENDE, 2005)
- a Logistica e a Terotecnologia; que pela definição do Council of Supply Chain
Management Professionals, “Logística é a parte do Gerenciamento da Cadeia de
Abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento eficiente
2
MTBF – Mean Time Between Failures (Tempo Médio Entre Falhas) – índice de medição de performance que
trata da relação entre o produto do número de itens comuns (bombas centrífugas por exemplo) por seus tempos
de operação e o número total de falhas detectadas nesses itens no mesmo período observado na operação.
III Encontro Científico do GEPro
Grupo de Estudo de Produção
econômico de matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos acabados, bem como
as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o
propósito de atender às exigências dos clientes” (CARVALHO, 2002). E a Terotecnologia é
uma técnica inglesa que determina a participação de um especialista em manutenção desde
a concepção do equipamento até sua instalação e primeiras horas de produção. Ainda de
acordo com Carvalho (2002), com a Terotecnologia, obtêm-se equipamentos que facilitam a
intervenção dos mantenedores reduzindo assim seus tempos de paradas por motivos de
manutenção.
- Consolidação do TPM no Japão com o recebimento do prêmio PM (Productive
Maintenance) pela empresa japonesa Nippondenso Co. no ano de 1971. (SHIROSE, 1996)
Década de 1980
A partir de 1980 com o desenvolvimento dos microcomputadores, a custos reduzidos e
linguagens simples, os órgãos de manutenção passaram a desenvolver seus próprios
programas, eliminando os inconvenientes de dependência de disponibilidade humana e de
equipamentos para o atendimento as suas prioridades de processamento das informações
pelo computador central, além de dificuldade de comunicação na transmissão de suas
necessidades para o analista de sistemas, nem sempre familiarizadas com a área de
manutenção. (TAVARES, 1999)
Esta situação, segundo Tavares (1999), favoreceu o departamento de PCM - Planejamento
e Controle da Manutenção que pôde melhorar o desempenho de suas funções de
assessoria aos Gerentes, não só de manutenção, mas também, de operação e de produção.
Com as exigências de aumento da qualidade dos produtos e serviços pelos consumidores, a
manutenção passou a ser um elemento importante no desempenho dos equipamentos em
grau equivalente ao que já vinha sendo praticado na operação.
Em consequência o PCM passou a desempenhar importantes funções estratégicas dentro
da área de produção através do manejo das informações e da análise de resultados para
auxiliar aos gerentes (produção, operação e manutenção) em suas missões de tomada de
decisão, sendo então recomendado que tanto a engenharia de manutenção quanto o PCM
passem a ocupar posição “staff” a toda área de produção (nas empresas de processo ou
serviço)”. (TAVARES, 1999)
-Observa-se ainda nesta década a fundação do JIPM (Japan Institute of Plant Manintnance)
e a efetiva introdução do TPM no Brasil, em 1986.
Década de 1990
No final do Século XX alguns novos movimentos marcaram a história da manutenção,
dentre eles, devem ser destacados e comentados os seguintes:
- a introdução da Engenharia Mecatrônica no cenário da manutenção, visando o
gerenciamento e controle da complexidade dos processos de indústrias modernas que
exigem ferramentas sofisticadas para gerar em tempo real, seus diversos processos
integrados. A Mecatrônica é a junção da Engenharia Mecânica com Eletrônica com um
controle inteligente por computador, ou seja, é uma máquina que tem tanto partes
mecânicas como partes elétricas e sensores que captam informações e as repassam para
as partes mecânicas capazes de nos fornecer produtos, sistemas e processos melhorados.
(COCIAN, 2009)
- as empresas brasileiras iniciam efetivamente a implantação e a discussão sobre o TPM em
escala; (WYREBSKI, 1997)
- duas empresas se candidatam ao prêmio TPM no Brasil. (WYREBSKI, 1997)
Década de 2000
Entra a figura da Manutenção Detectiva que trata da atuação efetuada em sistemas de
proteção ou comando buscando detectar falhas ocultas ou não perceptíveis ao pessoal de
operação e manutenção. À medida que aumenta a utilização de instrumentação de
III Encontro Científico do GEPro
Grupo de Estudo de Produção
comando, controle e automação nas indústrias, maior a necessidade de manutenção
detectiva para garantir a confiabilidade dos sistemas e da planta (XAVIER, 2000).
Esta evolução apresentada, fez com que a manutenção industrial acompanhasse todas as
evoluções tecnológicas observadas pela organização. Este fato fez com que a manutenção
posicionasse de um departamento tido às vezes como um “mal necessário”, pois existia
apenas para “gastar” os recursos para reparar as máquinas, para um departamento que
pudesse dar um suporte estratégico às ações da empresa.
Manutenção como função estratégica
Para discutir a manutenção industrial como função estratégica para a organização, tem-se
que iniciar pela consideração do que se entende pelo termo estratégia.
Com a ajuda de Slack et al. (2009), pode-se afirmar que um conjunto de coisas que a
organização assume que fará ao invés de outras. São decisões tomadas deliberadamente,
que comprometem a organização com um conjunto específico de ações. A primeira coisa
sobre estratégia, portanto, é que ela é um compromisso com a ação, onde os gestores
tomam decisões o tempo todo, o que presumivelmente os comprometerá a fazer alguma
coisa, mas nem todas são decisões estratégicas.
Segundo Tavares (1996) a Manutenção é uma atividade de importância estratégica nas
empresas, pois ela deve garantir a disponibilidade dos equipamentos e instalações com
confiabilidade, segurança e custos adequados. Entender os tipos de manutenção e aplicálos de forma adequada é fator de otimização da atividade de manutenção e relaciona-se
diretamente com o lucro ou a sobrevivência da empresa. (TAVARES, 1996)
Já na visão de Bonifácio (2008) Isolando-se apenas a Manutenção Industrial dentro da
estratégia global da organização fica claro seu envolvimento direto com as questões de
produção, ou seja, suas ações estão intrinsecamente ligadas aos resultados da companhia,
resultados estes que seguramente foram planejados a partir de uma definição estratégica.
Que pôde ou não ter se lembrado deste envolvimento no ato da decisão. Caso tenha,
excelente, pois estará aproveitando e/ou explorando todos os recursos disponíveis dentro da
organização para o atendimento de seus objetivos. Caso contrário o que no mínimo pode-se
deduzir é que em algum ponto da hierarquia estratégica a Manutenção Industrial não foi
lembrada como deveria.
Ganhos Esperados com Manutenção
Associar ganhos diretos sempre é algo difícil para ser sem uma base sólida de referência
que possa ser utilizada, que será o objetivo do terceiro trabalho desta série, mas como base
em referências bibliográficas da ABRAMAN – Associação Brasileira de Manutenção alguns
rápidos dados de referência estão sendo apresentado aqui, como os que seguem:
Disponibilidade  que segundo a ABNT-MBR-5462 é a capacidade de um item estar em
condições de executar certa função em um dado instante ou durante um intervalo de tempo.
Também é um termo utilizado como uma MEDIDA DE DESEMPENHO. Este indicador
conforme a figuras 1 e 2, vem nos últimos anos subindo, o que demonstra que os ativos vem
melhorando a cada ano, em função das ações da manutenção.
Figura 1: Indicador de disponibilidade
Fonte: ABRAMAN, 2011
III Encontro Científico do GEPro
Grupo de Estudo de Produção
Para um melhor entendimento do que se pretende com esta citação, deve ficar claro que o
equipamento quando disponível está produzindo os bens que a empresa utiliza para
entregar aos seus clientes e atingir seu principal objetivo que é obter lucros.
Figura 2: Evolução do indicador de disponibilidade
Fonte: ABRAMAN, 2011
Caso os equipamentos estejam parados, em manutenção, uma empresa não pode confirmar
ou apostar piamente em uma estratégia de confiabilidade, por exemplo, pois não “confiará”
que seus equipamentos estejam disponíveis para a produção.
Outros indicadores poderiam ser inseridos aqui, mas como trata-se apenas de um
referencial, pois este artigo discute a história e evolução da manutenção, este será o único
apresentado, mas como destaque, a ABRAMAN realiza uma pesquisa bianual intitulada de
Documento Nacional – A Situação da Manutenção no Brasil (última 2011, próxima 2013)
onde dados referentes a manutenção são disponibilizados para empresas e sociedade em
geral.
Conclusão
Como parte de um projeto maior, que visa a inserção dos conceitos de manutenção nas
indústrias calçadista do polo jauense, por meio da utilização dos conceitos de TPM –
Manutenção Produtiva Total especificamente de seu pilar de MA – Manutenção Autônoma,
este artigo, propor-se a ser a base destas discussões. Sua função foi apresentar a
manutenção industrial e as possibilidades nela contidas como ferramenta de apoio as
decisões estratégicas da empresa, em especial decisões relacionadas aos processos
produtivos.
Este objetivo foi realizado a partir da contextualização histórica da manutenção industrial ao
longo do tempo, a partir de uma revisão bibliográfica a diversas fontes de dados disponíveis,
para que fosse possível, a apresentação dos pontos de evolução bem como, dos principais
conceitos e ferramentas idealizados ao longo de sua história. Estes sempre apresentados
de forma técnica possibilitando a formação de uma ideia prática sobre o tema. Obtendo-se
ao final uma linha do tempo, no qual a manutenção industrial pudesse ser vista desde seu
surgimento como mero reparador de máquinas, até os dias atuais como uma função com
potencial estratégico para as empresas.
Espera-se que este material desperte o interesse na utilização dos conceitos e ferramentas
da manutenção industrial, visando sempre, a melhoria dos processos, a otimização dos
tempos de produção, a maior disponibilização dos ativos para a produção, entre outras
III Encontro Científico do GEPro
Grupo de Estudo de Produção
vantagens. E crie, um ambiente propício para que o projeto completo tenha espaço para ser
desenvolvido e disseminado conforme o planejamento incial e, torne-se um fator diferencial
para as empresas do Polo Calçadista Jauense em momentos de maior acirramento da
concorrência ou mesmo de retração de mercado, pois com uma planta com ativos confiáveis
e disponíveis para a produção, certamente ter-se-á mais condições de competição em
ambientes restritivos.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5462: Confiabilidade e
Mantenabilidade, 1994.
BONIFÁCIO, M. A. Manutenção Industrial: utilização do pilar controle de inicial do TPM com
vistas à confiabilidade ambiental. Monografia, Universidade Estadual Paulista - Unesp /
Bauru – Faculdade de Engenharia, 2008.
BRANCO, Gil Filho. Dicionário de termos de manutenção, confiabilidade e qualidade.
Rio de Janeiro: Abraman, 1996.
CARVALHO, J.M.C.de. Logística. 3ª ed. Lisboa: Edições Silabo, 2002.
COCIAN,L.F.E. Descobrindo a Engenharia – A Profissão; Canoas: ULBRA, 2009.
KARDEC, A.; RIBEIRO, H. Gestão Estratégica e Manutenção Autônoma. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 2002.
KMITA, S.F. Manutenção Produtiva Total (TPM): uma ferramenta para o aumento do índice
de eficiência global da empresa. In: XXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO, 2003, Ouro Preto. Anais do XXII Encontro Nacional de Engenharia de
Produção – Ouro Preto: ABEPRO, 2003.
LAKATOS, E.M.; MARCONI, M.de A. Metodologia do Trabalho científico. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 2006.
MARCONI, M.de A.; LAKATOS, E.M. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
____________. Técnicas de Pesquisa. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
MONCHY, F.. A Função Manutenção: Formação para a Gerência da Manutenção
Industrial. São Paulo: Durban/EBRAS, 1989.
NAKAJIMA, S.. Introdução ao TPM - Total Productive Maintenance. São Paulo: IMC,
1989.
REZENDE, D.A. Engenharia de Software e Sistemas de Informação 3, ed rev. e ampl. Rio
de Janeiro: Brasport, 2005.
SLACK, N., et al. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 2009.
SHIROSE, K. TPM New Implementation Program in Fabrication and Assembly
Industries. Tóquio: JIOM, 1996.
III Encontro Científico do GEPro
Grupo de Estudo de Produção
TAVARES, L.A. Administração moderna da Manutenção. Rio de Janeiro: Novo Polo
Publicações, 1999.
__________. Excelência na Manutenção – Estratégias, Otimização e Gerenciamento.
Salvador: Casa da Qualidade, 1996.
VIEIRA. A. Apostila de Inspeção da Manutenção. FSCG – Faculdade Estácio de Sá de
Campo
Grande:
Campo
Grande.
Disponível
em:
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe0U8AE/apostila-inspecao-manutencao acesso em:
10 Abr. 2013
XAVIER, Julio Nascif. Manutenção: Tipos e Tendências. Disponível em:
<http://www.engeman.com.br/site/ptb/artigostecnicos.asp/manutencaotiposetendencias.zip>,
2000. Acesso em 28 Mar. 2011.
XENOS, H.G. Gerenciando a Manutenção Produtiva. Rio de Janeiro: Edg, 1998.
WYREBSKI, J. Manutenção Produtiva Total – Um modelo adaptado. Dissertação
(Mestrado), Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis – Programa de PósGraduação em Engenharia da Produção e Sistemas, 1997.
Download

PROPOSTA DE PROJETO - V Encontro Científico do Gepro