A vida noturna nas capitais europeias
costuma ser frenética. Mas já ouvi
relatos de que a noite de Paris, por
exemplo, não seria a mesma sem a
presença de imigrantes africanos,
um povo que acopla espontaneamente componentes lúdicos aos canais de
entretenimento. Como as fronteiras
da Europa estão se tornando cada vez
mais restritas ao acesso de imigrantes, você acha que a noite europeia
corre riscos?
Não concordo. A vida noturna da Europa tem vários tipos de agentes motivadores. Sim, um prefeito da noite tem
de ter cuidado para não se concentrar
apenas na maioria branca e abastada.
No caso de Amsterdã, a maioria das
pessoas que saem à noite pertence ao
grupo mencionado acima. Essa é a maneira como elas usam o tempo livre.
Mas a vida noturna é muito mais que
isso. Pense em todo o talento criativo
que se desenvolveu por meio da vida
noturna: fotógrafos, designers, DJs,
VJs, músicos e produtores. Eu, por
exemplo, comecei há dez anos organizando festas num pequeno clube noturno. Depois de um tempo, percebi
que era realmente bom em descobrir
jovens talentos. Meu trabalho, hoje, é
organizar grandes festas, desfiles de
moda e festivais culturais. Acho que
muito pode ser aprendido com isso.
Acho ainda que a noite é o lugar ideal
para experimentar e descobrir gente
criativa. A origem social não é um fator
impeditivo. Claro que entendo que isso
pode ser mais difícil em outros contextos.
Em São Paulo, uma nova tendência é o
uso de espaços públicos para eventos
culturais e artísticos. Isso envolve
questões de transgressão e demandas políticas. Tendo em conta que o
seu papel é mediar os produtores
culturais e a prefeitura, a fim de evitar conflitos de interesse, você acha
que entretenimento noturno e ativismo resultam em uma antinomia? Ou
os dois são complementares?
Acho que as intervenções que acontecem nos espaços públicos em São Paulo
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Não concordo. A vida noturna da Eu