INTRODUÇÃO A osteoporose e o diabetes mellitus são problemas de saúde pública mundial. A prevalência de diabetes dobrará no mundo entre os anos de 2000 e 2030. No Brasil, a prevalência de diabetes no ano de 2000 foi de 4,6 milhões, estimando-se em 11,3 milhões em 2030 (WHO, 2003). No último estudo multicêntrico de prevalência de diabetes mellitus na população urbana brasileira, com idades de 30 a 69 anos, a prevalência foi de 7,6% no Brasil e de 6,4% na população da cidade de Recife, Pernambuco, Brasil (MALERBI et al., 1992). As fraturas osteoporóticas são importante causa de morbidade e mortalidade, além de redução na qualidade de vida. As fraturas osteoporóticas foram estimadas, no mundo, em 9,0 milhões, sendo 1,4 milhões de fraturas vertebrais clínicas (JOHNELL et al., 2006). As fraturas vertebrais são as complicações mais comuns da osteoporose, ocorrendo em cerca de 20% das mulheres na pós-menopausa (O’NEILL et al., 1996), sendo que frequentemente não são diagnosticadas por serem, em sua maioria, assintomáticas. Assim, permanecem sem tratamento e a osteoporose progride. A presença de fratura vertebral, mesmo uma assintomática diagnosticada incidentalmente por radiografia, é fator de risco para novas fraturas vertebrais e não-vertebrais e, está associada a aumento na morbidade e mortalidade, além estar associada à redução na qualidade de vida. No nosso serviço, a prevalência de fraturas vertebrais morfométricas em mulheres na pós-menopausa não-diabéticas foi de 37%, sendo 87,5% destas fraturas assintomáticas e a prevalência de osteoporose foi de 28,8% em coluna lombar e de 18,8% em colo do fêmur em mulheres na pós-menopausa não-diabéticas O conhecimento da epidemiologia da osteoporose e das fraturas vertebrais em mulheres na pós-menopausa portadoras de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é importante, pelo diabetes e a osteoporose serem importantes causas de incapacidade e grandes contribuintes nos custos econômicos mundiais. A relação entre diabetes, osteoporose e fraturas é complexa e permanece não bem definida. Os portadores de DM2 apresentam aumento na densidade mineral óssea (DMO) e no risco de fraturas (VESTERGAARD, 2007). Assim, o DM2 tem sido sugerido como fator de risco independente para fraturas, sobretudo em mulheres na pósmenopausa, sendo este risco independente da DMO (YAMAMOTO et al., 2009). Os efeitos do DM2 na osteoporose e nas fraturas osteoporóticas permanecem desconhecidos, com estudos demonstrando associação de alguns fatores clínicos e metabólicos do DM2 e de algumas das suas complicações crônicas com fraturas osteoporóticas. Os estudos acerca do risco de fraturas em mulheres na pós-menopausa portadoras de DM2, em sua maioria, analisaram fraturas clínicas e não-vertebrais, sendo escassos estudos sobre fraturas vertebrais morfométricas nessa população (YAMAMOTO et al., 2007; YAMAMOTO et al., 2009), além dos estudos de prevalência de osteoporose em diabéticos também serem escassos (AL-MAATOUQ et al., 2004; ANAFOROGLU et al.,2009). No Brasil, não há dados sobre osteoporose e fraturas vertebrais morfométricas em mulheres na pós-menopausa portadoras de DM2, além de não existirem estudos avaliando os fatores do DM2 nas fraturas vertebrais. Este estudo se propõe a estimar a prevalência de fraturas vertebrais morfométricas e identificar os fatores clínicos e metabólicos do DM2 e as complicações crônicas desta doença, verificando a associação com as fraturas vertebrais morfométricas, em mulheres na pós-menopausa portadoras de DM2 atendidas em centro de referência da rede SUS do Brasil, além de estimar a prevalência de osteoporose nesta população. Assim, este estudo se propõe a ajudar no conhecimento da epidemiologia das fraturas vertebrais e da osteoporose em mulheres na pós-menopausa diabéticas, auxiliando na conduta clínica desta população. A população de mulheres portadoras de DM2 atendidas no Hospital Agamenon Magalhães, centro de referência no atendimento de diabéticos, reflete a população de diabéticos acompanhados na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil. O artigo “Prevalência de fraturas vertebrais morfométricas em mulheres na pósmenopausa portadoras de diabetes mellitus tipo 2 e sua relação com duração da doença e complicações crônicas” contempla todos os objetivos desta dissertação de mestrado, a qual faz parte da linha de pesquisa em Doenças do Metabolismo Ósseo do Curso de Mestrado em Ciências da Saúde da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco. Este artigo será submetido à publicação no periódico Osteoporosis International.