Mimetizando a Sepse: Síndrome hemofagocítica após infecção por
Mycobacterium tuberculosis. Relato de caso em um adulto imunocompetente
com evolução para SDRA
Introdução: A síndrome hemofagocítica (SHG) ocorre por uma desregulação
do sistema imune, caracterizando-se por proliferação e ativação excessiva de
macrófagos, levando à fagocitose de plaquetas, eritrócitos, linfócitos e seus
precursores. A SHG é caracterizada por febre, linfadenopatia,
hepatoesplenomegalia, citopenias e aumento dos níveis de ferritina sérica.
Relatamos o caso de um paciente do sexo masculino, previamente hígido, com
diagnóstico de SHG associada à infecção por Mycobacterium tuberculosis.
Materiais e métodos: Revisão de prontuário e de estudos radiológicos.
Resultados: Homem, 32 anos, personal trainer, há 4 meses com febre,
chegando a 40°C, com vários picos diários, enfartamento ganglionar nas
cadeias cervical, supraclavicular esquerda, inguinal e axilar associada à perda
de peso, anorexia, astenia, dispneia, dor pleurítica e tosse seca. Foi
inicialmente diagnosticado com uma síndrome viral, porém, após sete dias foi
internado numa UTI. Na admissão havia sinais de insuficiência respiratória
aguda e pneumonia grave, com aumento de LDH, ferritina, triglicerídios, CPK e
PCR. A TC de tórax documentou opacidade em vidro fosco e áreas de
consolidação nas bases pulmonares. Iniciou-se VNI e terapia antimicrobiana
(cefepima, levofloxacina, anfotericina B, cotrimoxazol), além de corticoterapia.
Após 24 horas de tratamento intensivo houve manutenção da febre diária, piora
da saturação de O2 (P/F=86) com necessidade de VM. A TC de abdome
constatou hepatoesplenomegalia. Os testes sorológicos para CMV, EBV, HIV,
e culturas foram negativas. O estudo do líquor foi normal. Devido à linfopenia e
plaquetopenia desde a internação, solicitou-se aspirado de medula óssea, cujo
resultado confirmou a presença de histiócitos com hemofagocitose. O
histopatológico da biópsia do linfonodo supraclavicular demonstrou linfadenite
granulomatosa com necrose e células gigantes de Langhans, positivo para
BAAR. A cultura do fragmento ganglionar em meio Lowenstein-Jensen e
sistema MGIT demonstrou Mycobacterium complexo tuberculosis, com
identificação de Mycobacterium tuberculosis por análise molecular. Após o
diagnóstico de tuberculose, iniciou-se o esquema RIPE e o paciente evolui
satisfatoriamente. Conclusão: A associação entre SHG com tuberculose é rara
e havendo apenas 41 casos relatados na literatura entre os anos de 1984 e
2014.
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