t i m e n t o . Mas não h á que contemporizar, n e m as q u e s t õ e s de s e n t i m e n t o i n t e r e s s a m à ciência. A s m o d e r n a s d e s c o b e r t a s s o b r e a crist a l i z a ç ã o d o s u l t r a - v i r u s , e as d e s c o b e r t a s j á m a i s v e l h a s ( e m u i t o d i s c u t i d a s , confess e m o s ) , d e o r g a n i t o s v i v o s n o i n t e r i o r das r o c h a s g r a n í t i c a s (Dr. Gralippe e M . Souffland-1921) t e n d e m c a d a v e z m a i s a suprim i r o « h i a t u s » q u e s e p a r a os seres v i v o s d o s c o r p o s i n a n i m a d o s , e com e s t a s u p r e s são o v i t a l i s m o r e c e b e o seu g o l p e de mis e r i c ó r d i a . J á hoje n ã o p o d e dizer-se, como C u é n o t , q u e «no e s t a d o a c t u a l d a ciência d e v e m o s c o n s i d e r a r a V i d a c o m o u m fenóm e n o c o n t i n u o e a u t ó n o m o » , m a s sim q u e , n o e s t a d o a c t u a l d a ciência, t u d o l e v a a crer q u e a V i d a n ã o seja « q u a l q u e r coisa d e a b s o l u t a m e n t e original» ( c o m o p a r a os v i t a l i s t a s ) , e q u e h á t o d a s as p r o b a b i l i d a d e s de a s s i s t i r m o s , m a i s t a r d e ou m a i s c e d o , ao modus faciendi do fenómeno V i d a . H o j e , em face d e s t a q u e s t ã o , a a t i t u d e do sábio n ã o p o d e ser senão de e s p e c t a t i v a : Quanto ao finalismo, perguntamos: quem nos autoriza a supormos u m a entid a d e « n a t u r e z a » , com p r e d i c a d o s i d ê n t i c o s à e n t i d a d e «homem» ? F a ç a m o s u m raciocínio a n á l o g o ao dos finalistas (teleogenesistas, v á lá, p a s s e ) . Com a m e s m a a u t o r i d a d e c o m q u e C u é n o t diz q u e a a s a do m o r c e g o é feita p a r a o v ô o , p o d e m o s n ó s dizer q u e os v a l e s são feitos p a r a os rios, p a r a q u e os rios c o r r a m n e l e s . J á a l g u é m se a t r e v e u a dizer u m a tal coisa ? N o e n t a n t o os dois raciocínios são i d ê n t i c o s . T a n t a lógica h á n u m como n o o u t r o . A m e s m a lógica ( p e r i g o s a l ó g i c a ) p o d e l e v a r - n o s m a i s l o n g e : d i r e m o s , com os final i s t a s , q u e o m o r c e g o v o a p a r a c a ç a r os i n s e c t o s d e q u e se a l i m e n t a ; e d i r e m o s q u e m e os r i o s c o r r e m n o s v a l e s p a r a que as á g u a s n ã o se e s p a l h e m . N o p r i m e i r o c a s o , o m o r cego v ô a p a r a se a l i m e n t a r e p a r a q u e n ã o m o r r a ; para que haja morcegos; no segundo caso, os rios c o r r e m n o s v a l e s p a r a q u e haja r i o s . S e r i a ridículo c o n t i n u a r t a i s raciocínios lógicos, m a s a v e r d a d e ó q u e o finalismo no-los a u t o r i z a . Dir-nos-ão q u e a n a t u r e z a m o r t a é u m a , e o u t r a a n a t u r e z a v i v a ; e q u e só e s t a t e m desígnios. E ' mais u m a arbitrariedade que nada, absolutamente nada autoriza. O r a c i o n a l i s m o m o d e r n o n ã o p o d e , de m o d o a l g u m , d e i x a r de c o m b a t e r o final i s m o , sob p e n a de se c o n d e n a r a si p r ó p r i o . O finalismo n ã o ó a p e n a s i n ú t i l : é p e r n i c i o s o , e «dizer t o d o o mal q u e e s t a t e o r i a p o u d e fazer à ciência, ó i m p o s s í v e l n e s t a s p o u c a s linhas» ( L a b e r e n n e ) . Parece impossível que tenha subsistido a t é ao p r e s e n t e n o e s p í r i t o de c e r t o s h o m e n s d e ciência ( C u é n o t , e n t r e t a n t o s o u t r o s ) . Belot, n o s « E n s e i g n e m e n t s de la c o s m o g o nie m o d e r n e » (1932), t e m e s t a s p a l a v r a s v e r d a d e i r a m e n t e d i g n a s de B e r n a r d i m d e Saint-Pierre: « O h o m e m foi o ú l t i m o dos s e r e s v i v o s a a p a r e c e r sobre a t e r r a p a r a q u e n ã o fosse v í t i m a d o s c a t a c l i s m o s sofridos pelo p l a n e t a n a s c e n t e . . . e p u d e s s e g o s a r e m p a z as r i q u e z a s a c u m u l a d a s e concentradas n a s eras primitivas ( h u l h a , p e t r ó l e o , filões metalíferos n a s p r e g a s m o n tanhosas).» E q u e o finalismo r a d i c a - s e n u m vício do p e n s a r cujas o r i g e n s r e m o n t a m aos alvor e s da i n t e l i g ê n c i a h u m a n a : o a n t r o p o m o r fismo da n a t u r e z a , e o e g o c e n t r i s m o . B e m diz o n o s s o P r o f e s s o r A b e l S a l a z a r : «temos, t o d o s , de r e a p r e n d e r a p e n s a r (1). (1) «Síntese» n.° 3, pág. 1.