UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO
TRABALHO
JULIANO TRISTÃO DE ASSIS
PERSPECTIVA DE ATENUAÇÃO DO RISCO ERGONÔMICO NAS
ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO COMO ESTRATÉGIA PROMOTORA
DA SEGURANÇA DO TRABALHO
CRICIÚMA
MAIO DE 2015
JULIANO TRISTÃO DE ASSIS
PERSPECTIVA DE ATENUAÇÃO DO RISCO ERGONÔMICO NAS
ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO COMO ESTRATÉGIA PROMOTORA
DA SEGURANÇA DO TRABALHO
Monografia apresentada ao Setor de Pósgraduação da Universidade do Extremo Sul
Catarinense – UNESC, para obtenção do título
de Engenheiro de Segurança do Trabalho.
Orientador: Prof. Dr. Willians Cassiano Longen
CRICIÚMA
MAIO DE 2015
Dedico este trabalho aos professores que
nos
auxiliaram
e
compartilharam
seus
conhecimentos, a toda a classe, e em
especial aos meus queridos colegas Eng.º
Lucas da Silva Fenilli e Eng.º Fauser Batista.
“A rotina nos impede de identificar o
contraste que antes era notado, a não ser
que nos desligamos por um tempo ou nos
mantenhamos atualizados”.
Eng.º Juliano Tristão de Assis
RESUMO
A Ergonomia é aplicada ao ambiente de trabalho de muitas formas. O seu uso no
ambiente de trabalho melhora o desempenho do trabalhador, reduzindo a fadiga
visual e física, resultando em maior satisfação pessoal e melhorando a qualidade do
serviço, e a segurança na atividade. O objetivo deste estudo foi descrever a partir de
estudos ergonômicos e fisiológicos, ambientes e postos de trabalho para se adequar
ao homem, se tornar mais agradável, melhorar o desempenho do trabalhador na sua
função, na qualidade do seu serviço, e proporcionar maior qualidade de vida.
Ambientes planejados com iluminação adequada, espaço físico, cores, ventilação,
aberturas, são alguns itens que quando aplicados de maneira coerentes, refletem no
resultado da atividade do trabalhador. Com a crescente demanda de profissionais da
área técnica no setor de manutenção, a tendência é de que seja prioritária a criação
de locais agradáveis para reter talentos na empresa, proporcionando além de
crescimento profissional, um ambiente prazeroso, seguro, limpo e organizado,
refletindo na imagem, confiabilidade e profissionalismo da empresa.
Palavras-chave: Ergonomia. Manutenção. Trabalhador. Segurança do Trabalho.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – O olho humano ......................................................................................... 21
Figura 2 – Espaço de trabalho .................................................................................. 33
Figura 3 – Área de alcance ....................................................................................... 34
Figura 4 – Altura da mesa de trabalho. ..................................................................... 34
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Vantagens comparativas entre o homem e a máquina, para efeito de
alocação de funções no sistema homem-máquina ................................................... 14
Tabela 2 – Valores dB(A) .......................................................................................... 24
Tabela 3 – Localização das dores no corpo, provocadas por posturas inadequadas.
.................................................................................................................................. 28
Tabela 4 – Princípio de economia de movimentos .................................................... 31
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
NR
Norma Regulamentadora
NBR
Norma Brasileira
ºC
Graus Celsius
m/s
Metros por segundo
Hz
Hertz
dB
Decibel
kcal/dia
Quilocaloria por dia
kg
Quilograma
mm
Milímetro
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11
2
ERGONOMIA NA INDÚSTRIA ....................................................................... 12
2.1
CUSTOS E BENEFÍCIOS DA ERGONOMIA .................................................. 13
2.2
HOMEM VERSUS MÁQUINA ......................................................................... 13
2.2.1 A função integradora da atividade de trabalho .......................................... 16
3
O ORGANISMO HUMANO ............................................................................ 18
3.1
FUNÇÃO NEUROMUSCULAR ....................................................................... 18
3.2
SISTEMA NERVOSO ..................................................................................... 18
3.3
MÚSCULOS ................................................................................................... 19
3.4
COLUNA VERTEBRAL ................................................................................... 19
3.5
VISÃO ............................................................................................................. 20
3.6
AUDIÇÃO ....................................................................................................... 23
3.7
METABOLISMO ............................................................................................. 25
3.8
SENSO CINESTÉSICO .................................................................................. 25
3.9
AS VARIAÇÕES INTRA-INDIVIDUAIS ........................................................... 25
4
BIOMECÂNICA OCUPACIONAL................................................................... 27
4.1
APLICAÇÕES DE FORÇAS ........................................................................... 28
4.2
LEVANTAMENTO E TRANSPORTE DE CARGA .......................................... 29
4.3
ANTROPOMETRIA......................................................................................... 30
4.4
POSTO DE TRABALHO ................................................................................. 30
4.5
O ESPAÇO DE TRABALHO ........................................................................... 33
5
AMBIENTE ..................................................................................................... 36
5.1
TEMPERATURA ............................................................................................. 36
5.2
RUÍDO ............................................................................................................ 36
5.3
VIBRAÇÕES ................................................................................................... 37
5.4
ILUMINAÇÃO ................................................................................................. 38
5.5
EFEITOS FISIOLÓGICOS DA ILUMINAÇÃO ................................................. 38
5.6
OFUSCAMENTO ............................................................................................ 39
5.7
PLANEJAMENTO DA ILUMINAÇÃO .............................................................. 39
5.8
CORES NO AMBIENTE DE TRABALHO ....................................................... 40
6
FERRAMENTAS MANUAIS ........................................................................... 41
7
METODOLOGIA ............................................................................................. 43
8
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ............................................... 44
9
CONCLUSÃO ................................................................................................. 47
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48
1
INTRODUÇÃO
A finalidade da Ergonomia é transformar o trabalho para se adequar ao
homem. Essas transformações são feitas visando não alterar a saúde do trabalhador
encontrando possibilidades de valorizar a capacidade individual e coletiva.
As disfunções encontradas na produção de uma empresa ou na
prestação de um serviço e diversas consequências para a saúde dos trabalhadores
têm origem na atividade do trabalho. Os gestos que são feitos, os esforços
exercidos, as posturas adotadas, os objetos, e o meio ambiente, muitas vezes são
negligenciados, quando estes influenciam diretamente sobre as condições físicas e
psíquicas do indivíduo.
Normalmente os trabalhadores são vistos como meios de trabalho, que se
adaptam aos constrangimentos oriundos das escolhas técnicas e organizacionais.
Todo trabalho resulta de uma inserção numa organização social e econômica da
produção. A análise do trabalho não pode ignorar essa dimensão, pois ela que
transforma a atividade humana em trabalho.
2
ERGONOMIA NA INDÚSTRIA
A Ergonomia contribui para melhorar a eficiência e a qualidade das
atividades industriais. Pode partir do princípio do aperfeiçoamento do sistema
homem-máquina, organização do trabalho e condições do ambiente de trabalho.
Pode acontecer o aperfeiçoamento tanto na fase de projeto de máquinas,
equipamentos e postos de trabalho do sistema homem-máquina como na fase de
modificações aplicando melhorias nos sistemas já existentes, adaptando-se o
trabalho ao homem nas suas capacidades e limitações (IIDA, 2003).
Uma categoria também importante na visão ergonômica são os aspectos
organizacionais do trabalho, reduzindo a fadiga e a monotonia, principalmente
voltado ao trabalho repetitivo, com ritmos mecânicos associados a falta de
motivação provocado pela falta de participação nas decisões sobre o próprio
trabalho.
De acordo com a Ergonomics Research Society, citado pelo Manual de
Aplicação da Norma Regulamentadora nº 17 (2002, p.11):
A Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho,
equipamento e ambiente e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos
de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos
desse relacionamento.
A melhoria das condições de trabalho é feita pela análise das condições
físicas de trabalho como ruído, temperatura, vibrações, gases tóxicos e iluminação.
Uma iluminação insuficiente se torna fatigante em tarefas que exigem precisão,
assim como os focos de luzes brilhantes podem provocar ofuscamento
desconfortável.
A aplicação sistemática da Ergonomia na indústria é feita identificando-se
os locais onde as condições ergonômicas são problemáticas. Podem ser notados
pelos indicadores de erros, acidentes, doenças, absenteísmo e rotatividade de
funcionários. Por trás dessas consequências podem estar ocorrendo inadaptação
das máquinas, falhas na organização ou deficiências ambientais que provocam
tensões musculares e psíquicas nos funcionários.
O próprio quotidiano é reflexo da Ergonomia quando se fala em
acessibilidade. Os meios de transporte, os produtos domésticos e o mobiliário se
tornam cada vez mais seguros, eficientes e confortáveis. Sempre procurando atingir
maior eficiência ergonômica para o usuário. Com isso a Ergonomia se expande
saindo das indústrias e atingindo a vida diária trazendo maior satisfação e reduzindo
o desgaste físico (IIDA, 2003).
2.1
CUSTOS E BENEFÍCIOS DA ERGONOMIA
Na comparação entre custos e benefício, os custos se tornam mais fáceis
de serem mensurados, pois incidem a curto prazo na modificação e implantação de
sistemas e melhorias no setor ou na atividade. Quando se fala de benefícios, estes
se tornam mais difíceis de apresentarem resultados, mas que podem ser tangíveis
ao se comparar os serviços produzidos, a qualidade desenvolvida e a quantidade
alcançada, reduzindo desperdícios, economizando mão de obra, manutenção,
energia, entre outros. Os afastamentos por acidentes e doenças ocupacionais
também fazem parte os benefícios da Ergonomia e que acabam sendo intangíveis,
assim como a relação de satisfação dos funcionários pelo seu maior conforto,
trazendo menor rotatividade e um aumento da motivação e do moral do trabalhador
(IIDA, 2003).
Castro (2008 apud Marques, 2010, p. 5) reconhece que os benefícios não
são facilmente quantificáveis, como conforto e segurança, acidentes que serão
evitados, não existência da queda de qualidade, entre outros e que podem apenas
ser estimados.
2.2
HOMEM VERSUS MÁQUINA
As máquinas desde que surgiram, vem substituindo o homem em muitas
tarefas. Cabe a administração decidir que tipo de função serão alocadas as
máquinas e quais ficarão a cargo do homem. Para determinadas funções, a máquina
ainda não é capaz de a executar bem, e envolvem os custos sobre a adaptação
(IIDA, 2003).
Em operações perigosas em ambientes hostis com excesso de poeira,
calor, ruído, gases tóxicos, risco de queda, incêndios, explosões, riscos ambientais,
entre outras situações que comprometem a integridade física do funcionário, a
consideração pode ser superior aos aspectos econômicos, ficando mais satisfatório
a opção pela mecanização. A Tabela 1 apresenta as restrições para cada fator na
execução da tarefa comparando entre o homem e a máquina.
Tabela 1 – Vantagens comparativas entre o homem e a máquina, para efeito de
alocação de funções no sistema homem-máquina
(continua)
Fatores
Homem
Máquina
Entradas
Sensibilidade a uma grande
Sensibilidade
variedade de estímulos.
Percepção além dos limites
Percebe certas formas de
humanos (onda de rádio,
energia de baixo nível.
infravermelho, ultravioleta).
É capaz de discriminar
É insensível a fatores
padrões e fazer
estranhos.
generalizações.
Atividades
Complexas
Velocidade
de resposta
Canal único de demanda
Latência de 0,05s
Possibilidade de uso
simultâneo de vários canais
Respostas rápidas, quase
imediatas.
Grande versatilidade.
Faz pequenas
Versatilidade
manipulações,
Pode fazer diversas coisas
especialmente quando
ao mesmo tempo
podem ocorrer falhas
Saídas
inesperadas.
Impõe um ritmo, tanto aos
homens como as máquinas.
Consistência
Ritmo variável
Executa tarefas repetitivas
com rapidez e precisão, por
longo tempo.
Até 20 HP por 10 s
Energia
Até 0,5 HP por alguns
minutos
Até 0,2 HP por várias horas
Capaz de exercer grandes
forças, devagar e com
precisão.
Tabela 1 – Vantagens comparativas entre o homem e a máquina, para efeito de
alocação de funções no sistema homem-máquina
(continua)
Fatores
Homem
Máquina
Armazena informações por
um longo período.
Memória
Relembra eventos de
Armazena e utiliza grande
baixa frequência.
volume de informações, em
Relembra fatos
curto espaço de tempo.
importantes em ocasiões
adequadas
Aprende com a
experiência e muda o
Processamento
Inteligência
curso de direção.
Inteligência artificial em
Lida com fatos imprevistos
desenvolvimento.
É capaz de fazer
antecipações
Raciocínio
Computação
Raciocina indutivamente e
Elabora processos lógicos e
criativamente
dedutivos.
A baixa velocidade, sujeito
a erros.
Realiza computações
complexas com grande
velocidade e precisão
Continua operando,
Sobrecarga
mesmo com sobrecarga.
Apresenta degradação
Interrupção repentina.
contínua.
Pouca tolerância a altas
Fatores
temperaturas, gases
ambientais
tóxicos, ruídos, radiações,
Custo
etc.
Custo inicial
Pode operar em ambientes
hostis, além dos limites
humanos.
Pouco custo pelo grau de
Complexidade e
complexidade disponível.
disponibilidade limitadas
Precisa ser treinado.
pelo custo elevado
Tabela 1 – Vantagens comparativas entre o homem e a máquina, para efeito de
alocação de funções no sistema homem-máquina
(conclusão)
Fatores
Homem
Máquina
Facilidade de se adaptar a
Custo
Custo
operacional
demanda.
Relativamente elevado
O custo de manutenção
pode elevar-se muito com o
grau de complexidade
Regularidade
O custo unitário pode
Pouca variação do custo
variar
unitário.
Fonte: Iida, 2003, p. 29.
Em forma resumida, pode-se dizer que o homem possui flexibilidade, mas
seu desempenho é limitado, não é constante nem uniforme, enquanto a máquina
pode ser consistente, porém inflexível (IIDA, 2003)
2.2.1 A função integradora da atividade de trabalho
A atividade na execução de um trabalho é o elemento que faz a
organização e estruturação dos componentes da situação. Ela estabelece sua
própria realização, uma interação e uma interdependência entre os envolvidos.
Slack et al. (2002 apud Marques, 2010, p. 7) reconhece que o processo
produtivo só existirá se todos os elos da cadeia funcionarem em harmonia dentro do
ciclo de produção e consumo.
As dimensões econômicas, sociais e técnicas só existem em função da
atividade que as põe em ação e as organiza.
Os determinantes da atividade de trabalho são o trabalhador, a empresa e
suas regras, e o contexto para elaboração da atividade que são: salário, leis que
preservam o trabalhador, a atividade e os objetivos de seu trabalho.
As consequências do resultado da atividade do trabalho podem ser
negativas como alterações da saúde física, psíquica e social, mas também podem
ser positivas como novos conhecimentos, experiência e aumento na qualificação.
Os determinantes da atividade englobam fatores internos interpessoais,
conforme comentado por Guérin et al. (2001, p.28) que são: sexo, idade, tempo de
serviço, estado de saúde, estado no momento, cansaço, em função do ritmo
biológico, formação inicial, formação profissional continuada, itinerários profissionais.
3
O ORGANISMO HUMANO
Alguns organismos do ser humano interagem com a Ergonomia e
influenciam no desempenho do trabalho como a função neuromuscular, a coluna
vertebral, o metabolismo, a visão, audição e o senso cinestésico.
3.1
FUNÇÃO NEUROMUSCULAR
As contrações musculares exercem as forças do organismo. O sistema
nervoso central é quem comanda os músculos, e se constitui pelo cérebro e pela
medula espinhal (IIDA, 2003).
Todo o movimento do corpo é movimentado pelos músculos como a fala,
os gestos, o movimento dos olhos, entre outros, e estes são transformados pelo
sistema nervoso central que recebe, interpreta e processa as informações. Essas
informações são captadas por estímulos do mundo externo ou do próprio corpo por
células nervosas especializadas e transformadas em correntes elétricas. Os
estímulos são o tato, a temperatura, o som, a luz, os movimentos, entre outros.
3.2
SISTEMA NERVOSO
Os sinais são ligados entre as células nervosas através da sinapse, que
constituem cadeias de transmissão entre o sistema nervoso central e o músculo
comandado (IIDA, 2003). Essas ligações são feitas pelos neurônios e podem ser de
dois tipos, chamas de sinapse elétrica e sinapse química (NISHIDA, 2013).
As propriedades básicas da sinapse são a fadiga, o sentido único, o efeito
residual, o desenvolvimento e a acidez (IIDA, 2003, p. 61).
A fadiga ocorre quando são utilizadas com muita frequência, então as
sinapses reduzem a sua capacidade de transmissão.
Os sinais são sempre conduzidos em apenas um sentido das células
nervosas.
Quando se aplica o mesmo estímulo, um na sequência do outro, o último
tem maior facilidade de passagem, fazendo supor que os neurônios são capazes de
armazenar informações por alguns minutos, ou por horas. Essa é a propriedade do
efeito residual.
Uma alteração física da sinapse pode ser gerada quando da estimulação
repetida e prolongada durante vários dias, de modo que ela passa a ser estimulada
com mais facilidade.
O aumento do teor alcalino no sangue aumenta a excitabilidade, enquanto
o aumento da acidez tende a diminuir consideravelmente a atividade neuronal (IIDA,
2003).
3.3
MÚSCULOS
Os músculos transformam a energia química em contrações, movimentos,
e são eles os responsáveis pelos movimentos do corpo. Eles são classificados em
músculos estriados ou esqueléticos, músculos lisos e músculos do coração.
Os músculos lisos são comandados involuntariamente e encontram-se
nas paredes dos intestinos, nos vasos sanguíneos, na bexiga, em aparelhos
respiratórios e em outras vísceras.
Os músculos estriados somam um total de 434 músculos, onde 75 pares
destes estão envolvidos na postura e movimentos globais do corpo. Outros são
responsáveis por movimentos menores (IIDA, 2003, p. 63).
Os músculos recebem transferência de substâncias do sangue pelos
vasos capilares, que têm paredes extremamente finas. Recebem oxigênio, açúcar e
outras substâncias. Quando um músculo se contrai estrangula as paredes dos
capilares, e o sangue deixa de circular, causando a fadiga muscular. Para facilitar a
circulação sanguínea o músculo deve se contrair e relaxar com alguma frequência.
3.4
COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral é constituída por 33 vértebras classificadas em 5
grupos. Começando de cima para baixo tem-se as 7 vértebras cervicais, 12 torácicas
ou dorsais, 5 lombares , 5 sacro que estão fundidas e, 4 cóccix que ficam na
extremidade inferior que são pouco desenvolvidas. Então somam 24 vértebras
flexíveis das 33 existentes. As mais flexíveis são as cervicais que ficam na região do
pescoço e as lombares que ficam na região do abdômen.
“Cada vértebra sustenta o peso de todas as partes do corpo situadas
acima dela. Assim sendo, as vértebras inferiores são maiores, porque precisam
sustentar maiores pesos” (IIDA, 2003, p.66). Entre uma vértebra e outra existe um
disco cartilaginoso, composto de uma massa gelatinosa.
As vértebras se conectam entre si por ligamentos, onde torna possível a
execução dos movimentos devido a compressão e deformação dos discos e pelo
deslizamento dos ligamentos.
A coluna vertebral também tem a função de proteger a medula espinhal,
que faz parte do sistema nervoso central.
A nutrição dos discos não ocorre pelos vasos sanguíneos, eles dependem
da difusão dos tecidos vizinhos. A compressão e descompressão fazem a redução e
aumento do seu volume, semelhante a uma esponja que, ao aumentar de tamanho
absorve água, e ela, nutrientes. Em cargas estáticas em tempo prolongado do disco,
é muito prejudicial porque interrompe o processo nutricional dos discos e pode
provocar degeneração.
A coluna vertebral está sujeita a deformações como escoliose, cifose e
lordose. Como fica na vertical acaba sendo sustentada pelos músculos, e estes
precisam ser exercitados para prevenir que estas deformações apareçam por má
postura, deficiência da musculatura, esforço físico, entre outros (IIDA, 2003).
3.5
VISÃO
A visão pode ser considerada o órgão do sentido mais importante do
corpo humano, tanto para a vida diária como para o trabalho. A Figura 1 mostra as
principais partes que compõem o olho.
Figura 1 – O olho humano
Fonte: José e Oliveira, [S.I.], apud Associação Médica Brasileira, 2015.
A luz passa através da pupila, que é uma abertura da íris, e a abertura da
pupila pode variar, para controlar a quantidade de luz que penetra no olho (abre
quando tem menor claridade e se fecha na luz forte). Através da pupila fica o
cristalino, que é a lente do olho, acertado pela musculatura ciliar, provocando
curvatura na lente (IIDA, 2003, p.71).
Conforme citado por Nishida (2012) “O olho além de possibilitar a análise
do ambiente à distância, permite discriminar os objetos quanto a suas formas, se
estão perto ou longe, se estão em movimento e dependendo da espécie, se são
coloridos”.
A retina mantém as células fotossensíveis, os cones e os bastonetes,
sensíveis a cor e luz. Os estímulos luminosos são transformados em sinais elétricos,
conduzidos pelo nervo óptico até o cérebro, onde se produz a sensação visual. São
cerca de 130 milhões de bastonetes e de 6 a 7 milhões de cones.
Os cones são responsáveis pela percepção das cores, do espaço e da
acuidade visual. São capazes de detectar os objetos quando focalizados
diretamente, pois estão localizados no fundo da retina, com maior incidência de luz,
por isso funcionam em maior nível de iluminação (IIDA, 2003).
Segundo Nishida (2012, p.94) “Os cones, ao contrário dos bastonetes,
necessitam de ambiente bem iluminado para serem ativados, isto é, estão
adaptados à visão diurna ou fotópica e nos proporcionam maior nitidez dos objetos”.
Os bastonetes são sensíveis a baixos níveis de iluminação e não
distinguem cores, apenas o branco, preto e tons de cinza. São eles também que
percebem os objetos periféricos, por ficarem na parte periférica da retina.
Na adaptação à luz, quando da saída de um ambiente escuro, há um
ofuscamento temporário que dura um ou dois minutos, até que os cones comecem a
funcionar. “Esse ajuste se chama adaptação ao claro e ocorre de maneira bem mais
rápida porque a reciclagem de pigmentos nos cones é bem mais rápida” (NISHIDA,
2012, p.95).
Quando ocorre do ambiente claro para o escuro, a adaptação é mais
demorada, cerca de 20 minutos. Os cones deixam de funcionar para aumentar a
sensibilidade dos bastonetes. O olho é muito mais sensível no ambiente escuro
quando adaptado do que no claro. O diâmetro pupilar aumenta, começam a
funcionar os bastonetes e a recuperar a visibilidade, no entanto, com a perda da
resolução detalhada e a visão das cores (NISHIDA, 2012, p. 95).
Segundo Iida (2003, p.73) “a acuidade visual é a capacidade visual para
discriminar pequenos detalhes. Ela depende de muitos fatores, sendo os dois mais
importantes a iluminação e o tempo de exposição”. A iluminação muito forte
prejudica a acuidade visual devida a contração da pupila.
A luz solar, luz branca ou luz natural, contém todos os comprimentos de
onda visíveis. A luz refletida tem composição diferente da luz incidente, e essa
diferença corresponde ao aparecimento de cores. Um objeto iluminado por uma luz
artificial pode apresentar uma cor diferente quando exposto a luz solar, porque o
espetro é diferente.
Em movimentos contínuos de objetos, o olho é capaz de persegui-los até
fixá-los, mas ao deslocar-se mais rapidamente, os olhos começam a atrasar e se
fixar em apenas alguns detalhes, omitindo outros. A velocidade máxima dos
movimentos que podem ser perseguido varia de acordo com o indivíduo e a idade
(IIDA, 2003).
3.6
AUDIÇÃO
O ouvido é o órgão responsável pela captação do som, ele capta e
converte as ondas de pressão em sinais elétricos, produzindo as sensações sonoras
transmitidas pelo cérebro. Os sons chegam por vibrações do ar, captados pelo
ouvido externo, transformados em vibrações mecânicas no ouvido médio, e em
pressões hidráulicas no ouvido interno.
A captação do som é caraterizado pela frequência, intensidade e duração.
A frequência é o número de vibrações por segundo , percebida como altura do som.
A percepção humana fica na faixa de 20 a 20.000 hertz (Hz). Os sons abaixo de
1.000 Hz são chamados de graves e acima de 3.000 Hz de agudos.
A intensidade depende da energia das oscilações e se define em termos
de potência por unidade de área. São medidas em escala logarítmica chamada
decibel (dB) devido a enorme gama de intensidade de sons audíveis (IIDA, 2003).
O ouvido humano percebe sons de 20 a 120 dB. Sons acima de 120 dB
causam desconforto, e atingindo 140 dB a sensação é dolorosa.
A ABNT estabelece níveis de ruído para para conforto acústico estabelecidos na
NBR 10152, conforme mostra a Tabela 2. O valor inferior representa o nível sonoro
para conforto, enquanto o valor superior, o nível sonoro aceitável para a finalidade.
Tabela 2 – Valores dB(A)
Locais
dB(A)
Hospitais
Quartos, enfermarias, berçários, centros cirúrgicos
35-45
Laboratórios, áreas para uso do público
40-50
Serviços
45-55
Escolas
Bibliotecas, salas de música, salas de desenho
35-45
Salas de aula, laboratórios
40-50
Circulação
45-55
Hoteis
Apartamentos
35-45
Restaurantes, salas de estar
40-50
Portaria, recepção, circulação
45-55
Residência
Dormitórios
35-45
Salas de estar
40-50
Auditórios
Salas de concertos, teatros
30-40
Salas de conferências, cinemas, salas de uso múltiplo
35-45
Restaurantes
40-50
Escritórios
Salas de reunião
30-40
Salas de gerência, salas de projetos e de administração
35-45
Salas de computadores
45-65
Salas de mecanografia
50-60
Igrejas e templos (cultos meditativos)
40-50
Locais para esporte
Pavilhões fechados para espetáculos e atividades esportivas
45-60
Fonte: ABNT, 1987.
Os sons de curta duração, menor que 0,1 segundo, é de difícil percepção
e apresentam ser diferentes daqueles de longa duração, acima de 1 segundo.
3.7
METABOLISMO
Toda energia produzida para o corpo humano provém da alimentação.
Parte dela é usada como combustível e a outra parte para a construção de tecidos.
Dos combustíveis, uma parte destina-se para alimentação do próprio organismo no
seu funcionamento. O restante pode ser acumulado como gordura ou usado em
trabalho externo. Em média são gastos 1.800 kcal/dia para os homens e 1.600
kcal/dia para as mulheres para manter a pessoa sem trabalho algum, em repouso
(IIDA, 2003).
3.8
SENSO CINESTÉSICO
Sem que haja o acompanhamento visual, o corpo humano pode perceber
o movimento de partes do corpo pelo senso cinestésico. Através dele o cérebro
obtém informações sobre tensões internas e externas, e forças exercidas pelos
músculos. As contrações são percebidas pelas células receptoras situadas nos
músculos, tendões e juntas, que informam o sistema nervoso central sobre as
pressões e tensões que estão ocorrendo, podendo-se perceber o movimento sem
que haja sua visualização.
Acontece quando é praticado um movimento sem que precise olhar para
fazê-lo, como o simples ato de dirigir ou operar uma máquina. A própria
movimentação pode ser identificada inclusive quando há um erro de movimento.
Este movimento é identificado antes mesmo de concluí-lo ou da necessidade de
visualizá-lo (IIDA, 2003).
3.9
AS VARIAÇÕES INTRA-INDIVIDUAIS
Os efeitos dos ritmos biológicos, fadiga ligada aos acontecimentos do dia
como acontecimentos familiares ou ao transporte, acumulação de fadiga entre
feriados e ao longo dos anos, são acrescentados a diversidade das pessoas.
Conforme cita Guérin et al. (2001, p.51) “O organismo humano obedece a
ritmos biológicos, dos quais os mais conhecidos são os ritmos menstruais das
mulheres e os ritmos circadianos, aproximadamente 24 horas”. Em certos horários
são mais intensas certas secreções, sensibilidade aos medicamentos, e variam no
decorrer do dia, assim como a capacidade de memória.
Depois dos 35 anos, aproximadamente, as funções biomecânicas,
pulmonares, cardiovasculares, musculares, sofrem um redução de sua capacidade
máxima, o sono fica mais vulnerável, e as variações de horários e de ambiente
trazem cada vez mais sensibilidade.
Segundo Falzon (2009, p. 112), “o envelhecimento é a inscrição do tempo
em cada indivíduo. É marcado por transformações biológicas, psicológicas e sociais
nas idades extremas, mas também durante o período dito da vida ativa”.
4
BIOMECÂNICA OCUPACIONAL
O trabalho estático exige uma contração contínua de alguns músculos
para manter sua posição. Ele é altamente fatigante e deve ser evitado sempre que
possível. A alternância de movimentos possibilitando uma mudança da postura pode
ser uma forma de alívio para os músculos, permitindo a circulação sanguínea e
funcionando como uma irrigação dos capilares (IIDA, 2003).
A postura do corpo em trabalho ou em repouso é identidicada como
deitada, sentada ou de pé.
A posição deitado é a postura mais recomendada para repouso e
recuperação da fadiga. Nesta posição não há concetração de tensão nas partes do
corpo. O sangue flui livremente e o consumo energético é mínimo. Em algumas
manutenções como em automóveis, esta posição pode se tornar fatigante sobretudo
para a musculatura do pescoço, que geralmente a cabeça, que pesa em torno de 5
kg, fica sem apoio.
A posição sentada consome de 3 a 10% mais energia que a posição
horizontal. A tensão gerada pelo peso do corpo é suportado pela pele que cobre o
osso ísquio, nas nádegas. Nesta postura exige atividade muscular do ventre e do
dorso para manter a posição. Uma inclinação para frente é mais natural e menos
fatigante que a posição ereta. A alternâcia entre as duas posições retarda o
aparecimento da fadiga.
A posição em pé, parado, exige muito trabalho estático da musculatura e
se torna altamente fatigante. O coração encontra maior dificuldade para bombear
sangue para os extremos do corpo. Segundo Iida (2003, p.85) “as pessoas que
executam trabalhos dinâmicos em pé, geralmente apresentam menos fadiga que
aquelas que permanecem estáticas ou com pouca movimentação.
A
Tabela 3 mostra as dores e consequências de posturas mal
empregadas por um longo período.
Tabela 3 – Localização das dores no corpo, provocadas por posturas inadequadas.
Postura
Risco de Dores
Em pé
Pés e pernas (varizes)
Sentado em assento
Músculo extensores do dorso
Assento muito alto
Parte inferior das pernas, joelhos e pés
Assento muito baixo
Dorso e pescoço
Braços esticados
Ombros e braços
Pegas inadequadas em ferramentas
Antebraço
Fonte: Iida, 2003, p.85
A inclinação da cabeça para frente como em algumas manutenções,
montagens ou inspeções, ou até mesmo em escritórios, onde a mesa pode estar
muito baixa ou que esteja afastada do campo de visão, essa postura provoca
rapidamente fadiga nos músculos do pescoço e do ombro, devido ao esforço em
suportar o peso da cabeça para frente. Uma inclinação maior que 20° começa a
aparecer dores no pescoço. Uma correção seria mudar a posição da peça, ajustar a
altura da mesa ou cadeira, ou reduzir o tempo de exposição.
4.1
APLICAÇÕES DE FORÇAS
Na aplicação do movimento são combinadas diversas contrações
musculares que conforme a combinação pode ter características e gastos de energia
diferentes. Uma atividade de um operador experiente é menos fatigante do que o
iniciante porque ele aprendeu a usar combinações mais eficientes e menos
desgastantes.
Em esforços pesados é preferível que se utilize as pernas, pois possuem
uma musculatura mais resistente. O uso da gravidade e do movimento também
ajuda na redução do custo energético.
Em trabalhos de precisão, são realizados os movimentos pelas pontas
dos dedos. O uso do punho, braço e cotovelo possuem maior resistência e força,
porém perde-se a precisão.
Iida (2003, p.91) cita que “os movimentos devem ser suaves, curtos e
rítmicos. Acelerações ou desacelerações bruscas, ou rápidas mudanças de direção
são fatigantes, porque exigem maiores contrações musculares”.
Os movimentos retos são mais difíceis de serem executados devido a
tendência natural do corpo em executar os movimentos curvos gerados pelas
articulações. O movimento reto exige a integração do movimento de diversas juntas.
Os posicionamentos precisos também são difíceis e demorados de serem
executados quando precisam de um acompanhamento visual. Uma ajuda com um
anteparo ou posicionamento mecânico auxilia na tarefa.
4.2
LEVANTAMENTO E TRANSPORTE DE CARGA
A musculatura das costas é a que mais sente no levantamento de peso,
principalmente quando da postura com o dorso curvado. A coluna vertebral, como
possui discos superpostos, qualquer força exigida diferente da direção do seu eixo,
terá pouca resistência da coluna. A posição vertical é sempre a exigida.
Para o transporte manual de cargas, quanto mais próximo a carga estiver
do corpo, melhor, isso evita a presença de outros esforços para corrigir o momento
gerado em função do centro de massa da carga estar afastado do centro de massa
do corpo.
O transporte com os braços flexionados aumenta a carga estática dos
músculos, além de criar um momento em relação ao centro de massa do corpo, que
se situa a altura do umbigo.
A coluna vertebral deve ser mantida sempre que possível na vertical.
As cargas simétricas são mais fáceis de serem transportadas do que as
assimétricas, pois exigem de um esforço adicional da musculatura dorsal para
manter o equilíbrio. Sempre dividir o mesmo peso para ambos os braços. Em peças
muito compridas, devem ser usados dois carregadores para facilitar a simetria.
O levantamento de cargas excessivas pode ser realizado em equipe,
evitando lesões a uma só pessoa (IIDA, 2003).
4.3
ANTROPOMETRIA
A antropometria cuida das medidas físicas do corpo humano, mostrando
medidas confiáveis de uma população que contém indivíduos dos mais
diversificados tipos. A antropometria mostra as diferenças entre grupos separados
por etnias, regiões, cultura, sexo e idade. No uso industrial destas medidas para fins
de projeto de postos de trabalho, pode ser analisados as medidas da antropometria
estática, dinâmica e funcional (IIDA, 2003).
A estática se refere ao corpo parado no posto de trabalho ou com pouco
movimento, como no caso do mobiliário.
A antropometria dinâmica mede os alcances dos movimentos. São
medidos os movimentos de cada parte do corpo mantendo o resto dele estático.
A antropometria funcional é a combinação dos diversos movimentos com
a execução de tarefas específica. Na prática, observa-se que cada parte do corpo
não se movimenta isoladamente. O movimento das mãos não se limita ao
comprimento dos braços, pois ele exige também o movimento dos ombros, a rotação
do tronco e a inclinação das costas.
Um erro muito sério na aplicação de dados, segundo Panero e Zelnik
(2005, p. 37) “é pressupor que uma dimensão de percentil 50 represente as medidas
de um homem médio e criar um projeto para acomodar os dados desse percentil”.
Na sua concepção, analisando uma população mediana de peso e estatura, quando
analisado as dimensões dos indivíduos, a faixa mediana chega a 7% da população
para duas dimensões de medidas, 3% para três dimensões, e 2% para quatro
dimensões, desprezando a existência de “homem médio”.
4.4
POSTO DE TRABALHO
O posto de trabalho pode ser considerado a menor unidade produtiva.
Para que o trabalho seja feito de forma correta, cada posto de trabalho precisa
funcionar bem.
O posto de trabalho para ser ergonômico precisa partir do princípio de
economia de movimento, a partir da análise biomecânica da postura. A Tabela 4
mostra os princípios da economia de movimento.
Tabela 4 – Princípio de economia de movimentos
(continua)
As duas mãos devem iniciar e terminar
os movimentos no mesmo instante.
As duas mãos devem ficar inativas ao
mesmo tempo.
Os
braços
devem
mostrar-se
em
direções opostas e simétricas.
Devem ser usados movimentos manuais
mais simples.
Uso do Corpo Humano
Deve-se usar quantidade de movimento
(massa x velocidade) ajudando o esforço
muscular.
Deve-se
usar
movimentos
suaves,
curvos e retilíneos das mãos (evitar
mudanças bruscas de direção).
Os movimentos balísticos ou soltos são
mais
fáceis
e
precisos
que
os
movimentos controlados.
O trabalho deve seguir uma ordem
compatível com o ritmo suave e natural
Uso do Corpo Humano
do corpo.
As necessidades de acompanhamento
visual devem ser reduzidas.
As ferramentas e materiais devem ficar
em locais fixos.
As ferramentas, materiais e controles
Arranjo do Posto de Trabalho
devem localizar-se perto dos seus locais
de uso.
Os materiais devem ser alimentados por
gravidade até o local de uso.
Tabela 4 – Princípio de economia de movimentos
(continua)
As peças acabadas devem ser retiradas
por gravidade.
Materiais e ferramentas devem localizarse na mesma sequencia de uso.
A iluminação deve permitir uma boa
Arranjo do Posto de Trabalho
percepção visual.
A altura do posto de trabalho deve
permitir o trabalho de pé, alternado com
trabalho sentado.
Cada trabalhador deve dispor de uma
cadeira que possibilite uma boa postura.
As mãos devem ser substituídas por
dispositivos, gabaritos ou mecanismos
acionados por pedal.
Deve-se combinar a ação de duas ou
mais ferramentas.
Projeto das Ferramentas e do
Equipamento
As ferramentas e os materiais devem ser
pré-posicionados.
As cargas no trabalho com os dedos
devem ser distribuídas de acordo com as
capacidades de cada dedo.
Os controles, alavancas e volantes
devem ser manipulados com alteração
mínima da postura do corpo e com a
maior vantagem mecânica.
Fonte: Iida, 2003, p. 147.
A Tabela 4 auxilia a executar a atividade no posto de trabalho sem que
exerça movimentos desnecessários, reduzindo o tempo da atividade e do esforço.
4.5
O ESPAÇO DE TRABALHO
O espaço de trabalho é o espaço necessário para realizar um trabalho,
seja em qualquer posição. A Figura 2 mostra os espaços recomendados para as
posições mais usuais.
Figura 2 – Espaço de trabalho
Fonte: Iida (2003)
Os trabalhos que exigem agarramento com as mãos, como no caso de
alavancas, devem ficar pelo menos de 50 a 60 mm próximos do operador, mais
próximas do que botoeiras, que exigem apenas a execução com a ponta dos dedos.
Conforme Iida (2003, p. 136) “a área de alcance ótimo sobre a mesa pode
ser traçada, girando-se os antebraços em torno dos cotovelos com os braços caídos
normalmente. Estes descrevendo um arco com raio de 35 a 45 cm”. Esta área é
utilizada para montagens de precisão. O alcance máximo é marcado girando-se os
braços estendidos, que chegam a um alcance de 55 a 65 cm. A diferença do alcance
máximo e do alcance ótimo forma uma área que pode ser utilizada para
posicionamento de peças a serem utilizadas na montagem, ou tarefas menos
frequentes, que não exijam precisão. Um esboço com as medidas é mostrado na
Figura 3.
Figura 3 – Área de alcance
Fonte: Iida, 2003, p.136.
A altura da mesa de trabalho varia com a altura do cotovelo e o tipo de
trabalho a ser executado, conforme mostra a Figura 4. Para trabalhos de precisão é
conveniente superfícies mais altas com até 50 mm acima da altura dos cotovelos. As
atividades que exijam pressão para baixo, 300 mm abaixo do cotovelo.
Figura 4 – Altura da mesa de trabalho.
Fonte: Iida, 2003, p. 139.
Em bancas fixas, é melhor dimensionar sua altura pelo homem mais alto,
e providenciar estrado para corrigir a altura para o homem ou mulher mais baixa.
As alturas indicadas são para as superfícies de trabalho, podendo variar
com o objeto a ser executado, descontando sua altura a da bancada.
5
AMBIENTE
As características e fatores apresentados referentes ao ambiente são
referenciados como o posto de trabalho. São os fatores Ergonômicos que afetam ou
melhoram a satisfação das pessoas.
5.1
TEMPERATURA
A zona de conforto térmico é delimitada entre as temperaturas efetivas de
20 a 24°C e umidade relativa de 40 a 60%, com velocidade do ar na ordem de 0,2
m/s. As diferenças de temperaturas no mesmo ambiente não podem ser superiores
a 4°C (IIDA, 2003, p. 236).
A temperatura efetiva equivale a sensação térmica, medida com o ar com
100% de umidade relativa e parado. Variando a umidade e a velocidade do ar, a
temperatura ambiente maior pode ser equivale à mesma temperatura efetiva menor.
Conforme citado na Norma Regulamentadora nº 17 referente Ergonomia
no ambiente de trabalho, item 15.5.2, fica delimitado o índice de temperatura de 20 à
23 ºC, velocidade do ar não superior a 0,75 m/s e umidade relativa do ar não inferior
a 40% para atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, como
salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de
projetos, dentre outros.
5.2
RUÍDO
O ruído intenso prejudica a tarefa que exige concentração e atenção, ou
velocidade e precisão dos movimentos. Com duas horas de exposição os resultados
tendem a piorar. Pode também ficar visível o aborrecimento, pois dificulta a
comunicação verbal, precisando as pessoas falar mais alto e prestar mais atenção
para compreender, isso aumenta a tensão psicológica podendo provocar dores de
cabeça.
A intermitência do ruído provoca maiores alterações no desempenho da
função do que ruídos contínuos. A queda no desempenho pode ser notada no início
do ruído e ao final dele, mantendo-se constante quando ele é mantido.
Em ruídos de longa duração na faixa de 70 à 90 dB não se observa
mudanças significativas em tarefas intelectuais. Para ruídos acima de 90 dB o
desempenho começa a cair, surgindo stress e fadiga. Em tarefas que exigem
atenção, o número de erros aumenta significativamente. No entanto, o organismo
humano pode se adaptar a ambientes ruidosos.
“A música de fundo tem sido recomendada como um meio de quebrar a
monotonia e reduzir a fadiga, principalmente em situações de trabalho altamente
repetitivos” (IIDA, 2003, p. 242). A música proporciona um bem-estar, melhora a
atenção, a vigilância, aumentando o rendimento do trabalho e reduzindo o índice de
acidentes e absenteísmo, pois são consideradas agradáveis e são apreciadas pelos
trabalhadores.
Ainda conforme Iida (2003):
Contudo, alguns estudos demonstram que a música tocada continuamente
não produz esses efeitos desejados, perdendo o efeito estimulador. Ela
deve ser tocada, então, durante uma parte da jornada de trabalho,
preferivelmente nos horários em que a fadiga manifesta-se com maior
intensidade. Esses estudos indicam que não é a música em si, mas é a
mudança que ela provoca no ambiente, quebrando a monotonia, que influi
no desempenho. Notou-se também que o tipo de música, popular ou
erudita, não faz diferença.
5.3
VIBRAÇÕES
O efeito da vibração sobre o corpo humano podem ser extremamente
graves, podendo danificar permanentemente alguns órgãos. Os efeitos são
fisiológicos e psicológicos, entre eles são a falta de concentração, perda de
equilíbrio, visão turva e redução da acuidade visual.
As vibrações com baixa frequência, de 1 a 80 Hz (Hertz), são danosas,
provocando lesões nos ossos, juntas e tendões. Cada parte do corpo pode tanto
amortecer como amplificar a vibração, isso devido ao efeito da ressonância. Cada
parte do corpo possui um faixa de frequência natural que ao coincidir com a
frequência de exposição, entra em ressonância amplificando a frequência sofrida.
Quando há exposição do corpo inteiro sobre uma plataforma que aumenta
gradativamente sua frequência, em cada instante, determinada parte do corpo vibra
com maior intensidade, e depois com o aumento progressivo, essa parte pára, e
outra parte começa a vibrar.
O corpo inteiro é mais sensível na faixa de 4 a 8 dB, mais precisamente
em 5 Hz, que corresponde a frequência de ressonância na direção vertical,
longitudinal ao corpo. Na direção horizontal e lateral, as ressonâncias ocorrem na
faixa de 1 a 2 Hz.
“As frequências na faixa de 30 a 200 Hz provocam doenças
cardiovasculares, mesmo com baixa amplitude, 1 mm, e nas frequências altas,
acima
de
300
Hz,
aparecem
sintomas
de
dores
agudas
e
distúrbios
neurovasculares” (IIDA, 2003, p. 244). Alguns dos sintomas podem ser reversíveis
após um longo período de descanso, e podem retornar rapidamente quando
novamente exposto a vibração.
5.4
ILUMINAÇÃO
Uma iluminação e o emprego de cores adequadas aumenta a satisfação
no ambiente, seja de trabalho ou em residência, e por si, melhora a produtividade e
reduz a fadiga e consequentemente os acidentes e erros.
5.5
EFEITOS FISIOLÓGICOS DA ILUMINAÇÃO
São vários os fatores que influenciam na capacidade de discriminação
visual, como as diferenças individuais, faixa etária, entre outros, mas os mais
visados na Ergonomia e controláveis, são a quantidade de luz, o tempo de
exposição e o contraste entre o fundo e a figura.
A quantidade de luz no ambiente afeta a fadiga visual agindo
inversamente com o aumento do nível de iluminação (lux). Para altos níveis de
iluminação se tem um rendimento visual alto e uma fadiga visual baixa. Esse
aumento se mantém até em média 1.000 lux, acima deste nível não provoca
melhoria sensível no rendimento, e a fadiga visual começa a aumentar. Assim, pode
ser utilizado 2.000 lux como o valor máximo, excedendo casos onde é necessário
uma luminosidade maior como em inspeções e montagens de peças pequenas, este
valor pode chegar a 3.000 lux.
Nos ambientes onde a circulação de pessoas é menor, a luminosidade
pode ser menor, em torno de 100 lux. Existem tabelas indicativas que auxiliam na
melhor escolha para determinado ambiente, variando com a atividade, e apontando
a melhor faixa para se aplicar a iluminação, podendo também direcionar o foco de
luz sobre os detalhes desejados.
O contraste entre o fundo e a figura, que pode ser entendido como a
diferença de brilho entre um e outro, caso não haja uma diferença considerável, a
figura permanecerá despercebida, como se fosse camuflada (IIDA, 2003).
5.6
OFUSCAMENTO
O
ofuscamento
acontece
pela
presença
de
áreas
brilhantes
excessivamente em relação aos demais níveis do ambiente, ao qual o olho foi
acostumado. Pode acontecer por uma fonte de luz muito forte no campo visual,
causando cegueira temporária, e também irritação e distração visual gerado por
desconforto (IIDA, 2003).
Quando ocorre o ofuscamento, o olho precisa de alguns segundos para
se recuperar e ajustar-se a situação novamente. O olhar é naturalmente atraído para
a parte mais brilhante do campo visual, sofrendo o efeito fototrópico.
Um objeto brilhante que se destaca em um ambiente escuro, gera ações
contraditórias entre os músculos que tendem a fechar e outros que tendem a dilatar
a íris, causando fadiga, irritação e distração.
Para eliminar o ofuscamento, a medida mais eficiente é eliminar a fonte
de brilho do campo visual, reduzindo a fonte de brilho através de uma substituição,
mudando a posição do trabalhador, inserindo anteparos entre a fonte e os olhos ou
eliminando as superfícies refletoras.
Segundo a NR 17 item 17.5.3, “Em todos os locais de trabalho deve haver
iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à
natureza da atividade”. Na mesma norma, item 17.5.3.2 “A iluminação geral ou
suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos
incômodos, sombras e contrastes excessivos”.
5.7
PLANEJAMENTO DA ILUMINAÇÃO
A luz natural possui excelente qualidade e pode ser planejado seu uso
sendo complementada pela luz artificial, gerando também economia de energia.
Alguns cuidados devem ser tomados quando do uso da luz natural, pois
na incidência da luz solar direta provoca perturbação visual e aquecem as peças
como paredes e mobiliário que ficam em contato com ela, deixando o ambiente mais
aquecido.
Um sistema de iluminação adequado com uso de cores e contrastes
favoráveis pode produzir um ambiente agradável, seja na fábrica, escritório ou lar.
A claridade do ambiente não é determinada apenas pela intensidade da
luz, mas também pelo índice de reflexão das paredes, tetos, mobiliário, máquinas,
piso, e suas distâncias.
No planejamento da iluminação, existem basicamente três tipos que são a
iluminação geral, iluminação localizada, e a iluminação combinada.
A iluminação geral é a distribuição da iluminação sobre toda a área do
ambiente, garantindo um nível uniforme sobre o plano horizontal.
A iluminação localizada concentra maior intensidade sobre a tarefa,
aproximando a fonte para locais próximos da área de interesse.
A iluminação combinada é a complementação da iluminação localizada na
iluminação geral, tendo a localizada maior intensidade que a geral, cerca de 3 a 10
vezes.
O posicionamento das luminárias deve evitar a incidência de luz direta ou
refletida sobre os olhos. Acima de 30° em relação à linha da visão (horizontal), e de
preferência posicionadas atrás do trabalhador ou lateralmente.
No caso de iluminação localizada ou combinada, a fonte de luz que incidir
sobre a tarefa precisa estar provido de anteparo, para evitar o foco de luz direto
sobre os olhos.
A luz das janelas tem grande valor psicológico, permitindo a visão para o
ambiente externo e inibindo a sensação de isolamento.
Os níveis mínimos de iluminação são estabelecidos na NBR 5413.
5.8
CORES NO AMBIENTE DE TRABALHO
As cores no ambiente de trabalho devem ser cuidadosamente planejadas,
juntamente com a iluminação, de modo que o conjunto seja harmônico, desta forma,
a produtividade pode ser aumentada, como por exemplo, aplicando-se cores claras
em grandes superfícies com contrastes adequados para identificar os diversos
objetos.
A aplicação de cores quentes em ambientes frios como em lavabos, pode
reduzir a sensação de frio, como também a aplicação de cores frias em ambientes
quentes, transmitindo a sensação de frescor (IIDA, 2003).
As cores de equipamentos podem ser pintadas em sua maior parte com
cores claras, que descanse a vista, como verde claro, azul claro, verde-azul claro, ou
cinza claro. Cores foscas são melhores que as brilhantes, pois não produzem
reflexos, e não distraem o trabalhador com reflexos.
Como citado por Marques et al. (2010, p. 5) “Sempre que possível se faz
necessário humanizar o ambiente (plantas, quadros e quando possível, som
ambiente), estimular a convivência social entre os funcionários”.
As partes móveis e perigosas, tubulações, precisam ser pintadas com as
cores conforme as normas NBR 7195, NBR 6493 e NR 26.
6
FERRAMENTAS MANUAIS
As
ferramentas
manuais,
assim como
os
produtos
domésticos,
apresentam como fator comum a Ergonomia do manejo.
As soluções ergonômicas estão associadas às condições do modo de
pega e empunhadura, levando-se em conta a força a ser exercida no seu uso.
Pode ser adotada uma configuração de manejo geométrica, se
assemelhando à figuras geométricas regulares como cilindros, cones, esferas, etc.
Essa configuração é indicada para produtos que não exigem grandes esforços.
Dessa forma proporciona maior flexibilidade de uso para diferentes tipos de usuários
como crianças, idosos, mulheres, entre outros.
Pode também ser adotado o manejo anatômico ou antropomorfo, que
apresenta superfícies irregulares, conformando-se com a parte do corpo usada no
manejo, principalmente mãos e pés. É indicado onde exige maior firmeza, pega e
transmissão de força.
Segundo Filho (2010, p. 98), “a classificação dos manejos pode se
diferenciar, genericamente, em grosseiro, médio e fino”. O manejo grosseiro não
exige grande precisão e se caracteriza por elementos de forma mais pesada,
enquanto o de manejo fino exige, e, às vezes, habilidade por parte do usuário. Suas
formas são mais delicadas. O manejo médio serve para situações intermediárias.
São diversos os modelos de ferramentas disponíveis no mercado. Cabe
escolher a mais apropriada para a atividade a ser executada, de modo que as
articulações possam ser mantidas na posição neutra, evitando curvatura de punho,
antebraço, entre outros.
Pode ser optado por ferramentas com empunhadura curva, que evitam a
torção do punho, como no caso de ferramentas com punho reto.
Segundo Lugli (2015), “as ferramentas manuais não devem exceder 2 kg.
Quando houver necessidade de usar ferramentas mais pesadas, elas devem ficar
suspensas por contrapesos ou molas”.
A manutenção das ferramentas ajuda a reduzir a carga de trabalho, como
no caso de lâminas de corte sem fio, o que exige mais força para executar a
atividade.
Para Motamedzade (2007 apud Garcia et al. 2012):
O uso extensivo de ferramentas manuais apresenta relação direta no aparecimento de lesões e
distúrbios musculoesqueléticos, principalmente dos membros superiores, sendo que a má concepção
dessas ferramentas é um dos fatores que podem resultar em acidentes, distúrbios e traumas
cumulativos.
Jordan (1998), explica que além de funcional e eficiente, os produtos
também deveriam proporcionar satisfação, experiências agradáveis a seus usuários,
tornando-os fáceis de usar.
Pavani (2007) explica que o uso de ferramentas manuais ergonômicas
pode reduzir os riscos à saúde e segurança dos trabalhadores, os impactos
negativos como reduções da produtividade, custos, absenteísmo médico, melhorar a
qualidade de vida do trabalhador, e evitar indenizações.
Para Kuijt-Evers et al. (2004, p. 453), quando uma ferramenta provoca
desconforto como músculos doloridos e pressão sobre a mão, não se pode continuar
a tarefa. Seria preciso pausas frequentes, principalmente se a tarefa é realizada em
alta velocidade. Assim, o desconforto pode causar diminuição da produtividade.
7
METODOLOGIA
Realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre os fatores que influenciam
na atenção e conforto do trabalhador no posto de trabalho, envolvendo a atividade
de manutenção.
Pesquisou-se
na
revisão
da
literatura
os
seguintes
descritores:
Ergonomia, Homem-Máquina, Saúde do Trabalhador, Segurança do Trabalho,
Ambiente de Trabalho, Condições de Trabalho.
Foram apresentados os fatores que prejudicam e de qual forma podem
ser alterados e evitados para melhorar a condição do ambiente de trabalho e facilitar
a atividade, propositivos para a promoção de maior segurança e melhorando o
desempenho.
Além de referências clássicas da literatura sobre o assunto, buscou-se
artigos científicos em bases de dados que abordassem a funcionalidade do
ligamento e a reabilitação física.
8
DISCUSSÃO
A atividade de manutenção seja ela de equipamentos mecânicos,
hidráulicos, eletrônicos, elétricos, térmicos, entre outros, exige atenção e
concentração do profissional.
Nas diversas modalidades de manutenção, a postura do profissional pode
ser em pé, sentado ou deitado, como no caso de acesso a máquinas e automóveis.
Na diversidade da atividade, ela pode ser executada no local onde houver
a necessidade de manutenção ou em bancadas preparadas para o serviço.
Em análise às diversas influências que o ambiente influencia sobre no
desempenho do trabalhador, pode ser citado como principal, a altura da mesa ou
bancada. Esta deve ser de modo que a postura e a força a ser aplicada ou inspeção
a ser realizada sejam coerentes. No caso de aplicação de força para baixo, deixar
300 mm abaixo da altura do cotovelo, e no caso de inspeção e precisão, 50 mm
acima, descontando a altura do equipamento (IIDA, 2003).
Outro fator importante na inspeção e manuseio do equipamento na
manutenção é a iluminação. A iluminação influencia em muito na qualidade da
inspeção a ser realizada e na fadiga do trabalhador, sendo fundamental que haja
iluminação localizada, de preferência com a incidência da luz natural no ambiente.
As cores das máquinas, paredes e piso precisam ser suaves e claras
como o verde, o azul, ou cinza, ou até mesmo o branco (IIDA, 2003). Desta forma
reduz a fadiga visual. Deixar cores fortes como o vermelho, para peças móveis que
apresentam algum risco a saúde. A aplicação das cores está padronizado na NBR
7195, indicando o local que cada uma pode ser aplicada, como o amarelo indicando
“cuidado”, o laranja “perigo”, o verde “segurança”, e também quais as cores das
indicações com as cores de fundo, criando maior contraste para destacar a
visibilidade.
Os fatores térmicos agem sobre o ambiente de tal forma que aquando
estão acima dos valores estabelecidos como agradável, gera um desconforto e
reduz a capacidade de concentração do trabalhador. Desta forma, em casos onde a
manutenção é minuciosa, pode reduzir a qualidade do serviço, ficando a deriva de
montagens apressadas sem que haja o devido cuidado.
O ruído é um fator que influencia também na concentração e desatenção
do trabalhador. Paralelo ao ruído pode ser citado a conversa entre funcionários, que
atraem a atenção dos demais trabalhadores quando há interesse sobre o assunto. O
desvio da atenção pode ser um fator de risco em atividades de responsabilidade
quando há aplicação de força e contato com eletricidade ou pressão atmosférica
alta.
A postura é alvo de tantos estudos ergonômicos, e tem influência direta
sobre o rendimento do trabalhador. Ela é resultado dos locais de acesso e dos
postos de trabalho, que podem ser mais bem planejadas e adequados ao
profissional, evitando fadiga e aumentando o tempo de exposição.
O ambiente de trabalho pode ser melhorado ainda na fase de projeto
evitando paredes e pisos brilhantes, que podem proporcionar ofuscamento e
cansaço dos olhos. Mobiliário com cantos arredondados, locais de fácil limpeza com
cores agradáveis deixam a sensação de tranquilidade. Esta sensação submete
calma e tranquilidade ao trabalhador, melhorando seu desempenho e satisfação.
Galpões e ambientes de trabalho podem ser construídos de tal forma que
se obtenha luz natural sem a incidência da luz direta do sol, satisfazendo em
conjunto a sensação de liberdade ao trabalhador, possibilitando o contato com o
ambiente externo fora da empresa. Galpões em shed são uma boa opção. São
galpões onde a cobertura é montada como se houvessem degraus, proporcionando
ventilação e iluminação. Essa vista para fora do ambiente fica direcionada para o
sul, justamente para evitar o contato direto com os raios solares, reduzindo o
ofuscamento e o excesso de temperatura (CBCA, 2014). São melhorias e
adaptações que precisam ser planejadas antes da construção.
Os fatores que influenciam na Ergonomia do ambiente proporcionam
conforto e satisfação do trabalhador, melhorando seu desempenho e atenção,
preservando-o de possíveis descuidos e incidentes na atividade.
As ferramentas de trabalho precisam estar organizadas, limpas e a
disposição para cada atividade em específico. O uso da ferramenta adequada reduz
a probabilidade de acidente de trabalho, principalmente em serviços com grande
esforço físico.
Com a evolução da tecnologia e estudos ergonômicos, o mercado
disponibiliza
uma
gana
de
ferramentas
manuais,
elétricas,
hidráulicas
e
pneumáticas, facilitando o serviço pesado, antes praticado com o auxílio de
alavancas e em conjunto com mais trabalhadores quando da necessidade de grande
força.
Muitas ferramentas são anatômicas, possibilitando maior aplicação de
força com o aumento da superfície de contato entre a mão ou pé com a ferramenta.
Sempre que possível, utilizar a força da gravidade para exercer força a
ferramenta. Aumentando a aplicação e reduzindo o esforço físico.
Com a experiência adquirida, o trabalhador começa a executar a atividade
com menor esforço e de maneira mais rápida, pois passa a conhecer os limites e a
necessidade da força para execução da tarefa (FILHO, 2010).
Deixar a bancada livre para execução do serviço, ficando ao alcance
apenas ferramentas e objetos que tem maior utilidade, evitando o deslocamento
frequente e repentino dos ombros e giro do tronco. Preparar o apoio para os pés
quando da posição em pé por longo período, com tapetes preparados para
amortecer o contato, reduz a tensão sobre as articulações das pernas, ficando um
local mais agradável e menos cansativo.
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CONCLUSÃO
Muitos são os fatores ambientais que podem auxiliar ou prejudicar o
desenvolvimento da atividade de manutenção, seja mecânica, elétrica, hidráulica,
eletrônica, entre outras. Toda atividade de manutenção precisa ser cautelosa e feita
com atenção.
Os fatores do ambiente de trabalho podem e devem proporcionar
satisfação ao trabalhador, e isto inclui desde as ferramentas adequadas para cada
serviço, altura de bancadas, posicionamento, até a iluminação, cores das paredes,
piso, brilho, iluminação localizada, geral, temperatura, ruído até a limpeza.
A satisfação está associada a qualidade do serviço, segurança e
desempenho. São os três itens que em conjunto transmitem confiabilidade ao cliente
e saúde ao trabalhador através da qualidade de vida no trabalho.
O assunto abordado possibilita juntar convergência entre a engenharia de
segurança do trabalho e a engenharia de produção, ampliando a visão da atividade.
Todos os fatores abordados fazem o trabalhador refletir se sua atividade naquela
empresa realmente está trazendo retorno satisfatório para ele ou não. Para a
mesma atividade o trabalho em um local pode ser cansativo, mas em outro com
ambiente planejado, com outras condicionantes às quais o trabalhador está exposto,
não. Melhores condições ergonômicas tornam o trabalho mais propício para
execução do trabalho com maior desempenho e vontade por parte do trabalhador.
Com a crescente demanda de profissionais da área técnica no setor de
manutenção, a tendência é de que seja prioritária a criação de locais agradáveis
para reter talentos na empresa, proporcionando além de crescimento profissional,
um ambiente prazeroso, seguro, limpo e organizado, refletindo na imagem,
confiabilidade e profissionalismo da empresa.
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Juliano Tristão de Assis