INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FUNORTE / SOEBRÁS
AS CONSEQUÊNCIAS DA SUCÇÃO NÃO
NUTRITIVA NO DESENVOLVIMENTO DENTÁRIO
JAQUELINE MARIA TONIETTO
Monografia
apresentada
ao
Programa
de
Especialização em Ortodontia do
ICS –
FUNORTE
PORTO
/
SOEBRÁS
NÚCLEO
ALEGRE, como parte dos requisitos
obtenção de Título de Especialista.
Porto Alegre, 2009
para
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FUNORTE / SOEBRÁS
AS CONSEQUÊNCIAS DA SUCÇÃO NÃO
NUTRITIVA NO DESENVOLVIMENTO DENTÁRIO
JAQUELINE MARIA TONIETTO
Monografia
apresentada
ao
Programa
de
Especialização em Ortodontia do
ICS –
FUNORTE
PORTO
/
SOEBRÁS
NÚCLEO
ALEGRE, como parte dos requisitos
obtenção de Título de Especialista.
ORIENTADOR: Prof. Álvaro Furtado
Porto Alegre, 2009
para
DEDICATÓRIA
Dedico a monografia ao meu esposo pelo carinho e amor às minhas
atividades.
AGRADECIMENTOS
Ao meu professor orientador, Álvaro Furtado que, com dedicação
e paciência, me ajudou a realizar este trabalho.
Aos meus pais, Ari e Nilva, aos meus irmãos, Jocelito e Giovani,
pelo carinho e atenção constante.
Aos professores do Curso de Especialização em Ortodontia pelo
profissionalismo e clareza em suas orientações.
Aos colegas de curso, pela amizade e companheirismo,
meus agradecimentos.
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
1.INTRODUÇÃO...................................................... 01
2.PROPOSIÇÃO...................................................... 03
3.RETROSPECTIVA DA LITERATURA........................... 04
4.DISCUSSÃO........................................................ 46
5.CONCLUSÃO....................................................... 52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................ 54
RESUMO
Nesse trabalho o autor buscou identificar, por meio de uma revisão de
literatura, que conseqüências os hábitos
de sucção não nutritivos
podem provocar no desenvolvimento da dentição. Hábitos orais de
sucção não nutritiva têm sido fonte de estudo pelos danos que podem
causar em toda morfologia e função do sistema estomatognático, sendo
comumente iniciados e observados na infância.
ortodontia
tem
se
notado
uma
grande
Na prática clínica de
incidência
de
hábitos
parafuncionais, tais como o de sucção, dedo e chupeta. Fatores
emocionais e nutricionais podem contribuir para a manifestação deste
hábito. Portanto, o profissional deve ser capaz de detectar o hábito e
tentar eliminá-lo, o mais precoce possível, visando sempre o bem-estar
de seus pacientes.
Palavras-chaves: ortodontia, hábitos de sucção não nutritivos, hábitos
bucais deletérios.
ABSTRACT
This
study was
consequences
of
identified
sucking
through
a
habits can
literature
review, that the
cause not
nutritious in the
development of teeth. Oral habits of non-nutritive sucking has been a
source of study for the damage that can cause throughout
and
function
of
the
stomatognathic system, being
morphology
initiated and
commonly observed in childhood. In clinical practice of orthodontics has
noticed a high incidence of parafunctional habits, such as the suction of
finger and pacifier. Nutritional and emotional factors can contribute to
the manifestation of this habit. Therefore, the professional must be able
to detect the habit and try to eliminate it, the earliest possible, always
to the welfare of their patients.
Key-words: orthodontics, non-nutritive sucking habits, deleterious oral
habits.
1.INTRODUÇÃO
Os hábitos bucais deletérios têm um papel importante como fator
etiológico das maloclusões, interferindo no equilíbrio muscular. A
significância desse equilíbrio vai depender da intensidade, da freqüência
e da duração do hábito (BRONZI et al., 2002). A remoção deste hábito
é de fundamental importância para interromper o aparecimento de tal
seqüela. A remoção precoce é de suma importância para um bom
resultado, e até mesmo para uma autocorreção da maloclusão (BONI et
al., 2000).
Na prática da clínica ortodôntica observa-se frequentemente
crianças que apresentam hábitos orais deletérios, como a sucção digital
e de chupeta. Muitos estudos demonstram uma preocupação quando a
sucção se torna prolongada, ocasionando algumas conseqüências à
saúde bucal do paciente.
Portanto, o ato de sugar, que é imprescindível à vida e ao
desenvolvimento psicossomático da criança durante os primeiros anos,
ao se prolongar, pode alterar as funções normais e causar danos ao
sistema estomatognático.
Os hábitos de sucção não nutritivos, como a sucção de dedo ou
chupeta, podem provocar mordida aberta, devido à quebra do equilíbrio
entre os lábios, as bochechas e a língua, e também em função da
presença de uma obstrução mecânica entre os dentes (BRONZI et al.,
2002).
O hábito de succionar o dedo ou a chupeta provoca na criança um
estado de conforto dando-lhe prazer e sensação de segurança e que
pode favorecer também a porrogação deste tipo de conduta (COSTA et
al., 2000).
A sucção é considerada um hábito nutritivo até 3 anos de idade e
vicioso após esta idade. O hábito de sucção não nutritivo provoca má
postura, mordida aberta e dentalização dos fonemas. Foi observado,
que retirado o hábito precocemente, normaliza-se a oclusão da criança
(CAVASSANI et al., 2003).
Por isso, é importante verificar a presença e as características dos
hábitos de sucção não nutritivos, pois há um potencial elevado de
alterações dentárias e esqueléticas. Deve-se portanto conhecer a
etiologia destes hábitos de sucção, para realizar a prevenção dos
mesmos através de acompanhamento e orientações aos pais e até a
suspensão deste hábito.
2.PROPOSIÇÃO
Este trabalho identificou, através de uma revisão de literatura, as
conseqüências
que
a
sucção
desenvolvimento dentário.
não
nutritiva
podem
provocar
no
3. REVISÃO DE LITERATURA
A sucção digital constituiu o hábito bucal deletério mais comum
entre as crianças. Até os 4 anos de idade esse hábito deve ser
considerado normal e, de um modo geral, grande parte dessas crianças
abandona o hábito espontaneamente nessa ocasião. A maioria dos
autores é unânime em afirmar que o hábito é mais prevalente até 4
anos de idade, diminuindo bruscamente a partir desta idade. O hábito
de sucção digital constitui um poderoso fator etiológico da maloclusão.
O tipo e a gravidade de uma maloclusão provocada pela sucção digital
depende de fatores relacionados com o hábito, como a intensidade,
freqüência e duração do mesmo (Tríade de Graber), e resistência
alveolar e o padrão dentofacial inerente da criança (SILVA FILHO et al.,
1986).
Silva Filho et al., (1986), avaliaram o sucesso do tratamento, nos
casos de hábitos bucais deletérios, o qual depende de um diagnóstico e
planejamento realizados em conjunto, ou seja, uma abordagem
multidisciplinar com a participação do odontólogo e do fonoaudiólogo,
assessorados pelo psicólogo.
Quando o dedo é levado à boca e sugado, inúmeras alterações se
sucedem ao redor dos dentes, alterações estas que podem contribuir
para
o
desequilíbrio
da
oclusão.
Os
dentes
ântero
superiores
experimentam uma força vestibular e apical enquanto que os incisivos
inferiores são pressionados lingual e apicalmente. Em virtude do dedo
se posicionar no palato, a língua é deslocada no assoalho da boca e se
afasta lateralmente dos dentes posteriores. Dessa somatória de forças
em desequilíbrio se origina uma maloclusão como: mordida aberta
anterior
circular,
vestíbulo-versão
dos
incisivos
superiores,
verticalização dos incisivos inferiores, aumento do trespasse horizontal,
com menos freqüência, a mordida cruzada posterior, às vezes associada
a um palato ogival, e diastemas entre os incisivos superiores (SILVA
FILHO et al.,1986).
O hábito de sucção digital protrui os incisivos superiores, porém
não é capaz de induzir a mesialização dos dentes posteriores causando
uma relação molar de Classe II. Se o hábito for interrompido no estágio
de dentadura decídua, existe grande possibilidade para a autocorreção
dos desvios morfológicos da oclusão. A correção espontânea de uma má
oclusão induzida pelo hábito de sucção do dedo depende de diversos
fatores além da época da interrupção do hábito. Estes outros fatores
correspondem ao padrão dentofacial da criança, gravidade da má
oclusão, competência da musculatura peribucal e da instalação de
outros hábitos, tais como: pressionamento lingual atípico, postura
inadequada da língua em repouso, respiração bucal e hábitos labiais
(SILVA FILHO et al 1986).
Segundo Silva Filho et al., 1986, quase sempre, acompanhando a
mordida aberta anterior encontramos associado o hábito de interposição
lingual durante a fala e deglutição ou ainda na própria posição postural
de repouso.
Um outro aspecto ligado ao hábito e que deve ser
considerado antes mesmo de se pensar na correção do desvio
morfológico do arco dentário diz respeito ao estado emocional da
criança e o grau de dependência que a mesma tem em relação ao
hábito. Mais importante que a correção da maloclusão nesse estágio
precoce é o desenvolvimento emocional da criança. Todos estes fatores
devem ser abordados por uma terapia multidisciplinar para que o
tratamento alcance o êxito desejado, sem qualquer seqüela para o
paciente.
Estripeaut et al., (1989), realizaram um estudo com o objetivo de
demonstrar a conduta preventiva dos casos que apresentam hábitos
deletérios. O hábito de sucção do polegar tem sido relacionado com as
maloclusões.
Esses problemas
podem ser
observados tanto
nas
dentaduras decíduas e mistas, como nas permanentes. A freqüência,
duração e intensidade do hábito produz como conseqüência: mordida
aberta
anterior,
retrusão
da
mandíbula,
protrusão
da
maxila,
sobressaliência excessiva, vestíbulo-versão dos incisivos superiores,
verticalização dos incisivos inferiores, mordidas abertas posteriores, às
vezes associada a um palato ogival, diastemas entre os incisivos
superiores. Quando o hábito persistir por um período prolongado após
os quatro anos de idade, ele é considerado potencialmente como causa
da maloclusão.
A duração e a intensidade do hábito de sucção do polegar levará
o paciente a desenvolver hábitos maiores como interposição da língua e
a hiperatividade do músculo mental, causando um aumento da mordida
aberta anterior e/ou posterior o que os torna mais deformantes e mais
difíceis de serem corrigidas. Quase sempre, acompanhando a mordida
aberta anterior encontramos associado o hábito de interposição lingual
durante a fala e a deglutição ou ainda a própria posição postural de
repouso (ESTRIPEAUT et al., 1989).
O hábito de sucção de polegar assim como outros hábitos não
saudáveis, mostram relação com o problema da maloclusão na
dentadura permanente. Se este é abandonado ao final dos 4 anos de
idade, a maloclusão pode ser auto-corrigida sem prejudicar a disposição
dos dentes no arco dentário. O hábito de sucção digital na criança é um
reforço psicomotor que tende a desaparecer com a idade, geralmente
entre o primeiro e o terceiro ano de idade (ESTRIPEAUT et al., 1989).
Ogaard et al., (1994), realizaram um estudo com o objetivo de
avaliar o efeito da posição transversal dos caninos decíduos , o
comportamento das crianças com hábito de sucção, e posterior
desenvolvimento da mordida cruzada. No estudo foram examinadas 445
crianças com 3 anos de idade, 250 crianças da Noruega e 195 crianças
da Suécia. O grupo foi composto por crianças com ou sem hábitos de
sucção de dedo ou sucção de chupeta.
Neste estudo os autores afirmaram que 90% das crianças tinham
os caninos com mordida cruzada posterior. Em crianças com hábito de
sucção de chupeta e com mordida cruzada posterior , 62 caninos
decíduos, 38 primeiros molares decíduos e 36 segundos molares
decíduos foram envolvidos. Nas sucção de dedo e com mordida cruzada
posterior, 26 caninos decíduos, 20 primeiros molares decíduos e 18
segundos
molares
decíduos
foram
envolvidos.
O
fator
mais
determinante entre a sucção de dedo foi encontrado na largura da
arcada
intercanino,
a
redução
da
largura
foi
significamente
correlacionada com o aumento da prevalência da mordida cruzada
posterior. Neste estudo, as crianças suecas com hábitos de sucção
mostraram
maior prevalência nas mordidas cruzadas posterior em
relação às crianças sem hábito de sucção. Muitos estudos mostraram
um aumento da prevalência de mordida cruzada posterior em crianças
com hábitos de sucção de chupeta comparadas com crianças sem
hábitos de sucção. Neste estudo a alta prevalência foi registrada em
crianças suecas, especialmente no gênero feminino 26%.
Análises entre as duas variáveis revelaram que menos de 2 anos
de sucção de chupeta foi necessário para produzir um efeito significante
na maxila e 3 anos na mandíbula. Concluiu-se que o hábito de sucção
de chupeta foi de maior importância para o desenvolvimento da
mordida cruzada posterior. O provável mecanismo na atividade de
sucção na bochecha combinado com a redução do suporte palatal
e
com a língua que leva à uma posição baixa, faz com que diminua a
largura da arcada intercanino (OGAARD et al.,1994).
Serra-Negra et al., (1997), realizaram um estudo com o objetivo
de associar a forma de aleitamento com a instalação de hábitos bucais
deletérios e conseqüentes maloclusões. Foram examinadas 357 crianças
na faixa etária de 3 a 5 anos, sendo anotadas em ficha clínica as
características das arcadas dentárias e as possíveis maloclusões
presentes. Os indicadores de maloclusões, como mordida cruzada
posterior e os trespasse vertical e horizontal, foram observados em
relação cêntrica, para que houvesse contato dental sempre na mesma
posição. Foram encaminhados para as mães questionários pré-testados
com o intuito de obterem informações sobre a forma de aleitamento e a
presença ou não de hábitos bucais deletérios. Os hábitos pesquisados
foram: sucção de dedo, chupeta, ato de morder objeto e onicofagia.
Houve retorno de 81% dos questionários, foi realizada a análise de 289
fichas e de 289 questionários.
Na população estudada, constatou-se que 147 crianças (52,5%)
foram amamentadas no seio por um período igual ou superior a 6
meses. Somente 44 crianças ( 15,7%) não receberam aleitamento
materno ou foram aleitadas por até um mês. No que se refere à
alimentação na mamadeira, observou-se que 146 crianças (52,1%) a
utilizaram por um período superior a um ano e somente 38 crianças
(13,6%) nunca lançaram mão desse recurso. Os resultados mostraram
que 211 crianças (75%) apresentaram, pelo menos, um tipo de hábito
deletério. Dentre os hábitos questionados, o mais freqüente foi a
chupeta (75%), seguido por onicofagia (10,3%), sucção de dedo (10%)
e ato de morder objetos (6,8%). Contatou-se que 86,1% das crianças
que não apresentaram hábitos bucais deletérios receberam aleitamento
natural por seis meses ou mais. Os resultados indicaram que aquelas
crianças que nunca receberam aleitamento materno ou, se fizeram, foi
por um período de até um mês, apresentaram um risco de desenvolver
hábitos deletérios sete vezes superior com relação àquelas que foram
amamentadas por um período de, no mínimo, seis meses (SERRA
NEGRA et al.,1997).
Ao se avaliar a relação de hábitos bucais deletérios com
maloclusões,
observou-se
que
as
crianças
com
hábitos
viciosos
apresentaram, em maior número, mordida cruzada posterior (23,9%)
comparadas a 7% com mordida cruzada posterior e sem hábitos
deletérios. É importante salientar que as crianças com hábito deletério
apresentam 4 vezes mais chance de desenvolver mordida cruzada
posterior do que as crianças sem o hábito. O risco observado para
mordida aberta anterior em crianças portadoras de hábitos deletérios
foi, aproximadamente, 14 vezes superior em comparação àquelas que
não apresentaram esse comportamento. Estudando a relação entre o
trespasse horizontal e hábitos viciosos, apenas 15,6% das crianças com
maus hábitos apresentaram sobressaliência. O risco das crianças
portadoras de hábitos deletérios desenvolverem essa alteração oclusal é
aproximadamente 4 vezes superior em comparação àquelas sem esse
comportamento (SERRA NEGRA et al.,1997).
Neste estudo os autores concluiram que os hábitos bucais
deletérios estão fortemente associados às maloclusões. As maloclusões
como
a
mordida
cruzada
posterior,
mordida
aberta
anterior
e
sobressaliência estão diretamente relacionadas à presença de hábitos
bucais, sendo que crianças com hábitos deletérios apresentam 4 vezes
mais chance de desenvolverem mordida cruzada posterior do que
àquelas sem hábitos, 14 vezes mais risco de apresentarem mordida
aberta anterior e 3,6 vezes mais chance de possuírem sobressaliência.
Seixas et al., (1998), realizaram um estudo com o objetivo de
descrever os hábitos bucais deletérios e os modos como eles se
instalam, a fim de fornecer ao ortodontista melhores meios de
diagnosticá-los, prevení-los e tratá-los precocemente. Esse hábito se
instala,
e
os
neurofisiológica,
ciclos
naturais
raramente
são
no
desencadear
observados.
Por
da
maturação
razões
não
convenientes no momento, a mãe substitui a amamentação pelo
aleitamento com mamadeira e por muitas vezes, não reúne condições
para que essa seja feita de modo mais natural possível. O bico da
mamadeira não tendo a perfuração calibrada, irá deixar passar um fluxo
bem superior de leite ao do peito materno. Com isso, raramente a
criança tem a sensação de plenitude alimentar, não satisfazendo os
aspectos psico-emocionais da criança. Assim a criança resolve esse
problema por si só, fazendo a sucção do dedo, ou então, lhe é oferecido
a chupeta, sendo esse hábito um escape para o déficit de sucções. A
partir daí, a oferta de sucções são excessivas, instalando o hábito de
sucção sem fins nutritivos. Se esse hábito persisir até os cinco anos de
idade, podemos ser complacentes, porém sempre orientando a criança.
Leite et al., (1999), realizaram um estudo com o objetivo de
estudar a possível associação entre a forma de aleitamento, aquisição e
a perpetuação de hábitos de sucção não nutritivos. O presente estudo
contou com a participação de 100 crianças (51 meninas e 49 meninos),
com idade entre 2 e 11 anos, de nível sócio-econômico baixo-médio.
Os
autores
neste
estudo
afirmaram
que
81%
dos
casos
receberam amamentação materna. A amamentação artificial desde o
nascimento foi a opção em 19% dos casos. O período de amamentação
ao peito foi de 17 meses, e algumas permaneceram por mais de 30
meses sob aleitamento, e 30% das crianças foi de apenas 3 meses no
máximo. Com relação aos hábitos de sucção não nutritivos, o uso da
chupeta foi relatado em 79%. Das crianças observadas, 11% chupava
dedo. A onifocagia foi relatada em 28% da população estudada. Nas
crianças em fase de dentição decídua exclusiva 10% apresentava
relação de faces distais de segundos molares em distoclusão e em 64%
está em plano terminal reto. Na fase de dentição mista, 17%
apresentava primeiros molares permanentes em relação topo à topo e
25% em chave de oclusão. O estudo revelou 17% das crianças com
mordida aberta anterior sem trespasse vertical, 10% com mordida
aberta com trespasse e 10% com mordida cruzada posterior,
sendo
que nenhum caso de mordida aberta foi observado dentre aqueles que
receberam aleitamento materno exclusivo .
Neste estudo os autores ainda afirmaram que do total de 100
crianças observadas, com idade média de 6,6 anos, 24% receberam
amamentação materna exclusiva, embora 30% do total tenham
recebido por apenas 3 meses. Com relação aos hábitos de sucção não
nutritivos, 21% chupava chupeta, 27% desenvolveu onicofagia e 10%
chupava dedo. Tais hábitos associaram-se com o aleitamento misto ou
artificial, especialmente o hábito relativo ao uso de chupeta. Foram
observados problemas ortodônticos entre crianças que receberam
amamentação mista ou artificial, como mordidas abertas anteriores,
mordidas cruzadas posteriores.
Boni et al., (2000), realizaram um estudo com o objetivo de
verificar a possibilidade de remover o hábito de sucção de chupeta e ou
mamadeira, e suas alterações morfológicas, em crianças de 4 a 6 anos
de idade, que apresentavam mordida aberta anterior, sem a utilização
de recursos ortodônticos. A amostra foi constituída por 20 crianças, com
idade entre 4 e 6 anos, de ambos os gêneros, portadores de hábito de
sucção de chupeta e/ou mamadeira, que apresentavam mordida aberta
anterior. Foram avaliados os resultados através do exame clínico, e de
tomadas, que demonstraram a ocorrência de alterações morfológicas,
resultantes da remoção do hábito de sucção de chupeta e ou
mamadeira. O comportamento da mordida aberta anterior, frente ao
tratamento a que os pacientes foram submetidos, com o intuito de
remover o hábito de sucção de chupeta e ou mamadeira, pode ser
observado através das alterações do posicionamento dos incisivos e
conseqüente redução, ou até mesmo do fechamento, da mordida aberta
anterior.
Neste mesmo estudo ainda os autores afirmaram que, aplicando o
método de esclarecimento, podemos remover o hábito de sucção de
chupeta e ou mamadeira, sem a necessidade de utilizar qualquer tipo
de recurso ortodôntico, em pacientes de 4 a 6 anos de idade, e que tal
prática acarreta diminuição ou fechamento da mordida aberta anterior
dos pacientes.
Costa et al., (2000), realizaram um estudo com o objetivo de
determinar a prevalência do uso de chupeta e da sucção de dedo em
crianças portadoras de fissura de lábio e/ ou palato em bebês de 0 a 3
anos de idade. A amostra contou com 206 crianças entre 1 mês a 36
meses de idade, de ambos os gêneros, portadoras de fissura de lábio e/
ou
palato,
que
compareceram
para
internação
do
Hospital
da
Universidade de São Paulo.
Os resultados mostraram que a maioria das crianças que
apresentavam o hábito no momento da entrevista succionavam a
chupeta
(89,77%).
Um
grande
número
de
crianças
succionavam o dedo (79,12%) ou chupeta (45,14%).
que
nunca
Observa-se
maior prevalência do hábito de chupeta nas crianças portadoras de
fissura pós forâmen (83,33%) e de sucção digital semelhantes nas
crianças com fissura pré e transforâmen (32%). Houve uma diminuição
da presença
de hábitos quando a criança é amamentada no seio,
principalmente em relação ao hábito de chupeta cuja prevalência deste
tipo de sucção alcança 70,88%. Não existe associação estatisticamente
significante dos hábitos de sucção em relação ao tipo de aleitamento.
Contudo, das 100 crianças operadas, 47% delas nunca apresentaram
qualquer um dos hábitos (COSTA et al.,2000).
A prevalência dos hábitos iniciais de sucção, em crianças
portadoras de fissura de lábio e/ou palato, de chupeta (89,77%) é alto
em relação aos encontrados na literatura em relação a crianças
sem
fissura. Observa-se também um grande número de crianças que nunca
succionaram dedo (79,12%) ou chupeta (45,14%) quando comparados
àquelas que apresentaram hábitos, demonstrando uma influência da
deformidade anátomo funcional que dificulta a sucção. Os dados
mostram
maior
prevalência
do
hábito
de
chupeta
nas
crianças
portadoras de fissura pósforâmen (83,33%) devido ao fato deste tipo
de fissura propiciar uma menor dificuldade de sucção em relação às
outras. Observou-se
também,
a baixa prevalência de crianças
portadoras de fissura de lábio e/ou palato amamentadas no seio. Devese salientar a dificuldade succional para realizarem o aleitamento
natural, principalmente nas fissuras com envolvimento da lábio e/ou
palato (COSTA et al.,2000).
Henríquez et al., (2000), realizaram um estudo com o objetivo de
apresentar a etiologia, o desenvolvimento da mordida aberta anterior, o
diagnóstico, os tipos de tratamento e a importância da fonoaudiologia
como
tratamento
coadjuvante. Os
denominados por estabelecerem
hábitos bucais
deletérios
são
o desequilíbrio neuromuscular, e
compreedem a sucção de polegar e de chupeta. O hábito de sucção
digital ou chupeta é considerado normal até os 4 anos de idade, pois
consiste em um mecanismo de suprimento emocional da criança e que
não deve sofrer interferências. Com o início da socialização e da
maturidade emocional da criança, que ocorre, a partir dos 5 anos de
idade, há uma tendência natural de abandono do hábito. A persistência
do hábito após essa fase deve ser considerada deletéria por provocar
alterações
no
desenvolvimento
da
oclusão
e
no
crescimento
e
desenvolvimento faciais normais. Quando a criança succiona o dedo ou
a chupeta, estes funcionam como ¨braços de força¨, exercendo força
sobre a vestibular dos incisivos inferiores e lingual dos superiores, com
o fulcro localizado sobre o palato. Assim os dentes ântero-superiores
sofrem uma força para vestibular e apical, enquanto os dentes
antagonistas são forçados para lingual e apical, causando um aumento
do trespasse horizontal.
O posicionamento do polegar ou da chupeta no palato mantém a
língua numa posição mais inferior. Ocorre uma pressão das bochechas
contra os dentes póstero-superior que aumenta à medida que o
bucinador se contrai durante a sucção, causando o desequilíbrio entre a
musculatura interna e externa. Assim, os molares superiores são
pressionados para lingual, causando a mordida cruzada posterior e a
conformação ogival do palato. O simples obstáculo mecânico realizado
pelo dedo ou chupeta interfere na erupção normal dos incisivos,
estabelecendo a mordida aberta anterior. Além disso, a freqüência, a
duração e a intensidade do hábito (Tríade de Graber) possuem
influência sobre a má oclusão. Apesar das alterações morfológicas
decorrentes da sucção digital serem as mesmas da sucção de chupeta,
esta apresenta a mordida aberta anterior com um aspecto mais circular.
(HENRIQUEZ et al., 2000).
Tomita et al., (2000), realizaram um estudo transversal
com o
objetivo de avaliar como o desenvolvimento de hábitos bucais deletérios
e os problemas da fala afetam a oclusão dentária em pré-escolares. As
crianças tinham idade entre 3 e 5 anos. O estudo foi dividido em 2
etapas: exame de oclusão e questionário sócio-econômico. O exame de
oclusão seguiu a classificação de Angle, além de serem verificados
trespasse vertical e horizontal, apinhamento, mordida aberta anterior,
mordida cruzada total, mordida cruzada anterior e mordida cruzada
posterior uni ou bilateral.
O questionário foi estruturado com questões sobre hábitos bucais,
saúde e informações sobre condições sócio-econômicos. O estudo
mostrou que a prevalência da má oclusão foi de 51,3% para o gênero
masculino e 56,9% para o gênero feminino. A maior prevalência de má
oclusão foi verificada no grupo etário de 3 anos, decrescendo com a
idade. Não foi verificada associação entre os problemas fala e más
oclusões. A má oclusão tem caráter autocorretivo quando cessam os
hábitos bucais fisiológicos até idade de 2 e 3 anos. Após esse período
há potencial para causar anomalias de oclusão (TOMITA et al.,2000).
Em relação a chupeta e sucção digital, estudos divergem sobre
qual é o fator de maior risco na má oclusão. Sob ponto de vista
ortodôntico, deve-se ter atenção especial às crianças de idade superior
a 3 anos. A má oclusão foi 5,4 vezes maior nas crianças que usavam
chupeta em relação àquelas que não usavam e esteve presente 1,54
vezes mais freqüente nas crianças com o hábito de sucção digital. Os
achados do presente estudo apontam para direção contraria: a sucção
de chupeta é um fator de risco à má oclusão de maior intensidade que a
sucção digital (TOMITA et al., 2000).
Tomita et al., (2000), realizaram um estudo com o objetivo de
avaliar a relação entre algumas condições sócio-econômicas e fatores
ambientais que influenciam a prevalência de hábitos bucais deletérios e
a má-oclusão em pré-escolares. A população alvo foi constituída por
crianças em idade pré-escolar, de ambos os gêneros, matriculadas em
instituições públicas e privadas, da zona urbana de Bauru-São Paulo. A
faixa etária escolhida foi dos 3 aos 5 anos, devido a cronologia de
erupção dentária, a amostra foi constituída por 2139 crianças.
A má oclusão constitui uma anomalia do desenvolvimento dos
dentes ou arcos dentários, ocasionando desconforto estético, nos casos
mais leves,
agravos funcionais e incapacitações, nos casos mais
severos. O hábito de sucção de chupeta apresentou tendência a ser
mais freqüente entre crianças de renda familiar mais baixa, para o
gênero masculino e feminino, decrescendo com o incremento de renda.
A freqüência de sucção digital entre as crianças de ambos os gêneros
foi bastante baixa, sem influência da renda familiar. O hábito de sucção
digital não apresentou relação com o nível de escolaridade das mães
entrevistadas. Concluiu-se que alguns determinantes socioeconômicos,
como o trabalho materno e ocupação da pessoa de maior renda no
domicílio estão associados com a maior prevalência de sucção de
chupeta em pré-escolares. (TOMITA et al., 2000).
Pires et al., (2001), realizaram um estudo com o objetivo de
estudar a prevalência de oclusopatias na dentição mista em escolares,
associando as mesmas, à possíveis hábitos deletérios à saúde bucal.
Foram analisadas as condições de oclusão de 141 crianças do subúrbio
de Salvador, de ambos os gêneros, no período intertransitório da
dentadura
mista.
Os
resultados
indicam
uma
prevalência
de
oclusopatias de 71%. Além disso, no presente estudo notou-se que do
total de crianças portadoras de desordens oclusais, 28% apresentam
mais do que um tipo. Analisando a freqüência dos problemas oclusais, o
apinhamento foi o mais presente (21%). A segunda foi a mordida
aberta anterior (18%). Observa-se que 63% das crianças que relataram
hábitos deletérios permanecem exercendo-os até os dias atuais e
apenas 37% confirmaram o abandono do hábito. Em relação ao tipo de
hábito, verificou-se que 64% eram sucção de dedo, 34% chupeta e 2%
outros (sucção de língua).
Warren et al., (2001), avaliaram os efeitos dos hábitos orais na
duração das características dentárias na dentição primária. Desde 1870
estudos têm demosntrado que à longo prazo os hábitos de sucção não
nutritivos podem levar anormalidades oclusais, incluindo a mordida
aberta anterior e posterior. Pesquisadores examinaram crianças de 4 a
5 anos de idade e obtiveram modelos de estudo. Os modelos foram
medidos através de parâmetro do arco dental (incluindo largura,
profundidade e comprimento do arco) e avaliado overjet, overbite e
mordida cruzada posterior. Os autores compararam o arco dental e as
condições oclusais entre os grupos de crianças com hábitos de sucção
não nutritivos de diferentes durações.
Crianças com hábitos de sucção não nutritivos que continuaram
até 48 meses de idade, demonstraram muitas diferenças significativas
para crianças com hábitos de curta duração: estreitamento na largura
do arco maxilar, overjet aumentado, grande prevalência na mordida
aberta anterior e mordida cruzada posterior. Comparados com aqueles
que cessaram seus hábitos por 12 meses de idade, aqueles com hábitos
de 36 meses de idade tem significamente maior largura inter canino na
mandíbula, profundidade no arco inter canino na maxila e overjet,
enquanto
outros
com
hábitos
de
24
meses
e
36
meses
tem
significamente pequena profundidade palatal. Prevalência da mordida
aberta anterior, mordida cruzada posterior e overjet excessivo (> 4
mm) cresceu com a duração dos hábitos. (WARREN et al., 2001).
Bronzi et al., (2002), realizaram um estudo com o objetivo de
fazer uma reflexão clínica sobre o tratamento precoce da mordida
aberta anterior na dentadura mista, mencionando um ponto importante
da biogênese da oclusão. Os hábitos bucais deletérios têm um papel
importante como fator etiológico das maloclusões, interferindo no
equilíbrio muscular. Os hábitos de sucção não-nutritivos, como a sucção
de dedo ou chupeta, podem provocar mordida aberta, devido à queda
do equilíbrio entre os lábios, as bochechas e a língua, e também em
função da presença de uma obstrução mecânica entre os dentes. A
mordida aberta é freqüente e está associada a um desequilíbrio no
sistema neuromuscular, com repercussões sobre as estruturas e
funções do sistema estomatológico, o que altera o equilíbrio das forças
naturais.
A mordida aberta anterior representa um importante problema na
área de saúde bucal dada sua grande incidência e ao caráter precoce do
seu aparecimento. Na maioria dos casos, a remoção dos sinais e
sintomas do hábito não são suficientes para a estabilidade da correção,
pois o fator etiológico também deve ser superado. Portanto, o
tratamento tem de associar os recursos mecânicos aos aspectos
psicológicos. O
determinação
fator etiológico é de fundamental importância na
do tipo da mordida aberta e também nas alterações
faciais que podem ser provenientes desses hábitos. É importante tratar
o caso o mais precoce possível, primeiro por meio da conscientização
tanto da criança quanto dos pais e, através de métodos preventivos e
terapêuticos adequados (BRONZI et al., 2002).
França et al., (2002), realizaram um estudo com o objetivo de
buscar subsídios para o planejamento e avaliação de ações preventivas
de maloclusões em saúde pública.
A prevalência da maloclusão foi
estudada em 72 crianças selecionadas, com idades variando entre 3 e
6,8 anos e média de 4,9 anos. Essas crianças, freqüentavam Creche
Municipal de Curitiba, eram de classe sócio-econômica baixa, de
diferentes etnias e gêneros.
Os dados foram coletados por meio de exames clínicos e os
resultados revelaram que 75% dessas crianças apresentavam algum
tipo de alteração oclusal. A distribuição das maloclusões, em ordem
decrescente, foi: 41% portadores de Classe I; 26% para Classe II; 25%
para portadores de oclusão normal e 8% para classe III. A prevalência
de desvio de linha média foi de 34%; de mordidas cruzadas 17%; de
hábito de sucção digital 7%; de hábito de sucção de chupeta 33%; de
perdas prematuras 8% (FRANÇA et al.,2002).
Os autores neste estudo concluiram que a maloclusão consiste em
um problema de saúde pública, prevalescendo em 75% da população
estudada. Tanto portadores quanto não portadores de hábitos de
sucção apresentaram maloclusões, o que isenta a presença desses
hábitos como único fator determinante de maloclusões. A presença de
mordidas cruzadas foi menor de que a descrita na literatura nacional e
internacional. O índice de perdas dentárias prematuras foi de 8% dado
inferior ao de outros estudos nacionais. O diagnóstico das condições de
saúde bucal de grupos populacionais é um importante subsídio para o
planejamento e a avaliação de ações preventivas de maloclusões.
Souza et al., (2002), realizaram uma revisão literária, diante da
importância epidemiológica e individual do prolongamento dos hábitos
de
sucção,
decidiu-se
abordar
seus
aspectos
psicológicos,
epidemiológicos e terapêuticos. Neste estudo foram selecionados 50
pacientes, sem distinção de raça nem de gênero, e a faixa etária variou
de 4 meses e 12 anos de idade. Foi questionado ao responsável sobre a
presença de hábitos de sucção (mamadeira, chupeta, dedo ou lábio), ou
outros hábitos, como respiração bucal, deglutição atípica e onicofagia.
Os resultados mostraram que,
o hábito de sucção de polegar
representou 20% do total, mas apenas 40% apresentou sucção digital
isolada. Os demais 60% apresentavam-se associados à sucção de
mamadeira, chupeta, lábio e onicofagia. A sucção de dedo indicador e
central representou 4%, de lábio 2% e de mamadeira 30%, sendo que
66,6% era apenas de mamadeira
e os demais 33,4% associados a
outros hábitos. Além disso, dos 47% que apresentavam alguma
maloclusão, 46% era representado por mordida aberta anterior,
relacionada com a sucção de dedo e chupeta, relatou também que 24%
apresentavam protrusão superior, 2% protrusão inferior e 14% mordida
cruzada posterior, 14% apresentavam atresia da maxila e destes,
71,4% estavam associados à mordida aberta,sendo que 2% possuíam
mordida profunda e 6%, cruzamentos anteriores. Em relação à
classificação de Angle, 8% apresentaram Classe II, 0% Classe III, 72%
Classe I (SOUZA et al.,2002).
Neste mesmo estudo ainda afirmaram que, os fatores emocionais
são muito importante na etiologia dos hábito de sucção não-nutritivos,
e que devem ser levados em consideração durante o tratamento. Nota-
se ainda que suas conseqüências estão relacionadas com o tipo de
hábito, freqüência e estímulo. O estímulo ao aleitamento materno
previne a instalação de hábitos bucais viciosos. Os hábitos de sucção
não nutritivos podem estar ligados a fatores psico-afetivos.
Cavassani et al., (2003), realizaram um estudo com o objetivo de
verificar
as
alterações
fonoaudiológicas,
odontológicas
e
otorrinolaringológicas em crianças de baixa renda portadoras de hábitos
orais de sucção. Foram avaliadas nove crianças (1menino e 8 meninas)
com idade entre 5 a 9 anos em São Paulo. O distúrbio fonoaudiológico
mais comum foi o articulatório (55,56%), distúrbio de motricidade oral
(33,33%). A mordida aberta esteve presente em 8 casos (88,89%), e
em 7 casos com respiração bucal (77,78%),
e 1 caso normal
(11,11%).
Os hábitos de sucção trazem consequências na morfologia do
palato duro, alterações de posicionamento dentário, movimentação da
língua, tendo maior risco de desenvolvimento de mordida aberta e
distúrbios de motricidade oral. A sucção é considerada um hábito
nutritivo até 3 anos de idade e vicioso após esta idade. O hábito de
sucção provoca má postura, mordida aberta e dentalização dos
fonemas.
Foi
observado,
que
retirado
o
hábito
precocemente,
normaliza-se a oclusão da criança. Conclui-se que os hábitos orais
foram capazes de promover alterações fonoaudiológicas, odontológicas
e
otorrinolaringológicas. Medidas de promoção de saúde devem ser
lançadas em crianças de baixa renda visando os fatores responsáveis
pela origem dos hábitos viciosos de sucção , tais como: educação e
alimentação (CAVASSANI et al., 2003).
Mendes et al., (2003), realizaram um estudo com o objetivo de
avaliar a relação entre os tipos e o tempo de aleitamento com a
etiologia dos hábitos bucais deletérios e maloclusões em crianças de 3 a
6 anos, na cidade de João Pessoa. Foram examinadas clinicamente 112
crianças de ambos os gêneros, entre 3 e 6 anos, com dentição decídua
completa e matriculadas em creches municipais de João Pessoa. As
mães entrevistadas forneceram informações sobre gestação, tipos de
amamentação (natural e artificial), presença e duração de hábitos
deletérios (sucção de chupeta, sucção digital, interposição lingual,
respiração bucal, bruxismo, onicofagia, hábitos posturais e de morder
lábios e objetos). Mediante exame clínico, avaliou-se a presença das
maloclusões: protrusão, sobremordida e mordidas aberta e cruzada.
Verificou-se
que
90,17%
(n=
101)
dos
pacientes
foram
amamentados naturalmente e destes, 85,71% ( n=96) receberam
alimentação
artificial. Todos os
pacientes receberam aleitamento
natural por um período inferior a 24 meses 83,17% (n=84) e 96,87%
(n=93) dos pacientes com aleitamento artificial desenvolveram hábitos
(p>0,05). Apenas 4 (3,6%) crianças não apresentaram nenhum tipo de
hábito. A sucção de chupeta constituiu o hábito mais prevalente
(65,4%; n=73). Foi detectada a presença de maloclusão em 89,28%
(n=100) das crianças, sendo que 77,7% receberam alimentação
artificial (p< 0,05). 87,5% (n=98) do total da amostra apresentaram
hábitos e maloclusões (p> 0,05), sendo a protrusão (42%, n=42 ) a
mais comumente encontrada. Pelos resultados obtidos, conclui-se que,
na amostra avaliada, não foi observada relação entre os tipos de
aleitamento com o desenvolvimento dos hábitos bucais deletérios. Em
adição, verificou-se também não haver associação entre a presença de
hábito e a ocorrência das maloclusões avaliadas (MENDES et al., 2003).
Monguilhott et al., (2003), realizaram um estudo com o objetivo
de fornecer informações sobre hábitos de sucção, entre os quais, sucção
de dedo, polegar ou uso de chupeta. A sucção é um reflexo normal na
vida da criança até dois a três anos de idade e, esta necessidade
diminui à medida que ela amadurece física e emocionalmente, tendendo
a desaparecer antes dos quatro anos de idade. Quanto à sua
necessidade, a sucção além da época normal do reflexo de sucção, pode
ser em decorrência de problemas psicológicos, ambientais, tais como
falta de atenção, ciúme, necessidade de carinho, stress emocional, bem
como distúrbio na alimentação, e a criança reage succionando como um
autoconsolo.
Nos últimos tempos, vem-se afirmando entre os pesquisadores,
que o hábito de sucção é comum em crianças e que provoca alterações
variadas, relacionadas com o desenvolvimento, a morfologia e a
fisiologia das estruturas bucais. A maloclusão provocada pelo hábito de
sucção, é a vestíbulo versão dos incisivos superiores, bem como a
mordida aberta anterior. Dentro
do mesmo contexto, outro fator
observado foi a presença de diastemas entre os incisivos nos pacientes
portadores de hábito de sucção (MONGUILHOTT et al., 2003).
Um recurso preventivo contra os efeitos causados pelo hábito
seria o uso de bicos de mamadeiras e chupetas que imitem o seio
materno, ou até mesmo bicos ortodônticos encontrados no mercado, e
que permitem que a língua toque o palato em uma posição de sucção
mais natural e melhorando o selamento dos lábios. O sucesso do
tratamento, no caso de hábitos bucais deletérios, depende de um
diagnóstico e planejamento realizados em conjunto, uma abordagem
multidisciplinar, com a participação do ortodontista, fonoaudiólogo,
otorrinolaringologista, e alguns com psicólogo (MONGUILHOTT et al.,
2003).
Batista et al., (2004), realizaram um estudo com o objetivo de
conhecer o ponto de vista dos pediatras quanto à relação entre
aleitamento e a aquisição de hábitos de sucção, bem como a relação
desses
com
o
desenvolvimento
psicológico
e
aparecimento
de
deformidades dentofaciais de crianças. Além disso, verificar se os
mesmos fazem alguma orientação preventiva aos pais antes da
aquisição do hábito. Neste estudo foi enviado um questionário à 91
pediatras no estado de Sergipe a partir dos quais pudemos verificar
que: 95% dos pediatras de Sergipe concordam que existe relação entre
os hábitos de sucção não nutritivos e amamentação/ aleitamento
artificial da criança; 5% não acreditam nessa relação; 97% concordam
que os hábitos de sucção não nutritivos podem estar relacionados com
necessidades psicológicas; 98% orientam preventivamente os pais
quanto aos hábitos de sucção não-nutritivos que a criança possa vir a
adquirir, sendo que desses 98%, 30% recomenda a não utilização de
chupetas e incentivam o aleitamento materno, 25% incentivam o
aleitamento materno exclusivo e 15% recomendam a não utilização de
chupetas e mamadeiras; 95% fazem orientação aos pais referente ao
controle de hábitos deletérios já instalados, sendo que desses 95%, a
maioria orienta a conversa sobre conseqüências (95%) ou estabelecem
o prazo para a remoção como natal, aniversário(40%); 100% acreditam
na
existência
da
associação
dos
hábitos
com
aparecimento
de
deformidades dento facial, sendo que desses 100% , 99% indica
tratamento para correção dessas maloclusões.
Coser et al., (2004), realizaram um estudo com o objetivo de
analisar a prevalência de mordida aberta em crianças que apresentaram
o hábito de sucção de chupeta, por um tempo igual ou maior que
quatro anos de idade. Foi realizado um levantamento escolar prévio,
onde foram selecionadas crianças que persistiram com o hábito pelo
tempo de 4 anos ou mais de idade. Foram encontradas e examinadas
somente 50 crianças que possuíram o hábito de sucção de chupeta, por
um período igual ou maior que 4 anos de idade. Das 50 crianças, 28
interromperam o hábito de sucção de chupeta por volta dos 4 anos e 6
meses,
13
interromperam
por
volta
dos
apresentaram o hábito de sucção de chupeta.
5
anos,
e
12
ainda
De acordo com Proffit (1991), quando a criança interrompe
precocemente o hábito de sucção não nutritivo, ele não se torna
deletério, pois neste estudo, das 28 crianças que deixaram o hábito até
4 anos, 5 crianças, ou seja 17% dessas, possuem mordida aberta
anterior.
Os hábitos de sucção de chupeta são muito comuns em crianças,
porém quando não interrompidos até os quatro anos de idade podem
levar ao desenvolvimento de maloclusões. Se a sucção persistir após
esta idade, pode haver o desenvolvimento de alterações dentoesqueléticas e a necessidade de intervenção ortodôntica (COSER et al.,
2004).
Emmerich et al., (2004), realizaram um estudo com o objetivo
de estimar a prevalência de maloclusões e associar as variáveis
oclusais, como mordida cruzada, mordida aberta
e sobressaliência
alterada com hábitos deletérios e alterações oronasofaringianas, e
problemas relacionados com a deglutição e a fala.
A amostra
constituiu-se de 291 crianças de ambos os gêneros, matriculados nos
centros de educação infantil. A análise de regressão logística marcou
maior risco relativo de crianças com sobressaliência alterada, mordida
aberta e mordida cruzada, em apresentar: respiração bucal; deglutição
atípica e fonação atípica. Foi mostrado haver associação entre sucção
de dedo e de chupeta com sobressaliência alterada e sucção de chupeta
e mordida aberta. Esses resultados indicam que a prevalência das maloclusões
está
associada
aos
hábitos
deletérios
e
alterações
oronasofaringianas.
O
presente
estudo
demonstrou
ser
alta
a
prevalência das maloclusões para a idade de três anos (59,1%). A
etiopatogenicidade das maloclusões é multifatorial, com uma interação
de fatores congênitos, morfológicos, biomecânicos e ambientais com
alterações oronasofaringianas, como respiração bucal, deglutição e
fonação atípica.
Ozawa et al., (2005),
realizaram um estudo com o objetivo de
investigar os hábitos de sucção não nutritivos em crianças japonesas de
18- 42 meses de idade e determinar o melhor método recomendado
para interromper o hábito de sucção. Foram examinados hábitos orais,o
início e o fim do hábito, a condição da oclusão e a amamentação
durante os três meses de vida. A incidência dos hábitos de sucção
digital e a sucção de chupeta em crianças de 18 meses foram 25,6% e
16,9% respectivamente, e a incidência em crianças de 42 meses foram
27,2% e 16,8% respectivamente. Mais casos de sucção de dedo
continuaram depois de 3 anos de idade, mas o hábito de sucção de
chupeta foi interrompido antes dos 42 meses de idade. Mordida aberta
ou protrusão maxilar foi encontrado em 70,7% em crianças de 42
meses de idade com hábitos de sucção não nutritiva persistente, mas
somente 6,8% das crianças de 42 meses participantes interromperam o
hábito de sucção. Estes autores examinaram a correlação entre o hábito
de sucção não nutritivo e amamentação. A incidência dos hábitos orais
foi significamente maior em crianças que tomam mamadeira do que em
crianças que são amamentadas. A chupeta foi mais prevalente em
crianças que tiveram a amamentação interrompida precocemente do
que crianças que tiveram amamentação normal.
Os autores neste estudo, concluiram que a incidência é maior em
crianças com hábitos de sucção de dedo do que em crianças
com
hábitos de sucção de chupeta na população Japonesa. A maloclusão é
mais freqüente em sucção de chupeta do que em sucção de dedo.
Souza et al., (2004), realizaram um estudo com o objetivo de
relacionar e identificar a presença de maloclusão dentária, hábitos
bucais deletérios e caracterizar a forma e o período de aleitamento
materno. Foram examinadas 126 crianças entre 2 e 6 anos, ambos os
gêneros,
dentição
decídua
completa.
Ao
exame
clínico
foram
diagnosticados a presença de mordida cruzada posterior, mordida
aberta,
sobremordida,
sobressaliência
e
topo.
No
formulário
direcionado aos pais, coletou-se informações em relação à presença de
hábitos bucais deletérios e sua freqüência (sucção digital, uso de
chupeta, onicofagia e morder objetos), bem como o tipo e o período de
duração do aleitamento materno. Observou-se que 45 (35,71%) das
crianças possuíam maloclusão dentária, e 17 (37,78%) apresentavam
mordida aberta anterior. Verificou-se a presença de sucção digital em
24 (16,78%), uso de chupeta 71 (49,65%), onicofagia em 22 (15,38%)
e o hábito de morder objetivos em 26 (18,18%). A amamentação mista
foi a mais freqüente em 92 (73,02%), e a natural 26 (20,63%).
Neste estudo os autores afirmaram que a duração insuficiente do
aleitamento natural está associada à presença de hábitos de sucção
persistentes em crianças com dentição decídua completa. A presença
dos hábitos está associada à ocorrência da maloclusão.
Valdrigui et al., (2004), realizaram um estudo com o objetivo de
relacionar a influência do período de aleitamento materno sobre a
prevalência dos hábitos de sucção digital e de chupeta, em bebês, bem
como analisar qual hábito bucal seria menos prejudicial à oclusão.
Foram analisados 195 relatórios de bebês atendidos , nascidos em 2001
e 2002, com idades variando entre 8 à 30 meses. A sucção de chupeta
é
um
dos
hábitos
bucais
sem
fins
nutritivos
mais
freqüentes,
apresentando maior prevalência nos primeiros anos de vida e reduzindo
com a idade. A sucção, além de satisfazer a necessidade nutritiva,
proporciona à criança uma sensação de segurança, prazer e satisfação,
fazendo com que muitas vezes ele recorra à chupeta ou dedo, quando
atingiu a sensação de plenitude alimentar, mas não supriu suas
necessidades emocionais.
Os autores neste estudo concluíram que, a partir dos resultados
encontrados que a maioria dos bebês receberam aleitamento materno
em 82% , sendo que destes 53% receberam
o aleitamento materno
por mais de 6 meses, e como conseqüência 56% destes bebês, não
possuem hábitos deletérios. Sendo assim, a tendência de desenvolver
uma maloclusão, provocada por hábitos como o de sucção digital, ou da
chupeta é pequena, comprovando mais uma vez que o aleitamento
materno deve ser incentivado.
Bezerra et al., (2005), avaliaram a associação entre os tipos de
aleitamento, sua duração e a existência de hábitos bucais deletérios
com a presença de maloclusões em pré-escolares. Foram examinadas
106 crianças de ambos os gêneros, entre 3 e 5 anos de idade, com
dentição decídua completa. As mães foram entrevistadas a fim de
fornecerem informações a respeito do tipo de aleitamento (natural ou
artificial) e sobre a presença e duração de hábitos bucais. Avaliou-se a
presença de sobressaliência e sobremordida acentuadas, mordida
aberta anterior, mordida cruzada anterior e posterior.
Neste
estudo
os
autores
observaram
que
a
presença
de
maloclusão foi diagnosticada em 80,2% das crianças, 48,2% para o
gênero feminino e 51,8% para o gênero masculino. Analisando a
distribuição das maloclusões na dentição decídua, verificou-se que as
mais freqüentes foram a sobressaliência acentuada (49,1%), seguido
da mordida aberta anterior (45,3%), mordida cruzada posterior
(25,5%) e sobremordida acentuada (19,8%). Quanto ao tipo de hábito,
a sucção de chupeta apresentou-se como o mais freqüente (65,4%) das
crianças, seguido da sua associação com a onicofagia (6,4%), sucção
digital (6,4%) e onicofagia (5,1%).
Ao se associar a presença de
hábitos bucais deletérios com a existência de maloclusões , verificou-se
que das 78 crianças portadoras de hábitos, 72 (92,3%) apresentavam
maloclusão.
O aleitamento natural
foi verificado em 83% das crianças, das
quais 53,4% foram amamentadas até os 6 meses de vida. A análise
entre o aleitamento natural e a existência de hábitos bucais, revelou
que das 79 crianças que foram aleitadas naturalmente por um período
igual ou inferior a 24 meses, 78,5% apresentaram hábitos bucais
deletérios. Quanto ao aleitamento artificial, (88,7%) das crianças
fizeram uso da mamadeira. Desse total 85,1% eram portadoras de
maloclusões, sendo que 72 possuíam hábitos bucais deletérios.
duração
e
o
tipo
de
aleitamento
foram
considerados
A
fatores
predisponentes para o desenvolvimento de possíveis hábitos bucais
deletérios (BEZERRA et al., 2005).
Castelo et al., (2005), realizaram um estudo com o objetivo de
avaliar a relação entre hábitos nutritivos e parafuncionais e a presença
de disfunção temporomandibular em crianças com dentição decídua. O
estudo foi realizado com 99 crianças ( 58 meninos e 41 meninas ), com
idade de 3-5 anos, foram examinados e verificados a presença e a
ausência de sinais e sintomas da disfunção temporomandibular ( dor de
cabeça,
dor pré-auricular, dor de ouvido, dor na musculatura
mastigatória, desvio na abertura, interferência oclusal e assimetria no
movimento da mandíbula, parafuncões orais ( bruxismo, roer unhas,
sucção de dedo, alteração na fonação, deglutição atípica, respirador
bucal ) e hábitos nutritivos ( peito ou mamadeira) no exame clínico.
Os resultados mostraram que 34 crianças (34%) das 99 crianças
presentes
apresentaram
sinais
e
sintomas
da
disfunção
temporomandibular. Os sintomas mais prevalentes foram: dor de
cabeça, dor pré-auricular, dor de ouvido e dificuldade de deglutição. Os
sinais mais prevalentes foram: desvio da mandíbula
durante a
abertura, interferências oclusais, assimetria no movimento condilar e
sons na articulação. Os estudos mostraram relação entre parafunção
oral, hábitos de sucção nutritivos, sinais e sintomas na articulação
temporomandibular. Houve uma relação significativa entre a deglutição
atípica e a presença de sinais e sintomas na ATM, no entanto não houve
relação com bruxismo, roer unhas, respirador bucal, ou com hábitos de
sucção nutritivos e não nutritivos.
Concluiu-se que os hábitos
parafuncionais, com exceção da deglutição atípica e os hábitos
nutritivos não foram determinantes para a presença de sinais e
sintomas da ATM na amostra incluída neste estudo (CASTELO et al.,
2005).
Kuramae et al., (2005), realizaram um estudo com o objetivo de
analisar o ângulo nasolabial e outras medidas cefalométricas que
expressam a relação antero posterior da maxila e mandíbula em
indivíduos com hábito de sucção de dedo. Foram selecionados 30
cefalogramas
laterais no curso de Pós graduação de Ortodontia em
Piracicaba. A seleção foi realizada com meninas , 7 a 10 anos de idade,
na fase de dentição mista, e apresentando hábito de sucção de dedo.
Foram
observados
nas
medidas
cefalométricas:
ângulos
nasolabial, SNA, SNB, ANB, 1.NA, 1-NA e A-Nperp. O ângulo nasolabial
descreve a posição da maxila, na qual mostra tanto a retrusão maxilar
como a protrusão maxilar. O SNA indica a posição antero posterior da
maxila e foi encontrado 81,8º na qual mostra um bom posicionamento
da maxila em relação à base do crânio. A medida de A-Nperp que
relaciona a maxila com a base do crânio foi de 0,69 mm. O SNB que
indica a posição ântero posterior da mandíbula em relação à base do
crânio
e o ANB que indica a discrepância ântero posterior, foi
respectivamente, 76,06º e 5,71º. A posição do insicivo superior para
1.NA foi de 28,46º e para
1-NA foi 5.87 mm mostrando normalidade.
Os resultados mostraram que não houve diferenças significaticas no
ângulo nasolabial em relação ao hábito de sucção de dedo, a maxila e a
mandíbula estão bem posicionadas, em relação à base do crânio, e os
incisivos superiores estão bem posicionados (KURAMAE et al., 2005).
Maciel & Leite (2005), realizaram um estudo com o objetivo de
associar
disfunções orofaciais e hábitos orais deletérios à mordida
aberta anterior, reunindo evidências que colaborem para o melhor
entendimento da etiologia e do desenvolvimento da mordida aberta
anterior e sua potencial associação à alterações miofuncionais. O estudo
é exploratório, derivando medidas de associação entre as condições
clínicas, hábitos de sucção e alterações miofuncionais de 130 escolares.
O estudo foi realizado em duas etapas, sendo a primeira a devolução de
um questionário remetido ao responsável sobre hábitos bucais e a
segunda
caracterizada
pelo
exame
clínico
odontológico
e
fonoaudiológico dos menores autorizados. Na amostra, o padrão de
maloclusão mais prevalente foi a mordida aberta anterior, que se
associou com o padrão de crescimento vertical da face e com classe II
de Angle. Associação entre a mordida aberta anterior e interposição
lingual,
o
mesmo
não
foi
verificado
para
as
deficiências
na
fonoarticulação.
Neste estudo os autores ainda afirmaram que, há uma correlação
etiológica da mordida aberta anterior com hábitos orais deletérios e
algumas alterações das funções orofaciais. Foi identificada associação
entre o histórico dos hábitos parafuncionais e a ocorrência de
interposição lingual em deglutição e a deficiência fonoarticulatória. É
visível a necessidade de interação entre ortodontistas e fonoaudiólogos
no atendimento integral do paciente portador da mordida aberta. Devese ressaltar o papel da terapia fonoaudiológica, através da terapia
miofuncional oral, enfatizando o posicionamento da língua durante a
deglutição, a fala e quando em posição habitual. Na amostra analisada,
a mordida aberta comportou-se como fator de risco para a interposição
lingual e conseqüente alteração nos pontos de articulação das palavras.
Galvão et al., (2006), realizaram um estudo com o objetivo de
levantar os tipos de hábitos orais deletérios mais encontrados em
grupos de crianças de 4 a 6 anos de escola pública e particular,
comparar a presença dos hábitos entre os dois grupos e verificar se os
responsáveis receberam orientações de profissionais da saúde sobre os
prejuízos causados pelos hábitos.
Foi realizado um estudo transversal observacional baseado em
respostas obtidas a partir de questionário. Foram enviados 240
questionários, dos quais 130 para a escola particular 110 para a escola
pública. Houve um retorno de 106 questionários preenchidos. A amostra
foi composta, de 106 pré-escolares de ambos os gêneros, com idades
de 4 a 6 anos, sendo que 36 foram de uma escola particular e 70 de
uma escola pública. Os grupos analisados foram descritos como GRUPO
A referente às crianças da escola particular e GRUPO B às crianças da
escola pública (GALVÃO et al., 2006).
Os autores neste estudo afirmaram que 94,4% das crianças do
GRUPO A fizeram ou ainda fazem uso de mamadeira, e no GRUPO B o
resultado foi de 84,3% crianças. No GRUPO A predominou a tempo de
uso maior que 36 meses, ou seja, houve a prevalência de 52,9% das
crianças em relação a 47,1% com tempo de uso menor ou igual a 36
meses. Notou-se que 52,8% das crianças do GRUPO A fizeram ou ainda
fazem uso de chupeta, sendo que 63,2% a utilizara com idade menor
ou igual a 36 meses e 36,8% com mais de 36 meses. No GRUPO B, a
prevalência foi de 45,7% das quais 74,4% a usaram por um período
menor ou igual a 36 meses e 22,6%, com tempo maior que 36 meses.
Neste estudo constatou-se que 2,8% das crianças do GRUPO A tiveram
o hábito de sucção digital e o mantiveram por menos de 36 meses e
7,1% das crianças do GRUPO B , das quais 80% o fizeram ou ainda
fazem com mais de 36 meses e 20% com idade igual ou inferior a 36
meses.
Galvão et al., 2006, concluíram existir uma alta prevalência de
alguns hábitos orais deletérios em crianças de 4 a 6 anos de idade entre
os
grupos
estudados,
sem,
contudo
haver
diferença
estatística
significante entre os mesmos. Em relação ao hábito de mamadeira, os
resultados mostram que quase a totalidade das crianças analisadas
apresentavam este hábito, sendo que mais da metade delas persistiu
com o seu uso por tempo maior que 36 meses. Destacou também que
houve uma freqüência maior de uso de chupeta no GRUPO A, já com
relação ao tempo de uso, observou-se que houve diminuição da
utilização da mesma em ambos os grupos analisados após 36 meses.
Quanto ao hábito de sucção digital, os resultados evidenciaram que
ocorreu uma baixa freqüência deste hábito em ambos os grupos, e
ocorreu um acréscimo deste hábito no GRUPO B após 36 meses. A
presença dos hábitos orais deletérios foi referida pelos responsáveis das
crianças, sendo que a mamadeira e a chupeta foram os mais
prevalentes.
As possíveis causas dos hábitos orais podem ser fisiológicas,
emocionais ou de aprendizado condicionado, devendo ser buscada na
latência ou na primeira infância. A forma de aleitamento infantil tem
uma forte influência na instalação de hábitos orais deletérios. Crianças
que não foram aleitadas ao seio das mães têm maiores probabilidades
de desenvolverem hábitos orais deletérios em relação àquelas que
foram aleitadas, mesmo que por um período menor. Apesar de
transmitirem sensação de segurança e conforto, os hábitos orais
deletérios devem ser abandonados o mais precocemente possível, a fim
de evitar alterações estruturais e funcionais graves. Há uma grande
discussão com relação ao tempo de uso do hábito, contudo a maioria
dos autores concorda que quanto mais cedo ocorrer sua remoção
menores danos ocorrerão (GALVÃO et al.,2006).
Nava et al., (2006), avaliaram a associação entre rinite alérgica,
mamadeira, hábitos de sucção não nutritivos e maloclusão na dentição
primária. Foram coletados informações de 1160 crianças mexicanas
com idade de 4 a 5 anos, num estudo longitudinal desde os 4 meses de
vida, periodicamente foram examinadas e feito a coleta de dados e
também dos questionário respondidos pelos pais ou tutores.
A maloclusão foi detectada em 640 crianças (51,03%) com
mordida aberta anterior e 7,5% com mordida cruzada posterior. A rinite
alérgica, hábitos de sucção não nutritivos e mamadeira sozinhos não
causam maloclusão. A combinação de rinite alérgica e mamadeira por
mais de um ano ou com hábitos de sucção não nutritivos não favoreceu
o desenvolvimento da maloclusão. Mamadeira sozinha ou com rinite
alérgica teve um efeito na mordida cruzada posterior. A mordida
cruzada posterior foi mais freqüente em crianças com rinite alérgica e
hábitos de sucção não nutritivos (10,4%). Crianças com mordida aberta
anterior, 52,3% tinham rinite alérgica, em comparação 50,7% das
crianças com mordida aberta anterior sem rinite alérgica. Baseado nas
análises, rinite alérgica sozinha, ou acompanhado com mamadeira ou
com hábitos de sucção não nutritivos não foram fatores de risco para
desenvolver um mordida aberta anterior. A rinite alérgica sozinha ou
acompanhada com hábitos de sucção não nutritivos é relatada na
mordida aberta anterior. Hábitos de sucção não nutritivos acompanhado
de
rinite
alérgica
parece
ser
o
mais
importante
fator
de
desenvolvimento de mordida cruzada posterior em crianças até 5 anos
de idade (NAVA et al., 2006).
Silva (2006), realizou um estudo com o objetivo de identificar os
hábitos bucais deletérios. Foi avaliado a prevalência de maloclusão e
hábitos deletérios (sucção digital, sucção de chupeta e onicofagia),
foram examinados 261 escolares de 6 a 12 anos. Foi observado
envolvimento do padrão oclusal, obtendo média de 58,7% para a
presença de maloclusão, bem como uma maior incidência de maus
hábitos nos escolares portadores de maloclusão, sendo 24 escolares
com hábito de sucção digital, 15 com hábito de sucção de chupeta e 55
com hábito de onicofagia.
Segundo Silva (2006), observaram que os hábitos de sucção que
cessam entre 3 e 4 anos de idade, normalmente não acarretam o
estabelecimento de uma maloclusão. Contudo, quando persistirem após
4 anos de idade, a oclusão pode tornar-se prejudicada. A maioria dos
autores concorda com a afirmação de que nem sempre o hábito de
sucção causa maloclusão, pois para isso é necessário intensidade e
duração prolongada, associadas à predisposição genética do paciente. A
gravidade da maloclusão depende da freqüência, intensidade e duração
do hábito (Tríade de Graber). Apesar da prevalência ter sido alta para
as zonas avaliadas, não foi possível estabelecer estatisticamente
causalidade entre maus hábitos e maloclusão. Os hábitos bucais
deletérios necessitam de uma abordagem odontopediátrica que englobe
não só o controle do processo, mas o controle psicológico, com a
interrelação
multidisciplinar,
a
fim
de
oferecer
um
atendimento
completo ao paciente.
Souza et al., (2006), realizaram um estudo com o objetivo de
avaliar a relação clínica entre a forma de aleitamento da criança,
orientação prévia das mães sobre amamentação natural, instalação de
hábitos de sucção não nutritivos e a presença de maloclusões. Neste
estudo, foram examinadas 79 crianças (39 com hábitos de sucção e 40
sem hábitos de sucção), de ambos os gêneros, entre 2 e 5 anos, com a
dentadura
decídua
completa
e
sem
perda
de
tecido
dentário
interproximal, selecionadas de maneira randomizada, que participavam
do Projeto de Bebês da Universidade Federal do Espírito Santo. Apenas
um examinador avaliou as características faciais e oclusais das crianças,
no sentido antero posterior, transversal e vertical. As mães foram
instruídas à responderem um questionário sobre o desenvolvimento da
criança
e
o
grau
de
orientação
prévia
que
receberam
sobre
amamentação natural, hábitos, maloclusões e respiração bucal.
Neste estudo os autores afirmaram que
existe
uma relação
estatisticamente significante entre o prolongamento do aleitamento
materno e a redução da instalação de hábitos de sucção. A orientação
prévia
das
mães
sobre
amamentação
natural
resultou
num
prolongamento no tempo de aleitamento natural, para crianças com e
sem hábitos. Crianças com hábitos tiveram maior risco relativo de
desenvolver maloclusões no sentido vertical, transversal e alterações
antero posterior na relação de caninos. A alteração da relação ântero
posterior dos segundos molares decíduos não mostrou diferença
estatisticamente significante. Os resultados sugerem que o grau de
informação das mães e o prolongamento do período de aleitamento
natural estão diretamente relacionados com a menor incidência de
maloclusões nessa fase do desenvolvimento da criança.
Cavalcanti et al., (2007), realizaram
um
estudo
com o
objetivo de verificar a prevalência de hábitos de sucção nutritivos
(aleitamento natural e artificial)
de
maloclusão
em
e
não nutritivos e
a
presença
pré-escolares brasileiros. Este estudo examinou
342 crianças (196 meninos e
146 meninas) entre 3
idade , em Campina Grande, Brasil.
através de entrevistas com
Os
dados
e
5 anos
foram
de
coletados
as mães das crianças e o exame clínico
realizado por um examinador calibrado.
A prevalência de hábitos
as faixas etárias
estavam
, variando
presentes
história
sucção
70%
em 87%, ,sucção
sucção digital em 7,2%.
tinham
de
de
de
a 77,4%.
de
chupeta
Aproximadamente 84,2%
alimentação
apresentavam maloclusão.
foi elevada
Existiram
em todas
As maloclusões
em
das
84,8% e
crianças
artificial
e
79,9%
diferenças
significativas
delas
entre
as variáveis: hábitos de sucção e presença de maloclusão; tempo
alimentação
natural e presença de
hábitos de
de
sucção; tempo de
alimentação natural e presença de maloclusão; tipo de alimentação e
hábitos de sucção; e tipo de alimentação e
presença de maloclusão
(CAVALCANTI et al., 2007).
Segundo Cavalcanti et al., 2007, a incidência de sucção da
chupeta foi maior do que a de sucção digital entre os pré-escolares
brasileiros.
A freqüência de hábitos de sucção foi mais elevada entre
as crianças com alimentacão artificiall
(80,9%) do que nas crianças
com alimentação natural (70,7%) . A relação entre a presença de
hábitos de sucção e de maloclusão foi estatisticamente significante. A
prevalência de hábitos bucais foi elevada, existindo forte associação
com o tipo de aleitamento e com a presença de maloclusão.
Peres et al., (2007), analisaram a prevalência de oclusopatias e o
efeito da amamentação e dos hábitos de sucção não nutritivos aos seis
anos de idade, na qual foram examinadas e suas mães entrevistadas.
Utilizaram-se os critérios de Foster & Hamilton para a definição dos
desfechos mordida aberta anterior e mordida cruzada posterior.
Informações sobre amamentação e hábitos de sucção não nutritivos
foram coletados ao nascimento, ao primeiro, terceiro, sexto e 12º
meses de vida e aos seis anos de idade. As variáveis de controle
incluíram escolaridade materna, peso ao nascer, perímetro cefálico e
sexo da criança.
A prevalência de mordida aberta anterior foi 46,2% e a de
mordida cruzada posterior foi 18,2%. Presença de hábitos de sucção
não nutritivos entre 12 meses e quatro anos de idade e presença de
sucção digital aos seis anos de idade foram os fatores de risco para a
mordida aberta anterior. Amamentação por menos de nove meses e uso
regular de chupeta entre 12 meses e quatro anos de idade foram os
fatores de risco para mordida cruzada posterior. Identificou-se interação
entre duração da amamentação e uso de chupeta para mordida cruzada
posterior (PERES et al.,2007).
4.DISCUSSÃO
Silva Filho et al., (1986), Monguilhott et al., (2003), afirmaram
que a sucção é um reflexo normal da vida da criança até dois anos de
idade e, esta necessidade diminui à medida que ela amadurece física e
emocionalmente, tendendo a desaparecer antes dos quatro anos de
idade. Cavassani et al.,
(2003), relatam que a sucção é considerada
um hábito nutritivo até três anos de idade e vicioso após esta idade.
Coser et al., (2004), afirmaram que os hábitos de sucção de chupeta
são muito comuns em crianças, porém quando não interrompidos até os
quatro anos de idade podem levar ao desenvolvimento de maloclusões.
Henriquez et al., (2000), Silva (2006), Silva Filho et al., (1986),
concordam que nem sempre o hábito de sucção causa maloclusão, pois
para isso é necessário intensidade e duração prolongada associadas à
predisposição genética do paciente. A gravidade da maloclusão depende
da freqüência, intensidade e duração do hábito (Tríade de Graber),
resistência alveolar e o padrão dentofacial inerente do paciente. Batista
et al., (2004), acreditam que 100% dos casos há existência na
associação dos hábitos com deformidades dentofacial.
Cavassani et al.,
(2003),
Tomita et al., (2000),
sugerem que
medidas de promoção de saúde devem ser alcançadas em crianças de
baixa renda visando os fatores responsáveis pela origem dos hábitos
viciosos de sucção, tais como: educação e alimentação. Bronzi et al.,
(2002), também sugerem que o caso deve ser tratado o mais precoce
possível, primeiro por meio da conscientização tanto da criança quanto
dos pais e, através de métodos preventivos e terapêuticos adequados.
França et al., (2002), sugeriram que o diagnóstico das condições de
saúde
bucal
da
população
é
um
importante
subsídio
para
o
planejamento e a avaliação de ações preventivas de maloclusões.
Silva Filho et al., (1986), afirmaram que um outro aspecto ligado
ao hábito e que deve ser considerado antes mesmo de se pensar na
correção do desvio morfológico do arco dentário é o estado emocional
da criança. Souza et al., (2002), concluíram que os fatores emocionais
são muito importante na etiologia dos hábitos de sucção não nutritivos,
e que devem ser levados em consideração durante o tratamento.
Boni et al., (2000),
Seixas et al., (1998), afirmaram que
aplicando o método de esclarecimento, podemos remover o hábito de
sucção de chupeta e ou mamadeira, sem a necessidade de utilizar
qualquer tipo de recurso ortodôntico, em pacientes de 4 a 6 anos de
idade, acarreta diminuição ou fechamento da mordida aberta anterior.
Estripeaut et al., (1989), afirmaram que se o hábito é abandonado ao
final dos 4 anos de idade, a má oclusão pode ser autocorrigida sem
prejudicar a disposição dos dentes no arco dentário. Tomita et al.,
(2000), relataram que a má oclusão tem caráter autocorretivo quando
cessam os hábitos bucais fisiológicos até 2 a 3 anos de idade, após esse
período há potencial para causar anomalias de oclusão.
Cavalcanti et al., (2007), afirmaram que a freqüência de hábitos
de sucção foi mais elevada entre as crianças com alimentação artificial
do que nas crianças com alimentação natural. A relação entre a
presença de hábitos de sucção e de maloclusão foi significante. A
prevalência de hábitos bucais foi elevada, existindo forte associação
com o tipo de aleitamento e com a presença de maloclusão. Bezerra et
al., (2005), relataram que a duração e o tipo de aleitamento foram
considerados
fatores
predisponentes
para
o
desenvolvimento
de
possíveis hábitos bucais deletérios. Souza et al., (2006), afirmaram que
o grau de informação das mães e o prolongamento do período de
aleitamento natural estão diretamente relacionados com a menor
incidência de más oclusões nessa fase de desenvolvimento da criança.
Mendes et al., (2003), discordam dos autores e defendem que não foi
observada relação entre os tipos de aleitamento com o desenvolvimento
dos hábitos bucais deletérios.
Ozawa et al., (2005), relataram que a incidência dos hábitos orais
foi significamente maior em crianças que tomam mamadeira do que em
crianças que são amamentadas. A chupeta foi mais prevalente em
crianças que tiveram a amamentação interrompida precocemente do
que crianças que tiveram amamentação natural. Valdrigui et al.,
(2004), afirmaram que bebês que receberam aleitamento materno por
mais de 6 meses não possuíram hábitos deletérios. A tendência de
desenvolver uma maloclusão, provocada por hábitos como o de sucção
digital, ou de chupeta é pequena, comprovando mais uma vez que o
aleitamento materno deve ser incentivado. Souza et al., (2004) e
Galvão et al.,
(2006), mostraram que a duração insuficiente do
aleitamento natural está associada à presença de hábitos de sucção em
crianças com dentição decídua completa. Serra-Negra et al., (1997),
constataram que aquelas crianças que nunca receberam aleitamento
materno, ou se fizeram, foi por um período de até um mês,
apresentaram um risco de desenvolver hábitos deletérios sete vezes
maior em relação àquelas que foram amamentadas por um período de,
no mínimo, de 6 meses. Costa et al., (2000), relataram que crianças
portadoras de fissura de lábio e/ou palato amamentadas por um
período de tempo maior tem uma prevalência da presença de hábitos
iniciais de sucção menor em relação às amamentadas por um período
menor.
Bronzi et al., (2002), afirmaram que os hábitos de sucção não
nutritivos podem provocar mordida aberta, devido à quebra do
equilíbrio entre os lábios, bochechas e a língua, e também em função da
presença de uma obstrução mecânica entre os dentes. Maciel & Leite
(2005),
sugerem que o padrão de má oclusão mais prevalente foi a
mordida aberta anterior, que se associou com o padrão de crescimento
vertical da face. Pires et al., (2001) e Leite et al., (1999), constataram
que a mordida aberta anterior está associada à presença de hábitos
deletérios e o tempo de permanência do hábito pode ser considerado
alto. Estripeaut et al., (1989) e Emmerich et al., (2004), relataram que
a duração e a intensidade do hábito de sucção do polegar levará o
paciente a desenvolver hábitos maiores como interposição da língua e a
hiperatividade do músculo mental, causando um aumento da mordida
aberta anterior e/ou posterior.
Warren et al., (2001), Silva Filho et al., (1986), avaliaram que da
somatória de forças em desequilíbrio se origina uma má oclusão como:
mordida
aberta
anterior
circular,
vestíbulo-versão
dos
incisivos
superiores, verticalização dos incisivos inferiores, aumento do trespasse
horizontal, com menos freqüência, a mordida cruzada posterior, às
vezes associada a um palato ogival e, diastemas entre os incisivos
superiores. Kuramae et al., (2005), discordam e mostraram que não
houve diferenças significativamente no ângulo naso labial em relação ao
hábito de sucção de dedo, a maxila e a mandíbula estão bem
posicionadas, em relação à base do crânio e os incisivos superiores
estão bem posicionados.
Cavassani et al., (2003), afirmaram que os hábitos de sucção
trazem conseqüências na morfologia do palato duro, alterações de
posicionamento dentário, movimentação da língua, tendo maior risco de
desenvolvimento de mordida aberta anterior e distúrbios de motricidade
oral. Enquanto que Castelo et al., (2005), afirmaram que os hábitos
parafuncionais, com exceção da deglutição atípica e os hábitos
nutritivos não foram determinantes para a presença de sinais e
sintomas da ATM.
Peres et al., (2007), afirmaram que a amamentação é um fator de
proteção às outras doenças da infância, a abordagem dos fatores de
risco é o meio mais apropriado para a prevenção de mordida cruzada
posterior. Nava et al., (2006), relataram que os hábitos de sucção não
nutritivos acompanhados de rinite alérgica parece ser o mais importante
fator de desenvolvimento de mordida cruzada posterior em crianças até
5 anos de idade. Ogaard et al., (1994), afirmaram que o hábito de
sucção de chupeta é de maior importância para o desenvolvimento da
mordida cruzada posterior.
5. CONCLUSÃO
A revisão de literatura realizada neste trabalho permitiu que se
chegasse às seguintes conclusões:
1. A duração insuficiente do aleitamento natural está associada à
presença de hábitos de sucção não nutritivos em crianças com
dentição decídua completa.
2. A presença de hábitos de sucção foi mais elevada entre crianças
com alimentação artificial do que em crianças com alimentação
natural.
3. Os hábitos de sucção não nutritivos podem provocar alterações no
crescimento e desenvolvimento dento esquelético facial, sendo
caracterizada por uma mordida aberta anterior, vestíbulo-versão
dos incisivos superiores, a retroinclinação dos incisivos inferiores,
diastemas entre os incisivos, palato ogival e mordida cruzada
posterior.
4. O sucesso do tratamento dos hábitos bucais deletérios, portanto,
depende de uma abordagem multidisciplinar, ou seja, de um
acompanhamento de um ortodontista, fonoaudiólogo, e, de
muitas vezes do otorrinolaringologista e do psicólogo, para que se
possa em conjunto, prevenir, detectar e, tratar precocemente as
alterações dentárias.
5. Os hábitos de sucção de chupeta são muito comuns em crianças,
porém quando não são interrompidos até os quatro anos de idade
podem levar ao desenvolvimento de maloclusões.
persistir
após
esta
Se a sucção
idade, frequentemente pode
haver
a
necessidade de intervenção ortodôntica.
6. Um outro aspecto ligado ao hábito e que
deve ser considerado
antes mesmo de se pensar na correção dentária é o estado
emocional
da
criança.
Os
fatores
emocionais
são
muito
importantes na etiologia dos hábitos de sucção não nutritivos, e
que devem ser levados em consideração durante o tratamento.
7. Fatores como, rinite alérgica, sozinhos, não provoca maloclusão
dentária.
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AS CONSEQUÊNCIAS DA SUCÇÃO NÃO NUTRITIVA NO