Trabalho Submetido para Avaliação - 24/05/2012 15:41:23
OCORRÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO, INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS E
DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DE
SANTA MARIA- RS
SARITA MÜLLER ([email protected]) / NUTRIÇÃO/UNIFRA, SANTA MARIA - RS
ORIENTADOR: CATIA REGINA STORCK ([email protected]) / NUTRIÇÃO/UNIFRA, SANTA MARIA RS
CARIN GOLKE ([email protected]) / NUTRIÇÃO/UNIFRA, SANTA MARIA - RS
ROSICLER SARTONI ([email protected]) / NUTRIÇÃO/UNIFRA, SANTA MARIA - RS
ETHIENE DA SILVA FONTOURA ([email protected]) / NUTRIÇÃO/UNIFRA, SANTA MARIA - RS
MARÍLIA ALESSANDRA BICK ([email protected]) / NUTRIÇÃO/UNIFRA, SANTA MARIA - RS
LUÍZE CARRERA MACEDO ([email protected]) / NUTRIÇÃO/UNIFRA, SANTA MARIA - RS
Palavras-Chave:
Aleitamento materno; Introdução de alimentos; Diagnóstico nutricional.
O leite materno propicia nutrição de alta qualidade para a criança, preenchendo todas as suas necessidades
nutricionais nos primeiros meses de vida, permitindo crescimento e desenvolvimento adequados (DEOTADO,
2005). O aleitamento materno tem sido visto como um fator de proteção contra o aparecimento de obesidade
em crianças. A complementação do leite materno, a partir dos seis meses de idade, é fundamental para
atender as necessidades nutricionais do lactente. Em compensação, a introdução de alimentos tardiamente,
após o sexto mês, também pode trazer conseqüências indesejadas, tais como deficiência no crescimento.
Oferecer à criança alimentos que não o leite materno antes do quarto mês de vida é em geral desnecessário
e pode deixar a criança mais vulnerável a diarréias, infecções respiratórias e desnutrição, que podem levar
ao comprometimento do crescimento e do desenvolvimento (VASCONCELOS; BARBOSA; PINTO et al,
2011). O estabelecimento do diagnóstico do sobrepeso e obesidade na infância e adolescência é
fundamentalmente clínico, baseado nos dados antropométricos como peso, altura e classificação do IMC
segundo a idade em meses (DEOTADO, 2005). O objetivo deste trabalho foi verificar a ocorrência do
aleitamento materno, introdução de alimentos e diagnóstico nutricional de crianças de uma escola municipal
de Santa Maria, RS. Trata-se de um estudo transversal desenvolvido no período de novembro de 2011. Para
realização desta pesquisa foi elaborado um questionário para coletar informações sobre a alimentação
pregressa, incluindo questionamentos sobre que tipo de alimentação a criança recebia nos primeiros meses
de vida, aos seis meses de vida e com um ano de idade. O questionário com instruções para autopreenchimento, foi entregue pela escola para ser respondido pelas próprias mães ou responsáveis e
devolvidos posteriormente, na escola. Dos 65 questionários distribuídos, 64,7% não foram devolvidos,
totalizando uma amostra de 23 crianças. Além do questionário, foram coletados dados antropométricos na
própria escola. Para aferição da altura da criança, foi utilizada uma fita métrica em uma parede lisa e sem
rodapé. O peso foi aferido utilizando uma balança digital modelo Britânia, com capacidade para até 150 Kg.
Para a classificação do estado nutricional das crianças foram utilizadas as curvas de percentil do Índice de
massa corporal para a idade (IMC/I), Estatura para idade (E/I), Peso para idade (P/I), conforme a proposta do
National Center for Health Statistics (WHO, 2000). Os resultados demonstraram que houve grande
prevalência de aleitamento materno exclusivo na população estudada. Cerca de 87% das crianças
receberam leite materno exclusivamente nos primeiros 6 meses de vida. O número percentual de crianças
receberam precocemente como complementação do aleitamento materno, água, sucos, frutas e papinhas foi
de 8% e 5% delas receberam somente outro tipo de leite nos primeiros anos de vida. Após os seis meses de
idade a alimentação que mais predominou entre as crianças estudadas foi o aleitamento materno
complementado com água, sucos, frutas e papinhas, resultando em 47,9% da amostra. Houve crianças que
ainda recebiam aleitamento materno exclusivo, resultando em 8,6% da amostra. Os resultados dos
questionários confirmaram, em parte, as orientações preconizadas pela organização mundial de saúde
(OMS), que recomenda que os bebês recebam exclusivamente leite materno durante os primeiros seis
meses de idade. Depois dos seis meses, com o objetivo de suprir suas necessidades nutricionais, a criança
deve começar a receber alimentação complementar segura e nutricionalmente adequada, juntamente com a
amamentação, até os dois anos de idade - ou mais. Com um ano de idade, a prevalência foi da alimentação
com outro tipo de leite e alimentação igual da família, resultando em 30,7% da amostra. Leite materno
complementado com água, sucos, frutas e papinhas e outro tipo de leite, água, sucos, frutas e papinhas,
resultaram na mesma prevalência, com 26% cada um. Apenas 13% das crianças recebiam leite materno e
alimentação igual a da família após um anos de idade. O diagnóstico antropométrico realizado demonstrou
que 87,8% das crianças avaliadas encontravam-se com o peso adequado para a idade, 10,5% dos avaliados
demonstraram peso elevado para a idade e apenas 1,7% das crianças estavam com baixo peso. Com a
avaliação da estatura das crianças percebeu-se que apenas 3,5% encontravam-se com baixa estatura para a
idade os outros 96,5% das crianças avaliadas apresentam estatura adequada para a idade. A avaliação do
índice de massa corporal para a idade, o IMC/I, demonstrou que 49,2% das crianças estão adequadas para a
idade, porém, 43,8% delas estão com índice de massa corporal elevado para a idade. O déficit de
crescimento linear adquirido cedo na infância é difícil de ser revertido após os 2 anos. Nesse contexto, atingir
a alimentação ótima para a maioria das crianças pequenas deve ser um componente essencial da estratégia
global para assegurar a segurança alimentar de uma população. Pode-se concluir que a maioria das
estudantes receberam leite materno, complementado ou não até os 6 meses de vida. Esse valor relacionado
à introdução precoce de alimentos e casos em que a criança recebeu outro tipo de leite que não o materno,
reflete agora no seu índice de massa corporal, estando quase metade da amostra com valores elevados para
idade. Logo, a realização de aleitamento materno exclusivo e a adequação nutricional dos alimentos
complementares são fundamentais na prevenção de morbimortalidade na infância, incluindo desnutrição e
sobrepeso, sendo o acompanhamento e orientações nutricionais de grande importância para a manutenção
da qualidade de vida atual e futura das crianças.
REFERÊNCIAS:
DEOTADO, Virgínia; Amamentação- O melhor inicio para a vida; São Paulo; Santos; 2005.
INSTITUTO CIDADANIA; Projeto Fome Zero/Uma proposta de política de segurança alimentar para o Brasil;
São Paulo; Fundação Djalma Guimarães; 2001.
SPINELLI, M.G.N; Prática alimentar de crianças menores de um ano de idade atendidas em unidades
básicas de saúde-escola do município de Mogi das Cruzes; Faculdade de Saúde Pública da USP; s/v; 97;
2000.
VASCONCELOS, M. J.;BARBOSA, J. M.; PINTO, I. C. et al.; Nutrição Clínica – Obstetrícia e Pediatria; Rio
de Janeiro; MEDBOOK; 2011.
WHO; Relatório da situação nutricional mundial; Genebra; Geneva; 2000.
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