ECOTOXICOLOGIA O que é a Ecotoxicologia? A Ecotoxicologia foi definida por Truhaut (1969) e mais tarde por Butler (1978) como “o ramo da Toxicologia que estuda os efeitos tóxicos das substâncias, naturais e artificiais, artificiais sobre os organismos vivos, animais ou vegetais, aquáticos ou terrestres, que constituem a biosfera”. O esquema que se apresenta a seguir estabelece uma relação de paralelismo entre a Toxicologia e a Ecotoxicologia (actualmente denominada Toxicologia Ambiental) Ambiental) no que se refere aos organismosorganismos teste utilizados, à extrapolação dos resultados e aos objectivos a atingir. Qual a importância da Ecotoxicologia A análise ecotoxicológica permite detectar a toxicidade da amostra como um todo, todo avaliando os efeitos itos combinados dos diferentes constituintes da amostra, enquanto, a análise química permite apenas quantificar as substâncias isoladas presentes numa amostra. amostra. Este facto reveste-se reveste da maior importância no caso das descargas de águas residuais, residuais que apresentam tam uma grande complexidade, e em que o efeito global pode não corresponder à adição dos efeitos dos diferentes componentes presentes podendo ser sinergístico stico (superior à adição dos valores de toxicidade dos diferentes constituintes analisados isoladamente) isoladamente) ou antagónico (inferior à adição dos valores de toxicidade dos diferentes constituintes analisados isoladamente). isoladamente O que é um teste ecotoxicológico O teste ecotoxicológico mede os efeitos de diferentes concentrações de uma amostra em indivíduos de uma determinada espécie. A concentração de efeito-CE50 ou a concentração letal CL-50 corresponde à concentração da amostra responsável pelo efeito em 50 % dos organismos testados. Estes testes podem ser agudos ou crónicos, consoante a sua duração e o efeito observado. No caso dos testes agudos o efeito avaliado relaciona-se com as taxas de mortalidade, de imobilização ou de inibição do crescimento e quanto mais baixo for este valor, mais elevada é a toxicidade da amostra, o que muitas vezes conduz a interpretações erróneas dos resultados obtidos. Deste modo, começou a utilizar-se a UT (Unidade de Toxicidade) que corresponde a (1/CE50*100) para expressão dos resultados. Os testes ecotoxicológicos podem ser realizados utilizando organismos aquáticos ou terrestres consoante o tipo de estudo a realizar. Estes estudos podem ser elaborados ao nível do indivíduo, da população, da comunidade e até, do ecossistema, podendo, nalguns casos prolongar-se durante vários anos. No processo de avaliação da toxicidade é de realçar a necessidade de realização de uma bateria de testes com organismos pertencentes a vários níveis tróficos diferentes uma vez que estes organismos possuem uma sensibilidade diferente aos vários tipos de tóxicos. Exemplos de organismos utilizados nos testes ecotoxicológicos Bactéria Vibrio fischeri O Vibrio fischeri é uma bactéria marinha não patogénica, que emite luz naturalmente. O metabolismo deste organismo é afectado por baixas concentrações de tóxicos, afectando a intensidade da luz emitida. Quanto mais elevada for a toxicidade, maior é o grau de inibição da produção de luz. Microcrustáceos Daphnia magna A Daphnia magna é um microscrustáceo de água doce, pertencente à Ordem Cladocera, vulgarmente denominada de “pulga de água” devido ao seu estilo de natação que se assemelha a pequenos “saltos”. Em condições favoráveis este organismo reproduz-se por partenogénese (reprodução assexuada) mas em condições ambientais adversas a reprodução é sexuada e dá origem a ovos resistentes – efípia. Thamnocephalus platyurus O Thamnocephalus platyurus é um microcrustáceo de água doce, pertencente à Ordem Anostraca. Algas Algas Pseudokirchneriella subcapitata A Pseudokirchneriella subcapitata (anteriormente designada por Rhaphidocelis subcapitata e Selenastrum capricornutum) é uma microalga unicelular, de água doce, pertencente à Ordem Chlorococcales. Planta superior Lemna minor A Lemna minor é uma planta superior, de água doce, aquática e flutuante, pertencente ao grupo das Angiospérmicas. sendo a sua designação mais comum a de lentilha-de-água. Diferencia-se das outras espécies do Género Lemna devido ao tamanho reduzido das suas folhas. Vantagens dos testes de toxicidade • • • • • Fornecem uma estimativa dos efeitos letais e sub-letais Medem a toxicidade quando o agente tóxico não é identificado quimicamente Podem fornecer um sinal de alarme ou prever os potenciais danos ambientais Contabilizam os efeitos das misturas tóxicas podendo um efluente quimicamente complexo ser avaliado genericamente como um único poluente Os resultados destes testes são mais facilmente compreendidos e aceites pelos industriais e público, em geral. Limitações dos ensaios de toxicidade • • • A substância tóxica não é identificada Nos ensaios são apenas utilizadas algumas espécies das muitas presentes nos ecossistemas Os organismos–testes não são expostos a situações de stress durante a realização do ensaio uma vez que não ocorre variabilidade natural dos factores ambientais. Em conclusão, refere-se a importância da complementaridade das abordagens biológica e química, uma vez que a realização conjunta de bioensaios e de análises químicas no processo de identificação da toxicidade permite, por vezes, identificar componentes tóxicas não analisadas quimicamente, os “poluentes-mistério”