A MOTIVAÇÃO COMO UM FATOR NA APRENDIAGEM 1 MONTEIRO, Marciele de A.2 1 Trabalho de Pesquisa _UFSM Curso de Educação Especial Noturno da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: [email protected] 2 RESUMO O presente trabalho constitui um estudo desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema "Motivação e Aprendizagem". Expõe esclarecimentos acerca do processo motivacional, trazendo a definição de elementos constituintes deste, assim como sua relação com o processo de aprendizagem . Ao longo das considerações sobre esta relação, apresenta-se, neste sentido, as contribuições de L. S. Vygosty, conforme a Teoria Sócio-Histórica. Após, coloca-se as implicações do processo motivacional para o trabalho docente, discorrendo sobre sua utilização a fim de auxiliar o professor a intervir, durante a sua prática, com estratégias motivacionais, beneficiando o processo de ensino-aprendizagem. O estudo foi válido no sentido de possibilitar uma ampliação da compreensão do processo motivacional, mostrando a utilização deste conhecimento no trabalho docente Palavras-chave: Motivação; Aprendizagem; Trabalho Docente. 1. INTRODUÇÃO Este trabalho é resultado de um estudo acerca da relação entre o processo motivacional e a aprendizagem, realizado a fim de problematizar a relação dos aspectos envolvidos na mesma com a motivação do aluno. Os aspectos envolvidos na aprendizagem são múltiplos, específicos e únicos em cada sujeito. Desta forma, ao pensar na aprendizagem, deve-se considerar fatores familiares, psicológicos, biológicos, sociais, pedagógicos, entre outros, pois, alterações negativas em qualquer um destes poderão criar situações desagradáveis. Muitas vezes, estas situações geram no aluno sentimentos de baixa auto-estima e incapacidade frente as tarefas propostas, o que pode ocasionar insucesso na sua aprendizagem. Acredita-se que, ao pensar na motivação para aprender, tem-se vários pontos em questão como, por exemplo, o significado do que está sendo trabalhado e a funcionalidade; o envolvimento daquele que media o processo, bem como o objetivo para que é desenvolvido determinado conteúdo. O objetivo deste trabalho é o de buscar esclarecimentos acerca de conceitos fundamentais à compreensão do processo motivacional na aprendizagem e da importância da sua utilização no trabalho docente. A motivação reúne uma série de elementos, internos e externos ao sujeito, que são fundados nas permanentes interações pelas quais o sujeito passa ao longo da vida. 1 2. MOTIVAÇÃO: ELEMENTOS CONSTITUINTES DO PROCESSO MOTIVACIONAL Tendo em vista o tema abordado neste trabalho “Motivação como um fator na Aprendizagem”, pretende-se trazer alguns esclarecimentos sobre conceitos relacionados à motivação. Serão apresentados elementos como motivação intrínseca e extrínseca, metas de aprendizagem, assim como outros decorrentes destes. Acredita-se ser necessário tal esclarecimento, para possibilitar ao leitor uma compreensão maior das considerações feitas ao longo deste estudo acerca da motivação na aprendizagem. Santos, Stobaus e Mosquera (2007, p. 299) afirmam que “um dos primeiros autores a tratar deste tema foi, sem dúvida McClelland (1989), já na década de 70, com a ideia de motivação relacionada com afiliação, realização e poder”. Segundo o autores citados, a motivação, de forma geral, é o que orienta a ação, um preparo mental da mesma afim de realizá-la com interesse e disposição. A motivação pode ser vista como um processo ocorrido no momento anterior à determinada ação do sujeito. É o que o leva a praticar tal ação, suas razões, seus objetivos e pretensões a partir da própria atuação no meio. De forma breve e esclarecedora: [...] motivação pode ser entendida como um processo que precede a ação humana, por vezes, intrínseco ao organismo humano, correspondendo ao interesse pela tarefa com um fim e si mesmo e não como um meio de atingir uma meta. Outras vezes, extrínseco, quando a atenção à tarefa está relacionada à conquista da meta, a tarefa vista como um meio. Por isso, o conceito de motivação aqui se amplia e se define como processo motivacional.(SANTOS, STOBÄUS e MOSQUERA, 2007, p. 300) Neste sentido, a motivação intrínseca se refere à percepção de que se realiza determinada atividade porque é satisfatória, agradável, visto que se percebe útil efetivá-la sem pretensão de recompensa. As razões do aluno, neste caso, estão relacionadas à fatores como a ampliação da própria capacidade, aquisição de novos conhecimentos. Desta forma, o aluno envolve-se na tarefa pelo aprender. Contrariamente, na motivação extrínseca, se utiliza a atividade como ferramenta, ou seja, como uma forma de obter um resultado. O sentido da tarefa como possibilidade de aprendizagem passa despercebido, pois a motivação para tal relaciona-se com algo externo a sua aprendizagem e à tarefa. Dois alunos, um que preocupa-se em estudar para compreender um conteúdo escolar e outro, que estuda para obter boa nota a fim de ganhar um presente prometido pelos pais, são um bom exemplo comparativo da motivação intrínseca (primeiro aluno) e extrínseca (segundo aluno). Desta forma, percebe-se que o processo motivacional envolve interesses intrínsecos e extrínsecos do sujeito. Esses ainda relacionam-se com questões relativas ao que pretende o indivíduo (suas metas). Por exemplo, se é um desejo de aprender, se é o reconhecimento, aceitação e alcance de necessidades sociais ou, então, uma busca pelo próprio bem estar, pelo ganho de recompensa, entre outros. Ilustrando essas questões sobre as metas: 2 Em cada situação que um indivíduo atuar estará implícita uma meta, que poderá essa, se referir às mais diferentes intenções do mesmo indivíduo, por exemplo, a melhora na sua formação, o alcance de algo desejável, entre outros. As metas, nesse sentido, podem se caracterizar como afetivas, cognitivas, de relações pessoais, de organização subjetiva ou mesmo relacionadas à própria tarefa a qual se destinam. (SANTOS, STOBÄUS e MOSQUERA, 2007, p. 301) As metas relacionadas à motivação intrínseca são apontadas por Tapia e GarciaCelay (1996) como sendo “metas relacionadas com a tarefa”. Desenvolvidas por interesses intrínsecos, essas metas são caracterizadas por situações em que o aluno participa das atividades propostas por perceber finalidade nestas, seja pelo conhecimento que oferecem ou pela gratificação promovida pelo desempenho dessa nova aprendizagem. Os autores também apontam as “metas relacionadas com o ‘eu’, com a valorização social ou com a consecução de recompensas externas”. Na primeira entre estas, as relacionadas com o “eu”, o aluno buscará um desempenho superior ou, pelo menos, igual ao dos colegas no intuito de, respectivamente, sentir o orgulho do sucesso ou evitar a vergonha do fracasso. No caso das metas relacionadas com a valorização social, o que se busca é evitar a rejeição, tem ligação com a vivência emocional provinda das relações sociais. Assim, o aluno pode estar se dedicando, não pelo aprender em si, mas para obter reconhecimento de amigos, professores e pais. O alcance destas metas, apesar das mesmas não estarem diretamente relacionadas com a aprendizagem, é “um importante elemento instigador da motivação para conseguir objetivos acadêmicos, se bem que, quando é a única fonte de motivação, estes adquirem valor instrumental” (TAPIA e GARCIA-CELAY, 1996, p.163). Conforme os autores referidos, as metas relacionadas com a consecução de recompensas externas não apresentam ligação com a aprendizagem, se quer com o alcance de objetivos acadêmicos, mesmo sendo, muitas vezes, utilizadas para incentivá-los. Os tipos de metas buscadas não são excludentes entre si, pois o aluno pode perseguir mais de uma meta simultaneamente. Os dois autores ainda colocam as metas relacionadas com interesses intrínsecos como sendo “metas de aprendizagem”, pois objetivam desenvolver a própria capacidade. Já as metas como as relacionadas com o “eu” e as demais citadas, relativas a interesses extrínsecos (evitar o fracasso, a rejeição e poder estar bem diante de todos), são colocadas como “metas de execução”. Após ter exposto estes fatores constituintes do processo motivacional, que perpassam a aprendizagem, acredito ser possível seguir apresentando uma compreensão de aprendizagem interligada à motivação. Além dos elementos colocados aqui, certamente, outros surgirão, não estando por isso os aspectos motivacionais limitados somente aos apresentados nesta parte do trabalho. 3 2.1 O Processo de Aprendizagem: Implicações do Processo Motivacional Seguindo as considerações a serem feitas neste trabalho sobre o referido assunto, acredita-se ser necessário pontuar a concepção de aprendizagem da qual se pretende partir. É um tanto lógico, mas, ainda assim, necessário dizer que quando pensamos em tratar das influências e alterações na aprendizagem, como é o caso deste trabalho, é fundamental o pleno esclarecimento acerca da ótica que se tem do processo de aprendizagem. Os estudos que tratam da aprendizagem são numerosos, assim como as variações conceituais entre eles. Desta forma, é imprescindível que o professor tenha definido claramente as concepções teóricas que norteiam seu trabalho, a fim de desenvolver uma prática pedagógica bem direcionada e com objetivos claros. Por esta razão, apresento algumas considerações sobre a aprendizagem, a partir das colocações de Álvarez e Del-Río e Neves e Damiani, conforme L. S. Vygotsky. Trato o assunto segundo este enfoque considerando os postulados de Vygotsky bastante abrangentes e de suma importância no que se refere aos aspectos relacionados à aprendizagem. Durante muito tempo, se considerou que a aprendizagem era basicamente efetivada através de um processo de transmissão de conhecimento. Os métodos educacionais utilizados partiam da idéia de que o professor, como possuidor do conhecimento, deveria organizar as informações e os saberes a serem passados aos alunos, sendo este, então, “um recipiente vazio onde é necessário “despejar” o conhecimento” (DARSIE, 1999 apud NEVES e DAMIANI, 2006, p.3). Considerando uma concepção de aprendizagem mais ampla, relacionada não somente com o que será aprendido, mas também com o que possibilitará a efetividade disto, é que menciono as contribuições de Vygotsky, segundo autores como Neves e Damiani (2006). Sendo uma visão consoante aos aspectos tratados neste trabalho, por tratar a aprendizagem de forma social, mediada através das relações que os indivíduos estabelecem entre si, com objetos e com a cultura de forma geral, concebo esta adequadamente elucidativa no que se refere à aprendizagem. Conforme Neves e Damiani (2006), para Vygotsky: [...] o indivíduo não é resultado de um determinismo cultural, ou seja, não é um receptáculo vazio, um ser passivo, que só reage frente às pressões do meio, e sim um sujeito que realiza uma atividade organizadora na sua interação com o mundo, capaz, inclusive, de renovar a própria cultura. (p.8) Conforme mencionado na citação, para o autor, o ser humano não é passivo no processo de aprendizagem. Suas respostas não são condicionadas e involuntárias, mas sim processadas a partir de seus interesses e dos significados impressos pelo estímulo. Entre estímulo e resposta existe a mediação, através de estratégias ou de instrumentos psicológicos, que possibilitam mudanças cognitivas e reações planejadas. Álvarez e Del-Río 4 (1996) afirmam que Vygotsky define os instrumentos psicológicos como sendo: [...] todos aqueles objetos cujo uso serve para ordenar e reposicionar externamente a informação, de modo que o sujeito possa escapar da ditadura do aqui e agora, utilizando sua inteligência, memória ou atenção, no que poderíamos chamar de uma situação de situações, uma representação cultural dos estímulos que podemos operar, quando queremos tê-lo em nossa mente e não só quando a vida real nos oferece. (p.83) É através da linguagem que ocorrem as trocas sociais e culturais que possibilitam ao sujeito apropriar-se progressivamente dos signos e da utilização dos mesmos. A criança constrói o conhecimento a partir de sua interação social com os adultos e com outras crianças, os quais atuam no processo de mediação . Assim, o conhecimento é construído primeiramente de forma social, nível interpsicológico, posteriormente no interior do sujeito, nível intrapsicológico. À medida que a mente vai estruturando internamente as informações obtidas nas relações sociais, estas vão sendo interiorizadas e reconstruídas mentalmente. Explicando isto: Uma operação que inicialmente representa uma atividade externa é reconstruída e começa a ocorrer internamente; um processo interpessoal termina por transformar-se em outro intrapessoal. No desenvolvimento cultural da criança, toda função aparece duas vezes: primeiro em nível social e, mais tarde, em âmbito individual: primeiro entre pessoas — interpsicológica — e depois, no interior da própria criança — intrapsicológica. Isto pode ser aplicado igualmente à atenção voluntária, à memória lógica e à formação de conceitos. Todas as funções superiores se originam como relações entre seres humanos.(VYGOTSKY, 1978 apud ALVAREZ E DEL RÍO, 1996, p.84) Nesta perspectiva, as funções psicológicas superiores presumem a utilização dos instrumentos psicológicos por meio do processo de mediação, formando-se, então, não de forma individual, mas pelas atividades sociais e instrumentais. Vygotsky ainda coloca que a transmissão das funções superiores, dos sujeitos mais experientes aos em desenvolvimento, através da interação social ocorre na Zona de Desenvolvimento Potencial (ZDP). Conforme o autor, as aprendizagens efetivadas nas relações interpessoais, já controladas autonomamente, constituem o que ele chama de Zona de Desenvolvimento Real (ZDR). As aprendizagens possíveis a partir da ajuda e da interação com outras pessoas, se referem à Zona de Desenvolvimento Potencial (ZDP) que “ pode ser definida como a diferença entre o nível do que a pessoa é capaz de fazer com a ajuda de outros e o nível das tarefas que pode fazer de maneira independente” (SALVADOR et al., 2000, p.260). Desta forma, à medida que ocorre a consolidação da aprendizagem, estará constituindo-se a base para aprendizagens posteriores. Ou seja, um conhecimento, construído na interação e atividade com outras pessoas, já dominado pelo sujeito, possibilitará a efetivação do desenvolvimento potencial através do processo de mediação. 5 Como afirma : [...] o nível de desenvolvimento real condiciona o nível de desenvolvimento potencial em um dado momento; por sua vez, o desenvolvimento potencial, que depende das formas de ajuda e suporte oferecidos por outras pessoas na interação irá tornar-se eventualmente [...] desenvolvimento real. (SALVADOR et al., 2000, p. 261) Relacionando os conceitos abordados aos aspectos motivacionais, deve-se ressaltar que o processo de interiorização liga-se diretamente à orientação motivacional do sujeito, pois os interesses internos do mesmo são internalizados a partir das relações sociais que estabelece. 3. METODOLOGIA O referido estudo constituiu-se a partir de uma pesquisa bibliográfica, "entendida como o planejamento global-inicial de qualquer trabalho de pesquisa, o qual envolve uma série de procedimentos metodológicos..." (MACEDO, 1994, p. 13). Em se tratando de uma pesquisa bibliográfica o trabalho é apresentado a partir da Introdução, tratando, na sequência, dos elementos constituintes do Processo Motivacional. Segue-se trazendo as implicações do Processo Motivacional na Aprendizagem e finalizando com a Conclusão. Sendo esta análise efetivada a partir das contribuições de L. S. Vygotsky no estudo da Aprendizagem, segundo Álvarez e Del-Río (1996) e Neves e Damiani (2006) e de considerações acerca do processo motivacional abordadas por autores como Santos, Stobaus e Mosquera (2007) e Tapia e Garcia-Celay (2007) que falam sobre a motivação e aspectos relacionados a mesma. A partir da leitura dos referenciais, foi realizada a seleção das ideias pertinentes ao tema, transcrevendo-as na etapa de organização do trabalho e utilizando-se as citações a fim de dar ratificar minhas colocações. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Após ter falado sobre a influência dos aspectos motivacionais na aprendizagem e ter relacionado conceitos importantes para a aprendizagem, busco expor aqui colocações e referenciais que apontem sua utilização no trabalho docente. Atualmente, a aprendizagem e a motivação tem sido estudadas a partir de uma visão que considera, não somente a situação de aprendizagem, mas também o contexto em que ela ocorre e o contexto de origem do sujeito. Afinal, ao realizar uma atividade, o aluno está emitindo uma resposta permeada por todas as questões relativas a sua vida (familiares, biológicas, psicológicas, cognitivas, sociais, etc) que necessitam ser consideradas, já que influem diretamente no seu desempenho. Compreender a motivação pessoal do aluno, possibilita um entendimento amplo do seu desenvolvimento e aprendizagem como processos complexos e individuais, constituindo 6 uma fundamental ferramenta, pois pode favorecer tanto a mediação, quanto a efetiva aprendizagem. É por meio disso que se pode utilizar estratégias a fim de estimular metas de aprendizagem, mostrando o significado das tarefas e a finalidade destas para o crescimento pessoal e intelectual do aluno. Este entendimento permitirá ao professor mediar um trabalho mais específico e direcionado ao que realmente faz sentido para o aluno, utilizando estratégias motivacionais e ajudando-o a acessar mecanismos que colaborem neste sentido. Além disso, também conceito fundamental da ZDP é muito válido para o professor tanto no planejamento da tarefas como na interação cotidiana com os alunos. Possibilita a compreensão da relevância de se desenvolver uma atividade suficientemente desafiadora, que objetive a execução e consequente sentimento de competência no aluno, estimulando-o para conclusão da tarefa e conquista do desafio. Neste sentido, o desafio caracteriza um intensa atividade na ZDP, pois instigar além do conhecimento já construído, promovendo a consolidação das possibilidades desenvolvimentais do aluno. Desafiar constitui uma forma de motivar o aluno, podendo direcionar a escolha das suas metas e estimulá-lo a alcançar determinado objetivo com sucesso. Observar o nível de aprendizagem em que se encontra o aluno, respeitar este aspecto e desenvolver a prática educativa a partir deste ponto é imprescindível no que se refere a sua autoestima e autoeficácia. Logicamente, se as tarefas forem muito fáceis, não provocarão desafio, sendo desinteressantes, no entanto, ao estarem muito acima das possibilidades do estudante, podem não ser resolvidas, ocasionando neste a diminuição do senso de autoeficácia e consequente baixa autoestima. Como afirmam Pajarez e Olaz (2008): À medida que as pessoas realizam tarefas e atividades, elas interpretam os resultados de seus atos, usam as interpretações para desenvolver crenças sobre sua capacidade de participar de tarefas e atividades subsequentes e agem de acordo com as crenças criadas. Resultados interpretados como bem sucedidos aumentam a auto-eficácia, ao passo que os que são interpretados como fracassos a reduzem. (p.104) Acredito ser possível afirmar que descobrir estratégias que possibilitem uma intervenção educativa contextualizada com a vida do aluno, perceber a aprendizagem como um processo a ser construído nas relações sociais e perceber as dificuldades, não como problema apenas, mas como alvo de superação são fatores fundamentais para o trabalho docente. Compreender o processo motivacional é algo que se encontra dentro destas estratégias por possibilitar ações em vários âmbitos já referidos. Neste sentido, o papel do professor não é de mero transmissor do conhecimento, mas sim aquele que media este, auxiliando na construção da aprendizagem do aluno. Estas reflexões constituíram uma tentativa de auxiliar neste sentido, através de esclarecimentos 7 úteis sobre o processo motivacional e suas interferências na estruturação do conhecimento pelo aluno. 5. CONCLUSÃO A pesquisa realizada possibilitou uma ampliação da minha compreensão inicial acerca da motivação, assim como sua relação com o processo de aprendizagem. Em um primeiro momento, talvez se possa imaginar que a motivação tem seu sentido limitado à expressão geralmente utilizada para fazer referência à vontade que se tem para realizar algo. De fato, é possível partir deste ponto para definí-la, mas vários elementos a constituem, por isso, o sentido estende-se para processo motivacional. Através de leituras e relações estabelecidas entre estas e a prática pedagógica até então presenciada, percebi que um trabalho que considere o saber como um todo que se edifica através das relações sociais, deve priorizar, antes de tudo, a efetiva compreensão e significação do conhecimento pelo aluno. Não depreciando nenhum estudo sobre a aprendizagem, mencionei a concepção de Vygotsky, abordada pelos autores já referidos, por julgá-la adequada à proposição de uma construção global da aprendizagem. Ponderar os conceitos apontados pelas considerações do autor, como os processos de mediação e internalização e a definição de ZDR e ZDP torna possível afastar-se de metologias descontextualizadas e inflexíveis as quais, muitas vezes, levam os alunos a buscar metas inadequadas ou pouco produtivas para a aprendizagem. Compreender estes aspectos significa conceber que os significados se constroem através das interações e por isso, é tão importante que se desenvolva atividades que possam ser vivenciadas ou relacionadas com as vivências do aluno. Encerrando minhas colocações, penso que as problematizações realizadas aqui, os conceitos mencionados e as implicações dos processos entre si, aprendizagem, motivação e dificuldades de aprendizagem, constituem um estudo organizado para apresentar informações que definam cada um destes. Espera-se que ao conhecer como se dão estes processos e também suas inter-relações, o professor, como mediador, venha a intervir utilizando estratégias motivacionais em benefício da efetiva aprendizagem do aluno. REFERÊNCIAS ALVAREZ, Amelia; DEL RÍO, Pablo. Educação e desenvolvimento: a teoria de Vygotsky e a zona de desenvolvimento próximo. In: COLL, Cézar; PALACIOS, Jesús; MARCHESI, Alvaro (orgs). Desenvolvimento psicológico e educação: Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996, v.2, cap.6, p.79-103. NEVES, Rita de Araújo, DAMIANI, Magda Floriana. Vygotsky e as teorias da aprendizagem. In: UNIrevista. V. 1, nº2, p.1-10. Pelotas: 2006. 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