16/11/2015 Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica Refrigerantes Refrigerante Pode ser definido como uma substância que serve como meio de transporte de calor, absorvendo calor a baixa temperatura e rejeitando calor a temperaturas mais elevadas. Comercialmente: Dependente das faixas de temperatura e pressão em que opera; Aspectos relacionados à segurança da instalação e dos operadores; Atualmente, também, os impactos ambientais para o meio. 1 16/11/2015 Refrigerante Diversos refrigerantes foram utilizados desde os primórdios da refrigeração, como por exemplo: Éter sulfúrico (1830s); Éter metílico (1840s); Álcool etílico (1856); Amônia/Agua (1859); Dióxido de carbono (1866); Amônia – R-717 (1860s); Dióxido de enxofre – R-764 (1875); Cloreto de metila – R-40 (1878); Tetracloreto de carbono e vapor d’água – R-718 (1912); Isobutano – R-600a e propano – R-290 (1920s); Etc. O início O grande salto da refrigeração foi dado em 1928 com a busca de um refrigerante seguro e estável, não tóxico, não corrosivo ou inflamável e com características adequadas para operar em sistemas compactos. Esse trabalho foi desenvolvido por Thomas Midgley com sua equipe. Essa descoberta originou uma nova empresa, resultante da união da DuPont e da General Motors, chamada Kinetic Chemicals Inc., quando foi registrada, então, a marca Freon ©. Thomas Midgley Jr. (1889-1944) e Charles F. Kettering. 2 16/11/2015 O Problema ambiental Durante os anos 70 do século passado, cientistas demonstraram através de experimentos realizados em laboratórios a existência de uma relação direta entre a destruição da camada de ozônio e o uso de compostos CFC pela indústria, não só de refrigerantes, mas como propelentes de aerossóis, agentes expansores de espumas, etc. Mario J. Molina F. Sherwood Rowland O Problema ambiental 3 16/11/2015 O Problema ambiental Imagens de satélite disponíveis a partir do final dos anos 70s. O Protocolo de Montreal Impactos projetados das substâncias destruidoras da camada de ozônio e as reduções previstas sob o Protocolo de Montreal e suas emendas. Fonte: World Meteorological Organization, Scientific Assesment of Ozone Depletion: 1998. 4 16/11/2015 O Problema ambiental Valores de tempo de vida na atmosfera, ODP e GWP de alguns refrigerantes. O Problema ambiental 10 5 16/11/2015 TEWI – Total Equivalent Warming Impact 11 TEWI – Total Equivalent Warming Impact ( [ ]) TEWI = (GWP ⋅ L ⋅ n ) + GWP ⋅ m 1 − α re cov ery + (n ⋅ Eanual ⋅ β ) 14243 1444 14 4244 3 424444 3 Vazamentos Perdas na recuperação Consumo de energia onde GWP é o potencial de aquecimento global; L é a taxa de vazamentos por ano, em kg; n é o tempo de operação do sistema, em anos; m é a carga de refrigerante, em kg; αrecovery é o fator de reciclagem; Eanual é o consumo de energia por ano, em kWh e β é a emissão de CO2 por kWh, dependente de um mix-energético. Taxas de vazamentos anuais em supermercados na Suécia. 6 16/11/2015 LCCP– Life Cycle Climate Performance O LCCP considera além da TEWI o GWP de todas as emissões do gás e o CO2 equivalente produzido pelos processos de fabricação, transporte e outros. 13 Eco-Eficiência Mesmo que o TEWI seja um indicador dos efeitos de aquecimento global produzidos pelos sistemas de refrigeração durante sua vida útil, aspectos ecológicos e econômicos não são considerados. De um ponto de vista técnico, a redução do impacto ambiental de qualquer sistema envolve frequentemente questões de custo, enquanto que sistemas de baixo custo são propensos a produzir maiores danos ambientais. 7 16/11/2015 Origem dos halogenados toxicidade inflamabilidade Origem dos halogenados Triângulos representando os refrigerantes da série metano e etano. Relação entre inflamabilidade, toxicidade e tempo de vida na atmosfera em função da composição dos refrigerantes 8 16/11/2015 Refrigerant Number Chemica l Formula a Chemical Name a ,b Molecula r Massa Normal Boiling Point , a ° C Safet y Group Met hane Series 11 Trichlorofluoromethane CCl3F 137.4 24 A1 12 Dichlorodifluoromethane CCl2F2 120.9 –30 A1 12B1 Bromochlorodifluoromethane CBrClF2 165.4 –4 CClF3 104.5 –81 A1 CF4 88.0 –128 A1 13 14 Chlorotrifluoromethane Tetrafluoromethane (carbon tetrafluoride) 21 Dichlorofluoromethane CHCl2F 102.9 9 B1 22 Chlorodifluoromethane CHClF2 86.5 41 A1 23 Trifluoromethane CHF3 70.0 –82 A1 CH2Cl2 84.9 40 B2 30 31 Dichloromethane (methylene chloride) CH2ClF 68.5 –9 32 Difluoromethane (methylene fluoride) CH2F2 52.0 –52 A2 40 Chloromethane (methyl chloride) CH3Cl 50.4 –24 B2 41 Fluoromethane (methyl fluoride) CH3F 34.0 –78 CH4 16.0 –161 50 Chlorofluoromethane Methane A3 17 Table 1. Refrigerant Data and Safety Classifications Refrigerant Number Chemical Namea,b Chemical Formula a Molecular Massa Normal Boiling Point, a °C Safety Group Ethane Series 113 1,1,2-trichloro-1,2,2trifluoroethane CCl2FCClF2 187.4 48 A1 114 1,2-dichloro-1,1,2,2tetrafluoroethane CClF2CClF2 170.9 4 A1 115 Chloropentafluoroethane CClF2CF3 154.5 –39 A1 116 Hexafluoroethane CF3CF3 138.0 –78 A1 123 2,2-dichloro-1,1,1trifluoroethane CHCl2CF3 153.0 27 B1 124 2-chloro-1,1,1,2tetrafluoroethane CHClFCF3 136.5 –12 A1 125 Pentafluoroethane CHF2 CF3 120.0 –79 A1 134a 1,1,1,2-tetrafluoroethane CH2FCF3 102.0 –26 A1 141b 1,1-dichloro-1fluoroethane CH3CCl2 F 117.0 32 142b 1-chloro-1,1difluoroethane CH3CClF2 100.5 –10 A2 18 9 16/11/2015 Table 2. Data and Safety Classifications for Refrigerant Blends Refrigerant Number Composition (Mass % ) Composition Tolerances Safety Group 401A R-22/152a/124 (53.0/13.0/34.0) (±2/+0.5,–1.5/±1) A1 401B R-22/152a/124 (61.0/11.0/28.0) (±2/+0.5,–1.5/±1) A1 401C R-22/152a/124 (33.0/15.0/52.0) (±2/+0.5,–1.5/±1) A1 402A R-125/290/22 (60.0/2.0/38.0) (±2/±0.1,–1/±2) A1 402B R-125/290/22 (38.0/2.0/60.0) (±2/±0.1,–1/±2) A1 403A R-290/22/218 (5.0/75.0/20.0) (+0.2,–2/±2/±2) A1 403B R-290/22/218 (5.0/56.0/39.0) (+0.2,–2/±2/±2) A1 404A R-125/143a/134a (44.0/52.0/4.0) (±2/±1/±2) A1 407A R-32/125/134a (20.0/40.0/40.0) (±2/±2/±2) A1 407B R-32/125/134a (10.0/70.0/20.0) (±2/±2/±2) A1 19 Refrigerantes halogenados • Propriedades termodinâmicas favoráveis; • Elevada estabilidade química quando estiver operando dentro do sistema e baixa estabilidade química fora do sistema; • Não ser tóxico; • Não ser inflamável; • Compatibilidade com o óleo de lubrificação do compressor; • Compatibilidade adequada com os materiais do sistema de refrigeração; • Ser de fácil detecção; • Não oferecer perigo ao meio ambiente; • Disponível comercialmente a custo razoável. 10 16/11/2015 Desempenho dos refrigerantes O ciclo de refrigeração: R-717 R-744 Tcr, °C 133,0 31,1 PC, kPa 1.167 7.214 QE/v, kJ/m3 2.168 7.998 COP 4,77 2,69 Efeito da temperatura crítica na capacidade e no COP Desempenho dos refrigerantes Efeito do calor específico molar na capacidade e no COP 11 16/11/2015 Desempenho dos refrigerantes Entropia normalizada s* = s − slo svo − slo Desempenho dos refrigerantes Pressão de saturação em função da temperatura 12 16/11/2015 Classificação dos refrigerantes (Ansi/Ashrae Standard 34-1992) Compostos halogenados: a número de átomos de flúor no composto; b número de átomos de hidrogênio +1; c número de átomos de carbono -1. RExemplo: CHClF2 a 2 b 1+1=2 c 1-1=0 R-22 Classificação dos refrigerantes (Ansi/Ashrae Standard 34-1992) Compostos inorgânicos: dióxido de carbono, amônia, água, ar, etc. Designação numérica: 7+ peso molecular Exemplo: NH3 7 + [(1x14)+(3x1)]=717 Compostos orgânicos: mesma designação numérica que os halogenados. Exemplo: CH3CH2CH3 a 0 b 8+1=9 c 3-1=2 R-290 13 16/11/2015 Classificação dos refrigerantes (Ansi/Ashrae Standard 34-1992) Misturas azeotrópicas: em ordem cronológica crescente do seu aparecimento adicionada ao algarismo 5. Exemplo: R-502, R-503, etc. Mistura azeotrópica é aquela que não pode ser separada de seus componentes por destilação. Comportam-se como uma substância pura. Classificação dos refrigerantes (Ansi/Ashrae Standard 34-1992) Misturas não azeotrópicas: em ordem cronológica crescente do seu aparecimento adicionada ao algarismo 4. Exemplo: R-402A, R-410A, etc. Ponto de orvalho Ponto de ebulição Mistura não azeotrópica é aquela que apresenta um comportamento típico das misturas, isto é, variações de temperatura para pressões constantes além de mudança de composição das fases líquido e vapor. 14 16/11/2015 Classificação dos refrigerantes (Ansi/Ashrae Standard 34-1992) Novos refrigerantes F3C Propeno 1234yf CH3CH=CH2 C CF3CF=CH2 CH2 F F 30 15 16/11/2015 Novos refrigerantes Figura 7.17. Exemplo de designação numérica HFO-1234ze(E) e HFO-1234ze(Z). Figura 7.16. Exemplo de designação numérica HFO-1234yf. 31 Ciclo de Lorentz para misturas T T refrigerante refrigerante FTC FTC FTC FTC refrigerante refrigerante S S 32 16 16/11/2015 Propriedades Comparação Parâmetros importantes, considerando TC = 30 °C e TE = -15 °C a) Pressões de evaporação e de condensação, pela sua importância conforme comentado anteriormente; b) Relação entre pressões. Quanto menor essa relação melhor é o rendimento volumétrico do compressor, além de reduzir o trabalho de compressão; c) Efeito de refrigeração, caracterizado pela diferença entre as entalpias do refrigerante na entrada e na saída do evaporador, determinando a vazão mássica de refrigerante no circuito para uma dada capacidade de refrigeração; d) Efeito de refrigeração volumétrico, QE/v1. Quanto maior esse efeito, menor será a taxa de deslocamento necessária para o compressor e, consequentemente, menor será o tamanho do compressor em relação às suas dimensões; 17 16/11/2015 Comparação Parâmetros importantes: e) Trabalho de compressão volumétrico, Wm/v1, que representa o trabalho necessário para comprimir um volume unitário de vapor, isentropicamente e está relacionado com a potência necessária para acionar um compressor de dadas dimensões e velocidade; f) Título, x4, está de alguma forma associado às irreversibilidades durante o processo de expansão; g) O coeficiente de performance, COP, por sua relação com o consumo de energia no sistema para uma dada capacidade de refrigeração. Efeito das propriedades na perda de pressão no evaporador 36 18 16/11/2015 Velocidade do som Para um gás ideal, a velocidade do som é dada pela equação: cideal = λRT M Assim, a velocidade aumenta para refrigerantes com baixo peso molecular (M). A -10 °C, a velocidade do som do R-717 é igual é igual a 397,5 m/s enquanto que para o R-134a é igual a 146,9 m/s e para o R-410A igual a 143,4 m/s. Isso significa que velocidades elevadas podem ser utilizadas em tubos e válvulas sem incorrer em elevadas perdas de pressão. Da mesma forma acontece no projeto do compressor, onde as perdas de eficiência associadas com as válvulas de sucção e descarga são muito menores para o R-717 do que para os demais refrigerantes. Como desvantagem dessa propriedade, o orifício do dispositivo de expansão para controlar o fluxo de refrigerante é muito pequeno, o que dificulta o uso do R-717 para sistemas de baixa capacidade. 37 Segurança Classe A: compostos cuja toxicidade não foi identificada; Classe B: compostos com evidências identificadas de toxicidade. Classe 1: não se observa propagação da chama; Classe 2: baixa a média inflamabilidade; Classe 3: elevada inflamabilidade; Classe A2L e B2L: em implantação, associadas em função da velocidade da chama < 10 cm/2. 19 16/11/2015 Segurança Correlação entre velocidade da chama vs. mínima energia de ignição (MIE) Segurança Refrigerante Classe Refrigerante Classe R-11 A1 R-500 A1 R-12 A1 R-502 A1 R-22 A1 R-290 A3 R-134a A1 R-600a A3 R-401 A1 R-717 B2 R-410a A1 R-744 A1 20 16/11/2015 Segurança 41 Parâmetros para escolha de um refrigerante Figure 1 42 21 16/11/2015 Compatibilidade com materiais Metais: não se recomenda o uso de magnésio, zinco ou ligas de alumínio contendo mais que 2% de magnésio para halogenados. Em sistemas com amônia, não deve ser utilizado o cobre, latão e outras ligas de cobre; Elastômeros: refrigerante + óleo lubrificante podem alterar as propriedades físicas ou químicas de elastômeros. Recomenda-se ver informações sobre compatibilidade com os fabricantes; Plásticos e vernizes: o efeito do refrigerante sobre plásticos diminui com a redução do número de átomos de cloro na molécula (ou com o aumento do número de átomos de F). Recomenda-se testes de compatibilidade. Idem para o caso de vernizes. Relação com os lubrificantes Funções: lubrificação das partes móveis, resfriamento e também a vedação entre as regiões de alta e baixa pressão (caso dos compressores parafuso); Minerais e sintéticos: As funções do óleo em um compressor, além da lubrificação das partes móveis, são o resfriamento e, em alguns casos, a vedação entre as regiões de alta e baixa pressão, como nos compressores parafuso. Dois tipos básicos são encontrados: os minerais com suas diversas composições e os sintéticos. Desses, destaca-se os álquil benzenos, os glicóis poli alcalinos, conhecidos como PAG e os ésteres poliólicos, conhecidos como POE. Os óleos minerais caracterizam-se por três composições básicas: naftênicos, parafínicos e aromáticos. 22 16/11/2015 Relação com os lubrificantes A miscibilidade (solubilidade) com o refrigerante é uma característica importante para garantir o adequado retorno do óleo ao cárter do compressor em circuitos que operam com refrigerantes halogenados. A amônia e o CO2 apresentam reduzida solubilidade nos óleos minerais de forma que, em sistemas industriais, a coleta do óleo acumulado nas regiões baixas (fundo de separadores de líquido) deve ser prevista para o seu retorno ao compressor. Relação com os lubrificantes Os refrigerantes HFCs, caracterizados por moléculas polares, não são compatíveis com os óleos minerais (não polares) e os álquil benzenos. Óleos sintéticos compatíveis com esses refrigerantes, POEs e PAGs, caracterizam-se por sua elevada higroscopicidade, o que prejudica o seu manuseio. Esses óleos tendem a concentrar significativas quantidades de água quando expostos ao ar podendo, com isso, causar problemas ao circuito como corrosão e formação de placas de cobre em locais inadequados. Os PAGs tendem a se oxidar e são sensíveis a contaminantes contendo cloro, como resíduos de R-12, por exemplo. Esses óleos são largamente utilizados em sistemas de ar condicionado automotivo. Na indústria frigorífica, os óleos POE têm sido muito utilizados para operação com os HFCs. São menos higroscópicos que os PAGs mas tem tendência à hidrólise além se serem incompatíveis com alguns elastômeros. 23 16/11/2015 Qualidade dos refrigerantes Os refrigerantes devem apresentar elevada pureza, acima de 99,5%. Qualquer tipo de contaminação poderá originar sérios riscos aos sistema e ao operador. R-415b comercializado em embalagem de R-134a 47 Qualidade dos refrigerantes 48 24 16/11/2015 Qualidade dos refrigerantes 49 Qualidade dos refrigerantes 50 25 16/11/2015 Qualidade dos refrigerantes 51 Qualidade dos refrigerantes 52 26 16/11/2015 53 Refrigerantes secundários 27 16/11/2015 Refrigerantes secundários Solução aquosa com cloreto de de sódio. Refrigerantes secundários - salmouras 28 16/11/2015 Refrigerantes secundários - glicóis Refrigerantes secundários - glicóis Solução aquosa com etileno glicol. 29 16/11/2015 Refrigerantes secundários - glicóis Solução aquosa com propileno glicol. 30