SERVIÇO DE CONTROLE DE INFECÇÃO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À SAÚDE. RECOMENDAÇÕES PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO PRIMÁRIA DE CORRENTE SANGUINEA ASSOCIADA A CATETERES VASCULARES. Os cateteres vasculares podem ser: de acesso periférico ( tipo jelco, escalpe), acesso central por punção ou dissecção (intracath e flebotomias), acesso central de inserção periférica (PICC/CCIP), cateter totalmente implantado (Port-A-cath), cateter semi implantado (Hickman-Broviac) e dispositivo inserido em veia ou artéria umbilical (cateterismo umbilical). Quanto a duração, os centrais são de curta, média e de longa permanência. O cateter venoso central (CVC) é o maior responsável por infecções em relação aos demais acessos venosos, porém o periférico também pode levar a infecções, como as locais (flebites) e infecções primárias de corrente sanguínea. Há recomendações a serem seguidas pela equipe de saúde na utilização dos cateteres venosos, possibilitando assim um tratamento eficaz e evitando as infecções e complicações na sua má utilização. -Não realizar a palpação do local onde será inserido o cateter periférico após proceder a antissepsia da pele. -Aguardar a secagem espontânea do antisséptico antes de introduzir o cateter. -Higienizar as mãos antes de manipular o cateter periférico instalado e lembrar que o uso de luvas não substitui a higienização das mãos. - Realizar a revisão diária da necessidade do cateter e com pronta remoção quando não mais houver indicação. -Realizar rotineiramente a avaliação do óstio de inserção, buscando sinais e sintomas de flebites e outras complicações. -Utilizar equipo próprio para infusão de sangue e hemoderivados. Desprezar imediatamente após o uso. -Não realizar punções repetidas com o mesmo dispositivo. -Remover o mais brevemente possível (não mais que 48h) dispositivos inseridos em situações de emergência, nas quais as técnicas assépticas possam ter sido comprometidas. -Equipos e outros acessórios ( torneirinhas, conectores, extensores) devem ser trocados a cada 96 horas ou quando tiverem sua integridade comprometida. -Em infusões intermitentes, trocar os equipos e buretas a cada 24 horas. -Em infusões de NPP, trocar o equipo a cada troca do frasco de NPP. -Trocar os cateteres periféricos a cada 96 horas para evitar flebite. -Lavar o cateter com SF 0,9% após cada infusão de medicação e transfusão sanguinea/hemoderivados. -Não molhar, nem submergir os dispositivos intravasculares. Para o banho de chuveiro, protegê-los usando cobertura impermeável (plástico). -Não administrar as seguintes soluções em cateter periférico: drogas vesicantes ( antineoplásicos, Dopamina, Nitroprussiato, NPT); drogas irritantes quando administradas em acesso periférico agridem o endotélio do vaso, podem produzir flebite com aparecimento de cordão palpável (Ganciclovir, Aciclovir, Diazepan, Fenobarbital,soluções de potássio). -Os cateteres de poliuretano não devem permanecer no interior de incubadoras ou berços aquecidos durante o processo de escolha da veia e antissepsia da pele, pois a exposição a temperaturas desses ambientes poderá deixá-los mais flexíveis. -De forma geral, cateteres não devem ser cortados, com exceção do cateter central de inserção periférica. -O silicone é considerado um material com estabilidade térmica, química e enzimática, porém apresenta resistência a pressão limitada, necessitando de cuidados especiais quando usados em cateteres centrais de inserção periférica. - A troca de cateteres por fio guia devem ser realizadas somente em complicações não infecciosas. -Após a inserção, os cateteres devem ser estabilizados com dispositivos próprios para tal, ou na sua ausência, com alternativas de dispositivos de estabilização e fixação estéreis. ACESSO VENOSO PERIFÉRICO Os cateteres mais comumente utilizados são os agulhados (escalpe, jelco) e os não agulhados (abocath, íntima). -Em adultos, é preferível realizar inserção do cateter nas extremidades superiores, evitando as inferiores devido ao risco de tromboflebite e embolias. Evitar áreas de flexão. -Para os recém-nascidos e crianças, outros locais de inserção podem ser utilizados: veias do pescoço e extremidades inferiores. -Utilizar dispositivos agulhados (escalpes) somente para coleta de sangue ou para infusão de medicamentos em dose única ou em bolus. ACESSO VENOSO CENTRAL Implantação do cateter venoso central: -A preferência na escolha do local de passagem do cateter deve seguir a seguinte ordem crescente: veia subclávia e veia jugular. A flebotomia deve ser como última opção e quando adotada, preferir membros superiores, longe de lesões. -Higienizar as mãos com solução degermante (Clorexidina 2). -Usar paramentação adequada: avental de manga longa, gorro, máscara, óculos de proteção e luvas estéreis. Caso participe mais de um profissional no procedimento, o outro deve se paramentar também. -Fazer degermação da pele do paciente em uma área ampla (para remover oleosidade ou sujeiras) com Clorexidina degermante 2%, retirar o excesso com gaze e SF 0,9%. -Após, realizar anti-sepsia com PVPI tópico ou Clorexidina alcoólica 0,5% .Aguardar um minuto a dois minutos para início da ação. -Utilizar campos estéreis amplos, cobrindo grande parte da superfície corpórea do paciente. -Após a instalação, manter curativo oclusivo simples com gaze seca na inserção do cateter por um período de 24 horas. Manutenção do CVC: Troca do curativo: -Higienizar as mãos antes do procedimento e durante s/n. -Proteger o curativo durante o banho e realizar o curativo logo em seguida com técnica asséptica. -Utilizar solução alcoólica ( Clorexidina 0,5%), com movimentos sempre do óstio para a periferia do cateter, com luvas estéreis. -Após as primeiras 24 horas, utilizar curativo com gaze simples e micropore diariamente ou trocar sempre que estiver sujo.O filme transparente, como uma opção de cobertura, pode ser mantido por sete dias ou conforme indicação do fabricante. Trocar antes se molhar, enrrugar ou descolar. -Higienizar as mãos após o procedimento. Manipulação do CVC: -Qualquer manipulação do cateter deve ser precedida de higienização das mãos com água e sabão ou preparação alcoólica. -Utilizar luvas de procedimento. -Fazer desinfecção da junção cateter+extremidade distal com álcool a 70% ou clorexidina a 0,5% antes de procedimentos, como administrar medicação. -Proteger a saída do equipo com tampinha própria (estéril). -Após a medicação, lavar o cateter com SF 0,9% e reconectar o equipo ou fechar a torneirinha. Não há rotina de troca do cateter, trocar sítio de inserção nos seguintes casos: presença de secreção purulenta no óstio; suspeita de infecção do cateter com repercussões clínicas graves; obstrução do cateter; infiltração ou trombose. FLEBOTOMIAS Não há recomendação para uso dessa via de forma rotineira. CATETERISMO DOS VASOS UMBILICAIS É a passagem de um cateter no recém-nascido em uma artéria ou veia umbilical. O procedimento pode ser realizado, em geral, até 48h após o nascimento, pois após esse período há dificuldade no cateterismo devido às condições de cicatrização do coto. Esses cateteres estão mais relacionados a complicações infecciosas, visto serem introduzidos através de tecido desvitalizado e com maior colonização bacteriana. O cateter umbilical deve ser reservado para situações de emergência ou quando não houver outra opção de acesso, devendo ser substituído assim que possível. - Realizar antissepsia do coto e da região peri-umbilical com produto à base de clorexidina. - Utilizar barreira máxima no momento da inserção, incluindo uso de gorro, máscara, avental estéril de manga longa, luvas estéreis e campo ampliado estéril. - Manter o sítio de inserção limpo e seco. - Não utilizar antimicrobianos tópicos pelo risco de seleção de resistência microbiana e de colonização fúngica. - Remover cateteres umbilicais em 3 dias ou antes, quando surgir complicações. CATETER TOTALMENTE IMPLANTADO (PORT-A-CATH) É um cateter totalmente implantável, com um reservatório e uma câmara de silicone puncionável. Para a punção são utilizadas agulhas específicas, do tipo "Hubber ". Não é indicado para infusão de grandes volumes de fluidos, nem para hemotransfusões ou coleta de sangue (exceto hemoculturas), devido ao seu pequeno calibre, o que favorece à obstrução. É imprescindível que estes dispositivos vasculares sejam manipulados por profissionais treinados para evitar complicações como infecção ou obstrução, por manuseio inadequado. - Deve ser inserido no centro cirúrgico, com técnica asséptica (mesma citada na implantação dos demais cateteres centrais). -Usar conector para sistema fechado de infusão. -Fazer antissepsia com clorexidina alcoólica a 0,5% e esperar secar antes de fazer a punção do reservatório. -A punção do reservatório deve ser realizada com agulha/escalpe angulada, própria para uso na membrana do reservatório. -Durante a punção, utilizar máscara cirúrgica e luvas estéreis. -Manter a agulha por até sete dias, protegida por cobertura estéril. - Proteger o curativo (a agulha Hubber) e as conexões durante o banho. Indicação de envio de ponta de cateter de cateter venoso central para cultura: Suspeita de febre associada ao cateter; Suspeita de Síndrome séptica associada ao cateter; Presença de secreção purulenta na inserção do cateter; Observação: Na retirada do cateter, colher 5 cm da ponta em tubo seco estéril e 1 frasco de hemocultura de veia periférica. Bibliografia utilizada: Associação Paulista de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar, Diagnóstico e Prevenção de IRAS. Brasília: Anvisa, 2009. Guia de Utilização de Anti-Infecciosos e Recomendações para a Prevenção de Infecções Hospitalares - 2012 / 2014 RICHTMANN, R.(2011). Diagnóstico e Prevenção de IRAS em Neonatologia-APECIH 2ª edição revisada e ampliada.São Paulo Associação Paulista de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospital, , Dra. Rosana