UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
LIDIANE NAZARÉ DA SILVA DIAS
“ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DOS INDICADORES DO GLOBAL
REPORTING INITIATIVE NOS RELATÓRIOS SOCIAIS EM
EMPRESAS BRASILEIRAS”
Rio de Janeiro, RJ - Brasil
2006
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1
LIDIANE NAZARÉ DA SILVA DIAS
“ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DOS INDICADORES DO GLOBAL
REPORTING INITIATIVE NOS RELATÓRIOS SOCIAIS EM
EMPRESAS BRASILEIRAS”
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da
Faculdade de Administração e Ciências Contábeis
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para
cumprimento parcial das exigências para o título de
Mestre em Ciências Contábeis.
Orientadora: Profa. Monica Zaidan Gomes Rossi, Dra. – FACC/UFRJ
Co-orientador: Prof. José Ricardo Maia de Siqueira, Dr. – FACC/UFRJ
Rio de Janeiro, RJ - Brasil
2006
2
FICHA CATALOGRÁFICA
DIAS, LIDIANE NAZARÉ DA SILVA
Análise da Utilização dos Indicadores do Global Reporting
Initiative nos Relatórios Sociais em Empresas Brasileiras / Lidiane
Nazaré da Silva Dias. Rio de Janeiro: FACC/UFRJ, 2006.
180 p.
Dissertação – Mestrado
Bibliografia.
1. Balanço Social I. Faculdade de Administração e Ciências
Contábeis da UFRJ.
3
LIDIANE NAZARÉ DA SILVA DIAS
“ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DOS INDICADORES DO GLOBAL
REPORTING INITIATIVE NOS RELATÓRIOS SOCIAIS EM
EMPRESAS BRASILEIRAS”
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da
Faculdade de Administração e Ciências Contábeis
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para
cumprimento parcial das exigências para o título de
Mestre em Ciências Contábeis.
Aprovada por:
______________________________________________
Profa. Monica Zaidan Gomes Rossi, Dra. – FACC/UFRJ
______________________________________________
Prof. José Ricardo Maia de Siqueira, Dr. – FACC/UFRJ
______________________________________________
Prof. Raimundo Nonato Sousa Silva, Dr. – IBMEC
______________________________________________
Prof. Ruthberg dos Santos, Dr. – UFRRJ
Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 2006.
4
À minha querida e amada mãe Graça,
exemplo de dedicação, caridade e amor.
Ao meu pai Antônio, exemplo de simplicidade
e perseverança.
Aos
meus
irmãos
Lindalva,
Fernando,
Christiano, Juliana e Ramiro, por nossa história de
vida.
E ao meu amigo Rone, pela dedicação e
paciência.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por fazer parte de minha vida, por ter me dado uma família
maravilhosa, que pôde me proporcionar à oportunidade de estudar, e por ter me
dado forças para suportar a saudade que senti de meus pais, irmãos, cunhados
(as), sobrinhas, noivo e amigos no período em que estive cursando o mestrado e
morando fora de minha querida cidade, Belém do Pará.
Aos professores do Programa de Mestrado, e em especial à professora
Aracéli Cristina e ao professor José Ricardo, que foram os primeiros a acreditarem
em mim, ao me escolherem após a entrevista de seleção do curso, e ao professor
José Augusto, por estar sempre de bom humor e disposto a ajudar a todos, sendo
um grande exemplo de vida a ser seguido (a não ser pelos conselhos a respeito de
casamento).
À minha orientadora professora Monica e ao meu co-orientador professor
José Ricardo, por terem confiado em mim, pelo conhecimento que me auxiliaram a
adquirir, pela disponibilidade e imensa dedicação que empenharam para a
conclusão desta dissertação.
À Isis e Mariana, que sempre estavam dispostas para auxiliar no que fosse
necessário para o bom andamento do curso.
À minha querida turma do mestrado: Álan, Ivan, João Bosco, Carlos, Marcio,
Nilson, Vicente e aos foram “incorporados” por nossa turma, Odilanei e Sérgio, pelas
idéias trocadas, pelos exemplos profissionais e por todas as vezes que, de alguma
forma, me auxiliaram a passar por esta fase de minha vida.
À Paula e Fernanda, que além terem feito parte de minha turma, viraram
grandes amigas as quais levarei para o resto de minha vida, sendo duas pessoas
que eu amo e admiro. Muito obrigada por tudo, pelos almoços de domingo, ligações
6
de preocupação, idas ao cinema, auxílio nos estudos, passeios, enfim, obrigada
pela amizade e por terem sido “minha família carioca”.
À minha família, pelo incentivo, força, por terem estado sempre ao meu lado,
me confortando e por todo o amor que me dedicam, em especial à dona Maria das
Graças, minha mãe, que sempre acreditou em mim, mesmo nos momentos em que
nem eu mesma achava que as coisas dariam certo. Te amo mais que tudo mãe, e
agora a senhora irá começar a colher os frutos do “investimento de longo prazo” que
fez em mim, com tanto amor e dedicação.
Aos meus amigos paraenses Anderson, Alexandre, Wanaia, Bruna e Rone,
por terem estado sempre ao meu lado, apesar da distância, me confortando e
apoiando.
Muito obrigada a todos!
7
“Uma longa jornada começa com um simples passo.”
Provérbio Chinês
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: O Balanço Social para a FIPECAFI........................................................44
Figura 2: Opções para Relatórios do GRI..............................................................75
Figura 3: Classificação da Ciência.........................................................................89
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Modelos de Balanço Social e Vertentes da FIPECAFI........................54
Quadro 2: Visão geral da estrutura dos indicadores do GRI...............................78
Quadro 3: Indicadores Essenciais do GRI de Desempenho Econômico...........80
Quadro 4: Indicadores Essenciais do GRI de Desempenho Ambiental.............81
Quadro 5: Indicadores Essenciais do GRI de Desempenho Social....................82
Quadro 6: Indicadores Adicionais do GRI de Desempenho Econômico............84
Quadro 7: Indicadores Adicionais do GRI de Desempenho Ambiental..............85
Quadro 8: Indicadores Adicionais do GRI de Desempenho Social.....................86
Quadro 9: Empresas que utilizam o GRI...............................................................91
Quadro 10: Indicadores do GRI no Relatório Social da Souza Cruz.................100
Quadro 11: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Souza Cruz..........102
Quadro 12: Indicadores de Desempenho Souza Cruz.......................................103
Quadro 13: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Copesul...............106
Quadro 14: Indicadores de Desempenho Copesul.............................................107
Quadro 15: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pelo ABN AMRO Real. 110
Quadro 16: Indicadores de Desempenho ABN AMRO Real...............................112
10
Quadro 17: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Usiminas.............116
Quadro 18: Indicadores de Desempenho Usiminas...........................................117
Quadro 19: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Samarco Mineração.
121
Quadro 20: Indicadores de Desempenho Samarco Mineração.........................123
Quadro 21: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Petrobras............126
Quadro 22: Indicadores de Desempenho Petrobras..........................................127
Quadro 23: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela CPFL Energia......132
Quadro 24: Indicadores de Desempenho CPFL Energia...................................133
Quadro 25: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Natura..................136
Quadro 26: Indicadores de Desempenho Natura................................................137
Quadro 27: Análise quantitativa da adoção dos indicadores do GRI...............139
11
RESUMO
DIAS, Lidiane Nazaré da Silva. Análise da Utilização do Global Repoting Initiative
(GRI) nos Relatórios Sociais em Empresas Brasileiras. Rio de Janeiro, 2006.
Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Faculdade de Administração e
Ciências Contábeis, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
Este trabalho tem por objetivo analisar o grau de aderência plena das
empresas brasileiras aos indicadores essenciais de desempenho econômico,
ambiental e social propostos pelas Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade
Global Reporting Initiative (GRI) 2002. Para tanto, o ponto de partida foi a realização
de uma exposição sobre as origens das discussões sobre Responsabilidade Social
das Empresas, a relação desta com a Contabilidade e o surgimento do Balanço
Social, onde as críticas e pontos que comprometem a qualidade do mesmo são
evidenciados. Em seguida, são apresentados os indicadores de Relatório Social
proposto pelo GRI, o qual tem aceitação crescente no cenário internacional, e onde
são evidenciadas as contribuições que os indicadores propostos proporcionam.
Posteriormente é realizada a análise propriamente dita dos Relatórios Sociais das
empresas brasileiras que afirmam utilizar, de alguma forma, os indicadores do GRI,
Nesta análise, as informações fornecidas por tais empresas, referentes a cada
indicador, são confrontadas com o que efetivamente é solicitado pelo GRI alusivo
àquele indicador, sendo evidenciados os problemas encontrados entre o previsto
pelo GRI e o apresentado pelas empresas. Após esta análise, chega-se às
conclusões desta pesquisa, dentre as quais a de que Natura é classificada como a
empresa brasileira que possui maior aderência aos indicadores essenciais do GRI.
12
ABSTRACT
DIAS, Lidiane Nazaré da Silva. Análise da Utilização do GRI nos Relatórios Sociais
em Empresas Brasileiras. Rio de Janeiro, 2006. Dissertação (Mestrado em Ciências
Contábeis) – Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
The objective of this paper is to analyze the degree of full compliance of
Brazilian companies to essential economic, environmental and social performance
indicators proposed by the Global Reporting Initiative’s (GRI) 2002 Sustainability
Reporting Guidelines. Therefore the paper begins by explaining the origins of
discussions on Corporate Social Responsibility, the relation of these to Accounting
and the appearance of the Social Reporting, where criticisms and aspects that
compromise quality of the same are presented. Next, the template for the Social
Reporting proposed by GRI is presented, which is being increasingly accepted
internationally, and contributions provided by the indicators proposed by said
template are discussed. Afterwards, the Social Reporting themselves are analyzed of
Brazilian companies that state that, in one form or another, they use GRI indicators.
This analysis compares the information provided by said companies regarding each
indicator with what is effectively requested by the GRI in relation to the same
indicator, demonstrating certain problems that arise between what is foreseen by the
GRI and what is presented by the companies. After the analysis, the conclusions of
this study are presented, among which is that the company, Natura, is classified as
the Brazilian company that most fully complies to essential GRI indicators.
13
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1..............................................................................................................16
O Problema...............................................................................................................16
1.1. Introdução......................................................................................................................16
1.2. Objetivos........................................................................................................................19
1.3. Importância do Tema.....................................................................................................20
1.4. Delimitação do Problema...............................................................................................21
CAPÍTULO 2..............................................................................................................23
Balanço Social: Conceitos e Prática Atual............................................................23
2.1. Empresa e Sociedade......................................................................................................23
2.2. Responsabilidade Social das Empresas..........................................................................27
2.2.1. Conceito...................................................................................................30
2.2.2. Visão Crítica.............................................................................................34
2.2.3. Esforços para tratar da RSE.....................................................................36
2.2.3.1. AccountAbility 1000 (AA1000).......................................................................36
2.2.3.2. Dow Jones Sustainability Index (DJSI)..........................................................37
2.2.3.3. Pacto Global.....................................................................................................38
2.3. Contabilidade e Balanço Social.....................................................................................39
2.4. Definições de Balanço Social.........................................................................................42
2.5. Modelos de Balanço Social............................................................................................47
2.5.1. Modelo IBASE..........................................................................................48
2.5.2. DVA..........................................................................................................50
2.5.3. Global Reporting Initiative (GRI)...............................................................52
2.5.4. Indicadores Ethos.....................................................................................53
2.5.5. Quadro Comparativo entre os Modelos de Balanço Social......................54
CAPÍTULO 3..............................................................................................................56
14
Balanço Social: Apreciação Crítica e Contribuição do GRI.................................56
3.1. A questão da obrigatoriedade.........................................................................................56
3.2. O Balanço Social e a relação custo-benefício................................................................59
3.3. Críticas ao Balanço Social e pontos que comprometem sua qualidade.........................61
3.3.1. Padronização...........................................................................................61
3.3.2. Burocracia................................................................................................63
3.3.3. Viés para potencialização de resultados positivos...................................63
3.3.4. Abrangência.............................................................................................66
3.3.5. Transparência...........................................................................................67
3.3.6. Tempestividade........................................................................................70
3.4. GRI.................................................................................................................................71
3.4.1. Breve Histórico.........................................................................................71
3.4.2. Contribuições do GRI...............................................................................73
3.4.3. Os Indicadores de Desempenho..............................................................77
3.4.3.1. Indicadores Essenciais......................................................................................79
3.4.3.2. Indicadores Adicionais.....................................................................................83
CAPÍTULO 4..............................................................................................................88
Procedimentos Metodológicos...............................................................................88
4.1. Ciência, Método e Metodologia.....................................................................................88
4.2. Delimitação do universo................................................................................................90
4.3. Coleta de Dados.............................................................................................................91
4.4. Tratamento de Dados.....................................................................................................93
CAPÍTULO 5..............................................................................................................97
Análise da Utilização do GRI pelas Empresas Brasileiras...................................97
5.1. Souza Cruz.....................................................................................................................98
5.1.1. Apresentação Genérica do Relatório...................................................................98
15
5.1.2. Quadro Síntese..................................................................................................102
5.1.3. Análise..............................................................................................................103
5.1.4. Informações complementares............................................................................104
5.2. Copesul.........................................................................................................................104
5.2.1. Apresentação genérica do relatório...................................................................104
5.2.2. Quadro Síntese..................................................................................................106
5.2.3.Análise...............................................................................................................107
5.2.4. Informações complementares............................................................................109
5.3. ABN AMRO Real........................................................................................................110
5.3.1. Apresentação Genérica do Relatório.................................................................110
5.3.2. Quadro Sintético...............................................................................................110
5.3.3. Análise..............................................................................................................112
5.3.4. Informações complementares............................................................................114
5.4. Usiminas......................................................................................................................115
5.4.1. Apresentação Genérica do Relatório.................................................................115
5.4.2. Quadro Sintético...............................................................................................116
5.4.3. Análise..............................................................................................................117
5.4.4. Informações complementares............................................................................120
5.5. Samarco........................................................................................................................121
5.5.1. Apresentação genérica do relatório...................................................................121
5.5.2. Quadro Sintético...............................................................................................121
Fonte: A autora............................................................................................................122
5.5.3. Análise..............................................................................................................123
5.5.4. Informações complementares............................................................................125
5.6. Petrobras.......................................................................................................................125
5.6.1. Apresentação genérica do relatório...................................................................125
16
5.6.2. Quadro Sintético...............................................................................................126
5.6.3. Análise..............................................................................................................127
5.6.4. Informações complementares............................................................................130
5.7. CPFL Energia...............................................................................................................130
5.7.1. Apresentação genérica do relatório...................................................................130
5.7.2. Quadro Sintético...............................................................................................132
5.7.3. Análise..............................................................................................................133
5.7.4. Informações complementares............................................................................134
5.8. Natura...........................................................................................................................135
5.8.1. Apresentação genérica do relatório...................................................................135
5.8.2. Quadro Sintético...............................................................................................136
5.8.4. Informações complementares............................................................................138
5.9 Dados quantitativos da adoção dos indicadores do GRI...............................................138
CAPÍTULO 6............................................................................................................141
Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros.................................................................141
BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................152
ANEXO I..................................................................................................................163
ANEXO II.................................................................................................................164
Impactos econômicos diretos..................................................................................164
Consumidores..........................................................................................................164
Material...................................................................................................................165
Biodiversidade.........................................................................................................165
Produtos e serviços..................................................................................................166
Concordância...........................................................................................................167
Emprego..................................................................................................................167
Trabalho/Relações de Administração.....................................................................167
Saúde e segurança...................................................................................................167
Treinamento e educação..........................................................................................168
Diversidade e oportunidades...................................................................................168
17
LA11. Composição do corpo diretivo e do grupo responsável pela governança
corporativa (incluindo o quadro de diretores), observando-se a proporção
homem/mulher e outros indicadores de diversidade culturalmente apropriados....168
Estratégia e administração.......................................................................................168
Não-discriminação..................................................................................................168
Liberdade de associação e negociação coletiva.......................................................168
Trabalho infantil......................................................................................................168
Trabalho forçado e compulsório.............................................................................169
Comunidade............................................................................................................169
Suborno e corrupção...............................................................................................169
Contribuições políticas............................................................................................169
Saúde e segurança do consumidor..........................................................................169
Produtos e serviços..................................................................................................169
Respeito à privacidade............................................................................................169
ANEXO III................................................................................................................171
INDICADORES ADICIONAIS DO GRI...............................................................171
Impactos econômicos diretos..................................................................................171
Fornecedores...........................................................................................................171
Impactos econômicos indiretos...............................................................................171
Biodiversidade.........................................................................................................172
Fornecedores...........................................................................................................172
Transporte...............................................................................................................172
Geral........................................................................................................................172
Emprego..................................................................................................................173
Trabalho/Relações de Administração.....................................................................173
Saúde e segurança...................................................................................................173
Treinamento e educação..........................................................................................173
Estratégia e administração.......................................................................................173
Práticas de disciplina...............................................................................................173
Práticas de segurança..............................................................................................174
Direitos indígenas....................................................................................................174
Comunidade............................................................................................................174
Contribuições políticas............................................................................................174
Competições e preços..............................................................................................174
Saúde e segurança do consumidor..........................................................................174
Produtos e serviços..................................................................................................174
Propaganda..............................................................................................................175
Respeito à privacidade............................................................................................175
ANEXO IV................................................................................................................176
16
CAPÍTULO 1
O Problema
Este capítulo tem como objetivo descrever o problema objeto do presente
trabalho. Para isto, primeiramente é demonstrado o cenário onde o problema foi
observado, depois é feita a descrição do mesmo, sendo que esta descrição dará
subsídios para a apresentação dos objetivos da pesquisa. Em seguida, é
evidenciada a importância deste estudo e é feita a delimitação do problema, para
que as “linhas” referentes ao que se pretende tratar fiquem suficientemente claras.
1.1. Introdução
Com a Revolução Industrial, as indústrias passaram a ter um crescimento
maior e a se espalhar por diversas partes do mundo, entretanto, foi necessário que
se passassem décadas até que as conseqüências relativas à atuação global das
empresas começassem a ser melhor observadas e debatidas.
Conforme Baldo (2002, p. 2) as empresas praticamente só se preocupavam
com a obtenção de lucros cada vez maiores, e para isto sugavam da sociedade e do
meio ambiente no qual estavam inseridas tudo o que fosse necessário para o
alcance deste objetivo, deixando, freqüentemente, nada ou quase nada em troca.
No entanto, conforme destaca Oliveira (2003, p. 1), a sociedade passou a
exercer maior pressão social e política nas empresas, cobrando por transparência e
responsabilidade relacionada a atuação da organização, devendo-se isto “a
democratização, [a] diminuição do papel do Estado, [a] maior atuação da mídia e [a]
conscientização da sociedade civil”.
17
Assim, foram surgindo e crescendo movimentos sociais no seio da população
cobrando melhores condições de trabalho, respeito ao meio ambiente, redução das
desigualdades sociais, dentre outras mudanças, o que fez com que as organizações
passassem a dar maior importância para estes fatores até pouco tempo
menosprezados, brotando então o tema Responsabilidade Social das Empresas
(RSE), que é, conforme Rosenburg (2005, p. 13) “uma forma de gestão, e não diz
respeito somente ao investimento na comunidade”.
Boechat apud Vampel (2005b, p. 17), afirma que em uma pesquisa
envolvendo mais de 70 grandes empresas no Brasil muitas declararam que, por agir
de maneira responsável para conduzir os negócios, já teriam obtido algum tipo de
diferencial competitivo no mercado (VAMPEL, 2005b, p. 16 e 17).
Um produto da Contabilidade capaz de auxiliar as organizações a tentar
transmitir sua forma de atuação e esta imagem mais transparente é o Balanço
Social1, que por intermédio de sua elaboração e publicação, faz com que, conforme
Martins (1997, p. A-3) apud Ribeiro (2005, p. 24), “a sociedade como um todo
conheça melhor a empresa”.
Contudo, tal construção de imagem deve ser obtida através da formulação e
implementação de uma estratégia de desenvolvimento sustentável e não pela
utilização de um Relatório Social distorcido.
Vampel (2005a, p. 19) mostrou o resultado de uma pesquisa realizada pela
SustainAbility – organização internacional que promove a ética e a transparência na
prestação de contas das empresas – que apontou, dentre outros aspectos, dois
pontos em que os Balanços Sociais precisam se aperfeiçoar: um é relacionado a
gestão de risco, pois “poucos deles analisam os riscos sociais e ambientais que
podem ameaçar a sobrevivência da empresa”; e outro relacionado a impactos
Neste trabalho o termo “Balanço Social” terá como sinônimos os termos “Demonstração Social” e
“Relatório de Sustentabilidade”, visto que tais termos incorporam os aspectos econômico, social e
ambiental do desempenho da organização, conforme será exposto no decorrer da pesquisa.
1
18
econômicos, pois “os balanços [sociais] com freqüência se limitam a descrever
ações sociais e ambientais desvinculadas do impacto econômico”.
Para auxiliar esta divulgação de informações que vão além da evidenciação
de dados econômico-financeiros, algumas organizações não governamentais, tanto
no Brasil quanto fora dele, começaram a unir-se na tentativa de formular modelos de
Relatórios Sociais transparentes, responsáveis e não enviesados, dentre os quais
pode-se destacar os indicadores proposto através das Diretrizes para Relatórios de
Sustentabilidade (Diretrizes) elaboradas pela Global Reporting Initiative (GRI).
Siqueira (2003, p. 198), ao analisar o “estágio atual em que se encontra o
esforço das empresas brasileiras na exposição de seu impacto social”, notou que
algumas das organizações analisadas não apresentavam adequadamente os dados
solicitados pelos modelos de Balanços Sociais que diziam utilizar – o modelo IBASE
e a Demonstração do Valor Adicionado, o que compromete a comparabilidade entre
os relatórios e a qualidade dos mesmos.
Tal fato faz com que a Teoria da Contabilidade não seja atendida, pois, em
sua abordagem ética, a mesma solicita que, segundo Hendriksen e Breda (1999, p.
25), “considerações tais como ausência de viés e fidelidade de representação
[sejam] vistas como características necessárias de um sistema contábil confiável”.
Assim, o problema a ser investigado nesta pesquisa surgiu a partir da
observação de que algumas empresas brasileiras vêm aderindo a utilização dos
indicadores de Relatório Social proposto pelo GRI, porém esta adesão está
ocorrendo em diferentes níveis.
Buscou-se, então, basear a pesquisa de Siqueira, porém agora verificando a
aderência aos indicadores sociais propostos pelo GRI, averiguando se, no Relatório
Social das empresas brasileiras que afirmavam adotar as Diretrizes do GRI, os
dados fornecidos como sendo os solicitados pelos indicadores estariam completos.
19
Deste modo, chegou-se ao seguinte problema:
As empresas brasileiras que estão adotando de alguma forma as Diretrizes
do GRI estão divulgando adequadamente as informações relativas aos indicadores
de desempenho econômico, ambiental e social, atendendo assim ao solicitado pela
Teoria da Contabilidade, que seria a divulgação de informações não enviesadas e
transparentes importantes para a tomada de decisão?
1.2. Objetivos
O objetivo geral deste trabalho é analisar o grau de aderência plena em
empresas brasileiras aos indicadores essenciais de desempenho econômico,
ambiental e social propostos pelas Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade
GRI 2002.
Os seguintes objetivos específicos foram elaborados para se alcançar à
proposta acima:
-
Apresentar os indicadores essenciais e adicionais do GRI 2002, bem como a
forma de adesão aos mesmos que a organização pode assumir;
-
Verificar quais os indicadores de desempenho essenciais e adicionais são
utilizados pelas empresas estudadas;
-
Verificar a conformidade das informações fornecidas pela empresa com o
solicitado pelos indicadores do GRI;
-
Classificar os indicadores de desempenho essencial das empresas conforme
a aderência à divulgação de informações solicitadas pelo GRI;
-
Elaborar um ranking das empresas com base no grau de aderência plena aos
indicadores essenciais do GRI, visando verificar o nível de amadurecimento
referente à utilização destes indicadores no Brasil; e
20
-
Expor os problemas encontrados relativos a não conformidade de cada
indicador essencial do GRI com as informações fornecidas pela empresa;
1.3. Importância do Tema
A Contabilidade é uma ferramenta que deve prover a seus usuários
informações necessárias para que os mesmos possam ter uma visão adequada da
“saúde” da organização, visto que se espera que esta organização perdure no
tempo, sendo este um dos Princípios da Contabilidade, o Princípio da Continuidade.
Entretanto, durante muito tempo a Contabilidade se preocupou quase
exclusivamente com o aspecto econômico-financeiro das entidades, fazendo com
que a forma de evidenciar tais informações fosse se aprimorando.
Nas últimas décadas, com o crescimento do debate sobre questões relativas
a RSE, foi surgindo a vertente social da Contabilidade, que também tem como
objetivo o fornecimento de informações aos usuários, entretanto, agora os aspectos
relativos ao desempenho ambiental e social são chamados a andarem lado a lado
com o desempenho econômico-financeiro.
Esta é a chamada abordagem social-empresarial da Contabilidade, tratada na
Teoria Contábil por Hendriksen e Breda (1999, p. 26), que afirmam que a
“contabilidade não abrange, necessariamente, todos os efeitos que as empresas
exercem na sociedade. Os custos da poluição ambiental, do desemprego, de
condições insalubres de trabalho e outros problemas sociais não são normalmente
divulgados por uma empresa [...]”. Deste modo, segundo os mesmos, a
contabilidade social-empresarial tem como objetivo “atacar essas questões”.
Esta vertente social da Contabilidade pode ser traduzida com a elaboração e
publicação do Balanço Social, que também viria a atender outro princípio contábil, o
Princípio da Oportunidade que, conforme o Conselho Federal de Contabilidade
21
(2000, p. 31), se relaciona com a tempestividade e a integridade relativa ao
fornecimento das informações que afetem o patrimônio, independente das causas
que as originam, gerando informações úteis ao processo decisório da gestão.
No entanto, no Brasil e em alguns outros países não existe consenso a
respeito do formato que esta demonstração deve possuir, o que fez com que
algumas organizações não-governamentais somassem esforços e elaborassem
seus modelos que teriam adesão voluntária por parte das organizações.
O GRI foi uma destas organizações não-governamentais que partiram em
busca de um formato para divulgação das informações sociais e ambientais,
resultando na elaboração dos indicadores de desempenho social, ambiental e
econômico que irão refletir a responsabilidade social da organização que o utilizar.
Assim, com esta pesquisa espera-se dar uma contribuição aos debates sobre
a vertente social da Contabilidade, que resulta na elaboração do Balanço Social,
verificando o estágio em que as empresas brasileiras encontram-se referentes à
utilização dos indicadores propostos pelo GRI, que representam a adesão a uma
tendência mundial sobre Relatórios Sociais e o alinhamento com a abordagem
social-empresarial e ética da Contabilidade tratadas pela Teoria da Contabilidade,
onde as informações devem ser fornecidas a tempo, de forma integra e não
enviesada.
1.4. Delimitação do Problema
Esta pesquisa se restringirá ao estudo dos indicadores propostos nas
Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade (Diretrizes), elaboradas pelo GRI
2002, constantes nos Relatórios Sociais de empresas brasileiras que divulgaram ao
GRI estar adotando seus indicadores através de uma adesão informal ou através da
elaboração de Relatórios Sociais “de acordo com” estas Diretrizes.
22
A análise dos Relatórios Sociais destas empresas se restringirá as
informações divulgadas referentes aos indicadores de desempenho econômico,
social e ambiental do GRI que constam na última demonstração social publicada
pelas empresas brasileiras, não entrando no mérito do uso dos protocolos e outras
sugestões fornecidas pelo GRI.
Também não será julgada a intenção das empresas pesquisadas ao optarem
pela elaboração e publicação do Relatório Social, pois uma das críticas a esta
demonstração feita por diversos autores, como Pinto e Ribeiro (2003, p. 10 e 11) e
Dias e Siqueira (2005, p. 14), se refere ao fato das empresas a utilizarem como
instrumento de marketing.
Ressalta-se que em momento algum nesta pesquisa haverá a intenção de
exaurir os temas a serem postos em discussão, objetivando-se apenas contribuir
com o processo de desenvolvimento da vertente social da Contabilidade ao verificar
qual o grau de aderência das empresas brasileiras aos indicadores do GRI, que vêm
ganhando destaque internacional crescente.
23
CAPÍTULO 2
Balanço Social: Conceitos e Prática Atual
Neste capítulo objetiva-se apresentar a primeira parte da revisão bibliográfica,
onde será explanado o contexto em que se acentuou a discussão sobre
Responsabilidade Social das Empresas (RSE), bem como seus conceitos, fazendo
uma rápida explanação acerca de considerações e das críticas que a RSE vem
sofrendo, e evidenciando alguns exemplos de esforços para tratar da RSE. Em
seguida passa-se para o tema de Contabilidade e Balanço Social, onde serão
evidenciados alguns conceitos sobre o último e apresentadas as propostas de
modelos de Balanço Social do IBASE, Instituto Ethos, a Demonstração do Valor
Adicionado (DVA) e a proposta do Global Reporting Initiative (GRI).
2.1. Empresa e Sociedade
A atuação das empresas passou a ser mais questionada pela sociedade no
período pós-guerra, quando a conscientização acerca de problemas sociais e
ambientais teve um espantoso crescimento em todo o mundo (BELLEN, 2005, p.
17).
Pode-se afirmar que isto se deu, em grande parte, em virtude das guerras
que vinham ocorrendo, e suas conseqüências, e também devido a desastres
ecológicos que marcaram a sociedade e o ecossistema (TINOCO, 2001, p. 23;
VALLE e LAGE, 2003, p. 9; POLLACK, 1997; DE LUCA, 1998, p.23-24 apud
CUNHA e RIBEIRO, 2004, p. 3).
24
A Guerra do Vietnã é um exemplo de tomada de consciência da sociedade,
que passou a exigir maior comprometimento social das empresas. Para que isto
ocorresse, foi levado a cabo um boicote por parte da população, em especial a
norte-americana, que deixou de comprar produtos e ações das empresas envolvidas
de alguma forma no conflito, como sinal de repúdio a tal participação. Como
conseqüência, com a intenção de melhorar a sua imagem, as empresas norteamericanas passaram a justificar o seu objetivo social (SUCUPIRA, 2001, p. 124).
Como exemplos de desastres ecológicos que levaram a maior cobrança da
população a respeito de uma postura ambientalmente responsável tem-se o caso da
Baía de Minamata (1932-1952, no Japão); da indústria de Bhopal (1984, na Índia);
da usina nuclear de Chernobyl (1986, na Ucrância, ex-União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas); e do navio-tanque Exxon Valdez (1989, no Alasca, Estados
Unidos da América).
O caso ocorrido na Baía de Minamata, no Japão, é emblemático. Desde 1932
a indústria Chisso Corporation despejava no mar efluentes contaminados com
mercúrio. Com o passar do tempo, milhares das pessoas da região sul do Japão
sofreram lesão cerebral, paralisia, convulsões e outras doenças depois de se
alimentarem freqüentemente com peixes da baía. Algumas vítimas foram
envenenadas ainda no útero da mãe e nasceram com dedos ásperos e outras
deformidades grotescas. Somente em 1959 é que a empresa reconheceu a relação
de causa e efeito desta contaminação por metil-mercúrio, de toda a cadeia alimentar
na região, que havia resultado em um crescente número de seres humanos e
animais domésticos deficientes (física e mentalmente). Foram movidas ações e
processos contra a empresa, que acabaram levando ao fechamento da mesma.
Somente em 2000 a área foi novamente liberada para a pesca (VALLE e LAGE,
2003, p. 29; POLLACK, 1997).
25
Outro acidente ocasionado por indústria foi o ocorrido em Bhopal, na Índia,
em 2 de dezembro de 1984. Uma explosão durante a noite gerou uma nuvem de
gás altamente tóxica que se espalhou sobre as povoações vizinhas à fábrica. Este
evento é considerado o maior acidente ambiental de origem industrial já provocado
pelo homem, trazendo inúmeras conseqüências. Existem controvérsias sobre vários
fatos relacionados ao acidente, como sobre o número de pessoas mortas (que
variam entre 3.500 e 34.000) e sobre o que teria ocasionado o desastre, se erro de
comando ou descuido de empregado ou sabotagem. Porém, pelo menos três falhas
foram identificadas: falha dos procedimentos internos de segurança, falha no
sistema de alarme e falha de preparo da comunidade vizinha para emergência.
Além das vítimas fatais, outros milhares de pessoas ficaram com a saúde afetada
(VALLE e LAGE, 2003, p. 31; SISSELL, 2004, p. 19; ABOUCHAR, 1995, p. 35).
O maior acidente radioativo já ocorrido na história foi em Chernobyl, Ucrância
(parte da ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), em 1986. Ele aconteceu
em virtude de um experimento dos operadores do reator, que resolveram testar
quanto tempo o mesmo poderia operar sem produzir potência, desligando, para isto,
o sistema de segurança. Em poucos segundos a temperatura do reator aumentou
de tal forma que causou duas explosões, destruindo o gerador e o edifício que o
abrigava. Centenas de toneladas de grafite contaminado por urânio e plutônio
radioativos foram consumidos pelos incêndios que duraram vários dias. A
quantidade de radioatividade liberada foi 50 vezes a das bombas atômicas lançadas
no Japão durante Segunda Guerra Mundial. O desastre causado pelo acidente na
usina foi ser detectado a centenas de quilômetros de distância de onde teve origem,
na Suécia, devido ao significativo e rápido aumento dos níveis de radioatividade na
atmosfera, já que as autoridades soviéticas tentaram deixá-lo oculto. Quando ele foi
reconhecido pelas autoridades locais, milhares de moradores de extensas áreas da
26
Rússia, da Ucrânia e arredores, totalizando mais de 150.000 km², já estavam
inexoravelmente contaminados (o número de pessoas contaminadas diretamente
pela radioatividade varia entre sete e nove milhões). Oficialmente, apenas 31
pessoas morreram no acidente, porém estes números são polêmicos. O índice de
incidência de câncer aumentou, bem como as malformações fetais devido a
doenças congênitas, incluindo uma cujo cérebro é unido à parte de trás da cabeça
(somente de 15-20 por cento dos bebês nascido na área são saudáveis). Os danos
genéticos da população estão em estudo até hoje. A diminuição da expectativa de
vida destas regiões permite estimar que a morte de mais de 32.000 pessoas pode
ser atribuída ao acidente. Os custos financeiros desta catástrofe não formam
contabilizados, porém sabe-se que mais de 400.000 habitantes foram deslocados e
perderam as terras e o sustento (VALLE e LAGE, 2003, p. 64-66; SCHILLING, 2004,
157; MENIL, 1995, p. A23).
Um exemplo de grande acidente ambiental ocorrido na área de transportes foi
o do navio-tanque Exxon Valdez, em 24 de março de 1989, que estava em águas do
Alasca (Estados Unidos da América). Após ser carregado com petróleo bruto no
terminal de Valdez, o navio-tanque dirigia-se pelo Estreito Prince Willian quando
encalhou e teve seu casco rompido. Cerca de 40.000 toneladas de óleo cru
(equivalente a 11 milhões de galões) espalharam-se por quase dois quilômetros de
costa. Milhares de patos e aves aquáticas morreram, quando o petróleo empapou
suas penas; lontras marinhas foram sufocadas; águias-de-cabeça-branca e ursos
pardos também foram afetados, quando recolhiam alimentos nas praias atingidas. O
petróleo também envenenou um número incontável de peixes e camarões. Este
desastre ambiental teve conseqüências sociais, pois dificultou a sobrevivência de
mais de 10.000 pessoas que pescavam, caçavam e viviam ao redor do Estreito de
Príncipe William. Estima-se que os custos totais incorridos pela empresa proprietária
27
do navio atingiram mais de 10 bilhões de dólares norte-americanos, dos quais 2
bilhões gastos apenas na limpeza do litoral afetado (VALLE e LAGE, 2003, p.40-42;
BAINES, 1995; TIME, 2004, p. A24).
2.2. Responsabilidade Social das Empresas
Conforme destaca Queiroz (2001, p. 5) “hoje em dia é muito fácil para uma
empresa perder a credibilidade frente ao grande público em função de um
comportamento
ético
inadequado
ou
pelo
fato
de
não
assumir
suas
responsabilidades frente a sociedade.”
Como exemplo disto tem-se o caso da Nike, que em 1995 foi denunciada por
contratar fornecedores no Paquistão que utilizavam mão-de-obra infantil na
fabricação de bolas e, como conseqüência disto, em uma semana, as ações da
companhia caíram 57% (PADUAN, 2005, p. 61; TINOCO, 2001, p. 123).
Através deste e de outros exemplos nota-se que as empresas têm sido
cobradas pela sociedade em geral para que assumam uma postura mais efetiva e
transparente frente à realidade que as cercam (Baldo, 2002, p. 3).
Em 2001 o Instituto Ethos juntamente com outras entidades realizou uma
pesquisa no Brasil sobre o que pensam os consumidores e investidores a respeito
da responsabilidade social das empresas. Esta pesquisa fez parte de um estudo
maior conduzido pela Environics International em 21 países (incluindo os Estados
Unidos, Canadá, México, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Japão, Índia, Rússia e
Nigéria) e teve como base cerca de 20 mil entrevistas (ETHOS, 2001, p. 5).
A primeira conclusão da investigação envolvendo os 21 países demonstra
que um número significativo de investidores leva em consideração o desempenho
social de uma empresa nas suas decisões de investimento (MARTINHO, 2003).
28
Este fato é comprovado através da existência do Socially Responsible
Investment (SRI) ou Investimento Social Responsável, que, conforme Adams e
Zutshi (2004, p. 34), envolve investidores que fazem exame de valores pessoais e
de interesses sociais ao tomarem decisões de investimentos. Estes fundos de
investimento consideram os valores éticos dos investidores, as necessidades
financeiras e o impacto na sociedade das companhias em que investem. Conforme
Brown (2003) apud Adams e Zutshi (2004, p. 34), desde que foi criado o Friend
Provident (FP), o primeiro fundo ético no Reino Unido em 1984 o número de tais
fundos cresceu a aproximadamente 55% e provavelmente este aumento continuará.
Os fundos controlados de SRI cresceram 32%, a $ 13,9 bilhão dólares no ano
financeiro de 2001/02, enquanto que os recursos de outros fundos de modo geral
declinaram (ADAMS e ZUTSHI, 2004, p. 34).
Outro ponto observado na pesquisa da Environics International, relativa aos
21 países, foi que os recursos pessoais e profissionais, além das características e
influências sociológicas e culturais das regiões e países em que vivem, têm
influência direta no comportamento das pessoas a respeito do que pensam sobre a
responsabilidade social das empresas. Nos países mais ricos, cerca de um terço
dos entrevistados têm adotado atitudes de pressão, cobrando que as empresas
assumam cada vez mais a sua responsabilidade social (ETHOS, 2001, p. 6;
MARTINHO, 2003).
Como exemplo disto tem-se o caso da Nike comentado anteriormente, onde
se observou que mesmo sendo ela possuidora de uma marca mundialmente
conhecida e de alto valor agregado, o fato de ter tido relação, mesmo que indireta,
com práticas que vão de encontro da responsabilidade social, teve impactos
negativos na sua reputação, levando a conseqüências financeiras.
29
Martinho (2003) afirma que a principal conclusão, do estudo que envolveu os
21 países, indicou que “as empresas que ignoram sua responsabilidade social põem
em risco a sua quota de mercado [...] e os comportamentos evidenciados [...]
indicam que as expectativas sociais dos consumidores continuarão a crescer”.
Analisando apenas o resultado brasileiro da pesquisa do Instituto Ethos
(2001, p. 47-48), os entrevistados esperam que cada vez mais as empresas sejam
eficientes e éticas, de dois pontos de vista: do interno e do externo. O interno diz
respeito à garantia do “desenvolvimento pessoal e profissional de seus funcionários,
ter uma conduta absolutamente ética nos negócios [...] não contratar mão-de-obra
infantil, oferecer produtos de qualidade e não veicular propaganda enganosa”. O
ponto de vista externo refere-se ao fato de que as empresas precisam estar em
todos os momentos voltadas para a comunidade onde atuam, através da
colaboração com o desenvolvimento social das mesmas, com a preservação do
meio ambiente, colaborando com a diminuição da pobreza e da violência e
procurando dialogar de forma aberta com os representantes locais.
Este novo jeito de enxergar dentro da sociedade significa que um número
crescente de indivíduos, governo, instituições financeiras e não-governamentais
estão esperando as corporações serem pró-ativas, e que auxiliem na determinação
do bem estar econômico, ambiental e social das comunidades em que operam,
estando isto diretamente relacionado com a forma que a empresa conduz o negócio,
de modo que possa ser controlado o impacto da atuação da mesma na sociedade e
no ambiente (BROCK, 2005, p. 58).
Este é um objetivo já declarado por algumas empresas, como se observa
abaixo, em uma declaração de William Harrison, presidente do JPMorgan Chase,
31º Maior Banco do Mundo (CORPORATE, 2005, p. 14):
Conduzir os negócios com os altos padrões e auxiliar as comunidades que
nós servimos é parte da cultura de nossa firma. Como um líder em finanças
30
globais, nós reconhecemos nossa responsabilidade para com o ambiente e
suportaremos e incentivaremos projetos visando o desenvolvimento
sustentável. Esta é uma política de que nossos empregados, acionistas e
clientes podem se orgulhar.
Comportar-se de uma maneira socialmente responsável tem se tornado cada
vez mais essencial à sobrevivência, a longo prazo, das companhias. Uma outra
pesquisa internacional, desta vez conduzida por PricewaterhouseCoopers em 2002,
descobriu que quase 70% dos principais executivos globais acreditam que a
responsabilidade social da empresa é vital à rentabilidade de suas companhias
(SIMMS, 2002 apud ADAMS e ZUTSHI, 2004, p. 31).
2.2.1. Conceito
A discussão de conceitos como responsabilidade social das empresas, têm
sido tema de diversos debates e encontros. Como conseqüência, foram surgindo
instituições não-governamentais, como a Organization for Economic Cooperation
and Development (OECD); Union Internacionale Chrétienne des Dirigeants
d’Enterprise (UNIAPAC); Global Reporting Initiative (GRI); World Business Council
for Sustainable Development (WBCSD), que tem como representante no Brasil o
Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS); o
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE); o Instituto Ethos,
dentre muitos outros, com o objetivo comum de auxiliar o diálogo da empresa com a
sociedade, através de divulgação de informações e ferramentas que assessorem as
empresas a implementar, medir e comunicar seus esforços em direção ao
desenvolvimento sustentável (VIANA, SILVA e DINIZ, 2001, p. 7).
Queiroz (2001, p. 15 e 16) assegura que o marco inicial do período moderno
a respeito de RSE é o livro Social Responsibilities of the Businessmen, escrito por
Bowen, que acreditava que as decisões das empresas afetavam de diversas formas
31
a vida dos cidadãos. A definição proposta por Bowen (1953, p. 6) apud Queiroz
(2001, p. 16) sobre a responsabilidade social do homem de negócio é a seguinte:
refere-se “às obrigações dos homens de negócios de perseguir as políticas, de
tomar as decisões ou de seguir as linhas de ação que são desejáveis em termos
dos objetivos e valores da nossa sociedade”
Para Smith (2002) apud Adams e Zutshi (2004, p. 31) a RSE é definida como
a integração de operações de negócio e valores por meio dos quais os interesses de
todos os stakeholders (incluindo clientes, empregados, investidores), e do meio
ambiente são refletidos nas políticas e ações da organização. Afirma ainda que a
RSE é uma obrigação da empresa para com a sociedade como forma de beneficiar
a última por se utilizar de seus recursos.
Este posicionamento é também defendido por Baldo (2002, p. 2), que
acredita que quando a empresa assume a sua responsabilidade social ela deva
oferecer em troca algo ao que por ela (empresa) foi usurpado da sociedade e/ou
meio ambiente no momento em que realizou suas atividades.
Pinto e Ribeiro (2002, p.3) justificam a existência da RSE por acreditarem que
a empresa é agente econômico e agente social, sendo este dois pontos não
excludentes. Os autores afirmam que como agente econômico ela deve gerar
riqueza, através de sua missão de produzir bens (entende-se por bens: produtos e
serviços); e como agente social ela tem como missão à geração de bem-estar
social, sendo a empresa “uma célula da sociedade e, como tal, tem o dever de
prestar contas aos demais componentes”.
Por outro lado, estes conceitos de responsabilidade social não são apoiados
por todos. Conforme Silva e Freire (2001b, p. 1), “Milton Friedman, num artigo
famoso publicado em 1970 no New York Times Magazine, afirmou que existe
32
somente uma responsabilidade social nos negócios: usar os recursos para aumentar
os lucros”.
Queiroz (2001, p. 17), assegura que este posicionamento é apoiado por
outros autores, ressaltando que é necessário observar que:
Apesar da disseminação e aceitação ampla do conceito de responsabilidade
social das empresas, há linhas de pensamento e construções teóricas que
se mantêm contrárias a essa idéia. Defendem que as empresas devem se
preocupar em ser produtivas e gerar lucros. Assim estariam sendo
responsáveis para com a sociedade.
Vilhena (2002, p. 29) questiona, entre outros aspectos, se o objetivo das
empresas é o lucro, levantando dois pontos: (1) ele afirma que o lucro não é
objetivo, mas uma necessidade da empresa, e sem ele o futuro é se “fechar as
portas” ou a retirada de capital dos acionistas; e (2) ter o lucro como principal
objetivo da empresa é vazio e não dá sentindo de direção para as ações, pois afinal,
o lucro pode ser obtido de muitas maneiras (que às vezes podem ser até efêmeras).
Em seguida, Vilhena (2002, p. 29) lembra que “as empresas têm outros
agentes interessados em sua atuação e com outras aspirações: seus funcionários,
seus clientes, a comunidade. As empresas devem atender também a essas
aspirações para que possam sobreviver e se perpetuar”.
O conceito de RSE deve estar relacionado com os seguintes vetores, que
conforme Raupp (2003. p. 3) são: (1) apoio ao desenvolvimento da comunidade
onde atua; (2) preservação do meio ambiente; (3) investimentos no bem-estar dos
empregados, e de seus dependentes, em um ambiente de trabalho agradável; (4)
comunicações transparentes; (5) retorno para os acionistas; (6) sinergia com os
parceiros; e (7) satisfação dos clientes.
Tudo isto leva ao Desenvolvimento Sustentável, que segundo Bjorn Stigson,
presidente do World Business Council for Sustainable Development, “é construído
33
em torno de três bases: crescimento econômico, proteção ambiental e progresso
social” (SILVA e FREIRE, 2001b, p. 2).
Como demonstrado, o Desenvolvimento Sustentável tem relação direta com a
RSE, que por sua vez não é apenas apoiar o desenvolvimento da comunidade e
preservar o meio ambiente, por não ser isto suficiente para atribuir à empresa a
condição de socialmente responsável (RAUPP, 2003, p.3-4).
Adams e Zutshi (2004, p. 34) apontam o testemunho de dez organizações
que se beneficiam por praticar RSE e por elaborarem Relatórios Sociais em seus
novos negócios. O estudo demonstrou que todas as organizações e seus
empreendedores que foram além das exigências legais com relação a RSE e em
suas interações com seus stakeholders se beneficiaram, aumentando seu tamanho
e estabelecendo sua presença na comunidade.
Esta divulgação de informações adicionais ao solicitado chama atenção para
um assunto que tem bastante relação com a RSE: a ética. Mas o que é ser ético? O
que é ético para uma empresa pode não ser para outra. Algumas empresas
acreditam que para ser ético basta que ela não infrinja as leis, já outras acreditam
que a empresa tem um papel social que vai além das exigências legais, que deve
incluir preocupações com o bem-estar de seus empregados e da comunidade, e ao
desempenhá-lo estaria agindo de forma ética (SUCUPIRA, 2001, p. 117-119).
Milton Friedman é um árduo defensor de que a única RSE é maximizar os
lucros, questionando, dentre outras coisas, a “competência dos administradores
profissionais para decidir sobre o destino do gasto social e acha que isso é papel de
políticos, eleitos para buscar o interesse público” (SUCUPIRA, 2001, p. 120).
Um ponto é inquestionável: a sociedade está exigindo um compromisso mais
efetivo relacionado com a postura ética das empresas, como comentado por Kroetz
(2000, p. 57):
34
As empresas norte-americanas e européias já sabem que não bastam
preços baixos e produtos de qualidade. O consumidor, enquanto cidadão,
quer saber se a produção não foi obtida à custa da impureza do ar, da
poluição dos rios, da morte de animais, dos desmatamentos, da dignidade
de seus habitantes, entre tantos outros males provocados pela ganância do
homem, nem sempre “racional”.
A importância que vem recebendo a RSE é crescente e tem relação direta
com uma grande variedade de assuntos éticos.
Para a empresa British Petroleum (BP), por exemplo, uma das maiores
companhias de energia do mundo, ser ético engloba a divulgação de seu Relatório
Social transparente, onde no mesmo são encontradas informações que muitas
empresas fariam de tudo para esconder, como o registro de 1.604 acidentes de
trabalho no ano de 2003, a morte de 20 empregados ao desempenharem suas
funções, o aumento da quantidade de óleo despejado no meio ambiente; sendo que
estas informações aparecem ao lado de informações positivas, recebendo o mesmo
destaque (LETHBRIDGE, 2004, p. 68).
2.2.2. Visão Crítica
Há um debate cada vez mais intenso sobre o valor da Responsabilidade
Social das Empresas (RSE). Com uma visão mais simplificada, alguns afirmam que
esta “tendência” é puramente marketing próprio ou filantropismo para deslocar o
interesse sobre o lucro crescente ou escândalos corporativos. Enquanto outros, com
uma visão de longo prazo, acreditam que o sucesso econômico de um negócio
depende de outros fatores além do puro desempenho financeiro a curto prazo
(BROCK, 2005, 58).
A associação da RSE como instrumento de marketing já vem sendo
percebida há tempos, sendo esta prática conhecida como marketing social, que
apesar de às vezes parecer, não é uma idéia nova (TREVISAN, 2002, 1; ALDAY e
PINOCHET, 2003, p.2).
35
Alday e Pinochet (2003, p.2) afirmam que este conceito (de marketing social)
“exige que os profissionais de marketing equilibrem três fatores ao definirem sua
política de mercado: os lucros da empresa, os desejos dos consumidores e os
interesses da sociedade”.
Entretanto, encarar a RSE como uma ferramenta de marketing não é senso
comum. Baldo (2002, p. 2) afirma que a RSE precisa ser vista como um
compromisso que a empresa deve assumir para com a sociedade e o meio
ambiente, demonstrando reconhecimento pelo que estes representam para a
empresa, pois é dos mesmos que toda a riqueza dela é gerada.
Para Montaño (2002, p. 213), achar que os empresários já entenderam o
sentido de responsabilidade social é no mínimo ingenuidade ou enganação. Ele
acredita que o real interesse do empresariado é saber se suas atividades
filantrópicas estão lhe trazendo retorno financeiro direto ou indireto.
É válido ressaltar que nesta pesquisa não se pretende analisar o real
interesse das empresas quando tentam demonstrar estar procurando ter uma maior
responsabilidade social, se por objetivarem isenção de impostos e subsídios estatais
(diminuindo custos e/ou aumentando as rendas), se por procurarem a melhora da
imagem da empresa, se para a aceitação pela comunidade da presença da indústria
e seus eventuais prejuízos àquela e/ou ao meio ambiente, se apenas por
reconhecerem a importância da sociedade e do meio ambiente para a continuidade
da empresa. Este trabalho tem como objetivo verificar o grau de aderência das
empresas brasileiras aos indicadores do GRI, que por terem crescente aceitação
mundial e por evidenciarem efeitos danosos relativos a atividade operacional da
empresa, denota a busca por maior transparência por parte da organização,
estando esta atenta a este contexto de cobranças sociais e ambientais feitas pela
sociedade em geral.
36
2.2.3. Esforços para tratar da RSE
Na literatura estrangeira e nacional, encontrou-se algumas tentativas de
organizações não-governamentais, atuantes juntamente com o setor privado,
buscando
formas
de
instituírem
convenções
e/ou
princípios
sobre
a
responsabilidade social das empresas, na tentativa de se mostrarem mais
transparentes e comprometidas com o desenvolvimento social e ambiental.
Estas tentativas são traduzidas com a criação do AccountAbility 1000
(AA1000), do Dow Jones Sustainability Index (DJSI) e do Pacto Global. Os quais
serão comentados a seguir.
2.2.3.1. AccountAbility 1000 (AA1000)
AccountAbility 1000 (AA1000) é um padrão de processo de uso voluntário
para a gestão da contabilidade, auditoria e relato da responsabilidade corporativa,
tendo sido lançado em novembro de 1999 pelo Institute of Social and Ethical
Accountability (ISEA), uma organização não-governamental inglesa, com o objetivo
de auxiliar as organizações no gerenciamento do relacionamento com os
stakeholders, aumentando as relações de confiança entre as partes (AA1000, 2005;
BECKETT e JONKER, 2002, p. 39; BARTRAM, 2000, p. 24).
Conforme a consultoria de responsabilidade social Business Meets Social
Development (BSD, 2005), a organização que adota o AA1000:
[...] deve seguir um processo contínuo de ciclos de atividades, que têm
como principais passos a definição ou redefinição de valores, o
desenvolvimento de metas de performance ética e social e a avaliação e
comunicação do desempenho em relação às metas desenvolvidas.
37
Provavelmente o papel mais importante do AA1000, conforme Ladams (2004,
p. 101), seja reconhecer a necessidade do envolvimento dos stakeholders externos
no processo de elaboração dos Relatórios Sociais.
Esta norma trabalha com oito princípios de qualidade que estão agrupados
nas três categorias abaixo:
- Escopo e natureza do processo: (1) completude; (2) materialidade; (3)
regularidade e oportunidade;
- Significado da informação: (4) garantia da qualidade dos dados; (5)
acessibilidade; (6) qualidade da informação;
- Gestão do processo contínuo: (7) integração de sistemas; e (8) melhoria
contínua (BSD, 2005).
Os benefícios relativos da utilização do AA1000, ainda conforme a consultoria
BSD (2005), serão refletidos na “melhoria do desempenho social, traduzido em
maior confiança, comprometimento, lealdade e produtividade, [que] ocorre quando o
princípio da responsabilidade social corporativa está sendo posto em prática”.
No entanto, conforme Ethos (2005b), “no Brasil, a prática da AA1000 ainda é
recente, e se restringe a poucos exemplos de empresas que embarcaram nesse
processo”.
2.2.3.2. Dow Jones Sustainability Index (DJSI)
O Dow Jones Sustainability Index (DJSI) foi lançado em 8 de setembro de
1999 como o primeiro indicador da performance financeira das empresas líderes em
sustentabilidade a nível global, sendo usado para identificar e rastrear a
performance relativa a sustentabilidade executada pela empresa (INDEXING, 2004,
p.1; CERIN e DOBERS, 2001, 123).
Conforme FERREIRA (2005, p. 24), o DJSI:
38
[...] é composto exclusivamente por ações de empresas consideradas
responsáveis no âmbito social e ambiental. Como característica principal
das empresas pertencentes ao DJSI está a condução harmônica de seus
negócios respeitadas as questões ambientais e a relação com a
comunidade onde ela atua. O principal objetivo do DJSI é medir o
desempenho das companhias integrantes através da utilização dos
indicadores do Global Reporting Initiative – GRI, possibilitando aos
investidores nortear suas decisões de investimentos.
Caso uma empresa consiga ser incluída no DJSI ela terá diversos benefícios
(tanto tangíveis quanto intangíveis), como: (a) reconhecimento público da liderança
industrial em áreas estratégicas de dimensão econômica, ambiental e social; (b)
reconhecimento de importantes grupos de interesse tais como legisladores, clientes
e empregados; (c) resultados visíveis imediatos e de grande impacto, tanto
internamente como externamente, visto os resultados serem publicamente
anunciados e as empresas ficarem associadas ao símbolo oficial “Member of DJSI”;
e (d) benefícios financeiros como resultado dos investimentos baseados no DJSI
(DOW, 2004).
2.2.3.3. Pacto Global
O Pacto Global surgiu a partir do convite feito pelo Secretário Geral das
Nações Unidas, Kofi Annan, para o setor privado, com a finalidade de que este
último trabalhasse juntamente com algumas agências das Nações Unidas e atores
sociais na tentativa de avançar a prática da responsabilidade social das empresas,
procurando cada vez mais se chegar a uma economia global sustentável e inclusiva
(COMPACT, 2005a; CROSSETTE, 2000, p.1).
Conforme Annan (1999, p. 260), o Pacto Global é baseado em três áreas:
direitos humanos, práticas trabalhistas e práticas ambientais. Ele justifica a escolha
destas áreas, dentre outros motivos, por serem elas relativas a valores universais já
definidos por acordos internacionais (incluindo Declaração Universal de Direitos
39
Humanos; da Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre
Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho; e da Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento e da Convenção das Nações Unidas Contra a
Corrupção); e por serem estas áreas que necessitam de atenção por parte dos
“homens e mulheres de negócio”.
A partir destas três áreas foram criados os 10 Princípios do Pacto Global a
serem respeitados pelas organizações, são eles:
- Princípios de Direitos Humanos: (1) Respeitar e proteger os direitos
humanos; (2) Impedir violações de direitos humanos;
- Princípios de Direitos do Trabalho: (3) Apoiar a liberdade de associação no
trabalho; (4) Abolir o trabalho forçado; (5) Abolir o trabalho infantil; (6) Eliminar a
discriminação no ambiente de trabalho;
- Princípios de Proteção Ambiental (7) Apoiar uma abordagem preventiva aos
desafios ambientais; (8) Promover a responsabilidade ambiental; (9) Encorajar
tecnologias que não agridem o meio ambiente.
- Princípio contra a Corrupção: (10) Combater a corrupção em todas as suas
formas inclusive extorsão e propina (COMPACT, 2005b; UN, 2005, p.1).
Ressalta-se que o Pacto Global não é um instrumento regulador. Ele também
não mensura ou reforça comportamentos específicos. Particularmente, ele faz uma
prestação de contas responsável, transparente e esclarece os interesses de seus
participantes (VASELLA, 2004, p. 19).
2.3. Contabilidade e Balanço Social
Segundo Pinto e Ribeiro (2002, p. 3), o tema responsabilidade social das
empresas já é assimilado por muitas organizações que vêm publicando o seu
Balanço Social, tendo este como principal função “tornar pública a responsabilidade
40
social da entidade. Esta visão faz parte de um processo que busca a transparência
junto ao público em geral do que a empresa está fazendo, interna e externamente,
nas áreas social, econômica e ambiental”.
Adams e Zutshi (2004, p. 32) afirmam que o Balanço Social da empresa é
definido como o processo de comunicar os efeitos sociais e ambientais das suas
ações econômicas para grupos com interesses particulares na sociedade e para a
sociedade em geral. Afirmam ainda que, como tal, o Balanço Social deveria envolver
o setor de contabilidade da empresa, que tem seu papel tradicional ultrapassando a
prática de fornecer apenas o balanço financeiro aos proprietários do capital, em
particular, aos acionistas. Os autores acreditam que tal extensão é justificada pelo
fato de que as empresas têm responsabilidade maior do que simplesmente fazer
dinheiro para seus acionistas.
Ora, o objetivo da Contabilidade é fornecer informações úteis e relevantes
aos seus usuários, e sendo estes Relatórios Sociais de interesse para os mesmos é
justo que a Contabilidade se preocupe com eles, mesmo porque, conforme Ribeiro e
Lisboa (1999, p. 74):
A Contabilidade, enquanto ciência que estuda a situação patrimonial e o
desempenho econômico-financeiro das entidades, possui os instrumentos
necessários para contribuir para a identificação do nível de responsabilidade
social dos agentes econômicos. Estes instrumentos se traduzem no Balanço
Social.
Além disto, os Princípios Contábeis possuem relação com o Balanço Social,
conforme comentado no Capítulo 1, sub-tópico 1.3.
É válido ressaltar que a vertente social da Contabilidade é recente quando
comparada com a Contabilidade Financeira, que está há 5.000 anos em um
processo de evolução e aperfeiçoamento. Daí a importância de estudos acerca do
tema (SILVA, RODRIGUES e JORGE, 1998, p. 31 apud KROETZ, 2000, p. 51).
41
Para Kroetz (2000, p. 54) esta vertente deve ter um sistema que seja capaz
de “inventariar, classificar, registrar, demonstrar, avaliar e explicar os dados sobre a
atividade social e ambiental da entidade, de modo que [...] possa preparar informes,
como o Balanço Social e a Demonstração do Valor Adicionado”.
Tinker, Lehman e Neimark (1988) apud Hendriksen e Breda (1999, p. 93-94)
já mencionavam a existência de uma linha de pensadores que viam “a contabilidade
como uma arma ideológica no conflito social sobre a distribuição de renda e
riqueza”, criticando que as informações contábeis eram e/ou são elaboradas visando
apenas dois tipos de usuários, que seriam os acionistas e os bancos.
Isto leva a questionar se a Contabilidade deve se preocupar apenas com o
caráter econômico-financeiro das empresas, já que há fortes indícios de que cada
vez mais o sucesso econômico-financeiro esta se entrelaçando com o desempenho
social da organização (VILHENA, 2002, p. 29).
Daí vem parte da crescente importância do Balanço Social. Sua divulgação
não é obrigatória em todos os países. O primeiro país que regulamentou a sua
publicação foi a França, através da Lei nº 77.769, de 12 de julho de 1977, sendo
este exemplo seguido por Portugal, em 1985, e posteriormente pela Bélgica, em
1996 (TINOCO, 2001, p. 27; FREIRE e REBOUÇAS, 2001, p.70).
No Brasil, o Balanço Social é uma demonstração optativa. Não há um modelo
oficial pré-estabelecido para a sua divulgação. Isto contribui para que algumas
empresas o utilizem de forma inadequada pois o utilizam com viés para
potencializaçao de resultados, conforme David e Ott (2003, p. 13), “diferentemente
da contabilidade tradicional, que evidencia ativos e passivos, os Balanços Sociais
em sua maioria buscam apenas demonstrar o ativo social das empresas,
desconsiderando o outro lado, necessário para haver equilíbrio”.
42
Conforme Martins (1997, p. A-3) apud Kroetz (2000, p. 58) há tempos já
existe o interesse de fazer do Balanço Social uma demonstração obrigatória no
Brasil, porém a idéia não vingou.
Mesmo não sendo esta uma informação obrigatória, as empresas podem se
beneficiar de sua publicação, já que “vários exemplos anteriores em que empresas
foram pioneiras em divulgações complementares, indicam que o mercado julga
melhor uma empresa transparente do que uma empresa que não revela suas
informações” (SZUSTER, SZUSTER e SZUSTER, 2004, 239).
Organizações que elaboram Relatórios Sociais e ambientais desenvolvem
sistemas de controle interno melhores, tomam as melhores decisões e diminuem
custos, tendo como resultado melhorias contínuas. A eficiência operacional e
processual resulta em riscos reduzidos e na segurança no trabalho. Isto é facilitado
quando as organizações procuram comunicar as más, assim como as boas notícias
a seus empregados e aos stakeholders através do Relatório Social baseado em
informações econômicas, sociais e ambientais (ADAMS e ZUTSHI, 2004, p. 34).
2.4. Definições de Balanço Social
Primeiramente, conforme Pinto e Ribeiro (2002, p. 2), “o conceito de Balanço
Social [...] se restringia a abordar aspectos relativos a recursos humanos, [este
conceito] expandiu-se, passando a divulgar outras informações de cunho social”.
Atualmente, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais
e Financeiras (FIPECAFI), o conceito de Balanço Social engloba quatro vertentes,
que ao atuarem de forma complementar, deverão evidenciar as informações
necessárias ao entendimento de como a empresa está se relacionando com a
sociedade e o meio ambiente. Estas vertentes são:
43
(1) o Balanço Ambiental, que se refere a todos os gastos e investimentos que
envolvam recursos naturais ou estejam voltados para está área;
(2) o Balanço de Recursos Humanos, que demonstra o perfil da força de
trabalho, remuneração e benefícios concedidos, bem como gastos com a
comunidade que cerca a organização;
(3) a Demonstração do Valor Adicionado – DVA – que visa demonstrar o valor
da riqueza gerada pela organização e como ela foi distribuída a sociedade; e
(4) os Benefícios e Contribuição à Sociedade em geral, que evidencia o que a
organização tem feito em termos de benefícios sociais (FIPECAFI, 2000, p. 31-32).
Vide figura a seguir.
44
Figura 1: O Balanço Social para a FIPECAFI
Balanço
Ambiental
DVA
Balanço de
Recursos Humanos
Benefícios e Contribuições à
Sociedade
Fonte: A autora.
Um terceiro conceito sobre Balanço Social foi proposto pelo GRI, onde o
relatório estará estruturado em três vertentes: econômica, ambiental e social,
denominadas triple bottom line, ou resultado triplo (GRI, 2002, p. 9). No entanto,
caso se considere a DVA como referente aos aspectos redistributivos da receita,
então o GRI englobará todas as vertentes propostas pela FIPECAFI (2000, p.31),
pois na vertente econômica possui informações relativas a estes aspectos.
Outro conceito é apresentado por Tinoco (2002, p. 27), que afirma que “o
Balanço Social é um instrumento de gestão e de informação que visa a evidenciar,
da forma mais transparente possível, informações econômicas e sociais do
desempenho das entidades aos mais diferenciados usuários”.
Este conceito traz consigo uma palavra que vem sendo fruto de diversas
discussões: “transparência”. A transparência das informações publicadas se traduz
pelo atendimento a diversos pontos, tais como: a existência de evidenciações no
corpo do relatório que permitam uma melhor compreensão por parte do usuário, a
revisão por entidade não vinculada com a gestão da organização, ou ainda, através
45
da identificação de um responsável pelas informações que possa servir de
interlocutor com os stakeholders e dirimir dúvidas (SIQUEIRA e VIDAL, 2003a, p. 9).
Apesar de ser crescente o número de empresas que vêm publicando
voluntariamente relatórios não-financeiros ao redor do mundo, uma pesquisa
recente denominada “Towards Transparency” (“Em direção a Transparência”)
aponta que um imenso número de multinacionais são omissas, em seus Relatórios
Sociais, a assuntos como emissões de gás carbônico, condições de trabalho, ou
relações com a comunidade. A natureza e o padrão destes Relatórios Sociais
variam amplamente (COWE, 2004, p. 6).
Por outro lado, Cowe (2004, p. 6) afirma que de acordo com uma recente
análise realizada pela consultoria de Sustentabilidade da ONU (Risco de
Oportunidade: melhor prática de relatórios não-financeiros), está começando a
emergir opiniões de que melhoraram a qualidade dos Relatórios Sociais, sendo um
exemplo disto também observado no Brasil em pesquisa de Dias e Siqueira (2005,
p. 1), a qual analisou a evolução do Balanço Social da Petrobras, concluindo que a
qualidade do
mesmo vem melhorando. Para que se possa dizer que há
transparência nos relatórios, os assuntos mais relevantes devem ser identificados e
discutidos mais claramente com a sociedade.
A comunicação entre os gestores de uma organização e os stakeholders é
freqüentemente a chave dos dilemas da responsabilidade social. Um dos papéis
fundamentais dos primeiros seria informar a estratégia da empresa bem como os
objetivos do empreendimento para o longo prazo, sendo que estas informações
deveriam ser claras a fim de não proporcionarem dúvidas sobre o seu
entendimento. A partir delas, os stakeholders poderiam concluir se a empresa é ou
não socialmente responsável e, conhecendo melhor o negócio, poderiam tomar
46
mais conscientemente decisões do tipo “onde investir seu dinheiro” ou “que produtos
comprar” (BROCK, 2005, p. 58).
Ainda para auxiliar na tomada de decisão dos stakeholders, o Balanço Social
deverá ser elaborado objetivando atender, conforme Siqueira (2003, p. 177), “às
demandas de usuários com bom nível intelectual, sem formação formal em
contabilidade e disposto a um esforço mental considerável para sua correta leitura e
interpretação”, fazendo com que este usuário possa chegar as suas próprias
conclusões a respeito do compromisso ético e social desempenhado pela empresa.
Outro ponto importante de ser observado no conceito de Tinoco (2002, p. 27)
é a respeito das “informações [...] do desempenho das entidades” pois assim, serão
expostas tanto informações referentes a aspectos positivos da organização como
relativas aos efeitos danosos causados à sociedade e meio ambiente como um
todo.
Segundo Tinoco (2000, p. 27), a responsabilidade social permite que a
companhia controle seu impacto total sobre a sociedade e o meio ambiente gerando
valor aos stakeholders, alinhando a estratégia do negócio com a cultura e os valores
da organização.
O quinto e último conceito aqui apresentado sobre o que vem a ser o Balanço
Social é o de Freire e Rebouças (2001, p. 69), onde:
O Balanço Social pode ser considerado como uma demonstração técnicogerencial que engloba um conjunto de informações sociais da empresa,
permitindo que os agentes econômicos visualizem suas ações em
programas sociais para os empregados (salários e benefícios), entidades de
classe (associações, sindicatos), governo (impostos) e cidadania (parques,
praças, meio ambiente etc.).
Este conceito é criticado por Pinto e Ribeiro (2002, p. 4), que argumentam
que “a definição de Freire e Rebouças dá a idéia de que as informações contidas no
Balanço Social estejam voltadas apenas aos interesses dos gestores”.
47
Deve-se lembrar que o Balanço Social é uma prestação de contas das
organizações para com os stakeholders. É através dele que as ações que a
entidade desenvolveu em prol da sociedade e do meio ambiente devem ser
evidenciadas, bem como todos os malefícios e geração de sub-produtos
indesejáveis ocorridos em virtude da atividade operacional da mesma.
Conforme Adams e Zutshi (2004, p. 36) um bom Relatório Social, Relatório
Ambiental ou Relatório Triple Bottom Line (econômico, ambiental e social), deve: (1)
ser transparente; (2) demonstrar uma tentativa genuína de ser contabilizável a todos
os stakeholders; (3) cobrir os impactos negativos tão bem quanto positivos
relacionados a sociedade e ao meio ambiente; (4) demonstrar a aceitação
incorporada de suas responsabilidades sociais, éticas e ambientais; e (5) ser
completo, ou em outras palavras, devendo incorporar detalhes dos impactos
materiais as comunidades e ao meio ambiente para todos os grupos de
stakeholders.
Sendo estes pontos atendidos e o Relatório Social sendo elaborado
englobando informações econômicas, ambientais e sociais de forma não
tendenciosa, poderia se dizer que ele cumpriu o seu objetivo, que é, conforme Pinto
e Ribeiro (2002, p. 13) “informar o resultado da interação da empresa com o meio
em que está inserida”.
2.5. Modelos de Balanço Social
Desde quando os conceitos de Balanço Social começaram a existir, uma
série de modelos sobre como deveria ser a apresentação destas informações já foi
elaborada, seja pelas próprias empresas que iriam divulgar as informações ou por
organizações não-governamentais ou pelo governo (nos casos em que existe a
obrigatoriedade) ou por instituições acadêmicas. Buscam-se formas para auxiliar as
48
empresas a coletar, analisar e divulgar informações, identificando quais delas são
relevantes aos stakeholders.
Estes modelos, genericamente, procuram padronizar as informações,
permitindo maior comparabilidade entre diferentes empresas e setores, dando maior
transparência e confiabilidade as mesmas.
Deste modo, serão apresentados a seguir os modelos de relatórios socais
que estão sendo mais utilizados pelas empresas brasileiras, conforme Siqueira
(2003, p. 91), que são: o Modelo IBASE, a Demonstração do Valor Adicionado e os
Indicadores Ethos. O Global Reporting Initiative (GRI) também foi adicionado a esta
exposição por possuir indicadores internacionais que vem tendo sua contribuição
relacionada à melhoria da qualidade dos Relatórios Sociais atestada em pesquisas
recentes, como a de Strobel, Coral e Selig (2004); e a de Dias e Siqueira (2005, p.
1).
2.5.1. Modelo IBASE
Em 1997 o sociólogo Herbert de Souza2, o Betinho como era conhecido,
então presidente do IBASE, deu início a uma campanha pela divulgação voluntária,
no Brasil, do Balanço Social, propondo um modelo simplificado de auto-avaliação
das práticas das organizações. Nascia então o Balanço Social Modelo IBASE – que
é apresentado, em sua versão atual, no Anexo I (IBASE, 2005c).
Este modelo foi desenvolvido pela instituição IBASE juntamente com diversos
representantes de empresas públicas e privadas, através de seminários, reuniões e
debates; sendo que a sua publicação possui um custo bem próximo a zero por não
necessitar de muitas informações adicionais as que a organização já possui
(GOMES, 2005).
Herbert de Souza era sociólogo, diretor geral do IBASE e articulador nacional da Ação da Cidadania
Contra a Miséria e Pela Vida.
2
49
Atualmente, o IBASE trabalha com quatro modelos de Balanço Social para
serem aplicados a diferentes tipos de organizações, que são: para instituições de
ensino, fundações e organizações sociais; para cooperativas; para micro e
pequenas empresas; e para empresas de modelo geral. Até 2004, 734 empresas
publicaram o seu Balanço Social conforme um destes modelos (IBASE, 2005c).
Conforme o próprio IBASE (2005a), o seu modelo de Balanço Social está
estruturado basicamente em sete grupos, que são:
(1) Base de cálculo, onde será evidenciada a receita líquida, resultado
operacional e folha de pagamento bruta;
(2) Indicadores sociais internos, onde serão evidenciados gastos com os
funcionários com alimentação, encargos sociais compulsórios, previdência
privada, saúde, segurança e medicina no trabalho, educação, cultura,
capacitação e desenvolvimento profissional, creches ou auxílio-creche,
participação nos lucros ou resultados, e outros;
(3) Indicadores sociais externos, onde serão evidenciados gastos realizados
com a sociedade em educação, cultura, saúde e saneamento, esporte,
combate à fome e segurança alimentar, e outros (sendo excluído o valor
de possíveis encargos sociais);
(4) Indicadores ambientais, onde serão evidenciados os investimentos em
meio ambiente e metas onde será divulgado se existem metas para a
redução de agentes nocivos ao meio ambiente;
(5) Indicadores do corpo funcional, onde será demonstrado o perfil dos
profissionais da organização, evidenciando o número de funcionários por
cor da pele e sexo, a rotatividade, a quantidade de portadores de
deficiência ou necessidades especiais, e percentual de cargos de chefia
ocupados por negros (as) e mulheres;
50
(6) Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial,
este tópico é referente a variadas informações que evidenciarão, dentre
outras coisas, as disparidades sociais na organização, através de
solicitação de informações, como: a relação entre a maior e a menor
remuneração na empresa; apresentação resumida da DVA; e quais os
cargos dos funcionários que são contemplados com previdência privada; e
(7) Outras informações, esta parte fica em aberto para que a organização
evidencie outras informações importantes quanto ao exercício da
responsabilidade social, ética e transparência.
Siqueira (2003, p. 114) evidenciou três limitações relacionadas ao modelo
IBASE: pouca disponibilidade de margem para a evidenciação das contribuições
negativas à sociedade; instruções vagas fornecidas para o preenchimento, dando
margem a distintas interpretações; e não é suficientemente incentivado o uso de
notas explicativas.
2.5.2. DVA
Para a FIPECAFI, o Balanço Social é composto por quatro vertentes, que
são: Balanço Ambiental; Balanço de Recursos Humanos; Benefícios e Contribuições
à Sociedade; e Demonstração do Valor Adicionado – DVA (FIPECAFI, 2000, p. 31).
Ribeiro e Cunha (2003, p. 4) afirmam que conceitualmente, a DVA “é uma
das peças formadoras do Balanço Social, mas em muitos casos o que se vê é sua
apresentação dissociada dele e em conjunto com as outras Demonstrações
Contábeis usuais, ou ainda, como o próprio Balanço Social”.
A DVA tem como objetivo “evidenciar a contribuição da empresa para o
desenvolvimento econômico-social da região onde está instalada. Discrimina o que
51
a empresa agrega de riqueza à economia local e, em seguida, a forma como
distribui tal riqueza” (FIPECAFI, 2000, p. 31).
Ela é uma maneira simples de medir a responsabilidade social relacionada a
quanto à empresa está agregando de valor as partes interessadas, através da
indicação de receita, da distribuição de lucros, pagamento de impostos, custos dos
programas sociais, dividendos e salários (ANDERSON, 1978, 39).
No entanto estes dados não podem ser analisados isoladamente. Siqueira
(2003, p. 112) observa que “uma elevada geração de riqueza não necessariamente
é benéfica para a sociedade”. O autor comenta o caso de empresas monopolistas
ou oligopolistas que na análise de sua DVA é apresentada uma alta geração de
riqueza, no entanto quando as mesmas utilizam práticas contrárias à concorrência,
reprimindo empresas menores, levam os funcionários das últimas ao desemprego,
não sendo este um bom exemplo de empresa socialmente responsável.
Outro ponto destacado por Siqueira (2003, p. 113) é que a DVA não
contempla as demais vertentes do Balanço Social, como a referente às informações
ambientais. Isto pode fazer com que uma empresa com atividade operacional
agressiva ao meio ambiente tenha este seu lado ignorado, sendo apenas divulgada
sua imagem como grande geradora de valor e com uma forte característica
redistributiva em suas atividades.
Freire e Rebouças (2001, p. 105) afirmam que apesar de a DVA ser um
importante componente contábil do Balanço Social, as informações nela contidas
ainda estão muito aquém das necessárias para seu reconhecimento como Balanço
Social, daí a necessidade de divulgação das outras vertentes da FIPECAFI.
Na Deliberação nº 488 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), de 3 de
outubro de 2005, a DVA passou a fazer integrar o que a CVM classifica como um
conjunto completo de demonstrações contábeis (CVM, 2005, p. 4).
52
2.5.3. Global Reporting Initiative (GRI)
O Global Reporting Initiative (GRI) é uma instituição global independente
lançada em 1997 como uma iniciativa conjunta da organização não-governamental
Ceres (Coalition for Environmentally Responsible Economies - Coalizão por
Economias
Ambientalmente
Responsáveis)
e
do
UNEP
(United
Nations
Environment Program – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) cuja
missão é desenvolver e disseminar Diretrizes para Relatório Sociais com aplicação
global (CRAWFORD, 2005, p. 20; NEW, 2005, p. 24; MIN, 2004, p. 11).
Participam dele organizações de diversos setores como agências nãogovernamentais, corporações, consultorias, organizações contábeis, associações de
negócios, acadêmicos e outros (CRAWFORD, 2005, p. 20).
Os indicadores propostos pelo GRI podem ser utilizados por qualquer
instituição, pois a adesão a eles é voluntária, bastando apenas haver o interesse da
organização em divulgar as informações solicitadas por eles (GRI, 2002, p. 1).
Os indicadores de GRI estão divididos em três grupos: (1) indicadores de
desempenho econômico, tais como total da folha de pagamento e doações a
comunidade; (2) indicadores de desempenho ambiental, tais como emissões de
gases causadores do efeito estufa e consumo de água; e (3) indicadores de
desempenho social, que por sua vez sub-dividem-se: (a) informações a respeito de
práticas trabalhistas, tais como sobre a saúde do trabalhador, a segurança e a
diversidade; (b) direitos humanos, tais como políticas em torno do trabalho infantil e
dos direitos indígenas; (c) sociedade, tal como impactos sobre a comunidade; e (d)
responsabilidade sobre o produto, tais como sobre a saúde e a segurança do
cliente, e sobre a privacidade do consumidor (SOCIALLY, 2005, p. 12).
53
A organização que optar pela sua adesão poderá fazê-lo de forma gradual,
porém quando todos os indicadores essenciais por ele sugeridos forem empregados
a expressão “de acordo com” deverá ser utilizada, sinalizando para o fato da
empresa ter elaborado seu Relatório Social conforme o sugerido pelo GRI (GRI,
2002, p. 13).
O GRI não desenvolve nem divulga padrões de prática para a utilização de
certificação independente, que comprove a veracidade das informações; porém ele
incentiva que a organização busque estas certificações a fim de fornecer maior
credibilidade e qualidade aos seus relatórios (GRI, 2002, p. 74 e 76).
2.5.4. Indicadores Ethos
Os Indicadores Ethos surgiram a partir da iniciativa do Instituto Ethos de
Empresas e Responsabilidade Social, que, conforme Maia Filho (2005, p. 1), é uma
instituição que reúne um grupo de empresários e lideranças setoriais e conta,
atualmente, “com mais de mil empresas associadas, que juntas representam cerca
de 33% do PIB nacional e empregam mais de um milhão de pessoas”.
Conforme Siqueira e Vidal (2003B, p. 4) a proposta de Balanço Social do
Instituto Ethos “é de grande importância pois, além de retratar as opiniões de um
grupo influente na sociedade, reflete de forma estruturada e adaptada à realidade
brasileira as propostas do Global Reporting Initiative”.
Estes indicadores referem-se a uma ferramenta de uso essencialmente
interno, que possibilita a avaliação da gestão no que diz respeito à incorporação de
práticas de responsabilidade social, além do planejamento de estratégias e do
monitoramento do desempenho geral da empresa, abrangendo os temas: valores,
transparência e governança, público interno, meio ambiente, fornecedores,
54
consumidores e clientes, comunidade, e governo e sociedade (ETHOS, 2005c, pg.
3, 16, 17).
Existem duas categoriais de Indicadores Ethos: os gerais e os setoriais,
sendo os últimos complementares aos indicadores gerais relacionados a alguns
setores específicos, que são: distribuição de energia elétrica; panificação;
restaurantes e bares; financeiro; mineração; papel e celulose; transporte de
passageiros terrestres; petróleo e gás; e construção civil (ETHOS, 2005a).
Conforme Grajew (2005), diretor-presidente do Instituto:
Os indicadores [Ethos] têm por objetivo principal apresentar para o setor
empresarial e a sociedade em geral o que é responsabilidade social, sua
abrangência e profundidade. Assim, antes de ser uma ferramenta de
avaliação, é um instrumento didático que visa inserir, definitivamente, as
práticas socialmente responsáveis na agenda das organizações. Por isso
aparecem questões que são consideradas intrínsecas às empresas como a
ética. Além disso, os indicadores retratam estágios de desenvolvimento da
prática de responsabilidade social nas empresas. No exemplo da ética, não
está apenas representada a sua necessidade nas relações empresariais,
mas seus diferentes níveis de desenvolvimento e aplicação.
Destaca-se que os Indicadores Ethos, em sua versão 2005, serviram como
base para o levantamento do Guia Exame 2005 sobre “Boa Cidadania Corporativa”,
que contou com a participação de 222 empresas de todos os portes e regiões do
Brasil, das quais dez foram apontadas como “empresas modelos” no país
(ROSENBURG, 2005, p. 13 e 14).
2.5.5. Quadro Comparativo entre os Modelos de Balanço Social
Tendo como base as vertentes do Balanço Social propostas pela FIPECAFI,
e adaptando a vertente da DVA para uma visão mais ampla de análise dos aspectos
redistributivos da atividade econômica, elaborou-se um quadro onde pode ser
observado se os modelos de Balanços Sociais apresentados nesta pesquisa –
IBASE, DVA, GRI e Indicadores Ethos – atendem as vertentes solicitadas.
Quadro 1: Modelos de Balanço Social e Vertentes da FIPECAFI
55
VERTENTES
MODELO
IBASE
Ambiental
Recursos
Humanos
Aspecto
Redistributivo
Benefícios e
Contribuições
à Sociedade
x
x
x
x
x
DVA
GRI
Indicadores Ethos
Fonte: A autora.
x
x
x
x
x
x
x
x
57
que instituem a obrigatoriedade do Balanço Social: a Lei Nº 8.118 do município de
Porto Alegre (RS), e a Lei Nº 7.672 do município de Santo André (SP), e os Projetos
de Lei Federal Nº 32/1999 e Nº 1.305/2003, ambos ainda em processo de
aprovação.
Pesquisa de Pinto e Ribeiro (2003, p. 1) sobre a divulgação das informações
sociais no Estado de Santa Catarina mostrou que:
[...] o Balanço Social vem sendo bastante difundido entre as empresas
estudadas, porém em modelos diferentes; os indicadores divulgados são os
mais variados; há ausência de algumas informações relevantes; os dados
são de apenas dois períodos, fazendo com que os Balanços Sociais deixem
de propiciar aos usuários uma utilidade mais ampla.
A obrigatoriedade de publicação do Balanço Social iria de encontro a estes
problemas encontrados por Pinto e Ribeiro (2003, p.1) que também já haviam sido
identificados por outros autores - como por Kroetz (2000, p. 87), que afirma que
como não há regulamentação relativa à demonstração do Balanço Social, as
organizações “divulgam os dados que entendem relevantes e da forma que melhor
convém. Assim, a maioria dos Balanços [Sociais] são fruto de atitudes espontâneas,
as quais não seguem efetivamente uma estrutura básica, com exceção dos países
onde ela é obrigatória”.
Por
outro
lado,
existem
posicionamentos
contra
a
obrigatoriedade.
Diefenthaeler (2000) afirma que o sociólogo Ciro Torres, coordenador do IBASE,
acredita que “’não se pode criar cidadania por decreto’. [...] ‘De que adianta obrigar
se não houver o que mostrar?’, ele questiona. ‘O balanço dá transparência às
ações, mas a sua realização deve ser espontânea’".
Hebert de Souza, o Betinho, também concordava que a divulgação do
Balanço Social deveria partir de uma adesão voluntária por parte das empresas,
sendo esta a solução ideal que refletiria “uma disposição extremamente positiva por
parte das empresas, uma das condições para que essa idéia dê certo”. No entanto,
58
apesar de acreditar que a voluntariedade relativa à publicação do Balanço Social
fosse a situação ideal, Betinho era a favor da obrigatoriedade, pois acreditava que a
existência de uma lei daria legitimidade institucional ao Balanço Social (SOUZA,
2005).
Algumas pessoas ligadas à área empresarial têm a opinião de que a maior
vantagem da adesão voluntária à utilização do Balanço Social é que “as companhias
podem adaptá-lo conforme sua situação particular, melhor que um jogo de
exigências que não podem se aplicar a todas as situações” (ADAPTING, 2004, p.
13).
Crawford (2005, p. 24) afirma que as empresas normalmente concordam com
regulamentações voluntárias. Ele cita exemplos disto tanto na área ambiental
quanto na social. Na perspectiva ambiental, ele mostra que as empresas têm
concordado com regulamentações ambientais voluntários, tais como não adquirir
espécies em extinção ou não conduzir atividades de negócio em áreas
ecologicamente sensíveis - freqüentemente devido à pressão de grupos ambientais
e do governo. E na perspectiva social, ele afirma as empresas têm concordado em
adequar-se a padrões voluntários que restringem os horários de comerciais de
cerveja e outras bebidas alcoólicas na televisão. As normas internacionais de
trabalho das Nações Unidas são convenções usadas geralmente como o mínimo de
padrão necessário para a produção de bens de consumo em países desenvolvidos
(CRAWFORD, 2005, p. 24).
Entretanto vale chamar a atenção para o fato de que a realidade do autor
(Crawford) é referente à de um país de primeiro mundo, a qual é distinta da
encontrada em países de terceiro mundo como o Brasil. Sem contar que uma
organização que não tem sua atuação pautada na responsabilidade social, e nem
tem a intenção de fazê-lo, poderia não elaborar o Balanço Social, pois o mesmo
59
poderia “depor” contra a mesma. Como bem observou Betinho: “a iniciativa privada
muitas vezes não se sente comprometida com o mundo em que vive e trabalha”
(SOUZA, 2005).
Apesar dos posicionamentos contra a obrigatoriedade, uma pesquisa
denominada V Pesquisa Nacional sobre a Responsabilidade Social nas Empresas,
realizada pelo Instituto de Responsabilidade Social da Associação dos Dirigentes de
Vendas e Marketing do Brasil (IRES/ADVB), demonstra que 60% das organizações
consultadas já têm entendimento a favor da obrigatoriedade da publicação do
Balanço Social no Brasil, sendo que 27% (também sob total dos entrevistados) já o
fazem como forma de divulgar seus investimentos em projetos de cunho social
(GOYANO, 2004, p. 56).
Quairel (2004, p. 36) conclui que, sendo a organização a favor ou contra a
obrigatoriedade do Balanço Social, um consenso comum existe: a necessidade de
um padrão para esta demonstração.
3.2. O Balanço Social e a relação custo-benefício
Bloom et al (1987, p. 34) afirma que dentre as queixas das empresas
referentes ao Balanço Social o custo para a elaboração do mesmo está entre as
principais.
Cowe (2003b, p. 1) mostra a dúvida que existe nas organizações acerca de
que seus Relatórios Sociais e ambientais parecem ter pouco impacto, e questionam
se vale a pena o esforço e a despesa para elaborá-los.
Realmente, o efetivo custo-benefício do Balanço Social é difícil de ser
mensurado, pois é atendido um grande número de usuários através da divulgação
do mesmo, sendo que para cada um deles é atribuída utilidade e importância
diferenciada (KROETZ, 2000, p. 107).
60
Entretanto, para responder a este questionamento das empresas, Cowe
(2003b, p. 1) comenta sobre uma pesquisa do Corporate Social Reporting
Europe/Accountability, que concluiu que os impactos da elaboração do Relatório
Social e Ambiental dentro de uma organização podem ser dos mais significativos,
ao demonstrarem "o compromisso com a transparência, podendo impactar em
decisões e em resultados de negócio".
O custo para a divulgação do Balanço Social irá variar conforme o modelo
adotado. O modelo IBASE, por exemplo, não exige que uma grande quantidade de
informações adicionais, além das já conhecidas pela organização, precise ser
elaborada (SIQUEIRA, 2003, p. 113), enquanto que outros modelos, como os
indicadores do GRI, solicitam informações específicas, as quais normalmente se faz
necessário fazer um levantamento para a sua divulgação, como por exemplo
referente à quantidade de emissões de gases causadores do efeito estufa e número
de espécies na Lista Vermelha da UICN com habitat em áreas afetadas pela
organização (GRI, 2002, p. 48).
Ressalta-se que apesar dos eventuais custos para a elaboração do Balanço
Social, os benefícios provenientes dele não devem ser deixados de lado, conforme
destaca Kroetz (2000, p. 107):
É importante ressaltar que investimento realizado na questão ambiental e
social vem prevenir possíveis gastos adicionais, perdas, desperdícios e
multas, além de melhorar a qualidade de vida da população e do pessoal
interno. Por conseguinte, melhora a imagem e a qualidade do produto e da
entidade, podendo inclusive aumentar a produtividade e a lucratividade.
Freire
e Rebouças
(2001, p.
105) complementam esta
afirmação,
argumentando que outro benefício da publicação do Balanço Social é o fato da
empresa poder reconhecê-lo como “fonte de memória social [...] e buscar utilizá-lo
como elemento formal de seu sistema de informações sobre capacitação e
61
performance dos recursos humanos, empregando-o como ferramenta destinada a
incrementar a competitividade empresarial”.
3.3. Críticas ao Balanço Social e pontos que comprometem sua qualidade
Diversas críticas são feitas ao Balanço Social e aos seus diferentes modelos,
indo desde a sua forma de apresentação até a real necessidade de sua existência.
Devido a isto, serão discutidas a seguir as principais críticas encontradas na
literatura específica sobre esta demonstração, bem como alguns pontos que
comprometem a sua qualidade.
3.3.1. Padronização
A padronização do Balanço Social está diretamente relacionada à
necessidade de comparação entre os relatórios de diferentes organizações e
diferentes períodos, fato este já levantado por pesquisas como: GRI (2002, p. 27);
Siqueira e Vidal (2003, p. 8); Silva et al, (2001, p. 1); Pinto e Ribeiro (2003, p. 13);
Beets e Souther (1999, p. 129).
Siqueira e Vidal (2003a, p. 1 e 6) fizeram uma análise da qualidade
informativa dos Balanços Sociais de 21 empresas publicados em 2001 com a
finalidade de verificar qual o estágio destes relatórios até aquela data, constatando
que dos relatórios estudados: seis utilizaram o modelo IBASE; seis a DVA; quatro
DVA e IBASE; uma a DVA e outros modelos; três informações qualitativas; e uma
tabelas e gráficos diversos. Como se pode observar, uma das conclusões que o
estudo chegou foi que não há uma padronização referente à elaboração desta
demonstração, como o que já havia sido apontado por outras pesquisas citadas por
Siqueira (2003, p. 129).
62
Pinto e Ribeiro (2003, p. 1), comentam que apesar de vir sendo difundido o
conceito de Balanço Social entre as empresas brasileiras estudadas, os modelos
apresentados pelas mesmas são diferentes; os indicadores divulgados são os mais
variados; algumas informações relevantes não são apresentadas; as informações
fornecidas são apenas de dois períodos, deixando de proporcionar aos usuários
uma maior utilidade.
Fato este que Beets e Souther (1999, p. 129) já observavam no exterior, o
que os levou a afirmarem que a ausência de um padrão para estes relatórios faz
com
os
mesmos
tenham
diferido
significativamente,
dificultando
ou
até
inviabilizando a comparação entre as diversas empresas.
Desta forma, conforme Azevedo (2005), a inexistência de uma definição de
indicadores a serem publicados pode acabar transmitindo a imagem que a empresa
deseja, que não necessariamente é a sua imagem real, e, como os indicadores e
processos utilizados na elaboração do relatório variam de caso para caso, a
comparação entre as atuações das empresas é dificultada ou até inviabilizada,
algumas vezes.
Azevedo (2005) ainda completa, afirmando que diferentemente do que ocorre
no aspecto financeiro, não existe um padrão de comunicação generalizado e aceito
sobre os Relatórios Sociais, “à medida que aumenta o número de empresas que
publicam relatórios, multiplicam-se os diferentes modelos e formatos adotados”.
Este pensamento é complementado por Sucupira (2001, p. 127), que afirma
que caso não haja uma padronização para o Balanço Social “torna-se difícil uma
avaliação adequada da função social da empresa, já que ela tende a informar
apenas o que lhe parece conveniente [...]. Desta forma, o Balanço Social confundese com uma mera peça de marketing”.
63
3.3.2. Burocracia
Outra crítica comum é o fato de alguns modelos de Balanço Social serem
considerados muito burocráticos, parecendo mais “um formulário a ser preenchido”,
o que ocorre com boa parte das propostas da Europa (KROETZ, 2000, p. 16;
ADAPTING, 2004, p. 13).
Um debate promovido pelo Instituto Ethos sobre o Projeto de Lei Nº
1305/2003 do então deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ), em tramitação no
Congresso Nacional, que tornaria obrigatória a elaboração e publicação do Balanço
Social no Brasil obteve como crítica a argumentação de que a regulamentação vai
onerar as empresas além do fato de ser este projeto de lei, considerado por alguns,
bastante burocrático (ETHOS, 2003, p. 4).
Baseado nestas críticas relacionadas ao custo de elaboração do Balanço
Social e a burocracia de algumas propostas é que o modelo IBASE tenta ser
simples, o que possibilita a sua adesão por um maior número de organizações
(IBASE, 2005b).
O problema relacionado à burocracia de alguns modelos de Balanço Social
poderá ser resolvido com o passar do tempo, através de revisões e discussões
constantes sobre o formato dos relatórios, onde o mesmo deverá ir sofrendo
adaptações a fim de se chegar a um modelo “ideal”. Esta é a política adotada pelo
GRI, que após cada novo lançamento de seus indicadores continua estudando a
sua aplicação prática, para ir se aprimorando continuamente (GRI, 2002, p. 63).
3.3.3. Viés para potencialização de resultados positivos
O viés para potencialização de resultados positivos dado ao Balanço Social
está relacionado com a qualidade deste relatório. Ele pode ocorrer de três formas,
conforme Siqueira e Vidal (2003, p. 5-8):
64
(1)
Através do destaque das informações positivas e da omissão de
alguma outra informação – normalmente as informações omitidas
depõem contra a imagem da empresa;
(2)
Através de atenuante fornecido a informação – quando algo de
ruim aconteceu à sociedade ou ao meio ambiente em virtude das
atividades operacionais da empresa e a mesma tenta passar a
impressão de que o fato não foi “tão ruim como parece”; e
(3)
Através do uso de viés positivo – que ocorre quando de uma
informação que reflete algo de maléfico ou prejudicial cometido
pela empresa a mesma tenta extrair algum benefício proveniente
disto, dando a impressão de que foi bom que tal fato ruim
ocorresse.
Este viés foi percebido tanto em pesquisas internacionais - como as de
Deegan, Rankin e Tobin (2002, p. 312) e Hackston e Milne (1996, p. 77) – quanto
em pesquisas nacionais, como a de Dias e Siqueira (2005, p. 14).
Deegan, Rankin e Tobin (2002, p. 312), examinaram as demonstrações
sociais e ambientais de uma das maiores empresas Australianas, a BHP Ltd, num
período de 15 anos (1983 – 1997) encontrando uma tendência de ser dada ênfase à
divulgação de informações positivas em detrimento das negativas.
Fato semelhante ocorreu com Dias e Siqueira (2005, p. 14), que ao
analisarem os Balanços Sociais da Petrobras do período de 2000 a 2005
perceberam que em todos os anos o viés para potencialização de resultados
positivos aparecia, apesar da freqüência do mesmo vir sendo reduzida em termos
relativos.
Deve-se ficar atento ao conteúdo a ser apresentado no Balanço Social, pois a
medida em que ele passa a conter preocupação excessiva com a evidenciação de
informações
relacionadas
a
projetos
e
benfeitorias
sociais
e
ambientais
patrocinados pela empresa, ele pode perder o foco, levantando a questão: será que
estariam algumas organizações “publicando somente as boas ações e deixando de
66
Resumir o Balanço Social à “apenas” um instrumento de marketing é não
entender a sua real função e incorrer no mesmo erro cometido por algumas
empresas, que evidenciam somente o lado positivo de sua atuação ou dão maior
ênfase a este ponto, preocupando-se somente com os eventuais retornos benefícios
que a publicação do mesmo poderá proporcionar.
Assim, a utilização deste viés está diretamente relacionado com o uso do
Balanço Social como instrumento de marketing. Como já comentado, para um
relatório de qualidade se faz necessário que sejam evidenciados tanto aspectos
positivos,
quanto
negativos,
sem
maior
ênfase
a
algum
destes
pontos
especificamente, apenas os fatos devem receber a atenção relativa a sua
proporção, pois caso isto não ocorra, a utilidade do Balanço Social poderá ser posta
em questão.
3.3.4. Abrangência
Outro ponto que compromete a qualidade do Balanço Social está relacionado
à abrangência do mesmo, ao não fornecer todas as informações necessárias à
verdadeira análise das ações da empresa.
Conforme Siqueira e Vidal (2003, p. 4) esta abrangência está diretamente
relacionada com a contemplação de quatro vertentes do Balanço Social propostas
pela FIPECAFI (2000, p. 31): Balanço de Recursos Humanos; Benefícios e
Contribuições à Sociedade; Balanço Ambiental; e DVA, conforme comentado no
Capítulo 2, sub-tópicos 2.4 e 2.5.2.
Conforme Siqueira e Vidal (2003, p. 4), o modelo IBASE se “aproxima da
junção destas quatro vertentes”.
Já os indicadores do GRI são divididos em três vertentes relativas ao
desempenho econômico, ambiental e social. Faltaria apenas a vertente da DVA
67
para que todas as vertentes da FIPECAFI fossem atendidas. No entanto, se a DVA
for encarada como um instrumento de quantificação dos aspectos redistributivos das
operações da empresa, então o GRI atenderá a todas as quatro vertentes citadas
acima, visto que nos indicadores econômicos estes aspectos redistributivos são
contemplados.
Pesquisa realizada por Cunha e Ribeiro (2004, p. 13 e 14) concluiu que as
empresas brasileiras, gradativamente, vêm passando a fornecer informações que
vão além de dados meramente sobre Recursos Humanos, mas apesar disto,
apenas três empresas, de uma análise envolvendo 284, apresentaram todas as
vertentes necessárias para que a demonstração social fosse considerada
abrangente, sendo que este último fato veio a corroborar com estudo realizado
anteriormente por Siqueira e Vidal (2003, p. 12).
3.3.5. Transparência
Nelson Carvalho, em entrevista a Varella (2002, p. 17), afirma que é de
conhecimento geral que “transparência induz, automaticamente, à conduta
adequada – quando todos conhecem o que fazemos, tendemos a fazê-lo de
maneira mais acertada possível”. O mesmo se referia às demonstrações financeiras,
porém este comentário é válido também para o Balanço Social.
Siqueira e Vidal (2003, p. 9-11) destacam três pontos relativos à maior
transparência das demonstrações sociais que se fazem necessários para haver
qualidade e credibilidade das informações, que são: (1) a presença de notas
explicativas associadas às informações; (2) a identificação de um responsável pelo
conteúdo do relatório; e (3) a realização de uma auditoria.
As demonstrações contábeis financeiras possuem uma série de notas
explicativas associadas aos relatórios. Estas notas transformam uma conta sintética
68
em analítica, evidenciam a ocorrência de mudança de critérios, explicam mais
detalhadamente o que levou a ocorrência de fatos relevantes etc. Enfim, são de
grande utilidade para o bom entendimento das Demonstrações Financeiras
(FIPECAFI, 2000, p.29).
Assim, as Demonstrações Sociais (que contemplam informações ambientais,
sociais e econômicas) deveriam receber o mesmo tratamento. Notas explicativas se
fazem necessárias, por exemplo, para detalhamento de fórmulas para se chegar a
determinados dados e para colocar um parâmetro de comparação quando da
existência de dados muito específicos, garantindo aos usuários informações claras e
completas sobre a organização.
A exigência de identificação do responsável pelas informações contidas no
Balanço Social é necessária para que haja maior credibilidade relativa às
informações, a medida em que esta pessoa responderia por possíveis imprecisões
divulgadas aos stakeholders, servindo, também, como um interlocutor entre esta
última e a empresa (CARVALHO e SIQUEIRA, 2005b, p. 8 e 9).
Por último tem-se a figura da auditoria, que serviria como um fiscal
assegurando a veracidade das informações. Segundo Tinoco (2002, p. 71), a
auditoria do Balanço Social juntamente com outros relatórios “permite aos
empresários e aos agentes sociais identificar, medir e agir sobre os fatos sociais
vinculados à empresa, tanto interna como externamente”.
Apesar disto, Beets e Souther (1999, 129), ao analisarem o parecer da
auditoria externa dos relatórios das empresas, observaram que no corpo do texto do
parecer não é feita nenhuma menção ao Balanço Social, fazendo com que seja
questionada a credibilidade dos Relatórios Sociais e, conseqüentemente, a
transparência dos mesmos.
69
Adams e Evans (2004, p. 98) também comentam a necessidade de maior
transparência nas demonstrações sociais, pois estas necessitam de maior
integridade (honestidade) e credibilidade.
Entretanto, conforme Beets e Souther (1999, p. 137), há ainda a necessidade
de serem determinados padrões de auditoria para o Balanço Social, pois ainda não
há um parecer que atenda a esta necessidade específica, o que levanta dúvidas
sobre a capacidade técnica das empresas de auditoria externa em emitir uma
opinião sobre tais demonstrações.
Exemplo da necessidade de que haja padronização dos procedimentos da
auditoria foi notado por Dias e Siqueira (2005, p. 9), que observaram que apenas
“alguns dados” do Balanço Social da Petrobras de 2003 foram “revisados” por
auditores externos e o procedimento utilizado para esta revisão foi pré-acordado
entre a empresa de auditoria e a Petrobras.
Pode-se levantar o questionamento a respeito do que foi pré-acordado, além
do fato de não existir a presença de um “parecer” mas sim de uma “revisão de
alguns dados”, o que compromete a transparência e a credibilidade das informações
pela falta de independência da Petrobras ao ser ela mesma que acorda os
procedimentos a serem utilizados na revisão de alguns dados do Balanço Social da
Companhia.
Fato semelhante já havia sido identificado no exterior através da pesquisa de
Adams e Evans (2004, p. 106), onde a empresa de auditoria Deloitte & Touche, no
Relatório Social, indicava explicitamente: “o escopo e o trabalho executado
impossibilitam-nos de indicar uma opinião a respeito de se todas as figuras no
relatório são completas e exatas”. Em virtude do ocorrido, os auditores não puderam
atestar à integralidade e a credibilidade do relatório, logo, não existe o auxílio aos
70
stakeholders que consultam o “parecer” da auditoria para conseguir algum nível de
garantia.
3.3.6. Tempestividade
Conforme o capítulo XV, artigos 175 e 176 da Lei das Sociedades Anônimas
(2002, p. 78), o Exercício Social da empresa terá duração de um ano e ao seu
término, a Diretoria deverá elaborar as demonstrações financeiras da organização.
Do outro lado desta realidade encontram-se as demonstrações sociais, que,
como não há a obrigatoriedade de publicação das mesmas, apresentam casos de
algumas empresas que já as publicaram mais de um ano depois do término do
exercício ao qual se referiam, bem depois da data de publicação das
demonstrações financeiras (SIQUEIRA, 2003, p. 115).
Ora, as duas demonstrações apresentam informações complementares e
deveriam ser publicadas simultaneamente e, de preferência, de forma integrada,
sendo que isto também beneficiaria a comparabilidade entre os Balanços Sociais de
diferentes empresas, a medida em que o relatório delas fossem referentes ao
mesmo período de atuação (GRI, 2002, p. 16).
Para o GRI (2002, p. 22), a tempestividade destes Relatórios Sociais está
intimamente ligada ao fato de que “as partes interessadas devem receber
informações [...] em prazos que permitam seu uso efetivo”.
Ainda segundo o GRI (2002, p. 28):
O valor prático da informação para as partes interessadas está fortemente
ligado à periodicidade e regularidade de sua divulgação. A periodicidade
maximiza a utilidade e a absorção da informação, permitindo que ela faça
parte do processo decisório dos usuários. Assim como ocorre com relatórios
financeiros, os relatórios sobre desempenho econômico, ambiental e social
se tornam mais úteis quando os usuários contam com uma divulgação
regular e pontual. Informes especiais podem ser emitidos sempre que
ocorram acontecimentos inesperados.
71
Caso o Balanço Social não seja divulgado a tempo hábil, o objetivo ao qual
ele é proposto poderá ser comprometido (SIQUEIRA, 2003, p. 115).
3.4. GRI
3.4.1. Breve Histórico
Em 1997, foi criado nos EUA o Global Reporting Initiative (GRI), através de
uma iniciativa conjunta da Organização Não-Governamental norte-americana
Coalition for Environmentally Responsible Economics (CERES) e do Programa
Ambiental das Nações Unidas (UNEP - United Nations Environmental Programme).
Conforme Paschoal (2005):
O GRI é uma instituição independente, com sede em Amsterdã, na Holanda,
e atualmente é um centro de colaboração oficial do UNEP, trabalhando
ainda em cooperação com o Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi
Annan, através do Global Compact [Pacto Global].
O objetivo do GRI é melhorar a qualidade, o rigor e a aplicabilidade dos
relatórios de sustentabilidade, auxiliando a organização relatora e suas partes
interessadas a articular e compreender suas contribuições para o desenvolvimento
sustentável, porque elabora padrões para a apresentação destes relatórios de
forma independente, transparente e constantemente aperfeiçoada (GRI, 2002, p. 1
e CRAWFORD, 2005).
Em 2002, 135 empresas usaram os indicadores do GRI para elaborar seus
relatórios anuais. Nos primeiros cinco meses de 2003, este número chegou a 253,
em 26 países. Já em 2005, estimava-se que 600 empresas o adotariam
(PASCHOAL, 2005). No entanto, esta estimativa mostrou-se sub-avaliada, pois até
14 de outubro de 2005, conforme o GRI (2005), 728 empresas informaram a
organização que o utilizavam de alguma forma, sendo que destas dez representam
o Brasil.
Young – presidente do UniEthos e do Conselho Deliberativo do Instituto
Ethos, que foi eleito recentemente membro do Conselho Diretor do GRI – afirma que
"a Natura é o melhor exemplo de aplicação das diretrizes do GRI no Brasil"
(ETHOS, 2005d).
Young, em artigo publicado por Ethos (2005d), também afirma que o GRI:
[...] contribui para a gestão social e ambientalmente responsável de uma
empresa principalmente por sua amplitude. Seu modelo vem sendo usado
por organizações internacionais, em diferentes situações e legislações, além
de ter sido reconhecido pelo Pacto Global. Do ranking da SustainAbility, 47
empresas adotam suas diretrizes.
O aumento da procura pela apresentação de relatório de sustentabilidade foi
percebido em parte pela demanda dos investidores - que estão com interesses
cada vez maiores sobre os riscos unidos ao social, ético e impactos ambientais do
negócio - e em parte por desenvolvimentos de indicadores como o GRI (COWE,
2003a, p. 14).
O GRI elaborou as Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade (Diretrizes)
baseadas num processo consensual a fim de criarem relatórios que possam
alcançar aceitação mundial. Para isto, há a participação ativa de representantes da
indústria, das áreas de contabilidade, investimento, ambiente, direitos humanos e
organizações de trabalho de várias partes do mundo, que enviam sugestões e
comentários (GEE e SLATER, 2005, p. 30).
O próprio Conselho do GRI afirma que os indicadores desenvolvidos pela
instituição ainda estão em fase de aperfeiçoamento, usando a expressão “aprender
fazendo” para definir como está sendo o processo de reformulação das Diretrizes.
Para isto, desde o do primeiro esboço das Diretrizes, em 1999, foram iniciadas as
revisões, que culminaram com o seu lançamento efetivo em 2000, e após isto, uma
73
momento para que haja nova série de aperfeiçoamentos, os quais farão com que
brevemente saia outra reformulação (GRI, 2002, p. 1).
A terceira edição das Diretrizes do GRI está sendo preparada e será
publicada em 2006. O Business for Social Responsibility (BSR), uma organização
norte-americana com mais de 250 empresas publicou um relatório com uma série
de recomendações para ajudar a desenvolver a terceira edição do guia do GRI.
Segundo o diretor do BSR, Dunstan Hope, “as empresas estão contribuindo para o
guia, ninguém pensa em fazer uma revisão. As empresas querem uma evolução,
não uma revolução na responsabilidade social” (COWE, 2003b, p. 1).
A nova edição deverá resultar em um relatório mais fácil e em um aumento
no número das organizações que farão uso dela (GEE e SLATER, 2005, p. 30).
Estes aperfeiçoamentos constantes fazem analogia com os sofridos pelos
relatórios financeiros, que conforme o GRI (2002, p. I), a mais de meio século estão
evoluindo com o acompanhamento permanente do público.
Com isto o GRI (2002, p. 63) tenta “elevar as práticas de relatórios de
sustentabilidade a um nível equivalente às práticas de relatórios financeiros,
buscando comparabilidade, credibilidade, rigor, periodicidade e legitimidade da
informação” (GRI, 2002, p. 63).
3.4.2. Contribuições do GRI
As contribuições fornecidas pelo GRI têm sido elogiadas por diversos autores.
Para Barbosa (2005), o GRI é “considerado o mais sofisticado dos balanços sociais
[...] exigindo desde informações sobre impacto ambiental da atividade da empresa
até avaliações qualitativas do resultado dos investimentos sociais”. Cowe (2003a, p.
14) e Adams e Evans (2004, p. 97) afirmam que este “modelo” está sendo
considerado o menos suscetível a tendências, fornecendo às organizações que o
74
adotam indicadores não enviesados para que sejam incluídos no seu Relatório
Social, dando maior garantia referente à independência do relatório, fornecendo-o
uma credibilidade adicional.
Para que uma organização o utilize basta haver interesse em fazê-lo, pois a
adesão ao mesmo ocorre de modo voluntário, sendo independente de tipo, tamanho
ou localidade da mesma (WOFFORD, 2002, p. 9).
A divulgação das informações sugeridas pelas Diretrizes do GRI vai além dos
aspectos financeiros das atividades, produtos e serviços. Os relatórios apresentam
o triple bottom line (ou resultado triplo) comparáveis entre si, que representam o
desempenho sobre as perspectivas econômica, ambiental e social da organização,
de forma integrada, sendo que o equilíbrio nas complexas relações atuais entre
estas três perspectivas de forma que não comprometam o desenvolvimento futuro
faz com que seja alcançada a sustentabilidade, daí o termo “relatório de
sustentabilidade” para designar este relatório (GRI, 2002, p. 1, 9; ADAMS, 2004, p.
16).
As Diretrizes aconselham que o Relatório Social seja elaborado e divulgado
juntamente com o financeiro, pois acredita que os mesmos possuem informações
complementares, sendo que o primeiro deverá ser elaborando levando-se em
consideração os interesses dos seus usuários, que não são basicamente os
acionistas, como os do relatório financeiro (GRI, 2002, p. 16).
A adoção às Diretrizes do GRI poderá ocorrer de forma gradual, através de
uma “adesão informal”, iniciando com a utilização parcial aos princípios e/ou do
conteúdo das Diretrizes e progressivamente alcançando um nível mais completo de
adesão, o qual poderá chegar a um relatório “de acordo com” as Diretrizes, que
ocorre quando são seguidas estritamente as recomendações do GRI, atingindo o
75
ideal de maximizar a comparabilidade entre relatórios através de procedimentos
comuns para a sua elaboração (GRI, 2002, p. 13 e 14).
A fim de reivindicar que seu relatório está “de acordo” com as Diretrizes do
GRI, as demonstrações devem satisfazer a cinco condições, que incluem a
consistência com os princípios do GRI; a divulgação de informações específicas da
visão e da estratégia da empresa, do perfil organizacional, do escopo do relatório,
da governança e gerência dos sistemas; e informar cada um dos indicadores
essenciais ou fornece uma explanação para sua omissão (ADAMS e EVANS, 2004,
p. 100).
Como pode ser observado na figura a seguir, a medida em que mais
indicadores do GRI forem sendo utilizados, o grau de transparência do relatório
deverá aumentar, pois passará a cobrir um número maior de itens que
proporcionarão
uma
estrutura
mais
completa,
levando
a
uma
comparabilidade para com o relatório de outras empresas (GRI, 2002, p. 15).
Figura 2: Opções para Relatórios do GRI
maior
76
Fonte: GRI (2002, p. 15).
Conforme Ribeiro (2005, p. 122-123), as Diretrizes têm o objetivo de propiciar
direcionamento para que os relatórios:
•
“apresentassem uma visão clara do impacto ecológico e humano da
empresa, a fim de apoiar a tomada de decisão quanto a investimentos,
parcerias ou terceirização;
•
proporcionassem às partes interessadas informações confiáveis e
relevantes;
•
apoiassem a avaliação e melhoria contínua do seu desempenho e
progresso;
•
respeitassem e ampliassem, consistentemente, os critérios externos já
estabelecidos e aceitos para a elaboração de relatórios, a fim de lhe
garantir transparência e credibilidade;
•
apresentassem formato compreensível, que facilitasse a comparação
com relatórios emitidos por outras organizações;
•
complementassem outras formas de comunicação, incluindo as de
natureza financeira; e
•
ilustrassem a relação entre os três elementos da sustentabilidade: o
econômico (que inclui a informação financeira, mas não se limita a
ela), o ambiental e o social”.
No entanto, o próprio GRI faz questão de ressaltar que as Diretrizes não têm
como função governar o comportamento das organizações, mas sim contribuir
apenas para a descrição dos resultados obtidos com a utilização dos
procedimentos, códigos de conduta e sistemas de gestão (GRI, 2002, p. 11).
77
A utilização adequada do GRI proporciona uma visão ampla a respeito das
atividades da organização e a respeito dos sub-produtos indesejáveis criados a
partir
da
atividade
operacional
da
entidade,
pois
os
indicadores
foram
desenvolvidos de tal forma que também evidencie os aspectos negativos da
atividade econômica (GRI, 2002, p. 25; DIAS e SIQUEIRA, 2005, p. 1).
3.4.3. Os Indicadores de Desempenho
Os indicadores de desempenho do GRI são organizados de forma
hierárquica, por categoria, aspecto e indicador, agrupados em três grupos:
econômico, ambiental e social.
O quadro a seguir fornece uma visão geral da estrutura dos mesmos.
78
Quadro 2: Visão geral da estrutura dos indicadores do GRI
EC
ON
ÔMI
CA
AM
BI
EN
TA
L
SO
CI
AL
CATEGORIA
Impactos econômicos diretos
ASPECTOS
Clientes
Fornecedores
Funcionários
Investidores
Setor público
Impactos ambientais
Materiais
Energia
Água
Biodiversidade
Emissões e resíduos
Fornecedores
Produtos e serviços
Adequação à legislação
Transporte
Total
Práticas trabalhistas
Emprego
Relações com funcionários
Saúde e segurança
Treinamento e educação
Diversidade e oportunidade
Direitos humanos
Estratégia e gestão
Não-discriminalização
Liberdade de associação e de negociação coletiva
Trabalho Infantil
Trabalho forçado e compulsório
Procedimentos disciplinares
Procedimentos de segurança
Direitos indígenas
Sociedade
Comunidade
Suborno e corrupção
Contribuições políticas
Competição e política de preços
Responsabilidade sobre produtos e Saúde e segurança dos consumidores
serviços
Produtos e serviços
Propaganda
Respeito à privacidade
Fonte: GRI (2002, p. 34).
Para o GRI (2002, p. 43), o desempenho econômico tem por objetivo refletir
as “mudanças observadas no status econômico das partes interessadas em
conseqüência das atividades da organização, em vez de centrar-se nas mudanças
na condição financeira da própria organização”.
A dimensão ambiental do relatório refere-se aos impactos causados pela
organização aos diversos sistemas naturais vivos ou não, incluindo ecossistemas,
terra, ar e água (GRI, 2002, p. 46).
79
E, por fim, a dimensão social, que irá refletir os impactos causados pela
organização aos sistemas sociais nos quais opera. Esta dimensão pode ser
acompanhada através “de uma análise do impacto da organização sobre as partes
interessadas em nível local, nacional e global. Em alguns casos, os indicadores
sociais influenciam os bens intangíveis da organização, tais como capital humano e
reputação” (GRI, 2002, p. 49).
Dentro de cada uma das três dimensões comentadas acima existem diversos
indicadores de desempenho, que por sua vez são classificados em: essenciais e
adicionais.
3.4.3.1. Indicadores Essenciais
Os indicadores essenciais são aqueles que apresentam duas características:
são relevantes para a maioria das organizações relatoras e são importantes para a
maioria das partes interessadas (GRI, 2002, p. 12).
Porém, como citado, estes indicadores são relevantes para a maioria das
partes interessadas ou organizações, porém não para todas. Em alguns casos, eles
nem ao menos podem ser aplicados devido às informações referentes a eles não
se adequarem à realidade da organização.
Em uma organização que possui a elaboração do relatório “de acordo com” o
GRI, como comentado anteriormente por Adams e Evans (2004, p. 100), se faz
necessária à apresentação de justificativa para quando um destes indicadores não
for apresentado (no caso das empresas brasileiras, apenas a Natura tem esta
obrigação).
A seguir são apresentados todos os indicadores essenciais elaborados pelo
GRI, distribuídos conforme o desempenho econômico, ambiental e social.
80
Quadro 3: Indicadores Essenciais do GRI de Desempenho Econômico
INDICADORES DE DESEMPENHO ECONÔMICO
Consumidores
EC1. Vendas líquidas.
EC2. Análise regional de mercado.
Fornecedores
EC3. Custo dos bens, materiais e serviços adquiridos.
EC4. Porcentagem de contratos pagos segundo os termos estabelecidos, exceto disposições
acordadas no que tange a penalidades.
Empregados
:EC5. Total da folha de pagamento e benefícios (incluindo salários, pensões, outros benefícios e
pagamentos de indenização por demissão), agrupados por país ou região.
Investidores
EC6. Distribuições para investidores, discriminadas por juros sobre dívidas e empréstimos, e
dividendos em todos os tipos de ações, apontando-se qualquer atraso no pagamento de dividendos
preferenciais.
EC7. Aumento/decréscimo em ganhos retidos ao fim do período.
Setor Público
EC8. Soma de todos os tipos de impostos já pagos, discriminados por país.
EC9. Subsídios recebidos de acordo com o país ou região.
EC10. Doações à comunidade, à sociedade civil e a outros grupos, em dinheiro ou em espécie,
discriminadas por tipo e por grupo.
Fonte: Adaptado do GRI (2002, p. 45 e 46).
81
Quadro 4: Indicadores Essenciais do GRI de Desempenho Ambiental
INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL
Material
EN1. Uso total de materiais por tipo (exceto água).
EN2. Porcentagem de materiais utilizados que eram resíduos (processados ou não) de fontes
externas à organização relatora.
Energia
EN3. Consumo direto de energia, segmentado por fonte primária.
EN4. Consumo indireto de energia.
Água
EN5. Consumo total de água.
Biodiversidade
EN6. Localização e tamanho das terras pertencentes à organização, arrendadas ou administradas
por ela em habitats ricos em biodiversidade.
EN7. Descrição dos principais impactos sobre a biodiversidade associados a atividades e/ou
produtos e serviços em ambientes terrestres, de água doce
ou marítimos.
Emissões, efluentes e resíduos
EN8. Emissões de gases causadores do efeito estufa (CO2, CH4, N2O, HFCs, PFCs, SF6).
EN9. Uso e emissões de substâncias destruidoras de ozônio.
EN10. NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, pelo tipo.
EN11. Quantidade total de resíduos por tipo e destino.
EN12. Descargas significativas na água (especificar por tipo).
EN13. Derramamento significativo de produtos químicos, óleos e combustíveis pelo número total de
ocorrências e pelo volume total.
Produtos e serviços
EN14. Impactos ambientais significativos dos principais produtos e serviços.
EN15. Porcentagem recuperável dos produtos vendidos ao fim do seu ciclo de vida e porcentagem
efetivamente recuperada.
Concordância
EN16. Incidentes ou multas por não-cumprimento das declarações, convenções, tratados
internacionais, legislação nacional, sub-nacional, regional e local sobre assuntos ambientais.
Fonte: Adaptado do GRI (2002, p. 47-49).
82
Quadro 5: Indicadores Essenciais do GRI de Desempenho Social
INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: práticas trabalhistas e trabalho decente
Emprego
LA1. Especificar a mão-de-obra, se possível por região ou país, status (empregados ou não), tipo de
emprego (tempo integral ou parcial) e tipo de contrato de trabalho (permanente, por tempo
determinado ou temporário).
LA2. Criação de empregos e rotatividade, por região/país.
Trabalho/Relações de Administração
LA3. Porcentagem de empregados representados por organizações sindicais independentes ou
outros representantes legítimos, ou porcentagem de empregados amparados por acordos de
negociação coletiva, por região/país.
LA4. Política e procedimentos envolvendo informação, consulta e negociação com empregados a
respeito de mudanças nas operações da organização relatora (por exemplo, reestruturação).
Saúde e segurança
LA5. Práticas sobre registro e notificação de acidentes e doenças ocupacionais, e como elas estão
relacionadas com o Código de Prática da OIT sobre Registro e Notificação de Acidentes e Doenças
Profissionais.
LA6. Descrição de comitês formais sobre saúde e segurança, incluindo representantes da
administração e dos trabalhadores, e parcela da mão-de-obra atendida por qualquer um desses
comitês.
LA7. Lesões típicas, dias perdidos, índice de absenteísmo e número de óbitos relacionados ao
trabalho (incluindo trabalhadores sub-contratados).
LA8. Descrição de políticas ou programas (para o ambiente de trabalho e fora dele) a respeito de
HIV/Aids.
Treinamento e educação
LA9. Média de horas de treinamento por ano, por empregado e por categoria.
Diversidade e oportunidades
LA10. Descrição de políticas ou programas de iguais oportunidades, bem como sistemas de
monitoramento para garantir o seu cumprimento.
LA11. Composição do corpo diretivo e do grupo responsável pela governança corporativa (incluindo
o quadro de diretores), observando-se a proporção homem/mulher e outros indicadores de
diversidade culturalmente apropriados.
Indicadores de Desempenho Social: direitos humanos
Estratégia e administração
HR1. Descrição de políticas, diretrizes, estrutura corporativa e procedimentos para lidar com todos
os aspectos dos direitos humanos relevantes nas operações da organização, incluindo mecanismos
de monitoramento e resultados.
HR2. Evidência de consideração dos impactos sobre os direitos humanos como parte de
investimentos e tomadas de decisão de compra, incluindo a seleção de fornecedores ou
contratados.
HR3. Descrição de políticas e procedimentos para avaliar e abordar o desempenho em direitos
humanos dentro da cadeia de fornecedores e contratados, incluindo sistemas e resultados de
monitoramento.
Não-discriminação
HR4. Descrição de política global e procedimentos ou programas que previnam todas as formas de
discriminação, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento.
Liberdade de associação e negociação coletiva
83
HR5. Descrição da política de liberdade de associação e a extensão pela qual essa política é
universalmente aplicada, independentemente das leis locais, bem como descrição de procedimentos
ou programas para tratar do assunto.
Trabalho infantil
HR6. Descrição de políticas que excluam o trabalho infantil, conforme definido pela Convenção 138
da OIT, e a determinação e aplicação visível dessa política, bem como a descrição de
procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e
resultados desse monitoramento.
Trabalho forçado e compulsório
HR7. Descrição de políticas para prevenir o trabalho forçado e compulsório, e a extensão pela qual
essas políticas são visivelmente estabelecidas e aplicadas, bem como descrição de procedimentos
ou programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse
monitoramento.
Indicadores de Desempenho Social: sociedade
Comunidade
SO1. Descrição de políticas para gerenciar impactos sobre as comunidades que vivem em áreas
afetadas pelas atividades da organização, bem como descrição de procedimentos ou programas
para tratar do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento.
Suborno e corrupção
SO2. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade
para organizações e empregados com relação a suborno e corrupção.
Contribuições políticas
SO3. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade
para a administração de lobbies e contribuições políticas.
Indicadores de Desempenho Social: responsabilidade sobre o produto
Saúde e segurança do consumidor
PR1. Descrição de políticas para preservar a saúde e a segurança do consumidor durante o uso de
produtos e serviços, e a extensão pela qual essas políticas são visivelmente estabelecidas e
aplicadas, bem como descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo
sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento.
Produtos e serviços
PR2. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade
relacionados a informações sobre o produto e sua rotulagem.
Respeito à privacidade
PR3. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de respeito à
privacidade do consumidor.
Fonte: Adaptado de GRI (2002, p. 50 – 54).
3.4.3.2. Indicadores Adicionais
Os indicadores adicionais são assim classificados por apresentarem pelo
menos uma das características a seguir (GRI, 2002, p. 79):
84
(1) são uma prática tradicional de medição econômica, ambiental ou social,
mas é usado por poucas organizações relatoras;
(2) fornecem informações relevantes para as partes interessadas e
especialmente importantes para a entidade relatora; e
(3) são “candidatos” ao conjunto de indicadores essenciais no futuro.
As Diretrizes do GRI vivem em processo constante de aperfeiçoamento,
buscando, através de experiências vividas pelas organizações que as utilizam, se
adequar a diversas realidades, para isto criam os protocolos técnicos e
suplementos setoriais, que são documentos que não se aplicam a todas as
realidades. A existência de indicadores adicionais se justifica também por estes
motivos (GRI, 2002, p. 11).
Os indicadores adicionais elaborados pelo GRI serão apresentados a seguir,
distribuídos conforme o desempenho econômico, ambiental e social.
Quadro 6: Indicadores Adicionais do GRI de Desempenho Econômico
INDICADORES DE DESEMPENHO ECONÔMICO
Fornecedores
EC11. Classificação de fornecedores por organização e país.
Setor Público
EC12. Total gasto no desenvolvimento de infra-estruturas para negócios não-centrais.
EC13. Impactos econômicos indiretos da organização.
Fonte: Adaptado do GRI (2002, p. 45 e 46).
85
Quadro 7: Indicadores Adicionais do GRI de Desempenho Ambiental
Indicadores de Desempenho Ambiental
Energia
EN17. Iniciativas para uso de fontes de energia renováveis e para aumentar a eficiência da energia
empregada.
EN18. Consumo anual de energia para os principais produtos, ou seja, exigências anuais de
energia durante a vida do produto.
EN19. Outros usos indiretos de energia (exploração, produção e comercialização) e suas
implicações, tais como viagens de negócios, administração do ciclo de vida do produto e uso de
materiais que requerem muita energia.
Água
EN20. Fontes de água e ecossistemas/habitats significativamente afetados pelo consumo de água.
EN21. Remoção anual de solo e água de superfície em relação à quantidade anual renovável de
água disponível.
EN22. Reciclagem e reutilização total de água.
Biodiversidade
EN23. Quantidade total de terras possuídas, arrendadas ou administradas para atividades de
produção ou uso extrativo.
EN24. Quantidade de superfície impermeável em relação a terras compradas ou arrendadas, em
porcentagem.
EN25. Impactos de atividades e operações sobre áreas protegidas ou sensíveis.
EN26. Mudanças nos habitats naturais resultantes de atividades e operações e percentual protegido
ou restaurado.
EN27. Objetivos, programas e metas para proteger e restaurar ecossistemas e espécies nativas em
áreas degradadas.
EN28. Número de espécies na Lista Vermelha da UICN com habitat em áreas afetadas pelas
operações.
EN29. Unidades de negócios operando ou planejando operações em áreas protegidas ou sensíveis,
ou ao seu redor.
Emissões, efluentes e resíduos
EN30. Outras emissões indiretas relevantes de gases causadores do efeito estufa.
EN31. Toda a produção, transporte, importação e exportação de qualquer resíduo considerado
prejudicial pelos termos da Convenção da Basiléia.
EN32. Fontes de água (e ecossistemas ou habitats relacionados) significativamente afetados pela
descarga e escoamento de água
Fornecedores
EN33. Desempenho dos fornecedores relativo aos componentes ambientais de programas e
procedimentos descritos em resposta à seção “Estrutura de Governança e Sistemas de Gestão”
(3.16).
Transporte
EN34. Impactos ambientais significativos de transporte utilizado.
Geral
EN35. Total de gastos ambientais e especificação por tipo.
Fonte: Adaptado do GRI (2002, p. 47-49).
86
Quadro 8: Indicadores Adicionais do GRI de Desempenho Social
INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: práticas trabalhistas e trabalho decente
Emprego
LA12. Benefícios de empregados além dos previstos por lei.
Trabalho/Relações de Administração
LA13. Provisão para representação formal de trabalhadores em tomadas de decisão ou
administração, incluindo governança corporativa.
Saúde e segurança
LA14. Evidência de conformidade substancial com as Guidelines on Occupational Safety and Health
Management Systems (Diretrizes sobre Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho).
LA15. Descrição de acordos formais com sindicatos ou outros representantes legítimos dos
trabalhadores, envolvendo saúde e segurança no trabalho; proporção da força de trabalho
amparada por qualquer desses acordos.
Treinamento e educação
LA16. Descrição de programas para apoiar a continuidade da empregabilidade dos funcionários e
para gerenciar fins de carreira.
LA17. Políticas e programas específicos para gestão de habilidades ou aprendizado para toda a
vida.
Indicadores de Desempenho Social: direitos humanos
Estratégia e administração
HR8. Treinamento de empregados em políticas e práticas concernentes a todos os aspectos dos
direitos humanos relevantes para as operações.
Práticas de disciplina
HR9. Descrição de processos judiciais, incluindo questões relativas aos direitos humanos.
HR10. Descrição de política de não-retaliação e sistema efetivo e confidencial de recebimento das
queixas dos funcionários (incluindo seus impactos sobre os direitos humanos).
Práticas de segurança
HR11. Treinamento em direitos humanos para segurança dos funcionários.
Direitos indígenas
HR12. Descrição de políticas, diretrizes e procedimentos para tratar das necessidades de
indígenas.
HR13. Descrição de mecanismos para atendimento de queixas e de reclamações da comunidade
indígena.
HR14. Parte da receita operacional distribuída para comunidades indígenas locais.
INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: sociedade
Comunidade
SO4. Prêmios recebidos que sejam relevantes para o desempenho social, ético e ambiental.
Contribuições políticas
SO5. Quantia de dinheiro paga a partidos políticos e instituições cuja principal função consiste em
financiar partidos políticos ou seus candidatos.
Competições e preços
SO6. Decisões legais com respeito a casos referentes à legislação antitruste e de regulamentação
de monopólio.
SO7. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade
para prevenção de práticas de concorrência desleal.
87
INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: responsabilidade sobre o produto
Saúde e segurança do consumidor
PR4. Número e tipo de instâncias de não-conformidade com a legislação referente à saúde e
segurança do consumidor, incluindo penalidades e multas impostas por essas violações.
PR5. Número de reclamações recebidas por organismos regulatórios ou organizações oficiais
similares para inspecionar ou regular a garantia de saúde e segurança no uso de produtos e
serviços.
PR6. Conformidade voluntária a um código de conduta, selos nos rótulos dos produtos que a
organização está qualificada para utilizar ou prêmios referentes a responsabilidade social e/ou
ambiental que recebeu.
Produtos e serviços
PR7. Número e tipo de instâncias de não-conformidade com a legislação referente a informações e
rotulagem do produto, incluindo qualquer penalidade ou multa imposta por essas violações.
PR8. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade
relacionados à satisfação do consumidor, incluindo resultados de pesquisas sobre o assunto.
Propaganda
PR9. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade
para adesão a padrões e códigos voluntários relacionados à propaganda.
PR10. Número e tipos de violação de regulamentações de propaganda e marketing.
Respeito à privacidade
PR11. Número de reclamações registradas com respeito à violação da privacidade de
consumidores.
Fonte: Adaptado de GRI (2002, p. 45 – 54).
Cabe lembrar que os indicadores adicionais referem-se a práticas de
informações voluntárias dentro do GRI, não se fazendo necessária justificativa para
a sua não utilização, como no caso da omissão dos indicadores essenciais. No
entanto, o emprego dos mesmos demonstra que a entidade relatora possui grande
interesse em buscar fornecer o máximo de informações as suas partes
interessadas, primando por transparência e credibilidade (GRI, 2002, p. 17).
88
CAPÍTULO 4
Procedimentos Metodológicos
O objetivo deste capítulo é apresentar os procedimentos metodológicos
adotados para o desenvolvimento desta pesquisa. Para isto, inicia-se fazendo um
relato sobre o que vem a ser ciência, método e metodologia, onde as classificações
deste estudo são apresentadas. Posteriormente, é apresentada a população a ser
analisada, a forma como se deu a coleta de dados e o tratamento sofrido pelos
mesmos para que o objetivo geral desta pesquisa fosse alcançado, que é
apresentar o grau de aderência completa aos indicadores essenciais do GRI pelas
empresas brasileiras.
4.1. Ciência, Método e Metodologia
A Ciência, conforme Fachin (2001, p. 23), “é um progresso permanente de
acúmulo de conhecimentos sobre algo e de ações racionais, sistemáticas, exatas e
verificáveis, capazes de transformá-lo”.
A preocupação com ela já existia desde a antiguidade, porém faltavam
métodos e observação dos acontecimentos (FACHIN, 2001, p. 22), que por sua vez,
se fazem necessários para que determinado conhecimento seja considerado
Ciência (LAKATOS e MARCONI, 1991 apud PEREIRA, 2000, p. 18).
Assim, a metodologia científica irá corresponder, conforme Pereira (2000, p.
18), “ao estudo dos métodos empregados nas ciências, seus fundamentos, sua
validade e sua relação com as teorias científicas”. Isto faz com que, segundo o
mesmo autor, o método científico consista “num conjunto ordenado de
89
procedimentos para obtenção de conhecimento científico sobre determinado
fenômeno”.
Com a evolução das ciências, começou a surgir à preocupação com a sua
divisão, a partir da dificuldade do domínio de todas pelos cientistas, fazendo com
que ocorressem diversas ramificações, dando origem às classificações da ciência
(FACHIN, 2001, p. 16).
Uma das classificações modernas existentes é a proposta por Lakatos e
Marconi (1982, p. 27) apud Fachin (2001, p. 20), na qual a ciência se classifica da
seguinte forma:
Figura 3: Classificação da Ciência
Exatas
matemática e lógica
Tecnológica
computação
Naturais
química, física, biologia
Humanas
sociologia, antropologia, política,
Formais
CIÊNCIAS
Factuais
histórica, psicologia, economia,
educação etc.
Fonte: Fachin (2001, p. 21).
No entanto, deve-se considerar a inter-relação entre as diversas subclassificações das ciências.
A presente pesquisa classifica-se como Ciências factuais humanas, sendo
que engloba, predominantemente, as áreas da sociologia, política, economia e
contábil.
Quanto ao tipo de pesquisa pedagógica adotada, trata-se de uma pesquisa
descritiva, pois, conforme Salomon (1999, p. 160), para o alcance do objetivo
90
proposto irá compreender: “descrição, registro, análise e interpretação da natureza
atual ou processos dos fenômenos”.
Quanto à modalidade, trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental. A
primeira servirá para informar o contexto onde surge a necessidade do estudo da
responsabilidade social das empresas, o que houve para o crescimento de debates
sobre a questão social, sobre a relação da contabilidade com as demonstrações
sociais, enfim, o que se tem falado a respeito do tema. E de forma a fornecer uma
visão prática do que vem ocorrendo referente à busca por maior transparência pelas
empresas, surge à pesquisa documental, que, conforme Salomon (1999, p. 161),
consiste no “exame sistemático de informes ou documentos como fontes de dados”.
Por intermédio dela, serão analisados os Relatórios Sociais das empresas
selecionadas para a pesquisa, onde se buscará o elo entre a teoria e a prática
relativa à evidenciação de informações sobre a responsabilidade social das
empresas.
Ressalta-se que, para complementar algumas informações referentes aos
Relatórios Sociais das empresas estudadas, foram realizadas entrevistas telefônicas
com os responsáveis pelos Relatórios Sociais.
4.2. Delimitação do universo
Como a pesquisa objetiva analisar o grau de aderência das empresas
brasileiras as Diretrizes propostas pelo GRI, julgou-se que o melhor banco de dados
para encontrar tais organizações fosse o próprio GRI, pois o mesmo divulga a
relação das empresas que informaram a instituição que estão utilizando de alguma
forma os seus indicadores (de forma informal ou com relatórios “de acordo com”),
sendo que esta relação está disponível no site oficial da organização (GRI, 2005).
91
Os Balanços Sociais a serem analisados foram os referentes à última
publicação da empresa onde tenha sido utilizado o GRI para a sua elaboração, pois
como a última versão das Diretrizes foi lançada em 2002 então a última publicação
da empresa já poderia apresentar uma incorporação mais efetiva dos indicadores
para as organizações que o utilizaram desde o lançamento.
As empresas brasileiras que até o dia 16/09/2005 faziam parte do banco de
dados do GRI como sendo as que utilizavam os seus indicadores, bem como os
seus respectivos setores econômicos e o ano base de publicação do último
Relatório Social baseado no GRI, são:
Quadro 9: Empresas que utilizam o GRI
EMPRESA
SETOR
ANO BASE DA ÚLTIMA
PUBLICAÇÃO
UTILIZANDO O GRI
1
ABN AMRO Real
Serviços Financeiros
2
Copesul
Materiais Químicos
2004
2004
3
CPFL Energia
Energia
2004
4
McDonald's
Varejista
2004
5
Natura Cosméticos
Aparelhos Domésticos e
Produtos Pessoais
2004
6
Petróleo Brasileiro (Petrobras)
Energia
2004
7
Samarco Mineração S. A.
Mineração
2004
8
Shell Brasil
Energia
2004
9
Souza Cruz (British American
Tobacco)
Fumo
2003
10
Usinas Siderúrgicas de Minas
Gerais S/A (USIMINAS)
Produtos de Metal
2004
Fonte: Adaptado do GRI (2005).
4.3. Coleta de Dados
Após o levantamento das empresas que fariam parte da população a ser
analisada, entrou-se em contato com as mesmas por telefone e/ou e-mail, para que
elas enviassem os seus respectivos Relatórios Sociais impressos referentes ao
92
último ano que foram publicados utilizando o GRI, de forma informal ou através da
elaboração de relatórios “de acordo com” o GRI. Com isto, buscou-se ter certeza
que estes se tratavam dos Relatórios Sociais completos para que não se
trabalhasse com as sínteses dos mesmos, a fim de que a pesquisa pudesse atingir
seu objetivo de verificar o grau de aderência das empresas brasileiras aos
indicadores do GRI.
As empresas que atenderam a solicitação foram: ABN AMRO Real, Copesul,
CPFL Energia, Natura, Petrobras, Samarco Mineração, Souza Cruz e Shell. No caso
das que não atenderam a solicitação (Mc Donald’s Brasil e Usiminas) buscou-se
este relatório disponibilizados nos sites das mesmas (em versão PDF para aumentar
a segurança das informações).
Com os Relatórios Sociais em mãos, foi feita uma análise comparando o que
era informado pela empresa referente a determinado indicador de desempenho das
Diretrizes do GRI 2002 com o que este indicador realmente solicitava que fosse
divulgado. Nos casos em que havia a matriz sugerida pelo GRI, onde é fornecido o
número da página em que os dados dos indicadores estão no relatório, a tarefa de
localizar as informações ficou fácil de ser cumprida.
Ressalta-se que na análise individual de cada indicador, apenas será
considerada a informação fornecida no sumário do GRI, ou seja, quando
determinada página for divulgada no sumário como sendo a que contém as
informações relativas a determinado indicador, apenas ela foi averiguada, pois este
pode ser considerado um dos pontos relativo à conformidade da utilização do GRI (a
adequada elaboração do sumário), e também porque a procura pelas informações
relativas a cada indicador no corpo do relatório poderia tornar a pesquisa imprecisa,
levando-se em consideração a quantidade de indicadores existentes do GRI e a
extensão dos Relatórios Sociais.
93
As empresas que não apresentaram o sumário do GRI foram: Shell Brasil,
McDonald's Brasil, Souza Cruz e Copesul.
No caso da Souza Cruz e da Copesul, apesar das mesmas não haverem
fornecido o sumário dos indicadores do GRI, foi possível realizar a análise da
utilização do GRI por elas, devido ao fato destas duas empresas terem condensado
a apresentação dos mesmos em apenas uma parte do relatório, também no formato
de indicadores, identificando que aquelas informações se tratavam dos dados
solicitados pelo GRI, fazendo com que fosse possível associar uma parte dos
indicadores fornecidos pelas empresas com os do GRI.
Os indicadores fornecidos pela Souza Cruz com a associação dos mesmos
ao GRI encontram-se no capítulo 5, juntamente com a análise dos mesmos. Já os
indicadores da Copesul, bem como os indicadores do GRI que foram associados a
cada um encontram-se no Anexo IV.
Não foi possível adotar este procedimento nos Relatórios Sociais da Shell
Brasil e McDonald's Brasil, pois os relatórios destas empresas relativos ao último
ano publicado sendo baseado no GRI, apesar de estarem na relação do GRI e de
comentarem em seus relatórios que o utilizam, não apresentam o sumário dos
indicadores do GRI. E, ao contrário do observado na Souza Cruz e na Copesul, as
informações que poderiam ser associadas ao GRI encontram-se espalhadas pelo
corpo do texto, não sendo possível a associação das mesmas aos indicadores.
4.4. Tratamento de Dados
Para examinar a aderência das informações fornecidas pelas empresas
referentes aos indicadores essenciais GRI foi elaborado um quadro para cada
empresa, onde todos os indicadores são listados, daí, então, os dados fornecidos
94
pelas empresas referentes a cada um deles foram classificados em “apresentado”
ou “não apresentado”.
Apenas os indicadores essenciais foram classificados neste quadro em
virtude de serem eles a base para elaboração de Relatórios Sociais “de acordo com”
o GRI e por se referirem aos indicadores aplicáveis a um maior número de
organizações. No entanto, os indicadores adicionais também foram analisados
qualitativamente, não sendo apenas calculado o seu grau de aderência.
Caso o indicador fosse apresentado no Relatório Social da organização, o
mesmo poderia ser sub-classificado em:
-
Aderência Plena: quando todas as informações solicitadas pelo indicador
correspondente do GRI eram fornecidas pela empresa;
-
Aderência Parcial: quando apenas parte das informações solicitadas pelo
indicador correspondente do GRI eram fornecidas pela empresa;
-
Dúbio: quando não são fornecidas informações suficientes ao usuário que
permitam a este perceber se houve aderência plena ou parcial; e
-
Inconsistente: quando as informações fornecidas pela empresa referentes a
determinado indicador são diferentes do que é solicitado pelo GRI.
No caso do indicador não ser divulgado no Relatório Social, então ele é
classificado como “não apresentado”, podendo ser sub-classificado em:
-
Não disponível: quando a empresa reconhece que a informação referente a
determinado indicador é pertinente às atividades dela, porém a mesma ainda
não tem condições de fornecê-la;
-
Não aplicável: quando a empresa não dispõe da informação de determinado
indicador porque este não se relaciona com o setor ou às atividades da
mesma. Ressalta-se que os indicadores apresentados nesta sub-classe
foram classificados pela própria organização, que os considerava não
95
aplicável e informava isto no sumário dos indicadores, não sendo realizados,
neste trabalho, averiguações adicionais para comprovar a não aplicabilidade
dos mesmos.
-
Omitido com justificativa: quando a empresa omite a informação referente a
determinado indicador, porém emite alguma justificativa que embase tal
decisão conforme declarado pelo GRI; e
-
Omitido: quando, nos sumários dos Relatórios Sociais das empresas ou na
identificação dos indicadores do GRI nestes relatórios (no caso da Souza
Cruz e da Copesul), nada é comentado sobre este indicador, como se o
mesmo não existisse.
Após estas classificações serem realizadas, foi realizado o cálculo do grau de
aderência plena aos indicadores essenciais do GRI pelas empresas brasileiras,
através da utilização da seguinte fórmula:
Grau de aderência
plena aos indicadores
essenciais do GRI
Total dos indicadores com aderência plena + Total de
indicadores omitidos com justificativa
=
Total dos indicadores essenciais – Total dos indicadores
não aplicáveis
Destaca-se que:
(1) O total de indicadores omitidos com justificativa foi somado ao total de
indicadores essenciais com aderência plena pelo fato dos primeiros serem uma
opção fornecida pelo GRI para a não apresentação de algum indicador essencial,
mesmo nos casos de relatórios elaborados “de acordo com” o GRI; e
(2) O total dos indicadores não aplicáveis foi subtraído do total dos
indicadores essenciais para que a empresa não fosse penalizada no cálculo de sua
aderência ao GRI em virtude de um indicador não se aplicar à sua realidade.
96
Após a análise individual das empresas, foi organizado um ranking onde as
mesmas foram classificadas de acordo com o grau de aderência plena aos
indicadores essenciais do GRI, sendo esta informação acompanhada da quantidade
de indicadores essenciais e adicionais que elas diziam divulgar (separados por
categoria), o que possibilita uma melhor visualização entre o que a empresa diz
divulgar com o que realmente divulga relativo ao solicitado pelo GRI.
97
CAPÍTULO 5
Análise da Utilização do GRI pelas Empresas Brasileiras
Neste capítulo objetiva-se apresentar a análise sobre a utilização dos
indicadores essenciais e adicionais de desempenho econômico, ambiental e social
do GRI pelas empresas brasileiras. Sendo este capítulo a principal parte da
pesquisa por tratar-se do estudo que servirá para que o objetivo geral seja
alcançado, que é analisar o grau de aderência completa das empresas brasileiras
aos indicadores de desempenho essenciais propostos pelo GRI 2002.
Nos tópicos são apresentadas de forma individual as empresas que
participaram da pesquisa e os problemas encontrados na divulgação dos
indicadores do GRI no último Relatório Social baseado nas Diretrizes do GRI que foi
elaborado pelas mesmas.
O estudo dos Relatórios Sociais das empresas foi dividido em quatro partes:
(1) apresentação genérica do relatório; (2) quadro síntese; (3) análise; e (4)
informações complementares, sendo que a análise dos relatórios ocorreu com base
na classificação dos indicadores conforme: aderência plena, aderência parcial,
dúbio, inconsistente, não disponível, não aplicável, omitido com justificativa e
omitido, comentados no Capítulo 4. Finalmente no último tópico é apresentado um
quadro com dados quantitativos e qualitativos a respeito da aderência aos
indicadores do GRI pelas organizações aqui pesquisadas.
98
5.1. Souza Cruz
5.1.1. Apresentação Genérica do Relatório
Desde 2000 a Souza Cruz divulga seu Relatório Social (SOUZA CRUZ, 2003,
p. 3). Entretanto, conforme informação fornecida através de entrevista telefônica
pelo Sr. José Cosmo, Gerente de Responsabilidade Social, no dia 19/09/2005, o
Relatório Social da Souza Cruz que contém a adoção informal aos indicadores do
GRI é elaborado a cada 18 meses, sendo que o último divulgado foi referente ao
ano de 2003 e por este fato é que tal relatório foi usado nesta pesquisa.
A elaboração do Relatório Social 2004/2005 deverá ser iniciada em outubro
de 2005 para ser divulgado juntamente com as Demonstrações Financeiras de
2005. Anualmente apenas o Balanço Social modelo IBASE é elaborado e divulgado
com o Relatório Financeiro.
Tal fato remete à crítica encontrada na bibliografia consultada a respeito da
tempestividade da apresentação dos Relatórios Sociais, pois conforme Siqueira
(2003, p. 115), além das contribuições – positivas e negativas - proporcionadas pela
empresa à sociedade, esta última precisa que tais informações cheguem a tempo
aos interessados a fim de serem analisadas, possibilitando o alcance do objetivo
dos balanços sociais, que é, conforme Pinto e Ribeiro (2002, p. 13), citados no
capítulo 2, “informar o resultado da interação da empresa com o meio em que está
inserida”.
Das três categorias de indicadores de desempenho elaboradas pelo GRI
(econômica, ambiental e social), a Souza Cruz utilizou somente a de desempenho
ambiental, não justificando a omissão das outras duas categoriais, o que torna o
relatório menos abrangente por contemplar apenas a vertente ambiental, um
problema comum conforme Siqueira e Vidal (2003, p. 4).
99
A análise dos indicadores ambientais foi trabalhosa de ser realizada em
virtude de não haver o “Sumário de conteúdo do GRI”, que é aconselhado pela
organização para a rápida identificação das informações relativas aos indicadores
utilizados e para “permitir que o usuário entenda claramente em que medida a
organização relatora baseou o conteúdo de seu relatório nas Diretrizes do GRI”
(GRI, 2002, p. 83).
O Relatório Social de 2003 é estruturado em 7 Capítulos, a saber: (1)
apresentação; (2) os princípios; (3) o processo; (4) os avanços recentes; (5) os
novos diálogos; (6) os desdobramentos futuros; e (7) os dados.
Na parte 7 do Relatório Social da Souza Cruz (2003, p. 70-76), sub-item 7.4
cujo título é “Indicadores: A Souza Cruz, o meio ambiente e a sociedade”, é
apresentado um quadro onde a empresa afirma que são informados os índices da
Souza Cruz de acordo com requisitos do GRI. Este quadro possui as seguintes
colunas: área; política da Souza Cruz; indicadores de desempenho e referência do
GRI; desempenho em 2002; desempenho em 2003; e comentários.
Apesar de haver uma coluna onde aparentemente estariam elencados os
indicadores do GRI – coluna “indicadores de desempenho e referência do GRI” - foi
necessário classificar as informações nela contidas para que se pudesse identificar
quais eram os indicadores de desempenho do GRI relativos às informações ali
apresentadas,
em
virtude
de
não
haver
a
numeração
dos
indicadores
correspondentes. Esta situação remete a outro problema já identificado pela
literatura, o relativo à padronização do relatório - GRI (2002, p. 27); SIQUEIRA e
VIDAL (2003, p. 8); SILVA et al, (2001, p. 1); PINTO e RIBEIRO (2003, p. 13);
BEETS e SOUTHER (1999, p. 129).
Para que seja evidenciado como se chegou aos indicadores do GRI
fornecidos pela Souza Cruz, a seguir é apresentado um quadro referente a todos os
100
indicadores de desempenho e referência do GRI fornecidos pela Souza Cruz,
associados aos indicadores do GRI que lhes foram relacionados. Como poderá ser
observado, não foi possível relacionar todas as informações ali contidas com algum
indicador do GRI.
Quadro 10: Indicadores do GRI no Relatório Social da Souza Cruz
Indicador Dados extraídos da coluna dos indicadores de desempenho e referência do GRI
fornecidos pela Souza Cruz
GRI
EN3
Energia total utilizada.
EN18
Utilização total de energia/ milhão de cigarros.
EN18
Utilização total de energia/tonelada métrica de produto.
Redução de energia em comparação com o desempenho do ano anterior.
EN1
Consumo total de material que podem se transformar em produtos.
Total de material em toneladas/toneladas de produto final.
Emprego de produtos químicos/materiais perigosos.
Objetivos para reposição de materiais.
EN5
Consumo total de água (em metros cúbicos).
Total de água utilizada/milhão de cigarros e /tonelada métrica do produto.
Redução do uso de água em comparação com o desempenho no ano anterior.
EN20
Fonte direta de água e se a água é tratada no local antes de ser utilizada.
EN8
Emissões de gás de efeito estufa (toneladas métricas equivalentes de CO2).
EN9
Substâncias depressoras de ozônio.
EN11
Total de rejeitos gerados (toneladas métricas) no ar, na terra e na água.
Total de rejeitos/milhão de cigarro e / tonelada métrica.
Redução de rejeitos em comparação com o desempenho do ano anterior.
EN11
Quantidade de rejeitos reciclados ou reutilizados.
Gerenciamento no local e fora do local.
EN11
Detalhes específicos dos resíduos para o solo.
EN8
Emissões equivalentes de dióxido de carbono (toneladas métricas).
Emissão de CO2/milhão de cigarros e /toneladas métricas.
Descarga de processo e esgoto.
EN34
Viagem de negócios. Inclusive frota de carros (emissões equivalentes de CO2).
EN34
Frete (emissões equivalentes de CO2).
EN33
Desempenho de fornecedores com relação aos componentes ambientais dos
programas.
Número e tipo de incidência de não cumprimento dos padrões nacionais e
internacionais vigentes.
EN14
Principais questões ambientais e impactos associados à utilização de produtos e
serviços.
101
Programas ou procedimentos para evitar ou minimizar os impactos ambientais
potencialmente adversos dos produtos.
EN23
Volume de terra que a organização possui, aluga, administra ou que de alguma forma
é afetada pela organização.
EN26
Alterações no habitat devido a operações + volume de habitat protegido ou restaurado.
EN16
Magnitude e natureza das penalidades por não conformidade.
Fonte: Adaptado de Souza Cruz (2004, p. 70-76).
102
5.1.2. Quadro Síntese
Quadro 11: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Souza Cruz
Apresentado
Indicador de
Desempenho
Essencial
E
C
O
N
Ô
M
I
C
O
Sub-total
A
M
B
I
E
N
T
A
L
Sub-total
S
O
C
I
A
L
Sub-total
TOTAL
Aderên- Aderência
cia
Plena Parcial
EC1
EC2
EC3
EC4
EC5
EC6
EC7
EC8
EC9
EC10
10
EN1
EN2
EN3
EN4
EN5
EN6
EN7
EN8
EN9
EN10
EN11
EN12
EN13
EN14
EN15
EN16
16
LA1
LA2
LA3
LA4
LA5
LA6
LA7
LA8
LA9
LA10
LA11
HR1
HR2
HR3
HR4
HR5
HR6
HR7
SO1
SO2
SO3
PR1
PR2
PR3
24
50
Fonte: A autora.
0
0
x
Dúbio
0
Não apresentado
Não
InconsisDispotente
nível
0
0
GRAU DE
ADERÊNCIA
Omitido
PLENA AOS
Não
com
AplicáOmitido INDICADORES
justifica ESSENCIAIS DO
vel
tiva
GRI
x
x
x
x
x
x
0,00%
x
x
x
x
0
0
10
x
x
x
x
x
x
x
18,75%
x
x
x
x
x
x
x
x
3
0
3
3
0
3
1
0
1
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
0
8
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
24
42
0,00%
6,00%
103
5.1.3. Análise
Dos 35 indicadores de desempenho ambientais elaborados pelas diretrizes
do GRI foram identificados como utilizados pela Souza Cruz apenas 14, sendo
destes, oito referentes a indicadores essenciais (EN1, EN3, EN5, EN8, EN9, EN11,
EN14 e EN16) e seis referentes a indicadores adicionais (EN18, EN20, EN23, EN26,
EN33, EN34).
Quadro 12: Indicadores de Desempenho Souza Cruz
Indicadores de desempenho
Essenciais
Adicionais
TOTAL
Econômico
0
0
0
Ambiental
8
6
14
Social
0
0
0
TOTAL
8
6
14
Fonte: A autora.
Após análise do conteúdo dos indicadores, observou-se que apenas cinco
dos 14 divulgados (EN5, EN14 e EN16, indicadores essenciais; e EN18 e EN23
indicadores adicionais) apresentavam total conformidade aos dados solicitados pelo
GRI.
O indicador essencial EN1 solicita que seja informado o uso total de materiais
por tipo – exceto água – entretanto a Souza Cruz informa apenas o total de
consumo de materiais (como se observa no quadro anterior), não separando por tipo
de materiais, como solicitado pelas Diretrizes.
O indicador essencial EN3 é outro que foi divulgado de forma parcial. O GRI
solicita que seja informado o consumo direto de energia, segmentado por fonte
primária, no entanto, a Souza Cruz informou apenas o total de energia utilizada
(SOUZA CRUZ, 2003, p. 70).
O indicador essencial EN8 foi classificado como dúbio porque o GRI solicita
que sejam informadas as emissões de gases causadores do efeito estufa (CO2,
CH4, N2O, HFCs, PFCs, SF6), e a Souza Cruz informou apenas a quantidade de
104
CO2, não sendo possível identificar se houve omissão dos outros gases ou se não
foram mencionados por não serem emitidos pela empresa.
A informação do indicador essencial EN9 referente ao ano de 2003 não
estava disponível (apenas a do ano de 2002 foi informada).
O indicador EN11 solicita a quantidade total de resíduos por tipo e destino,
apesar da Souza Cruz ter informado o total de resíduos gerados, ela não fez todas
as devidas separações – por tipo e destino – informando apenas a quantidade de
rejeitos reciclados ou reutilizados (o que seria um dos destinos dos resíduos) e
alguns detalhes específicos dos resíduos para o solo.
5.1.4. Informações complementares
O Relatório Social de 2003 da Souza Cruz foi verificado pela Bureau Veritas
Quality International (SOUZA CRUZ, 2003, p. 9), porém, quando se procede a
leitura do Parecer sobre a verificação dos dados do relatório, descobrimos que as
informações relativas ao GRI não foram examinadas, conforme o próprio parecer:
“os dados constantes nesta parte do relatório [GRI e IBASE] não foram submetidos
nem foram verificados pelo Bureau Veritas [...]”. Este é um ponto que compromete a
transparência do Relatório Social e, conseqüentemente, a qualidade do mesmo,
como verificado na literatura específica - BEETS e SOUTHER (1999, p. 129);
ADAMS e EVANS (2004, p. 98); SIQUEIRA e VIDAL (2003, p. 9-11); DIAS e
SIQUEIRA (2005, p. 9).
5.2. Copesul
5.2.1. Apresentação genérica do relatório
O Relatório Social da Copesul de 2004 apresenta-se dividido em oito tópicos,
a saber: (1) apresentação, (2) indicadores de sustentabilidade empresarial, (3) a
105
empresa, (4) desempenho dos negócios, (5) gestão de segurança, saúde e meio
ambiente, (6) gestão de pessoas, (7) a empresa e a comunidade, e (8) Balanço
Social Modelo IBASE. Juntamente com este relatório são disponibilizados dois CD’s,
sendo um o Relatório da Administração 2004 e outro o Relatório de Desempenho
2004: Segurança, Saúde e Meio Ambiente.
No tópico 2, “Indicadores de Sustentabilidade Empresarial”, a Copesul (2004,
p. 7) afirma que buscou “contemplar as diretrizes recomendadas pela Global
Reporting Initiative (GRI)”. Nele foram apresentados os indicadores de desempenho
divididos nas três áreas propostas pelo GRI: econômica, ambiental e social,
tornando o relatório mais abrangente por contemplar as três vertentes propostas
pela FIPECAFI (2002, p. 30) – desde que considerando a DVA como um
instrumento de quantificação dos aspectos redistributivos das operações da
empresa, conforme sugerido no capítulo 3.
Uma dificuldade encontrada para a análise dos indicadores foi o fato de não
ser fornecida a numeração do indicador do GRI correspondente às informações no
relatório da Copesul (fato semelhante ao ocorrido com a Souza Cruz), sendo
necessária a relação dos dados que foram fornecidos pela empresa com os
indicadores do GRI (novamente este problema poderia ter sido evitado caso
houvesse o sumário do conteúdo do GRI).
No Anexo IV são apresentados os indicadores do GRI contidos no Relatório
Social da Copesul (2004, p. 8 e 9), bem como a identificação do número dos
indicadores que foram relacionados aos mesmos.
106
5.2.2. Quadro Síntese
Quadro 13: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Copesul
Apresentado
Indicador de
Desempenho
Essencial
E
C
O
N
Ô
M
I
C
O
Sub-total
A
M
B
I
E
N
T
A
L
Sub-total
S
O
C
I
A
L
Sub-total
TOTAL
Aderên- Aderência
cia
Plena Parcial
EC1
EC2
EC3
EC4
EC5
EC6
EC7
EC8
EC9
EC10
10
EN1
EN2
EN3
EN4
EN5
EN6
EN7
EN8
EN9
EN10
EN11
EN12
EN13
EN14
EN15
EN16
16
LA1
LA2
LA3
LA4
LA5
LA6
LA7
LA8
LA9
LA10
LA11
HR1
HR2
HR3
HR4
HR5
HR6
HR7
SO1
SO2
SO3
PR1
PR2
PR3
24
50
Fonte: A autora.
Não apresentado
Não
Inconsis Dúbio
Dispotente
nível
Omitido
Não
com
Aplicá Omitido
justifica vel
tiva
GRAU DE
ADERÊNCIA
PLENA AOS
INDICADORES
ESSENCIAIS DO
GRI
x
x
x
x
x
x
40,00%
x
x
4
1
x
2
0
0
0
0
x
x
3
x
x
x
x
x
x
x
43,75%
x
x
x
x
x
x
x
x
7
x
2
3
0
0
0
0
4
0
0
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
22
29
x
1
12
1
4
0
5
0
0
0
0
0
0
4,17%
24,00%
107
5.2.3.Análise
Foram identificados: sete indicadores econômicos; dezesseis indicadores
ambientais e três indicadores sociais, distribuídos conforme quadro abaixo:
Quadro 14: Indicadores de Desempenho Copesul
Indicadores de desempenho
Essenciais
Adicionais
TOTAL
Econômico
7
0
7
Ambiental
12
4
16
Social
2
1
3
TOTAL
21
5
26
Fonte: A autora.
Dos 47 indicadores adicionais elaborados pelo GRI (considerando os de
desempenho econômico, ambiental e social), apenas cinco foram utilizados, sendo
a maioria deles relativos ao desempenho ambiental.
Dos sete indicadores de desempenho econômico identificados, quatro
estavam com as informações solicitadas pelo GRI de forma completa (EC1, EC2,
EC3 e EC4).
O indicador EC5 estava dúbio porque ele solicita que sejam divulgados os
benefícios obrigatórios a serem pagos aos funcionários agrupados por país ou
região e, como não foram feitas as especificações solicitadas, o usuário não terá
como saber se as mesmas foram omitidas ou se não foram informadas pelo fato da
empresa vir a ter suas atividades apenas no Sul do Brasil.
O indicador EC6 também estava com seus dados incompletos, pois o mesmo
solicita que sejam divulgadas as distribuições para investidores, discriminadas por
juros sobre dívida e empréstimos, e dividendos em todos os tipos de ações,
apontando-se qualquer atraso no pagamento de dividendos preferenciais; enquanto
que a Copesul informou apenas os dividendos e juros sobre capital próprio pagos e
propostos, não fazendo as discriminações necessárias (Copesul, 2004, p. 8).
108
O indicador EC8 foi classificado como dúbio pois o mesmo solicita que seja
evidenciada a soma de todos os tipos de impostos já pagos, discriminados por país
e a empresa divulgou apenas o somatório de todos os impostos e taxas (municipais,
estaduais e federais), não informando se este é um valor já pago em sua totalidade
ou com parte a pagar, e também não discriminando por país. Espera-se que, caso a
empresa não pague impostos fora do Brasil, isto seja informado, para não haver
dúvidas quanto à informação solicitada.
Dos 16 indicadores de desempenho ambiental apresentados (entre
essenciais e adicionais), onze podem ser considerados completos conforme o GRI,
são eles: EN3, EN4, EN5, EN9, EN12, EN13, EN16, EN18, EN27, EN30 e EN35. Os
outros dois indicadores de desempenho ambiental apresentam-se incompletos, são
eles: EN1 e EN7. E três com informações dúbias: EN8, EN10 e EN11.
No EN1 apenas aparece o consumo de matérias-primas, no entanto deveriam
ser especificados quais os tipos de matérias-primas utilizadas. No indicador EN7
faltou informar os impactos sobre a biodiversidade em ambientes terrestres, sendo
informado apenas em ambientes aquáticos.
As emissões de CO2, NO2/NOX e SO2/SOX informadas pela Copesul foram
relacionadas como referentes aos indicadores ambientais EN8 e EN10, entretanto,
estes são gases causadores do efeito estufa, conforme o GRI (2002, p. 48), e a
empresa não comunica isto no relatório, além disto, os indicadores relacionados
solicitam a divulgação de outros tipos de gases causadores do efeito estufa e
emissões atmosféricas significativas, no entanto, pelo que é informado, não se sabe
se somente os gases citados são os emitidos pela empresa, o que torna estes
indicadores dúbios.
Nos dados relacionados como sendo do indicador de desempenho ambiental
EN11 são citados alguns tipos de resíduos e seus destinos, no entanto, não há a
109
informação do total de resíduos produzidos pela organização, como solicitado pelo
GRI, o que deixa a dúvida se todos os tipos de resíduos que a Copesul produz
foram informados.
Já dos três indicadores de desempenho social identificados, dois estão
completos, o indicador essencial LA1 e o adicional LA12.
O indicador LA2, que fala sobre rotatividade e criação de emprego, foi
classificado como dúbio pois as informações relacionadas a ele deveriam estar
separadas por região/país e caso esta divisão não tenha ocorrido pelo fato da
empresa ter seus funcionários em apenas uma região, isto deveria ser informado.
5.2.4. Informações complementares
Apesar de já mencionado no capítulo da metodologia da pesquisa, é válido
ressaltar que como se está analisando os indicadores do GRI contidos no Relatório
Social das empresas e foram estas últimas que elaboraram um tópico nos seus
relatórios somente para as informações das Diretrizes do GRI, então apenas o que
está nesta parte do relatório identificada pela empresa como contendo as
informações do GRI foi considerado.
Na Copesul, por exemplo, foram identificadas nos outros tópicos do Relatório
Social algumas informações que poderiam ser encaixadas como solicitadas pelo
GRI, como relativa ao trabalho infantil (COPESUL, 2004, p. 29) e volume de
efluentes sólidos acumulados (COPESUL, 2004, p. 65), porém estas informações
estão contidas em textos, tabelas e gráficos por todo o relatório e não são
identificadas como requeridas pelo GRI, o que tornaria a busca pelas mesmas difícil
para o leitor, o que reforça, mais uma vez, a necessidade do sumário do conteúdo
do GRI.
110
Outro ponto a ser destacado é que não há qualquer menção a auditoria do
Relatório Social, há pouca utilização de notas explicativas, e não aparece o nome de
um responsável direto pelas informações contidas no Relatório Social (apenas são
citados ao final do relatório os nomes das pessoas que participam do conselho de
administração e diretoria da empresa). Estes pontos comprometem a transparência
do relatório, conforme verificado nas pesquisas de: Beets e Souther (1999, p. 129);
Adams e Evans (2004, p. 98); Siqueira e Vidal (2003, p. 9-11); Dias e Siqueira
(2005, p. 9).
5.3. ABN AMRO Real
5.3.1. Apresentação Genérica do Relatório
O Relatório Social do Banco ABN AMRO Real está dividido em 15 tópicos,
que são: (1) conversa com o presidente; (2) o papel dos bancos; (3) educar para a
sustentabilidade; (4) o mapa da jornada; (5) satisfação total; (6) financiamento
socioambiental; (7) risco socioambiental; (8) microcrétito; (9) fundo ethical; (10)
ecoeficiência; (11) fornecedores; (12) diversidade; (13) amigo real; (14) investimento
social e cultural; e (15) indicadores de desempenho, sendo este último onde é
apresentado o sumário dos indicadores do GRI.
O Relatório Social do ABN AMRO Real abrange as categorias econômica,
ambiental e social, podendo ser considerado abrangente conforme literatura
pesquisada - SIQUEIRA. e VIDAL (2003, p. 4); FIPECAFI (2000,p. 30).
5.3.2. Quadro Sintético
Quadro 15: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pelo ABN AMRO Real
111
Apresentado
Indicador de
Desempenho
Essencial
E
C
O
N
Ô
M
I
C
O
Sub-total
A
M
B
I
E
N
T
A
L
Sub-total
S
O
C
I
A
L
Sub-total
TOTAL
EC1
EC2
EC3
EC4
EC5
EC6
EC7
EC8
EC9
EC10
10
EN1
EN2
EN3
EN4
EN5
EN6
EN7
EN8
EN9
EN10
EN11
EN12
EN13
EN14
EN15
EN16
16
LA1
LA2
LA3
LA4
LA5
LA6
LA7
LA8
LA9
LA10
LA11
HR1
HR2
HR3
HR4
HR5
HR6
HR7
SO1
SO2
SO3
PR1
PR2
PR3
24
50
Aderên- Aderência
cia
Plena Parcial
Dúbio
Não apresentado
Não
InconsisDispotente
nível
Omitido
Não
com
AplicáOmitido
justifica vel
tiva
GRAU DE
ADERÊNCIA
PLENA AOS
INDICADORES
ESSENCIAIS DO
GRI
x
x
x
x
x
x
x
70,00%
x
x
x
7
x
0
1
1
1
0
0
0
x
x
x
x
x
x
x
33,33%
x
x
x
x
x
x
3
x
x
x
x
2
1
3
0
x
x
7
0
0
x
x
x
x
x
x
x
x
x
54,17%
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
13
23
Fonte: A autora.
2
4
0
2
4
8
x
4
5
0
7
0
0
1
1
53,49%
112
5.3.3. Análise
Os
indicadores
apresentados
pelo
ABN
AMRO
Real
encontram-se
distribuídos no quadro a seguir:
Quadro 16: Indicadores de Desempenho ABN AMRO Real
Indicadores de desempenho
Essenciais
Adicionais
TOTAL
Econômico
9
11
20
Ambiental
9
5
14
Social
20
7
27
TOTAL
38
23
61
Fonte: A autora.
Começando a análise pelos indicadores de desempenho social, verificou-se
que na informação relativa ao indicador EC8 faltou a discriminação do valor dos
impostos pagos por país, o que tornou o indicador dúbio por não se ter à certeza se
este dado foi omitido ou não é aplicável.
Nas páginas referentes ao indicador EC9 (96 e 99) não são mencionados os
subsídios recebidos pelo ABN AMRO Real como solicitado pelo indicador.
Nas páginas referentes ao indicador adicional EC11 os fornecedores não são
classificados por país como solicitado pelo GRI. Caso sejam todos brasileiros, isto
deveria ter sido comunicado para não ocorrerem dúvidas.
Passando para análise dos indicadores de desempenho ambiental, foram
encontrados problemas em nove dos quatorze apresentados.
O indicador EN3 foi classificado como de aderência parcial devido o consumo
de energia não ter sido segmentado por fonte primária como solicitado.
Também o indicador EN11 teve aderência parcial por não ter informado o
destino do lixo produzido, divergindo do solicitado pelo GRI.
O indicador EN14 solicita que sejam divulgados os principais impactos
ambientais de produtos e serviços da empresa. Apesar de tratar-se de um Banco,
113
existem impactos ambientais indiretos em virtude da venda de produtos e/ou
serviços do mesmo, que podem ocorrer com o fornecimento de financiamentos para
projetos na área de madeireira, por exemplo, que seriam fruto da venda de produtos
do banco (financiamento). No entanto, as informações fornecidas não são
suficientes para se considerar atendido este indicador, sendo então classificado
como dúbio.
Existem indicadores que foram apresentados porém são inconsistentes, pois
no sumário dos indicadores do GRI contido no Relatório Social do Banco é
informado que estes indicadores foram divulgados, no entanto, quando se procede a
leitura das páginas referentes aos mesmos, o que é mencionado nada tem haver
com o que o indicador do GRI efetivamente solicitou. Isto aconteceu com os
indicadores ambientais EN2, EN4, EN8, EN17, EN33 e EN34; e com os indicadores
sociais HR6, HR7, HR14, LA5, LA17e SO2.
Dos 27 indicadores de desempenho social mencionados pelo ABN AMRO
Real, oito apresentaram problemas (normalmente ou se encontravam incompletos
ou inconsistentes com o solicitado pelo GRI, os que se enquadram neste último
caso foram citados no parágrafo anterior).
Na página referente ao indicador LA7 (página 89), não são fornecidos todos
os dados solicitados pelo indicador, como lesões típicas e dias perdidos, tornando o
mesmo incompleto.
Para o indicador HR3 são divulgadas duas páginas referentes a ele (páginas
92 e 93), porém na primeira nada se fala a respeito de descrição de políticas
relativas aos direitos humanos dentro da cadeia de fornecedores e contratados,
como solicitado; aparecendo apenas na página 93 texto informativo a respeito de
monitoramento, pelo ABN AMRO Real, de cumprimento da legislação trabalhista
pelos fornecedores, o que pode se enquadrar como parte do solicitado (aderência
114
parcial), visto que as normas da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) vão ao
encontro dos direitos humanos.
5.3.4. Informações complementares
Um problema encontrado relativo a inconsistência das informações do
sumário do GRI ocorre quando mais de uma página são apresentadas como
contendo as informações solicitadas por ele, no entanto somente o conteúdo de
uma delas se enquadra no que foi pedido pelo GRI.
Isto ocorreu com o indicador LA2, LA4 e SO1, sendo que no caso do último,
são informadas seis páginas como contendo as informações relativas a ele (90, 92,
93, 95, 96 e 99) a respeito de monitoramento de impactos causados pela empresa
sob a comunidade onde ela encontra-se inserida. Porém, não são encontradas as
informações solicitadas em todas elas, a saber: a página 90 fala somente de
programas voltados para os funcionários e não para a comunidade em geral; a
página 92 trata dos funcionários novamente; na página 93 aparece um tópico
denominado “envolvimento com os fornecedores comunitários”, que pode se
enquadrar como parte da informação solicitada; a página 95 apresenta políticas
voltadas a comunidade; e, nas páginas 96 e 99 é que efetivamente o solicitado pelo
indicador é apresentado.
Sobre a transparência do Relatório Social, ao final dele há a presença do
auditor externo, porém, como se observou na literatura específica, o mesmo apenas
faz uma verificação baseado em procedimentos pré-acordados com o Banco; são
apresentadas também notas explicativas as informações quantitativas e qualitativas;
e é dito explicitamente que o Banco é responsável pelas informações ali contidas,
bem como o nome das pessoas que participaram na elaboração do Relatório Social.
115
5.4. Usiminas
5.4.1. Apresentação Genérica do Relatório
O Relatório Social da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. (Usiminas) é
composto por onze partes: (1) mensagem do presidente; (2) o sistema Usiminas; (3)
desempenho econômico; (4) o sistema Usiminas e seus clientes; (5) o sistema
Usiminas e seus fornecedores; (6) o sistema Usiminas e seus empregados; (7) o
sistema Usiminas nas comunidades; (8) desempenho cultural; (9) desempenho
ambiental; (10) indicadores econômicos e sociais; e (11) informações corporativas.
Sendo que na parte 10 é apresentado o sumário do conteúdo dos indicadores do
GRI, o que facilita a localização dos mesmos no corpo do relatório.
Conforme o Diretor Presidente da Usiminas, o senhor Rinaldo Campos
Soares, o Balanço Social da empresa foi elaborado de acordo com as Diretrizes
2002 do GRI, apresentando um relatório equilibrado referente ao desempenho
econômico, ambiental e social da empresa (USIMINAS, 2004, p. 1).
Este fato torna este relatório abrangente, pois o mesmo engloba as vertentes
propostas pela literatura específica - SIQUEIRA e VIDAL (2003, p. 4); FIPECAFI
(2000, p. 30). Apesar disso há alguns problemas relevantes observados relativos a
utilização do GRI, os quais serão comentados a seguir.
116
5.4.2. Quadro Sintético
Quadro 17: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Usiminas
Apresentado
Indicador de
Desempenho
Essencial
E
C
O
N
Ô
M
I
C
O
Sub-total
A
M
B
I
E
N
T
A
L
Sub-total
S
O
C
I
A
L
Sub-total
TOTAL
EC1
EC2
EC3
EC4
EC5
EC6
EC7
EC8
EC9
EC10
10
EN1
EN2
EN3
EN4
EN5
EN6
EN7
EN8
EN9
EN10
EN11
EN12
EN13
EN14
EN15
EN16
16
LA1
LA2
LA3
LA4
LA5
LA6
LA7
LA8
LA9
LA10
LA11
HR1
HR2
HR3
HR4
HR5
HR6
HR7
SO1
SO2
SO3
PR1
PR2
PR3
24
50
Aderên- Aderência
cia
Plena Parcial
Dúbio
Não apresentado
Não
InconsisDispotente
nível
Omitido
Não
com
AplicáOmitido
justifica vel
tiva
GRAU DE
ADERÊNCIA
PLENA AOS
INDICADORES
ESSENCIAIS DO
GRI
x
x
x
x
x
x
x
50,00%
x
5
x
0
1
x
x
4
0
0
0
0
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
56,25%
x
x
x
x
x
9
x
1
1
4
1
0
0
0
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
75,00%
x
x
x
x
x
x
x
18
32
Fonte: A autora.
1
2
1
3
3
11
0
1
0
0
0
0
1
1
64,00%
117
5.4.3. Análise
A seguir estão classificados os indicadores que a Usiminas afirmava haver
divulgado em seu Relatório Social:
Quadro 18: Indicadores de Desempenho Usiminas
Indicadores de desempenho
Essenciais
Adicionais
TOTAL
Econômico
10
3
13
Ambiental
16
16
32
Social
23
22
45
TOTAL
49
41
90
Fonte: A autora.
O primeiro problema encontrado no Relatório Social da Usiminas referente à
utilização dos indicadores do GRI foi a omissão, no sumário dos indicadores do GRI,
de quatro deles, que simplesmente não constam no sumário, como se não
existissem. São eles os indicadores adicionais de desempenho ambiental EN30,
EN31 e EN32 e o indicador essencial de desempenho social HR7. De acordo com
as instruções do GRI, pelo menos no caso dos indicadores essenciais, se não
fossem aplicados à realidade da empresa ou não estivessem disponíveis (como
ocorreu com o indicador ambiental EN3), deveriam ser informados, não devendo ser
apenas omitidos.
Outros dois indicadores adicionais de desempenho social (LA14 e LA15)
aparecem no sumário, porém não há o número da página referente aos mesmos, ou
seja, é como se eles não existissem.
Ainda é observada outra inconsistência, o indicador adicional de desempenho
social PR4 aparece no sumário do GRI como se a informação referente ao mesmo
estivesse na página 109, no entanto, o Relatório Social da Usiminas possui apenas
96 páginas.
Após efetiva análise das informações referentes aos indicadores, o problema
que surgiu com maior freqüência foi a indicação de que as informações relativas a
118
determinado indicador estavam em determinada página, porém, quando se
examinava a mesma, os dados nela contidos nada tinham haver com o solicitado
pelo indicador mencionado. Isto ocorreu com indicadores dos três grupos
(econômico, ambiental e social), são eles: EC1, EC4, EC9, EC10 e EC12, sobre o
desempenho econômico; EN2, EN4, EN5, EN14, EN18, EN19 e EN24, sobre o
desempenho ambiental; e LA11, HR1, SO3 e PR9, sobre desempenho social.
Fora estes, ainda foram encontrados problemas individuais em outros
indicadores.
No indicador de desempenho social EC8 faltou a discriminação do valor dos
impostos pagos por país, não podendo identificar se foi devido à empresa não pagar
impostos no exterior ou se devido à omissão de informações, o que levou a
classificar este indicador como dúbio; e no EC11 são citados alguns fornecedores
da Usiminas, porém os mesmos não são classificados por país, como solicitado pelo
GRI.
O indicador de desempenho ambiental EN20 solicita as fontes de água e
ecossistemas/habitats afetados pelo consumo dela, porém na leitura das três
páginas que deveriam conter esta informação (conforme o sumário elaborado pela
empresa, páginas 70, 71 e 72), nada se comenta objetivamente sobre o solicitado. A
informação mais próxima ao indicador é um trecho sobre um projeto para suprir a
demanda de tratamento de água das operações da empresa, o qual “deverá corrigir,
de forma urgente, as discrepâncias relativas à demanda química de oxigênio, as
concentrações de níquel, óleos, sólidos suspensos e zinco” (USIMINAS, 2004, p.
72). A partir daí pode-se concluir que existem ecossistemas afetados pelo consumo
de água da empresa.
Nas páginas referentes ao indicador EN6 - p. 6 a 10 - há comentários acerca
das terras de propriedade da empresa, no entanto não se menciona se há ou não
119
habitats ricos em biodiversidade nas mesmas, como solicitado pelo GRI, tornando-o
dúbio.
O indicador EN23 solicita a quantidade total de terras da organização para
atividades de produção ou uso extrativo. Nas páginas informadas referentes ao
indicador nada é comentado especificamente sobre as áreas para as atividades de
produção, apenas é divulgado o total de terras pertencentes a Usiminas e o total de
área construída nas mesmas.
Nas páginas referentes ao indicador EN12 a respeito de descargas
significativas na água (páginas 70, 71 e 72) não é mencionada a quantidade das
descargas na água, apenas são apresentados quadros onde se pode concluir que a
empresa emite, por exemplo, material sedimentável, óleo e graxa mineral (após
tratamento) nos efluentes líquidos, o que torna este indicador parcial.
As mesmas páginas citadas acima deveriam conter a informação relativa ao
indicador EN13, relativo a derramamento significativo de produtos químicos, óleos e
combustíveis pelo número total de ocorrências e pelo volume total, o que não
ocorre, tornando-o inconsistente.
Na página referente ao indicador EN33 não se comenta o desempenho dos
fornecedores como solicitado pelo GRI.
Sobre as informações do indicador EN34 não foi citado se há impacto
ambiental significativo no transporte dos produtos, apenas é comentado que o
controle das emissões atmosféricas relativas ao transporte existe e é monitorado.
Nas informações referentes ao indicador EN35 faltou a especificação dos
gastos ambientais, sendo informado apenas o valor total, que é parte do solicitado.
Passando para análise dos indicadores de desempenho social, verifica-se
que na página referente ao indicador LA2 não há a separação da criação de
empregos e rotatividade por região e/ou país como solicitado, não se podendo saber
120
se isto é devido não existir tal separação ou porque a mesma não foi informada, o
que tornou este indicador dúbio.
O indicador LA3 foi classificado como aderência plena, no entanto, deve-se
destacar que a informação solicitada – total de empregados sindicalizados – deveria
ter sido fornecida em percentual e não em números inteiros como ocorreu, o que
acaba proporcionando trabalho para o leitor que deverá encontrar no Relatório
Social o total de funcionários da empresa e sobre este número calcular o percentual
sindicalizado.
Sobre o solicitado pelo indicador LA7 não foram informadas as lesões típicas,
os dias perdidos e o índice de absenteísmo relacionados aos empregados e subcontratados da Usiminas, apenas informou-se o número de óbitos, o que é parte do
indicador.
Os indicadores HR8 e HR11 solicitam informações relacionadas a
treinamento em direitos humanos, mas a empresa informa o tempo desprendidos
em treinamentos técnicos, não sendo possível verificar relação com o solicitado pelo
GRI.
5.4.4. Informações complementares
A Usiminas constitui-se na empresa líder do Sistema Usiminas, sendo as
empresas do Sistema as primeiras, segundo o seu relatório, em seus respectivos
segmentos de atividade no Brasil, a obter certificações de conformidade dos seus
produtos, processos, serviços e instalações no que concerne às normas nacionais e
internacionais relacionadas à Qualidade, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional e
Segurança do Trabalho, além do que todas as certificações de conformidade são
revalidadas periodicamente mediante auditoria externa independente e credenciada
para tal (Usiminas, 2004, p. 6).
121
Sobre a transparência deste relatório, dois dos três pontos solicitados pela
literatura para que o mesmo transmitisse maior transparência não foram atendidos,
que seria a presença de uma auditoria externa e a identificação do nome de um
responsável pelas informações - na página 95 são apresentados os setores da
empresa que receberam os créditos pelo trabalho, porém nenhum nome é
mencionado. Apenas o ponto relativo à utilização de notas explicativas associadas
ao relatório foi atendido.
5.5. Samarco
5.5.1. Apresentação genérica do relatório
A Samarco Mineração tem publicado o seu Relatório Social desde 2002,
reunindo em uma única publicação, informações sociais, econômicas e ambientais,
baseando seu Relatório Social nas linhas desenvolvidas pelo Instituto Ethos, pelo
GRI e pelo IBASE (CARNEIRO e RODRIGUES, 2005, p. 1).
O Relatório Social da empresa encontra-se dividido em nove grupos: (1)
mensagem do presidente; (2) introdução; (3) perfil da organização; (4) estrutura de
governança e sistemas de gerenciamento; (5) tabela IBASE; (6) sumário GRI; (7)
glossário; (8) responsáveis pelas informações divulgadas; e (9) endereços e
expediente.
O Balanço Social da Samarco 2004 pode ser considerado abrangente, pois
contempla todas as vertentes do GRI (econômica, ambiental e social).
5.5.2. Quadro Sintético
Quadro 19: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Samarco Mineração
122
Apresentado
Indicador de
Desempenho
Essencial
E
C
O
N
Ô
M
I
C
O
Sub-total
A
M
B
I
E
N
T
A
L
Sub-total
S
O
C
I
A
L
Sub-total
TOTAL
EC1
EC2
EC3
EC4
EC5
EC6
EC7
EC8
EC9
EC10
10
EN1
EN2
EN3
EN4
EN5
EN6
EN7
EN8
EN9
EN10
EN11
EN12
EN13
EN14
EN15
EN16
16
LA1
LA2
LA3
LA4
LA5
LA6
LA7
LA8
LA9
LA10
LA11
HR1
HR2
HR3
HR4
HR5
HR6
HR7
SO1
SO2
SO3
PR1
PR2
PR3
24
50
Fonte: A autora.
Aderên- Aderência
cia
Plena Parcial
Dúbio
Não apresentado
Não
InconsisDispotente
nível
Omitido
Não
com
AplicáOmitido
justifica vel
tiva
GRAU DE
ADERÊNCIA
PLENA AOS
INDICADORES
ESSENCIAIS DO
GRI
x
x
x
x
x
x
55,56%
x
x
x
5
1
1
0
x
2
x
1
0
0
x
x
x
x
x
x
x
x
x
62,50%
x
x
x
x
x
x
10
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
1
0
1
4
0
0
0
91,30%
x
x
21
36
0
2
0
1
0
1
2
8
x
1
2
0
0
0
0
75,00%
123
5.5.3. Análise
No sumário de conteúdo do GRI todos os indicadores de desempenho
(social, econômico e ambiental) foram expostos. Entretanto 20 deles foram
classificados como “não disponíveis” (n.d.): EC4, EC10, EC11, EC12, EN1, EN4,
EN13, EN15, EN21, EN24, EN30, HR8, HR11, PR1, PR2, PR4, PR5, PR7, PR9,
PR10. E quatro como “não aplicável” (n.a.): EC9, EN18, PR3 e PR11. Não foram
divulgados os motivos que levaram a indisponibilidade dos indicadores ou a não
aplicabilidade dos mesmos.
Os indicadores de desempenho que a empresa apresentou foram
classificados em:
Quadro 20: Indicadores de Desempenho Samarco Mineração
Indicadores de desempenho
Essenciais
Adicionais
TOTAL
Econômico
8
1
9
Ambiental
12
16
28
Social
22
18
40
TOTAL
42
35
77
Fonte: A autora.
Ao analisar os indicadores de desempenho econômico verificou-se que o
indicador EC6 apresentou aderência parcial devido ter faltado informar as
especificações solicitadas pelo GRI, que seria a discriminação das distribuições para
investidores por juros sobre dívidas e empréstimos, e dividendos em todos os tipos
de ações, apontando qualquer atraso no pagamento de dividendos preferenciais.
O indicador de desempenho econômico EC8 é dúbio porque nele são
apresentados todos os impostos pagos no Brasil, faltando apenas os que foram
pagos no exterior ou a informação de que a empresa não paga imposto no exterior,
como solicitado pelo GRI.
124
Passando para a análise dos indicadores de desempenho ambiental,
observou-se que o indicador EN2 refere-se ao percentual de materiais utilizados que
eram “resíduos de fontes externas à organização relatora” (GRI, 2002, p. 47, grifos
nossos). No entanto, no relatório da Samarco, os resíduos comentados por ela
foram os que a própria organização produziu e reciclou (Samarco, 2004, p. 72, grifos
nossos), o que fez este indicador ser classificado como inconsistente.
O indicador ambiental EN11 solicita a quantidade total de resíduos por tipo e
destino, contudo, a Samarco apenas informou a quantidade total de resíduos, não
fazendo as separações necessárias, sendo assim, este indicador foi classificado
como de aderência parcial.
A informação concernente ao indicador adicional EN19 é inconsistente pois a
mesma é apresentada como se estivesse contida na página 75 do relatório, porém
nesta página nada é comentado a respeito do solicitado, que seria referente ao uso
indireto de energia.
Outra inconsistência encontrada diz respeito ao valor de gastos ambientais
apresentados pela Samarco. Esta informação é referente ao indicador econômico
adicional EN35, que solicita que seja informado o total de gastos ambientais e
especificados por tipo. Este indicador é encontrado no sumário do Relatório Social
da Samarco, onde é apontado que os dados referentes a ele estão nas páginas 57 e
134. No entanto, quando se analisam as informações das referidas páginas,
encontra-se o valor total de gastos ambientais diferentes. Na página 57 tem-se
como total de investimentos ambientais R$ 18.820 milhões, e na página 134, tem-se
o montante de R$ 18.345 milhões como referente à mesma informação. Entre os
dois valores há uma diferença de R$ 475 mil. Esta inconsistência de valores
relativos aos mesmos dados já foi observada por Dias e Siqueira (2005, p. 12), em
125
pesquisa sobre a análise dos indicadores ambientais contidos nos Relatórios Sociais
da Petrobras.
Passando para os indicadores de desempenho social foi verificado que todas
as informações relativas aos indicadores apresentados estavam em conformidade
com as solicitadas pelo GRI.
5.5.4. Informações complementares
O único ponto citado na revisão bibliográfica referente à transparência do
Relatório Social que não foi fornecido pela Samarco diz respeito à presença da
auditoria externa. No próprio sumário do Relatório Social é apresentada à página
onde os responsáveis pelas informações do relatório são identificados, bem como email e telefone dos mesmos para que se possa fazer contato caso necessário. A
quantidade de notas explicativas às informações do relatório, normalmente atreladas
a dados quantitativos, é notoriamente observada. Sendo estes dois pontos positivos
relacionados à qualidade do Relatório Social, conforme Siqueira e Vidal (2003).
5.6. Petrobras
5.6.1. Apresentação genérica do relatório
O balanço social da Petrobras referente ao ano de 2004 é constituído de: (1)
mensagem do presidente; (2) a Petrobras; (3) direitos humanos; (4) trabalho; (5)
meio ambiente; (6) transparência; e (7) matriz de indicadores (do GRI).
Além do GRI, a Petrobras consolida o processo de adesão a outros
indicadores, como IBASE, Ethos, Relatório de Sustentabilidade Empresarial 2004 do
Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável.
Este relatório é considerado abrangente, pois apresenta todas as quatro
vertentes propostas pela FIPECAFI (2000, p. 30).
126
5.6.2. Quadro Sintético
Quadro 21: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Petrobras
Apresentado
Indicador de
Desempenho
Essencial
E
C
O
N
Ô
M
I
C
O
Sub-total
A
M
B
I
E
N
T
A
L
Sub-total
S
O
C
I
A
L
Sub-total
TOTAL
Aderên- Aderência
cia
Plena Parcial
EC1
EC2
EC3
EC4
EC5
EC6
EC7
EC8
EC9
EC10
10
EN1
EN2
EN3
EN4
EN5
EN6
EN7
EN8
EN9
EN10
EN11
EN12
EN13
EN14
EN15
EN16
16
LA1
LA2
LA3
LA4
LA5
LA6
LA7
LA8
LA9
LA10
LA11
HR1
HR2
HR3
HR4
HR5
HR6
HR7
SO1
SO2
SO3
PR1
PR2
PR3
24
50
Fonte: A autora.
Não apresentado
Não
Inconsis Dúbio
Dispotente
nível
Omitido
Não
com
Aplicá Omitido
justifica vel
tiva
x
x
x
x
x
x
x
GRAU DE
ADERÊNCIA
PLENA AOS
INDICADORES
ESSENCIAIS DO
GRI
90,00%
x
x
x
9
x
x
x
0
1
0
0
0
0
0
x
x
x
x
x
x
x
68,75%
x
x
x
x
x
x
11
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
1
1
1
2
0
0
0
86,96%
x
20
40
0
1
0
2
0
1
x
x
x
3
5
1
1
0
0
0
0
81,63%
127
5.6.3. Análise
No sumário dos indicadores do GRI da Petrobras apenas um indicador não é
mencionado, o indicador adicional de desempenho social PR11. Todos os outros
são encontrados, tanto essenciais quanto adicionais.
Dois indicadores foram considerados não aplicáveis à realidade da empresa.
São eles: o indicador essencial SO3 e o adicional SO5, relativos ao desempenho
social. Eles são referentes a possíveis contribuições políticas feitas pela empresa. A
não aplicabilidade dos mesmos é justificável considerando-se que a Petrobras não
faz ou fez tais contribuições.
Classificados como “não disponíveis”, tem-se:
(1) Indicadores de desempenho econômico: EC12 (adicional);
(2) Indicadores de desempenho ambiental: EN12 e EN15 (essencial); e
EN19, EN20, EN21, EN23, EN24, EN28 e EN32 (adicionais);
(3) Indicadores de desempenho social: PR1, PR2, PR3 (essencial); e HR13,
HR14, PR4, PR5, PR6, PR7, PR9 e PR10 (adicional).
A quantidade de indicadores efetivamente informados (sendo excluídos os
não disponíveis) e que foram analisados são:
Quadro 22: Indicadores de Desempenho Petrobras
Indicadores de desempenho
Essenciais
Adicionais
TOTAL
Econômico
10
2
12
Ambiental
14
12
26
Social
21
16
37
TOTAL
45
30
75
Fonte: A autora.
Analisando os indicadores econômicos, o único que continha informações
dúbias referentes ao GRI foi o indicador essencial EC8, que trata dos impostos
pagos. Na referida página onde as informações do mesmo deveriam ser expostas
128
está faltando a discriminação do valor pago referente a impostos no exterior, caso
esta omissão seja em virtude da empresa não pagar impostos fora do país, isto
deveria ser informado para que não houvesse dúvidas relativas aos dados
solicitados.
Passando para os indicadores de desempenho ambiental, o indicador EN4 foi
classificado como inconsistente pois na página referente ao mesmo apenas é
informado o consumo total de energia, segregado por tipo de fontes, no entanto,
este indicador solicita que seja evidenciado o consumo indireto de energia, que
conforme o GRI (2002, p. 47, é “a energia usada para produzir e distribuir energia
comprada pela organização relatora (por exemplo, eletricidade ou calor)”.
O indicador EN6 solicita a localização e o tamanho das terras pertencentes à
organização, arrendadas ou administradas por ela em habitats ricos em
biodiversidade. No texto da página onde deveria estar a informação referente a este
indicador apenas alguns exemplos deste tipo de área são citados, e nada é
comentado sobre o tamanho das mesmas - nem ao menos das que serviram de
exemplo -, sendo assim, o indicador foi classificado como de aderência parcial.
O indicador EN11 é classificado como dúbio pois solicita a quantidade de
resíduos por tipo e destino, mas na página informada encontra-se apenas a
quantidade de resíduos sólidos perigosos acumulados em toda a Companhia até o
fim de 2004, não se tendo como saber se existem outros tipos de resíduos e o
destino efetivo dos mesmos - incluindo os sólidos.
O indicador EN22 trata de reciclagem e reutilização de água, mas quando se
procede a leitura da página onde a informação deveria ser fornecida no Balanço
Social, apenas são citados alguns programas referentes a estes tópicos, não
abordando, objetivamente, o total de água reciclada e reutilizada.
129
O indicador ambiental EN25 deveria informar os impactos de atividades e
operações sobre áreas protegidas ou sensíveis (grifos nossos), no entanto, na
página informada onde estes dados deveriam estar (página 76), apenas é
encontrada a menção de “ações relacionadas à gestão dos impactos sobre a
biodiversidade nas áreas de influência direta das atividades da Companhia”
(Petrobras, 2004, p. 76), sendo citado ainda que “já foram diagnosticados cerca de
250ha de áreas contaminadas como conseqüência de atividades da Companhia”
(Petrobras, 2004, p. 76), porém o indicador solicita o impacto sobre áreas protegidas
ou sensíveis e essa discriminação não é feita.
O mesmo ocorre com o indicador EN26, onde deveriam ser citadas as
“mudanças nos habitats naturais resultantes de atividades e operações e percentual
protegido ou restaurado”, e nas páginas indicadas para este indicador no sumário
(76 e 77) nada é efetivamente comentado sobre o requerido.
O indicador EN29, que solicita as unidades de negócios operando ou
planejando operações em áreas protegidas ou sensíveis, ou ao seu redor, porém na
página informada no sumário (página 76) são encontrados apenas alguns exemplos
destas áreas, como pode ser verificado no trecho a seguir: “as operações da
Companhia estendem-se por diversos ecossistemas brasileiros e estrangeiros, tais
como áreas marinhas profundas, a região amazônica, os ecossistemas de
Morichales e Bosques de Galeria, na Argentina, e o Bosque de San Alberto, na
Bolívia” (PETROBRAS, 2004, p. 76). Deste modo, este indicador foi considerado
como de aderência parcial.
Os indicadores EN30 e EN31 são citados no sumário, sendo fornecido o
número das páginas referentes aos mesmos. No entanto, quando se procede à
leitura das mesmas, nada existe que possa ser associado aos mesmos, logo, eles
são inconsistentes.
130
Nos indicadores de desempenho social o único indicado com informações
dúbias foi o SO6, sobre decisões legais com respeito a casos referentes à legislação
antitruste e de regulamentação de monopólio. Na página 87 do Balanço Social da
Petrobras, onde deveria estar a informação, conforme o sumário, encontra-se o
trecho: “[...] a Companhia é periodicamente auditada pelo Tribunal de Contas da
União (TCU), que publica qualquer violação identificada na gestão e informa a
sanção aplicada a cada caso”. No entanto, não se sabe se houve ou não as
decisões legais solicitadas pelo indicador.
5.6.4. Informações complementares
A Petrobras é uma empresa de grande importância na economia brasileira,
devido, dentre outros fatos, ser a maior exportadora e contribuinte fiscal do país,
conforme seu Relatório Social de 2003. Ela está na 15ª posição entre as maiores
empresas do setor petrolífero mundial e desde 2001 a empresa vem adotando, de
forma parcial e gradativa, as Diretrizes do GRI (PETROBRAS, 2003, p. 4, 7 e 9).
Conforme estudo de Dias e Siqueira (2005, p. 9), comentado na revisão
bibliográfica, desde 2003 aparece a figura do auditor externo no Relatório Social da
Petrobras, entretanto, apenas alguns dados são revisados pelos mesmos, não se
tratando de uma auditoria propriamente dita, onde ao invés de um “parecer”, é
apresentado um “relatório” dos auditores independentes sobre o balanço social.
5.7. CPFL Energia
5.7.1. Apresentação genérica do relatório
O Relatório Social da CPFL Energia de 2004 é composto por seis partes: (1)
mensagens; (2) evolução societária e governança corporativa; (3) estratégia,
investimentos e perspectivas dos negócios; (4) desempenho operacional; (5)
131
desempenho econômico-financeiro; e (6) responsabilidade e sustentabilidade
corporativa, sendo nesta última parte divulgado o sumário do GRI.
Ponto que merece receber destaque é o fato da empresa ter acrescentado ao
sumário dos indicadores do GRI o texto exato dos mesmos, fazendo com que o
leitor saiba o que solicita cada indicador mesmo que não possua as Diretrizes do
GRI em mãos. Além disto, a CPFL adicionou às informações contidas no seu
relatório, um pequeno quadro onde são identificados quais indicadores do GRI os
dados contidos naquela página atendem, o que facilitou bastante a análise.
No sumário dos indicadores são encontrados todos os indicadores de
desempenho essenciais e adicionais, dos três grupos do GRI: econômico, ambiental
e social, sendo assim contempladas as vertentes necessárias para que o Relatório
Social seja considerado abrangente.
132
5.7.2. Quadro Sintético
Quadro 23: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela CPFL Energia
Apresentado
Indicador de
Desempenho
Essencial
E
C
O
N
Ô
M
I
C
O
Sub-total
A
M
B
I
E
N
T
A
L
Sub-total
S
O
C
I
A
L
Sub-total
TOTAL
EC1
EC2
EC3
EC4
EC5
EC6
EC7
EC8
EC9
EC10
10
EN1
EN2
EN3
EN4
EN5
EN6
EN7
EN8
EN9
EN10
EN11
EN12
EN13
EN14
EN15
EN16
16
LA1
LA2
LA3
LA4
LA5
LA6
LA7
LA8
LA9
LA10
LA11
HR1
HR2
HR3
HR4
HR5
HR6
HR7
SO1
SO2
SO3
PR1
PR2
PR3
24
50
Aderên- Aderência
cia
Plena Parcial
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
10
x
x
x
Dúbio
Não apresentado
Não
InconsisDispotente
nível
Omitido
Não
com
AplicáOmitido
justifica vel
tiva
GRAU DE
ADERÊNCIA
PLENA AOS
INDICADORES
ESSENCIAIS DO
GRI
100,00%
0
0
0
0
0
0
0
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
85,71%
x
x
x
12
x
x
x
x
x
x
0
2
0
0
2
0
0
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
95,65%
x
x
22
44
Fonte: A autora.
1
1
0
2
0
0
0
0
1
3
0
0
0
0
93,62%
133
5.7.3. Análise
Todos os indicadores econômicos foram considerados aplicáveis à realidade
da empresa e tiveram as informações relativas aos mesmos apresentadas de forma
plena.
Quadro 24: Indicadores de Desempenho CPFL Energia
Indicadores de desempenho
Essenciais
Adicionais
TOTAL
Econômico
10
3
13
Ambiental
16
19
35
Social
24
25
49
TOTAL
50
47
97
Fonte: A autora.
Analisando os indicadores de desempenho ambientais, cinco foram
considerados não aplicáveis, a saber: EN4 – essencial – , EN18, EN28, EN31 e
EN15 – adicionais.
Nas informações referentes aos indicadores de desempenho ambiental,
apresentaram problemas apenas os indicadores: EN7, EN14 e EN22.
O indicador EN7 foi classificado como dúbio, pois o mesmo requer a
descrição dos principais impactos sobre a biodiversidade associados à atividade
e/ou produtos e serviços em ambientes terrestres, de água doce ou marítimos
causados pela organização, no entanto, quando se procede à leitura das páginas
informadas como contendo estes dados (132, 134 e 139), verifica-se que pouco é
comentado a este respeito, não sendo as informações fornecidas suficientes para
avaliar se o que é apresentado atende ou não ao exigido pelo GRI.
O indicador EN14 solicita os impactos ambientais significativos dos principais
produtos e serviços. A CPFL afirma que tais informações estão nas páginas 134 e
139 (juntamente com os dados referentes ao indicador comentado anteriormente).
134
Novamente as informações solicitadas pela empresa não são suficientes para julgar
se este indicador foi ou não atendido, sendo então classificado como dúbio.
No indicador adicional EN22 se faz necessário informar sobre reciclagem e
reutilização de água, no entanto, quando se analisa a página informada no sumário
como a que contém estas informações (página 145), verifica-se que nada existe a
este respeito.
Passando para a análise dos indicadores de desempenho sociais, três deles
foram classificados como não aplicáveis: PR2 – essencial –, HR14 e PR7 –
adicionais.
Dos indicadores apresentados, apenas um indicador não forneceu todas as
informações solicitadas pelo GRI, que foi o LA7, onde faltou ser informado as lesões
típicas, os dias perdidos e o índice de absenteísmo.
5.7.4. Informações complementares
Um problema identificado no indicador EN6 foi que são informadas duas
páginas como contendo as informações referentes a mesmo – páginas 148 e 157 –,
no entanto, apenas em uma delas (148) é que são encontradas as informações
solicitadas.
Como ocorrido na Samarco, a CPFL possui uma quantidade satisfatória de
notas explicativas as informações divulgadas, bem como a identificação da equipe
responsável pelas informações do Balanço Social, com respectiva localização das
pessoas desta equipe, faltando apenas a presença de uma auditoria externa para
que todos os pontos referentes a maior transparência do Relatório Social fossem
atendidos, conforme Siqueira e Vital (2003).
135
5.8. Natura
5.8.1. Apresentação genérica do relatório
O Relatório Social da Natura apresenta os seguintes tópicos: (1) mensagem
do presidente; (2) razão de ser; (3) visão e crenças; (4) perfil da organização; (5)
metodologia e principais indicadores; (6) governança corporativa e mercado de
capitais; (7) gestão de riscos; (8) resultados econômico-financeiros, sociais e
ambientais; (9) qualidade das relações; (10) destaque do investimento em
responsabilidade corporativa; (11) indicadores econômicos, ambientais e sociais –
GRI; (12) índice remissivo – GRI; e (13) demonstrações financeiras.
Todas as vertentes propostas pela FIPECAFI (2000, p. 30) são contempladas
no Relatório Social da Natura.
Um ponto positivo observado no relatório é que, quando há quebra de padrão
referente a como a informação vinha sendo divulgada nos anos anteriores, a
empresa justifica porque isto ocorreu. Tem-se como exemplo disto o indicador EC10
na página 79 do relatório, onde a empresa fornece os valores investidos em
responsabilidade corporativa de maneira diferente da adotada nos últimos relatórios
com a intenção de apresentar dados mais completos (NATURA, 2004, p. 79).
Outro ponto positivo observado é que quando se vai até a página informada
no sumário do GRI referente aos dados dos indicadores, tem-se o texto de cada
indicador do GRI seguido da informação da empresa referente ao mesmo, ou seja, a
análise do indicador pode ser feita de forma prática, sem que seja necessário ter o
relatório do GRI em mãos – o caso da CPFL Energia foi parecido, no entanto o texto
do solicitado pelo indicador estava no sumário do GRI e não no “corpo” do texto
como no relatório da Natura, o que propicia, no caso da última, uma apresentação
visual melhor.
136
5.8.2. Quadro Sintético
Quadro 25: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Natura
Apresentado
Indicador de
Desempenho
Essencial
E
C
O
N
Ô
M
I
C
O
Sub-total
A
M
B
I
E
N
T
A
L
Sub-total
S
O
C
I
A
L
Sub-total
TOTAL
EC1
EC2
EC3
EC4
EC5
EC6
EC7
EC8
EC9
EC10
10
EN1
EN2
EN3
EN4
EN5
EN6
EN7
EN8
EN9
EN10
EN11
EN12
EN13
EN14
EN15
EN16
16
LA1
LA2
LA3
LA4
LA5
LA6
LA7
LA8
LA9
LA10
LA11
HR1
HR2
HR3
HR4
HR5
HR6
HR7
SO1
SO2
SO3
PR1
PR2
PR3
24
50
Aderên- Aderência
cia
Plena Parcial
Dúbio
Não apresentado
Não
InconsisDispotente
nível
Omitido
Não
com
AplicáOmitido
justifica vel
tiva
GRAU DE
ADERÊNCIA
PLENA AOS
INDICADORES
ESSENCIAIS DO
GRI
x
x
x
x
x
x
x
x
90,00%
x
x
8
x
x
x
0
0
0
1
0
1
0
x
x
x
x
x
100,00%
x
x
x
x
x
x
x
x
14
x
x
x
x
x
x
0
0
0
0
2
0
0
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
23
45
Fonte: A autora.
95,83%
0
0
1
1
0
0
0
1
0
2
0
1
0
0
95,83%
137
5.8.3. Análise
Juntamente com o sumário do GRI, já são informados pela própria empresa
quais dos indicadores não foram utilizados, sendo os mesmos separados entre
essenciais e adicionais. A Natura não divulgou o indicador essencial EC2 por
considerar os dados referentes a ele de uso exclusivo da gestão interna. Já para os
indicadores adicionais que não foram divulgados não é apresentada justificativa, são
eles: EC11, EC18, EC31, LA14, HR9, HR13, HR14 e SO5 (NATURA, 2004, p. 107).
Assim, a quantidade de indicadores que foram utilizados para análise foi:
Quadro 26: Indicadores de Desempenho Natura
Indicadores de desempenho
Essenciais
Adicionais
TOTAL
Econômico
8
3
11
Ambiental
16
15
31
Social
24
20
44
TOTAL
48
38
86
Fonte: A autora.
Analisando os indicadores de desempenho econômico o único indicador que
se apresentou como não disponível foi o EC9, cuja informação solicitada é a
respeito de subsídios recebido pela organização (NATURA, 2004, p. 79).
Passando para analise dos indicadores de desempenho ambiental, os que
foram apresentados como não aplicáveis à realidade da empresa foram: EN4 e
EN9, relativos ao consumo indireto de energia e sobre substâncias destruidoras de
ozônio, respectivamente. Como não disponível, tem-se o indicador EN19, sobre
outros usos indiretos de energia.
Sobre os indicadores de desempenho social, somente foi encontrado
problema nas informações referente ao indicador LA7, sendo o mesmo classificado
como dúbio, pois o indicador solicita, dentre outras coisas, o número de óbitos
138
relacionados ao trabalho e nada foi comentado a este respeito, não sendo possível
identificar se os mesmos não ocorreram ou não foram informados.
5.8.4. Informações complementares
A Natura foi a primeira empresa no Brasil a adotar as Diretrizes do GRI,
fazendo parte das 31 organizações que estão servindo como participantes dos
processos estruturados de feedback do próprio GRI, com a finalidade de observar a
prática e promover aprimoramentos dos indicadores (GRI, 2002, p. 91).
O Relatório Anual da empresa do ano de 2004 foi considerado como o 16º
melhor pela SustainAbility, conforme pesquisa elaborada por essa consultoria
internacional em conjunto com a agência de rating Standard & Poor’s e com o
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, onde foram analisados 350
relatórios de empresas em diversos países (NATURA, 2004, p.20).
Como na Samarco e na CPFL Energia, não há a presença do auditor externo
como certificador das informações do Relatório Social apresentado, sendo,
entretanto, encontrada quantidade satisfatória de notas explicativas associadas às
informações fornecidas e a identificação de responsáveis pelas informações, pontos
estes relacionados a transparência do relatório, conforme Siqueira e Vidal (2003).
5.9 Dados quantitativos da adoção dos indicadores do GRI
Após a análise individual dos indicadores do GRI, foi elaborado um ranking
onde as empresas são classificadas conforme o seu grau de aderência completa ao
GRI seguido de outras informações, onde pode ser observado: (1) o número de
indicadores que o GRI possui, distribuídos nas categorias econômica, ambiental e
social; e nos sub-grupos de indicadores essenciais e adicionais; e (2) a quantidade
139
de indicadores que as empresas estudadas aparentavam divulgar, seguindo a
mesma distribuição do GRI.
Este quadro foi elaborado com o objetivo de proporcionar uma visão geral e
clara a respeito do uso dos indicadores do GRI pelas empresas brasileiras, onde o
leitor poderá verificar a discrepância relacionada ao que, a primeira vista, se imagina
que foi divulgado correspondente ao GRI e ao que, após análise, foi apresentado de
forma adequada pela organização relativa a este modelo de Balanço Social.
Quadro 27: Análise quantitativa da adoção dos indicadores do GRI
Indicadores de Econômico
Ambiental
Social
TOTAL
GRAU DE
ADERÊNCIA
PLENA AOS
INDICADORES
ESSENCIAIS DO
GRI
Desempenho
E
A
E
A
E
A
E
A
TOTAL
GERAL
GRI
10
3
16
19
24
25
50
47
97
1º
Natura
8
3
16
15
24
20
48
38
86
95,83 %
2º
CPFL Energia
10
3
16
19
24
25
50
47
97
93,62 %
3º
Petrobras
10
2
14
12
21
16
45
30
75
81,63 %
4º
Samarco
8
1
12
16
22
18
42
35
77
75,00 %
5º
Usiminas
10
3
16
16
23
22
49
41
90
64,00 %
9
11
9
5
20
7
38
23
61
53,49 %
Ran
king
6º
ABN AMRO
Real
7º
Copesul
7
0
12
4
2
1
21
5
26
24,00 %
8º
Souza Cruz
0
0
8
6
0
0
8
6
14
6,00 %
Fonte: A autora.
Observações:
(1) Observação: E = Essencial
(2) Observação: A = Adicional
(3) Observação: A quantidade de indicadores apresentados refere-se: (a) aos
indicadores disponíveis que a empresa dizia divulgar no seu Relatório Social,
e (b) aos indicadores "não aplicáveis" a realidade da organização, para que
ela não fosse punida na apresentação destes dados devido a não
140
aplicabilidade de determinado indicador, pois esta não aplicabilidade não
está relacionada com a falta de interesse da empresa em o divulgar.
Caso se verificasse apenas a quantidade de indicadores referentes ao GRI
que a organização dizia apresentar, quem iria aparecer no topo da lista seria a
CPFL Energia, seguida da Usiminas e, aí sim, surgiria a Natura, no terceiro lugar ao
invés do primeiro ocupado por ela na análise da aderência plena, ou seja, o ranking
com a classificação seria diferente do apresentado.
A posição da Natura como a primeira neste ranking sobre a aderência plena
aos indicadores essenciais do GRI pelas empresas brasileiras corrobora com a
classificação da mesma no ranking da SustainAbility como sendo a empresa que
elaborou o 16º melhor Relatório Anual de 2004, entre 350 analisados em diversos
países, como comentado anteriormente.
Com os dados deste quadro também é possível perceber com facilidade que
as empresas brasileiras encontram-se em fases diferentes relativas a utilização do
GRI. Enquanto umas os apresentam em quase sua totalidade, assim como a
aderência plena aos mesmos, outras apresentam apenas 14% deles, os quais nem
ao menos foram divulgados em total conformidade com o solicitado.
Mesmo não havendo o grau de aderência aos indicadores adicionais,
observa-se que, em sua maioria, a quantidade informada destes indicadores como
sendo os apresentados não difere tanto da dos indicadores essenciais, o que
poderia servir de base para a afirmação de que o grau de aderência aos indicadores
adicionais é aproximado do dos essenciais.
CAPÍTULO 6
Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros
Esta pesquisa foi realizada através da análise dos Relatórios Sociais em
empresas brasileiras que utilizaram os indicadores propostos pelas Diretrizes para
Relatórios de Sustentabilidade do GRI 2002 através de uma adoção informal ou
através da publicação de Relatórios Sociais “de acordo com” o GRI, tendo o objetivo
de avaliar o grau de aderência destas empresas aos indicadores de desempenho
econômico, ambiental e social elaborados pelo GRI, buscando atender a abordagem
social-empresarial da Teoria da Contabilidade comentada por Hendriksen e Breda
(1999, p. 26).
Para isto, foi feita a contextualização da origem das discussões sobre a
Responsabilidade Social das Empresas (RSE), evidenciando fatos – dentre eles
acidentes ambientais – que fizeram com que a sociedade passasse a cobrar por
uma postura socialmente e ambientalmente mais responsável das organizações,
que iria além da elaboração de bens e da prestação de serviços, sendo observada
também as conseqüências causadas pela atividade operacional das organizações.
Com isto, foi acentuando-se a discussão sobre RSE, surgindo esforços de
organizações não-governamentais juntamente com o setor privado, na tentativa de
criarem formas para instituírem convenções e/ou princípios sobre a RSE, buscando
transmitir maior transparência e comprometimento relacionado ao desenvolvimento
142
formato desta demonstração, surge uma série de modelos para o mesmo, como o
Modelo IBASE, a Demonstração do Valor Adicionado, os indicadores do Global
Reporting Initiative e os Indicadores Ethos.
Através desta explanação, almejou-se demonstrar a relação direta que uma
empresa pode exercer sobre a vida humana – principalmente sobre a comunidade
local onde a organização encontra-se inserida – e sobre o meio ambiente –
atingindo o ecossistema animal e vegetal, e por intermédio disto, novamente a vida
humana, só que agora de forma indireta.
Também se teve como objetivo desta primeira parte do estudo evidenciar que
a sociedade já está tomando consciência deste cenário e, devido a isto, esforços
estão sendo feitos na tentativa de cobrar uma atuação responsável e transparente
das organizações.
Dentre estes esforços está a figura do Balanço Social, como uma forma de
prestação de contas da empresa para com a sociedade em geral, onde os efeitos
positivos e negativos referentes à atuação da organização devem ser evidenciados
com igual destaque; sendo que um de seus “modelos” vem recebendo destaque no
cenário internacional, os indicadores do GRI. Tal fato é um dos motivos que o
levaram a ser parte principal do objetivo desta pesquisa, que compreende analisar a
sua utilização por empresas brasileiras.
Já no terceiro capítulo, são debatidas as críticas referentes à elaboração e
divulgação do Balanço Social, bem como os pontos relacionados com a qualidade
desta demonstração, sendo apontados os pensamentos de diversos autores
concernente aos tópicos citados. Com isto buscou-se mostrar divergências
relacionadas ao tema Balanço Social e a importância da existência de um modelo
padrão, o qual poderia solucionar parte das críticas e grande parte dos pontos
relativos à qualidade do mesmo, desde que o modelo escolhido fosse
143
suficientemente capaz de externalizar a atuação da empresa sem utilização de
vieses, onde se teriam as informações necessárias para julgar adequadamente a
atuação da empresa referente a sua postura junto a sociedade, aos funcionários e
ao meio ambiente.
A utilização dos indicadores do GRI poderia vir a suprir estas exigências, pois,
como mostrado ainda no capítulo três e comentado anteriormente, eles estão tendo
adesão internacional, o que levaria à possibilidade de comparabilidade entre o
desempenho exercido por organizações de diversos países e setores, bem como o
acompanhamento da atuação da empresa no decorrer do tempo, sendo que outra
grande contribuição que pode ser atribuída a estes indicadores é o fato deles
apresentarem as bases para uma análise completa da atuação da empresa, pois
divulgam informações relativas ao desempenho econômico, ambiental e social da
empresa, o que caracteriza um Relatório Social completo, que atende a todas as
vertentes sugeridas pela bibliografia consultada.
Além disto, existe o fato do GRI possuir indicadores onde os aspectos
negativos da atividade da empresa são evidenciados, tanto (1) na área econômica –
quando, por exemplo, com a solicitação de divulgação dos impactos econômicos
indiretos decorrentes da organização; (2) na área ambiental – quando, por exemplo,
são solicitados que sejam informados os impactos ambientais causados pela
atuação da organização; e (3) na área social – quando, por exemplo, é solicitado o
número de óbitos relacionados ao trabalho dentro das atividades da organização.
No quarto capítulo foram evidenciados os procedimentos metodológicos
utilizados para a análise propriamente dita dos Balanços Sociais das empresas
brasileiras que aderiam de forma informal ou formal aos indicadores do GRI, e como
se chegou ao cálculo do valor referente ao grau de aderência plena aos indicadores
144
essenciais destas empresas aos indicadores, sendo esta a ferramenta utilizada para
que se chegasse ao principal objetivo desta pesquisa.
O capítulo cinco demonstrou, caso a caso, a utilização dos indicadores
essenciais e adicionais de desempenho econômico, ambiental e social do GRI por
oito empresas brasileiras que comunicaram à instituição que estão utilizando de
alguma forma as suas Diretrizes – o total de empresas que utilizam o GRI são dez,
porém duas delas não tiveram como ser analisadas por não possuírem o sumário de
conteúdo do GRI e devido às informações referentes aos indicadores estarem
dispersas pelo corpo do Relatório Social. A imprecisão referente ao exame das
informações do Balanço Social nestas duas empresas fez com que as mesmas
fossem uma limitação da pesquisa.
Foram encontrados problemas no decorrer das análises individuais dos
Relatórios Sociais, sendo que estes já haviam sido mencionados no capítulo três
relativos aos pontos que comprometem a qualidade de tais relatórios.
A tempestividade do Relatório Social, referente ao Princípio Contábil da
Oportunidade, foi o primeiro problema encontrado nesta análise e que já havia sido
mencionado nas pesquisas de Siqueira (2003, p. 115) e do GRI (2002, p. 16). Este
problema aparece apenas no Relatório Social da Souza Cruz, onde o Balanço
Social que é elaborado conforme das Diretrizes do GRI é publicado somente a cada
18 meses, sendo divulgado anualmente com o relatório financeiro apenas o Balanço
Social Modelo IBASE. Ora, a informação tem valor desde que seja fornecida a
tempo, conforme a Teoria Contábil, além do que os dois relatórios – financeiro e
social – devem ser divulgados juntos pois possuem estreita relação ao cumprirem
funções paralelas e complementares na análise do desempenho da organização.
A abrangência foi outro problema encontrado somente no Relatório Social da
Souza Cruz, onde os indicadores do GRI contemplavam apenas a vertente
145
ambiental, deixando de lado os indicadores de desempenho econômico e social
sem que fossem justificadas tais omissões. Isto torna o Relatório Social incompleto
pois não fornece todas as informações necessárias à uma adequada análise do
desempenho da organização. Sendo este fato também observado em outras
pesquisas (CUNHA e RIBEIRO, 2004, p. 13 e 14; SIQUEIRA e VIDAL, 2003, p. 12).
Dias e Siqueira (2005, p. 12) concluíram que o problema relativo à
padronização do Relatório Social pode ser considerado solucionado quando a
empresa publica esta demonstração baseada em um modelo como os indicadores
do GRI. Esta pesquisa é um exemplo que corrobora com esta afirmação, pois a
mesma só pôde ser realizada em virtude da adoção de um mesmo padrão de
Relatório Social por diferentes empresas, o que possibilitou a comparação e a
divulgação de indicadores por diferentes organizações.
Entretanto, a Shell Brasil, Mc’Donalds Brasil, Souza Cruz e Copesul, apesar
de haverem adotado a estes indicadores de modo informal, ao não elaborarem o
sumário de conteúdo do GRI, acabam incorrendo no problema de falta de
padronização em virtude da imprecisão relacionada à identificação dos indicadores
de desempenho do GRI nos Relatórios Sociais das mesmas.
Apesar disto, foi possível realizar a análise do Relatório Social da Souza Cruz
e da Copesul, mesmo não havendo tal sumário de conteúdo, pelo fato destas
empresas afirmarem que os indicadores do GRI estavam todos apenas em uma
parte do relatório, possibilitando que fosse realizada a associação entre o indicador
divulgado pelas empresas com os do GRI.
A não publicação do sumário de conteúdo do GRI ocasiona um trabalho extra
para o usuário, o qual poderia ser evitado pela empresa.
A transparência dos Relatórios Sociais, como comentado no capítulo três, diz
respeito à existência de notas explicativas associadas aos indicadores, a existência
146
de um responsável pelas informações do Relatório Social, e a presença de uma
auditoria externa.
Constatou-se que a maioria das empresas estudadas apresenta quantidade
satisfatório de notas explicativas associadas às informações quantitativas e
qualitativas do relatório, o que diverge do observado por Siqueira (2003a, p. 12) na
análise dos Relatórios Sociais de 21 empresas brasileiras que não utilizavam o GRI.
Sobre o auditor externo, este está presente apenas nos Relatórios Sociais da
Souza Cruz, do ABN AMRO Real e da Petrobras. Na Souza Cruz, apesar de haver
relatório de auditoria referente à demonstração social, o mesmo afirma que as
informações referentes ao GRI não foram verificadas; e nas duas outras empresas,
apesar de ter havido revisão de alguns indicadores, o fato de não existirem normas
para este tipo de trabalho acaba comprometendo a credibilidade da revisão, pois a
mesma é feita com base em procedimentos pré-acordados entre a empresa de
auditoria e a empresa auditada, fato este observado anteriormente por Dias e
Siqueira (2005, p. 9).
Já sobre o tópico referente à identificação de algum responsável pelas
informações dos Relatórios Sociais, as empresas o entendem de modo
diferenciado. A Usiminas, por exemplo, fornece apenas o cargo dos responsáveis
pelas informações; a Souza Cruz, por sua vez, fornece o nome, o endereço, o
telefone e o e-mail para contato sobre maiores informações referentes ao Relatório
Social, porém nada fala sobre responsável pelos dados ali contidos; a Samarco
Mineração, a Petrobras e a CPFL Energia identificam o nome dos responsáveis
pelas informações contidas no Relatório Social, juntamente com e-mail e telefone
para contato com os mesmos; já o ABN AMRO Real, ao final do relatório, se
responsabiliza pelas informações e fornece o nome das pessoas que participaram
147
na coleta de dados; enquanto que a Copesul e a Natura nada falam sobre
responsáveis pelos dados do Relatório Social.
Na análise individual das empresas, observou-se que, dos 16 indicadores
essenciais relativos a categoria ambiental propostos pelo GRI, a Souza Cruz utilizou
somente oito, sendo que destes: três tiveram aderência plena, três aderência
parcial, um estava dúbio e um não disponível, o que fez com que o grau de
aderência aos indicadores ambientais do GRI por esta empresa fosse de 18,75%, e
a aderência total ao GRI, considerando as três perspectivas, fosse de 6% - esta foi à
aderência mais baixa por parte das empresas brasileiras que utilizam as Diretrizes
do GRI.
Na análise referente à utilização dos indicadores essenciais do GRI pela
Copesul, constatou-se que no geral foram apresentados de forma adequada apenas
12 indicadores, que equivalem, conforme a metodologia empregada, a uma
aderência de 24% ao GRI. A perspectiva ambiental foi a que recebeu maior
atenção, pois obteve 43,75% dos seus indicadores essenciais contemplados
adequadamente, sendo seguida pela econômica com 40 % e pela social com
4,17%, sendo esta última categoria a maior responsável pela baixa aderência ao
GRI pela Copesul. Destaca-se o fato de 18% dos indicadores essenciais da Copesul
terem sido classificados entre de aderência parcial ou dúbio.
O ABN AMRO Real apresentou 23 indicadores de desempenho de forma
completa (incluindo econômico, ambiental e social), que fizeram com que o grau de
aderência ao GRI fosse de 53,49%. Entretanto, apesar de ter apresentado
adequadamente pouco mais da metade dos indicadores essenciais do GRI, deve
ser destacado o fato de que 28% dos indicadores essenciais divulgados pelo Banco
estavam apresentando problemas relativos à divulgação das informações, onde
quatro tiveram aderência parcial, dois estavam com informações dúbias e oito
148
estavam inconsistentes com o solicitado. Dos indicadores essenciais, somente o
HR4 (de desempenho social) foi omitido no sumário do conteúdo do GRI.
A aderência completa aos indicadores essenciais do GRI pela Usiminas foi de
64%. Dos indicadores divulgados, 32 apresentaram aderência plena, estando as
informações fornecidas no relatório em conformidade com o que o GRI solicita.
Destaca-se que 11 indicadores constantes no sumário estavam inconsistentes com
o solicitado pelo GRI, o que representa 22% dos indicadores apresentados, e, caso
estes sejam somados aos indicadores classificados como de aderência parcial e
dúbios, o percentual de desconformidade passará para 32%, o que é um percentual
considerável.
A Samarco Mineração apresentou um grau de aderência completa aos
indicadores essenciais do GRI de 75%, sendo a sua maior conformidade com o GRI
referente aos indicadores essenciais de desempenho social, com aderência de
91,30%, seguida vem os indicadores de desempenho ambiental, com 62,50%, e
econômico, com 55,56%. O percentual de desconformidade encontrado foi baixo
quando comparado com o das empresas anteriormente apresentadas, sendo este
de 8% - nas três perspectivas, foram encontrados dois indicadores com aderência
parcial, um dúbio e um inconsistente.
Passando para a análise dos indicadores essenciais do GRI divulgados pela
Petrobras, constatou-se que o grau de aderência da empresa a estes indicadores é
de 81,63%, sendo o desempenho econômico o que mais contribuiu para isto, com
90% de conformidade, seguido do desempenho social, com 86,96% e ambiental,
com 68,75%. Apenas um indicador apresentou aderência parcial, dois estavam
dúbios e um inconsistente, o que representa 8% de inconformidade. A Petrobras
não possuía as informações relativas a cinco indicadores essenciais.
149
A CPFL Energia foi a empresa que apresentou uma aderência de 93,63% aos
indicadores essenciais do GRI. Foram divulgados em conformidade com o solicitado
pelo GRI 100% dos indicadores essenciais econômicos, 95,65% dos sociais e
85,71% dos ambientais,. Os problemas referentes a não conformidade com o
solicitado pelos indicares do GRI foram poucos, apenas um indicador teve aderência
parcial e dois estavam dúbios, o que totaliza 6% de não conformidade. Três
indicadores foram classificados pela empresa como não aplicáveis à sua realidade,
sendo dois ambientais e um social.
Por fim, a Natura foi a empresa brasileira que apresentou maior aderência
plena aos indicadores essenciais propostos pelo GRI, com um total de 95,83% de
conformidade com o solicitado, corroborando com a classificação da organização,
pela SustainAbility, como 16º melhor Relatório Anual dentre 350 empresas em
diversos países. Todos os indicadores de desempenho ambiental da empresa foram
adequadamente divulgados; dos de desempenho social, apenas um possuía
informações dúbias, o que fez com que a aderência referente a esta categoria fosse
de 95,83%; e dos indicadores econômicos a aderência plena foi de 90%, pois dois
não foram divulgados: um por não estarem disponíveis os dados referentes a ele, e
outro devido a empresa considerar a informação relativa a ele estratégica, sendo
este último o único indicador (dentre todos os apresentados pelas oito empresas
estudadas) que não foi divulgado porém houve uma justificativa para isto, conforme
solicita o GRI.
Fazendo uma análise geral sobre o grau de aderência plena das empresas
brasileiras aos indicadores essenciais do GRI constata-se que esta varia bastante,
indo de 6% a 95,83%. Isto demonstra que as empresas brasileiras que aderiram ao
GRI de forma informal ou formal estão passando por diferentes fases de
amadurecimento relativas a utilização destes indicadores.
150
O alto grau de aderência parcial aos indicadores em algumas empresas, bem
como de indicadores com informações dúbias ou inconsistentes com o solicitado
pelo GRI, evidencia que as organizações precisão despender maior seriedade e/ou
atenção ao elaborarem seus relatórios para que os usuários dos mesmos não sejam
levados a acreditar que determinada empresa está apresentando seu relatório em
conformidade com o GRI quando, na verdade, grande parte de seus indicadores
apresenta problemas relativos ao que realmente deveria ser informado.
A obrigatoriedade de elaboração e publicação do Balanço Social se faz
necessária para que problemas relativos a uniformidade das informações,
tempestividade na apresentação do relatório, a comparabilidade entre diferentes
empresas e a abrangência do mesmo sejam solucionados, principalmente porque,
uma empresa que possui uma atuação prejudicial ao meio ambiente e a sociedade
dificilmente divulgaria esta demonstração e, caso a divulgasse, como não há um
padrão a ser seguido, poderia informar apenas o que lhe fosse conveniente,
fazendo com que o Balanço Social não atingisse o seu fim, que é a prestação de
informações adequadas para a tomada de decisão.
Como sugestão para trabalhos futuros recomenda-se que seja feita a análise
da aderência plena aos indicadores do GRI considerando um período maior de
tempo, onde poderá ser verificado se os problemas encontrados na apresentação
dos indicadores do GRI utilizados pelas empresas brasileiras nesta pesquisa foram
resolvidos nos Relatórios Sociais subseqüentes.
Também se recomenda que sejam realizados estudos de caso, onde o
pesquisador deverá ir até as organizações para identificar as dificuldades de
implantação do GRI nas mesmas, possibilitando que sejam entendidas as
dificuldades relativas a utilização desses indicadores e descobrir porque uma
empresa que afirma adotar ao GRI não divulga os indicadores do mesmo de forma
151
completa, fato este que não pode ser respondido nesta pesquisa por ter surgido ao
final da mesma, não fazendo parte do objetivo proposto.
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Monitor. Boston, Mass.: pg. 09, 29 ago. 2002.
ANEXO I
Balanço Social Modelo IBASE
BalançoSocial Anual / 2004
Empresa:
1 - Base de Cálculo
2004 Valor (Mil reais)
2003 Valor (Mil reais)
Receita líquida (RL)
0
0
Resultado operacional (RO)
0
0
Folha de pagamento bruta (FPB)
0
0
2 - Indicadores Sociais Internos
Valor (mil) % sobre FPB % sobre RL Valor (mil) % sobre FPB % sobre RL
Alimentação
Encargos sociais compulsórios
Previdência privada
Saúde
Segurança e medicina no trabalho
Educação
Cultura
Capacitação e desenvolvimento profissional
Creches ou auxílio-creche
Participação nos lucros ou resultados
Outros
Total - Indicadores sociais internos
3 - Indicadores Sociais Externos
Valor (mil) % sobre RO
% sobre RL Valor (mil) % sobre RO
% sobre RL
Educação
Cultura
Saúde e saneamento
Esporte
Combate à fome e segurança alimentar
Outros
Total das contribuições para a sociedade
Tributos (excluídos encargos sociais)
Total - Indicadores sociais externos
4 - Indicadores Ambientais
Valor (mil) % sobre RO
% sobre RL Valor (mil) % sobre RO
% sobre RL
Investimentos relacionados com a produção/ operação da empresa
Investimentos em programas e/ou projetos externos
Total dos investimentos em meio ambiente
Quanto ao estabelecimento de “metas anuais” para minimizar resíduos, o consumo em geral na produção/ operação e aumentar a eficácia na utilização de recursos naturais, a empresa
( ) não possui metas ( ) cumpre de 51 a 75%
) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 76 a 100%
5 - Indicadores do Corpo Funcional
Nº de empregados(as) ao final do período
Nº de admissões durante o período
Nº de empregados(as) terceirizados(as)
Nº de estagiários(as)
Nº de empregados(as) acima de 45 anos
Nº de mulheres que trabalham na empresa
% de cargos de chefia ocupados por mulheres
Nº de negros(as) que trabalham na empresa
% de cargos de chefia ocupados por negros(as)
Nº de portadores(as) de deficiência ou necessidades especiais
6 - Informações relevantes quanto ao exercício da
cidadania empresarial
Relação entre a maior e a menor remuneração na empresa
Número total de acidentes de trabalho
Os projetos sociais e ambientais desenvolvidos pela empresa
( ) direção
foram definidos por:
Os pradrões de segurança e salubridade no ambiente de
( ) direção e
gerências
trabalho foram definidos por:
Quanto à liberdade sindical, ao direito de negociação coletiva e ( ) não se
envolve
à representação interna dos(as) trabalhadores(as), a empresa:
A previdência privada contempla:
A participação dos lucros ou resultados contempla:
Na seleção dos fornecedores, os mesmos padrões éticos e de
responsabilidade social e ambiental adotados pela empresa:
Quanto à participação de empregados(as) em programas de
trabalho voluntário, a empresa:
Número total de reclamações e críticas de consumidores(as):
% de reclamações e críticas atendidas ou solucionadas:
Valor adicionado total a distribuir (em mil R$):
Distribuição do Valor Adicionado (DVA):
7 - Outras Informações
( ) direção
( ) direção
( ) não são
considerados
( ( ) não possui metas ( ) cumpre de 51 a 75%
( ) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 76 a 100%
2004
Metas 2005
0
0
0
0
( ) direção e
gerências
( ) todos(as)
empregados(as)
( ) direção
( ) direção e
gerências
( ) todos(as)
empregados(as)
( ) todos(as)
empregados(as)
( ) todos(as) +
Cipa
( ) direção e
gerências
( ) todos(as)
empregados(as)
( ) todos(as) +
Cipa
( ) segue as
normas da OIT
( ) incentiva e
segue a OIT
( ) não se
envolverá
( ) seguirá as
normas da OIT
( ) incentivará e
seguirá a OIT
( ) direção
( ) direção e
gerências
( ) direção e
gerências
( ) serão
sugeridos
( ) todos(as)
empregados(as)
( ) todos(as)
empregados(as)
( ) serão exigidos
( ) direção e
( ) todos(as)
gerências
empregados(as)
( ) direção e
( ) todos(as)
gerências
empregados(as)
( ) são sugeridos ( ) são exigidos
( ) direção
( ) não serão
considerados
( ) não se
envolve
( ) apóia
( ) organiza e
incentiva
( ) não se
envolverá
( ) apoiará
( ) organizará e
incentivará
na empresa
________
na empresa
________%
no Procon
________
no Procon
________%
na Justiça
________
na Justiça
________%
na empresa
________
na empresa
________%
no Procon
________
no Procon
________%
na Justiça
________
na Justiça
________%
Em 2004:
Em 2003:
___% governo
___% colaboradores(as)
___% acionistas ___ % terceiros ___% retido
___% governo
___% colaboradores(as)
___% acionistas ___ % terceiros ___% retido
164
ANEXO II
INDICADORES ESSENCIAIS DO GRI
INDICADORES DE DESEMPENHO ECONÔMICO
Impactos econômicos diretos
Consumidores
EC1. Vendas líquidas.
EC2. Análise regional de mercado.
Para cada produto ou linha de produto, apresentar sua participação no mercado
nacional por país, caso esta seja de 25% ou mais. Apresentar participação de
mercado e vendas em cada país onde as vendas no mercado interno representem
5% ou mais do PIB.
Fornecedores
EC3. Custo dos bens, materiais e serviços adquiridos.
EC4. Porcentagem de contratos pagos segundo os termos estabelecidos, exceto
disposições acordadas no que tange a penalidades.
Os termos podem incluir condições tais como prazo e forma de pagamento ou
outras condições. Este indicador é o percentual de contratos que foram pagos de
acordo com os termos, independentemente dos detalhes.
Empregados
:EC5. Total da folha de pagamento e benefícios (incluindo salários, pensões, outros
benefícios e pagamentos de indenização por demissão), agrupados por país ou
região.
Esse total deve corresponder a pagamentos atuais, não incluindo compromissos
futuros. Observação: O indicador LA9, sobre treinamento, também fornece
informações acerca de um aspecto do investimento da organização em capital
humano.
Investidores
EC6. Distribuições para investidores, discriminadas por juros sobre dívidas e
empréstimos, e dividendos em todos os tipos de ações, apontando-se qualquer
atraso no pagamento de dividendos preferenciais.
Inclui todas as formas de dívida e empréstimo, não apenas débitos de longo prazo.
EC7. Aumento/decréscimo em ganhos retidos ao fim do período.
Setor Público
EC8. Soma de todos os tipos de impostos já pagos, discriminados por país.
165
EC9. Subsídios recebidos de acordo com o país ou região.
Este item refere-se a subsídios, benefícios fiscais e outros tipos de benefício
financeiro que não representem uma transação de bens e serviços. Explique as
definições usadas para os tipos de subsídio.
EC10. Doações à comunidade, à sociedade civil e a outros grupos, em dinheiro ou
em espécie, discriminadas por tipo e por grupo.
Fonte: GRI (2002, p. 45 e 46).
INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL
Material
EN1. Uso total de materiais por tipo (exceto água).
Fornecer as definições usadas para os tipos de material. Relatar em toneladas,
quilogramas ou volume.
EN2. Porcentagem de materiais utilizados que eram resíduos (processados ou não)
de fontes externas à organização relatora.
Refere-se a material reciclado e a resíduos industriais. Relatar em toneladas,
quilogramas ou volume.
Energia
EN3. Consumo direto de energia, segmentado por fonte primária.
Relatar todas as fontes de energia utilizadas pela organização relatora para suas
próprias operações, assim como para a produção e distribuição de energia
(eletricidade ou calor) a outras organizações. Relatar em joules.
EN4. Consumo indireto de energia.
Relatar a energia usada para produzir e distribuir energia comprada pela
organização relatora (por exemplo, eletricidade ou calor). Relatar em joules.
Água
EN5. Consumo total de água.
Biodiversidade
EN6. Localização e tamanho das terras pertencentes à organização, arrendadas ou
administradas por ela em habitats ricos em biodiversidade.
Mais orientações a respeito de habitats ricos em biodiversidade em
www.globalreporting.org.
EN7. Descrição dos principais impactos sobre a biodiversidade associados a
atividades e/ou produtos e serviços em ambientes terrestres, de água doce
ou marítimos.
166
Emissões, efluentes e resíduos
EN8. Emissões de gases causadores do efeito estufa.
(CO2, CH4, N2O, HFCs, PFCs, SF6) Relatar os subtotais separados para cada gás
em toneladas e em toneladas de CO2 equivalentes para o seguinte:
• emissões diretas de fontes pertencentes ou controladas pela entidade relatora;
• emissões indiretas (calor ou vapor) importados.
Ver o Greenhouse Gas Protocol (protocolo de gases causadores do efeito estufa),
da WRI (World Resources Institute) e da WBCSD (World Business Council for
Sustainable Development).
EN9. Uso e emissões de substâncias destruidoras de ozônio.
Relatar cada número separadamente de acordo com os anexos A, B, C, D e E do
Protocolo de Montreal, em toneladas de CFC-11 equivalentes (potencial inibidor de
ozônio).
EN10. NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, pelo tipo.
Incluir emissões de substâncias reguladas por:
• Controle e leis locais
• Convenção de Estocolmo sobre poluentes orgânicos persistentes (Anexos A, B e
C).
• Convenção de Roterdã sobre Procedimento de Conhecimento Prévio Informado
• Protocolos de Helsinque, Sófia e Genebra para a Convenção sobre Poluição
Atmosférica Transfronteiriça a Longa Distância.
EN11. Quantidade total de resíduos por tipo e destino.
“Destino” refere-se ao método pelo qual o resíduo é tratado, incluindo composição,
reutilização, reciclagem, recuperação, incineração ou aterro. Explicar o método de
dissociação e de estimativa.
EN12. Descargas significativas na água (especificar por tipo).
EN13. Derramamento significativo de produtos químicos, óleos e combustíveis pelo
número total de ocorrências e pelo volume total.
A importância é definida de acordo com a extensão do derramamento e o impacto
causado no meio ambiente ao seu redor.
Produtos e serviços
EN14. Impactos ambientais significativos dos principais produtos e serviços.
Descrever e quantificar quando relevante.
167
EN15. Porcentagem recuperável dos produtos vendidos ao fim do seu ciclo de vida
e porcentagem efetivamente recuperada.
Recuperável refere-se à reciclagem ou reutilização dos materiais ou componentes
do produto.
Concordância
EN16. Incidentes ou multas por não-cumprimento das declarações, convenções,
tratados internacionais, legislação nacional, subnacional, regional e local sobre
assuntos ambientais.
Informar por país em que opera.
Fonte: GRI (2002, p. 47 a 49).
INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Práticas trabalhistas e trabalho
decente
Emprego
LA1. Especificar a mão-de-obra, se possível por região ou país, status (empregados
ou não), tipo de emprego (tempo integral ou parcial) e tipo de contrato de trabalho
(permanente, por tempo determinado ou temporário).
Identificar também a mão-de-obra mantida em associação com outros
empregadores (trabalhadores temporários de agências ou terceirizados),
discriminada por região/país.
LA2. Criação de empregos e rotatividade, por região/país.
Trabalho/Relações de Administração
LA3. Porcentagem de empregados representados por organizações sindicais
independentes ou outros representantes legítimos, ou porcentagem de empregados
amparados por acordos de negociação coletiva, por região/país.
LA4. Política e procedimentos envolvendo informação, consulta e negociação com
empregados a respeito de mudanças nas operações da organização relatora (por
exemplo, reestruturação).
Saúde e segurança
LA5. Práticas sobre registro e notificação de acidentes e doenças ocupacionais, e
como elas estão relacionadas com o Código de Prática da OIT sobre Registro e
Notificação de Acidentes e Doenças Profissionais.
LA6. Descrição de comitês formais sobre saúde e segurança, incluindo
representantes da administração e dos trabalhadores, e parcela da mão-de-obra
atendida por qualquer um desses comitês.
LA7. Lesões típicas, dias perdidos, índice de absenteísmo e número de óbitos
relacionados ao trabalho (incluindo trabalhadores sub-contratados).
168
LA8. Descrição de políticas ou programas (para o ambiente de trabalho e fora dele)
a respeito de HIV/Aids.
Treinamento e educação
LA9. Média de horas de treinamento por ano, por empregado e por categoria.
(Por exemplo, diretoria, gerência, categoria profissional, técnica, administrativa, de
produção e de manutenção).
Diversidade e oportunidades
LA10. Descrição de políticas ou programas de iguais oportunidades, bem como
sistemas de monitoramento para garantir o seu cumprimento.
As políticas de iguais oportunidades podem incluir a coibição de assédio no local de
trabalho e ação afirmativa relativa aos padrões históricos de discriminação.
LA11. Composição do corpo diretivo e do grupo responsável pela governança
corporativa (incluindo o quadro de diretores), observando-se a proporção
homem/mulher e outros indicadores de diversidade culturalmente apropriados.
INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Direitos humanos
Estratégia e administração
HR1. Descrição de políticas, diretrizes, estrutura corporativa e procedimentos para
lidar com todos os aspectos dos direitos humanos relevantes nas operações da
organização, incluindo mecanismos de monitoramento e resultados.
Especificar como as políticas se relacionam com padrões internacionais existentes,
tais como a Declaração Universal e as Convenções da OIT sobre os direitos
humanos fundamentais.
HR2. Evidência de consideração dos impactos sobre os direitos humanos como
parte de investimentos e tomadas de decisão de compra, incluindo a seleção de
fornecedores ou contratados.
HR3. Descrição de políticas e procedimentos para avaliar e abordar o desempenho
em direitos humanos dentro da cadeia de fornecedores e contratados, incluindo
sistemas e resultados de monitoramento.
“Desempenho em direitos humanos” refere-se a aspectos dos direitos humanos a
serem relatados nos indicadores de desempenho da GRI.
Não-discriminação
HR4. Descrição de política global e procedimentos ou programas que previnam
todas as formas de discriminação, incluindo sistemas de monitoramento e
resultados desse monitoramento.
Liberdade de associação e negociação coletiva
HR5. Descrição da política de liberdade de associação e a extensão pela qual essa
política é universalmente aplicada, independentemente das leis locais, bem como
descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto.
Trabalho infantil
169
HR6. Descrição de políticas que excluam o trabalho infantil, conforme definido pela
Convenção 138 da OIT, e a determinação e aplicação visível dessa política, bem
como a descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo
sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento.
Trabalho forçado e compulsório
HR7. Descrição de políticas para prevenir o trabalho forçado e compulsório, e a
extensão pela qual essas políticas são visivelmente estabelecidas e aplicadas, bem
como descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo
sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento.
INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Sociedade
Comunidade
SO1. Descrição de políticas para gerenciar impactos sobre as comunidades que
vivem em áreas afetadas pelas atividades da organização, bem como descrição de
procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de
monitoramento e resultados desse monitoramento.
Incluir explicação de procedimentos para identificar e estabelecer diálogo com as
partes interessadas da comunidade.
Suborno e corrupção
SO2. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade para organizações e empregados com relação a suborno e corrupção.
Incluir uma descrição de como a organização satisfaz os requisitos da Convenção
sobre o Combate à Corrupção, da OCDE.
Contribuições políticas
SO3. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade para a administração de lobbies e contribuições políticas.
INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Responsabilidade sobre o produto
Saúde e segurança do consumidor
PR1. Descrição de políticas para preservar a saúde e a segurança do consumidor
durante o uso de produtos e serviços, e a extensão pela qual essas políticas são
visivelmente estabelecidas e aplicadas, bem como descrição de procedimentos ou
programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e resultados
desse monitoramento.
Explicar as razões para qualquer uso de padrões múltiplos em marketing e venda de
produtos.
Produtos e serviços
PR2. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade relacionados a informações sobre o produto e sua rotulagem.
Respeito à privacidade
170
PR3. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
respeito à privacidade do consumidor.
Identificar as áreas geográficas de aplicação dessas políticas.
Fonte: Adaptado de GRI (2002, p. 50 – 54).
171
ANEXO III
INDICADORES ADICIONAIS DO GRI
INDICADORES DE DESEMPENHO ECONÔMICO
Impactos econômicos diretos
Fornecedores
EC11. Classificação de fornecedores por organização e país.
Listar todos os fornecedores cujos produtos ou serviços no período de elaboração
do relatório representem 10% ou mais das aquisições totais. Identificar também
todos os países em que as aquisições totais representem 5% ou mais do PIB.
Setor Público
EC12. Total gasto no desenvolvimento de infra-estruturas para negócios nãocentrais.
Refere-se a infra-estruturas construídas fora das principais atividades de negócios
da entidade relatora, como uma escola ou um hospital para empregados e suas
famílias.
Impactos econômicos indiretos
EC13. Impactos econômicos indiretos da organização.
Fonte: GRI (2002, p. 45 e 46).
INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL
Energia
EN17. Iniciativas para uso de fontes de energia renováveis e para aumentar a
eficiência da energia empregada.
EN18. Consumo anual de energia para os principais produtos, ou seja, exigências
anuais de energia durante a vida do produto.
Relatar em joules.
EN19. Outros usos indiretos de energia (exploração, produção e comercialização) e
suas implicações, tais como viagens de negócios, administração do ciclo de vida do
produto e uso de materiais que requerem muita energia.
Água
EN20. Fontes de água e ecossistemas/habitats significativamente afetados pelo
consumo de água.
Incluir as zonas úmidas listadas pela Convenção Ramsar e a contribuição geral para
as tendências ambientais resultantes.
EN21. Remoção anual de solo e água de superfície em relação à quantidade anual
renovável de água disponível.
Apresentação em porcentagem, por região.
172
EN22. Reciclagem e reutilização total de água.
Incluir águas residuais e outros tipos de água usada (em refrigeração, por exemplo).
Biodiversidade
EN23. Quantidade total de terras possuídas, arrendadas ou administradas para
atividades de produção ou uso extrativo.
EN24. Quantidade de superfície impermeável em relação a terras compradas ou
arrendadas, em porcentagem.
EN25. Impactos de atividades e operações sobre áreas protegidas ou sensíveis.
Por exemplo, categorias de 1-4 de áreas protegidas da UICN (União Internacional
para Conservação da Natureza), regiões de herança mundial e reservas de biosfera.
EN26. Mudanças nos habitats naturais resultantes de atividades e operações e
percentual protegido ou restaurado.
Identificar o tipo de habitat afetado e seu status.
EN27. Objetivos, programas e metas para proteger e restaurar ecossistemas e
espécies nativas em áreas degradadas.
EN28. Número de espécies na Lista Vermelha da UICN com habitat em áreas
afetadas pelas operações.
EN29. Unidades de negócios operando ou planejando operações em áreas
protegidas ou sensíveis, ou ao seu redor.
Emissões, efluentes e resíduos
EN30. Outras emissões indiretas relevantes de gases causadores do efeito estufa.
(CO2,CH4, N2O, HFCs, PFCs, SF6). Este item se refere a emissões resultantes de
atividades da entidade relatora, mas que se originam de fontes pertencentes ou
controladas por outra entidade. Relatar em toneladas de gás ou toneladas
equivalentes de CO2. Ver o Greenhouse Gas Protocol (protocolo de gases
causadores do efeito estufa), da WRI e da WBCSD.
EN31. Toda a produção, transporte, importação e exportação de qualquer resíduo
considerado prejudicial pelos termos da Convenção da Basiléia.
EN32. Fontes de água (e ecossistemas ou habitats relacionados) significativamente
afetados pela descarga e escoamento de água.
Inclui as áreas úmidas citadas pela Convenção de Ramsar e a contribuição geral
para tendências ambientais resultantes. Ver Protocolo de Águas da GRI*.
Fornecedores
EN33. Desempenho dos fornecedores relativo aos componentes ambientais de
programas e procedimentos descritos em resposta à seção “Estrutura de
Governança e Sistemas de Gestão” (3.16).
Transporte
EN34. Impactos ambientais significativos de transporte utilizado.
Geral
173
EN35. Total de gastos ambientais e especificação por tipo.
Fonte: GRI (2002, p. 47 a 49).
INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Práticas trabalhistas e trabalho
decente
Emprego
LA12. Benefícios de empregados além dos previstos por lei.
Por exemplo, contribuição para assistência médica, invalidez, maternidade,
educação e aposentadoria.
Trabalho/Relações de Administração
LA13. Provisão para representação formal de trabalhadores em tomadas de decisão
ou administração, incluindo governança corporativa.
Saúde e segurança
LA14. Evidência de conformidade substancial com as Guidelines on Occupational
Safety and Health Management Systems (Diretrizes sobre Sistemas de Gestão de
Segurança e Saúde no Trabalho).
LA15. Descrição de acordos formais com sindicatos ou outros representantes
legítimos dos trabalhadores, envolvendo saúde e segurança no trabalho; proporção
da força de trabalho amparada por qualquer desses acordos.
Treinamento e educação
LA16. Descrição de programas para apoiar a continuidade da empregabilidade dos
funcionários e para gerenciar fins de carreira.
LA17. Políticas e programas específicos para gestão de habilidades ou aprendizado
para toda a vida.
INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Direitos humanos
Estratégia e administração
HR8. Treinamento de empregados em políticas e práticas concernentes a todos os
aspectos dos direitos humanos relevantes para as operações.
Incluir tipo de treinamento, número de empregados treinados e duração média dos
treinamentos.
Práticas de disciplina
HR9. Descrição de processos judiciais, incluindo questões relativas aos direitos
humanos.
Descrever os processos e a representação.
HR10. Descrição de política de não-retaliação e sistema efetivo e confidencial de
recebimento das queixas dos funcionários (incluindo seus impactos sobre os direitos
humanos).
174
Práticas de segurança
HR11. Treinamento em direitos humanos para segurança dos funcionários.
Incluir tipo de treinamento, número de pessoas treinadas e duração média do
treinamento.
Direitos indígenas
HR12. Descrição de políticas, diretrizes e procedimentos para tratar das
necessidades de indígenas.
Este item inclui os indígenas que fazem parte da força de trabalho e os que vivem
nas comunidades nas quais a organização opera atualmente ou deseja operar.
HR13. Descrição de mecanismos para atendimento de queixas e de reclamações da
comunidade indígena.
HR14. Parte da receita operacional distribuída para comunidades indígenas locais.
INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Sociedade
Comunidade
SO4. Prêmios recebidos que sejam relevantes para o desempenho social, ético e
ambiental.
Contribuições políticas
SO5. Quantia de dinheiro paga a partidos políticos e instituições cuja principal
função consiste em financiar partidos políticos ou seus candidatos.
Competições e preços
SO6. Decisões legais com respeito a casos referentes à legislação antitruste e de
regulamentação de monopólio.
SO7. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade para prevenção de práticas de concorrência desleal.
INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Responsabilidade sobre o produto
Saúde e segurança do consumidor
PR4. Número e tipo de instâncias de não-conformidade com a legislação referente à
saúde e segurança do consumidor, incluindo penalidades e multas impostas por
essas violações.
PR5. Número de reclamações recebidas por organismos regulatórios ou
organizações oficiais similares para inspecionar ou regular a garantia de saúde e
segurança no uso de produtos e serviços.
PR6. Conformidade voluntária a um código de conduta, selos nos rótulos dos
produtos que a organização está qualificada para utilizar ou prêmios referentes a
responsabilidade social e/ou ambiental que recebeu.
Incluir explicações sobre o processo e critérios envolvidos.
Produtos e serviços
PR7. Número e tipo de instâncias de não-conformidade com a legislação referente a
informações e rotulagem do produto, incluindo qualquer penalidade ou multa
imposta por essas violações.
175
PR8. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade relacionados à satisfação do consumidor, incluindo resultados de
pesquisas sobre o assunto.
Identificar áreas geográficas de aplicação dessas políticas.
Propaganda
PR9. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de
conformidade para adesão a padrões e códigos voluntários relacionados à
propaganda.
Identificar áreas geográficas de aplicação dessas políticas.
PR10. Número e tipos de violação de regulamentações de propaganda e marketing.
Respeito à privacidade
PR11. Número de reclamações registradas com respeito à violação da privacidade
de consumidores.
Fonte: Adaptado de GRI (2002, p. 50 – 54).
176
ANEXO IV
Indicadores de Desempenho Econômico Copesul
EC1
EC2
EC3
EC4
EC5
EC6
EC8
Fonte: Adaptado COPESUL (2004, p. 6).
177
Indicadores de Desempenho Ambiental Copesul (1)
EN1
EN3
EN4
EN18
EN5
EN23
EN26
EN7
EN16
EN27
Fonte: Adaptado COPESUL (2004, p. 6).
178
Indicadores de Desempenho Ambiental Copesul (2)
EN8
EN9
EN10
EN8
EN11
EN12
EN13
EN30
EN11
EN11
Fonte: Adaptado COPESUL (2004, p. 7).
179
Indicadores de Desempenho Ambiental Copesul (3)
EN35
Fonte: Adaptado COPESUL (2004, p. 7).
Indicadores de Desempenho Social Copesul (1)
LA1
LA2
LA1
Fonte: Adaptado COPESUL (2004, p. 7).
180
Indicadores de Desempenho Social Copesul (2)
LA12
LA12
LA12
Fonte: Adaptado COPESUL (2004, p. 7).
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