Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=427>. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão Roberth Eduardo dos Santos1; Marco Antônio de Oliveira Viu2; Dyomar Toledo Lopes3; Daniel Afonso de Queiroz Campos4; Frederico Sousa Balestra4 1 Médico Veterinário Autônomo 2 Professor da Escola de Veterinária – UFG/Jataí 3 Doutorando em Ciência Animal – EV/UFG 4 Graduandos do curso de Medicina Veterinária – UFG/Jataí RESUMO O objetivo deste artigo foi compilar o maior número possível de informações sobre a etiopatogenia, diagnóstico e controle da Raiva dos Herbívoros. Esta doença é caracterizada de diferentes formas: enfermidade infecto-contagiosa aguda, quase sempre fatal, caracterizada principalmente por sinais nervosos representados algumas vezes por agressividade, e outras por paresia, paralisia e encefalite viral aguda, transmitida por mamíferos, que apresenta dois ciclos principais de transmissão: urbano e silvestre. O vírus da raiva é um RNA-vírus, pertencente à família Rhabdoviridae, enquadrando-se no gênero Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. Lyssavirus. Possui a estrutura do capsídeo em forma helicoidal, com presença de envelope. O tamanho do virion é de 60-180 ηm. A família em questão é composta por aproximadamente 80 diferentes vírus que infectam vertebrados, invertebrados e algumas espécies de plantas, sendo os dois gêneros classificados: Vesiculovirus (Vírus da estomatite vesicular) e Lyssavirus (vírus da raiva). Possui dois antígenos principais: um de superfície, constituído por uma glicoproteína responsável pela formação de anticorpos neutralizantes e adsorção vírus-célula, e outro interno, constituído por uma nucleoproteína, que é específico. A forma de transmissão mais comum é pela deposição da saliva contendo vírus na pele ou mucosa. O animal raivoso pode introduzir o vírus em animais saudáveis ou em seres humanos por mordedura, arranhadura e lambedura de pele com solução de continuidade ou de mucosa íntegra. A transmissão inter-humana é possível pelo contato direto com o doente ou suas secreções. Os herbívoros podem contrair a raiva por mordedura de um cão infectado. transmitida No entanto, em bovinos e eqüinos é normalmente através de mordeduras de morcegos hematófagos contaminados com o vírus rábico, sendo principalmente o Desmodos rotundus. ABSTRACT This article aimed at compiling the biggest possible number of information concerning at etiopatogeny, diagnosis and control of herbivores rabie. This disease is characterized of different forms: Illness sharp infect-contagious, almost always fatal, characterized mostly by nervous signals sometimes represented by aggressiveness, paresis and paralysis; and acute viral encephalitis, transmitted by mammals, that presents two main transmission cycles: urban and wild. The rabie virus is a RNA-virus, belonging to the family Rhabdoviridae, taking part in the gender Lyssavirus. It is composed by capsid structure in helical form, with Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. presence of envelope. Virion size is 60-180 M. The family at issue is formed by approximately 80 different virus that infect vertebrates, spineless and some plants species, being both classified goods: Vesiculovirus (Vesicle Stomatitis Virus) and Lyssavirus (rabie virus). It has two main antigens: One of surface, constituted by a glycoprotein responsible for the counteract antibodies and adsorption virus-cell formation, and another internal, constituted by a nucleoprotein, which is specific. The most common transmission form is through the saliva deposition containing virus in the skin or mucous. The hydrophobic animal can introduce the virus in healthy animals or in human beings by bite, graze and skin licking with continuity solution or of mucous totality. Interhuman transmission is possible by direct contact with the patient or his secretions. The herbivores can catch the rabie through bite of an infected dog. However, in bovine and equine it is usually transmitted through bites of hematofagous bats contaminated with the rabie virus, being mostly Desmodos rotundus. INTRODUÇÃO A raiva é considerada a mais importante das zoonoses, por sua distribuição mundial (vide figura 1 em anexos), estando presente em todos os continentes, com exceção da Antártida, e pelas drásticas conseqüências para a saúde pública e animal (MELTZER & RUPPRECHT, 1998). Há muito tempo a raiva vem sendo considerada um problema de saúde pública (BAER, 1991). Alguns países, como a Inglaterra e a Austrália, já conseguiram erradicar esta doença. Outros conseguem manter o ciclo da raiva urbana sob controle, com casos esporádicos transmitidos pelos animais selvagens, como é o caso dos Estados Unidos e alguns países da Europa (ALBAS et al., 2004). Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. A raiva dos herbívoros é responsável por enormes prejuízos econômicos diretos. Na América Latina, o prejuízo é da ordem de 30 milhões de dólares/ano, sendo que no Brasil este valor se aproxima de 15 milhões de dólares, com a morte de cerca de 40.000 cabeças bovinas. Os prejuízos indiretos, no Brasil, estão calculados em 22,5 milhões de dólares (INSTITUTO PASTEUR, 2002). Segundo informe da Organização Panamericana de saúde, em 2001 foram notificados 2470 casos de raiva em bovinos, sendo que destes, 2322 (94%) ocorreram na América Latina; 102 (4,1%) na América do Norte e só 46 (1,9%) no Caribe. Ressalta-se que esta situação ocorre na América Latina em função da presença do morcego hematófago Desmodus rotundus apenas na faixa compreendida entre o México e a região central da Argentina, sendo esta espécie de quiróptero a mais importante na transmissão na raiva dos herbívoros. Com a colonização européia no continente americano e a introdução dos animais domésticos, principalmente bovinos e eqüinos, além proporcionadas das alterações condições ideais ambientais para a conseqüentes, proliferação do foram Desmodus rotundus (INSTITUTO PASTEUR, 2002). Esta doença infecto-contagiosa é caracterizada de diferentes formas: enfermidade infecto-contagiosa aguda, quase sempre fatal, caracterizada principalmente por sinais nervosos representados algumas vezes por agressividade, e outras por paresia, paralisia e encefalite viral aguda, transmitida por mamíferos, que apresenta dois ciclos principais de transmissão: urbano e silvestre (CORRÊA & CORRÊA, 1992). O objetivo deste artigo foi compilar o maior número possível de informações sobre a etiopatogenia, diagnóstico e controle da Raiva dos Herbívoros. Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. ETIOLOGIA O vírus da raiva é um RNA-vírus, pertencente à família Rhabdoviridae, enquadrando-se no gênero Lyssavirus. Possui a estrutura do capsídeo em forma helicoidal, com presença de envelope. O tamanho do virion é de 60-180 ηm (ANTHON & GUERREIRO, 1981). A família em questão é composta por aproximadamente 80 diferentes vírus que infectam vertebrados, invertebrados e algumas espécies de plantas, sendo os dois gêneros classificados: Vesiculovirus (Vírus da estomatite vesicular) e Lyssavirus (vírus da raiva) (HAYASSHI, 1996). Possui dois antígenos principais: um de superfície, constituído por uma glicoproteína responsável pela formação de anticorpos neutralizantes e adsorção vírus-célula, e outro interno, constituído por uma nucleoproteína, que é específico (BRASIL, 2002). Segundo CORRÊA & CORRÊA (1992), o vírus possui aspecto de um projétil, sendo pouco resistente à dessecação, à luz solar e ao calor, perdendo patogenicidade rapidamente, quando expostos aos agentes, sendo também bastante sensível aos desinfetantes comuns. Já BRASIL (2005) afirma que, mesmo em condições adversas, o vírus da raiva pode manter sua infecciosidade por períodos relativamente longos, sendo então inativado naturalmente pelo processo de autólise. Existem dois tipos de vírus: os que têm propagação seriada em animais laboratoriais, que resulta na perda da virulência para outras espécies e no aumento da virulência para a espécie que serviu para as passagens, linhagens denominadas “vírus fixo”; e os isolados de casos a campo que são denominados “vírus de rua” (GEORGE,1993). A raiva afeta animais de sangue quente de todas as idades. A doença acomete o homem e quase todas as espécies de mamíferos domésticos e silvestres (RIET-CORREA et al., 2001). Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. EPIDEMIOLOGIA Modo de transmissão A ocorrência da doença num determinado local depende da existência de vetores na região. Como a raiva é transmitida principalmente através de mordidas, os hospedeiros mais importantes na transmissão da doença são os carnívoros e os quirópteros (RIET-CORREA et al., 2001). A forma de transmissão mais comum é pela deposição da saliva contendo vírus na pele ou mucosa. O animal raivoso pode introduzir o vírus em animais saudáveis ou em seres humanos por mordedura, arranhadura e lambedura de pele com solução de continuidade ou de mucosa íntegra. A transmissão inter-humana é possível pelo contato direto com o doente ou suas secreções. Existe o relato de dois casos de transmissão inter-humana, que ocorreram através de transplante de córnea (BELOTO, 2000). O vírus da raiva não atravessa a pele intacta, no entanto, é possível a contaminação através de mucosas íntegras (BEER, 1999) Os herbívoros podem contrair a raiva por mordedura de um cão infectado. No entanto, em bovinos e eqüinos é normalmente transmitida através de mordeduras de morcegos hematófagos contaminados com o vírus rábico, sendo principalmente o Desmodos rotundus (BRASIL, 2005). Uma vez dentro do animal, o vírus se dissemina pelos feixes nervosos até atingir o SNC e depois de volta aos órgãos não nervosos, como a bexiga, intestino e testículos. A principal via de eliminação do vírus é a saliva, mas há relatos de eliminação pela urina e sêmen (FAVERO, 2001). O vírus pode ficar no ponto de infecção por até 96 horas após a inoculação, progredindo, do ponto de exposição ao SNC através de nervos periféricos, espalhando-se centrifugamente aos nervos periféricos, infectando e se multiplicando nas glândulas salivares (BEER, 1999). Em Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. certas circunstâncias, as partículas podem penetrar diretamente nos nervos periféricos, sem replicação prévia nos tecidos não nervosos (BRASIL, 2005). Para BEER (1999) o vírus da raiva é usualmente mantido num hospedeiro principal, podendo este ser o cão, os carnívoros selvagens ou o morcego. A partir do hospedeiro principal, a doença pode ser transmitida a outras espécies animais que não desempenham, geralmente, nenhum papel epidemiológico. O vírus pode ser encontrado no SNC, no Sistema Nervoso Periférico (SNP), nos demais tecidos e em secreções como o leite. Nos morcegos o vírus tem maior afinidade pela glândula salivar do que pelo tecido nervoso (RIET-CORREA et al., 2001). Período de Incubação O período de incubação é extremamente variável, desde alguns dias até anos, com uma média de 45 dias no homem e de dez dias a dois meses no cão. Em crianças existe uma tendência para um período de incubação menor que no indivíduo adulto (BRASIL, 2002). No bovino o período de incubação varia de 25 a 90 dias (FAVERO, 2001). O período localização, de incubação está intrinsecamente ligado à gravidade da mordedura, arranhadura, lambedura ou contato com a saliva de animais infectados, proximidades de troncos nervosos e áreas do corpo com densidade em terminações nervosas e concentrações de partículas virais inoculadas (BRASIL, 2002). O receptor da acetilcolina (AchR) é um importante elemento para a penetração das partículas de vírus nos axônios das junções neuromotoras onde, por meio da glicoproteína, liga-se especificamente ao receptor, atingindo os nervos periféricos, progredindo centripetamente em direção ao SNC, seguindo o fluxo axoplasmático retrógrado, com deslocamento de 100-4000 mm por dia (BRASIL, 2005). Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. Uma vez atingido o SNC, a disseminação do vírus é rápida, sendo trans-neuronal através das sinapses. A infecção ativa do SNC é seguida por disseminação passiva de forma centrífuga para os nervos periféricos e invasão de tecidos com inervação abundante, como as glândulas salivares, onde ele pode replicar no epitélio dos ácinos e ser eliminado junto com a saliva através dos ductos (RIET-CORREA et al., 2001). Todos os mamíferos são susceptíveis à infecção pelo vírus da raiva, não havendo relato de casos de imunidade natural do homem. A imunidade é conferida através de vacinação, acompanhada ou não por soro (BRASIL, 2002). CICLOS EPIDEMIOLÓGICOS DA RAIVA Considerava-se até alguns anos, que a raiva possuía três ciclos: urbano, rural e silvestre. Atualmente inclui-se outro, entre os morcegos (espécies hematófagas ou não), chamado de ciclo aéreo. Este é importante na manutenção do vírus entre as várias espécies de morcegos que disseminam esse agente etiológico, pelo fato de transporem naturalmente barreiras geográficas, sendo os únicos mamíferos dotados da habilidade de vôo (BREDT & SILVA, 1998). Todas as espécies de morcegos, hematófagas ou não, são susceptíveis à raiva, podem transmitir a doença e apresentam sintomatologia, evoluindo para a morte, não sendo “portadores sãos”, como outrora se acreditava (LORD et al., 1988). a) Raiva dos Carnívoros (Ciclo Urbano) A raiva como enfermidade humana, certamente, existe desde o período paleolítico (idade da pedra lascada), época em que se observava a coabitação de homens e animais, o que tornava aqueles mais vulneráveis às mordeduras destes (HAYASHI, 1996). Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. Comumente, na raiva urbana o grande responsável pela transmissão da enfermidade é o cão com “raiva furiosa”, que antes de morrer morde inúmeros outros animais (CORRÊA & CORRÊA, 1992). Historicamente o cão tem se posicionado como o principal transmissor da raiva ao homem. O comportamento de proximidade que a espécie canina desenvolveu ao longo dos anos justifica a tendência de transmissão ao ser humano (HATSCHBACH, 1989). Este fato sinaliza para a importância do conhecimento sofridas pelo sobre as alterações comportamentais animal raivoso com escopo de diagnosticar previamente a raiva reduzindo o risco de contaminação do homem. O grupo mais exposto ao risco compreende a faixa etária de indivíduos até 15 anos, do sexo masculino que são agredidos principalmente no rosto e pescoço. Em torno de 40% dos indivíduos são atacados por cães soltos nas imediações da casa do dono do animal. A maioria dos acidentes ocorre no verão (SILVA, 1996a). DWIGTHT & YUAN (2003) relatou um período de dois meses de incubação do vírus. O curso da doença, após o aparecimento dos sinais, varia de nove a onze dias. São sinais característicos da raiva canina: inquietação, tendência ao ataque, anorexia pela dificuldade de deglutição, salivação abundante, hidrofobia, fotofobia, latido bitonal, ocorrendo, posteriormente, paralisia dos membros na fase final da doença. Os fundamentos para combater a raiva urbana já têm dado resultado. Consistem na limitação da liberdade de movimento, captura de todos os cães errantes e sacrifício de todos os animais suspeitos de sofrer a doença. Um complemento fundamental é a vacinação preventiva dos cães e gatos que, por um lado, protege esses animais e, por outro, reduz consideravelmente o risco para o homem (BEER, 1999). Os gatos, como todos os animais de hábito noturno, devido a sua menor suscetibilidade ao vírus, menor densidade populacional e hábitos solitários de vida, são considerados hospedeiros acidentais do vírus, Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. adquirindo a doença de cães em epizootias e esporadicamente de animais silvestres (SILVA, 1996b). b) Raiva dos Herbívoros (Ciclo Rural) Segundo BEER (1999), dentre as enfermidades que acometem os rebanhos, a raiva, denominada raiva dos herbívoros, tem se apresentado em todas as regiões, atingindo, principalmente, as espécies bovina e eqüina, por serem as predominantes nos criatórios. Os morcegos hematófagos, principalmente os espécie Desmodus rotundus têm sido, portanto, historicamente os maiores transmissores da raiva para os herbívoros na América, sendo que estes também podem se contaminar por agressão de cães, gatos e animais silvestres, (GERMANO, 1994). Conforme CORRÊA & CORRÊA (1992), no ambiente rural, em sedes de fazendas, regiões agrícolas com propriedades pequenas e médias, afastando os grupos humanos, o cão só permanece como transmissor perigoso para seu pequeno grupo e para as pessoas que com ele convivem. Porém, o principal transmissor e portador do vírus rábico ainda é o morcego. SILVA (1996b), afirma que a ocupação descontrolada do solo e seus ciclos econômicos, juntamente com as mudanças quantitativas do meio, foram a principal causa de aparecimento da raiva em herbívoros. O morcego abre a ferida na pele e lambe o sangue que deseja, comumente entre 30-50 ml. Na noite seguinte volta para se alimentar e procura o mesmo animal e a mesma ferida, apenas retirando a crosta para reavivá-la, (CORRÊA & CORRÊA, 1992). Com relação à raiva dos herbívoros, temos a forma paralítica e agressiva ou furiosa, Apresentando os seguintes sinais (BRASIL, 1994): -Animais se isolam; -Pêlo arrepiado; -Sonolência e depressão; Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. -Bovídeos emitem mugidos freqüentes e roucos; -Lacrimejamento e corrimento nasal catarral; -Aumento da libido (priapismo); -Dificuldade para defecar (tenesmo); -Sinais de engasgo (a ruminação cessa e há dificuldade de deglutição, com conseqüente eliminação de uma saliva filamentosa e abundante); -Prurido no local onde o sangue foi sugado pelo morcego; -Andar cambaleante; -Tremores musculares (contrações tônico-clônicas da musculatura do pescoço, tronco e extremidades); -Inquietude; -Incoordenação até paralisia dos membros posteriores (deitamse e não se levantam); -Morte entre quatro e sete dias, por paralisia da musculatura envolvida na respiração; -Pode ocorrer a raiva furiosa: hiperexcitabilidade e ranger de dentes; -Fotofobia e midríase tanto em carnívoros quanto em herbívoros. No estágio final, o animal para de comer e beber, e a morte ocorre em um ou dois dias por parada respiratória. Os eqüídeos apresentam: prurido intenso, levando os animais a se morder, causando graves lesões; apetite depravado, retroversão patológica dos lábios; morder e escoicear ( se a fase furiosa está presente). Já BRASIL (2005) afirma que passado o período de incubação, podem surgir diferentes sinais da doença, sendo a paralisia a mais comum, porém pode ocorrer a forma furiosa, levando o animal a atacar outros animais e seres humanos. Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. Por sua vez, RIET-CORREA et al. (2001) aponta três fases: a prodrômica, que geralmente é a mais curta e inclui mudanças de conduta; a fase excitativa, que inclui sinais exacerbados de hiperexcitabilidade e agressividade; e a fase paralítica, que geralmente segue a anterior e cursa com paralisia progressiva. Em 1973 as atividades de combate à raiva de herbívoros passaram a fazer parte do Programa Nacional de Saúde Animal quando foi institucionalizado o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (BURER, 1996a). c) Raiva dos Animais Silvestres (Ciclo Silvestre) Dentro de um determinado ecossistema, além dos morcegos, várias outras espécies de animais silvestres, geralmente carnívoros ou roedores, podem ser portadores e transmissores do vírus. A importância de cada espécie varia de região para região e, por vezes, de tempos em tempos (JUBB et al., 1993). Segundo TADEI et al. (1991), as famílias envolvidas na epidemiologia da raiva silvestre incluem: da família Carnívora as famílias Canidae (cachorro do mato e raposa), Procyonidae (quati), Mustelidae (furão) e Felidae (felinos); da Ordem Masurpialia (gambás), da Ordem Primata, os primatas não humanos; das famílias Callithricidae (saguis); e Cebidae (bugio, macaco-prego, macaco aranha). A sintomatologia clínica em raposas, gambás e mão pelada, infectados experimentalmente, é similar à dos cães, a maioria apresentando a raiva furiosa. A transmissão da raiva silvestre ocorre pela mordedura de um animal infectado, que elimina o vírus rábico pela saliva em outro animal, incluindo o homem. Quando os animais silvestres estão raivosos, aproximam-se dos povoados e podem agredir o homem e animais domésticos (BARROS et al., 1989). A raiva silvestre que acomete bovinos tende a ser cíclica, reaparecendo com a periodicidade de três a cinco anos. A ciclicidade não Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. representa o controle efetivo da doença. O caráter de ciclicidade é determinado pelos picos de aparecimento da doença nos animais de produção quando há também maior incidência de morcegos infectados e doentes, os quais morrem em grande quantidade. Os períodos de declínio da doença correspondem ao tempo necessário para repovoar e reinfectar a colônia, este tempo decorrido é considerado lento (MORI & LEMOS, 1998). Além de cíclica, a raiva tende a ser sazonal, devido ao ciclo biológico do morcego. Os machos disputam as fêmeas e, após agressões mútuas, prevalece o macho dominante que estimula os demais a procurarem outras colônias, levando consigo o vírus. Essa procura pelas fêmeas aumenta na primavera, quando há o aumento de transmissão do vírus para os morcegos. Considerando o período de incubação do vírus nos morcegos e, depois, nos animais agredidos, o pico de incidência da doença, detectado pela manifestação de sinais clínicos, tende a ser no outono (RIET-CORREA et al., 2001). Até o momento, não há evidências conclusivas da existência de portadores assintomáticos entre os morcegos hematófagos, como se acreditava anteriormente. Na realidade, os morcegos morrem quando infectados e eliminam o vírus pela saliva durante 10 dias ou mais, antes da morte. Existem indícios de que alguns morcegos poderiam se recuperar da enfermidade, à semelhança do que ocorre com outros mamíferos silvestres (ACHA & SZYFRES, 1986). A transmissão do vírus rábico por morcegos não hematófagos está, geralmente, restrita aos mesmos, pois seu contato com mamíferos é ocasional. Nesse caso a raiva é contraída através de mordidas acidentais durante a manipulação inadequada desses morcegos (BRASIL, 1996). Uma segunda forma seria através do contato indireto, via aerossóis, especialmente em cavernas altamente infestadas e pouco ventiladas (RIET-CORREA et al., 2001). Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. d) Raiva dos Morcegos (Ciclo Aéreo) Os morcegos hematófagos são animais tipicamente latinoamericanos que gostam de clima tropical quente e úmido. Segundo MORGADO (2003), atualmente são reconhecidas apenas três espécies: o vampiro-comum (Desmodus rotundus), o vampiro-da-ponta-da-asa- branca (Diaemus youngi), e o vampiro-das-pernas-peludas (Diphylla ecaudata). Os morcegos apresentam uma série de características que facilitam sua rápida identificação e várias delas podem ser percebidas em campo, como demonstrado no Quadro 1 (Anexos). Antes da introdução dos rebanhos geralmente; os morcegos hematófagos mantinham-se concentrados e deviam explorar a fauna silvestre como fonte de alimento, principalmente mamíferos e aves. Essa introdução favoreceu o aumento da população de morcegos e sua expansão geográfica. Apesar das três espécies terem se beneficiado com esta introdução, D. rotundus foi a que mais se aproveitou da situação (SAZIMA, 1978). As Figuras 2, 3 e 4 (anexos) mostram, de modo simplificado, as relações alimentares entre as três espécies hematófagas e suas fontes atuais de alimentos. Os esquemas apresentados não deixam dúvidas de que D. rotundus é a mais versátil das três espécies (UIEDA, 1996). O tipo de presa mais explorado pelo vampiro-comum é o bovino, devido à sua grande disponibilidade no ambiente, sendo, porém, as espécies preferidas eqüinos e suínos. As duas outras espécies concentram seus ataques em galinhas-caipiras que geralmente pernoitam em árvores ou em galinheiros abertos (UIEDA, 1982; UIEDA 1992). Os abrigos mais importantes para os morcegos hematófagos são os diurnos, onde esses animais passam mais da metade de seu ciclo diário: das 05:00h às 18:00h. Deve ter temperatura em torno de 20˚ C, umidade 70-80%, luminosidade ausente e pouca ou nenhuma Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. perturbação. Em situações favoráveis (abrigo e alimento), os morcegos tendem a permanecer num mesmo local (BREDT & SILVA, 1998). Das três espécies, o D. rotundus tem se mostrado a mais versátil, explorando uma gama de tipos de abrigos. As duas outras espécies hematófagas exploram basicamente um tipo de abrigo com freqüência (Quadro 2 em Anexos). É possível que isso seja um dos motivos de sua relativa escassez na natureza (UIEDA, 1996). Habitualmente, as colônias de D. rotundus contêm de 10-50 indivíduos; contudo, agrupamentos com 100 ou mais morcegos podem ocorrer em algumas regiões. D. youngi e D. ecaudata, além de raras, são geralmente encontradas em pequenos agrupamentos: de 6-30 indivíduos na primeira espécie e de 3-12, na segunda (UIEDA, 1996). O uso de abrigos noturnos pelos morcegos hematófagos é conhecido apenas para D. rotundus. Esses abrigos são geralmente usados de modo temporário e servem como locais de descanso e ambientação, podendo ser utilizados antes ou após as refeições (SAZIMA, 1978) Em condições ambientais favoráveis, a atividade alimentar dos morcegos hematófagos pode ocorrer ao longo da noite, iniciando-se cerca de uma a duas horas após o pôr-do-sol e terminando por volta de uma hora antes do alvorecer (UIEDA, 1982; UIEDA, 1992). Este período pode ser alterado por alguns fatores ambientais com o luar, chuvas torrenciais e ventos fortes, que tendem a reduzir o período de atividade (UIEDA, 1982; 1992). A relação entre esses fatores e a atividade noturna dos morcegos hematófagos é apresentada de modo sumarizado no Quadro 3 (Anexos). Após sair do abrigo diurno, os morcegos hematófagos voam à procura de alimentos. Os vôos de D. rotundus são feitos a uma altura entre 0,5-1,5 metro, percorrendo em média cinco km, podendo chegar a 20 km (SAZIMA, 1978). A aproximação do D. rotundus às suas presas pode ser feita de dois modos: pouso no corpo ou no chão próximo ao animal. O D. ecaudata Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. também utiliza dois modos de aproximação das aves: pouso no puleiro e pouso direto no corpo da ave empoleirada. Já o D. youngi pousa somente no corpo da ave empoleirada (BURER, 1996b). O D. rotundus pode gastar cerca de 40 minutos para escolher o local para aplicar a mordida. O morcego pode reabrir o ferimento feito em noites anteriores, pois a reabertura é feita em poucos minutos, o que diminui seu tempo de exposição a danos eventuais (UIEDA, 1996). Na saliva do D. rotundus e do D. youngi foi encontrada uma substância que possui propriedades anticoagulantes, retardando o processo de coagulação do sangue e permitindo que flua do ferimento por um tempo maior (HAYASSHI, 1996). O consumo médio é de 30 ml de sangue para as três espécies, com um tempo médio de 15-30 minutos para D. youngi, 10-40 minutos para D. ecaudata e 30 minutos para D. rotundus (UIEDA, 1992). Conforme BURER (1996b), a partir da elucidação da participação do morcego hematófago D. rotundus na cadeia epidemiológica da raiva no homem e nos animais domésticos, diversos métodos de controle foram estabelecidos. Estes métodos são classificados em: métodos restritivos e métodos seletivos (SÃO PAULO, 1996): • Métodos Restritivos: hematófagos às restringem vítimas. São o acesso métodos dos que, morcegos apesar de proporcionarem alguma proteção aos rebanhos, não são eficientes para o controle de D. rotundus. São eles: o uso de fontes de luz próximas ao rebanho, colocação de telas, redes ou outros materiais que funcionem como barreiras aos morcegos; • Métodos Seletivos: esses métodos se baseiam no uso de substâncias anticoagulantes, que provocam hemorragias nos morcegos, por mecanismos de aumento da fragilidade capilar e competição com a vitamina K, com consequente retardo do tempo de coagulação sanguínea. A aplicação de produto atualmente disponível pode ser Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. feita de duas formas distintas: aplicação tópica sobre a mordedura, porque o morcego se alimenta no mesmo animal ou vítima, ou forma de “pour-on” e aplicação tópica em morcegos hematófagos, pois este contaminará o resto da colônia, através do habito de limpeza corporal mútua realizado em troca de alimento pelos que não conseguiram alimento, através de ingurgitamento. Quadro clínico da raiva em morcego infectados (BRASIL, 1994): -Período de infecção: 17-30 (7-171) dias; -Fase prodrômica: 12-24 hs -Fase furiosa: 1-5 dias -Fase paralítica: poucos dias. Sinais clínicos (BRASIL, 1994): -Afasta-se da colônia; -Pelos desalinhados e sujos (deixam de realizar asseio corporal); -Voa durante o dia; -Incoordenação (choca contra barreiras, cai e não consegue levantar vôo); -Feridas frescas são frequentes e provocadas por agressões de seus companheiros sadios a cada tentativa de reintegração ao agrupamento; -Hiper excitabilidade à luz e a sons agudos; -Agressividade; -Tremores musculares; -Paralisia e morte. ACHADOS ANÁTOMO-PATOLÓGICOS As alterações patológicas de importância na raiva se restringem à microscopia, embora achados como ferimentos, mutilação e corpos Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. estranhos no estômago, sejam indicativos da doença. Os achados histopatológicos incluem encefalomielite não supurativa, multifocal, moderada com ganglioneurite e meningite crânio-espinhal (RIET-CORREA et al., 2001). Essas lesões podem ser sutis e imperceptíveis, exceto por uma necrose inicial dos neurônios, em que se formam corpos de inclusão citoplasmáticos, específicos nas células nervosas afetadas. Em alguns casos, a encefalite difusa é demonstrada pela formação de manguitos perivasculares, ou nódulos neuronofágicos, e outras indicações da destruição de neurônios por todo cérebro. Essas alterações tendem a ser particularmente salientes no tronco cerebral, hipocampo e gânglios gasserianos (JONES et al., 2000). O líquido cerebral pode estar completamente normal, ou em alguns animais pode apresentar moderado aumento na proteína (60 a 200 mg/dl) e células mononucleares (5 a 200/dl). O exame microscópio dos cortes corados de cérebro pode revelar encefalite não supurativa e corpúsculos de Negri, que também são diagnósticos (GEORGE, 1993). As alterações perivasculares por microscópicas células específicas mononucleares, gliose, são: nódulos manguito gliais e degeneração neuronal. Estas alterações são mais graves nos gânglios, mas geralmente ocorrem em todas as regiões do SNC. Os corpúsculos de Negri, que são altamente diagnósticos para a infecção pelo vírus da raiva, podem não ser observados em todos os caso de raiva (THOMSON, 1990). DIAGNÓSTICO O diagnóstico da raiva pode levar em conta os sinais clínicos caso estes sejam típicos, contudo o diagnóstico deve ser confirmado pelo exame laboratorial (JONES et al., 2000). O diagnóstico laboratorial pode principalmente dois tipos de procedimentos: ser realizado utilizando Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. a) Identificação Imunoquímica do Antígeno Viral: • Teste de Imunofluorescência Direta: o O teste mais amplamente utilizado para o diagnóstico da raiva é de imunofluorescência direta (IFD), recomendado pela organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Internacional de Epizootias (OIE). Este teste pode ser utilizado diretamente numa impressão de tecido feita em lâmina de microscopia, ou ainda para confirmar a presença de antígeno de vírus da raiva em cultura celular. O teste de IFD apresenta resultados confiáveis em poucas horas, quando realizados em amostras frescas, em 95-99% dos casos (BRASIL, 2005). o Para o diagnóstico direto, as impressões preparadas do hipocampo, cerebelo e medula oblonga são coradas com um conjugado específico marcado com substância fluorescente (anticorpos anti-rábicos + isotiocianato de fluoresceína). No teste de IFD, os agregados específicos da nucleocapside são identificados pela fluorescência observada (BRASIL, 2005). b) Isolamento Viral • Teste de Inoculação em Camundongos: o Um grupo de camundongos com idade entre três e quatro semanas ou neonatos de dois a cinco dias de idade são inoculados intracerebralmente. Os camundongos adultos são observados por 30 dias e todo camundongo morto é examinado por meio da IFD (BRASIL, 2005). o Para apressar o resultado da inoculação de camundongos neonatos, recomenda-se o sacrifício de um camundongo por vez, aos cinco, sete, nove e 11 dias pós-inoculação, seguidos da realização da IFD. O teste de isolamento in vivo em Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. camundongos é oneroso e deve ser substituído, sempre que possível, por isolamento em cultivo celular (BRASIL, 2005). • Teste em Cultura Celular: o Pode ser utilizada quando a amostra apresenta uma carga viral muito pequena, especialmente, quando há necessidade de diagnóstico in vivo em amostras de saliva ou em biopsias de pele, o que é mais freqüente em humanos. Para tal, utilizase cultura do vírus em células de neuroblastoma de camundongos (MNA) ou em rim de hamster neonato (BHK). Faz-se o isolamento do vírus após a sua replicação e amplificação. Outra técnica de amplificação é a reação de polimerase em cadeia (PCR) (RIET-CORREA et al., 2001). o É muito importante que as amostras cheguem ao laboratório de diagnóstico em boas condições de conservação, para que não alterem o resultado. O material a ser remetido deve consistir de metade do cérebro fixada em formalina a 10% e metade congelada (RIET-CORREA et al., 2001). o As amostras deverão ser encaminhadas ao laboratório em recipientes de isopor lacrados, com rótulo externo com os seguintes dizeres: “Urgente”, “Material Perecível”. No interior da caixa de isopor deve haver gelo suficiente para manter mandar, a amostra resfriada preferencialmente, homogeneamente. cérebro, cerebelo e Deve-se medula oblonga, que deverão estar bem acondicionados em saco plástico ou recipiente devidamente fechado. A caixa contendo o material deve ser acompanhada do “Formulário de Remessa de Material e Suspeita de Foco”, devidamente preenchido (RICHARTIZ, 1996). Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. PREVENÇÃO A profilaxia deve ser realizada através de programas de erradicação e controle da raiva urbana, controle da raiva silvestre, medidas de transporte internacional de animais e procedimentos de vacinação prévia e de pós-exposição em humanos (RIET-CORREA et al., 2001). Atualmente há vacinas com vírus vivo modificado para uso em cães e gatos domésticos (distribuídos gratuitamente em campanhas). Também existem diversas vacinas para bovinos e eqüinos, recomendando-se a vacinação anual dos animais zootécnicos com mais de três meses de idade (GEORGE, 1993). Porém um programa só terá êxito quando os seus objetivos são voltados essencialmente para os problemas levantados junto à comunidade interessada, e as suas ações são realizadas de forma participativa com a população apresentando grande resolutividade (BURER, 1996c). TRATAMENTO Não existe tratamento para a doença (GEORGE, 1993; RIETCORREA et al., 2001 e BEER, 1999). Em casos de humanos, na pré-exposição, existem vacinas em postos de saúde em duas doses de um ml, não importando o peso, sexo, idade e estado fisiológico do infectado. Já na pós-infecção, deve-se tomar o soro na dose de 40 U.I./kg de peso vivo e cinco vacinas intercaladas (CAMARGO, 1996). Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Os principais diagnósticos diferenciais de raiva estão exemplificados no Quadro 4 (Anexos). LEGISLAÇÃO VIGENTE NO ESTADO DE GOIÁS O controle da Raiva dos Herbívoros é feito observando as normas contidas no Manual de Legislação Sanitária Animal (2003). SEÇÃO II Da Prevenção, do Combate e da Erradicação da Raiva nos Mamíferos Art. 68 Doença de notificação obrigatória pelo Médico Veterinário ou proprietário para a Defesa Sanitária do Estado no prazo máximo de 48 horas. Detectada a suspeita de ocorrência de raiva, à vista de diagnóstico clínico, elaborado por Médico Veterinário da Defesa Sanitária Animal do Estado, Órgão de Defesa – Agência Rural, serão adotadas as seguintes medidas preliminares: interdição do estabelecimento rural; isolamento de animais doentes e suspeitos. Diagnosticada laboratorialmente a raiva, o órgão de defesa adotará, obrigatoriamente, as seguintes medidas: interdição do estabelecimento rural; vacinação focal e perifocal até o raio de 15 km do foco; proibição da comercialização de animais, produtos e subprodutos de origem animal, procedentes do perímetro focal; sacrifício sanitário dos animais doentes, com destruição dos seus cadáveres; limpeza de materiais e fômites; realização do sistema de vigilância sanitária e epidemiológica; controle de vetores e reservatórios. Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. Art. 184. Sem prejuízo de outras sanções, aos infratores serão aplicadas multas: -de R$ 7,00 por cabeça, ao que deixar de cumprir o dispositivo no artigo 68. -de R$ 120,00 por cabeça ao que resistir a vacinar carnívoros domésticos e outros animais de estimação nos intervalos de prazos estabelecidos e durante as campanhas de saúde pública. Vacinação obrigatória nas áreas de médio risco em maio e alto risco em maio e novembro para todos os bovinos, bubalinos, eqüinos, caprinos e ovinos. Os primovacinados devem ser revacinados 30 dias após receberem a primeira dose. Os filhos de mães vacinadas devem ser vacinados a partir de três meses de idade. A vacinação é obrigatória nas áreas perifocais (15 km do foco). REFERÊNCIAS ACHA, P. N.; SZYFRES, B. Zoonosis y enfermidades transmissibles comunes al hombre y a los animales. 2.ed. Washington: OPS/OMS Organizacion Mundial de la Salud, 1986. p. 502-526. ALBAS, A.; FONTOLAN, O. L.; PARDO, P. E.; BREMER NETO, H. RESPOSTA IMUNE HUMORAL EM BOVINOS VACINADOS CONTRA A Raiva em Presidente Prudente, SP, Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v. 71 (supl), p. 492-494, 2004. ATHON M. & GUERREIRO M., Virologia Veterinária. 2º ed. Porto Alegre: Sulina, 1981. 474p. BAER, G. M. The natural history of rabies. 2º ed., Boca Raton:CRC Press, 1991, 620p. BARROS, J. S.; FREITAS, C. E. A. A.; SOUSA, F. S. Raiva em animais silvestres no Estado do Ceará particularmente na raposa. Zoonoses Revista Internacional, v. 1, n. 1, p. 9-13, 1989. BELOTTO, A. J. Situação da raiva no mundo e perpectivas de eliminação da raiva transmitida pelo cão na América Latina. In. SEMINARIO INTERNACIONAL DE RAIVA, 2000, São Paulo – SP. Anais… p. 20-21. Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. BEER, J. Doenças infecciosas em animais domésticos, v. 1, São Paulo: Ed ROCA, 1999. 380 p. BRASIL, Ministério da Saúde Fundação Nacional de Saúde, Guia de Vigilância Epidemiológica, Brasília, 275p., 1994. BRASIL, Ministério da Saúde Fundação Nacional de Saúde, Morcegos em áreas urbanas e rurais: manual de manejo e controle. Gráfica e Editora Brasil, Brasília, 117p., 1996. BRASIL Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde, Guia de Vigilância Epidemiológica (RAIVA), 48p., 2002. BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Controle da Raiva dos Herbívoros, Manual Técnico Brasil. Cap. II, p. 41-55, 2005. BREDT, A., SILVA, D. M. e tal. Morcegos em Áreas Urbanas e Rurais: Manual de Manejo e Controle. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 1998. 117 p. BURER, S. P. Situação atual da ocorrência da raiva dos herbívoros no Estado do Paraná. Programa de Profilaxia e Controle da Raiva dos Herbívoros: Interfaces e Parcerias. In. II Curso de Atualização em Raiva dos Herbívoros. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Curitiba, p. 34-37, 1996a. BURER, S. P. Controle de morcegos hematófagos Desmodus rotundus: diferentes métodos de controle. Programa de Profilaxia e Controle da Raiva dos Herbívoros: Interfaces e Parcerias. In. II Curso de Atualização em Raiva dos Herbívoros. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Curitiba, p. 88-97, 1996b. BURER, S. P. Aspectos clínicos da raiva nas diferentes espécies de herbívoros domésticos. Programa de Profilaxia e Controle da Raiva dos Herbívoros: Interfaces e Parcerias. In. II Curso de Atualização em Raiva dos Herbívoros. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Curitiba, p. 98-99, 1996c. CAMARGO, N. J. Tratamento anti-rábico humano: pré e pós exposição, Programa de Profilaxia e Controle da Raiva dos Herbívoros: Interfaces e Parcerias. In. II Curso de Atualização em Raiva dos Herbívoros. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Curitiba, p. 105-111, 1996. CORRÊA, W. M. & CORRÊA, C. N. M. Enfermidades infecciosas dos mamíferos domésticos. 2. ed. Rio de Janeiro: Medsi. 1992, 843p. DUARTE, L.; DRAGO, M. C. A Raiva. Departamento de Biologia da Universidade de Évora – Portugal. 2005. 28p. [Apostila] DWIGTHT, C. & YUAN, C. Z. Microbiologia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2003, 446 p. FAVERO, A. Raiva em Bovinos, Pecuária de Corte, v. 12, n. 11, p. 47-49, 2001. GEORGE, L. W. Moléstias do sistema nervoso. In: SMITH, B. P. S. Tratado de medicina de grandes animais. São Paulo: Manole, v. 2, 1993, p. 921-924. GERMANO, P. M. L. Avanços na pesquisa da raiva. Revista Saúde Pública, v. 28, p. 8691, 1994. Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. HAYASSHI, Y. Etiologia e patogenia da raiva, imunologia e imunoprofilaxia da raiva dos herbívoros. Programa de Profilaxia e Controle da Raiva dos Herbívoros: Interfaces e Parcerias. In. II Curso de Atualização em Raiva dos Herbívoros. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Curitiba, p.38-42, 1996. HATSCHBACH, P. I. Aspectos históricos da raiva humana. Hora Veterinária, Porto Alegre, n. 52, 1989, p. 45-47. INSTITUTO PASTEUR (São Paulo). 2002. Raiva dos Herbívoros. Disponível em: http://www.pasteur.saude.sp.gov.br/informacoes/informacoes_03.htm. Acessado em: 06 de fevereiro de 2008. JONES, T. C., HUNT, R. D., KING, N. W. Moléstias causadas por agentes virais, Patologia Veterinária, 6. ed., p. 335-338, 2000. JUBB, K. V. F.; KENNEDY, P. C.; PALMER, N. Pathology of domestic animals. 4º ed., San Diego: Academic Press, v.3, 1993, 653 p. LORD, R. D.; GREENHALL, A. M.; SCHMIDT, U. Control of vampire bats. Ed. CRC Press, Boca Raton, Florida, p. 215-226, 1988. MELTZER, M. I.; RUPPRECHT, C. E. A rewiew of the economics the prevention and controlo f rabies: Part I, global impact and rabies in humans. Parmacoeconomics, v. 14, n. 4, p. 365-383, 1998. MORGADO, J. C. Raiva ainda mata bovinos. Safra: Revista do Agronegócio. Porto Alegre, v. 4, n. 48, p. 66, 2003. MORI, A. E.; LEMOS, R. A. A. Raiva. In: LEMOS, R. A. A. Principais enfermidades de bovinos de corte do Mato Grosso do Sul. Campo Grande, UFMS, p. 47-58, 1998. ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Vigilância epidemiológica de la raiba em lãs Américas. 2001. Bol. Vigilância Epidemiol. Rabia Am., v.33, 2001 RADOSTITS, O. M.; GAY, C. C; BLOOD, D. C.; HINCHCLIFF, K. W. Clínica Veterinária. 9. ed. Rio de Janeiro, 2002, 1737p. RICHARTZ, S. P. Diagnóstico laboratorial da raiva, Programa de Profilaxia e Controle da Raiva dos Herbívoros: Interfaces e Parcerias. In. II Curso de Atualização em Raiva dos Herbívoros. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Curitiba, p.100-101, 1996. RIET-CORREA, F; SCHILD, A. L; MÈNDEZ, M. D. C; Lemos, R:A.A. Raiva. In: Fernandes, C. G. Doenças de Ruminantes e Eqüinos. 2 ed..São Paulo: Varela. v. 1, p. 149-162, 2001. SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado da saúde. Coordenadoria dos Institutos de Pesquisa. Boletim do Instituto Pasteur, São Paulo, 66p., 1996. SAZIMA, I. Aspectos do comportamento alimentar do morcego hematófago, Desmodus rotundus. Boletim da Universidade de São Paulo, v. 3, p. 97-119, 1978. SILVA, L. R. Situação atual da ocorrência da raiva canina no Estado do Paraná. Programa de Profilaxia e Controle da Raiva dos Herbívoros: Interfaces e Parcerias. Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. In. II Curso de Atualização em Raiva dos Herbívoros. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Curitiba, p.32-33. 1996a. SILVA, M. C. P. Epidemiologia da raiva dos herbívoros: ocupação e uso econômico da terra, e a raiva dos herbívoros. Programa de Profilaxia e Controle da Raiva dos Herbívoros: Interfaces e Parcerias. In. II Curso de Atualização em Raiva dos Herbívoros. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Curitiba, p. 58-62, 1996b. TADEI, V. A.; GONÇALVES, C. A.; PEDRO, W. A. Distribuição do morcego vampiro Desmodus rotundus no Estado de São Paulo e a raiva dos animais domésticos. Campinas, CATI, 1991. THOMSON, R.G. Sistema nervoso central, Patologia Veterinária Especial. São Paulo:Manole: 1990, cap. 12, p. 579-644. UIEDA, W. Aspectos do comportamento alimentar das três espécies de morcegos hematófagos. (Dissertação de mestrado), Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, 166p, 1982. UIEDA, W. Período de atividade alimentar e tipos de presa dos morcegos hematófagos, no sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Biologia. v. 52, p. 563-573, 1992. UIEDA, W. Comportamento alimentar do morcego hematófago, Diaemus youngi, em aves domésticas. Revista Brasileira de Biologia, v. 53, p. 529-538, 1993. UIEDA, W. Biologia e dinâmica populacional de morcegos hematófagos. Programa de Profilaxia e Controle da Raiva dos Herbívoros: Interfaces e Parcerias. In. II Curso de Atualização em Raiva dos Herbívoros. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Curitiba, p. 63-87, 1996. Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. ANEXOS FIGURA 1 – Distribuição mundial da Raiva em 2001. Adaptado de: DUARTE & DRAGO (2005) Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. FIGURA 2 - Presas utilizadas pelo vampiro-comum, Desmodus rotundus (Adaptado de UIEDA, 1996). Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. FIGURA 3 - Presas utilizadas pelo vampiro-da-ponta-da-asa-branca, Diaemus youngi (Adaptado de UIEDA, 1996). Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. FIGURA 4 - Presas utilizadas pelo vampiro-das-pernas-peludas, Diphylla ecaudata (Adaptado de UIEDA, 1996). Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. QUADRO 1 – Características bio-morfológicas diferenciais das três espécies de morcegos hematófagos Característica bio- Desmodus morfológicas rotundus Diaemus youngi Diphylla ecaudata Médio esbelto Médio robusto Pequeno 35 40 30 7 a 9 cm 8,5 cm 6,5 cm Peso corporal 25 a 40 gr 30 a 50 gr 25 a 30 gr Cor da pelagem Castanha Castanha Castanha Comp. dos pelos Médio Curto e pequeno Longo Comp. polegar Longo Curto Curto Calos no polegar 3 calos 2 calos 2 calos Sem manhas Com manhas Sem manhas brancas brancas brancas Ausente Ausente Curto Curto, com poucos Curto, com poucos Vestigial, com pêlos curtos pêlos curtos muitos pêlos longos Pontiagudas Pontiagudas Arredondadas Fenda Mentoniana Presente Presente Ausente Glândulas Bucais Ausente Presente Ausente Número de dentes 20 20 ou 22 26 2 lóbulos Sem lóbulos 4 a 7 lóbulos Presente Presente Ausente 1 1 1 19 anos 6 anos Desconhecida Presa principal Mamíferos Aves Aves Abrigo principal Cavernas Ocos-de-árvores Cavernas Ocorrência Comum Rara Rara Estação reprodutiva Ano todo Verão Desconhecido Tamanho Envergadura Comp. Cabeçacorpo Ponta das asas Calcâneo Uropatágio Orelhas Incisivo inferior Diastema entre incisivos inferiores Filhotes/gestação Longividade Fonte: Uieda (1996) Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. QUADRO 2 - Tipos de abrigo diurno utilizados pelas três espécies de morcegos hematófagos e frequência estimada com que têm sido observados Tipos de abrigo diurnos Frequência de Utilização Desmodus Diaemus youngi Diphylla ecaudata Muito freqüente Raramente Muito freqüente Ocos-de árvores Freqüente Muito freqüente Raramente Fendas em rochas Raramente … … Muito freqüente … … Freqüente … Raramente Freqüente … Raramente Freqüente … Raramente Raramente … … Raramente … … Poços d’água Raramente … … cisternas Raramente … … Cavernas Bueiros/galerias Minas abandonadas Fornos de carvão Casas abandonadas Casas habitadas Casas-demáquinas Fonte: Uieda (1996) rotundus Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. QUADRO 3 – Relação entre os fatores ambientais e a atividade das três espécies de morcegos hematófagos fora do abrigo diurno. Fatores ambientais Lua crescente Lua cheia Lua minguante Atividades dos morcegos hematófagos fora do abrigo Atividade após a lua desaparecer. Alimentação freqüente na segunda parte da noite. Pouca ou nenhuma atividade. Tendem a se alimentar rapidamente perto do abrigo. Atividade antes de a lua aparecer. Alimentação feita na primeira parte da noite. Boa para capturas noturnas. Atividade ao longo da noite. Podem se alimentar mais de Lua nova uma vez, atacando a mesma presa ou presa de locais diferentes. Boa para capturas noturnas. Garoa Não afeta a atividade noturna. Morcegos saem normalmente do abrigo Chuva Atividade reduzida. Alimentação feita de modo rápido. Chuva torrencial Ausência de atividade. Permanecem nos abrigos. Neblina Atividade normal. Pode aumentar a atividade dos morcegos em noites de luar. Brisa Atividade normal. Ventos Atividade reduzida. Ventos forte (vel. 27- Ausência de atividade. Morcegos ativos somente após 35 km/h) Fonte: UIEDA (1996) cessar as rajadas de ventos. Santos, R.E., Viu, M.A.O., Lopes, D.T. et al. Etiopatogenia, diagnóstico e controle da raiva dos herbívoros: revisão. PUBVET, V.2, N.11, Mar3, 2008. QUADRO 4 - Principais diagnósticos diferenciais de raiva Doenças bacterianas Agente etiológico Sinais clínicos Diagnóstico Listeria monocytogenes Febre, depressão, paralisia facial, inclinação da cabeça, andadura em círculos, incapacidade de comer e beber, salivação. Tétano Clostridium tetani Andadura rígida, claudicação, postura de cavalete, timpanismo, não comem e não bebem. Os sinais clínicos, a punção do líquor encéfaloraquidiano (FCE) constitui um auxilio valioso. O diagnóstico se baseia geralmente nos sinais clínicos mostrados pelo paciente. Doenças víricas Agente etiológico Sinais clínicos Diagnóstico Tratamento Rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR) Herpesvírus bovino-1 (BVH-1). Anorexia, corrimento nasal, tremores, andar cambaleante, para de comer e beber, cegueira, ranger de dentes. A infecção pelo BVH-1 só pode ser confirmada pelo diagnóstico laboratorial. Procedimentos adequados de manejo e vacinação. Plantas hepatotóxicas Agente etiológico Sinais clínicos Diagnóstico Tratamento Senecio spp. Os princípios tóxicos de Senecio spp., alcalóides pirrolizidínicos Fibrose periportal e em ponte no fígado, proliferação das células epiteliais dos ductos biliares. Os achados histológicos na biópsia hepática são patognomônicos para bovinos em pastoreio. Não há tratamento. Pode controlar permitindo o pastoreio por ovinos. Outras doenças Agente etiológico Sinais clínicos Diagnóstico Tratamento Doença responsiva a tiamina. Depressão, anorexia, Cegueira, tremores musculares, salivação. Nos casos agudos, os sinais clínicos e a punção do FCE permitem um diagnóstico. Cloridrato de tiamina, administrado a 10 a 20 mg/kg durante 3-10 dias. Listeriose Polioencefalomalacia Adaptado de: RIET-CORREA et al. (2001) & RADOSTIST et al. (2002) Tratamento Antibioticoterapia Com penicilina ou tetraciclina. Antitoxina tetânica no intervalo de 12h de 3-4 vezes.