Aprender a pensar, não (apenas) a executar Debate Portugal e o relatório do PISA Maria Amélia Martins-Loução a publicação do quinto volume do relatório do PISA, verifica-se que Portugal está na média dos países da OCDE. No entanto, os estudantes portugueses são ágeis em planear e a executar, mas não a questionar, pensar alternativas. Falta-lhes e experimentar capacidade de trabalho autónomo, curiosidade para colocar questões, saber Após partilhar o seu conhecimento em grupo e de uma competências necessárias ao desenvolvimento cidadania activa. E isto adquire-se com métodos de aprendizagens activas. Durante este período de crise económica, o crescimento deve estar mais dependente de investimentos em melhores práticas pedagógicas, autonomia das escolas e incentivos aos docentes do que em trabalho burocrático. A experiência que o Jardim Botânico do Museu Nacional de História Natural e da Ciência Universidade de Lisboa e o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra obtiveram nos últimos três anos com a oferta de oficinas de formação sobre a aplicação do método de aprendizagem activa (IBSE - Inquiry Based Science Education) no ensino da biodiversidade, permitiu o lançamento de um documento estratégico dividido - - em duas partes: (i) uma mensagem política, dirigida a entidades responsáveis pelo ensino, pais, encarregados de educação e instituições de ensino, com propostas que permitam medir o sucesso educativo; (ii) medidas estratégicas com metas a serem implementadas a médio/longo prazo (vide www.inquirebotany.org/pt). A mensagem política. Repensar a educação com vista a melhores práticas de ensino. 1. Clarificar o significado de aprendizagem activa. Importa treinar docentes e incentivar a sua formação a título individual e a nível das comunidades escolares, aumentando a reflexão sobre a sua própria aprendizagem e as suas práticas lectivas. A metodologia IBSE estimula os estudantes a desenvolver os seus conhecimentos epistemológicos, competências sociais e, simultaneamente, a compreensão sobre a complexidade da ciência. 2. Estabelecer pontes entre educação formal e informal. Há evidências concretas e comprovadas de que a educação informal, desde que concebida deforma planeada e adequada, oferece excelentes oportunidades de aprendizagem, particularmente por permitir a ligação a conteúdos lectivos dados em sala de aula. 3. Envolver a comunidade e as famílias em todo o processo de aprendizagem. O envolvimento de um público alargado num projecto educativo requer um sistema educativo que privilegie a formação contínua dos professores e a melhoria da relação entre escola e associação de pais, comunidade científica e cultural. E isto implica maior autonomia das escolas. 4. Valorizar o papel dos educadores. Aos monitores, guias ou educadores dos espaços de aprendizagem fora da sala de aula, enquanto "comunicadores de saberes", deve-lhes ser conferido profissional e de mérito. As medidas estratégicas Identificação de objectivos (três) e metas (dez) centrais à reforma educativa. reconhecimento - Objectivo 1: Métodos educacionais 1. "Motivação dos estudantes" como indicador As práticas de aprendizagem informal, saídas de campo, visitas guiadas a museus, jardins botânicos devem ser estimuladas porque podem levara aprendizagens mais intensas e sistemáticas sobre o mundo real de "melhor sucesso". As escolas necessitam de trocar experiências de como motivar os estudantes e promover a sua criatividade. 2. Promoção e divulgação do trabalho de investigação individual de cada estudante. O sistema educativo deve ser reorientado de modo a conferir competências aos estudantes no saber colocar questões científicas e a incentivar a comunicação de resultados. 3. Repercussões sociais da educação. As escolas devem ter papel relevante a nível local e regional para estimular a cidadania e o envolvimento da comunidade, envolvendo os estudantes e as suas famílias no processo de aprendizagem e no progresso educativo. 4. Aprendizagem activa. O estímulo de metodologias mais estimulantes e pedagógicas intelectualmente diversificadas pode levar à criação de novas ideias, à melhoria da literacia científica e a hábitos de cidadania activa entre os jovens. Objectivo 2: Autonomia das escolas 5. Aumento de responsabilidades. As escolas devem estimular os docentes a desenvolver metodologias pedagógicas inovadoras desde que previamente autorizadas. planeadas, justificadas e posteriormente 6. Quebrar de barreiras entre disciplinas. As escolas devem encorajar a troca de conhecimentos e experiências pedagógicas entre docentes e motivar a partilha e interacção de conteúdos científicos. de pais. O 7. Interacção escola/associação planeamento escolar deve ser apresentado no início de cada ano aos pais, promovendo a discussão aberta dos problemas e vantagens das opções tomadas. Objectivo 3: Aprendizagens diversificadas 8. Estimular uma aprendizagem autónoma. As escolas e os docentes devem estimular a aprendizagem autónoma dos estudantes. Os estudantes devem ser treinados a questionar e a pensar por si. 9. Aprendizagem formal. Ao promover a metodologia IBSE como conceito, os docentes aumentam as competências dos estudantes e envolvemnos numa actividade investigativa. 10. Aprendizagem informal. As práticas de aprendizagem informal, saídas de campo, visitas guiadas a museus, jardins botânicos devem ser estimuladas porque podem levar a aprendizagens mais intensas e sistemáticas sobre o mundo real. Estas medidas estratégicas necessitam de ser implementadas a nível regional e nacional. Isto implica a sua discussão ampla entre as instituições de ensino e a vontade política de a incorporar em programas e iniciativas educativas. Professora universitária