4. RODOVIAS SOB GESTÃO TERCEIRIZADA Uma das mais profundas modificações ocorridas na política de gestão das rodovias brasileiras refere-se à ampliação do Programa Federal de Concessões Rodoviárias, implantado a partir de 1993. Este programa consiste, basicamente, na delegação, à iniciativa privada, dos direitos e deveres para explorar e administrar determinado trecho de uma rodovia. A terceirização da gestão de rodovias, na verdade, não é uma exclusividade do governo federal e nem mesmo se trata de um fenômeno recente, uma vez que o estado de São Paulo já utiliza este sistema há várias décadas. Mais recentemente, estados como o Rio Grande do Sul e o Paraná também passaram a utilizar, em maior escala, programas de concessões em suas respectivas malhas rodoviárias estaduais. Este novo sistema de gestão alterou significativamente as características viárias nos trechos concedidos, apresentando melhorias perceptíveis nas condições operacionais de toda a infraestrutura, sobretudo quando comparados àqueles sob gestão estatal. Assim, verifica-se que a cobrança de pedágios gera os recursos que permitem a eficiente manutenção do pavimento, da sinalização e também da engenharia das vias. Diante deste novo cenário, a Pesquisa Rodoviária CNT passou a considerar, a partir de 2001, as rodovias sob gestão terceirizada como componentes de um grupo distinto daquele formado pelas ligações até então pesquisadas. Esta alteração foi necessária para que estas realidades tão diversas não conduzissem a distorções nos resultados finais. O objetivo desta divisão foi, portanto, garantir que a qualidade das avaliações da Pesquisa Rodoviária permaneça intacta, para que ela continue sendo um canal independente de avaliação, inclusive desta nova realidade de parte de nossas rodovias. Das 75 ligações avaliadas pela Pesquisa Rodoviária CNT 2002, que totalizam 47.103 Km de extensão, 21 possuem trechos que estão sob gestão terceirizada e que perfazem, ao todo, 4.978 km de extensão. Tais trechos, contudo, permanecem no corpo das ligações da Pesquisa para que possa ser mantida a comparabilidade da série histórica das edições anteriores. A análise conjunta destes trechos não causou variações significativas nos resultados, conforme apresentado no Relatório Gerencial da Pesquisa Rodoviária de 2001. Em 2002, além destes trechos, foram inseridos no escopo da Pesquisa 22 grupos de rodovias concedidas, que são objeto de análise desta seção. A Tabela 14 mostra os grupos de rodovias concessionadas pesquisados em 2002, que acumularam 4.927 Km. Tabela 14: Ligações e Rodovias Concessionadas Pesquisadas em 2002 Ligação Nome da Ligação Rodovia KM P01 Cotia - Itararé SP-127 - SP-258 - SP-270 335 P02 São Paulo - Itajaí - Espírito Santo do Turvo SP-255 - SP-280 354 P03 Engenheiro Miller - Jupiá SP-209 - SP-300 445 P04 São Paulo - Limeira SP-348 144 P05 Sorocaba - Cascata - Mococa SP-075 - SP-340 - SP-342 - SP-344 312 P06 Limeira - São Jose do Rio Preto SP-310 304 P07 Barretos - Bueno De Andrade SP-326 134 P08 SP-255 -SP-318 - SP-334 - SP-345 238 P09 Araraguara - São Carlos - Franca-Itapuã São Carlos-S. João Boa Vista-S. Jose Rio Pardo SP-215 - SP-350 150 P10 Campo do Coxo - Eleutério SP-191 - SP-352 95 P11 Rio Claro - Itapetininga SP-127 141 P12 Piracicaba - Moji-Mirim SP-147 96 P13 Tiete - Jundiaí SP-300 95 P14 Bauru - Itirapina SP-225 145 P15 Ribeirão Preto - Borborema SP-333 131 P16 P17 Catanduva - Taquaritinga - Ribeirão Preto São Paulo - São Vicente (Imigrantes/Anchieta) SP-322 - SP-323 - SP-325 - SP-328 - SP351 217 SP-041 - SP-150 - SP-160 124 P18 Campinas - Jacareí SP-065 148 P19 São Paulo - Taubaté 120 P20 Trechos agrupados no PR P21 P22 Trechos agrupados no RJ Trechos agrupados no RS SP-070 376 - PR-090 - PR-323 - PR-376 PR-407 –PR-445 - PR-508 BR-101 - Linha Amarela - RJ-116 RJ-164 - RJ-165 - RJ-124 BR-471 - RS-020 - RS-040 - RS-115 - RS-122 RS-784 - RS-235 - RS-453 - RS-128 - RS-129 RS-130 - RS-153 - RS-453 333 246 620 4.927 Durante o planejamento da pesquisa, pôde-se observar a existência de trechos de pequena extensão, sob gestão estatal, entre os diversos trechos delegados à iniciativa privada. Esta característica prevalece principalmente nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná, que possuem as maiores malhas concedidas. De forma a permitir a conexão da malha concedida em locais em que há grande número de concessionárias distintas em uma mesma região, foram considerados na análise das rodovias sob gestão terceirizada os pequenos trechos de ligação sob gestão estatal, que corresponderam a 490 Km. Os estudos estatísticos executados para a inclusão comprovaram que não há variações significativas nos resultados, o que balizou esta escolha. Assim, temos que a extensão total avaliada pela Pesquisa Rodoviária CNT 2002 foi de 52.030 Km, conforme mostra a Tabela 15, sendo 42.615 Km controlados pela União e pelos Estados e 9.415 Km concedidos à iniciativa privada. Tabela 15: Extensão Total Avaliada em 2002 Sisterma de Gestão Tipo de Ligação Normal Sob Gestão Terceirizada Total Pública Terceirizada 42.125 Km 490 Km 4.978 Km 4.437 Km Total 47.103 Km 4.927 Km 42.615 Km 9.415 Km 52.030 Km De acordo com dados da ABCR 1 relativos a setembro de 2002, a extensão total de rodovias concedidas em operação totaliza 9.507,81 Km. A Pesquisa Rodoviária de 2002 aferiu 9.415 Km de rodovias sob gestão terceirizada, o que corresponde, portanto, a uma cobertura de 99,02% de toda a malha concedida. O estado geral de conservação das rodovias concedidas reflete bem as grandes diferenças em relação a grande parte das rodovias sob gestão do poder público. Os percentuais de avaliação Péssima, por exemplo, aparecem de forma residual (0,4%) apenas na avaliação da sinalização. São destaques os elevados percentuais classificados como Ótimo no pavimento (72,6%) e também na sinalização (94,2%). O destaque negativo é o percentual de trechos com deficiência no quesito Engenharia (48,2%), embora bem menor que o percentual classificado como Deficiente nas outras 75 ligações avaliadas em 2002 (89,1%). Desta forma, em relação ao Estado Geral, verifica-se que 89,3% da extensão avaliada foi classificada como Ótima ou Boa, 10,5% classificada como Deficiente e apenas 0,2% como Ruim. 4.1. Estado Geral das Rodovias Concedidas Tabela 16: Estado Geral das Rodovias Concessionadas Estado Geral Extensão Avaliada Km % Ótimo 1.983 40,2 Bom 49,1 1 ABCR _ Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias Deficiente 10,5 Ruim 0,2 Bom Deficiente Ruim Total 2.417 519 8 4.927 49,1 10,5 0,2 100,0 4.2. Estado de Conservação do Pavimento Tabela 17: Estado de Conservação do Pavimento das Rodovias Concessionadas Pavimento Extensão Avaliada Km % Ótimo 3579 72,6 Bom 1115 22,6 Deficiente 209 4,2 Ruim 24 0,6 Total 4.927 100,0 Bom 22,6% Deficiente 4,2% Ruim 0,6 Ótimo 72,6% 4.3. Estado de Conservação da Sinalização Tabela 18: Estado de Conservação da Sinalização das Rodovias Concessionadas Sinalização Extensão Avaliada Km % Ótimo 4.640 94,2 Bom 213 4,3 Deficiente 50 1,0 Ruim 6 0,1 Péssimo 18 0,4 Total 4.927 100,0 Ótimo 94,2% Bom 4,3% Deficiente 1,0% Ruim 0,1% Péssimo 0,4% 4.4. Características de Engenharia Tabela 19: Características de Engenharia das Rodovias Concessionadas Engenharia Extensão Avaliada Deficiente Km % 48,2% Ótimo 2.246 45,6 Bom 191 3,9 Deficiente 2.373 48,2 Ruim 117 2,4 Total 4.927 100,0 Ruim 2,4% Bom 3,9% Ótimo 45,6%