Imprimir () O Estrategista 27/06/2013 - 17:38 Postado por: André Rocha Seção: Análise de ações Dividendo é importante, mas não é tudo – o caso brasileiro Estudos com ações americanas mostram que nem sempre as ações com os melhores “dividend yields” são aquelas que apresentam melhor retorno. Levantamento da gestora Canepa Asset Brasil chega à conclusão semelhante para as ações integrantes do Ibovespa. O post “Dividendo é importante, mas não é tudo (http://www.valor.com.br/valor-investe/oestrategista/3177572/dividendo-e-importante-mas-nao-e-tudo-%E2%80%93-o-casobrasileiro)”, de 24/06/13, mostrou que as razões para o bom desempenho das ações vão além de um elevado retorno com dividendos. Estudo do Credit Suisse para as ações integrantes do S&P 500 indicou que se deve observar também o “payout ratio” (a relação entre dividendos distribuídos e o lucro). Segundo o levantamento, os investidores privilegiam ações que combinam elevado “dividend yield” com baixo “payout ratio”. A análise da Canepa Asset Brasil envolvendo ações brasileiras também concluiu que a melhor carteira não é a que apresenta o maior “dividend yield”. A gestora dividiu o índice Ibovespa em 10 carteiras por ordem decrescente de “dividend yield”, cada uma composta por seis a sete papéis, e calculou o retorno de cada carteira entre 2007 e 2012, sendo a rentabilidade composta do ganho ou perda de capital (cotação final da ação menos a cotação inicial) e o “dividend yield”. A carteira 1 é a que detém as ações de maior retorno com dividendos e a carteira 10 com as de menor ganho. Cada ação possui o mesmo peso na carteira. A carteira 1, concentrada em ações do setor de telecomunicações e elétrico, teve desempenho de 71,6% no período, inferior ao das carteiras 2,3 e 4. A carteira 4 foi fortemente influenciada pela performance das ações de Hering (HGTX3), que subiram cerca de 3.000% no período e distorceram o resultado. Segundo Alexandre Póvoa, sócio da Canepa, as carteiras 2 e 3 foram as mais balanceadas devido ao excelente retorno e à maior diversificação setorial - fumo, financeiro, energia elétrica, concessões, papel, bebidas e saneamento. O estudo conclui que as carteiras de dividendos não podem ser vendidas como aplicações tradicionais. Por exemplo, a carteira 1 apresentou volatilidade de 16% ao ano e uma rentabilidade de IPCA + 3,73% ao ano. Outro ponto destacado pelo estudo é que um maior “dividend yield” projetado não necessariamente se reflete em um melhor desempenho da ação. Por quê? Os preços das ações com maior “dividend yield” tiveram, em regra, queda recente. Com isso, o investidor deve fazer a seguinte pergunta: o declínio do preço da ação foi decorrente de mudança estrutural no setor de atuação, devido a problemas inerentes à própria companhia (/sites/default/files/images/dividend_yield.jpg) ou a aspectos meramente conjunturais? A resposta definirá se vale ou não a pena ter a ação na carteira. Além disso, como já falei em posts anteriores, as empresas, além de remuneram seus acionistas, não podem se descuidar de investimentos produtivos sob pena de comprometer o crescimento dos lucros. Em resumo, a escolha das ações que comporão seu portfólio, leitor, vai muito além de se observar apenas os dividendos projetados.