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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS MULHERES IDOSAS QUE APRESENTARAM
QUEDAS NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE UMA SUPERINTENDÊNCIA
REGIONAL DE SAÚDE
EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF ELDERLY WOMEN WHO HAVE PRESENTED
FALLS IN THE AREA COVERED BY A REGIONAL HEALTH OFFICE
Nathalia Victória Cezar e Silva
Discente do curso de Enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UNILESTE.
[email protected]
Maria Marta Marques de Castro Borges
Graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela UFMG. Especialista em enfermagem em Saúde Pública
pela UFMG. Mestre em Gerontologia pela UCB. Docente do curso de Enfermagem do Centro
Universitário do Leste de Minas Gerais UNILESTE. [email protected].
RESUMO
Com o aumento da população feminina na faixa etária de 60 anos ou mais e a grande prevalência de
quedas nessas pessoas, há uma demanda para os profissionais da área da saúde na definição de
estratégias para a prevenção deste evento. Baseado neste contexto realizou-se uma pesquisa
descritiva de natureza quantitativa, a fim de caracterizar o perfil socio-epidemiológico e demográfico
das mulheres idosas que sofreram quedas, usuárias das Unidades de Saúde da Família de Coronel
Fabriciano/MG correlacionando com as que não sofreram. Os dados foram coletados em quatro
Unidades de Saúde da Família do município, através de um questionário aplicado as mulheres idosas
sobre a ocorrência e característica da queda, nos meses de novembro e dezembro de 2012 e janeiro
de 2013. Utilizou-se o teste qui-quadrado sendo p ≤ 0,05. A população de estudo foi de 743 mulheres
idosas e a amostra foi composta por 205 idosas. Predominou as mulheres idosas na faixa etária de
60 a 69 anos (54,6%), com baixa escolaridade, sendo 47,8% analfabetas e quanto ao estado civil
45,9% eram viúvas. Verificou-se que 50,7% caíram no último ano; 91,7% faziam o uso de
medicamentos; 74% utilizavam anti-hipertensivos e 81% tinham alterações na visão. Os fatores de
risco correlacionados à queda foram o uso de quatro a cinco e a mais de cinco medicamentos com
44,2%; o uso de antidiabéticos com 24,27% e a presença de incontinência urinária com 62,7%.
Encontrou-se que 52,9% das quedas foram no domicílio com 10,28% de ocorrência de fratura.
Evidencia-se a necessidade de aprimoramento das estratégias da equipe com a avaliação
multidimensional e intervenções multifatoriais para a redução do evento na população idosa feminina.
PALAVRAS- CHAVE: Saúde do Idoso. Mulheres. Quedas. Perfil Epidemiológico.
ABSTRACT
With the increase of the female population aged 60 years old or over and a high prevalence of falls in
these people, there is a demand for professionals in the area of health in developing strategies to
prevent these events in order to reach a considerable decrease. Based on this context a descriptive
quantitative research was submitted in order to characterize the epidemiological and sociodemographic profile of elder women who have experienced falls, all of them users of the Family Health
Units from Coronel Fabriciano / MG, correlating with the ones who have not been through such event.
The data was collected in four Family Health Units around the city through a questionnaire applied to
elder women on the occurrence and characteristics of the fall throughout the months of November and
December 2012 and January 2013. The chi-square test with p ≤ 0.05 was used. The studied
population was 743 elder women and the sample consisted of 205 elderly. The majority of these
people were women aged 60-69 years old, 54.6% with low education, 47.8% illiterate and 45.9%
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 1 - Jul./Ago. 2014
1221
widows. It was found that 50.7% of these individuals have fallen in the last year; 91.7% were using
drugs, 74% used anti-hypertensive and 81% had vision changes. However, the risk factors that have
been correlated to the research decrease were the use of four to five and more than five drugs with
44.2%, the use of anti-diabetics with 24.27% and the presence of urinary incontinence with 62.7%. It
was found that 52.9% of these falls happened at home with 10.28% fracture occurrence. The need for
improvement of team strategies with multidimensional assessment and multifactorial interventions to
reduce the event in the elderly female population is highlighted.
KEY WORDS: Health of the Elderly. Women. Falls. Health Profile.
INTRODUÇÃO
Desde a década de 1960 o Brasil vem sofrendo grandes mudanças
demográficas e epidemiológicas. O aumento da longevidade e a rápida queda da
fecundidade nesse período levaram ao acelerado envelhecimento da população
brasileira comparado à europeia.
No Brasil, idoso é o indivíduo com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos
segundo o Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003). A população brasileira em 2009 era de
191,8 milhões de habitantes, e desse total, 21 milhões eram idosos (IBGE, 2010).
Considerando o constante crescimento da população de idosos há
necessidade de adequado conhecimento sobre os problemas que os atingem,
presumindo o aumento progressivo da demanda por serviços de saúde,
determinando aumento considerável dos gastos públicos (IBGE, 2010).
No mundo existe uma proporção maior de mulheres idosas do que de homens,
quando se considera a população total de cada sexo. No Brasil, as mulheres idosas
representaram 55,8% deste seguimento populacional existindo, portanto, um
excedente de mulheres idosas em relação aos homens em idade avançada (IBGE,
2010).
As mulheres idosas estão mais sujeitas a ocorrência de doença de cuidado
prolongado. A adaptação ao processo de envelhecimento traz dificuldades
individuais para as quais cada mulher desenvolve sua própria estratégia. Os
problemas ou mudanças que acompanham ou surgem na etapa da velhice como
doenças crônicas, recursos econômicos insuficientes, necessidades de atenção ou
cuidado são predominantemente, problemas femininos (NERI, 2001). Portanto, o
envelhecimento acarreta o aumento na probabilidade de ocorrência de doenças,
declínio da funcionalidade e de afastamento social. Um dos principais fatores que
acarretam este afastamento são as quedas (SÃO PAULO, 2010).
A queda é definida como “o deslocamento não intencional do corpo para um
nível inferior à posição inicial com incapacidade de correção em tempo hábil,
determinado por circunstâncias multifatoriais comprometendo a estabilidade”
(BUKSMAN et al., 2008, p. 3). Considera-se que a queda é um dos primordiais
problemas desta faixa etária. São eventos que têm chamado a atenção dos
profissionais e pesquisadores da área de gerontologia devido às suas
consequências e a frequência com que ocorrem.
Os dados brasileiros sobre a ocorrência de quedas ainda são poucos e, no
entanto revelam a importância de um maior conhecimento dos fatores causadores
com o objetivo de contribuir para a sua prevenção e diminuir a mortalidade. No Brasil
cerca de 30% dos idosos caem pelo menos uma vez ao ano, e 5 a 10% das quedas
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resultam em fraturas. A frequência das quedas aumenta com a idade e o nível de
fragilidade (PEREIRA et al., 2004).
Os principais fatores de riscos para as quedas podem ser categorizados em
quatro dimensões: biológica, comportamental, ambiental e fatores socioeconômicos.
Os fatores de risco biológico abrangem características dos indivíduos que são
relacionadas ao corpo humano (idade, gênero e raça). Os de riscos
comportamentais incluem os de ações humanas, emoções ou escolhas diárias como
o uso de medicamentos, álcool e o sedentarismo (WHO, 2010).
Os riscos ambientais incluem a condição física dos indivíduos e o ambiente que
os cerca como os problemas domésticos, design de prédios, pisos escorregadios,
calçadas quebradas ou irregulares e iluminação insuficiente. Os socioeconômicos
são relacionados à influência das condições sociais e do status econômico dos
indivíduos, bem como a capacidade da comunidade de enfrentá-los. Esses fatores
incluem a baixa renda, pouca educação, habitações inadequadas, falta de interação
social, acesso limitado ao cuidado de saúde e assistência social em áreas remotas e
falta de recursos da comunidade (WHO, 2010).
Neste contexto, a compreensão de como a queda pode influenciar na
construção da velhice identificando fatores intrínsecos como a diminuição da visão e
audição; sedentarismo; distúrbios músculos esqueléticos; alteração na postura;
alteração de equilíbrio e locomoção; deformidades nos pés e os extrínsecos como
aqueles relacionados ao ambiente em que o idoso interage, em sua casa, locais
públicos e o transporte coletivo.
Portanto, destaca-se a importância de inovação nos modelos assistenciais com
o enfoque na prevenção, na detecção precoce e no tratamento das morbidades
associadas à ocorrência de quedas beneficiando as pessoas idosas, melhorando
sua qualidade de vida e reduzindo os custos com esta ocorrência.
O objetivo desta pesquisa foi caracterizar o perfil sócio epidemiológico e
demográfico das mulheres idosas que sofreram quedas, usuárias das Unidades de
Saúde da Família de Coronel Fabriciano/MG.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva e de natureza quantitativa realizada no
município de Coronel Fabriciano que possuía 6.386 mulheres com idade igual ou
superior a 60 anos (IBGE, 2010) sendo, 743 usuárias das quatro Unidades de Saúde
da Família cadastradas no DATASUS (2011) dos bairros Caladinho, Recanto Verde,
Santa Cruz e Caladão.
A coleta de dados ocorreu nos meses de novembro e dezembro de 2012 e
janeiro de 2013, nas quatro Unidades de Saúde da Família. A amostra foi constituída
por 254 mulheres idosas. As mesmas foram convidadas para participar da pesquisa,
através do Agente Comunitário de Saúde (ACS) de cada microárea sendo realizada
uma palestra sobre a prevenção de quedas.
Como critério de inclusão foram selecionadas as mulheres com 60 anos ou
mais de idade, que compareceram ao local de reunião e que aceitaram participar da
pesquisa. Desta forma obteve-se uma amostra de 205 mulheres idosas. Nesta
pesquisa foi utilizado o programa SPSS, versão 20.
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Na análise dos dados foi utilizado o teste de x2 (qui-quadrado), sendo p ≤ 0,05
para associação das variáveis patologias referidas e o uso de medicamentos com o
evento queda.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário, aplicado
individualmente, elaborado e preenchido pelas pesquisadoras, contendo dados
socio-demográficos e epidemiológicos como a utilização e a quantidade de
medicamentos
considerando
os
agrupamentos:
sedativos/hipnóticos,
antidepressivos, diuréticos, anti-hipertensivos, vasodilatadores, anti-inflamatórios
não esteroides, analgésicos, digitálicos e medicação tópica ocular; a presença de
problemas de saúde; realização de atividade física; relato de queda; hospitalização;
descrição da queda, local e suas consequências.
As recomendações da Resolução 466 de 12 de dezembro de 2012 do
Conselho Nacional de Saúde foram respeitadas de forma a manter os princípios
éticos, o sigilo e o anonimato (BRASIL, 2013). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê
de Ética do Unileste sob o parecer nº 56.305.12 de 19/09/2012.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na TAB 1 observam-se os dados socio-demográficos das idosas pesquisadas,
apontando que 54,6% (112) estavam na faixa etária de 60 a 69 anos e que 50,48%
(53) da mesma faixa etária apresentaram quedas no último ano. Em relação às de
70 a 79 anos, 38,83% (40) caíram em contrapartida com 29,41% (30) que não
caíram. Tais resultados foram inferiores ao de Aguiar e Assis (2009) na faixa etária
de 70 a 79 anos (52%).
As causas das quedas em pessoas idosas são variadas e comumente estão
associadas e sabe-se que com o avanço da idade há aumento da vulnerabilidade
em especial das mulheres nesta faixa etária. As variáveis que podem justificar esta
ocorrência estão além da idade mais avançada a diminuição da força de preensão, a
quantidade de fármacos utilizados e a redução da frequência de atividades externas
(FABRÍCIO; RODRIGUES; COSTA JÚNIOR, 2004).
Em relação ao estado civil, 45,9% (94) eram viúvas e dessas 41,74% (43)
apresentaram quedas. Quanto à escolaridade a maioria das idosas pesquisadas era
analfabeta sendo no total 47,8% (98) e dessas 48,54% (51) caíram; 42% (86) das
idosas pesquisadas possuíam ensino fundamental incompleto, sendo que 42,71%
(44) caíram e 41,17% (42) não caíram. Observou-se que tanto para o estado civil
quanto para a escolaridade os percentuais não apresentaram diferenças
significativas para a ocorrência de quedas.
Constata-se na pesquisa uma baixa escolaridade para os dois grupos sendo
os dados semelhantes aos do IBGE (2010) para as mulheres idosas.
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TABELA 1- Dados sócio-demográficos das mulheres idosas pesquisadas cadastradas nas Unidades
de Saúde da Família do Caladão, Caladinho, Recanto Verde e Santa Cruz, Coronel Fabriciano/MG,
2013.
Variáveis
Caíram
N
%
Não caíram
N
%
Total
N
%
Faixa Etária (anos)
60 a 69
53
50,48
59
58,82
112
54,60
70 a 79
40
38,83
30
29,41
70
34,10
80 a 89
09
8,73
12
11,76
21
10,20
≥90
02
1,94
0
0
02
1,00
Total
104
100,00
10
44
9,70
41,74
43
07
0
104
41,74
6,79
0
100,00
Analfabeta
Ensino Fundamental Completo
51
05
48,54
4,85
47
08
47,05
6,86
98
13
47,80
6,30
Ensino Fundamental Incompleto
44
42,71
42
41,17
86
42,00
Ensino Médio Completo
02
1,94
03
2,94
05
2,40
Ensino Médio Incompleto
01
0,97
0
0
01
0,50
01
0,98
02
1,00
101 100,00
205 100,00
Estado Civil
Solteira
Casada
Viúva
Divorciada
Não Informou
Total
04
38
3,92
38,23
51
50,00
07
6,86
01
0,98
101 100,00
14
82
6,80
40,00
94 45,90
14
6,80
01
0,50
205 100,00
Escolaridade
Ensino Superior
Total
FONTE: Dados da pesquisa
01
0,97
104
100,00
101 100,00
205 100,00
Na TAB. 2 no que se refere ao uso de medicamentos observou-se que 91,7%
(188) das idosas pesquisadas relataram fazer o uso e 91, 26% (95) dessas idosas
apresentaram quedas.
Não houve diferença estatística quanto ao uso de medicamentos e a queda,
assim como observado por Fabrício; Rodrigues e Costa Júnior (2004).
No entanto, para a quantidade de medicamentos houve diferença estatística
com o evento queda, sendo que 44,4% usavam de quatro a cinco e mais de cinco
medicamentos, assim como Siqueira et al. (2007), no qual observaram uma
correlação de quedas com maior número de medicações referidas de uso contínuo.
A polifarmácia pode influenciar na queda devido à possibilidade de associação
entre elas com efeitos colaterais ou que o uso de vários medicamentos pode indicar
um maior comprometimento na condição de saúde da pessoa idosa. Portanto, cabe
ao profissional realizar uma avaliação criteriosa da pessoa idosa, para que a
prescrição seja feita considerando suas reais necessidades (FABRÍCIO;
RODRIGUES; COSTA JÚNIOR, 2004).
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Os medicamentos mais utilizados foram os anti-hipertensivos com um
percentual de 74% entre as mulheres idosas. Destas 71,8% caíram e 76,5% não
caíram (p>0,05). Em relação aos medicamentos antidiabéticos o valor de p foi
significativo (0,021) para a queda na amostra estudada em relação às idosas que
faziam uso destes com percentual de 24,27%.
Destaca-se o acompanhamento deste grupo populacional considerando a
racionalização da prescrição e a correção de doses e de combinações inadequadas
para contribuir para a prevenção da ocorrência de queda (PEREIRA et al., 2004).
Quanto à atividade física, 78,5% das idosas não praticavam sendo que 80,5%
delas apresentaram quedas e 75,9% não apresentaram o evento no último ano. O
valor de p (0,34) encontrado não foi significativo para a ocorrência de quedas nas
mulheres idosas desta pesquisa. Sabe-se que a prática da atividade física regular
tem sido associada à diminuição na prevalência de doenças crônicas não
transmissíveis e na redução do declínio da capacidade funcional.
O exercício moderado pode melhorar o equilíbrio, a mobilidade e o tempo de
reação e ainda aumentar a densidade mineral óssea nas mulheres após a
menopausa e nas pessoas com mais de 70 anos reduzindo a ocorrência de fraturas.
Portanto, é uma prática que pode reduzir o risco de quedas e de suas
consequências.
TABELA 2 - Correlação do uso de medicamentos e a prática de atividade física com o evento queda
das mulheres idosas pesquisadas nas Unidades de Saúde da Família do Caladão, Caladinho,
Recanto Verde e Santa Cruz, Coronel Fabriciano/MG, 2013.
N
Caíram
%
N
95
09
104
91,26
8,73
100,00
93
08
101
92,15
7,84
100,00
188
17
205
91,70
8,30
100,00
0,849
13
40
21
21
95
13,70
42,10
22,10
22,10
100,00
20
50
16
07
93
21,50
53,80
17,20
7,50
100,00
33
90
37
28
188
17,55
47,87
19,68
14,90
100,00
0,017
75
29
104
71,84
28,15
100,00
77
24
101
76,47
23,52
100,00
152
53
205
74,00
25,90
100,00
0,500
25
79
104
24,27
75,72
100,00
13
88
101
12,74
87,25
100,00
38
167
205
18,53
81,47
100,00
0,021
20
84
104
19,41
80,58
100,00
25
76
101
24,50
75,49
100,00
45
160
205
21,95
78,50
100,00
0,340
Variáveis
Medicamentos
Sim
Não
Total
Quantidade de
medicamento diário
1
2a3
4a5
Mais de 5
Total
Anti-hipertensivo
Sim
Não
Total
Antidiabético
Sim
Não
Total
Atividade Física
Sim
Não
Total
FONTE: Dados da pesquisa
Não Caíram
%
N
Total
%
Valor de
p
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 1 - Jul./Ago. 2014
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Em relação à TAB. 3 identificou-se as patologias referidas pelas idosas sendo
problemas de visão com percentual de 82% (168), dessas 83,7% (87) apresentaram
queda no último ano; 74,1% (152) relataram hipertensão (HA) e 50,3% (77)
informaram a ocorrência de queda; 53,7% (110) problema de coluna; 24,9% (51)
incontinência urinária (IU) e artrite.
O déficit sensorial é considerado como fator de risco para quedas e, no entanto
não houve correlação segundo o valor de p encontrado para as alterações visuais.
Esta situação também foi identificada na pesquisa de Aguiar e Assis (2004).
A Hipertensão Arterial é uma morbidade crônica frequente na população idosa
e sabe-se que pode contribuir para a queda. Nesta pesquisa não apresentou valor
de p que apontasse correlação com o evento no grupo de mulheres idosas da
pesquisa.
Em relação à IU o valor de p (0,048) foi significativo para a ocorrência de
quedas na amostra estudada. A IU é um fator de risco potencialmente modificável
principalmente para mulheres idosas da comunidade, conforme apontado no
relatório de São Paulo (2010). Portanto durante a avaliação da pessoa idosa nas
Unidades de Saúde da Família investigar os sinais e sintomas desta condição e
estabelecer intervenção adequada pode reduzir a predisposição ao evento queda.
TABELA 3 - Patologias referidas pelas mulheres idosas pesquisadas nas Unidades de Saúde da
Família do Caladão, Caladinho, Recanto Verde e Santa Cruz, Coronel Fabriciano/MG, 2013.
Variáveis
Caíram
N
Problema de
visão
Sim
Não
Total
Hipertensão
Sim
Não
Total
Problema de
coluna
Sim
Não
Total
Artrite
Sim
Não
Total
Incontinência
urinária
Sim
Não
Total
%
Não Caíram
N
%
Total
N
%
Valor de
p
87
17
104
83,70
16,30
100,00
81
20
101
80,20
19,80
100,00
168
37
205
82,00
18,00
100,00
0,520
77
27
50,30
51,90
76
25
49,70
48,10
152
53
74,10
25,90
0,842
104
100,00
101
100,00
205
100,00
59
45
104
53,60
47,40
100,00
51
50
101
46,40
52,60
100,00
110
95
205
53,70
46,30
100,00
0,371
29
75
104
56,90
48,70
100,00
22
79
101
43,10
51,30
100,00
51
154
205
24,90
75,10
100,00
0,312
32
72
104
62,70
46,80
100,00
19
82
101
37,30
53,20
100,00
51
154
205
24,90
75,10
100,00
0,048
FONTE: Dados da pesquisa
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste, V. 7 - N. 1 - Jul./Ago. 2014
1227
A TAB 4 refere-se às quedas relatadas pelas idosas, sendo que 50,7% (104)
das pesquisadas apresentaram pelo menos uma queda no último ano e 35,57% (37)
precisaram de atendimento médico após o evento. Tais dados foram menores do
que o encontrado por Aguiar e Assis (2009).
A maioria das quedas aconteceu no domicílio conforme relatado por 52,9% (55)
das mulheres idosas e 44,73% (51) tiveram os membros inferiores como a região
atingida. A fratura ocorreu em 10,28% (11) dos casos sendo uma de fêmur. Das
mulheres idosas que caíram 39,25% (42) relataram que não apresentaram nenhuma
consequência do evento.
O domicílio também foi considerado como o local de maior ocorrência na
pesquisa de Fabrício; Rodrigues e Costa Júnior (2004) e apontado no relatório
Vigilância e Prevenção de Quedas do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2010).
Segundo Pereira et al. (2004), as quedas resultam em fraturas em 5% dos
casos e nesta pesquisa o percentual foi maior. Considera-se que são diversos os
fatores envolvidos incluindo o sedentarismo das mulheres idosas pesquisadas.
Quanto aos fatores extrínsecos do ambiente domiciliar, 61,53% (64) delas
informaram que tem escadas em casa, 96,15% (100) não tem corrimão no banheiro,
76% (80) não possuem tapetes antiderrapantes.
Os fatores extrínsecos podem levar a queda da pessoa idosa no próprio
domicilio e devem ser investigados nas visitas domiciliares incluindo a capacitação
do Agente Comunitário de Saúde para esta investigação (BRASIL, 2000; SÃO
PAULO, 2010). As modificações ambientais melhoram a segurança do domicílio
sendo essenciais na prevenção de quedas (STUDENSK; WOLTER, 2002; SÃO
PAULO, 2010; WHO, 2010).
TABELA 4 – Dados do evento queda encontrados nas mulheres idosas pesquisadas nas Unidades de
Saúde da Família do Caladão, Caladinho, Recanto Verde e Santa Cruz, Coronel Fabriciano/MG,
2013.
Variáveis
Frequência Percentual
Queda
Sim
104
50,70
Não
101
49,30
Total
205
100,00
Atendimento médico
Sim
Não
Total
37
67
104
35,58
64,42
100,00
Local de ocorrência das quedas
Domicílio
Quintal
Via pública
Hospital
Unidade de Saúde
Total
55
20
26
0
03
104
52,90
19,20
25,00
0
2,90
100,00
Consequência
Dor
Edema
Escoriações
16
15
12
14,95
14,02
11,22
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TABELA 4 – Dados do evento queda encontrados nas mulheresidosas pesquisadas nas Unidades
de Saúde da Família do Caladão, Caladinho, Recanto Verde e Santa Cruz, Coronel
Fabriciano/MG, 2013 (CONTINUAÇÃO)
Variáveis
Frequência Percentual
Fraturas
Fratura de fêmur
Nenhuma
Outras
Total de ocorrências
10
01
42
11
107
9,35
0,93
39,25
10,28
100,00
Escada
Sim
Não
Total
64
40
104
61,53
38,47
100,00
Corrimão no Banheiro
Sim
Não
Total
04
100
104
3,85
96,15
100,00
Tapete Antiderrapante
Sim
Não
Total
24
80
104
24,00
76,00
100,00
FONTE: Dados da pesquisa
Considerando os diversos fatores associados à ocorrência de quedas a
abordagem deve ser multidimensional realizada por equipe capacitada segundo
Perracini e Ramos (2002), e as intervenções multifatoriais podem contribuir para a
redução do evento em pessoas idosas da comunidade mesmo para aqueles que não
apresentam fatores de risco. As intervenções incluem os exercícios físicos, a
correção da visão e dos riscos ambientais, revisão sistemática de medicamentos,
tratamento das patologias e aconselhamento sobre prevenção de quedas
(BUKSMAN et al., 2008; SÃO PAULO, 2010).
CONCLUSÃO
Evidenciou a colaboração de fatores para a ocorrência do evento, como o uso
de mais de quatro medicamentos, o uso dos antidiabéticos e a presença da
incontinência urinária.
Tendo o conhecimento dos fatores relevantes a atuação da equipe de saúde
deve ser direcionada para intervir de forma adequada às necessidades destas
mulheres para a prevenção da queda.
A Equipe de Saúde da Família é a mais adequada para identificar o evento
queda considerando as visitas domiciliares da equipe e o agente comunitário pode
identificar os fatores de risco possibilitando uma intervenção em tempo hábil.
A utilização de estratégias como palestras para a população idosa, a formação
de grupos de terceira idade contando com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família
contribuem para diminuir e evitar o evento queda e suas consequências. E ainda, as
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orientações quanto às modificações no domicilio, os cuidados no período pós-alta
hospitalar direcionados aos que apresentam fatores de risco associados.
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