Plano de Tarifação
Introdução
São as tarifas telefônicas que cobrem os investimentos feitos na implantação e operação de
um sistema telefônico. A receita da operadora provém da cobrança de TAXAS E TARIFAS. Taxa
refere-se a um pagamento fixo, feito de uma só vez para remunerar o serviço prestado uma única
vez, como por exemplo, a instalação da linha telefônica de um novo usuário. A TARIFA é
repetitiva e relacionada a remuneração periódica pelo serviço prestado.
O PLANO DE TARIFAÇÃO disciplina os critérios de cobrança dos serviços prestados. No
estabelecimento do sistema de tarifação de uma rede telefônica, alguns aspectos devem ser
observados:
O sistema deve ser tecnicamente simples e de baixo custo inicial (investimentos),
operacional e administrativo;
Deve atender as exigências sociais, políticas e legais;
Deve permitir situações especiais de tarifação (telefones públicos, tarifas especiais para
determinados serviços, chamadas gratuitas, tarifas reduzidas em certos horários, etc).
Outro aspecto de relevante importância na definição de um sistema de tarifação é a escolha
do critério a ser utilizado para a distribuição dos custos do sistema telefônico. Dentre estes critérios
temos:
Tarifação Fixa - O valor da tarifa a ser paga por um usuário é fixa. Todos os usuários dividem
igualmente os custos do sistema telefônico independentemente de utilizarem ou não o serviço. Este
critério é o mais simples, exigindo um pequeno custo de implantação, mas é o mais injusto.
Tarifação por Chamada - Neste método existe um contador na central local, para cada linha de
assinante, que registra o número de chamadas completadas. O assinante paga proporcionalmente ao
número de chamadas. O custo deste sistema já é considerável, pois se torna necessário um contador
para cada assinante de uma central telefônica.
Tarifação por tempo - Apesar do método de tarifação por chamada ser mais justo que o método de
tarifação fixa, ainda há de se considerar a questão tempo da ligação. Dois usuários podem ter o
mesmo número de chamadas, sendo que um deles em cada chamada fala, em média, por 10 minutos
e o outro fala apenas 1 minuto. Assim, torna-se necessário, naturalmente que com um custo e
complexidade de equipamentos maior, realizar a contagem do tempo de ligação de cada usuário. A
medição do tempo gasto é realizada por um contador que, em princípio, esta associado a um
relógio, contando, por exemplo, cada minuto de uma ligação.
Em um sistema telefônico, a realização de uma comunicação a longa distância tem um
custo mais elevado que as comunicações locais. Além disto, muitas vezes um número maior de
linhas telefônicas é instalado somente para atender o grande trafego de um certo período. Assim,
para tornar o critério de distribuição dos custos ainda mais justo, além do tempo da ligação, o
sistema de tarifação deve considerar ainda a distância do terminal chamado e o horário em que a
ligação é realizada.
Degraus Tarifários
O valor da tarifa em função da distância varia de acordo com intervalos de classes de
distâncias, formando uma linha quebrada em forma de escada, daí o nome de degrau tarifário. As
distâncias computadas não são o comprimento das rotas de cabos ou de microondas, mas a distância
geodésica entre as áreas tarifárias de origem e destino. A distância geodésica é um método de
medição que considera a curvatura da Terra e utiliza-se dos dados de longitude e latitude dos pontos
envolvidos.
Estas áreas tarifárias são as próprias áreas numéricas (designadas pelos seus códigos de
área), ou, quando muito extensas, são subdivididas e designadas pelo código de área adicionado dos
primeiros algarismos da numeração local. O centro coletor principal de tráfego dentro desta área
tarifária localiza-se, naturalmente, na cidade principal da área tarifária.
Sistemas de Tarifação
Atualmente, a tarifação dos sistemas telefônicas é realizada quase que exclusivamente por
sistemas automatizados. Entretanto, fica o registro da tarifação manual, onde uma telefonista, após
estabelecer uma ligação telefônica, registra numa planilha, o número chamador, o número chamado
e o tempo da ligação. Nos sistemas automatizados, podemos ter vários métodos para a tarifação.
Entre eles temos:
Bilhetagem Automática - É o processo de tarifação automática no qual as informações relativas as
chamadas telefônicas são registradas em fita magnética ou mensagem impressa. As informações
armazenadas são: número do assinante chamador, número do assinante chamado, data, hora e
duração da conversação. Este sistema realiza automaticamente o que a telefonista fazia nos
sistemas manuais. É um sistema bastante complexo e de custo muito elevado, sendo utilizado no
caso de ligações interurbanas.
Multimedição - Neste processo, é utilizado um contador que registra pulsos de tarifação enviados
por uma base de tempo (relógio). Além do tempo decorrido em uma ligação, este método permite a
distinção entre uma ligação e outra, considerando a distância e ou o horário da ligação. Existem
dois tipos de tarifação por multimedição:
Multimedição por trens de pulsos - Neste método, a base de tempo é sempre fixa, ou seja, o
período em que são enviados os pulsos é sempre o mesmo. A distinção entre as diferentes ligações
é realizada através do número de pulsos enviados em cada período. Por exemplo, numa ligação
para uma região próxima, a central envia para o contador do assinante apenas um pulso a cada
período de tempo, enquanto que quando a ligação é para uma região mais distante podem ser
enviados vários pulsos.
T
T
Ligação para região próxima
T
t(min)
T
Ligação para região distante t(min)
Figura 9.7 - Multimedição por trem de pulsos.
Multimedição por pulsos a intervalos variáveis
Neste caso, como o nome sugere, a consideração sobre a distância das ligações é realizada
através da variação do período do pulso enviado para o contador. Assim, numa ligação para uma
área próxima, teremos um período entre pulsos menor e conseqüentemente um número maior de
pulsos dentro do período total da conversação. Existem vários métodos:
Método de Karlsson (Karlsson puro)
Neste método a duração do período é variável, porém o primeiro pulso é enviado em um
instante inteiramente ao acaso dentro do primeiro período. Isto ocorre, quando não se dispõe na
central telefônica de uma base de tempo para cada usuário. Assim, a base de tempo fica
funcionando continuamente e o usuário ao estabelecer uma ligação é que se liga a mesma. Neste
método, o inicio da contagem dos períodos não coincide com o inicio da chamada, podendo-se ter
em ligações curtas, chamadas não cobradas.
Atendimen
T1
Desligamen
T3
T2
t(min)
T1 - Tempo desfrutado pelo assinante sem
T2 - Período de varredura (depende do degrau
T3 - Tempo remunerado e não desfrutado pelo
Figura 9.8 - Método Karlsson (puro)
Karlsson Modificado
O primeiro pulso é gerado no inicio da chamada, eliminando-se, porém, o pulso aleatório
inicial.
Desligamento
Atendimento
T2
Pulso
antecipad
T3
t(min)
Pulso
Cancelado
Figura 9.9 - Método Karlsson modificado
Karlsson Acrescido
O primeiro pulso é dado logo no inicio da chamada, mas não é eliminado o pulso
randômico que pode chegar em qualquer instante dentro do primeiro período.
Desligamento
Atendimento
T2
Pulso
antecipado
T3
Pulso não
Cancelado
Figura 9.10 - Método Karlsson acrescido.
t(min)
Karlsson não aleatório
Quando a central telefônica dispõe de uma base de tempo para cada assinante temos um
sincronismo perfeito, sendo dado um primeiro pulso no inicio da chamada e o outro exatamente um
período de tempo depois.
Desligamento
Atendimento
T2
T3
t(min)
Primeiro pulso sincronizado
com o atendimento
Figura 9.11 - Método Karlsson não aleatório
Evidente o método não aleatório é o mais justo. Entretanto, como na maioria das vezes não
se dispõe de uma base de tempo para cada assinante, um dos melhores métodos é o Karlsson
modificado. Apesar disto, em face de alguma dificuldade que existe na eliminação de um pulso,
acaba sendo utilizado o método karlsson acrescido que é o mais injusto para o assinante.
No sistema de multimedição, independendo de qual método é utilizado, a cobrança da tarifa
telefônica é realizada pelo número de pulsos de cada assinante, sendo neste total, considerado o
numero de ligações, o tempo gasto, a distância e o horário em que as mesmas foram realizadas.
O sistema de multimedição é relativamente mais simples que o de bilhetagem automática,
onde todos os aspectos acima descritos são considerados isoladamente, com o registro completo de
cada ligação. Entretanto, quando as diferenças entre os degraus tarifários são muito grandes, tornase inviável a utilização da multimedição. Por exemplo, numa ligação interurbana distante, o
período entre pulsos teria que ser muito pequeno para registrar a grande diferença no custo da
ligação em relação a uma ligação telefônica comum.
Assim, na prática temos a utilização simultânea dos dois métodos, sendo a multimedição
utilizada para ligações locais e a bilhetagem automática para ligações interurbanas, onde são
aplicados os diversos degraus tarifários, conforme tabela 1, e o usuário pode exercer um maior
controle sobre a sua conta telefônica. Além disto, também é utilizada a tarifação fixa, pela
manutenção do serviço a disposição do usuário, mesmo que este não venha a utilizá-lo, a qual é
concretizada por uma "assinatura".
Degrau
DC
01
02
03
04
Distância Geodésica em
Km
Área Conurbana
até 50
50 até 100
100 até 300
acima de 300
Multiplicador
m
0.128
0.300
0.500
0.705
1.0
Tabela 1 - Degraus tarifários e respectivos multiplicadores sendo utilizados no Brasil. O
governo fixa apenas a tarifa do degrau D4 em reais/min. As demais tarifas são deduzidas
pela multiplicação do fator “m”.
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