UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO LIDIANE NAZARÉ DA SILVA DIAS “ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DOS INDICADORES DO GLOBAL REPORTING INITIATIVE NOS RELATÓRIOS SOCIAIS EM EMPRESAS BRASILEIRAS” Rio de Janeiro, RJ - Brasil 2006 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. 1 LIDIANE NAZARÉ DA SILVA DIAS “ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DOS INDICADORES DO GLOBAL REPORTING INITIATIVE NOS RELATÓRIOS SOCIAIS EM EMPRESAS BRASILEIRAS” Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para cumprimento parcial das exigências para o título de Mestre em Ciências Contábeis. Orientadora: Profa. Monica Zaidan Gomes Rossi, Dra. – FACC/UFRJ Co-orientador: Prof. José Ricardo Maia de Siqueira, Dr. – FACC/UFRJ Rio de Janeiro, RJ - Brasil 2006 2 FICHA CATALOGRÁFICA DIAS, LIDIANE NAZARÉ DA SILVA Análise da Utilização dos Indicadores do Global Reporting Initiative nos Relatórios Sociais em Empresas Brasileiras / Lidiane Nazaré da Silva Dias. Rio de Janeiro: FACC/UFRJ, 2006. 180 p. Dissertação – Mestrado Bibliografia. 1. Balanço Social I. Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFRJ. 3 LIDIANE NAZARÉ DA SILVA DIAS “ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DOS INDICADORES DO GLOBAL REPORTING INITIATIVE NOS RELATÓRIOS SOCIAIS EM EMPRESAS BRASILEIRAS” Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para cumprimento parcial das exigências para o título de Mestre em Ciências Contábeis. Aprovada por: ______________________________________________ Profa. Monica Zaidan Gomes Rossi, Dra. – FACC/UFRJ ______________________________________________ Prof. José Ricardo Maia de Siqueira, Dr. – FACC/UFRJ ______________________________________________ Prof. Raimundo Nonato Sousa Silva, Dr. – IBMEC ______________________________________________ Prof. Ruthberg dos Santos, Dr. – UFRRJ Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 2006. 4 À minha querida e amada mãe Graça, exemplo de dedicação, caridade e amor. Ao meu pai Antônio, exemplo de simplicidade e perseverança. Aos meus irmãos Lindalva, Fernando, Christiano, Juliana e Ramiro, por nossa história de vida. E ao meu amigo Rone, pela dedicação e paciência. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por fazer parte de minha vida, por ter me dado uma família maravilhosa, que pôde me proporcionar à oportunidade de estudar, e por ter me dado forças para suportar a saudade que senti de meus pais, irmãos, cunhados (as), sobrinhas, noivo e amigos no período em que estive cursando o mestrado e morando fora de minha querida cidade, Belém do Pará. Aos professores do Programa de Mestrado, e em especial à professora Aracéli Cristina e ao professor José Ricardo, que foram os primeiros a acreditarem em mim, ao me escolherem após a entrevista de seleção do curso, e ao professor José Augusto, por estar sempre de bom humor e disposto a ajudar a todos, sendo um grande exemplo de vida a ser seguido (a não ser pelos conselhos a respeito de casamento). À minha orientadora professora Monica e ao meu co-orientador professor José Ricardo, por terem confiado em mim, pelo conhecimento que me auxiliaram a adquirir, pela disponibilidade e imensa dedicação que empenharam para a conclusão desta dissertação. À Isis e Mariana, que sempre estavam dispostas para auxiliar no que fosse necessário para o bom andamento do curso. À minha querida turma do mestrado: Álan, Ivan, João Bosco, Carlos, Marcio, Nilson, Vicente e aos foram “incorporados” por nossa turma, Odilanei e Sérgio, pelas idéias trocadas, pelos exemplos profissionais e por todas as vezes que, de alguma forma, me auxiliaram a passar por esta fase de minha vida. À Paula e Fernanda, que além terem feito parte de minha turma, viraram grandes amigas as quais levarei para o resto de minha vida, sendo duas pessoas que eu amo e admiro. Muito obrigada por tudo, pelos almoços de domingo, ligações 6 de preocupação, idas ao cinema, auxílio nos estudos, passeios, enfim, obrigada pela amizade e por terem sido “minha família carioca”. À minha família, pelo incentivo, força, por terem estado sempre ao meu lado, me confortando e por todo o amor que me dedicam, em especial à dona Maria das Graças, minha mãe, que sempre acreditou em mim, mesmo nos momentos em que nem eu mesma achava que as coisas dariam certo. Te amo mais que tudo mãe, e agora a senhora irá começar a colher os frutos do “investimento de longo prazo” que fez em mim, com tanto amor e dedicação. Aos meus amigos paraenses Anderson, Alexandre, Wanaia, Bruna e Rone, por terem estado sempre ao meu lado, apesar da distância, me confortando e apoiando. Muito obrigada a todos! 7 “Uma longa jornada começa com um simples passo.” Provérbio Chinês 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1: O Balanço Social para a FIPECAFI........................................................44 Figura 2: Opções para Relatórios do GRI..............................................................75 Figura 3: Classificação da Ciência.........................................................................89 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Modelos de Balanço Social e Vertentes da FIPECAFI........................54 Quadro 2: Visão geral da estrutura dos indicadores do GRI...............................78 Quadro 3: Indicadores Essenciais do GRI de Desempenho Econômico...........80 Quadro 4: Indicadores Essenciais do GRI de Desempenho Ambiental.............81 Quadro 5: Indicadores Essenciais do GRI de Desempenho Social....................82 Quadro 6: Indicadores Adicionais do GRI de Desempenho Econômico............84 Quadro 7: Indicadores Adicionais do GRI de Desempenho Ambiental..............85 Quadro 8: Indicadores Adicionais do GRI de Desempenho Social.....................86 Quadro 9: Empresas que utilizam o GRI...............................................................91 Quadro 10: Indicadores do GRI no Relatório Social da Souza Cruz.................100 Quadro 11: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Souza Cruz..........102 Quadro 12: Indicadores de Desempenho Souza Cruz.......................................103 Quadro 13: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Copesul...............106 Quadro 14: Indicadores de Desempenho Copesul.............................................107 Quadro 15: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pelo ABN AMRO Real. 110 Quadro 16: Indicadores de Desempenho ABN AMRO Real...............................112 10 Quadro 17: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Usiminas.............116 Quadro 18: Indicadores de Desempenho Usiminas...........................................117 Quadro 19: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Samarco Mineração. 121 Quadro 20: Indicadores de Desempenho Samarco Mineração.........................123 Quadro 21: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Petrobras............126 Quadro 22: Indicadores de Desempenho Petrobras..........................................127 Quadro 23: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela CPFL Energia......132 Quadro 24: Indicadores de Desempenho CPFL Energia...................................133 Quadro 25: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Natura..................136 Quadro 26: Indicadores de Desempenho Natura................................................137 Quadro 27: Análise quantitativa da adoção dos indicadores do GRI...............139 11 RESUMO DIAS, Lidiane Nazaré da Silva. Análise da Utilização do Global Repoting Initiative (GRI) nos Relatórios Sociais em Empresas Brasileiras. Rio de Janeiro, 2006. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. Este trabalho tem por objetivo analisar o grau de aderência plena das empresas brasileiras aos indicadores essenciais de desempenho econômico, ambiental e social propostos pelas Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade Global Reporting Initiative (GRI) 2002. Para tanto, o ponto de partida foi a realização de uma exposição sobre as origens das discussões sobre Responsabilidade Social das Empresas, a relação desta com a Contabilidade e o surgimento do Balanço Social, onde as críticas e pontos que comprometem a qualidade do mesmo são evidenciados. Em seguida, são apresentados os indicadores de Relatório Social proposto pelo GRI, o qual tem aceitação crescente no cenário internacional, e onde são evidenciadas as contribuições que os indicadores propostos proporcionam. Posteriormente é realizada a análise propriamente dita dos Relatórios Sociais das empresas brasileiras que afirmam utilizar, de alguma forma, os indicadores do GRI, Nesta análise, as informações fornecidas por tais empresas, referentes a cada indicador, são confrontadas com o que efetivamente é solicitado pelo GRI alusivo àquele indicador, sendo evidenciados os problemas encontrados entre o previsto pelo GRI e o apresentado pelas empresas. Após esta análise, chega-se às conclusões desta pesquisa, dentre as quais a de que Natura é classificada como a empresa brasileira que possui maior aderência aos indicadores essenciais do GRI. 12 ABSTRACT DIAS, Lidiane Nazaré da Silva. Análise da Utilização do GRI nos Relatórios Sociais em Empresas Brasileiras. Rio de Janeiro, 2006. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Faculdade de Administração e Ciências Contábeis, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. The objective of this paper is to analyze the degree of full compliance of Brazilian companies to essential economic, environmental and social performance indicators proposed by the Global Reporting Initiative’s (GRI) 2002 Sustainability Reporting Guidelines. Therefore the paper begins by explaining the origins of discussions on Corporate Social Responsibility, the relation of these to Accounting and the appearance of the Social Reporting, where criticisms and aspects that compromise quality of the same are presented. Next, the template for the Social Reporting proposed by GRI is presented, which is being increasingly accepted internationally, and contributions provided by the indicators proposed by said template are discussed. Afterwards, the Social Reporting themselves are analyzed of Brazilian companies that state that, in one form or another, they use GRI indicators. This analysis compares the information provided by said companies regarding each indicator with what is effectively requested by the GRI in relation to the same indicator, demonstrating certain problems that arise between what is foreseen by the GRI and what is presented by the companies. After the analysis, the conclusions of this study are presented, among which is that the company, Natura, is classified as the Brazilian company that most fully complies to essential GRI indicators. 13 SUMÁRIO CAPÍTULO 1..............................................................................................................16 O Problema...............................................................................................................16 1.1. Introdução......................................................................................................................16 1.2. Objetivos........................................................................................................................19 1.3. Importância do Tema.....................................................................................................20 1.4. Delimitação do Problema...............................................................................................21 CAPÍTULO 2..............................................................................................................23 Balanço Social: Conceitos e Prática Atual............................................................23 2.1. Empresa e Sociedade......................................................................................................23 2.2. Responsabilidade Social das Empresas..........................................................................27 2.2.1. Conceito...................................................................................................30 2.2.2. Visão Crítica.............................................................................................34 2.2.3. Esforços para tratar da RSE.....................................................................36 2.2.3.1. AccountAbility 1000 (AA1000).......................................................................36 2.2.3.2. Dow Jones Sustainability Index (DJSI)..........................................................37 2.2.3.3. Pacto Global.....................................................................................................38 2.3. Contabilidade e Balanço Social.....................................................................................39 2.4. Definições de Balanço Social.........................................................................................42 2.5. Modelos de Balanço Social............................................................................................47 2.5.1. Modelo IBASE..........................................................................................48 2.5.2. DVA..........................................................................................................50 2.5.3. Global Reporting Initiative (GRI)...............................................................52 2.5.4. Indicadores Ethos.....................................................................................53 2.5.5. Quadro Comparativo entre os Modelos de Balanço Social......................54 CAPÍTULO 3..............................................................................................................56 14 Balanço Social: Apreciação Crítica e Contribuição do GRI.................................56 3.1. A questão da obrigatoriedade.........................................................................................56 3.2. O Balanço Social e a relação custo-benefício................................................................59 3.3. Críticas ao Balanço Social e pontos que comprometem sua qualidade.........................61 3.3.1. Padronização...........................................................................................61 3.3.2. Burocracia................................................................................................63 3.3.3. Viés para potencialização de resultados positivos...................................63 3.3.4. Abrangência.............................................................................................66 3.3.5. Transparência...........................................................................................67 3.3.6. Tempestividade........................................................................................70 3.4. GRI.................................................................................................................................71 3.4.1. Breve Histórico.........................................................................................71 3.4.2. Contribuições do GRI...............................................................................73 3.4.3. Os Indicadores de Desempenho..............................................................77 3.4.3.1. Indicadores Essenciais......................................................................................79 3.4.3.2. Indicadores Adicionais.....................................................................................83 CAPÍTULO 4..............................................................................................................88 Procedimentos Metodológicos...............................................................................88 4.1. Ciência, Método e Metodologia.....................................................................................88 4.2. Delimitação do universo................................................................................................90 4.3. Coleta de Dados.............................................................................................................91 4.4. Tratamento de Dados.....................................................................................................93 CAPÍTULO 5..............................................................................................................97 Análise da Utilização do GRI pelas Empresas Brasileiras...................................97 5.1. Souza Cruz.....................................................................................................................98 5.1.1. Apresentação Genérica do Relatório...................................................................98 15 5.1.2. Quadro Síntese..................................................................................................102 5.1.3. Análise..............................................................................................................103 5.1.4. Informações complementares............................................................................104 5.2. Copesul.........................................................................................................................104 5.2.1. Apresentação genérica do relatório...................................................................104 5.2.2. Quadro Síntese..................................................................................................106 5.2.3.Análise...............................................................................................................107 5.2.4. Informações complementares............................................................................109 5.3. ABN AMRO Real........................................................................................................110 5.3.1. Apresentação Genérica do Relatório.................................................................110 5.3.2. Quadro Sintético...............................................................................................110 5.3.3. Análise..............................................................................................................112 5.3.4. Informações complementares............................................................................114 5.4. Usiminas......................................................................................................................115 5.4.1. Apresentação Genérica do Relatório.................................................................115 5.4.2. Quadro Sintético...............................................................................................116 5.4.3. Análise..............................................................................................................117 5.4.4. Informações complementares............................................................................120 5.5. Samarco........................................................................................................................121 5.5.1. Apresentação genérica do relatório...................................................................121 5.5.2. Quadro Sintético...............................................................................................121 Fonte: A autora............................................................................................................122 5.5.3. Análise..............................................................................................................123 5.5.4. Informações complementares............................................................................125 5.6. Petrobras.......................................................................................................................125 5.6.1. Apresentação genérica do relatório...................................................................125 16 5.6.2. Quadro Sintético...............................................................................................126 5.6.3. Análise..............................................................................................................127 5.6.4. Informações complementares............................................................................130 5.7. CPFL Energia...............................................................................................................130 5.7.1. Apresentação genérica do relatório...................................................................130 5.7.2. Quadro Sintético...............................................................................................132 5.7.3. Análise..............................................................................................................133 5.7.4. Informações complementares............................................................................134 5.8. Natura...........................................................................................................................135 5.8.1. Apresentação genérica do relatório...................................................................135 5.8.2. Quadro Sintético...............................................................................................136 5.8.4. Informações complementares............................................................................138 5.9 Dados quantitativos da adoção dos indicadores do GRI...............................................138 CAPÍTULO 6............................................................................................................141 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros.................................................................141 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................152 ANEXO I..................................................................................................................163 ANEXO II.................................................................................................................164 Impactos econômicos diretos..................................................................................164 Consumidores..........................................................................................................164 Material...................................................................................................................165 Biodiversidade.........................................................................................................165 Produtos e serviços..................................................................................................166 Concordância...........................................................................................................167 Emprego..................................................................................................................167 Trabalho/Relações de Administração.....................................................................167 Saúde e segurança...................................................................................................167 Treinamento e educação..........................................................................................168 Diversidade e oportunidades...................................................................................168 17 LA11. Composição do corpo diretivo e do grupo responsável pela governança corporativa (incluindo o quadro de diretores), observando-se a proporção homem/mulher e outros indicadores de diversidade culturalmente apropriados....168 Estratégia e administração.......................................................................................168 Não-discriminação..................................................................................................168 Liberdade de associação e negociação coletiva.......................................................168 Trabalho infantil......................................................................................................168 Trabalho forçado e compulsório.............................................................................169 Comunidade............................................................................................................169 Suborno e corrupção...............................................................................................169 Contribuições políticas............................................................................................169 Saúde e segurança do consumidor..........................................................................169 Produtos e serviços..................................................................................................169 Respeito à privacidade............................................................................................169 ANEXO III................................................................................................................171 INDICADORES ADICIONAIS DO GRI...............................................................171 Impactos econômicos diretos..................................................................................171 Fornecedores...........................................................................................................171 Impactos econômicos indiretos...............................................................................171 Biodiversidade.........................................................................................................172 Fornecedores...........................................................................................................172 Transporte...............................................................................................................172 Geral........................................................................................................................172 Emprego..................................................................................................................173 Trabalho/Relações de Administração.....................................................................173 Saúde e segurança...................................................................................................173 Treinamento e educação..........................................................................................173 Estratégia e administração.......................................................................................173 Práticas de disciplina...............................................................................................173 Práticas de segurança..............................................................................................174 Direitos indígenas....................................................................................................174 Comunidade............................................................................................................174 Contribuições políticas............................................................................................174 Competições e preços..............................................................................................174 Saúde e segurança do consumidor..........................................................................174 Produtos e serviços..................................................................................................174 Propaganda..............................................................................................................175 Respeito à privacidade............................................................................................175 ANEXO IV................................................................................................................176 16 CAPÍTULO 1 O Problema Este capítulo tem como objetivo descrever o problema objeto do presente trabalho. Para isto, primeiramente é demonstrado o cenário onde o problema foi observado, depois é feita a descrição do mesmo, sendo que esta descrição dará subsídios para a apresentação dos objetivos da pesquisa. Em seguida, é evidenciada a importância deste estudo e é feita a delimitação do problema, para que as “linhas” referentes ao que se pretende tratar fiquem suficientemente claras. 1.1. Introdução Com a Revolução Industrial, as indústrias passaram a ter um crescimento maior e a se espalhar por diversas partes do mundo, entretanto, foi necessário que se passassem décadas até que as conseqüências relativas à atuação global das empresas começassem a ser melhor observadas e debatidas. Conforme Baldo (2002, p. 2) as empresas praticamente só se preocupavam com a obtenção de lucros cada vez maiores, e para isto sugavam da sociedade e do meio ambiente no qual estavam inseridas tudo o que fosse necessário para o alcance deste objetivo, deixando, freqüentemente, nada ou quase nada em troca. No entanto, conforme destaca Oliveira (2003, p. 1), a sociedade passou a exercer maior pressão social e política nas empresas, cobrando por transparência e responsabilidade relacionada a atuação da organização, devendo-se isto “a democratização, [a] diminuição do papel do Estado, [a] maior atuação da mídia e [a] conscientização da sociedade civil”. 17 Assim, foram surgindo e crescendo movimentos sociais no seio da população cobrando melhores condições de trabalho, respeito ao meio ambiente, redução das desigualdades sociais, dentre outras mudanças, o que fez com que as organizações passassem a dar maior importância para estes fatores até pouco tempo menosprezados, brotando então o tema Responsabilidade Social das Empresas (RSE), que é, conforme Rosenburg (2005, p. 13) “uma forma de gestão, e não diz respeito somente ao investimento na comunidade”. Boechat apud Vampel (2005b, p. 17), afirma que em uma pesquisa envolvendo mais de 70 grandes empresas no Brasil muitas declararam que, por agir de maneira responsável para conduzir os negócios, já teriam obtido algum tipo de diferencial competitivo no mercado (VAMPEL, 2005b, p. 16 e 17). Um produto da Contabilidade capaz de auxiliar as organizações a tentar transmitir sua forma de atuação e esta imagem mais transparente é o Balanço Social1, que por intermédio de sua elaboração e publicação, faz com que, conforme Martins (1997, p. A-3) apud Ribeiro (2005, p. 24), “a sociedade como um todo conheça melhor a empresa”. Contudo, tal construção de imagem deve ser obtida através da formulação e implementação de uma estratégia de desenvolvimento sustentável e não pela utilização de um Relatório Social distorcido. Vampel (2005a, p. 19) mostrou o resultado de uma pesquisa realizada pela SustainAbility – organização internacional que promove a ética e a transparência na prestação de contas das empresas – que apontou, dentre outros aspectos, dois pontos em que os Balanços Sociais precisam se aperfeiçoar: um é relacionado a gestão de risco, pois “poucos deles analisam os riscos sociais e ambientais que podem ameaçar a sobrevivência da empresa”; e outro relacionado a impactos Neste trabalho o termo “Balanço Social” terá como sinônimos os termos “Demonstração Social” e “Relatório de Sustentabilidade”, visto que tais termos incorporam os aspectos econômico, social e ambiental do desempenho da organização, conforme será exposto no decorrer da pesquisa. 1 18 econômicos, pois “os balanços [sociais] com freqüência se limitam a descrever ações sociais e ambientais desvinculadas do impacto econômico”. Para auxiliar esta divulgação de informações que vão além da evidenciação de dados econômico-financeiros, algumas organizações não governamentais, tanto no Brasil quanto fora dele, começaram a unir-se na tentativa de formular modelos de Relatórios Sociais transparentes, responsáveis e não enviesados, dentre os quais pode-se destacar os indicadores proposto através das Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade (Diretrizes) elaboradas pela Global Reporting Initiative (GRI). Siqueira (2003, p. 198), ao analisar o “estágio atual em que se encontra o esforço das empresas brasileiras na exposição de seu impacto social”, notou que algumas das organizações analisadas não apresentavam adequadamente os dados solicitados pelos modelos de Balanços Sociais que diziam utilizar – o modelo IBASE e a Demonstração do Valor Adicionado, o que compromete a comparabilidade entre os relatórios e a qualidade dos mesmos. Tal fato faz com que a Teoria da Contabilidade não seja atendida, pois, em sua abordagem ética, a mesma solicita que, segundo Hendriksen e Breda (1999, p. 25), “considerações tais como ausência de viés e fidelidade de representação [sejam] vistas como características necessárias de um sistema contábil confiável”. Assim, o problema a ser investigado nesta pesquisa surgiu a partir da observação de que algumas empresas brasileiras vêm aderindo a utilização dos indicadores de Relatório Social proposto pelo GRI, porém esta adesão está ocorrendo em diferentes níveis. Buscou-se, então, basear a pesquisa de Siqueira, porém agora verificando a aderência aos indicadores sociais propostos pelo GRI, averiguando se, no Relatório Social das empresas brasileiras que afirmavam adotar as Diretrizes do GRI, os dados fornecidos como sendo os solicitados pelos indicadores estariam completos. 19 Deste modo, chegou-se ao seguinte problema: As empresas brasileiras que estão adotando de alguma forma as Diretrizes do GRI estão divulgando adequadamente as informações relativas aos indicadores de desempenho econômico, ambiental e social, atendendo assim ao solicitado pela Teoria da Contabilidade, que seria a divulgação de informações não enviesadas e transparentes importantes para a tomada de decisão? 1.2. Objetivos O objetivo geral deste trabalho é analisar o grau de aderência plena em empresas brasileiras aos indicadores essenciais de desempenho econômico, ambiental e social propostos pelas Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade GRI 2002. Os seguintes objetivos específicos foram elaborados para se alcançar à proposta acima: - Apresentar os indicadores essenciais e adicionais do GRI 2002, bem como a forma de adesão aos mesmos que a organização pode assumir; - Verificar quais os indicadores de desempenho essenciais e adicionais são utilizados pelas empresas estudadas; - Verificar a conformidade das informações fornecidas pela empresa com o solicitado pelos indicadores do GRI; - Classificar os indicadores de desempenho essencial das empresas conforme a aderência à divulgação de informações solicitadas pelo GRI; - Elaborar um ranking das empresas com base no grau de aderência plena aos indicadores essenciais do GRI, visando verificar o nível de amadurecimento referente à utilização destes indicadores no Brasil; e 20 - Expor os problemas encontrados relativos a não conformidade de cada indicador essencial do GRI com as informações fornecidas pela empresa; 1.3. Importância do Tema A Contabilidade é uma ferramenta que deve prover a seus usuários informações necessárias para que os mesmos possam ter uma visão adequada da “saúde” da organização, visto que se espera que esta organização perdure no tempo, sendo este um dos Princípios da Contabilidade, o Princípio da Continuidade. Entretanto, durante muito tempo a Contabilidade se preocupou quase exclusivamente com o aspecto econômico-financeiro das entidades, fazendo com que a forma de evidenciar tais informações fosse se aprimorando. Nas últimas décadas, com o crescimento do debate sobre questões relativas a RSE, foi surgindo a vertente social da Contabilidade, que também tem como objetivo o fornecimento de informações aos usuários, entretanto, agora os aspectos relativos ao desempenho ambiental e social são chamados a andarem lado a lado com o desempenho econômico-financeiro. Esta é a chamada abordagem social-empresarial da Contabilidade, tratada na Teoria Contábil por Hendriksen e Breda (1999, p. 26), que afirmam que a “contabilidade não abrange, necessariamente, todos os efeitos que as empresas exercem na sociedade. Os custos da poluição ambiental, do desemprego, de condições insalubres de trabalho e outros problemas sociais não são normalmente divulgados por uma empresa [...]”. Deste modo, segundo os mesmos, a contabilidade social-empresarial tem como objetivo “atacar essas questões”. Esta vertente social da Contabilidade pode ser traduzida com a elaboração e publicação do Balanço Social, que também viria a atender outro princípio contábil, o Princípio da Oportunidade que, conforme o Conselho Federal de Contabilidade 21 (2000, p. 31), se relaciona com a tempestividade e a integridade relativa ao fornecimento das informações que afetem o patrimônio, independente das causas que as originam, gerando informações úteis ao processo decisório da gestão. No entanto, no Brasil e em alguns outros países não existe consenso a respeito do formato que esta demonstração deve possuir, o que fez com que algumas organizações não-governamentais somassem esforços e elaborassem seus modelos que teriam adesão voluntária por parte das organizações. O GRI foi uma destas organizações não-governamentais que partiram em busca de um formato para divulgação das informações sociais e ambientais, resultando na elaboração dos indicadores de desempenho social, ambiental e econômico que irão refletir a responsabilidade social da organização que o utilizar. Assim, com esta pesquisa espera-se dar uma contribuição aos debates sobre a vertente social da Contabilidade, que resulta na elaboração do Balanço Social, verificando o estágio em que as empresas brasileiras encontram-se referentes à utilização dos indicadores propostos pelo GRI, que representam a adesão a uma tendência mundial sobre Relatórios Sociais e o alinhamento com a abordagem social-empresarial e ética da Contabilidade tratadas pela Teoria da Contabilidade, onde as informações devem ser fornecidas a tempo, de forma integra e não enviesada. 1.4. Delimitação do Problema Esta pesquisa se restringirá ao estudo dos indicadores propostos nas Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade (Diretrizes), elaboradas pelo GRI 2002, constantes nos Relatórios Sociais de empresas brasileiras que divulgaram ao GRI estar adotando seus indicadores através de uma adesão informal ou através da elaboração de Relatórios Sociais “de acordo com” estas Diretrizes. 22 A análise dos Relatórios Sociais destas empresas se restringirá as informações divulgadas referentes aos indicadores de desempenho econômico, social e ambiental do GRI que constam na última demonstração social publicada pelas empresas brasileiras, não entrando no mérito do uso dos protocolos e outras sugestões fornecidas pelo GRI. Também não será julgada a intenção das empresas pesquisadas ao optarem pela elaboração e publicação do Relatório Social, pois uma das críticas a esta demonstração feita por diversos autores, como Pinto e Ribeiro (2003, p. 10 e 11) e Dias e Siqueira (2005, p. 14), se refere ao fato das empresas a utilizarem como instrumento de marketing. Ressalta-se que em momento algum nesta pesquisa haverá a intenção de exaurir os temas a serem postos em discussão, objetivando-se apenas contribuir com o processo de desenvolvimento da vertente social da Contabilidade ao verificar qual o grau de aderência das empresas brasileiras aos indicadores do GRI, que vêm ganhando destaque internacional crescente. 23 CAPÍTULO 2 Balanço Social: Conceitos e Prática Atual Neste capítulo objetiva-se apresentar a primeira parte da revisão bibliográfica, onde será explanado o contexto em que se acentuou a discussão sobre Responsabilidade Social das Empresas (RSE), bem como seus conceitos, fazendo uma rápida explanação acerca de considerações e das críticas que a RSE vem sofrendo, e evidenciando alguns exemplos de esforços para tratar da RSE. Em seguida passa-se para o tema de Contabilidade e Balanço Social, onde serão evidenciados alguns conceitos sobre o último e apresentadas as propostas de modelos de Balanço Social do IBASE, Instituto Ethos, a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e a proposta do Global Reporting Initiative (GRI). 2.1. Empresa e Sociedade A atuação das empresas passou a ser mais questionada pela sociedade no período pós-guerra, quando a conscientização acerca de problemas sociais e ambientais teve um espantoso crescimento em todo o mundo (BELLEN, 2005, p. 17). Pode-se afirmar que isto se deu, em grande parte, em virtude das guerras que vinham ocorrendo, e suas conseqüências, e também devido a desastres ecológicos que marcaram a sociedade e o ecossistema (TINOCO, 2001, p. 23; VALLE e LAGE, 2003, p. 9; POLLACK, 1997; DE LUCA, 1998, p.23-24 apud CUNHA e RIBEIRO, 2004, p. 3). 24 A Guerra do Vietnã é um exemplo de tomada de consciência da sociedade, que passou a exigir maior comprometimento social das empresas. Para que isto ocorresse, foi levado a cabo um boicote por parte da população, em especial a norte-americana, que deixou de comprar produtos e ações das empresas envolvidas de alguma forma no conflito, como sinal de repúdio a tal participação. Como conseqüência, com a intenção de melhorar a sua imagem, as empresas norteamericanas passaram a justificar o seu objetivo social (SUCUPIRA, 2001, p. 124). Como exemplos de desastres ecológicos que levaram a maior cobrança da população a respeito de uma postura ambientalmente responsável tem-se o caso da Baía de Minamata (1932-1952, no Japão); da indústria de Bhopal (1984, na Índia); da usina nuclear de Chernobyl (1986, na Ucrância, ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas); e do navio-tanque Exxon Valdez (1989, no Alasca, Estados Unidos da América). O caso ocorrido na Baía de Minamata, no Japão, é emblemático. Desde 1932 a indústria Chisso Corporation despejava no mar efluentes contaminados com mercúrio. Com o passar do tempo, milhares das pessoas da região sul do Japão sofreram lesão cerebral, paralisia, convulsões e outras doenças depois de se alimentarem freqüentemente com peixes da baía. Algumas vítimas foram envenenadas ainda no útero da mãe e nasceram com dedos ásperos e outras deformidades grotescas. Somente em 1959 é que a empresa reconheceu a relação de causa e efeito desta contaminação por metil-mercúrio, de toda a cadeia alimentar na região, que havia resultado em um crescente número de seres humanos e animais domésticos deficientes (física e mentalmente). Foram movidas ações e processos contra a empresa, que acabaram levando ao fechamento da mesma. Somente em 2000 a área foi novamente liberada para a pesca (VALLE e LAGE, 2003, p. 29; POLLACK, 1997). 25 Outro acidente ocasionado por indústria foi o ocorrido em Bhopal, na Índia, em 2 de dezembro de 1984. Uma explosão durante a noite gerou uma nuvem de gás altamente tóxica que se espalhou sobre as povoações vizinhas à fábrica. Este evento é considerado o maior acidente ambiental de origem industrial já provocado pelo homem, trazendo inúmeras conseqüências. Existem controvérsias sobre vários fatos relacionados ao acidente, como sobre o número de pessoas mortas (que variam entre 3.500 e 34.000) e sobre o que teria ocasionado o desastre, se erro de comando ou descuido de empregado ou sabotagem. Porém, pelo menos três falhas foram identificadas: falha dos procedimentos internos de segurança, falha no sistema de alarme e falha de preparo da comunidade vizinha para emergência. Além das vítimas fatais, outros milhares de pessoas ficaram com a saúde afetada (VALLE e LAGE, 2003, p. 31; SISSELL, 2004, p. 19; ABOUCHAR, 1995, p. 35). O maior acidente radioativo já ocorrido na história foi em Chernobyl, Ucrância (parte da ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), em 1986. Ele aconteceu em virtude de um experimento dos operadores do reator, que resolveram testar quanto tempo o mesmo poderia operar sem produzir potência, desligando, para isto, o sistema de segurança. Em poucos segundos a temperatura do reator aumentou de tal forma que causou duas explosões, destruindo o gerador e o edifício que o abrigava. Centenas de toneladas de grafite contaminado por urânio e plutônio radioativos foram consumidos pelos incêndios que duraram vários dias. A quantidade de radioatividade liberada foi 50 vezes a das bombas atômicas lançadas no Japão durante Segunda Guerra Mundial. O desastre causado pelo acidente na usina foi ser detectado a centenas de quilômetros de distância de onde teve origem, na Suécia, devido ao significativo e rápido aumento dos níveis de radioatividade na atmosfera, já que as autoridades soviéticas tentaram deixá-lo oculto. Quando ele foi reconhecido pelas autoridades locais, milhares de moradores de extensas áreas da 26 Rússia, da Ucrânia e arredores, totalizando mais de 150.000 km², já estavam inexoravelmente contaminados (o número de pessoas contaminadas diretamente pela radioatividade varia entre sete e nove milhões). Oficialmente, apenas 31 pessoas morreram no acidente, porém estes números são polêmicos. O índice de incidência de câncer aumentou, bem como as malformações fetais devido a doenças congênitas, incluindo uma cujo cérebro é unido à parte de trás da cabeça (somente de 15-20 por cento dos bebês nascido na área são saudáveis). Os danos genéticos da população estão em estudo até hoje. A diminuição da expectativa de vida destas regiões permite estimar que a morte de mais de 32.000 pessoas pode ser atribuída ao acidente. Os custos financeiros desta catástrofe não formam contabilizados, porém sabe-se que mais de 400.000 habitantes foram deslocados e perderam as terras e o sustento (VALLE e LAGE, 2003, p. 64-66; SCHILLING, 2004, 157; MENIL, 1995, p. A23). Um exemplo de grande acidente ambiental ocorrido na área de transportes foi o do navio-tanque Exxon Valdez, em 24 de março de 1989, que estava em águas do Alasca (Estados Unidos da América). Após ser carregado com petróleo bruto no terminal de Valdez, o navio-tanque dirigia-se pelo Estreito Prince Willian quando encalhou e teve seu casco rompido. Cerca de 40.000 toneladas de óleo cru (equivalente a 11 milhões de galões) espalharam-se por quase dois quilômetros de costa. Milhares de patos e aves aquáticas morreram, quando o petróleo empapou suas penas; lontras marinhas foram sufocadas; águias-de-cabeça-branca e ursos pardos também foram afetados, quando recolhiam alimentos nas praias atingidas. O petróleo também envenenou um número incontável de peixes e camarões. Este desastre ambiental teve conseqüências sociais, pois dificultou a sobrevivência de mais de 10.000 pessoas que pescavam, caçavam e viviam ao redor do Estreito de Príncipe William. Estima-se que os custos totais incorridos pela empresa proprietária 27 do navio atingiram mais de 10 bilhões de dólares norte-americanos, dos quais 2 bilhões gastos apenas na limpeza do litoral afetado (VALLE e LAGE, 2003, p.40-42; BAINES, 1995; TIME, 2004, p. A24). 2.2. Responsabilidade Social das Empresas Conforme destaca Queiroz (2001, p. 5) “hoje em dia é muito fácil para uma empresa perder a credibilidade frente ao grande público em função de um comportamento ético inadequado ou pelo fato de não assumir suas responsabilidades frente a sociedade.” Como exemplo disto tem-se o caso da Nike, que em 1995 foi denunciada por contratar fornecedores no Paquistão que utilizavam mão-de-obra infantil na fabricação de bolas e, como conseqüência disto, em uma semana, as ações da companhia caíram 57% (PADUAN, 2005, p. 61; TINOCO, 2001, p. 123). Através deste e de outros exemplos nota-se que as empresas têm sido cobradas pela sociedade em geral para que assumam uma postura mais efetiva e transparente frente à realidade que as cercam (Baldo, 2002, p. 3). Em 2001 o Instituto Ethos juntamente com outras entidades realizou uma pesquisa no Brasil sobre o que pensam os consumidores e investidores a respeito da responsabilidade social das empresas. Esta pesquisa fez parte de um estudo maior conduzido pela Environics International em 21 países (incluindo os Estados Unidos, Canadá, México, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Japão, Índia, Rússia e Nigéria) e teve como base cerca de 20 mil entrevistas (ETHOS, 2001, p. 5). A primeira conclusão da investigação envolvendo os 21 países demonstra que um número significativo de investidores leva em consideração o desempenho social de uma empresa nas suas decisões de investimento (MARTINHO, 2003). 28 Este fato é comprovado através da existência do Socially Responsible Investment (SRI) ou Investimento Social Responsável, que, conforme Adams e Zutshi (2004, p. 34), envolve investidores que fazem exame de valores pessoais e de interesses sociais ao tomarem decisões de investimentos. Estes fundos de investimento consideram os valores éticos dos investidores, as necessidades financeiras e o impacto na sociedade das companhias em que investem. Conforme Brown (2003) apud Adams e Zutshi (2004, p. 34), desde que foi criado o Friend Provident (FP), o primeiro fundo ético no Reino Unido em 1984 o número de tais fundos cresceu a aproximadamente 55% e provavelmente este aumento continuará. Os fundos controlados de SRI cresceram 32%, a $ 13,9 bilhão dólares no ano financeiro de 2001/02, enquanto que os recursos de outros fundos de modo geral declinaram (ADAMS e ZUTSHI, 2004, p. 34). Outro ponto observado na pesquisa da Environics International, relativa aos 21 países, foi que os recursos pessoais e profissionais, além das características e influências sociológicas e culturais das regiões e países em que vivem, têm influência direta no comportamento das pessoas a respeito do que pensam sobre a responsabilidade social das empresas. Nos países mais ricos, cerca de um terço dos entrevistados têm adotado atitudes de pressão, cobrando que as empresas assumam cada vez mais a sua responsabilidade social (ETHOS, 2001, p. 6; MARTINHO, 2003). Como exemplo disto tem-se o caso da Nike comentado anteriormente, onde se observou que mesmo sendo ela possuidora de uma marca mundialmente conhecida e de alto valor agregado, o fato de ter tido relação, mesmo que indireta, com práticas que vão de encontro da responsabilidade social, teve impactos negativos na sua reputação, levando a conseqüências financeiras. 29 Martinho (2003) afirma que a principal conclusão, do estudo que envolveu os 21 países, indicou que “as empresas que ignoram sua responsabilidade social põem em risco a sua quota de mercado [...] e os comportamentos evidenciados [...] indicam que as expectativas sociais dos consumidores continuarão a crescer”. Analisando apenas o resultado brasileiro da pesquisa do Instituto Ethos (2001, p. 47-48), os entrevistados esperam que cada vez mais as empresas sejam eficientes e éticas, de dois pontos de vista: do interno e do externo. O interno diz respeito à garantia do “desenvolvimento pessoal e profissional de seus funcionários, ter uma conduta absolutamente ética nos negócios [...] não contratar mão-de-obra infantil, oferecer produtos de qualidade e não veicular propaganda enganosa”. O ponto de vista externo refere-se ao fato de que as empresas precisam estar em todos os momentos voltadas para a comunidade onde atuam, através da colaboração com o desenvolvimento social das mesmas, com a preservação do meio ambiente, colaborando com a diminuição da pobreza e da violência e procurando dialogar de forma aberta com os representantes locais. Este novo jeito de enxergar dentro da sociedade significa que um número crescente de indivíduos, governo, instituições financeiras e não-governamentais estão esperando as corporações serem pró-ativas, e que auxiliem na determinação do bem estar econômico, ambiental e social das comunidades em que operam, estando isto diretamente relacionado com a forma que a empresa conduz o negócio, de modo que possa ser controlado o impacto da atuação da mesma na sociedade e no ambiente (BROCK, 2005, p. 58). Este é um objetivo já declarado por algumas empresas, como se observa abaixo, em uma declaração de William Harrison, presidente do JPMorgan Chase, 31º Maior Banco do Mundo (CORPORATE, 2005, p. 14): Conduzir os negócios com os altos padrões e auxiliar as comunidades que nós servimos é parte da cultura de nossa firma. Como um líder em finanças 30 globais, nós reconhecemos nossa responsabilidade para com o ambiente e suportaremos e incentivaremos projetos visando o desenvolvimento sustentável. Esta é uma política de que nossos empregados, acionistas e clientes podem se orgulhar. Comportar-se de uma maneira socialmente responsável tem se tornado cada vez mais essencial à sobrevivência, a longo prazo, das companhias. Uma outra pesquisa internacional, desta vez conduzida por PricewaterhouseCoopers em 2002, descobriu que quase 70% dos principais executivos globais acreditam que a responsabilidade social da empresa é vital à rentabilidade de suas companhias (SIMMS, 2002 apud ADAMS e ZUTSHI, 2004, p. 31). 2.2.1. Conceito A discussão de conceitos como responsabilidade social das empresas, têm sido tema de diversos debates e encontros. Como conseqüência, foram surgindo instituições não-governamentais, como a Organization for Economic Cooperation and Development (OECD); Union Internacionale Chrétienne des Dirigeants d’Enterprise (UNIAPAC); Global Reporting Initiative (GRI); World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), que tem como representante no Brasil o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS); o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE); o Instituto Ethos, dentre muitos outros, com o objetivo comum de auxiliar o diálogo da empresa com a sociedade, através de divulgação de informações e ferramentas que assessorem as empresas a implementar, medir e comunicar seus esforços em direção ao desenvolvimento sustentável (VIANA, SILVA e DINIZ, 2001, p. 7). Queiroz (2001, p. 15 e 16) assegura que o marco inicial do período moderno a respeito de RSE é o livro Social Responsibilities of the Businessmen, escrito por Bowen, que acreditava que as decisões das empresas afetavam de diversas formas 31 a vida dos cidadãos. A definição proposta por Bowen (1953, p. 6) apud Queiroz (2001, p. 16) sobre a responsabilidade social do homem de negócio é a seguinte: refere-se “às obrigações dos homens de negócios de perseguir as políticas, de tomar as decisões ou de seguir as linhas de ação que são desejáveis em termos dos objetivos e valores da nossa sociedade” Para Smith (2002) apud Adams e Zutshi (2004, p. 31) a RSE é definida como a integração de operações de negócio e valores por meio dos quais os interesses de todos os stakeholders (incluindo clientes, empregados, investidores), e do meio ambiente são refletidos nas políticas e ações da organização. Afirma ainda que a RSE é uma obrigação da empresa para com a sociedade como forma de beneficiar a última por se utilizar de seus recursos. Este posicionamento é também defendido por Baldo (2002, p. 2), que acredita que quando a empresa assume a sua responsabilidade social ela deva oferecer em troca algo ao que por ela (empresa) foi usurpado da sociedade e/ou meio ambiente no momento em que realizou suas atividades. Pinto e Ribeiro (2002, p.3) justificam a existência da RSE por acreditarem que a empresa é agente econômico e agente social, sendo este dois pontos não excludentes. Os autores afirmam que como agente econômico ela deve gerar riqueza, através de sua missão de produzir bens (entende-se por bens: produtos e serviços); e como agente social ela tem como missão à geração de bem-estar social, sendo a empresa “uma célula da sociedade e, como tal, tem o dever de prestar contas aos demais componentes”. Por outro lado, estes conceitos de responsabilidade social não são apoiados por todos. Conforme Silva e Freire (2001b, p. 1), “Milton Friedman, num artigo famoso publicado em 1970 no New York Times Magazine, afirmou que existe 32 somente uma responsabilidade social nos negócios: usar os recursos para aumentar os lucros”. Queiroz (2001, p. 17), assegura que este posicionamento é apoiado por outros autores, ressaltando que é necessário observar que: Apesar da disseminação e aceitação ampla do conceito de responsabilidade social das empresas, há linhas de pensamento e construções teóricas que se mantêm contrárias a essa idéia. Defendem que as empresas devem se preocupar em ser produtivas e gerar lucros. Assim estariam sendo responsáveis para com a sociedade. Vilhena (2002, p. 29) questiona, entre outros aspectos, se o objetivo das empresas é o lucro, levantando dois pontos: (1) ele afirma que o lucro não é objetivo, mas uma necessidade da empresa, e sem ele o futuro é se “fechar as portas” ou a retirada de capital dos acionistas; e (2) ter o lucro como principal objetivo da empresa é vazio e não dá sentindo de direção para as ações, pois afinal, o lucro pode ser obtido de muitas maneiras (que às vezes podem ser até efêmeras). Em seguida, Vilhena (2002, p. 29) lembra que “as empresas têm outros agentes interessados em sua atuação e com outras aspirações: seus funcionários, seus clientes, a comunidade. As empresas devem atender também a essas aspirações para que possam sobreviver e se perpetuar”. O conceito de RSE deve estar relacionado com os seguintes vetores, que conforme Raupp (2003. p. 3) são: (1) apoio ao desenvolvimento da comunidade onde atua; (2) preservação do meio ambiente; (3) investimentos no bem-estar dos empregados, e de seus dependentes, em um ambiente de trabalho agradável; (4) comunicações transparentes; (5) retorno para os acionistas; (6) sinergia com os parceiros; e (7) satisfação dos clientes. Tudo isto leva ao Desenvolvimento Sustentável, que segundo Bjorn Stigson, presidente do World Business Council for Sustainable Development, “é construído 33 em torno de três bases: crescimento econômico, proteção ambiental e progresso social” (SILVA e FREIRE, 2001b, p. 2). Como demonstrado, o Desenvolvimento Sustentável tem relação direta com a RSE, que por sua vez não é apenas apoiar o desenvolvimento da comunidade e preservar o meio ambiente, por não ser isto suficiente para atribuir à empresa a condição de socialmente responsável (RAUPP, 2003, p.3-4). Adams e Zutshi (2004, p. 34) apontam o testemunho de dez organizações que se beneficiam por praticar RSE e por elaborarem Relatórios Sociais em seus novos negócios. O estudo demonstrou que todas as organizações e seus empreendedores que foram além das exigências legais com relação a RSE e em suas interações com seus stakeholders se beneficiaram, aumentando seu tamanho e estabelecendo sua presença na comunidade. Esta divulgação de informações adicionais ao solicitado chama atenção para um assunto que tem bastante relação com a RSE: a ética. Mas o que é ser ético? O que é ético para uma empresa pode não ser para outra. Algumas empresas acreditam que para ser ético basta que ela não infrinja as leis, já outras acreditam que a empresa tem um papel social que vai além das exigências legais, que deve incluir preocupações com o bem-estar de seus empregados e da comunidade, e ao desempenhá-lo estaria agindo de forma ética (SUCUPIRA, 2001, p. 117-119). Milton Friedman é um árduo defensor de que a única RSE é maximizar os lucros, questionando, dentre outras coisas, a “competência dos administradores profissionais para decidir sobre o destino do gasto social e acha que isso é papel de políticos, eleitos para buscar o interesse público” (SUCUPIRA, 2001, p. 120). Um ponto é inquestionável: a sociedade está exigindo um compromisso mais efetivo relacionado com a postura ética das empresas, como comentado por Kroetz (2000, p. 57): 34 As empresas norte-americanas e européias já sabem que não bastam preços baixos e produtos de qualidade. O consumidor, enquanto cidadão, quer saber se a produção não foi obtida à custa da impureza do ar, da poluição dos rios, da morte de animais, dos desmatamentos, da dignidade de seus habitantes, entre tantos outros males provocados pela ganância do homem, nem sempre “racional”. A importância que vem recebendo a RSE é crescente e tem relação direta com uma grande variedade de assuntos éticos. Para a empresa British Petroleum (BP), por exemplo, uma das maiores companhias de energia do mundo, ser ético engloba a divulgação de seu Relatório Social transparente, onde no mesmo são encontradas informações que muitas empresas fariam de tudo para esconder, como o registro de 1.604 acidentes de trabalho no ano de 2003, a morte de 20 empregados ao desempenharem suas funções, o aumento da quantidade de óleo despejado no meio ambiente; sendo que estas informações aparecem ao lado de informações positivas, recebendo o mesmo destaque (LETHBRIDGE, 2004, p. 68). 2.2.2. Visão Crítica Há um debate cada vez mais intenso sobre o valor da Responsabilidade Social das Empresas (RSE). Com uma visão mais simplificada, alguns afirmam que esta “tendência” é puramente marketing próprio ou filantropismo para deslocar o interesse sobre o lucro crescente ou escândalos corporativos. Enquanto outros, com uma visão de longo prazo, acreditam que o sucesso econômico de um negócio depende de outros fatores além do puro desempenho financeiro a curto prazo (BROCK, 2005, 58). A associação da RSE como instrumento de marketing já vem sendo percebida há tempos, sendo esta prática conhecida como marketing social, que apesar de às vezes parecer, não é uma idéia nova (TREVISAN, 2002, 1; ALDAY e PINOCHET, 2003, p.2). 35 Alday e Pinochet (2003, p.2) afirmam que este conceito (de marketing social) “exige que os profissionais de marketing equilibrem três fatores ao definirem sua política de mercado: os lucros da empresa, os desejos dos consumidores e os interesses da sociedade”. Entretanto, encarar a RSE como uma ferramenta de marketing não é senso comum. Baldo (2002, p. 2) afirma que a RSE precisa ser vista como um compromisso que a empresa deve assumir para com a sociedade e o meio ambiente, demonstrando reconhecimento pelo que estes representam para a empresa, pois é dos mesmos que toda a riqueza dela é gerada. Para Montaño (2002, p. 213), achar que os empresários já entenderam o sentido de responsabilidade social é no mínimo ingenuidade ou enganação. Ele acredita que o real interesse do empresariado é saber se suas atividades filantrópicas estão lhe trazendo retorno financeiro direto ou indireto. É válido ressaltar que nesta pesquisa não se pretende analisar o real interesse das empresas quando tentam demonstrar estar procurando ter uma maior responsabilidade social, se por objetivarem isenção de impostos e subsídios estatais (diminuindo custos e/ou aumentando as rendas), se por procurarem a melhora da imagem da empresa, se para a aceitação pela comunidade da presença da indústria e seus eventuais prejuízos àquela e/ou ao meio ambiente, se apenas por reconhecerem a importância da sociedade e do meio ambiente para a continuidade da empresa. Este trabalho tem como objetivo verificar o grau de aderência das empresas brasileiras aos indicadores do GRI, que por terem crescente aceitação mundial e por evidenciarem efeitos danosos relativos a atividade operacional da empresa, denota a busca por maior transparência por parte da organização, estando esta atenta a este contexto de cobranças sociais e ambientais feitas pela sociedade em geral. 36 2.2.3. Esforços para tratar da RSE Na literatura estrangeira e nacional, encontrou-se algumas tentativas de organizações não-governamentais, atuantes juntamente com o setor privado, buscando formas de instituírem convenções e/ou princípios sobre a responsabilidade social das empresas, na tentativa de se mostrarem mais transparentes e comprometidas com o desenvolvimento social e ambiental. Estas tentativas são traduzidas com a criação do AccountAbility 1000 (AA1000), do Dow Jones Sustainability Index (DJSI) e do Pacto Global. Os quais serão comentados a seguir. 2.2.3.1. AccountAbility 1000 (AA1000) AccountAbility 1000 (AA1000) é um padrão de processo de uso voluntário para a gestão da contabilidade, auditoria e relato da responsabilidade corporativa, tendo sido lançado em novembro de 1999 pelo Institute of Social and Ethical Accountability (ISEA), uma organização não-governamental inglesa, com o objetivo de auxiliar as organizações no gerenciamento do relacionamento com os stakeholders, aumentando as relações de confiança entre as partes (AA1000, 2005; BECKETT e JONKER, 2002, p. 39; BARTRAM, 2000, p. 24). Conforme a consultoria de responsabilidade social Business Meets Social Development (BSD, 2005), a organização que adota o AA1000: [...] deve seguir um processo contínuo de ciclos de atividades, que têm como principais passos a definição ou redefinição de valores, o desenvolvimento de metas de performance ética e social e a avaliação e comunicação do desempenho em relação às metas desenvolvidas. 37 Provavelmente o papel mais importante do AA1000, conforme Ladams (2004, p. 101), seja reconhecer a necessidade do envolvimento dos stakeholders externos no processo de elaboração dos Relatórios Sociais. Esta norma trabalha com oito princípios de qualidade que estão agrupados nas três categorias abaixo: - Escopo e natureza do processo: (1) completude; (2) materialidade; (3) regularidade e oportunidade; - Significado da informação: (4) garantia da qualidade dos dados; (5) acessibilidade; (6) qualidade da informação; - Gestão do processo contínuo: (7) integração de sistemas; e (8) melhoria contínua (BSD, 2005). Os benefícios relativos da utilização do AA1000, ainda conforme a consultoria BSD (2005), serão refletidos na “melhoria do desempenho social, traduzido em maior confiança, comprometimento, lealdade e produtividade, [que] ocorre quando o princípio da responsabilidade social corporativa está sendo posto em prática”. No entanto, conforme Ethos (2005b), “no Brasil, a prática da AA1000 ainda é recente, e se restringe a poucos exemplos de empresas que embarcaram nesse processo”. 2.2.3.2. Dow Jones Sustainability Index (DJSI) O Dow Jones Sustainability Index (DJSI) foi lançado em 8 de setembro de 1999 como o primeiro indicador da performance financeira das empresas líderes em sustentabilidade a nível global, sendo usado para identificar e rastrear a performance relativa a sustentabilidade executada pela empresa (INDEXING, 2004, p.1; CERIN e DOBERS, 2001, 123). Conforme FERREIRA (2005, p. 24), o DJSI: 38 [...] é composto exclusivamente por ações de empresas consideradas responsáveis no âmbito social e ambiental. Como característica principal das empresas pertencentes ao DJSI está a condução harmônica de seus negócios respeitadas as questões ambientais e a relação com a comunidade onde ela atua. O principal objetivo do DJSI é medir o desempenho das companhias integrantes através da utilização dos indicadores do Global Reporting Initiative – GRI, possibilitando aos investidores nortear suas decisões de investimentos. Caso uma empresa consiga ser incluída no DJSI ela terá diversos benefícios (tanto tangíveis quanto intangíveis), como: (a) reconhecimento público da liderança industrial em áreas estratégicas de dimensão econômica, ambiental e social; (b) reconhecimento de importantes grupos de interesse tais como legisladores, clientes e empregados; (c) resultados visíveis imediatos e de grande impacto, tanto internamente como externamente, visto os resultados serem publicamente anunciados e as empresas ficarem associadas ao símbolo oficial “Member of DJSI”; e (d) benefícios financeiros como resultado dos investimentos baseados no DJSI (DOW, 2004). 2.2.3.3. Pacto Global O Pacto Global surgiu a partir do convite feito pelo Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, para o setor privado, com a finalidade de que este último trabalhasse juntamente com algumas agências das Nações Unidas e atores sociais na tentativa de avançar a prática da responsabilidade social das empresas, procurando cada vez mais se chegar a uma economia global sustentável e inclusiva (COMPACT, 2005a; CROSSETTE, 2000, p.1). Conforme Annan (1999, p. 260), o Pacto Global é baseado em três áreas: direitos humanos, práticas trabalhistas e práticas ambientais. Ele justifica a escolha destas áreas, dentre outros motivos, por serem elas relativas a valores universais já definidos por acordos internacionais (incluindo Declaração Universal de Direitos 39 Humanos; da Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho; e da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção); e por serem estas áreas que necessitam de atenção por parte dos “homens e mulheres de negócio”. A partir destas três áreas foram criados os 10 Princípios do Pacto Global a serem respeitados pelas organizações, são eles: - Princípios de Direitos Humanos: (1) Respeitar e proteger os direitos humanos; (2) Impedir violações de direitos humanos; - Princípios de Direitos do Trabalho: (3) Apoiar a liberdade de associação no trabalho; (4) Abolir o trabalho forçado; (5) Abolir o trabalho infantil; (6) Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho; - Princípios de Proteção Ambiental (7) Apoiar uma abordagem preventiva aos desafios ambientais; (8) Promover a responsabilidade ambiental; (9) Encorajar tecnologias que não agridem o meio ambiente. - Princípio contra a Corrupção: (10) Combater a corrupção em todas as suas formas inclusive extorsão e propina (COMPACT, 2005b; UN, 2005, p.1). Ressalta-se que o Pacto Global não é um instrumento regulador. Ele também não mensura ou reforça comportamentos específicos. Particularmente, ele faz uma prestação de contas responsável, transparente e esclarece os interesses de seus participantes (VASELLA, 2004, p. 19). 2.3. Contabilidade e Balanço Social Segundo Pinto e Ribeiro (2002, p. 3), o tema responsabilidade social das empresas já é assimilado por muitas organizações que vêm publicando o seu Balanço Social, tendo este como principal função “tornar pública a responsabilidade 40 social da entidade. Esta visão faz parte de um processo que busca a transparência junto ao público em geral do que a empresa está fazendo, interna e externamente, nas áreas social, econômica e ambiental”. Adams e Zutshi (2004, p. 32) afirmam que o Balanço Social da empresa é definido como o processo de comunicar os efeitos sociais e ambientais das suas ações econômicas para grupos com interesses particulares na sociedade e para a sociedade em geral. Afirmam ainda que, como tal, o Balanço Social deveria envolver o setor de contabilidade da empresa, que tem seu papel tradicional ultrapassando a prática de fornecer apenas o balanço financeiro aos proprietários do capital, em particular, aos acionistas. Os autores acreditam que tal extensão é justificada pelo fato de que as empresas têm responsabilidade maior do que simplesmente fazer dinheiro para seus acionistas. Ora, o objetivo da Contabilidade é fornecer informações úteis e relevantes aos seus usuários, e sendo estes Relatórios Sociais de interesse para os mesmos é justo que a Contabilidade se preocupe com eles, mesmo porque, conforme Ribeiro e Lisboa (1999, p. 74): A Contabilidade, enquanto ciência que estuda a situação patrimonial e o desempenho econômico-financeiro das entidades, possui os instrumentos necessários para contribuir para a identificação do nível de responsabilidade social dos agentes econômicos. Estes instrumentos se traduzem no Balanço Social. Além disto, os Princípios Contábeis possuem relação com o Balanço Social, conforme comentado no Capítulo 1, sub-tópico 1.3. É válido ressaltar que a vertente social da Contabilidade é recente quando comparada com a Contabilidade Financeira, que está há 5.000 anos em um processo de evolução e aperfeiçoamento. Daí a importância de estudos acerca do tema (SILVA, RODRIGUES e JORGE, 1998, p. 31 apud KROETZ, 2000, p. 51). 41 Para Kroetz (2000, p. 54) esta vertente deve ter um sistema que seja capaz de “inventariar, classificar, registrar, demonstrar, avaliar e explicar os dados sobre a atividade social e ambiental da entidade, de modo que [...] possa preparar informes, como o Balanço Social e a Demonstração do Valor Adicionado”. Tinker, Lehman e Neimark (1988) apud Hendriksen e Breda (1999, p. 93-94) já mencionavam a existência de uma linha de pensadores que viam “a contabilidade como uma arma ideológica no conflito social sobre a distribuição de renda e riqueza”, criticando que as informações contábeis eram e/ou são elaboradas visando apenas dois tipos de usuários, que seriam os acionistas e os bancos. Isto leva a questionar se a Contabilidade deve se preocupar apenas com o caráter econômico-financeiro das empresas, já que há fortes indícios de que cada vez mais o sucesso econômico-financeiro esta se entrelaçando com o desempenho social da organização (VILHENA, 2002, p. 29). Daí vem parte da crescente importância do Balanço Social. Sua divulgação não é obrigatória em todos os países. O primeiro país que regulamentou a sua publicação foi a França, através da Lei nº 77.769, de 12 de julho de 1977, sendo este exemplo seguido por Portugal, em 1985, e posteriormente pela Bélgica, em 1996 (TINOCO, 2001, p. 27; FREIRE e REBOUÇAS, 2001, p.70). No Brasil, o Balanço Social é uma demonstração optativa. Não há um modelo oficial pré-estabelecido para a sua divulgação. Isto contribui para que algumas empresas o utilizem de forma inadequada pois o utilizam com viés para potencializaçao de resultados, conforme David e Ott (2003, p. 13), “diferentemente da contabilidade tradicional, que evidencia ativos e passivos, os Balanços Sociais em sua maioria buscam apenas demonstrar o ativo social das empresas, desconsiderando o outro lado, necessário para haver equilíbrio”. 42 Conforme Martins (1997, p. A-3) apud Kroetz (2000, p. 58) há tempos já existe o interesse de fazer do Balanço Social uma demonstração obrigatória no Brasil, porém a idéia não vingou. Mesmo não sendo esta uma informação obrigatória, as empresas podem se beneficiar de sua publicação, já que “vários exemplos anteriores em que empresas foram pioneiras em divulgações complementares, indicam que o mercado julga melhor uma empresa transparente do que uma empresa que não revela suas informações” (SZUSTER, SZUSTER e SZUSTER, 2004, 239). Organizações que elaboram Relatórios Sociais e ambientais desenvolvem sistemas de controle interno melhores, tomam as melhores decisões e diminuem custos, tendo como resultado melhorias contínuas. A eficiência operacional e processual resulta em riscos reduzidos e na segurança no trabalho. Isto é facilitado quando as organizações procuram comunicar as más, assim como as boas notícias a seus empregados e aos stakeholders através do Relatório Social baseado em informações econômicas, sociais e ambientais (ADAMS e ZUTSHI, 2004, p. 34). 2.4. Definições de Balanço Social Primeiramente, conforme Pinto e Ribeiro (2002, p. 2), “o conceito de Balanço Social [...] se restringia a abordar aspectos relativos a recursos humanos, [este conceito] expandiu-se, passando a divulgar outras informações de cunho social”. Atualmente, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI), o conceito de Balanço Social engloba quatro vertentes, que ao atuarem de forma complementar, deverão evidenciar as informações necessárias ao entendimento de como a empresa está se relacionando com a sociedade e o meio ambiente. Estas vertentes são: 43 (1) o Balanço Ambiental, que se refere a todos os gastos e investimentos que envolvam recursos naturais ou estejam voltados para está área; (2) o Balanço de Recursos Humanos, que demonstra o perfil da força de trabalho, remuneração e benefícios concedidos, bem como gastos com a comunidade que cerca a organização; (3) a Demonstração do Valor Adicionado – DVA – que visa demonstrar o valor da riqueza gerada pela organização e como ela foi distribuída a sociedade; e (4) os Benefícios e Contribuição à Sociedade em geral, que evidencia o que a organização tem feito em termos de benefícios sociais (FIPECAFI, 2000, p. 31-32). Vide figura a seguir. 44 Figura 1: O Balanço Social para a FIPECAFI Balanço Ambiental DVA Balanço de Recursos Humanos Benefícios e Contribuições à Sociedade Fonte: A autora. Um terceiro conceito sobre Balanço Social foi proposto pelo GRI, onde o relatório estará estruturado em três vertentes: econômica, ambiental e social, denominadas triple bottom line, ou resultado triplo (GRI, 2002, p. 9). No entanto, caso se considere a DVA como referente aos aspectos redistributivos da receita, então o GRI englobará todas as vertentes propostas pela FIPECAFI (2000, p.31), pois na vertente econômica possui informações relativas a estes aspectos. Outro conceito é apresentado por Tinoco (2002, p. 27), que afirma que “o Balanço Social é um instrumento de gestão e de informação que visa a evidenciar, da forma mais transparente possível, informações econômicas e sociais do desempenho das entidades aos mais diferenciados usuários”. Este conceito traz consigo uma palavra que vem sendo fruto de diversas discussões: “transparência”. A transparência das informações publicadas se traduz pelo atendimento a diversos pontos, tais como: a existência de evidenciações no corpo do relatório que permitam uma melhor compreensão por parte do usuário, a revisão por entidade não vinculada com a gestão da organização, ou ainda, através 45 da identificação de um responsável pelas informações que possa servir de interlocutor com os stakeholders e dirimir dúvidas (SIQUEIRA e VIDAL, 2003a, p. 9). Apesar de ser crescente o número de empresas que vêm publicando voluntariamente relatórios não-financeiros ao redor do mundo, uma pesquisa recente denominada “Towards Transparency” (“Em direção a Transparência”) aponta que um imenso número de multinacionais são omissas, em seus Relatórios Sociais, a assuntos como emissões de gás carbônico, condições de trabalho, ou relações com a comunidade. A natureza e o padrão destes Relatórios Sociais variam amplamente (COWE, 2004, p. 6). Por outro lado, Cowe (2004, p. 6) afirma que de acordo com uma recente análise realizada pela consultoria de Sustentabilidade da ONU (Risco de Oportunidade: melhor prática de relatórios não-financeiros), está começando a emergir opiniões de que melhoraram a qualidade dos Relatórios Sociais, sendo um exemplo disto também observado no Brasil em pesquisa de Dias e Siqueira (2005, p. 1), a qual analisou a evolução do Balanço Social da Petrobras, concluindo que a qualidade do mesmo vem melhorando. Para que se possa dizer que há transparência nos relatórios, os assuntos mais relevantes devem ser identificados e discutidos mais claramente com a sociedade. A comunicação entre os gestores de uma organização e os stakeholders é freqüentemente a chave dos dilemas da responsabilidade social. Um dos papéis fundamentais dos primeiros seria informar a estratégia da empresa bem como os objetivos do empreendimento para o longo prazo, sendo que estas informações deveriam ser claras a fim de não proporcionarem dúvidas sobre o seu entendimento. A partir delas, os stakeholders poderiam concluir se a empresa é ou não socialmente responsável e, conhecendo melhor o negócio, poderiam tomar 46 mais conscientemente decisões do tipo “onde investir seu dinheiro” ou “que produtos comprar” (BROCK, 2005, p. 58). Ainda para auxiliar na tomada de decisão dos stakeholders, o Balanço Social deverá ser elaborado objetivando atender, conforme Siqueira (2003, p. 177), “às demandas de usuários com bom nível intelectual, sem formação formal em contabilidade e disposto a um esforço mental considerável para sua correta leitura e interpretação”, fazendo com que este usuário possa chegar as suas próprias conclusões a respeito do compromisso ético e social desempenhado pela empresa. Outro ponto importante de ser observado no conceito de Tinoco (2002, p. 27) é a respeito das “informações [...] do desempenho das entidades” pois assim, serão expostas tanto informações referentes a aspectos positivos da organização como relativas aos efeitos danosos causados à sociedade e meio ambiente como um todo. Segundo Tinoco (2000, p. 27), a responsabilidade social permite que a companhia controle seu impacto total sobre a sociedade e o meio ambiente gerando valor aos stakeholders, alinhando a estratégia do negócio com a cultura e os valores da organização. O quinto e último conceito aqui apresentado sobre o que vem a ser o Balanço Social é o de Freire e Rebouças (2001, p. 69), onde: O Balanço Social pode ser considerado como uma demonstração técnicogerencial que engloba um conjunto de informações sociais da empresa, permitindo que os agentes econômicos visualizem suas ações em programas sociais para os empregados (salários e benefícios), entidades de classe (associações, sindicatos), governo (impostos) e cidadania (parques, praças, meio ambiente etc.). Este conceito é criticado por Pinto e Ribeiro (2002, p. 4), que argumentam que “a definição de Freire e Rebouças dá a idéia de que as informações contidas no Balanço Social estejam voltadas apenas aos interesses dos gestores”. 47 Deve-se lembrar que o Balanço Social é uma prestação de contas das organizações para com os stakeholders. É através dele que as ações que a entidade desenvolveu em prol da sociedade e do meio ambiente devem ser evidenciadas, bem como todos os malefícios e geração de sub-produtos indesejáveis ocorridos em virtude da atividade operacional da mesma. Conforme Adams e Zutshi (2004, p. 36) um bom Relatório Social, Relatório Ambiental ou Relatório Triple Bottom Line (econômico, ambiental e social), deve: (1) ser transparente; (2) demonstrar uma tentativa genuína de ser contabilizável a todos os stakeholders; (3) cobrir os impactos negativos tão bem quanto positivos relacionados a sociedade e ao meio ambiente; (4) demonstrar a aceitação incorporada de suas responsabilidades sociais, éticas e ambientais; e (5) ser completo, ou em outras palavras, devendo incorporar detalhes dos impactos materiais as comunidades e ao meio ambiente para todos os grupos de stakeholders. Sendo estes pontos atendidos e o Relatório Social sendo elaborado englobando informações econômicas, ambientais e sociais de forma não tendenciosa, poderia se dizer que ele cumpriu o seu objetivo, que é, conforme Pinto e Ribeiro (2002, p. 13) “informar o resultado da interação da empresa com o meio em que está inserida”. 2.5. Modelos de Balanço Social Desde quando os conceitos de Balanço Social começaram a existir, uma série de modelos sobre como deveria ser a apresentação destas informações já foi elaborada, seja pelas próprias empresas que iriam divulgar as informações ou por organizações não-governamentais ou pelo governo (nos casos em que existe a obrigatoriedade) ou por instituições acadêmicas. Buscam-se formas para auxiliar as 48 empresas a coletar, analisar e divulgar informações, identificando quais delas são relevantes aos stakeholders. Estes modelos, genericamente, procuram padronizar as informações, permitindo maior comparabilidade entre diferentes empresas e setores, dando maior transparência e confiabilidade as mesmas. Deste modo, serão apresentados a seguir os modelos de relatórios socais que estão sendo mais utilizados pelas empresas brasileiras, conforme Siqueira (2003, p. 91), que são: o Modelo IBASE, a Demonstração do Valor Adicionado e os Indicadores Ethos. O Global Reporting Initiative (GRI) também foi adicionado a esta exposição por possuir indicadores internacionais que vem tendo sua contribuição relacionada à melhoria da qualidade dos Relatórios Sociais atestada em pesquisas recentes, como a de Strobel, Coral e Selig (2004); e a de Dias e Siqueira (2005, p. 1). 2.5.1. Modelo IBASE Em 1997 o sociólogo Herbert de Souza2, o Betinho como era conhecido, então presidente do IBASE, deu início a uma campanha pela divulgação voluntária, no Brasil, do Balanço Social, propondo um modelo simplificado de auto-avaliação das práticas das organizações. Nascia então o Balanço Social Modelo IBASE – que é apresentado, em sua versão atual, no Anexo I (IBASE, 2005c). Este modelo foi desenvolvido pela instituição IBASE juntamente com diversos representantes de empresas públicas e privadas, através de seminários, reuniões e debates; sendo que a sua publicação possui um custo bem próximo a zero por não necessitar de muitas informações adicionais as que a organização já possui (GOMES, 2005). Herbert de Souza era sociólogo, diretor geral do IBASE e articulador nacional da Ação da Cidadania Contra a Miséria e Pela Vida. 2 49 Atualmente, o IBASE trabalha com quatro modelos de Balanço Social para serem aplicados a diferentes tipos de organizações, que são: para instituições de ensino, fundações e organizações sociais; para cooperativas; para micro e pequenas empresas; e para empresas de modelo geral. Até 2004, 734 empresas publicaram o seu Balanço Social conforme um destes modelos (IBASE, 2005c). Conforme o próprio IBASE (2005a), o seu modelo de Balanço Social está estruturado basicamente em sete grupos, que são: (1) Base de cálculo, onde será evidenciada a receita líquida, resultado operacional e folha de pagamento bruta; (2) Indicadores sociais internos, onde serão evidenciados gastos com os funcionários com alimentação, encargos sociais compulsórios, previdência privada, saúde, segurança e medicina no trabalho, educação, cultura, capacitação e desenvolvimento profissional, creches ou auxílio-creche, participação nos lucros ou resultados, e outros; (3) Indicadores sociais externos, onde serão evidenciados gastos realizados com a sociedade em educação, cultura, saúde e saneamento, esporte, combate à fome e segurança alimentar, e outros (sendo excluído o valor de possíveis encargos sociais); (4) Indicadores ambientais, onde serão evidenciados os investimentos em meio ambiente e metas onde será divulgado se existem metas para a redução de agentes nocivos ao meio ambiente; (5) Indicadores do corpo funcional, onde será demonstrado o perfil dos profissionais da organização, evidenciando o número de funcionários por cor da pele e sexo, a rotatividade, a quantidade de portadores de deficiência ou necessidades especiais, e percentual de cargos de chefia ocupados por negros (as) e mulheres; 50 (6) Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial, este tópico é referente a variadas informações que evidenciarão, dentre outras coisas, as disparidades sociais na organização, através de solicitação de informações, como: a relação entre a maior e a menor remuneração na empresa; apresentação resumida da DVA; e quais os cargos dos funcionários que são contemplados com previdência privada; e (7) Outras informações, esta parte fica em aberto para que a organização evidencie outras informações importantes quanto ao exercício da responsabilidade social, ética e transparência. Siqueira (2003, p. 114) evidenciou três limitações relacionadas ao modelo IBASE: pouca disponibilidade de margem para a evidenciação das contribuições negativas à sociedade; instruções vagas fornecidas para o preenchimento, dando margem a distintas interpretações; e não é suficientemente incentivado o uso de notas explicativas. 2.5.2. DVA Para a FIPECAFI, o Balanço Social é composto por quatro vertentes, que são: Balanço Ambiental; Balanço de Recursos Humanos; Benefícios e Contribuições à Sociedade; e Demonstração do Valor Adicionado – DVA (FIPECAFI, 2000, p. 31). Ribeiro e Cunha (2003, p. 4) afirmam que conceitualmente, a DVA “é uma das peças formadoras do Balanço Social, mas em muitos casos o que se vê é sua apresentação dissociada dele e em conjunto com as outras Demonstrações Contábeis usuais, ou ainda, como o próprio Balanço Social”. A DVA tem como objetivo “evidenciar a contribuição da empresa para o desenvolvimento econômico-social da região onde está instalada. Discrimina o que 51 a empresa agrega de riqueza à economia local e, em seguida, a forma como distribui tal riqueza” (FIPECAFI, 2000, p. 31). Ela é uma maneira simples de medir a responsabilidade social relacionada a quanto à empresa está agregando de valor as partes interessadas, através da indicação de receita, da distribuição de lucros, pagamento de impostos, custos dos programas sociais, dividendos e salários (ANDERSON, 1978, 39). No entanto estes dados não podem ser analisados isoladamente. Siqueira (2003, p. 112) observa que “uma elevada geração de riqueza não necessariamente é benéfica para a sociedade”. O autor comenta o caso de empresas monopolistas ou oligopolistas que na análise de sua DVA é apresentada uma alta geração de riqueza, no entanto quando as mesmas utilizam práticas contrárias à concorrência, reprimindo empresas menores, levam os funcionários das últimas ao desemprego, não sendo este um bom exemplo de empresa socialmente responsável. Outro ponto destacado por Siqueira (2003, p. 113) é que a DVA não contempla as demais vertentes do Balanço Social, como a referente às informações ambientais. Isto pode fazer com que uma empresa com atividade operacional agressiva ao meio ambiente tenha este seu lado ignorado, sendo apenas divulgada sua imagem como grande geradora de valor e com uma forte característica redistributiva em suas atividades. Freire e Rebouças (2001, p. 105) afirmam que apesar de a DVA ser um importante componente contábil do Balanço Social, as informações nela contidas ainda estão muito aquém das necessárias para seu reconhecimento como Balanço Social, daí a necessidade de divulgação das outras vertentes da FIPECAFI. Na Deliberação nº 488 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), de 3 de outubro de 2005, a DVA passou a fazer integrar o que a CVM classifica como um conjunto completo de demonstrações contábeis (CVM, 2005, p. 4). 52 2.5.3. Global Reporting Initiative (GRI) O Global Reporting Initiative (GRI) é uma instituição global independente lançada em 1997 como uma iniciativa conjunta da organização não-governamental Ceres (Coalition for Environmentally Responsible Economies - Coalizão por Economias Ambientalmente Responsáveis) e do UNEP (United Nations Environment Program – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) cuja missão é desenvolver e disseminar Diretrizes para Relatório Sociais com aplicação global (CRAWFORD, 2005, p. 20; NEW, 2005, p. 24; MIN, 2004, p. 11). Participam dele organizações de diversos setores como agências nãogovernamentais, corporações, consultorias, organizações contábeis, associações de negócios, acadêmicos e outros (CRAWFORD, 2005, p. 20). Os indicadores propostos pelo GRI podem ser utilizados por qualquer instituição, pois a adesão a eles é voluntária, bastando apenas haver o interesse da organização em divulgar as informações solicitadas por eles (GRI, 2002, p. 1). Os indicadores de GRI estão divididos em três grupos: (1) indicadores de desempenho econômico, tais como total da folha de pagamento e doações a comunidade; (2) indicadores de desempenho ambiental, tais como emissões de gases causadores do efeito estufa e consumo de água; e (3) indicadores de desempenho social, que por sua vez sub-dividem-se: (a) informações a respeito de práticas trabalhistas, tais como sobre a saúde do trabalhador, a segurança e a diversidade; (b) direitos humanos, tais como políticas em torno do trabalho infantil e dos direitos indígenas; (c) sociedade, tal como impactos sobre a comunidade; e (d) responsabilidade sobre o produto, tais como sobre a saúde e a segurança do cliente, e sobre a privacidade do consumidor (SOCIALLY, 2005, p. 12). 53 A organização que optar pela sua adesão poderá fazê-lo de forma gradual, porém quando todos os indicadores essenciais por ele sugeridos forem empregados a expressão “de acordo com” deverá ser utilizada, sinalizando para o fato da empresa ter elaborado seu Relatório Social conforme o sugerido pelo GRI (GRI, 2002, p. 13). O GRI não desenvolve nem divulga padrões de prática para a utilização de certificação independente, que comprove a veracidade das informações; porém ele incentiva que a organização busque estas certificações a fim de fornecer maior credibilidade e qualidade aos seus relatórios (GRI, 2002, p. 74 e 76). 2.5.4. Indicadores Ethos Os Indicadores Ethos surgiram a partir da iniciativa do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, que, conforme Maia Filho (2005, p. 1), é uma instituição que reúne um grupo de empresários e lideranças setoriais e conta, atualmente, “com mais de mil empresas associadas, que juntas representam cerca de 33% do PIB nacional e empregam mais de um milhão de pessoas”. Conforme Siqueira e Vidal (2003B, p. 4) a proposta de Balanço Social do Instituto Ethos “é de grande importância pois, além de retratar as opiniões de um grupo influente na sociedade, reflete de forma estruturada e adaptada à realidade brasileira as propostas do Global Reporting Initiative”. Estes indicadores referem-se a uma ferramenta de uso essencialmente interno, que possibilita a avaliação da gestão no que diz respeito à incorporação de práticas de responsabilidade social, além do planejamento de estratégias e do monitoramento do desempenho geral da empresa, abrangendo os temas: valores, transparência e governança, público interno, meio ambiente, fornecedores, 54 consumidores e clientes, comunidade, e governo e sociedade (ETHOS, 2005c, pg. 3, 16, 17). Existem duas categoriais de Indicadores Ethos: os gerais e os setoriais, sendo os últimos complementares aos indicadores gerais relacionados a alguns setores específicos, que são: distribuição de energia elétrica; panificação; restaurantes e bares; financeiro; mineração; papel e celulose; transporte de passageiros terrestres; petróleo e gás; e construção civil (ETHOS, 2005a). Conforme Grajew (2005), diretor-presidente do Instituto: Os indicadores [Ethos] têm por objetivo principal apresentar para o setor empresarial e a sociedade em geral o que é responsabilidade social, sua abrangência e profundidade. Assim, antes de ser uma ferramenta de avaliação, é um instrumento didático que visa inserir, definitivamente, as práticas socialmente responsáveis na agenda das organizações. Por isso aparecem questões que são consideradas intrínsecas às empresas como a ética. Além disso, os indicadores retratam estágios de desenvolvimento da prática de responsabilidade social nas empresas. No exemplo da ética, não está apenas representada a sua necessidade nas relações empresariais, mas seus diferentes níveis de desenvolvimento e aplicação. Destaca-se que os Indicadores Ethos, em sua versão 2005, serviram como base para o levantamento do Guia Exame 2005 sobre “Boa Cidadania Corporativa”, que contou com a participação de 222 empresas de todos os portes e regiões do Brasil, das quais dez foram apontadas como “empresas modelos” no país (ROSENBURG, 2005, p. 13 e 14). 2.5.5. Quadro Comparativo entre os Modelos de Balanço Social Tendo como base as vertentes do Balanço Social propostas pela FIPECAFI, e adaptando a vertente da DVA para uma visão mais ampla de análise dos aspectos redistributivos da atividade econômica, elaborou-se um quadro onde pode ser observado se os modelos de Balanços Sociais apresentados nesta pesquisa – IBASE, DVA, GRI e Indicadores Ethos – atendem as vertentes solicitadas. Quadro 1: Modelos de Balanço Social e Vertentes da FIPECAFI 55 VERTENTES MODELO IBASE Ambiental Recursos Humanos Aspecto Redistributivo Benefícios e Contribuições à Sociedade x x x x x DVA GRI Indicadores Ethos Fonte: A autora. x x x x x x x x 57 que instituem a obrigatoriedade do Balanço Social: a Lei Nº 8.118 do município de Porto Alegre (RS), e a Lei Nº 7.672 do município de Santo André (SP), e os Projetos de Lei Federal Nº 32/1999 e Nº 1.305/2003, ambos ainda em processo de aprovação. Pesquisa de Pinto e Ribeiro (2003, p. 1) sobre a divulgação das informações sociais no Estado de Santa Catarina mostrou que: [...] o Balanço Social vem sendo bastante difundido entre as empresas estudadas, porém em modelos diferentes; os indicadores divulgados são os mais variados; há ausência de algumas informações relevantes; os dados são de apenas dois períodos, fazendo com que os Balanços Sociais deixem de propiciar aos usuários uma utilidade mais ampla. A obrigatoriedade de publicação do Balanço Social iria de encontro a estes problemas encontrados por Pinto e Ribeiro (2003, p.1) que também já haviam sido identificados por outros autores - como por Kroetz (2000, p. 87), que afirma que como não há regulamentação relativa à demonstração do Balanço Social, as organizações “divulgam os dados que entendem relevantes e da forma que melhor convém. Assim, a maioria dos Balanços [Sociais] são fruto de atitudes espontâneas, as quais não seguem efetivamente uma estrutura básica, com exceção dos países onde ela é obrigatória”. Por outro lado, existem posicionamentos contra a obrigatoriedade. Diefenthaeler (2000) afirma que o sociólogo Ciro Torres, coordenador do IBASE, acredita que “’não se pode criar cidadania por decreto’. [...] ‘De que adianta obrigar se não houver o que mostrar?’, ele questiona. ‘O balanço dá transparência às ações, mas a sua realização deve ser espontânea’". Hebert de Souza, o Betinho, também concordava que a divulgação do Balanço Social deveria partir de uma adesão voluntária por parte das empresas, sendo esta a solução ideal que refletiria “uma disposição extremamente positiva por parte das empresas, uma das condições para que essa idéia dê certo”. No entanto, 58 apesar de acreditar que a voluntariedade relativa à publicação do Balanço Social fosse a situação ideal, Betinho era a favor da obrigatoriedade, pois acreditava que a existência de uma lei daria legitimidade institucional ao Balanço Social (SOUZA, 2005). Algumas pessoas ligadas à área empresarial têm a opinião de que a maior vantagem da adesão voluntária à utilização do Balanço Social é que “as companhias podem adaptá-lo conforme sua situação particular, melhor que um jogo de exigências que não podem se aplicar a todas as situações” (ADAPTING, 2004, p. 13). Crawford (2005, p. 24) afirma que as empresas normalmente concordam com regulamentações voluntárias. Ele cita exemplos disto tanto na área ambiental quanto na social. Na perspectiva ambiental, ele mostra que as empresas têm concordado com regulamentações ambientais voluntários, tais como não adquirir espécies em extinção ou não conduzir atividades de negócio em áreas ecologicamente sensíveis - freqüentemente devido à pressão de grupos ambientais e do governo. E na perspectiva social, ele afirma as empresas têm concordado em adequar-se a padrões voluntários que restringem os horários de comerciais de cerveja e outras bebidas alcoólicas na televisão. As normas internacionais de trabalho das Nações Unidas são convenções usadas geralmente como o mínimo de padrão necessário para a produção de bens de consumo em países desenvolvidos (CRAWFORD, 2005, p. 24). Entretanto vale chamar a atenção para o fato de que a realidade do autor (Crawford) é referente à de um país de primeiro mundo, a qual é distinta da encontrada em países de terceiro mundo como o Brasil. Sem contar que uma organização que não tem sua atuação pautada na responsabilidade social, e nem tem a intenção de fazê-lo, poderia não elaborar o Balanço Social, pois o mesmo 59 poderia “depor” contra a mesma. Como bem observou Betinho: “a iniciativa privada muitas vezes não se sente comprometida com o mundo em que vive e trabalha” (SOUZA, 2005). Apesar dos posicionamentos contra a obrigatoriedade, uma pesquisa denominada V Pesquisa Nacional sobre a Responsabilidade Social nas Empresas, realizada pelo Instituto de Responsabilidade Social da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (IRES/ADVB), demonstra que 60% das organizações consultadas já têm entendimento a favor da obrigatoriedade da publicação do Balanço Social no Brasil, sendo que 27% (também sob total dos entrevistados) já o fazem como forma de divulgar seus investimentos em projetos de cunho social (GOYANO, 2004, p. 56). Quairel (2004, p. 36) conclui que, sendo a organização a favor ou contra a obrigatoriedade do Balanço Social, um consenso comum existe: a necessidade de um padrão para esta demonstração. 3.2. O Balanço Social e a relação custo-benefício Bloom et al (1987, p. 34) afirma que dentre as queixas das empresas referentes ao Balanço Social o custo para a elaboração do mesmo está entre as principais. Cowe (2003b, p. 1) mostra a dúvida que existe nas organizações acerca de que seus Relatórios Sociais e ambientais parecem ter pouco impacto, e questionam se vale a pena o esforço e a despesa para elaborá-los. Realmente, o efetivo custo-benefício do Balanço Social é difícil de ser mensurado, pois é atendido um grande número de usuários através da divulgação do mesmo, sendo que para cada um deles é atribuída utilidade e importância diferenciada (KROETZ, 2000, p. 107). 60 Entretanto, para responder a este questionamento das empresas, Cowe (2003b, p. 1) comenta sobre uma pesquisa do Corporate Social Reporting Europe/Accountability, que concluiu que os impactos da elaboração do Relatório Social e Ambiental dentro de uma organização podem ser dos mais significativos, ao demonstrarem "o compromisso com a transparência, podendo impactar em decisões e em resultados de negócio". O custo para a divulgação do Balanço Social irá variar conforme o modelo adotado. O modelo IBASE, por exemplo, não exige que uma grande quantidade de informações adicionais, além das já conhecidas pela organização, precise ser elaborada (SIQUEIRA, 2003, p. 113), enquanto que outros modelos, como os indicadores do GRI, solicitam informações específicas, as quais normalmente se faz necessário fazer um levantamento para a sua divulgação, como por exemplo referente à quantidade de emissões de gases causadores do efeito estufa e número de espécies na Lista Vermelha da UICN com habitat em áreas afetadas pela organização (GRI, 2002, p. 48). Ressalta-se que apesar dos eventuais custos para a elaboração do Balanço Social, os benefícios provenientes dele não devem ser deixados de lado, conforme destaca Kroetz (2000, p. 107): É importante ressaltar que investimento realizado na questão ambiental e social vem prevenir possíveis gastos adicionais, perdas, desperdícios e multas, além de melhorar a qualidade de vida da população e do pessoal interno. Por conseguinte, melhora a imagem e a qualidade do produto e da entidade, podendo inclusive aumentar a produtividade e a lucratividade. Freire e Rebouças (2001, p. 105) complementam esta afirmação, argumentando que outro benefício da publicação do Balanço Social é o fato da empresa poder reconhecê-lo como “fonte de memória social [...] e buscar utilizá-lo como elemento formal de seu sistema de informações sobre capacitação e 61 performance dos recursos humanos, empregando-o como ferramenta destinada a incrementar a competitividade empresarial”. 3.3. Críticas ao Balanço Social e pontos que comprometem sua qualidade Diversas críticas são feitas ao Balanço Social e aos seus diferentes modelos, indo desde a sua forma de apresentação até a real necessidade de sua existência. Devido a isto, serão discutidas a seguir as principais críticas encontradas na literatura específica sobre esta demonstração, bem como alguns pontos que comprometem a sua qualidade. 3.3.1. Padronização A padronização do Balanço Social está diretamente relacionada à necessidade de comparação entre os relatórios de diferentes organizações e diferentes períodos, fato este já levantado por pesquisas como: GRI (2002, p. 27); Siqueira e Vidal (2003, p. 8); Silva et al, (2001, p. 1); Pinto e Ribeiro (2003, p. 13); Beets e Souther (1999, p. 129). Siqueira e Vidal (2003a, p. 1 e 6) fizeram uma análise da qualidade informativa dos Balanços Sociais de 21 empresas publicados em 2001 com a finalidade de verificar qual o estágio destes relatórios até aquela data, constatando que dos relatórios estudados: seis utilizaram o modelo IBASE; seis a DVA; quatro DVA e IBASE; uma a DVA e outros modelos; três informações qualitativas; e uma tabelas e gráficos diversos. Como se pode observar, uma das conclusões que o estudo chegou foi que não há uma padronização referente à elaboração desta demonstração, como o que já havia sido apontado por outras pesquisas citadas por Siqueira (2003, p. 129). 62 Pinto e Ribeiro (2003, p. 1), comentam que apesar de vir sendo difundido o conceito de Balanço Social entre as empresas brasileiras estudadas, os modelos apresentados pelas mesmas são diferentes; os indicadores divulgados são os mais variados; algumas informações relevantes não são apresentadas; as informações fornecidas são apenas de dois períodos, deixando de proporcionar aos usuários uma maior utilidade. Fato este que Beets e Souther (1999, p. 129) já observavam no exterior, o que os levou a afirmarem que a ausência de um padrão para estes relatórios faz com os mesmos tenham diferido significativamente, dificultando ou até inviabilizando a comparação entre as diversas empresas. Desta forma, conforme Azevedo (2005), a inexistência de uma definição de indicadores a serem publicados pode acabar transmitindo a imagem que a empresa deseja, que não necessariamente é a sua imagem real, e, como os indicadores e processos utilizados na elaboração do relatório variam de caso para caso, a comparação entre as atuações das empresas é dificultada ou até inviabilizada, algumas vezes. Azevedo (2005) ainda completa, afirmando que diferentemente do que ocorre no aspecto financeiro, não existe um padrão de comunicação generalizado e aceito sobre os Relatórios Sociais, “à medida que aumenta o número de empresas que publicam relatórios, multiplicam-se os diferentes modelos e formatos adotados”. Este pensamento é complementado por Sucupira (2001, p. 127), que afirma que caso não haja uma padronização para o Balanço Social “torna-se difícil uma avaliação adequada da função social da empresa, já que ela tende a informar apenas o que lhe parece conveniente [...]. Desta forma, o Balanço Social confundese com uma mera peça de marketing”. 63 3.3.2. Burocracia Outra crítica comum é o fato de alguns modelos de Balanço Social serem considerados muito burocráticos, parecendo mais “um formulário a ser preenchido”, o que ocorre com boa parte das propostas da Europa (KROETZ, 2000, p. 16; ADAPTING, 2004, p. 13). Um debate promovido pelo Instituto Ethos sobre o Projeto de Lei Nº 1305/2003 do então deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ), em tramitação no Congresso Nacional, que tornaria obrigatória a elaboração e publicação do Balanço Social no Brasil obteve como crítica a argumentação de que a regulamentação vai onerar as empresas além do fato de ser este projeto de lei, considerado por alguns, bastante burocrático (ETHOS, 2003, p. 4). Baseado nestas críticas relacionadas ao custo de elaboração do Balanço Social e a burocracia de algumas propostas é que o modelo IBASE tenta ser simples, o que possibilita a sua adesão por um maior número de organizações (IBASE, 2005b). O problema relacionado à burocracia de alguns modelos de Balanço Social poderá ser resolvido com o passar do tempo, através de revisões e discussões constantes sobre o formato dos relatórios, onde o mesmo deverá ir sofrendo adaptações a fim de se chegar a um modelo “ideal”. Esta é a política adotada pelo GRI, que após cada novo lançamento de seus indicadores continua estudando a sua aplicação prática, para ir se aprimorando continuamente (GRI, 2002, p. 63). 3.3.3. Viés para potencialização de resultados positivos O viés para potencialização de resultados positivos dado ao Balanço Social está relacionado com a qualidade deste relatório. Ele pode ocorrer de três formas, conforme Siqueira e Vidal (2003, p. 5-8): 64 (1) Através do destaque das informações positivas e da omissão de alguma outra informação – normalmente as informações omitidas depõem contra a imagem da empresa; (2) Através de atenuante fornecido a informação – quando algo de ruim aconteceu à sociedade ou ao meio ambiente em virtude das atividades operacionais da empresa e a mesma tenta passar a impressão de que o fato não foi “tão ruim como parece”; e (3) Através do uso de viés positivo – que ocorre quando de uma informação que reflete algo de maléfico ou prejudicial cometido pela empresa a mesma tenta extrair algum benefício proveniente disto, dando a impressão de que foi bom que tal fato ruim ocorresse. Este viés foi percebido tanto em pesquisas internacionais - como as de Deegan, Rankin e Tobin (2002, p. 312) e Hackston e Milne (1996, p. 77) – quanto em pesquisas nacionais, como a de Dias e Siqueira (2005, p. 14). Deegan, Rankin e Tobin (2002, p. 312), examinaram as demonstrações sociais e ambientais de uma das maiores empresas Australianas, a BHP Ltd, num período de 15 anos (1983 – 1997) encontrando uma tendência de ser dada ênfase à divulgação de informações positivas em detrimento das negativas. Fato semelhante ocorreu com Dias e Siqueira (2005, p. 14), que ao analisarem os Balanços Sociais da Petrobras do período de 2000 a 2005 perceberam que em todos os anos o viés para potencialização de resultados positivos aparecia, apesar da freqüência do mesmo vir sendo reduzida em termos relativos. Deve-se ficar atento ao conteúdo a ser apresentado no Balanço Social, pois a medida em que ele passa a conter preocupação excessiva com a evidenciação de informações relacionadas a projetos e benfeitorias sociais e ambientais patrocinados pela empresa, ele pode perder o foco, levantando a questão: será que estariam algumas organizações “publicando somente as boas ações e deixando de 66 Resumir o Balanço Social à “apenas” um instrumento de marketing é não entender a sua real função e incorrer no mesmo erro cometido por algumas empresas, que evidenciam somente o lado positivo de sua atuação ou dão maior ênfase a este ponto, preocupando-se somente com os eventuais retornos benefícios que a publicação do mesmo poderá proporcionar. Assim, a utilização deste viés está diretamente relacionado com o uso do Balanço Social como instrumento de marketing. Como já comentado, para um relatório de qualidade se faz necessário que sejam evidenciados tanto aspectos positivos, quanto negativos, sem maior ênfase a algum destes pontos especificamente, apenas os fatos devem receber a atenção relativa a sua proporção, pois caso isto não ocorra, a utilidade do Balanço Social poderá ser posta em questão. 3.3.4. Abrangência Outro ponto que compromete a qualidade do Balanço Social está relacionado à abrangência do mesmo, ao não fornecer todas as informações necessárias à verdadeira análise das ações da empresa. Conforme Siqueira e Vidal (2003, p. 4) esta abrangência está diretamente relacionada com a contemplação de quatro vertentes do Balanço Social propostas pela FIPECAFI (2000, p. 31): Balanço de Recursos Humanos; Benefícios e Contribuições à Sociedade; Balanço Ambiental; e DVA, conforme comentado no Capítulo 2, sub-tópicos 2.4 e 2.5.2. Conforme Siqueira e Vidal (2003, p. 4), o modelo IBASE se “aproxima da junção destas quatro vertentes”. Já os indicadores do GRI são divididos em três vertentes relativas ao desempenho econômico, ambiental e social. Faltaria apenas a vertente da DVA 67 para que todas as vertentes da FIPECAFI fossem atendidas. No entanto, se a DVA for encarada como um instrumento de quantificação dos aspectos redistributivos das operações da empresa, então o GRI atenderá a todas as quatro vertentes citadas acima, visto que nos indicadores econômicos estes aspectos redistributivos são contemplados. Pesquisa realizada por Cunha e Ribeiro (2004, p. 13 e 14) concluiu que as empresas brasileiras, gradativamente, vêm passando a fornecer informações que vão além de dados meramente sobre Recursos Humanos, mas apesar disto, apenas três empresas, de uma análise envolvendo 284, apresentaram todas as vertentes necessárias para que a demonstração social fosse considerada abrangente, sendo que este último fato veio a corroborar com estudo realizado anteriormente por Siqueira e Vidal (2003, p. 12). 3.3.5. Transparência Nelson Carvalho, em entrevista a Varella (2002, p. 17), afirma que é de conhecimento geral que “transparência induz, automaticamente, à conduta adequada – quando todos conhecem o que fazemos, tendemos a fazê-lo de maneira mais acertada possível”. O mesmo se referia às demonstrações financeiras, porém este comentário é válido também para o Balanço Social. Siqueira e Vidal (2003, p. 9-11) destacam três pontos relativos à maior transparência das demonstrações sociais que se fazem necessários para haver qualidade e credibilidade das informações, que são: (1) a presença de notas explicativas associadas às informações; (2) a identificação de um responsável pelo conteúdo do relatório; e (3) a realização de uma auditoria. As demonstrações contábeis financeiras possuem uma série de notas explicativas associadas aos relatórios. Estas notas transformam uma conta sintética 68 em analítica, evidenciam a ocorrência de mudança de critérios, explicam mais detalhadamente o que levou a ocorrência de fatos relevantes etc. Enfim, são de grande utilidade para o bom entendimento das Demonstrações Financeiras (FIPECAFI, 2000, p.29). Assim, as Demonstrações Sociais (que contemplam informações ambientais, sociais e econômicas) deveriam receber o mesmo tratamento. Notas explicativas se fazem necessárias, por exemplo, para detalhamento de fórmulas para se chegar a determinados dados e para colocar um parâmetro de comparação quando da existência de dados muito específicos, garantindo aos usuários informações claras e completas sobre a organização. A exigência de identificação do responsável pelas informações contidas no Balanço Social é necessária para que haja maior credibilidade relativa às informações, a medida em que esta pessoa responderia por possíveis imprecisões divulgadas aos stakeholders, servindo, também, como um interlocutor entre esta última e a empresa (CARVALHO e SIQUEIRA, 2005b, p. 8 e 9). Por último tem-se a figura da auditoria, que serviria como um fiscal assegurando a veracidade das informações. Segundo Tinoco (2002, p. 71), a auditoria do Balanço Social juntamente com outros relatórios “permite aos empresários e aos agentes sociais identificar, medir e agir sobre os fatos sociais vinculados à empresa, tanto interna como externamente”. Apesar disto, Beets e Souther (1999, 129), ao analisarem o parecer da auditoria externa dos relatórios das empresas, observaram que no corpo do texto do parecer não é feita nenhuma menção ao Balanço Social, fazendo com que seja questionada a credibilidade dos Relatórios Sociais e, conseqüentemente, a transparência dos mesmos. 69 Adams e Evans (2004, p. 98) também comentam a necessidade de maior transparência nas demonstrações sociais, pois estas necessitam de maior integridade (honestidade) e credibilidade. Entretanto, conforme Beets e Souther (1999, p. 137), há ainda a necessidade de serem determinados padrões de auditoria para o Balanço Social, pois ainda não há um parecer que atenda a esta necessidade específica, o que levanta dúvidas sobre a capacidade técnica das empresas de auditoria externa em emitir uma opinião sobre tais demonstrações. Exemplo da necessidade de que haja padronização dos procedimentos da auditoria foi notado por Dias e Siqueira (2005, p. 9), que observaram que apenas “alguns dados” do Balanço Social da Petrobras de 2003 foram “revisados” por auditores externos e o procedimento utilizado para esta revisão foi pré-acordado entre a empresa de auditoria e a Petrobras. Pode-se levantar o questionamento a respeito do que foi pré-acordado, além do fato de não existir a presença de um “parecer” mas sim de uma “revisão de alguns dados”, o que compromete a transparência e a credibilidade das informações pela falta de independência da Petrobras ao ser ela mesma que acorda os procedimentos a serem utilizados na revisão de alguns dados do Balanço Social da Companhia. Fato semelhante já havia sido identificado no exterior através da pesquisa de Adams e Evans (2004, p. 106), onde a empresa de auditoria Deloitte & Touche, no Relatório Social, indicava explicitamente: “o escopo e o trabalho executado impossibilitam-nos de indicar uma opinião a respeito de se todas as figuras no relatório são completas e exatas”. Em virtude do ocorrido, os auditores não puderam atestar à integralidade e a credibilidade do relatório, logo, não existe o auxílio aos 70 stakeholders que consultam o “parecer” da auditoria para conseguir algum nível de garantia. 3.3.6. Tempestividade Conforme o capítulo XV, artigos 175 e 176 da Lei das Sociedades Anônimas (2002, p. 78), o Exercício Social da empresa terá duração de um ano e ao seu término, a Diretoria deverá elaborar as demonstrações financeiras da organização. Do outro lado desta realidade encontram-se as demonstrações sociais, que, como não há a obrigatoriedade de publicação das mesmas, apresentam casos de algumas empresas que já as publicaram mais de um ano depois do término do exercício ao qual se referiam, bem depois da data de publicação das demonstrações financeiras (SIQUEIRA, 2003, p. 115). Ora, as duas demonstrações apresentam informações complementares e deveriam ser publicadas simultaneamente e, de preferência, de forma integrada, sendo que isto também beneficiaria a comparabilidade entre os Balanços Sociais de diferentes empresas, a medida em que o relatório delas fossem referentes ao mesmo período de atuação (GRI, 2002, p. 16). Para o GRI (2002, p. 22), a tempestividade destes Relatórios Sociais está intimamente ligada ao fato de que “as partes interessadas devem receber informações [...] em prazos que permitam seu uso efetivo”. Ainda segundo o GRI (2002, p. 28): O valor prático da informação para as partes interessadas está fortemente ligado à periodicidade e regularidade de sua divulgação. A periodicidade maximiza a utilidade e a absorção da informação, permitindo que ela faça parte do processo decisório dos usuários. Assim como ocorre com relatórios financeiros, os relatórios sobre desempenho econômico, ambiental e social se tornam mais úteis quando os usuários contam com uma divulgação regular e pontual. Informes especiais podem ser emitidos sempre que ocorram acontecimentos inesperados. 71 Caso o Balanço Social não seja divulgado a tempo hábil, o objetivo ao qual ele é proposto poderá ser comprometido (SIQUEIRA, 2003, p. 115). 3.4. GRI 3.4.1. Breve Histórico Em 1997, foi criado nos EUA o Global Reporting Initiative (GRI), através de uma iniciativa conjunta da Organização Não-Governamental norte-americana Coalition for Environmentally Responsible Economics (CERES) e do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP - United Nations Environmental Programme). Conforme Paschoal (2005): O GRI é uma instituição independente, com sede em Amsterdã, na Holanda, e atualmente é um centro de colaboração oficial do UNEP, trabalhando ainda em cooperação com o Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, através do Global Compact [Pacto Global]. O objetivo do GRI é melhorar a qualidade, o rigor e a aplicabilidade dos relatórios de sustentabilidade, auxiliando a organização relatora e suas partes interessadas a articular e compreender suas contribuições para o desenvolvimento sustentável, porque elabora padrões para a apresentação destes relatórios de forma independente, transparente e constantemente aperfeiçoada (GRI, 2002, p. 1 e CRAWFORD, 2005). Em 2002, 135 empresas usaram os indicadores do GRI para elaborar seus relatórios anuais. Nos primeiros cinco meses de 2003, este número chegou a 253, em 26 países. Já em 2005, estimava-se que 600 empresas o adotariam (PASCHOAL, 2005). No entanto, esta estimativa mostrou-se sub-avaliada, pois até 14 de outubro de 2005, conforme o GRI (2005), 728 empresas informaram a organização que o utilizavam de alguma forma, sendo que destas dez representam o Brasil. Young – presidente do UniEthos e do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, que foi eleito recentemente membro do Conselho Diretor do GRI – afirma que "a Natura é o melhor exemplo de aplicação das diretrizes do GRI no Brasil" (ETHOS, 2005d). Young, em artigo publicado por Ethos (2005d), também afirma que o GRI: [...] contribui para a gestão social e ambientalmente responsável de uma empresa principalmente por sua amplitude. Seu modelo vem sendo usado por organizações internacionais, em diferentes situações e legislações, além de ter sido reconhecido pelo Pacto Global. Do ranking da SustainAbility, 47 empresas adotam suas diretrizes. O aumento da procura pela apresentação de relatório de sustentabilidade foi percebido em parte pela demanda dos investidores - que estão com interesses cada vez maiores sobre os riscos unidos ao social, ético e impactos ambientais do negócio - e em parte por desenvolvimentos de indicadores como o GRI (COWE, 2003a, p. 14). O GRI elaborou as Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade (Diretrizes) baseadas num processo consensual a fim de criarem relatórios que possam alcançar aceitação mundial. Para isto, há a participação ativa de representantes da indústria, das áreas de contabilidade, investimento, ambiente, direitos humanos e organizações de trabalho de várias partes do mundo, que enviam sugestões e comentários (GEE e SLATER, 2005, p. 30). O próprio Conselho do GRI afirma que os indicadores desenvolvidos pela instituição ainda estão em fase de aperfeiçoamento, usando a expressão “aprender fazendo” para definir como está sendo o processo de reformulação das Diretrizes. Para isto, desde o do primeiro esboço das Diretrizes, em 1999, foram iniciadas as revisões, que culminaram com o seu lançamento efetivo em 2000, e após isto, uma 73 momento para que haja nova série de aperfeiçoamentos, os quais farão com que brevemente saia outra reformulação (GRI, 2002, p. 1). A terceira edição das Diretrizes do GRI está sendo preparada e será publicada em 2006. O Business for Social Responsibility (BSR), uma organização norte-americana com mais de 250 empresas publicou um relatório com uma série de recomendações para ajudar a desenvolver a terceira edição do guia do GRI. Segundo o diretor do BSR, Dunstan Hope, “as empresas estão contribuindo para o guia, ninguém pensa em fazer uma revisão. As empresas querem uma evolução, não uma revolução na responsabilidade social” (COWE, 2003b, p. 1). A nova edição deverá resultar em um relatório mais fácil e em um aumento no número das organizações que farão uso dela (GEE e SLATER, 2005, p. 30). Estes aperfeiçoamentos constantes fazem analogia com os sofridos pelos relatórios financeiros, que conforme o GRI (2002, p. I), a mais de meio século estão evoluindo com o acompanhamento permanente do público. Com isto o GRI (2002, p. 63) tenta “elevar as práticas de relatórios de sustentabilidade a um nível equivalente às práticas de relatórios financeiros, buscando comparabilidade, credibilidade, rigor, periodicidade e legitimidade da informação” (GRI, 2002, p. 63). 3.4.2. Contribuições do GRI As contribuições fornecidas pelo GRI têm sido elogiadas por diversos autores. Para Barbosa (2005), o GRI é “considerado o mais sofisticado dos balanços sociais [...] exigindo desde informações sobre impacto ambiental da atividade da empresa até avaliações qualitativas do resultado dos investimentos sociais”. Cowe (2003a, p. 14) e Adams e Evans (2004, p. 97) afirmam que este “modelo” está sendo considerado o menos suscetível a tendências, fornecendo às organizações que o 74 adotam indicadores não enviesados para que sejam incluídos no seu Relatório Social, dando maior garantia referente à independência do relatório, fornecendo-o uma credibilidade adicional. Para que uma organização o utilize basta haver interesse em fazê-lo, pois a adesão ao mesmo ocorre de modo voluntário, sendo independente de tipo, tamanho ou localidade da mesma (WOFFORD, 2002, p. 9). A divulgação das informações sugeridas pelas Diretrizes do GRI vai além dos aspectos financeiros das atividades, produtos e serviços. Os relatórios apresentam o triple bottom line (ou resultado triplo) comparáveis entre si, que representam o desempenho sobre as perspectivas econômica, ambiental e social da organização, de forma integrada, sendo que o equilíbrio nas complexas relações atuais entre estas três perspectivas de forma que não comprometam o desenvolvimento futuro faz com que seja alcançada a sustentabilidade, daí o termo “relatório de sustentabilidade” para designar este relatório (GRI, 2002, p. 1, 9; ADAMS, 2004, p. 16). As Diretrizes aconselham que o Relatório Social seja elaborado e divulgado juntamente com o financeiro, pois acredita que os mesmos possuem informações complementares, sendo que o primeiro deverá ser elaborando levando-se em consideração os interesses dos seus usuários, que não são basicamente os acionistas, como os do relatório financeiro (GRI, 2002, p. 16). A adoção às Diretrizes do GRI poderá ocorrer de forma gradual, através de uma “adesão informal”, iniciando com a utilização parcial aos princípios e/ou do conteúdo das Diretrizes e progressivamente alcançando um nível mais completo de adesão, o qual poderá chegar a um relatório “de acordo com” as Diretrizes, que ocorre quando são seguidas estritamente as recomendações do GRI, atingindo o 75 ideal de maximizar a comparabilidade entre relatórios através de procedimentos comuns para a sua elaboração (GRI, 2002, p. 13 e 14). A fim de reivindicar que seu relatório está “de acordo” com as Diretrizes do GRI, as demonstrações devem satisfazer a cinco condições, que incluem a consistência com os princípios do GRI; a divulgação de informações específicas da visão e da estratégia da empresa, do perfil organizacional, do escopo do relatório, da governança e gerência dos sistemas; e informar cada um dos indicadores essenciais ou fornece uma explanação para sua omissão (ADAMS e EVANS, 2004, p. 100). Como pode ser observado na figura a seguir, a medida em que mais indicadores do GRI forem sendo utilizados, o grau de transparência do relatório deverá aumentar, pois passará a cobrir um número maior de itens que proporcionarão uma estrutura mais completa, levando a uma comparabilidade para com o relatório de outras empresas (GRI, 2002, p. 15). Figura 2: Opções para Relatórios do GRI maior 76 Fonte: GRI (2002, p. 15). Conforme Ribeiro (2005, p. 122-123), as Diretrizes têm o objetivo de propiciar direcionamento para que os relatórios: • “apresentassem uma visão clara do impacto ecológico e humano da empresa, a fim de apoiar a tomada de decisão quanto a investimentos, parcerias ou terceirização; • proporcionassem às partes interessadas informações confiáveis e relevantes; • apoiassem a avaliação e melhoria contínua do seu desempenho e progresso; • respeitassem e ampliassem, consistentemente, os critérios externos já estabelecidos e aceitos para a elaboração de relatórios, a fim de lhe garantir transparência e credibilidade; • apresentassem formato compreensível, que facilitasse a comparação com relatórios emitidos por outras organizações; • complementassem outras formas de comunicação, incluindo as de natureza financeira; e • ilustrassem a relação entre os três elementos da sustentabilidade: o econômico (que inclui a informação financeira, mas não se limita a ela), o ambiental e o social”. No entanto, o próprio GRI faz questão de ressaltar que as Diretrizes não têm como função governar o comportamento das organizações, mas sim contribuir apenas para a descrição dos resultados obtidos com a utilização dos procedimentos, códigos de conduta e sistemas de gestão (GRI, 2002, p. 11). 77 A utilização adequada do GRI proporciona uma visão ampla a respeito das atividades da organização e a respeito dos sub-produtos indesejáveis criados a partir da atividade operacional da entidade, pois os indicadores foram desenvolvidos de tal forma que também evidencie os aspectos negativos da atividade econômica (GRI, 2002, p. 25; DIAS e SIQUEIRA, 2005, p. 1). 3.4.3. Os Indicadores de Desempenho Os indicadores de desempenho do GRI são organizados de forma hierárquica, por categoria, aspecto e indicador, agrupados em três grupos: econômico, ambiental e social. O quadro a seguir fornece uma visão geral da estrutura dos mesmos. 78 Quadro 2: Visão geral da estrutura dos indicadores do GRI EC ON ÔMI CA AM BI EN TA L SO CI AL CATEGORIA Impactos econômicos diretos ASPECTOS Clientes Fornecedores Funcionários Investidores Setor público Impactos ambientais Materiais Energia Água Biodiversidade Emissões e resíduos Fornecedores Produtos e serviços Adequação à legislação Transporte Total Práticas trabalhistas Emprego Relações com funcionários Saúde e segurança Treinamento e educação Diversidade e oportunidade Direitos humanos Estratégia e gestão Não-discriminalização Liberdade de associação e de negociação coletiva Trabalho Infantil Trabalho forçado e compulsório Procedimentos disciplinares Procedimentos de segurança Direitos indígenas Sociedade Comunidade Suborno e corrupção Contribuições políticas Competição e política de preços Responsabilidade sobre produtos e Saúde e segurança dos consumidores serviços Produtos e serviços Propaganda Respeito à privacidade Fonte: GRI (2002, p. 34). Para o GRI (2002, p. 43), o desempenho econômico tem por objetivo refletir as “mudanças observadas no status econômico das partes interessadas em conseqüência das atividades da organização, em vez de centrar-se nas mudanças na condição financeira da própria organização”. A dimensão ambiental do relatório refere-se aos impactos causados pela organização aos diversos sistemas naturais vivos ou não, incluindo ecossistemas, terra, ar e água (GRI, 2002, p. 46). 79 E, por fim, a dimensão social, que irá refletir os impactos causados pela organização aos sistemas sociais nos quais opera. Esta dimensão pode ser acompanhada através “de uma análise do impacto da organização sobre as partes interessadas em nível local, nacional e global. Em alguns casos, os indicadores sociais influenciam os bens intangíveis da organização, tais como capital humano e reputação” (GRI, 2002, p. 49). Dentro de cada uma das três dimensões comentadas acima existem diversos indicadores de desempenho, que por sua vez são classificados em: essenciais e adicionais. 3.4.3.1. Indicadores Essenciais Os indicadores essenciais são aqueles que apresentam duas características: são relevantes para a maioria das organizações relatoras e são importantes para a maioria das partes interessadas (GRI, 2002, p. 12). Porém, como citado, estes indicadores são relevantes para a maioria das partes interessadas ou organizações, porém não para todas. Em alguns casos, eles nem ao menos podem ser aplicados devido às informações referentes a eles não se adequarem à realidade da organização. Em uma organização que possui a elaboração do relatório “de acordo com” o GRI, como comentado anteriormente por Adams e Evans (2004, p. 100), se faz necessária à apresentação de justificativa para quando um destes indicadores não for apresentado (no caso das empresas brasileiras, apenas a Natura tem esta obrigação). A seguir são apresentados todos os indicadores essenciais elaborados pelo GRI, distribuídos conforme o desempenho econômico, ambiental e social. 80 Quadro 3: Indicadores Essenciais do GRI de Desempenho Econômico INDICADORES DE DESEMPENHO ECONÔMICO Consumidores EC1. Vendas líquidas. EC2. Análise regional de mercado. Fornecedores EC3. Custo dos bens, materiais e serviços adquiridos. EC4. Porcentagem de contratos pagos segundo os termos estabelecidos, exceto disposições acordadas no que tange a penalidades. Empregados :EC5. Total da folha de pagamento e benefícios (incluindo salários, pensões, outros benefícios e pagamentos de indenização por demissão), agrupados por país ou região. Investidores EC6. Distribuições para investidores, discriminadas por juros sobre dívidas e empréstimos, e dividendos em todos os tipos de ações, apontando-se qualquer atraso no pagamento de dividendos preferenciais. EC7. Aumento/decréscimo em ganhos retidos ao fim do período. Setor Público EC8. Soma de todos os tipos de impostos já pagos, discriminados por país. EC9. Subsídios recebidos de acordo com o país ou região. EC10. Doações à comunidade, à sociedade civil e a outros grupos, em dinheiro ou em espécie, discriminadas por tipo e por grupo. Fonte: Adaptado do GRI (2002, p. 45 e 46). 81 Quadro 4: Indicadores Essenciais do GRI de Desempenho Ambiental INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL Material EN1. Uso total de materiais por tipo (exceto água). EN2. Porcentagem de materiais utilizados que eram resíduos (processados ou não) de fontes externas à organização relatora. Energia EN3. Consumo direto de energia, segmentado por fonte primária. EN4. Consumo indireto de energia. Água EN5. Consumo total de água. Biodiversidade EN6. Localização e tamanho das terras pertencentes à organização, arrendadas ou administradas por ela em habitats ricos em biodiversidade. EN7. Descrição dos principais impactos sobre a biodiversidade associados a atividades e/ou produtos e serviços em ambientes terrestres, de água doce ou marítimos. Emissões, efluentes e resíduos EN8. Emissões de gases causadores do efeito estufa (CO2, CH4, N2O, HFCs, PFCs, SF6). EN9. Uso e emissões de substâncias destruidoras de ozônio. EN10. NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, pelo tipo. EN11. Quantidade total de resíduos por tipo e destino. EN12. Descargas significativas na água (especificar por tipo). EN13. Derramamento significativo de produtos químicos, óleos e combustíveis pelo número total de ocorrências e pelo volume total. Produtos e serviços EN14. Impactos ambientais significativos dos principais produtos e serviços. EN15. Porcentagem recuperável dos produtos vendidos ao fim do seu ciclo de vida e porcentagem efetivamente recuperada. Concordância EN16. Incidentes ou multas por não-cumprimento das declarações, convenções, tratados internacionais, legislação nacional, sub-nacional, regional e local sobre assuntos ambientais. Fonte: Adaptado do GRI (2002, p. 47-49). 82 Quadro 5: Indicadores Essenciais do GRI de Desempenho Social INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: práticas trabalhistas e trabalho decente Emprego LA1. Especificar a mão-de-obra, se possível por região ou país, status (empregados ou não), tipo de emprego (tempo integral ou parcial) e tipo de contrato de trabalho (permanente, por tempo determinado ou temporário). LA2. Criação de empregos e rotatividade, por região/país. Trabalho/Relações de Administração LA3. Porcentagem de empregados representados por organizações sindicais independentes ou outros representantes legítimos, ou porcentagem de empregados amparados por acordos de negociação coletiva, por região/país. LA4. Política e procedimentos envolvendo informação, consulta e negociação com empregados a respeito de mudanças nas operações da organização relatora (por exemplo, reestruturação). Saúde e segurança LA5. Práticas sobre registro e notificação de acidentes e doenças ocupacionais, e como elas estão relacionadas com o Código de Prática da OIT sobre Registro e Notificação de Acidentes e Doenças Profissionais. LA6. Descrição de comitês formais sobre saúde e segurança, incluindo representantes da administração e dos trabalhadores, e parcela da mão-de-obra atendida por qualquer um desses comitês. LA7. Lesões típicas, dias perdidos, índice de absenteísmo e número de óbitos relacionados ao trabalho (incluindo trabalhadores sub-contratados). LA8. Descrição de políticas ou programas (para o ambiente de trabalho e fora dele) a respeito de HIV/Aids. Treinamento e educação LA9. Média de horas de treinamento por ano, por empregado e por categoria. Diversidade e oportunidades LA10. Descrição de políticas ou programas de iguais oportunidades, bem como sistemas de monitoramento para garantir o seu cumprimento. LA11. Composição do corpo diretivo e do grupo responsável pela governança corporativa (incluindo o quadro de diretores), observando-se a proporção homem/mulher e outros indicadores de diversidade culturalmente apropriados. Indicadores de Desempenho Social: direitos humanos Estratégia e administração HR1. Descrição de políticas, diretrizes, estrutura corporativa e procedimentos para lidar com todos os aspectos dos direitos humanos relevantes nas operações da organização, incluindo mecanismos de monitoramento e resultados. HR2. Evidência de consideração dos impactos sobre os direitos humanos como parte de investimentos e tomadas de decisão de compra, incluindo a seleção de fornecedores ou contratados. HR3. Descrição de políticas e procedimentos para avaliar e abordar o desempenho em direitos humanos dentro da cadeia de fornecedores e contratados, incluindo sistemas e resultados de monitoramento. Não-discriminação HR4. Descrição de política global e procedimentos ou programas que previnam todas as formas de discriminação, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento. Liberdade de associação e negociação coletiva 83 HR5. Descrição da política de liberdade de associação e a extensão pela qual essa política é universalmente aplicada, independentemente das leis locais, bem como descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto. Trabalho infantil HR6. Descrição de políticas que excluam o trabalho infantil, conforme definido pela Convenção 138 da OIT, e a determinação e aplicação visível dessa política, bem como a descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento. Trabalho forçado e compulsório HR7. Descrição de políticas para prevenir o trabalho forçado e compulsório, e a extensão pela qual essas políticas são visivelmente estabelecidas e aplicadas, bem como descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento. Indicadores de Desempenho Social: sociedade Comunidade SO1. Descrição de políticas para gerenciar impactos sobre as comunidades que vivem em áreas afetadas pelas atividades da organização, bem como descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento. Suborno e corrupção SO2. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade para organizações e empregados com relação a suborno e corrupção. Contribuições políticas SO3. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade para a administração de lobbies e contribuições políticas. Indicadores de Desempenho Social: responsabilidade sobre o produto Saúde e segurança do consumidor PR1. Descrição de políticas para preservar a saúde e a segurança do consumidor durante o uso de produtos e serviços, e a extensão pela qual essas políticas são visivelmente estabelecidas e aplicadas, bem como descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento. Produtos e serviços PR2. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade relacionados a informações sobre o produto e sua rotulagem. Respeito à privacidade PR3. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de respeito à privacidade do consumidor. Fonte: Adaptado de GRI (2002, p. 50 – 54). 3.4.3.2. Indicadores Adicionais Os indicadores adicionais são assim classificados por apresentarem pelo menos uma das características a seguir (GRI, 2002, p. 79): 84 (1) são uma prática tradicional de medição econômica, ambiental ou social, mas é usado por poucas organizações relatoras; (2) fornecem informações relevantes para as partes interessadas e especialmente importantes para a entidade relatora; e (3) são “candidatos” ao conjunto de indicadores essenciais no futuro. As Diretrizes do GRI vivem em processo constante de aperfeiçoamento, buscando, através de experiências vividas pelas organizações que as utilizam, se adequar a diversas realidades, para isto criam os protocolos técnicos e suplementos setoriais, que são documentos que não se aplicam a todas as realidades. A existência de indicadores adicionais se justifica também por estes motivos (GRI, 2002, p. 11). Os indicadores adicionais elaborados pelo GRI serão apresentados a seguir, distribuídos conforme o desempenho econômico, ambiental e social. Quadro 6: Indicadores Adicionais do GRI de Desempenho Econômico INDICADORES DE DESEMPENHO ECONÔMICO Fornecedores EC11. Classificação de fornecedores por organização e país. Setor Público EC12. Total gasto no desenvolvimento de infra-estruturas para negócios não-centrais. EC13. Impactos econômicos indiretos da organização. Fonte: Adaptado do GRI (2002, p. 45 e 46). 85 Quadro 7: Indicadores Adicionais do GRI de Desempenho Ambiental Indicadores de Desempenho Ambiental Energia EN17. Iniciativas para uso de fontes de energia renováveis e para aumentar a eficiência da energia empregada. EN18. Consumo anual de energia para os principais produtos, ou seja, exigências anuais de energia durante a vida do produto. EN19. Outros usos indiretos de energia (exploração, produção e comercialização) e suas implicações, tais como viagens de negócios, administração do ciclo de vida do produto e uso de materiais que requerem muita energia. Água EN20. Fontes de água e ecossistemas/habitats significativamente afetados pelo consumo de água. EN21. Remoção anual de solo e água de superfície em relação à quantidade anual renovável de água disponível. EN22. Reciclagem e reutilização total de água. Biodiversidade EN23. Quantidade total de terras possuídas, arrendadas ou administradas para atividades de produção ou uso extrativo. EN24. Quantidade de superfície impermeável em relação a terras compradas ou arrendadas, em porcentagem. EN25. Impactos de atividades e operações sobre áreas protegidas ou sensíveis. EN26. Mudanças nos habitats naturais resultantes de atividades e operações e percentual protegido ou restaurado. EN27. Objetivos, programas e metas para proteger e restaurar ecossistemas e espécies nativas em áreas degradadas. EN28. Número de espécies na Lista Vermelha da UICN com habitat em áreas afetadas pelas operações. EN29. Unidades de negócios operando ou planejando operações em áreas protegidas ou sensíveis, ou ao seu redor. Emissões, efluentes e resíduos EN30. Outras emissões indiretas relevantes de gases causadores do efeito estufa. EN31. Toda a produção, transporte, importação e exportação de qualquer resíduo considerado prejudicial pelos termos da Convenção da Basiléia. EN32. Fontes de água (e ecossistemas ou habitats relacionados) significativamente afetados pela descarga e escoamento de água Fornecedores EN33. Desempenho dos fornecedores relativo aos componentes ambientais de programas e procedimentos descritos em resposta à seção “Estrutura de Governança e Sistemas de Gestão” (3.16). Transporte EN34. Impactos ambientais significativos de transporte utilizado. Geral EN35. Total de gastos ambientais e especificação por tipo. Fonte: Adaptado do GRI (2002, p. 47-49). 86 Quadro 8: Indicadores Adicionais do GRI de Desempenho Social INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: práticas trabalhistas e trabalho decente Emprego LA12. Benefícios de empregados além dos previstos por lei. Trabalho/Relações de Administração LA13. Provisão para representação formal de trabalhadores em tomadas de decisão ou administração, incluindo governança corporativa. Saúde e segurança LA14. Evidência de conformidade substancial com as Guidelines on Occupational Safety and Health Management Systems (Diretrizes sobre Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho). LA15. Descrição de acordos formais com sindicatos ou outros representantes legítimos dos trabalhadores, envolvendo saúde e segurança no trabalho; proporção da força de trabalho amparada por qualquer desses acordos. Treinamento e educação LA16. Descrição de programas para apoiar a continuidade da empregabilidade dos funcionários e para gerenciar fins de carreira. LA17. Políticas e programas específicos para gestão de habilidades ou aprendizado para toda a vida. Indicadores de Desempenho Social: direitos humanos Estratégia e administração HR8. Treinamento de empregados em políticas e práticas concernentes a todos os aspectos dos direitos humanos relevantes para as operações. Práticas de disciplina HR9. Descrição de processos judiciais, incluindo questões relativas aos direitos humanos. HR10. Descrição de política de não-retaliação e sistema efetivo e confidencial de recebimento das queixas dos funcionários (incluindo seus impactos sobre os direitos humanos). Práticas de segurança HR11. Treinamento em direitos humanos para segurança dos funcionários. Direitos indígenas HR12. Descrição de políticas, diretrizes e procedimentos para tratar das necessidades de indígenas. HR13. Descrição de mecanismos para atendimento de queixas e de reclamações da comunidade indígena. HR14. Parte da receita operacional distribuída para comunidades indígenas locais. INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: sociedade Comunidade SO4. Prêmios recebidos que sejam relevantes para o desempenho social, ético e ambiental. Contribuições políticas SO5. Quantia de dinheiro paga a partidos políticos e instituições cuja principal função consiste em financiar partidos políticos ou seus candidatos. Competições e preços SO6. Decisões legais com respeito a casos referentes à legislação antitruste e de regulamentação de monopólio. SO7. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade para prevenção de práticas de concorrência desleal. 87 INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: responsabilidade sobre o produto Saúde e segurança do consumidor PR4. Número e tipo de instâncias de não-conformidade com a legislação referente à saúde e segurança do consumidor, incluindo penalidades e multas impostas por essas violações. PR5. Número de reclamações recebidas por organismos regulatórios ou organizações oficiais similares para inspecionar ou regular a garantia de saúde e segurança no uso de produtos e serviços. PR6. Conformidade voluntária a um código de conduta, selos nos rótulos dos produtos que a organização está qualificada para utilizar ou prêmios referentes a responsabilidade social e/ou ambiental que recebeu. Produtos e serviços PR7. Número e tipo de instâncias de não-conformidade com a legislação referente a informações e rotulagem do produto, incluindo qualquer penalidade ou multa imposta por essas violações. PR8. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade relacionados à satisfação do consumidor, incluindo resultados de pesquisas sobre o assunto. Propaganda PR9. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade para adesão a padrões e códigos voluntários relacionados à propaganda. PR10. Número e tipos de violação de regulamentações de propaganda e marketing. Respeito à privacidade PR11. Número de reclamações registradas com respeito à violação da privacidade de consumidores. Fonte: Adaptado de GRI (2002, p. 45 – 54). Cabe lembrar que os indicadores adicionais referem-se a práticas de informações voluntárias dentro do GRI, não se fazendo necessária justificativa para a sua não utilização, como no caso da omissão dos indicadores essenciais. No entanto, o emprego dos mesmos demonstra que a entidade relatora possui grande interesse em buscar fornecer o máximo de informações as suas partes interessadas, primando por transparência e credibilidade (GRI, 2002, p. 17). 88 CAPÍTULO 4 Procedimentos Metodológicos O objetivo deste capítulo é apresentar os procedimentos metodológicos adotados para o desenvolvimento desta pesquisa. Para isto, inicia-se fazendo um relato sobre o que vem a ser ciência, método e metodologia, onde as classificações deste estudo são apresentadas. Posteriormente, é apresentada a população a ser analisada, a forma como se deu a coleta de dados e o tratamento sofrido pelos mesmos para que o objetivo geral desta pesquisa fosse alcançado, que é apresentar o grau de aderência completa aos indicadores essenciais do GRI pelas empresas brasileiras. 4.1. Ciência, Método e Metodologia A Ciência, conforme Fachin (2001, p. 23), “é um progresso permanente de acúmulo de conhecimentos sobre algo e de ações racionais, sistemáticas, exatas e verificáveis, capazes de transformá-lo”. A preocupação com ela já existia desde a antiguidade, porém faltavam métodos e observação dos acontecimentos (FACHIN, 2001, p. 22), que por sua vez, se fazem necessários para que determinado conhecimento seja considerado Ciência (LAKATOS e MARCONI, 1991 apud PEREIRA, 2000, p. 18). Assim, a metodologia científica irá corresponder, conforme Pereira (2000, p. 18), “ao estudo dos métodos empregados nas ciências, seus fundamentos, sua validade e sua relação com as teorias científicas”. Isto faz com que, segundo o mesmo autor, o método científico consista “num conjunto ordenado de 89 procedimentos para obtenção de conhecimento científico sobre determinado fenômeno”. Com a evolução das ciências, começou a surgir à preocupação com a sua divisão, a partir da dificuldade do domínio de todas pelos cientistas, fazendo com que ocorressem diversas ramificações, dando origem às classificações da ciência (FACHIN, 2001, p. 16). Uma das classificações modernas existentes é a proposta por Lakatos e Marconi (1982, p. 27) apud Fachin (2001, p. 20), na qual a ciência se classifica da seguinte forma: Figura 3: Classificação da Ciência Exatas matemática e lógica Tecnológica computação Naturais química, física, biologia Humanas sociologia, antropologia, política, Formais CIÊNCIAS Factuais histórica, psicologia, economia, educação etc. Fonte: Fachin (2001, p. 21). No entanto, deve-se considerar a inter-relação entre as diversas subclassificações das ciências. A presente pesquisa classifica-se como Ciências factuais humanas, sendo que engloba, predominantemente, as áreas da sociologia, política, economia e contábil. Quanto ao tipo de pesquisa pedagógica adotada, trata-se de uma pesquisa descritiva, pois, conforme Salomon (1999, p. 160), para o alcance do objetivo 90 proposto irá compreender: “descrição, registro, análise e interpretação da natureza atual ou processos dos fenômenos”. Quanto à modalidade, trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental. A primeira servirá para informar o contexto onde surge a necessidade do estudo da responsabilidade social das empresas, o que houve para o crescimento de debates sobre a questão social, sobre a relação da contabilidade com as demonstrações sociais, enfim, o que se tem falado a respeito do tema. E de forma a fornecer uma visão prática do que vem ocorrendo referente à busca por maior transparência pelas empresas, surge à pesquisa documental, que, conforme Salomon (1999, p. 161), consiste no “exame sistemático de informes ou documentos como fontes de dados”. Por intermédio dela, serão analisados os Relatórios Sociais das empresas selecionadas para a pesquisa, onde se buscará o elo entre a teoria e a prática relativa à evidenciação de informações sobre a responsabilidade social das empresas. Ressalta-se que, para complementar algumas informações referentes aos Relatórios Sociais das empresas estudadas, foram realizadas entrevistas telefônicas com os responsáveis pelos Relatórios Sociais. 4.2. Delimitação do universo Como a pesquisa objetiva analisar o grau de aderência das empresas brasileiras as Diretrizes propostas pelo GRI, julgou-se que o melhor banco de dados para encontrar tais organizações fosse o próprio GRI, pois o mesmo divulga a relação das empresas que informaram a instituição que estão utilizando de alguma forma os seus indicadores (de forma informal ou com relatórios “de acordo com”), sendo que esta relação está disponível no site oficial da organização (GRI, 2005). 91 Os Balanços Sociais a serem analisados foram os referentes à última publicação da empresa onde tenha sido utilizado o GRI para a sua elaboração, pois como a última versão das Diretrizes foi lançada em 2002 então a última publicação da empresa já poderia apresentar uma incorporação mais efetiva dos indicadores para as organizações que o utilizaram desde o lançamento. As empresas brasileiras que até o dia 16/09/2005 faziam parte do banco de dados do GRI como sendo as que utilizavam os seus indicadores, bem como os seus respectivos setores econômicos e o ano base de publicação do último Relatório Social baseado no GRI, são: Quadro 9: Empresas que utilizam o GRI EMPRESA SETOR ANO BASE DA ÚLTIMA PUBLICAÇÃO UTILIZANDO O GRI 1 ABN AMRO Real Serviços Financeiros 2 Copesul Materiais Químicos 2004 2004 3 CPFL Energia Energia 2004 4 McDonald's Varejista 2004 5 Natura Cosméticos Aparelhos Domésticos e Produtos Pessoais 2004 6 Petróleo Brasileiro (Petrobras) Energia 2004 7 Samarco Mineração S. A. Mineração 2004 8 Shell Brasil Energia 2004 9 Souza Cruz (British American Tobacco) Fumo 2003 10 Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A (USIMINAS) Produtos de Metal 2004 Fonte: Adaptado do GRI (2005). 4.3. Coleta de Dados Após o levantamento das empresas que fariam parte da população a ser analisada, entrou-se em contato com as mesmas por telefone e/ou e-mail, para que elas enviassem os seus respectivos Relatórios Sociais impressos referentes ao 92 último ano que foram publicados utilizando o GRI, de forma informal ou através da elaboração de relatórios “de acordo com” o GRI. Com isto, buscou-se ter certeza que estes se tratavam dos Relatórios Sociais completos para que não se trabalhasse com as sínteses dos mesmos, a fim de que a pesquisa pudesse atingir seu objetivo de verificar o grau de aderência das empresas brasileiras aos indicadores do GRI. As empresas que atenderam a solicitação foram: ABN AMRO Real, Copesul, CPFL Energia, Natura, Petrobras, Samarco Mineração, Souza Cruz e Shell. No caso das que não atenderam a solicitação (Mc Donald’s Brasil e Usiminas) buscou-se este relatório disponibilizados nos sites das mesmas (em versão PDF para aumentar a segurança das informações). Com os Relatórios Sociais em mãos, foi feita uma análise comparando o que era informado pela empresa referente a determinado indicador de desempenho das Diretrizes do GRI 2002 com o que este indicador realmente solicitava que fosse divulgado. Nos casos em que havia a matriz sugerida pelo GRI, onde é fornecido o número da página em que os dados dos indicadores estão no relatório, a tarefa de localizar as informações ficou fácil de ser cumprida. Ressalta-se que na análise individual de cada indicador, apenas será considerada a informação fornecida no sumário do GRI, ou seja, quando determinada página for divulgada no sumário como sendo a que contém as informações relativas a determinado indicador, apenas ela foi averiguada, pois este pode ser considerado um dos pontos relativo à conformidade da utilização do GRI (a adequada elaboração do sumário), e também porque a procura pelas informações relativas a cada indicador no corpo do relatório poderia tornar a pesquisa imprecisa, levando-se em consideração a quantidade de indicadores existentes do GRI e a extensão dos Relatórios Sociais. 93 As empresas que não apresentaram o sumário do GRI foram: Shell Brasil, McDonald's Brasil, Souza Cruz e Copesul. No caso da Souza Cruz e da Copesul, apesar das mesmas não haverem fornecido o sumário dos indicadores do GRI, foi possível realizar a análise da utilização do GRI por elas, devido ao fato destas duas empresas terem condensado a apresentação dos mesmos em apenas uma parte do relatório, também no formato de indicadores, identificando que aquelas informações se tratavam dos dados solicitados pelo GRI, fazendo com que fosse possível associar uma parte dos indicadores fornecidos pelas empresas com os do GRI. Os indicadores fornecidos pela Souza Cruz com a associação dos mesmos ao GRI encontram-se no capítulo 5, juntamente com a análise dos mesmos. Já os indicadores da Copesul, bem como os indicadores do GRI que foram associados a cada um encontram-se no Anexo IV. Não foi possível adotar este procedimento nos Relatórios Sociais da Shell Brasil e McDonald's Brasil, pois os relatórios destas empresas relativos ao último ano publicado sendo baseado no GRI, apesar de estarem na relação do GRI e de comentarem em seus relatórios que o utilizam, não apresentam o sumário dos indicadores do GRI. E, ao contrário do observado na Souza Cruz e na Copesul, as informações que poderiam ser associadas ao GRI encontram-se espalhadas pelo corpo do texto, não sendo possível a associação das mesmas aos indicadores. 4.4. Tratamento de Dados Para examinar a aderência das informações fornecidas pelas empresas referentes aos indicadores essenciais GRI foi elaborado um quadro para cada empresa, onde todos os indicadores são listados, daí, então, os dados fornecidos 94 pelas empresas referentes a cada um deles foram classificados em “apresentado” ou “não apresentado”. Apenas os indicadores essenciais foram classificados neste quadro em virtude de serem eles a base para elaboração de Relatórios Sociais “de acordo com” o GRI e por se referirem aos indicadores aplicáveis a um maior número de organizações. No entanto, os indicadores adicionais também foram analisados qualitativamente, não sendo apenas calculado o seu grau de aderência. Caso o indicador fosse apresentado no Relatório Social da organização, o mesmo poderia ser sub-classificado em: - Aderência Plena: quando todas as informações solicitadas pelo indicador correspondente do GRI eram fornecidas pela empresa; - Aderência Parcial: quando apenas parte das informações solicitadas pelo indicador correspondente do GRI eram fornecidas pela empresa; - Dúbio: quando não são fornecidas informações suficientes ao usuário que permitam a este perceber se houve aderência plena ou parcial; e - Inconsistente: quando as informações fornecidas pela empresa referentes a determinado indicador são diferentes do que é solicitado pelo GRI. No caso do indicador não ser divulgado no Relatório Social, então ele é classificado como “não apresentado”, podendo ser sub-classificado em: - Não disponível: quando a empresa reconhece que a informação referente a determinado indicador é pertinente às atividades dela, porém a mesma ainda não tem condições de fornecê-la; - Não aplicável: quando a empresa não dispõe da informação de determinado indicador porque este não se relaciona com o setor ou às atividades da mesma. Ressalta-se que os indicadores apresentados nesta sub-classe foram classificados pela própria organização, que os considerava não 95 aplicável e informava isto no sumário dos indicadores, não sendo realizados, neste trabalho, averiguações adicionais para comprovar a não aplicabilidade dos mesmos. - Omitido com justificativa: quando a empresa omite a informação referente a determinado indicador, porém emite alguma justificativa que embase tal decisão conforme declarado pelo GRI; e - Omitido: quando, nos sumários dos Relatórios Sociais das empresas ou na identificação dos indicadores do GRI nestes relatórios (no caso da Souza Cruz e da Copesul), nada é comentado sobre este indicador, como se o mesmo não existisse. Após estas classificações serem realizadas, foi realizado o cálculo do grau de aderência plena aos indicadores essenciais do GRI pelas empresas brasileiras, através da utilização da seguinte fórmula: Grau de aderência plena aos indicadores essenciais do GRI Total dos indicadores com aderência plena + Total de indicadores omitidos com justificativa = Total dos indicadores essenciais – Total dos indicadores não aplicáveis Destaca-se que: (1) O total de indicadores omitidos com justificativa foi somado ao total de indicadores essenciais com aderência plena pelo fato dos primeiros serem uma opção fornecida pelo GRI para a não apresentação de algum indicador essencial, mesmo nos casos de relatórios elaborados “de acordo com” o GRI; e (2) O total dos indicadores não aplicáveis foi subtraído do total dos indicadores essenciais para que a empresa não fosse penalizada no cálculo de sua aderência ao GRI em virtude de um indicador não se aplicar à sua realidade. 96 Após a análise individual das empresas, foi organizado um ranking onde as mesmas foram classificadas de acordo com o grau de aderência plena aos indicadores essenciais do GRI, sendo esta informação acompanhada da quantidade de indicadores essenciais e adicionais que elas diziam divulgar (separados por categoria), o que possibilita uma melhor visualização entre o que a empresa diz divulgar com o que realmente divulga relativo ao solicitado pelo GRI. 97 CAPÍTULO 5 Análise da Utilização do GRI pelas Empresas Brasileiras Neste capítulo objetiva-se apresentar a análise sobre a utilização dos indicadores essenciais e adicionais de desempenho econômico, ambiental e social do GRI pelas empresas brasileiras. Sendo este capítulo a principal parte da pesquisa por tratar-se do estudo que servirá para que o objetivo geral seja alcançado, que é analisar o grau de aderência completa das empresas brasileiras aos indicadores de desempenho essenciais propostos pelo GRI 2002. Nos tópicos são apresentadas de forma individual as empresas que participaram da pesquisa e os problemas encontrados na divulgação dos indicadores do GRI no último Relatório Social baseado nas Diretrizes do GRI que foi elaborado pelas mesmas. O estudo dos Relatórios Sociais das empresas foi dividido em quatro partes: (1) apresentação genérica do relatório; (2) quadro síntese; (3) análise; e (4) informações complementares, sendo que a análise dos relatórios ocorreu com base na classificação dos indicadores conforme: aderência plena, aderência parcial, dúbio, inconsistente, não disponível, não aplicável, omitido com justificativa e omitido, comentados no Capítulo 4. Finalmente no último tópico é apresentado um quadro com dados quantitativos e qualitativos a respeito da aderência aos indicadores do GRI pelas organizações aqui pesquisadas. 98 5.1. Souza Cruz 5.1.1. Apresentação Genérica do Relatório Desde 2000 a Souza Cruz divulga seu Relatório Social (SOUZA CRUZ, 2003, p. 3). Entretanto, conforme informação fornecida através de entrevista telefônica pelo Sr. José Cosmo, Gerente de Responsabilidade Social, no dia 19/09/2005, o Relatório Social da Souza Cruz que contém a adoção informal aos indicadores do GRI é elaborado a cada 18 meses, sendo que o último divulgado foi referente ao ano de 2003 e por este fato é que tal relatório foi usado nesta pesquisa. A elaboração do Relatório Social 2004/2005 deverá ser iniciada em outubro de 2005 para ser divulgado juntamente com as Demonstrações Financeiras de 2005. Anualmente apenas o Balanço Social modelo IBASE é elaborado e divulgado com o Relatório Financeiro. Tal fato remete à crítica encontrada na bibliografia consultada a respeito da tempestividade da apresentação dos Relatórios Sociais, pois conforme Siqueira (2003, p. 115), além das contribuições – positivas e negativas - proporcionadas pela empresa à sociedade, esta última precisa que tais informações cheguem a tempo aos interessados a fim de serem analisadas, possibilitando o alcance do objetivo dos balanços sociais, que é, conforme Pinto e Ribeiro (2002, p. 13), citados no capítulo 2, “informar o resultado da interação da empresa com o meio em que está inserida”. Das três categorias de indicadores de desempenho elaboradas pelo GRI (econômica, ambiental e social), a Souza Cruz utilizou somente a de desempenho ambiental, não justificando a omissão das outras duas categoriais, o que torna o relatório menos abrangente por contemplar apenas a vertente ambiental, um problema comum conforme Siqueira e Vidal (2003, p. 4). 99 A análise dos indicadores ambientais foi trabalhosa de ser realizada em virtude de não haver o “Sumário de conteúdo do GRI”, que é aconselhado pela organização para a rápida identificação das informações relativas aos indicadores utilizados e para “permitir que o usuário entenda claramente em que medida a organização relatora baseou o conteúdo de seu relatório nas Diretrizes do GRI” (GRI, 2002, p. 83). O Relatório Social de 2003 é estruturado em 7 Capítulos, a saber: (1) apresentação; (2) os princípios; (3) o processo; (4) os avanços recentes; (5) os novos diálogos; (6) os desdobramentos futuros; e (7) os dados. Na parte 7 do Relatório Social da Souza Cruz (2003, p. 70-76), sub-item 7.4 cujo título é “Indicadores: A Souza Cruz, o meio ambiente e a sociedade”, é apresentado um quadro onde a empresa afirma que são informados os índices da Souza Cruz de acordo com requisitos do GRI. Este quadro possui as seguintes colunas: área; política da Souza Cruz; indicadores de desempenho e referência do GRI; desempenho em 2002; desempenho em 2003; e comentários. Apesar de haver uma coluna onde aparentemente estariam elencados os indicadores do GRI – coluna “indicadores de desempenho e referência do GRI” - foi necessário classificar as informações nela contidas para que se pudesse identificar quais eram os indicadores de desempenho do GRI relativos às informações ali apresentadas, em virtude de não haver a numeração dos indicadores correspondentes. Esta situação remete a outro problema já identificado pela literatura, o relativo à padronização do relatório - GRI (2002, p. 27); SIQUEIRA e VIDAL (2003, p. 8); SILVA et al, (2001, p. 1); PINTO e RIBEIRO (2003, p. 13); BEETS e SOUTHER (1999, p. 129). Para que seja evidenciado como se chegou aos indicadores do GRI fornecidos pela Souza Cruz, a seguir é apresentado um quadro referente a todos os 100 indicadores de desempenho e referência do GRI fornecidos pela Souza Cruz, associados aos indicadores do GRI que lhes foram relacionados. Como poderá ser observado, não foi possível relacionar todas as informações ali contidas com algum indicador do GRI. Quadro 10: Indicadores do GRI no Relatório Social da Souza Cruz Indicador Dados extraídos da coluna dos indicadores de desempenho e referência do GRI fornecidos pela Souza Cruz GRI EN3 Energia total utilizada. EN18 Utilização total de energia/ milhão de cigarros. EN18 Utilização total de energia/tonelada métrica de produto. Redução de energia em comparação com o desempenho do ano anterior. EN1 Consumo total de material que podem se transformar em produtos. Total de material em toneladas/toneladas de produto final. Emprego de produtos químicos/materiais perigosos. Objetivos para reposição de materiais. EN5 Consumo total de água (em metros cúbicos). Total de água utilizada/milhão de cigarros e /tonelada métrica do produto. Redução do uso de água em comparação com o desempenho no ano anterior. EN20 Fonte direta de água e se a água é tratada no local antes de ser utilizada. EN8 Emissões de gás de efeito estufa (toneladas métricas equivalentes de CO2). EN9 Substâncias depressoras de ozônio. EN11 Total de rejeitos gerados (toneladas métricas) no ar, na terra e na água. Total de rejeitos/milhão de cigarro e / tonelada métrica. Redução de rejeitos em comparação com o desempenho do ano anterior. EN11 Quantidade de rejeitos reciclados ou reutilizados. Gerenciamento no local e fora do local. EN11 Detalhes específicos dos resíduos para o solo. EN8 Emissões equivalentes de dióxido de carbono (toneladas métricas). Emissão de CO2/milhão de cigarros e /toneladas métricas. Descarga de processo e esgoto. EN34 Viagem de negócios. Inclusive frota de carros (emissões equivalentes de CO2). EN34 Frete (emissões equivalentes de CO2). EN33 Desempenho de fornecedores com relação aos componentes ambientais dos programas. Número e tipo de incidência de não cumprimento dos padrões nacionais e internacionais vigentes. EN14 Principais questões ambientais e impactos associados à utilização de produtos e serviços. 101 Programas ou procedimentos para evitar ou minimizar os impactos ambientais potencialmente adversos dos produtos. EN23 Volume de terra que a organização possui, aluga, administra ou que de alguma forma é afetada pela organização. EN26 Alterações no habitat devido a operações + volume de habitat protegido ou restaurado. EN16 Magnitude e natureza das penalidades por não conformidade. Fonte: Adaptado de Souza Cruz (2004, p. 70-76). 102 5.1.2. Quadro Síntese Quadro 11: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Souza Cruz Apresentado Indicador de Desempenho Essencial E C O N Ô M I C O Sub-total A M B I E N T A L Sub-total S O C I A L Sub-total TOTAL Aderên- Aderência cia Plena Parcial EC1 EC2 EC3 EC4 EC5 EC6 EC7 EC8 EC9 EC10 10 EN1 EN2 EN3 EN4 EN5 EN6 EN7 EN8 EN9 EN10 EN11 EN12 EN13 EN14 EN15 EN16 16 LA1 LA2 LA3 LA4 LA5 LA6 LA7 LA8 LA9 LA10 LA11 HR1 HR2 HR3 HR4 HR5 HR6 HR7 SO1 SO2 SO3 PR1 PR2 PR3 24 50 Fonte: A autora. 0 0 x Dúbio 0 Não apresentado Não InconsisDispotente nível 0 0 GRAU DE ADERÊNCIA Omitido PLENA AOS Não com AplicáOmitido INDICADORES justifica ESSENCIAIS DO vel tiva GRI x x x x x x 0,00% x x x x 0 0 10 x x x x x x x 18,75% x x x x x x x x 3 0 3 3 0 3 1 0 1 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 8 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 24 42 0,00% 6,00% 103 5.1.3. Análise Dos 35 indicadores de desempenho ambientais elaborados pelas diretrizes do GRI foram identificados como utilizados pela Souza Cruz apenas 14, sendo destes, oito referentes a indicadores essenciais (EN1, EN3, EN5, EN8, EN9, EN11, EN14 e EN16) e seis referentes a indicadores adicionais (EN18, EN20, EN23, EN26, EN33, EN34). Quadro 12: Indicadores de Desempenho Souza Cruz Indicadores de desempenho Essenciais Adicionais TOTAL Econômico 0 0 0 Ambiental 8 6 14 Social 0 0 0 TOTAL 8 6 14 Fonte: A autora. Após análise do conteúdo dos indicadores, observou-se que apenas cinco dos 14 divulgados (EN5, EN14 e EN16, indicadores essenciais; e EN18 e EN23 indicadores adicionais) apresentavam total conformidade aos dados solicitados pelo GRI. O indicador essencial EN1 solicita que seja informado o uso total de materiais por tipo – exceto água – entretanto a Souza Cruz informa apenas o total de consumo de materiais (como se observa no quadro anterior), não separando por tipo de materiais, como solicitado pelas Diretrizes. O indicador essencial EN3 é outro que foi divulgado de forma parcial. O GRI solicita que seja informado o consumo direto de energia, segmentado por fonte primária, no entanto, a Souza Cruz informou apenas o total de energia utilizada (SOUZA CRUZ, 2003, p. 70). O indicador essencial EN8 foi classificado como dúbio porque o GRI solicita que sejam informadas as emissões de gases causadores do efeito estufa (CO2, CH4, N2O, HFCs, PFCs, SF6), e a Souza Cruz informou apenas a quantidade de 104 CO2, não sendo possível identificar se houve omissão dos outros gases ou se não foram mencionados por não serem emitidos pela empresa. A informação do indicador essencial EN9 referente ao ano de 2003 não estava disponível (apenas a do ano de 2002 foi informada). O indicador EN11 solicita a quantidade total de resíduos por tipo e destino, apesar da Souza Cruz ter informado o total de resíduos gerados, ela não fez todas as devidas separações – por tipo e destino – informando apenas a quantidade de rejeitos reciclados ou reutilizados (o que seria um dos destinos dos resíduos) e alguns detalhes específicos dos resíduos para o solo. 5.1.4. Informações complementares O Relatório Social de 2003 da Souza Cruz foi verificado pela Bureau Veritas Quality International (SOUZA CRUZ, 2003, p. 9), porém, quando se procede a leitura do Parecer sobre a verificação dos dados do relatório, descobrimos que as informações relativas ao GRI não foram examinadas, conforme o próprio parecer: “os dados constantes nesta parte do relatório [GRI e IBASE] não foram submetidos nem foram verificados pelo Bureau Veritas [...]”. Este é um ponto que compromete a transparência do Relatório Social e, conseqüentemente, a qualidade do mesmo, como verificado na literatura específica - BEETS e SOUTHER (1999, p. 129); ADAMS e EVANS (2004, p. 98); SIQUEIRA e VIDAL (2003, p. 9-11); DIAS e SIQUEIRA (2005, p. 9). 5.2. Copesul 5.2.1. Apresentação genérica do relatório O Relatório Social da Copesul de 2004 apresenta-se dividido em oito tópicos, a saber: (1) apresentação, (2) indicadores de sustentabilidade empresarial, (3) a 105 empresa, (4) desempenho dos negócios, (5) gestão de segurança, saúde e meio ambiente, (6) gestão de pessoas, (7) a empresa e a comunidade, e (8) Balanço Social Modelo IBASE. Juntamente com este relatório são disponibilizados dois CD’s, sendo um o Relatório da Administração 2004 e outro o Relatório de Desempenho 2004: Segurança, Saúde e Meio Ambiente. No tópico 2, “Indicadores de Sustentabilidade Empresarial”, a Copesul (2004, p. 7) afirma que buscou “contemplar as diretrizes recomendadas pela Global Reporting Initiative (GRI)”. Nele foram apresentados os indicadores de desempenho divididos nas três áreas propostas pelo GRI: econômica, ambiental e social, tornando o relatório mais abrangente por contemplar as três vertentes propostas pela FIPECAFI (2002, p. 30) – desde que considerando a DVA como um instrumento de quantificação dos aspectos redistributivos das operações da empresa, conforme sugerido no capítulo 3. Uma dificuldade encontrada para a análise dos indicadores foi o fato de não ser fornecida a numeração do indicador do GRI correspondente às informações no relatório da Copesul (fato semelhante ao ocorrido com a Souza Cruz), sendo necessária a relação dos dados que foram fornecidos pela empresa com os indicadores do GRI (novamente este problema poderia ter sido evitado caso houvesse o sumário do conteúdo do GRI). No Anexo IV são apresentados os indicadores do GRI contidos no Relatório Social da Copesul (2004, p. 8 e 9), bem como a identificação do número dos indicadores que foram relacionados aos mesmos. 106 5.2.2. Quadro Síntese Quadro 13: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Copesul Apresentado Indicador de Desempenho Essencial E C O N Ô M I C O Sub-total A M B I E N T A L Sub-total S O C I A L Sub-total TOTAL Aderên- Aderência cia Plena Parcial EC1 EC2 EC3 EC4 EC5 EC6 EC7 EC8 EC9 EC10 10 EN1 EN2 EN3 EN4 EN5 EN6 EN7 EN8 EN9 EN10 EN11 EN12 EN13 EN14 EN15 EN16 16 LA1 LA2 LA3 LA4 LA5 LA6 LA7 LA8 LA9 LA10 LA11 HR1 HR2 HR3 HR4 HR5 HR6 HR7 SO1 SO2 SO3 PR1 PR2 PR3 24 50 Fonte: A autora. Não apresentado Não Inconsis Dúbio Dispotente nível Omitido Não com Aplicá Omitido justifica vel tiva GRAU DE ADERÊNCIA PLENA AOS INDICADORES ESSENCIAIS DO GRI x x x x x x 40,00% x x 4 1 x 2 0 0 0 0 x x 3 x x x x x x x 43,75% x x x x x x x x 7 x 2 3 0 0 0 0 4 0 0 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 22 29 x 1 12 1 4 0 5 0 0 0 0 0 0 4,17% 24,00% 107 5.2.3.Análise Foram identificados: sete indicadores econômicos; dezesseis indicadores ambientais e três indicadores sociais, distribuídos conforme quadro abaixo: Quadro 14: Indicadores de Desempenho Copesul Indicadores de desempenho Essenciais Adicionais TOTAL Econômico 7 0 7 Ambiental 12 4 16 Social 2 1 3 TOTAL 21 5 26 Fonte: A autora. Dos 47 indicadores adicionais elaborados pelo GRI (considerando os de desempenho econômico, ambiental e social), apenas cinco foram utilizados, sendo a maioria deles relativos ao desempenho ambiental. Dos sete indicadores de desempenho econômico identificados, quatro estavam com as informações solicitadas pelo GRI de forma completa (EC1, EC2, EC3 e EC4). O indicador EC5 estava dúbio porque ele solicita que sejam divulgados os benefícios obrigatórios a serem pagos aos funcionários agrupados por país ou região e, como não foram feitas as especificações solicitadas, o usuário não terá como saber se as mesmas foram omitidas ou se não foram informadas pelo fato da empresa vir a ter suas atividades apenas no Sul do Brasil. O indicador EC6 também estava com seus dados incompletos, pois o mesmo solicita que sejam divulgadas as distribuições para investidores, discriminadas por juros sobre dívida e empréstimos, e dividendos em todos os tipos de ações, apontando-se qualquer atraso no pagamento de dividendos preferenciais; enquanto que a Copesul informou apenas os dividendos e juros sobre capital próprio pagos e propostos, não fazendo as discriminações necessárias (Copesul, 2004, p. 8). 108 O indicador EC8 foi classificado como dúbio pois o mesmo solicita que seja evidenciada a soma de todos os tipos de impostos já pagos, discriminados por país e a empresa divulgou apenas o somatório de todos os impostos e taxas (municipais, estaduais e federais), não informando se este é um valor já pago em sua totalidade ou com parte a pagar, e também não discriminando por país. Espera-se que, caso a empresa não pague impostos fora do Brasil, isto seja informado, para não haver dúvidas quanto à informação solicitada. Dos 16 indicadores de desempenho ambiental apresentados (entre essenciais e adicionais), onze podem ser considerados completos conforme o GRI, são eles: EN3, EN4, EN5, EN9, EN12, EN13, EN16, EN18, EN27, EN30 e EN35. Os outros dois indicadores de desempenho ambiental apresentam-se incompletos, são eles: EN1 e EN7. E três com informações dúbias: EN8, EN10 e EN11. No EN1 apenas aparece o consumo de matérias-primas, no entanto deveriam ser especificados quais os tipos de matérias-primas utilizadas. No indicador EN7 faltou informar os impactos sobre a biodiversidade em ambientes terrestres, sendo informado apenas em ambientes aquáticos. As emissões de CO2, NO2/NOX e SO2/SOX informadas pela Copesul foram relacionadas como referentes aos indicadores ambientais EN8 e EN10, entretanto, estes são gases causadores do efeito estufa, conforme o GRI (2002, p. 48), e a empresa não comunica isto no relatório, além disto, os indicadores relacionados solicitam a divulgação de outros tipos de gases causadores do efeito estufa e emissões atmosféricas significativas, no entanto, pelo que é informado, não se sabe se somente os gases citados são os emitidos pela empresa, o que torna estes indicadores dúbios. Nos dados relacionados como sendo do indicador de desempenho ambiental EN11 são citados alguns tipos de resíduos e seus destinos, no entanto, não há a 109 informação do total de resíduos produzidos pela organização, como solicitado pelo GRI, o que deixa a dúvida se todos os tipos de resíduos que a Copesul produz foram informados. Já dos três indicadores de desempenho social identificados, dois estão completos, o indicador essencial LA1 e o adicional LA12. O indicador LA2, que fala sobre rotatividade e criação de emprego, foi classificado como dúbio pois as informações relacionadas a ele deveriam estar separadas por região/país e caso esta divisão não tenha ocorrido pelo fato da empresa ter seus funcionários em apenas uma região, isto deveria ser informado. 5.2.4. Informações complementares Apesar de já mencionado no capítulo da metodologia da pesquisa, é válido ressaltar que como se está analisando os indicadores do GRI contidos no Relatório Social das empresas e foram estas últimas que elaboraram um tópico nos seus relatórios somente para as informações das Diretrizes do GRI, então apenas o que está nesta parte do relatório identificada pela empresa como contendo as informações do GRI foi considerado. Na Copesul, por exemplo, foram identificadas nos outros tópicos do Relatório Social algumas informações que poderiam ser encaixadas como solicitadas pelo GRI, como relativa ao trabalho infantil (COPESUL, 2004, p. 29) e volume de efluentes sólidos acumulados (COPESUL, 2004, p. 65), porém estas informações estão contidas em textos, tabelas e gráficos por todo o relatório e não são identificadas como requeridas pelo GRI, o que tornaria a busca pelas mesmas difícil para o leitor, o que reforça, mais uma vez, a necessidade do sumário do conteúdo do GRI. 110 Outro ponto a ser destacado é que não há qualquer menção a auditoria do Relatório Social, há pouca utilização de notas explicativas, e não aparece o nome de um responsável direto pelas informações contidas no Relatório Social (apenas são citados ao final do relatório os nomes das pessoas que participam do conselho de administração e diretoria da empresa). Estes pontos comprometem a transparência do relatório, conforme verificado nas pesquisas de: Beets e Souther (1999, p. 129); Adams e Evans (2004, p. 98); Siqueira e Vidal (2003, p. 9-11); Dias e Siqueira (2005, p. 9). 5.3. ABN AMRO Real 5.3.1. Apresentação Genérica do Relatório O Relatório Social do Banco ABN AMRO Real está dividido em 15 tópicos, que são: (1) conversa com o presidente; (2) o papel dos bancos; (3) educar para a sustentabilidade; (4) o mapa da jornada; (5) satisfação total; (6) financiamento socioambiental; (7) risco socioambiental; (8) microcrétito; (9) fundo ethical; (10) ecoeficiência; (11) fornecedores; (12) diversidade; (13) amigo real; (14) investimento social e cultural; e (15) indicadores de desempenho, sendo este último onde é apresentado o sumário dos indicadores do GRI. O Relatório Social do ABN AMRO Real abrange as categorias econômica, ambiental e social, podendo ser considerado abrangente conforme literatura pesquisada - SIQUEIRA. e VIDAL (2003, p. 4); FIPECAFI (2000,p. 30). 5.3.2. Quadro Sintético Quadro 15: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pelo ABN AMRO Real 111 Apresentado Indicador de Desempenho Essencial E C O N Ô M I C O Sub-total A M B I E N T A L Sub-total S O C I A L Sub-total TOTAL EC1 EC2 EC3 EC4 EC5 EC6 EC7 EC8 EC9 EC10 10 EN1 EN2 EN3 EN4 EN5 EN6 EN7 EN8 EN9 EN10 EN11 EN12 EN13 EN14 EN15 EN16 16 LA1 LA2 LA3 LA4 LA5 LA6 LA7 LA8 LA9 LA10 LA11 HR1 HR2 HR3 HR4 HR5 HR6 HR7 SO1 SO2 SO3 PR1 PR2 PR3 24 50 Aderên- Aderência cia Plena Parcial Dúbio Não apresentado Não InconsisDispotente nível Omitido Não com AplicáOmitido justifica vel tiva GRAU DE ADERÊNCIA PLENA AOS INDICADORES ESSENCIAIS DO GRI x x x x x x x 70,00% x x x 7 x 0 1 1 1 0 0 0 x x x x x x x 33,33% x x x x x x 3 x x x x 2 1 3 0 x x 7 0 0 x x x x x x x x x 54,17% x x x x x x x x x x 13 23 Fonte: A autora. 2 4 0 2 4 8 x 4 5 0 7 0 0 1 1 53,49% 112 5.3.3. Análise Os indicadores apresentados pelo ABN AMRO Real encontram-se distribuídos no quadro a seguir: Quadro 16: Indicadores de Desempenho ABN AMRO Real Indicadores de desempenho Essenciais Adicionais TOTAL Econômico 9 11 20 Ambiental 9 5 14 Social 20 7 27 TOTAL 38 23 61 Fonte: A autora. Começando a análise pelos indicadores de desempenho social, verificou-se que na informação relativa ao indicador EC8 faltou a discriminação do valor dos impostos pagos por país, o que tornou o indicador dúbio por não se ter à certeza se este dado foi omitido ou não é aplicável. Nas páginas referentes ao indicador EC9 (96 e 99) não são mencionados os subsídios recebidos pelo ABN AMRO Real como solicitado pelo indicador. Nas páginas referentes ao indicador adicional EC11 os fornecedores não são classificados por país como solicitado pelo GRI. Caso sejam todos brasileiros, isto deveria ter sido comunicado para não ocorrerem dúvidas. Passando para análise dos indicadores de desempenho ambiental, foram encontrados problemas em nove dos quatorze apresentados. O indicador EN3 foi classificado como de aderência parcial devido o consumo de energia não ter sido segmentado por fonte primária como solicitado. Também o indicador EN11 teve aderência parcial por não ter informado o destino do lixo produzido, divergindo do solicitado pelo GRI. O indicador EN14 solicita que sejam divulgados os principais impactos ambientais de produtos e serviços da empresa. Apesar de tratar-se de um Banco, 113 existem impactos ambientais indiretos em virtude da venda de produtos e/ou serviços do mesmo, que podem ocorrer com o fornecimento de financiamentos para projetos na área de madeireira, por exemplo, que seriam fruto da venda de produtos do banco (financiamento). No entanto, as informações fornecidas não são suficientes para se considerar atendido este indicador, sendo então classificado como dúbio. Existem indicadores que foram apresentados porém são inconsistentes, pois no sumário dos indicadores do GRI contido no Relatório Social do Banco é informado que estes indicadores foram divulgados, no entanto, quando se procede a leitura das páginas referentes aos mesmos, o que é mencionado nada tem haver com o que o indicador do GRI efetivamente solicitou. Isto aconteceu com os indicadores ambientais EN2, EN4, EN8, EN17, EN33 e EN34; e com os indicadores sociais HR6, HR7, HR14, LA5, LA17e SO2. Dos 27 indicadores de desempenho social mencionados pelo ABN AMRO Real, oito apresentaram problemas (normalmente ou se encontravam incompletos ou inconsistentes com o solicitado pelo GRI, os que se enquadram neste último caso foram citados no parágrafo anterior). Na página referente ao indicador LA7 (página 89), não são fornecidos todos os dados solicitados pelo indicador, como lesões típicas e dias perdidos, tornando o mesmo incompleto. Para o indicador HR3 são divulgadas duas páginas referentes a ele (páginas 92 e 93), porém na primeira nada se fala a respeito de descrição de políticas relativas aos direitos humanos dentro da cadeia de fornecedores e contratados, como solicitado; aparecendo apenas na página 93 texto informativo a respeito de monitoramento, pelo ABN AMRO Real, de cumprimento da legislação trabalhista pelos fornecedores, o que pode se enquadrar como parte do solicitado (aderência 114 parcial), visto que as normas da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) vão ao encontro dos direitos humanos. 5.3.4. Informações complementares Um problema encontrado relativo a inconsistência das informações do sumário do GRI ocorre quando mais de uma página são apresentadas como contendo as informações solicitadas por ele, no entanto somente o conteúdo de uma delas se enquadra no que foi pedido pelo GRI. Isto ocorreu com o indicador LA2, LA4 e SO1, sendo que no caso do último, são informadas seis páginas como contendo as informações relativas a ele (90, 92, 93, 95, 96 e 99) a respeito de monitoramento de impactos causados pela empresa sob a comunidade onde ela encontra-se inserida. Porém, não são encontradas as informações solicitadas em todas elas, a saber: a página 90 fala somente de programas voltados para os funcionários e não para a comunidade em geral; a página 92 trata dos funcionários novamente; na página 93 aparece um tópico denominado “envolvimento com os fornecedores comunitários”, que pode se enquadrar como parte da informação solicitada; a página 95 apresenta políticas voltadas a comunidade; e, nas páginas 96 e 99 é que efetivamente o solicitado pelo indicador é apresentado. Sobre a transparência do Relatório Social, ao final dele há a presença do auditor externo, porém, como se observou na literatura específica, o mesmo apenas faz uma verificação baseado em procedimentos pré-acordados com o Banco; são apresentadas também notas explicativas as informações quantitativas e qualitativas; e é dito explicitamente que o Banco é responsável pelas informações ali contidas, bem como o nome das pessoas que participaram na elaboração do Relatório Social. 115 5.4. Usiminas 5.4.1. Apresentação Genérica do Relatório O Relatório Social da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. (Usiminas) é composto por onze partes: (1) mensagem do presidente; (2) o sistema Usiminas; (3) desempenho econômico; (4) o sistema Usiminas e seus clientes; (5) o sistema Usiminas e seus fornecedores; (6) o sistema Usiminas e seus empregados; (7) o sistema Usiminas nas comunidades; (8) desempenho cultural; (9) desempenho ambiental; (10) indicadores econômicos e sociais; e (11) informações corporativas. Sendo que na parte 10 é apresentado o sumário do conteúdo dos indicadores do GRI, o que facilita a localização dos mesmos no corpo do relatório. Conforme o Diretor Presidente da Usiminas, o senhor Rinaldo Campos Soares, o Balanço Social da empresa foi elaborado de acordo com as Diretrizes 2002 do GRI, apresentando um relatório equilibrado referente ao desempenho econômico, ambiental e social da empresa (USIMINAS, 2004, p. 1). Este fato torna este relatório abrangente, pois o mesmo engloba as vertentes propostas pela literatura específica - SIQUEIRA e VIDAL (2003, p. 4); FIPECAFI (2000, p. 30). Apesar disso há alguns problemas relevantes observados relativos a utilização do GRI, os quais serão comentados a seguir. 116 5.4.2. Quadro Sintético Quadro 17: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Usiminas Apresentado Indicador de Desempenho Essencial E C O N Ô M I C O Sub-total A M B I E N T A L Sub-total S O C I A L Sub-total TOTAL EC1 EC2 EC3 EC4 EC5 EC6 EC7 EC8 EC9 EC10 10 EN1 EN2 EN3 EN4 EN5 EN6 EN7 EN8 EN9 EN10 EN11 EN12 EN13 EN14 EN15 EN16 16 LA1 LA2 LA3 LA4 LA5 LA6 LA7 LA8 LA9 LA10 LA11 HR1 HR2 HR3 HR4 HR5 HR6 HR7 SO1 SO2 SO3 PR1 PR2 PR3 24 50 Aderên- Aderência cia Plena Parcial Dúbio Não apresentado Não InconsisDispotente nível Omitido Não com AplicáOmitido justifica vel tiva GRAU DE ADERÊNCIA PLENA AOS INDICADORES ESSENCIAIS DO GRI x x x x x x x 50,00% x 5 x 0 1 x x 4 0 0 0 0 x x x x x x x x x x 56,25% x x x x x 9 x 1 1 4 1 0 0 0 x x x x x x x x x x x x x x x x 75,00% x x x x x x x 18 32 Fonte: A autora. 1 2 1 3 3 11 0 1 0 0 0 0 1 1 64,00% 117 5.4.3. Análise A seguir estão classificados os indicadores que a Usiminas afirmava haver divulgado em seu Relatório Social: Quadro 18: Indicadores de Desempenho Usiminas Indicadores de desempenho Essenciais Adicionais TOTAL Econômico 10 3 13 Ambiental 16 16 32 Social 23 22 45 TOTAL 49 41 90 Fonte: A autora. O primeiro problema encontrado no Relatório Social da Usiminas referente à utilização dos indicadores do GRI foi a omissão, no sumário dos indicadores do GRI, de quatro deles, que simplesmente não constam no sumário, como se não existissem. São eles os indicadores adicionais de desempenho ambiental EN30, EN31 e EN32 e o indicador essencial de desempenho social HR7. De acordo com as instruções do GRI, pelo menos no caso dos indicadores essenciais, se não fossem aplicados à realidade da empresa ou não estivessem disponíveis (como ocorreu com o indicador ambiental EN3), deveriam ser informados, não devendo ser apenas omitidos. Outros dois indicadores adicionais de desempenho social (LA14 e LA15) aparecem no sumário, porém não há o número da página referente aos mesmos, ou seja, é como se eles não existissem. Ainda é observada outra inconsistência, o indicador adicional de desempenho social PR4 aparece no sumário do GRI como se a informação referente ao mesmo estivesse na página 109, no entanto, o Relatório Social da Usiminas possui apenas 96 páginas. Após efetiva análise das informações referentes aos indicadores, o problema que surgiu com maior freqüência foi a indicação de que as informações relativas a 118 determinado indicador estavam em determinada página, porém, quando se examinava a mesma, os dados nela contidos nada tinham haver com o solicitado pelo indicador mencionado. Isto ocorreu com indicadores dos três grupos (econômico, ambiental e social), são eles: EC1, EC4, EC9, EC10 e EC12, sobre o desempenho econômico; EN2, EN4, EN5, EN14, EN18, EN19 e EN24, sobre o desempenho ambiental; e LA11, HR1, SO3 e PR9, sobre desempenho social. Fora estes, ainda foram encontrados problemas individuais em outros indicadores. No indicador de desempenho social EC8 faltou a discriminação do valor dos impostos pagos por país, não podendo identificar se foi devido à empresa não pagar impostos no exterior ou se devido à omissão de informações, o que levou a classificar este indicador como dúbio; e no EC11 são citados alguns fornecedores da Usiminas, porém os mesmos não são classificados por país, como solicitado pelo GRI. O indicador de desempenho ambiental EN20 solicita as fontes de água e ecossistemas/habitats afetados pelo consumo dela, porém na leitura das três páginas que deveriam conter esta informação (conforme o sumário elaborado pela empresa, páginas 70, 71 e 72), nada se comenta objetivamente sobre o solicitado. A informação mais próxima ao indicador é um trecho sobre um projeto para suprir a demanda de tratamento de água das operações da empresa, o qual “deverá corrigir, de forma urgente, as discrepâncias relativas à demanda química de oxigênio, as concentrações de níquel, óleos, sólidos suspensos e zinco” (USIMINAS, 2004, p. 72). A partir daí pode-se concluir que existem ecossistemas afetados pelo consumo de água da empresa. Nas páginas referentes ao indicador EN6 - p. 6 a 10 - há comentários acerca das terras de propriedade da empresa, no entanto não se menciona se há ou não 119 habitats ricos em biodiversidade nas mesmas, como solicitado pelo GRI, tornando-o dúbio. O indicador EN23 solicita a quantidade total de terras da organização para atividades de produção ou uso extrativo. Nas páginas informadas referentes ao indicador nada é comentado especificamente sobre as áreas para as atividades de produção, apenas é divulgado o total de terras pertencentes a Usiminas e o total de área construída nas mesmas. Nas páginas referentes ao indicador EN12 a respeito de descargas significativas na água (páginas 70, 71 e 72) não é mencionada a quantidade das descargas na água, apenas são apresentados quadros onde se pode concluir que a empresa emite, por exemplo, material sedimentável, óleo e graxa mineral (após tratamento) nos efluentes líquidos, o que torna este indicador parcial. As mesmas páginas citadas acima deveriam conter a informação relativa ao indicador EN13, relativo a derramamento significativo de produtos químicos, óleos e combustíveis pelo número total de ocorrências e pelo volume total, o que não ocorre, tornando-o inconsistente. Na página referente ao indicador EN33 não se comenta o desempenho dos fornecedores como solicitado pelo GRI. Sobre as informações do indicador EN34 não foi citado se há impacto ambiental significativo no transporte dos produtos, apenas é comentado que o controle das emissões atmosféricas relativas ao transporte existe e é monitorado. Nas informações referentes ao indicador EN35 faltou a especificação dos gastos ambientais, sendo informado apenas o valor total, que é parte do solicitado. Passando para análise dos indicadores de desempenho social, verifica-se que na página referente ao indicador LA2 não há a separação da criação de empregos e rotatividade por região e/ou país como solicitado, não se podendo saber 120 se isto é devido não existir tal separação ou porque a mesma não foi informada, o que tornou este indicador dúbio. O indicador LA3 foi classificado como aderência plena, no entanto, deve-se destacar que a informação solicitada – total de empregados sindicalizados – deveria ter sido fornecida em percentual e não em números inteiros como ocorreu, o que acaba proporcionando trabalho para o leitor que deverá encontrar no Relatório Social o total de funcionários da empresa e sobre este número calcular o percentual sindicalizado. Sobre o solicitado pelo indicador LA7 não foram informadas as lesões típicas, os dias perdidos e o índice de absenteísmo relacionados aos empregados e subcontratados da Usiminas, apenas informou-se o número de óbitos, o que é parte do indicador. Os indicadores HR8 e HR11 solicitam informações relacionadas a treinamento em direitos humanos, mas a empresa informa o tempo desprendidos em treinamentos técnicos, não sendo possível verificar relação com o solicitado pelo GRI. 5.4.4. Informações complementares A Usiminas constitui-se na empresa líder do Sistema Usiminas, sendo as empresas do Sistema as primeiras, segundo o seu relatório, em seus respectivos segmentos de atividade no Brasil, a obter certificações de conformidade dos seus produtos, processos, serviços e instalações no que concerne às normas nacionais e internacionais relacionadas à Qualidade, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional e Segurança do Trabalho, além do que todas as certificações de conformidade são revalidadas periodicamente mediante auditoria externa independente e credenciada para tal (Usiminas, 2004, p. 6). 121 Sobre a transparência deste relatório, dois dos três pontos solicitados pela literatura para que o mesmo transmitisse maior transparência não foram atendidos, que seria a presença de uma auditoria externa e a identificação do nome de um responsável pelas informações - na página 95 são apresentados os setores da empresa que receberam os créditos pelo trabalho, porém nenhum nome é mencionado. Apenas o ponto relativo à utilização de notas explicativas associadas ao relatório foi atendido. 5.5. Samarco 5.5.1. Apresentação genérica do relatório A Samarco Mineração tem publicado o seu Relatório Social desde 2002, reunindo em uma única publicação, informações sociais, econômicas e ambientais, baseando seu Relatório Social nas linhas desenvolvidas pelo Instituto Ethos, pelo GRI e pelo IBASE (CARNEIRO e RODRIGUES, 2005, p. 1). O Relatório Social da empresa encontra-se dividido em nove grupos: (1) mensagem do presidente; (2) introdução; (3) perfil da organização; (4) estrutura de governança e sistemas de gerenciamento; (5) tabela IBASE; (6) sumário GRI; (7) glossário; (8) responsáveis pelas informações divulgadas; e (9) endereços e expediente. O Balanço Social da Samarco 2004 pode ser considerado abrangente, pois contempla todas as vertentes do GRI (econômica, ambiental e social). 5.5.2. Quadro Sintético Quadro 19: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Samarco Mineração 122 Apresentado Indicador de Desempenho Essencial E C O N Ô M I C O Sub-total A M B I E N T A L Sub-total S O C I A L Sub-total TOTAL EC1 EC2 EC3 EC4 EC5 EC6 EC7 EC8 EC9 EC10 10 EN1 EN2 EN3 EN4 EN5 EN6 EN7 EN8 EN9 EN10 EN11 EN12 EN13 EN14 EN15 EN16 16 LA1 LA2 LA3 LA4 LA5 LA6 LA7 LA8 LA9 LA10 LA11 HR1 HR2 HR3 HR4 HR5 HR6 HR7 SO1 SO2 SO3 PR1 PR2 PR3 24 50 Fonte: A autora. Aderên- Aderência cia Plena Parcial Dúbio Não apresentado Não InconsisDispotente nível Omitido Não com AplicáOmitido justifica vel tiva GRAU DE ADERÊNCIA PLENA AOS INDICADORES ESSENCIAIS DO GRI x x x x x x 55,56% x x x 5 1 1 0 x 2 x 1 0 0 x x x x x x x x x 62,50% x x x x x x 10 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 1 0 1 4 0 0 0 91,30% x x 21 36 0 2 0 1 0 1 2 8 x 1 2 0 0 0 0 75,00% 123 5.5.3. Análise No sumário de conteúdo do GRI todos os indicadores de desempenho (social, econômico e ambiental) foram expostos. Entretanto 20 deles foram classificados como “não disponíveis” (n.d.): EC4, EC10, EC11, EC12, EN1, EN4, EN13, EN15, EN21, EN24, EN30, HR8, HR11, PR1, PR2, PR4, PR5, PR7, PR9, PR10. E quatro como “não aplicável” (n.a.): EC9, EN18, PR3 e PR11. Não foram divulgados os motivos que levaram a indisponibilidade dos indicadores ou a não aplicabilidade dos mesmos. Os indicadores de desempenho que a empresa apresentou foram classificados em: Quadro 20: Indicadores de Desempenho Samarco Mineração Indicadores de desempenho Essenciais Adicionais TOTAL Econômico 8 1 9 Ambiental 12 16 28 Social 22 18 40 TOTAL 42 35 77 Fonte: A autora. Ao analisar os indicadores de desempenho econômico verificou-se que o indicador EC6 apresentou aderência parcial devido ter faltado informar as especificações solicitadas pelo GRI, que seria a discriminação das distribuições para investidores por juros sobre dívidas e empréstimos, e dividendos em todos os tipos de ações, apontando qualquer atraso no pagamento de dividendos preferenciais. O indicador de desempenho econômico EC8 é dúbio porque nele são apresentados todos os impostos pagos no Brasil, faltando apenas os que foram pagos no exterior ou a informação de que a empresa não paga imposto no exterior, como solicitado pelo GRI. 124 Passando para a análise dos indicadores de desempenho ambiental, observou-se que o indicador EN2 refere-se ao percentual de materiais utilizados que eram “resíduos de fontes externas à organização relatora” (GRI, 2002, p. 47, grifos nossos). No entanto, no relatório da Samarco, os resíduos comentados por ela foram os que a própria organização produziu e reciclou (Samarco, 2004, p. 72, grifos nossos), o que fez este indicador ser classificado como inconsistente. O indicador ambiental EN11 solicita a quantidade total de resíduos por tipo e destino, contudo, a Samarco apenas informou a quantidade total de resíduos, não fazendo as separações necessárias, sendo assim, este indicador foi classificado como de aderência parcial. A informação concernente ao indicador adicional EN19 é inconsistente pois a mesma é apresentada como se estivesse contida na página 75 do relatório, porém nesta página nada é comentado a respeito do solicitado, que seria referente ao uso indireto de energia. Outra inconsistência encontrada diz respeito ao valor de gastos ambientais apresentados pela Samarco. Esta informação é referente ao indicador econômico adicional EN35, que solicita que seja informado o total de gastos ambientais e especificados por tipo. Este indicador é encontrado no sumário do Relatório Social da Samarco, onde é apontado que os dados referentes a ele estão nas páginas 57 e 134. No entanto, quando se analisam as informações das referidas páginas, encontra-se o valor total de gastos ambientais diferentes. Na página 57 tem-se como total de investimentos ambientais R$ 18.820 milhões, e na página 134, tem-se o montante de R$ 18.345 milhões como referente à mesma informação. Entre os dois valores há uma diferença de R$ 475 mil. Esta inconsistência de valores relativos aos mesmos dados já foi observada por Dias e Siqueira (2005, p. 12), em 125 pesquisa sobre a análise dos indicadores ambientais contidos nos Relatórios Sociais da Petrobras. Passando para os indicadores de desempenho social foi verificado que todas as informações relativas aos indicadores apresentados estavam em conformidade com as solicitadas pelo GRI. 5.5.4. Informações complementares O único ponto citado na revisão bibliográfica referente à transparência do Relatório Social que não foi fornecido pela Samarco diz respeito à presença da auditoria externa. No próprio sumário do Relatório Social é apresentada à página onde os responsáveis pelas informações do relatório são identificados, bem como email e telefone dos mesmos para que se possa fazer contato caso necessário. A quantidade de notas explicativas às informações do relatório, normalmente atreladas a dados quantitativos, é notoriamente observada. Sendo estes dois pontos positivos relacionados à qualidade do Relatório Social, conforme Siqueira e Vidal (2003). 5.6. Petrobras 5.6.1. Apresentação genérica do relatório O balanço social da Petrobras referente ao ano de 2004 é constituído de: (1) mensagem do presidente; (2) a Petrobras; (3) direitos humanos; (4) trabalho; (5) meio ambiente; (6) transparência; e (7) matriz de indicadores (do GRI). Além do GRI, a Petrobras consolida o processo de adesão a outros indicadores, como IBASE, Ethos, Relatório de Sustentabilidade Empresarial 2004 do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. Este relatório é considerado abrangente, pois apresenta todas as quatro vertentes propostas pela FIPECAFI (2000, p. 30). 126 5.6.2. Quadro Sintético Quadro 21: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Petrobras Apresentado Indicador de Desempenho Essencial E C O N Ô M I C O Sub-total A M B I E N T A L Sub-total S O C I A L Sub-total TOTAL Aderên- Aderência cia Plena Parcial EC1 EC2 EC3 EC4 EC5 EC6 EC7 EC8 EC9 EC10 10 EN1 EN2 EN3 EN4 EN5 EN6 EN7 EN8 EN9 EN10 EN11 EN12 EN13 EN14 EN15 EN16 16 LA1 LA2 LA3 LA4 LA5 LA6 LA7 LA8 LA9 LA10 LA11 HR1 HR2 HR3 HR4 HR5 HR6 HR7 SO1 SO2 SO3 PR1 PR2 PR3 24 50 Fonte: A autora. Não apresentado Não Inconsis Dúbio Dispotente nível Omitido Não com Aplicá Omitido justifica vel tiva x x x x x x x GRAU DE ADERÊNCIA PLENA AOS INDICADORES ESSENCIAIS DO GRI 90,00% x x x 9 x x x 0 1 0 0 0 0 0 x x x x x x x 68,75% x x x x x x 11 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 1 1 1 2 0 0 0 86,96% x 20 40 0 1 0 2 0 1 x x x 3 5 1 1 0 0 0 0 81,63% 127 5.6.3. Análise No sumário dos indicadores do GRI da Petrobras apenas um indicador não é mencionado, o indicador adicional de desempenho social PR11. Todos os outros são encontrados, tanto essenciais quanto adicionais. Dois indicadores foram considerados não aplicáveis à realidade da empresa. São eles: o indicador essencial SO3 e o adicional SO5, relativos ao desempenho social. Eles são referentes a possíveis contribuições políticas feitas pela empresa. A não aplicabilidade dos mesmos é justificável considerando-se que a Petrobras não faz ou fez tais contribuições. Classificados como “não disponíveis”, tem-se: (1) Indicadores de desempenho econômico: EC12 (adicional); (2) Indicadores de desempenho ambiental: EN12 e EN15 (essencial); e EN19, EN20, EN21, EN23, EN24, EN28 e EN32 (adicionais); (3) Indicadores de desempenho social: PR1, PR2, PR3 (essencial); e HR13, HR14, PR4, PR5, PR6, PR7, PR9 e PR10 (adicional). A quantidade de indicadores efetivamente informados (sendo excluídos os não disponíveis) e que foram analisados são: Quadro 22: Indicadores de Desempenho Petrobras Indicadores de desempenho Essenciais Adicionais TOTAL Econômico 10 2 12 Ambiental 14 12 26 Social 21 16 37 TOTAL 45 30 75 Fonte: A autora. Analisando os indicadores econômicos, o único que continha informações dúbias referentes ao GRI foi o indicador essencial EC8, que trata dos impostos pagos. Na referida página onde as informações do mesmo deveriam ser expostas 128 está faltando a discriminação do valor pago referente a impostos no exterior, caso esta omissão seja em virtude da empresa não pagar impostos fora do país, isto deveria ser informado para que não houvesse dúvidas relativas aos dados solicitados. Passando para os indicadores de desempenho ambiental, o indicador EN4 foi classificado como inconsistente pois na página referente ao mesmo apenas é informado o consumo total de energia, segregado por tipo de fontes, no entanto, este indicador solicita que seja evidenciado o consumo indireto de energia, que conforme o GRI (2002, p. 47, é “a energia usada para produzir e distribuir energia comprada pela organização relatora (por exemplo, eletricidade ou calor)”. O indicador EN6 solicita a localização e o tamanho das terras pertencentes à organização, arrendadas ou administradas por ela em habitats ricos em biodiversidade. No texto da página onde deveria estar a informação referente a este indicador apenas alguns exemplos deste tipo de área são citados, e nada é comentado sobre o tamanho das mesmas - nem ao menos das que serviram de exemplo -, sendo assim, o indicador foi classificado como de aderência parcial. O indicador EN11 é classificado como dúbio pois solicita a quantidade de resíduos por tipo e destino, mas na página informada encontra-se apenas a quantidade de resíduos sólidos perigosos acumulados em toda a Companhia até o fim de 2004, não se tendo como saber se existem outros tipos de resíduos e o destino efetivo dos mesmos - incluindo os sólidos. O indicador EN22 trata de reciclagem e reutilização de água, mas quando se procede a leitura da página onde a informação deveria ser fornecida no Balanço Social, apenas são citados alguns programas referentes a estes tópicos, não abordando, objetivamente, o total de água reciclada e reutilizada. 129 O indicador ambiental EN25 deveria informar os impactos de atividades e operações sobre áreas protegidas ou sensíveis (grifos nossos), no entanto, na página informada onde estes dados deveriam estar (página 76), apenas é encontrada a menção de “ações relacionadas à gestão dos impactos sobre a biodiversidade nas áreas de influência direta das atividades da Companhia” (Petrobras, 2004, p. 76), sendo citado ainda que “já foram diagnosticados cerca de 250ha de áreas contaminadas como conseqüência de atividades da Companhia” (Petrobras, 2004, p. 76), porém o indicador solicita o impacto sobre áreas protegidas ou sensíveis e essa discriminação não é feita. O mesmo ocorre com o indicador EN26, onde deveriam ser citadas as “mudanças nos habitats naturais resultantes de atividades e operações e percentual protegido ou restaurado”, e nas páginas indicadas para este indicador no sumário (76 e 77) nada é efetivamente comentado sobre o requerido. O indicador EN29, que solicita as unidades de negócios operando ou planejando operações em áreas protegidas ou sensíveis, ou ao seu redor, porém na página informada no sumário (página 76) são encontrados apenas alguns exemplos destas áreas, como pode ser verificado no trecho a seguir: “as operações da Companhia estendem-se por diversos ecossistemas brasileiros e estrangeiros, tais como áreas marinhas profundas, a região amazônica, os ecossistemas de Morichales e Bosques de Galeria, na Argentina, e o Bosque de San Alberto, na Bolívia” (PETROBRAS, 2004, p. 76). Deste modo, este indicador foi considerado como de aderência parcial. Os indicadores EN30 e EN31 são citados no sumário, sendo fornecido o número das páginas referentes aos mesmos. No entanto, quando se procede à leitura das mesmas, nada existe que possa ser associado aos mesmos, logo, eles são inconsistentes. 130 Nos indicadores de desempenho social o único indicado com informações dúbias foi o SO6, sobre decisões legais com respeito a casos referentes à legislação antitruste e de regulamentação de monopólio. Na página 87 do Balanço Social da Petrobras, onde deveria estar a informação, conforme o sumário, encontra-se o trecho: “[...] a Companhia é periodicamente auditada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que publica qualquer violação identificada na gestão e informa a sanção aplicada a cada caso”. No entanto, não se sabe se houve ou não as decisões legais solicitadas pelo indicador. 5.6.4. Informações complementares A Petrobras é uma empresa de grande importância na economia brasileira, devido, dentre outros fatos, ser a maior exportadora e contribuinte fiscal do país, conforme seu Relatório Social de 2003. Ela está na 15ª posição entre as maiores empresas do setor petrolífero mundial e desde 2001 a empresa vem adotando, de forma parcial e gradativa, as Diretrizes do GRI (PETROBRAS, 2003, p. 4, 7 e 9). Conforme estudo de Dias e Siqueira (2005, p. 9), comentado na revisão bibliográfica, desde 2003 aparece a figura do auditor externo no Relatório Social da Petrobras, entretanto, apenas alguns dados são revisados pelos mesmos, não se tratando de uma auditoria propriamente dita, onde ao invés de um “parecer”, é apresentado um “relatório” dos auditores independentes sobre o balanço social. 5.7. CPFL Energia 5.7.1. Apresentação genérica do relatório O Relatório Social da CPFL Energia de 2004 é composto por seis partes: (1) mensagens; (2) evolução societária e governança corporativa; (3) estratégia, investimentos e perspectivas dos negócios; (4) desempenho operacional; (5) 131 desempenho econômico-financeiro; e (6) responsabilidade e sustentabilidade corporativa, sendo nesta última parte divulgado o sumário do GRI. Ponto que merece receber destaque é o fato da empresa ter acrescentado ao sumário dos indicadores do GRI o texto exato dos mesmos, fazendo com que o leitor saiba o que solicita cada indicador mesmo que não possua as Diretrizes do GRI em mãos. Além disto, a CPFL adicionou às informações contidas no seu relatório, um pequeno quadro onde são identificados quais indicadores do GRI os dados contidos naquela página atendem, o que facilitou bastante a análise. No sumário dos indicadores são encontrados todos os indicadores de desempenho essenciais e adicionais, dos três grupos do GRI: econômico, ambiental e social, sendo assim contempladas as vertentes necessárias para que o Relatório Social seja considerado abrangente. 132 5.7.2. Quadro Sintético Quadro 23: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela CPFL Energia Apresentado Indicador de Desempenho Essencial E C O N Ô M I C O Sub-total A M B I E N T A L Sub-total S O C I A L Sub-total TOTAL EC1 EC2 EC3 EC4 EC5 EC6 EC7 EC8 EC9 EC10 10 EN1 EN2 EN3 EN4 EN5 EN6 EN7 EN8 EN9 EN10 EN11 EN12 EN13 EN14 EN15 EN16 16 LA1 LA2 LA3 LA4 LA5 LA6 LA7 LA8 LA9 LA10 LA11 HR1 HR2 HR3 HR4 HR5 HR6 HR7 SO1 SO2 SO3 PR1 PR2 PR3 24 50 Aderên- Aderência cia Plena Parcial x x x x x x x x x x 10 x x x Dúbio Não apresentado Não InconsisDispotente nível Omitido Não com AplicáOmitido justifica vel tiva GRAU DE ADERÊNCIA PLENA AOS INDICADORES ESSENCIAIS DO GRI 100,00% 0 0 0 0 0 0 0 x x x x x x x x x x 85,71% x x x 12 x x x x x x 0 2 0 0 2 0 0 x x x x x x x x x x x x x x x x 95,65% x x 22 44 Fonte: A autora. 1 1 0 2 0 0 0 0 1 3 0 0 0 0 93,62% 133 5.7.3. Análise Todos os indicadores econômicos foram considerados aplicáveis à realidade da empresa e tiveram as informações relativas aos mesmos apresentadas de forma plena. Quadro 24: Indicadores de Desempenho CPFL Energia Indicadores de desempenho Essenciais Adicionais TOTAL Econômico 10 3 13 Ambiental 16 19 35 Social 24 25 49 TOTAL 50 47 97 Fonte: A autora. Analisando os indicadores de desempenho ambientais, cinco foram considerados não aplicáveis, a saber: EN4 – essencial – , EN18, EN28, EN31 e EN15 – adicionais. Nas informações referentes aos indicadores de desempenho ambiental, apresentaram problemas apenas os indicadores: EN7, EN14 e EN22. O indicador EN7 foi classificado como dúbio, pois o mesmo requer a descrição dos principais impactos sobre a biodiversidade associados à atividade e/ou produtos e serviços em ambientes terrestres, de água doce ou marítimos causados pela organização, no entanto, quando se procede à leitura das páginas informadas como contendo estes dados (132, 134 e 139), verifica-se que pouco é comentado a este respeito, não sendo as informações fornecidas suficientes para avaliar se o que é apresentado atende ou não ao exigido pelo GRI. O indicador EN14 solicita os impactos ambientais significativos dos principais produtos e serviços. A CPFL afirma que tais informações estão nas páginas 134 e 139 (juntamente com os dados referentes ao indicador comentado anteriormente). 134 Novamente as informações solicitadas pela empresa não são suficientes para julgar se este indicador foi ou não atendido, sendo então classificado como dúbio. No indicador adicional EN22 se faz necessário informar sobre reciclagem e reutilização de água, no entanto, quando se analisa a página informada no sumário como a que contém estas informações (página 145), verifica-se que nada existe a este respeito. Passando para a análise dos indicadores de desempenho sociais, três deles foram classificados como não aplicáveis: PR2 – essencial –, HR14 e PR7 – adicionais. Dos indicadores apresentados, apenas um indicador não forneceu todas as informações solicitadas pelo GRI, que foi o LA7, onde faltou ser informado as lesões típicas, os dias perdidos e o índice de absenteísmo. 5.7.4. Informações complementares Um problema identificado no indicador EN6 foi que são informadas duas páginas como contendo as informações referentes a mesmo – páginas 148 e 157 –, no entanto, apenas em uma delas (148) é que são encontradas as informações solicitadas. Como ocorrido na Samarco, a CPFL possui uma quantidade satisfatória de notas explicativas as informações divulgadas, bem como a identificação da equipe responsável pelas informações do Balanço Social, com respectiva localização das pessoas desta equipe, faltando apenas a presença de uma auditoria externa para que todos os pontos referentes a maior transparência do Relatório Social fossem atendidos, conforme Siqueira e Vital (2003). 135 5.8. Natura 5.8.1. Apresentação genérica do relatório O Relatório Social da Natura apresenta os seguintes tópicos: (1) mensagem do presidente; (2) razão de ser; (3) visão e crenças; (4) perfil da organização; (5) metodologia e principais indicadores; (6) governança corporativa e mercado de capitais; (7) gestão de riscos; (8) resultados econômico-financeiros, sociais e ambientais; (9) qualidade das relações; (10) destaque do investimento em responsabilidade corporativa; (11) indicadores econômicos, ambientais e sociais – GRI; (12) índice remissivo – GRI; e (13) demonstrações financeiras. Todas as vertentes propostas pela FIPECAFI (2000, p. 30) são contempladas no Relatório Social da Natura. Um ponto positivo observado no relatório é que, quando há quebra de padrão referente a como a informação vinha sendo divulgada nos anos anteriores, a empresa justifica porque isto ocorreu. Tem-se como exemplo disto o indicador EC10 na página 79 do relatório, onde a empresa fornece os valores investidos em responsabilidade corporativa de maneira diferente da adotada nos últimos relatórios com a intenção de apresentar dados mais completos (NATURA, 2004, p. 79). Outro ponto positivo observado é que quando se vai até a página informada no sumário do GRI referente aos dados dos indicadores, tem-se o texto de cada indicador do GRI seguido da informação da empresa referente ao mesmo, ou seja, a análise do indicador pode ser feita de forma prática, sem que seja necessário ter o relatório do GRI em mãos – o caso da CPFL Energia foi parecido, no entanto o texto do solicitado pelo indicador estava no sumário do GRI e não no “corpo” do texto como no relatório da Natura, o que propicia, no caso da última, uma apresentação visual melhor. 136 5.8.2. Quadro Sintético Quadro 25: Indicadores Essenciais do GRI Utilizados pela Natura Apresentado Indicador de Desempenho Essencial E C O N Ô M I C O Sub-total A M B I E N T A L Sub-total S O C I A L Sub-total TOTAL EC1 EC2 EC3 EC4 EC5 EC6 EC7 EC8 EC9 EC10 10 EN1 EN2 EN3 EN4 EN5 EN6 EN7 EN8 EN9 EN10 EN11 EN12 EN13 EN14 EN15 EN16 16 LA1 LA2 LA3 LA4 LA5 LA6 LA7 LA8 LA9 LA10 LA11 HR1 HR2 HR3 HR4 HR5 HR6 HR7 SO1 SO2 SO3 PR1 PR2 PR3 24 50 Aderên- Aderência cia Plena Parcial Dúbio Não apresentado Não InconsisDispotente nível Omitido Não com AplicáOmitido justifica vel tiva GRAU DE ADERÊNCIA PLENA AOS INDICADORES ESSENCIAIS DO GRI x x x x x x x x 90,00% x x 8 x x x 0 0 0 1 0 1 0 x x x x x 100,00% x x x x x x x x 14 x x x x x x 0 0 0 0 2 0 0 x x x x x x x x x x x x x x x x x x 23 45 Fonte: A autora. 95,83% 0 0 1 1 0 0 0 1 0 2 0 1 0 0 95,83% 137 5.8.3. Análise Juntamente com o sumário do GRI, já são informados pela própria empresa quais dos indicadores não foram utilizados, sendo os mesmos separados entre essenciais e adicionais. A Natura não divulgou o indicador essencial EC2 por considerar os dados referentes a ele de uso exclusivo da gestão interna. Já para os indicadores adicionais que não foram divulgados não é apresentada justificativa, são eles: EC11, EC18, EC31, LA14, HR9, HR13, HR14 e SO5 (NATURA, 2004, p. 107). Assim, a quantidade de indicadores que foram utilizados para análise foi: Quadro 26: Indicadores de Desempenho Natura Indicadores de desempenho Essenciais Adicionais TOTAL Econômico 8 3 11 Ambiental 16 15 31 Social 24 20 44 TOTAL 48 38 86 Fonte: A autora. Analisando os indicadores de desempenho econômico o único indicador que se apresentou como não disponível foi o EC9, cuja informação solicitada é a respeito de subsídios recebido pela organização (NATURA, 2004, p. 79). Passando para analise dos indicadores de desempenho ambiental, os que foram apresentados como não aplicáveis à realidade da empresa foram: EN4 e EN9, relativos ao consumo indireto de energia e sobre substâncias destruidoras de ozônio, respectivamente. Como não disponível, tem-se o indicador EN19, sobre outros usos indiretos de energia. Sobre os indicadores de desempenho social, somente foi encontrado problema nas informações referente ao indicador LA7, sendo o mesmo classificado como dúbio, pois o indicador solicita, dentre outras coisas, o número de óbitos 138 relacionados ao trabalho e nada foi comentado a este respeito, não sendo possível identificar se os mesmos não ocorreram ou não foram informados. 5.8.4. Informações complementares A Natura foi a primeira empresa no Brasil a adotar as Diretrizes do GRI, fazendo parte das 31 organizações que estão servindo como participantes dos processos estruturados de feedback do próprio GRI, com a finalidade de observar a prática e promover aprimoramentos dos indicadores (GRI, 2002, p. 91). O Relatório Anual da empresa do ano de 2004 foi considerado como o 16º melhor pela SustainAbility, conforme pesquisa elaborada por essa consultoria internacional em conjunto com a agência de rating Standard & Poor’s e com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, onde foram analisados 350 relatórios de empresas em diversos países (NATURA, 2004, p.20). Como na Samarco e na CPFL Energia, não há a presença do auditor externo como certificador das informações do Relatório Social apresentado, sendo, entretanto, encontrada quantidade satisfatória de notas explicativas associadas às informações fornecidas e a identificação de responsáveis pelas informações, pontos estes relacionados a transparência do relatório, conforme Siqueira e Vidal (2003). 5.9 Dados quantitativos da adoção dos indicadores do GRI Após a análise individual dos indicadores do GRI, foi elaborado um ranking onde as empresas são classificadas conforme o seu grau de aderência completa ao GRI seguido de outras informações, onde pode ser observado: (1) o número de indicadores que o GRI possui, distribuídos nas categorias econômica, ambiental e social; e nos sub-grupos de indicadores essenciais e adicionais; e (2) a quantidade 139 de indicadores que as empresas estudadas aparentavam divulgar, seguindo a mesma distribuição do GRI. Este quadro foi elaborado com o objetivo de proporcionar uma visão geral e clara a respeito do uso dos indicadores do GRI pelas empresas brasileiras, onde o leitor poderá verificar a discrepância relacionada ao que, a primeira vista, se imagina que foi divulgado correspondente ao GRI e ao que, após análise, foi apresentado de forma adequada pela organização relativa a este modelo de Balanço Social. Quadro 27: Análise quantitativa da adoção dos indicadores do GRI Indicadores de Econômico Ambiental Social TOTAL GRAU DE ADERÊNCIA PLENA AOS INDICADORES ESSENCIAIS DO GRI Desempenho E A E A E A E A TOTAL GERAL GRI 10 3 16 19 24 25 50 47 97 1º Natura 8 3 16 15 24 20 48 38 86 95,83 % 2º CPFL Energia 10 3 16 19 24 25 50 47 97 93,62 % 3º Petrobras 10 2 14 12 21 16 45 30 75 81,63 % 4º Samarco 8 1 12 16 22 18 42 35 77 75,00 % 5º Usiminas 10 3 16 16 23 22 49 41 90 64,00 % 9 11 9 5 20 7 38 23 61 53,49 % Ran king 6º ABN AMRO Real 7º Copesul 7 0 12 4 2 1 21 5 26 24,00 % 8º Souza Cruz 0 0 8 6 0 0 8 6 14 6,00 % Fonte: A autora. Observações: (1) Observação: E = Essencial (2) Observação: A = Adicional (3) Observação: A quantidade de indicadores apresentados refere-se: (a) aos indicadores disponíveis que a empresa dizia divulgar no seu Relatório Social, e (b) aos indicadores "não aplicáveis" a realidade da organização, para que ela não fosse punida na apresentação destes dados devido a não 140 aplicabilidade de determinado indicador, pois esta não aplicabilidade não está relacionada com a falta de interesse da empresa em o divulgar. Caso se verificasse apenas a quantidade de indicadores referentes ao GRI que a organização dizia apresentar, quem iria aparecer no topo da lista seria a CPFL Energia, seguida da Usiminas e, aí sim, surgiria a Natura, no terceiro lugar ao invés do primeiro ocupado por ela na análise da aderência plena, ou seja, o ranking com a classificação seria diferente do apresentado. A posição da Natura como a primeira neste ranking sobre a aderência plena aos indicadores essenciais do GRI pelas empresas brasileiras corrobora com a classificação da mesma no ranking da SustainAbility como sendo a empresa que elaborou o 16º melhor Relatório Anual de 2004, entre 350 analisados em diversos países, como comentado anteriormente. Com os dados deste quadro também é possível perceber com facilidade que as empresas brasileiras encontram-se em fases diferentes relativas a utilização do GRI. Enquanto umas os apresentam em quase sua totalidade, assim como a aderência plena aos mesmos, outras apresentam apenas 14% deles, os quais nem ao menos foram divulgados em total conformidade com o solicitado. Mesmo não havendo o grau de aderência aos indicadores adicionais, observa-se que, em sua maioria, a quantidade informada destes indicadores como sendo os apresentados não difere tanto da dos indicadores essenciais, o que poderia servir de base para a afirmação de que o grau de aderência aos indicadores adicionais é aproximado do dos essenciais. CAPÍTULO 6 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros Esta pesquisa foi realizada através da análise dos Relatórios Sociais em empresas brasileiras que utilizaram os indicadores propostos pelas Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade do GRI 2002 através de uma adoção informal ou através da publicação de Relatórios Sociais “de acordo com” o GRI, tendo o objetivo de avaliar o grau de aderência destas empresas aos indicadores de desempenho econômico, ambiental e social elaborados pelo GRI, buscando atender a abordagem social-empresarial da Teoria da Contabilidade comentada por Hendriksen e Breda (1999, p. 26). Para isto, foi feita a contextualização da origem das discussões sobre a Responsabilidade Social das Empresas (RSE), evidenciando fatos – dentre eles acidentes ambientais – que fizeram com que a sociedade passasse a cobrar por uma postura socialmente e ambientalmente mais responsável das organizações, que iria além da elaboração de bens e da prestação de serviços, sendo observada também as conseqüências causadas pela atividade operacional das organizações. Com isto, foi acentuando-se a discussão sobre RSE, surgindo esforços de organizações não-governamentais juntamente com o setor privado, na tentativa de criarem formas para instituírem convenções e/ou princípios sobre a RSE, buscando transmitir maior transparência e comprometimento relacionado ao desenvolvimento 142 formato desta demonstração, surge uma série de modelos para o mesmo, como o Modelo IBASE, a Demonstração do Valor Adicionado, os indicadores do Global Reporting Initiative e os Indicadores Ethos. Através desta explanação, almejou-se demonstrar a relação direta que uma empresa pode exercer sobre a vida humana – principalmente sobre a comunidade local onde a organização encontra-se inserida – e sobre o meio ambiente – atingindo o ecossistema animal e vegetal, e por intermédio disto, novamente a vida humana, só que agora de forma indireta. Também se teve como objetivo desta primeira parte do estudo evidenciar que a sociedade já está tomando consciência deste cenário e, devido a isto, esforços estão sendo feitos na tentativa de cobrar uma atuação responsável e transparente das organizações. Dentre estes esforços está a figura do Balanço Social, como uma forma de prestação de contas da empresa para com a sociedade em geral, onde os efeitos positivos e negativos referentes à atuação da organização devem ser evidenciados com igual destaque; sendo que um de seus “modelos” vem recebendo destaque no cenário internacional, os indicadores do GRI. Tal fato é um dos motivos que o levaram a ser parte principal do objetivo desta pesquisa, que compreende analisar a sua utilização por empresas brasileiras. Já no terceiro capítulo, são debatidas as críticas referentes à elaboração e divulgação do Balanço Social, bem como os pontos relacionados com a qualidade desta demonstração, sendo apontados os pensamentos de diversos autores concernente aos tópicos citados. Com isto buscou-se mostrar divergências relacionadas ao tema Balanço Social e a importância da existência de um modelo padrão, o qual poderia solucionar parte das críticas e grande parte dos pontos relativos à qualidade do mesmo, desde que o modelo escolhido fosse 143 suficientemente capaz de externalizar a atuação da empresa sem utilização de vieses, onde se teriam as informações necessárias para julgar adequadamente a atuação da empresa referente a sua postura junto a sociedade, aos funcionários e ao meio ambiente. A utilização dos indicadores do GRI poderia vir a suprir estas exigências, pois, como mostrado ainda no capítulo três e comentado anteriormente, eles estão tendo adesão internacional, o que levaria à possibilidade de comparabilidade entre o desempenho exercido por organizações de diversos países e setores, bem como o acompanhamento da atuação da empresa no decorrer do tempo, sendo que outra grande contribuição que pode ser atribuída a estes indicadores é o fato deles apresentarem as bases para uma análise completa da atuação da empresa, pois divulgam informações relativas ao desempenho econômico, ambiental e social da empresa, o que caracteriza um Relatório Social completo, que atende a todas as vertentes sugeridas pela bibliografia consultada. Além disto, existe o fato do GRI possuir indicadores onde os aspectos negativos da atividade da empresa são evidenciados, tanto (1) na área econômica – quando, por exemplo, com a solicitação de divulgação dos impactos econômicos indiretos decorrentes da organização; (2) na área ambiental – quando, por exemplo, são solicitados que sejam informados os impactos ambientais causados pela atuação da organização; e (3) na área social – quando, por exemplo, é solicitado o número de óbitos relacionados ao trabalho dentro das atividades da organização. No quarto capítulo foram evidenciados os procedimentos metodológicos utilizados para a análise propriamente dita dos Balanços Sociais das empresas brasileiras que aderiam de forma informal ou formal aos indicadores do GRI, e como se chegou ao cálculo do valor referente ao grau de aderência plena aos indicadores 144 essenciais destas empresas aos indicadores, sendo esta a ferramenta utilizada para que se chegasse ao principal objetivo desta pesquisa. O capítulo cinco demonstrou, caso a caso, a utilização dos indicadores essenciais e adicionais de desempenho econômico, ambiental e social do GRI por oito empresas brasileiras que comunicaram à instituição que estão utilizando de alguma forma as suas Diretrizes – o total de empresas que utilizam o GRI são dez, porém duas delas não tiveram como ser analisadas por não possuírem o sumário de conteúdo do GRI e devido às informações referentes aos indicadores estarem dispersas pelo corpo do Relatório Social. A imprecisão referente ao exame das informações do Balanço Social nestas duas empresas fez com que as mesmas fossem uma limitação da pesquisa. Foram encontrados problemas no decorrer das análises individuais dos Relatórios Sociais, sendo que estes já haviam sido mencionados no capítulo três relativos aos pontos que comprometem a qualidade de tais relatórios. A tempestividade do Relatório Social, referente ao Princípio Contábil da Oportunidade, foi o primeiro problema encontrado nesta análise e que já havia sido mencionado nas pesquisas de Siqueira (2003, p. 115) e do GRI (2002, p. 16). Este problema aparece apenas no Relatório Social da Souza Cruz, onde o Balanço Social que é elaborado conforme das Diretrizes do GRI é publicado somente a cada 18 meses, sendo divulgado anualmente com o relatório financeiro apenas o Balanço Social Modelo IBASE. Ora, a informação tem valor desde que seja fornecida a tempo, conforme a Teoria Contábil, além do que os dois relatórios – financeiro e social – devem ser divulgados juntos pois possuem estreita relação ao cumprirem funções paralelas e complementares na análise do desempenho da organização. A abrangência foi outro problema encontrado somente no Relatório Social da Souza Cruz, onde os indicadores do GRI contemplavam apenas a vertente 145 ambiental, deixando de lado os indicadores de desempenho econômico e social sem que fossem justificadas tais omissões. Isto torna o Relatório Social incompleto pois não fornece todas as informações necessárias à uma adequada análise do desempenho da organização. Sendo este fato também observado em outras pesquisas (CUNHA e RIBEIRO, 2004, p. 13 e 14; SIQUEIRA e VIDAL, 2003, p. 12). Dias e Siqueira (2005, p. 12) concluíram que o problema relativo à padronização do Relatório Social pode ser considerado solucionado quando a empresa publica esta demonstração baseada em um modelo como os indicadores do GRI. Esta pesquisa é um exemplo que corrobora com esta afirmação, pois a mesma só pôde ser realizada em virtude da adoção de um mesmo padrão de Relatório Social por diferentes empresas, o que possibilitou a comparação e a divulgação de indicadores por diferentes organizações. Entretanto, a Shell Brasil, Mc’Donalds Brasil, Souza Cruz e Copesul, apesar de haverem adotado a estes indicadores de modo informal, ao não elaborarem o sumário de conteúdo do GRI, acabam incorrendo no problema de falta de padronização em virtude da imprecisão relacionada à identificação dos indicadores de desempenho do GRI nos Relatórios Sociais das mesmas. Apesar disto, foi possível realizar a análise do Relatório Social da Souza Cruz e da Copesul, mesmo não havendo tal sumário de conteúdo, pelo fato destas empresas afirmarem que os indicadores do GRI estavam todos apenas em uma parte do relatório, possibilitando que fosse realizada a associação entre o indicador divulgado pelas empresas com os do GRI. A não publicação do sumário de conteúdo do GRI ocasiona um trabalho extra para o usuário, o qual poderia ser evitado pela empresa. A transparência dos Relatórios Sociais, como comentado no capítulo três, diz respeito à existência de notas explicativas associadas aos indicadores, a existência 146 de um responsável pelas informações do Relatório Social, e a presença de uma auditoria externa. Constatou-se que a maioria das empresas estudadas apresenta quantidade satisfatório de notas explicativas associadas às informações quantitativas e qualitativas do relatório, o que diverge do observado por Siqueira (2003a, p. 12) na análise dos Relatórios Sociais de 21 empresas brasileiras que não utilizavam o GRI. Sobre o auditor externo, este está presente apenas nos Relatórios Sociais da Souza Cruz, do ABN AMRO Real e da Petrobras. Na Souza Cruz, apesar de haver relatório de auditoria referente à demonstração social, o mesmo afirma que as informações referentes ao GRI não foram verificadas; e nas duas outras empresas, apesar de ter havido revisão de alguns indicadores, o fato de não existirem normas para este tipo de trabalho acaba comprometendo a credibilidade da revisão, pois a mesma é feita com base em procedimentos pré-acordados entre a empresa de auditoria e a empresa auditada, fato este observado anteriormente por Dias e Siqueira (2005, p. 9). Já sobre o tópico referente à identificação de algum responsável pelas informações dos Relatórios Sociais, as empresas o entendem de modo diferenciado. A Usiminas, por exemplo, fornece apenas o cargo dos responsáveis pelas informações; a Souza Cruz, por sua vez, fornece o nome, o endereço, o telefone e o e-mail para contato sobre maiores informações referentes ao Relatório Social, porém nada fala sobre responsável pelos dados ali contidos; a Samarco Mineração, a Petrobras e a CPFL Energia identificam o nome dos responsáveis pelas informações contidas no Relatório Social, juntamente com e-mail e telefone para contato com os mesmos; já o ABN AMRO Real, ao final do relatório, se responsabiliza pelas informações e fornece o nome das pessoas que participaram 147 na coleta de dados; enquanto que a Copesul e a Natura nada falam sobre responsáveis pelos dados do Relatório Social. Na análise individual das empresas, observou-se que, dos 16 indicadores essenciais relativos a categoria ambiental propostos pelo GRI, a Souza Cruz utilizou somente oito, sendo que destes: três tiveram aderência plena, três aderência parcial, um estava dúbio e um não disponível, o que fez com que o grau de aderência aos indicadores ambientais do GRI por esta empresa fosse de 18,75%, e a aderência total ao GRI, considerando as três perspectivas, fosse de 6% - esta foi à aderência mais baixa por parte das empresas brasileiras que utilizam as Diretrizes do GRI. Na análise referente à utilização dos indicadores essenciais do GRI pela Copesul, constatou-se que no geral foram apresentados de forma adequada apenas 12 indicadores, que equivalem, conforme a metodologia empregada, a uma aderência de 24% ao GRI. A perspectiva ambiental foi a que recebeu maior atenção, pois obteve 43,75% dos seus indicadores essenciais contemplados adequadamente, sendo seguida pela econômica com 40 % e pela social com 4,17%, sendo esta última categoria a maior responsável pela baixa aderência ao GRI pela Copesul. Destaca-se o fato de 18% dos indicadores essenciais da Copesul terem sido classificados entre de aderência parcial ou dúbio. O ABN AMRO Real apresentou 23 indicadores de desempenho de forma completa (incluindo econômico, ambiental e social), que fizeram com que o grau de aderência ao GRI fosse de 53,49%. Entretanto, apesar de ter apresentado adequadamente pouco mais da metade dos indicadores essenciais do GRI, deve ser destacado o fato de que 28% dos indicadores essenciais divulgados pelo Banco estavam apresentando problemas relativos à divulgação das informações, onde quatro tiveram aderência parcial, dois estavam com informações dúbias e oito 148 estavam inconsistentes com o solicitado. Dos indicadores essenciais, somente o HR4 (de desempenho social) foi omitido no sumário do conteúdo do GRI. A aderência completa aos indicadores essenciais do GRI pela Usiminas foi de 64%. Dos indicadores divulgados, 32 apresentaram aderência plena, estando as informações fornecidas no relatório em conformidade com o que o GRI solicita. Destaca-se que 11 indicadores constantes no sumário estavam inconsistentes com o solicitado pelo GRI, o que representa 22% dos indicadores apresentados, e, caso estes sejam somados aos indicadores classificados como de aderência parcial e dúbios, o percentual de desconformidade passará para 32%, o que é um percentual considerável. A Samarco Mineração apresentou um grau de aderência completa aos indicadores essenciais do GRI de 75%, sendo a sua maior conformidade com o GRI referente aos indicadores essenciais de desempenho social, com aderência de 91,30%, seguida vem os indicadores de desempenho ambiental, com 62,50%, e econômico, com 55,56%. O percentual de desconformidade encontrado foi baixo quando comparado com o das empresas anteriormente apresentadas, sendo este de 8% - nas três perspectivas, foram encontrados dois indicadores com aderência parcial, um dúbio e um inconsistente. Passando para a análise dos indicadores essenciais do GRI divulgados pela Petrobras, constatou-se que o grau de aderência da empresa a estes indicadores é de 81,63%, sendo o desempenho econômico o que mais contribuiu para isto, com 90% de conformidade, seguido do desempenho social, com 86,96% e ambiental, com 68,75%. Apenas um indicador apresentou aderência parcial, dois estavam dúbios e um inconsistente, o que representa 8% de inconformidade. A Petrobras não possuía as informações relativas a cinco indicadores essenciais. 149 A CPFL Energia foi a empresa que apresentou uma aderência de 93,63% aos indicadores essenciais do GRI. Foram divulgados em conformidade com o solicitado pelo GRI 100% dos indicadores essenciais econômicos, 95,65% dos sociais e 85,71% dos ambientais,. Os problemas referentes a não conformidade com o solicitado pelos indicares do GRI foram poucos, apenas um indicador teve aderência parcial e dois estavam dúbios, o que totaliza 6% de não conformidade. Três indicadores foram classificados pela empresa como não aplicáveis à sua realidade, sendo dois ambientais e um social. Por fim, a Natura foi a empresa brasileira que apresentou maior aderência plena aos indicadores essenciais propostos pelo GRI, com um total de 95,83% de conformidade com o solicitado, corroborando com a classificação da organização, pela SustainAbility, como 16º melhor Relatório Anual dentre 350 empresas em diversos países. Todos os indicadores de desempenho ambiental da empresa foram adequadamente divulgados; dos de desempenho social, apenas um possuía informações dúbias, o que fez com que a aderência referente a esta categoria fosse de 95,83%; e dos indicadores econômicos a aderência plena foi de 90%, pois dois não foram divulgados: um por não estarem disponíveis os dados referentes a ele, e outro devido a empresa considerar a informação relativa a ele estratégica, sendo este último o único indicador (dentre todos os apresentados pelas oito empresas estudadas) que não foi divulgado porém houve uma justificativa para isto, conforme solicita o GRI. Fazendo uma análise geral sobre o grau de aderência plena das empresas brasileiras aos indicadores essenciais do GRI constata-se que esta varia bastante, indo de 6% a 95,83%. Isto demonstra que as empresas brasileiras que aderiram ao GRI de forma informal ou formal estão passando por diferentes fases de amadurecimento relativas a utilização destes indicadores. 150 O alto grau de aderência parcial aos indicadores em algumas empresas, bem como de indicadores com informações dúbias ou inconsistentes com o solicitado pelo GRI, evidencia que as organizações precisão despender maior seriedade e/ou atenção ao elaborarem seus relatórios para que os usuários dos mesmos não sejam levados a acreditar que determinada empresa está apresentando seu relatório em conformidade com o GRI quando, na verdade, grande parte de seus indicadores apresenta problemas relativos ao que realmente deveria ser informado. A obrigatoriedade de elaboração e publicação do Balanço Social se faz necessária para que problemas relativos a uniformidade das informações, tempestividade na apresentação do relatório, a comparabilidade entre diferentes empresas e a abrangência do mesmo sejam solucionados, principalmente porque, uma empresa que possui uma atuação prejudicial ao meio ambiente e a sociedade dificilmente divulgaria esta demonstração e, caso a divulgasse, como não há um padrão a ser seguido, poderia informar apenas o que lhe fosse conveniente, fazendo com que o Balanço Social não atingisse o seu fim, que é a prestação de informações adequadas para a tomada de decisão. Como sugestão para trabalhos futuros recomenda-se que seja feita a análise da aderência plena aos indicadores do GRI considerando um período maior de tempo, onde poderá ser verificado se os problemas encontrados na apresentação dos indicadores do GRI utilizados pelas empresas brasileiras nesta pesquisa foram resolvidos nos Relatórios Sociais subseqüentes. Também se recomenda que sejam realizados estudos de caso, onde o pesquisador deverá ir até as organizações para identificar as dificuldades de implantação do GRI nas mesmas, possibilitando que sejam entendidas as dificuldades relativas a utilização desses indicadores e descobrir porque uma empresa que afirma adotar ao GRI não divulga os indicadores do mesmo de forma 151 completa, fato este que não pode ser respondido nesta pesquisa por ter surgido ao final da mesma, não fazendo parte do objetivo proposto. 152 BIBLIOGRAFIA AA1000 foi tema de Confidências Mineiras. Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. 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ANEXO I Balanço Social Modelo IBASE BalançoSocial Anual / 2004 Empresa: 1 - Base de Cálculo 2004 Valor (Mil reais) 2003 Valor (Mil reais) Receita líquida (RL) 0 0 Resultado operacional (RO) 0 0 Folha de pagamento bruta (FPB) 0 0 2 - Indicadores Sociais Internos Valor (mil) % sobre FPB % sobre RL Valor (mil) % sobre FPB % sobre RL Alimentação Encargos sociais compulsórios Previdência privada Saúde Segurança e medicina no trabalho Educação Cultura Capacitação e desenvolvimento profissional Creches ou auxílio-creche Participação nos lucros ou resultados Outros Total - Indicadores sociais internos 3 - Indicadores Sociais Externos Valor (mil) % sobre RO % sobre RL Valor (mil) % sobre RO % sobre RL Educação Cultura Saúde e saneamento Esporte Combate à fome e segurança alimentar Outros Total das contribuições para a sociedade Tributos (excluídos encargos sociais) Total - Indicadores sociais externos 4 - Indicadores Ambientais Valor (mil) % sobre RO % sobre RL Valor (mil) % sobre RO % sobre RL Investimentos relacionados com a produção/ operação da empresa Investimentos em programas e/ou projetos externos Total dos investimentos em meio ambiente Quanto ao estabelecimento de “metas anuais” para minimizar resíduos, o consumo em geral na produção/ operação e aumentar a eficácia na utilização de recursos naturais, a empresa ( ) não possui metas ( ) cumpre de 51 a 75% ) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 76 a 100% 5 - Indicadores do Corpo Funcional Nº de empregados(as) ao final do período Nº de admissões durante o período Nº de empregados(as) terceirizados(as) Nº de estagiários(as) Nº de empregados(as) acima de 45 anos Nº de mulheres que trabalham na empresa % de cargos de chefia ocupados por mulheres Nº de negros(as) que trabalham na empresa % de cargos de chefia ocupados por negros(as) Nº de portadores(as) de deficiência ou necessidades especiais 6 - Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial Relação entre a maior e a menor remuneração na empresa Número total de acidentes de trabalho Os projetos sociais e ambientais desenvolvidos pela empresa ( ) direção foram definidos por: Os pradrões de segurança e salubridade no ambiente de ( ) direção e gerências trabalho foram definidos por: Quanto à liberdade sindical, ao direito de negociação coletiva e ( ) não se envolve à representação interna dos(as) trabalhadores(as), a empresa: A previdência privada contempla: A participação dos lucros ou resultados contempla: Na seleção dos fornecedores, os mesmos padrões éticos e de responsabilidade social e ambiental adotados pela empresa: Quanto à participação de empregados(as) em programas de trabalho voluntário, a empresa: Número total de reclamações e críticas de consumidores(as): % de reclamações e críticas atendidas ou solucionadas: Valor adicionado total a distribuir (em mil R$): Distribuição do Valor Adicionado (DVA): 7 - Outras Informações ( ) direção ( ) direção ( ) não são considerados ( ( ) não possui metas ( ) cumpre de 51 a 75% ( ) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 76 a 100% 2004 Metas 2005 0 0 0 0 ( ) direção e gerências ( ) todos(as) empregados(as) ( ) direção ( ) direção e gerências ( ) todos(as) empregados(as) ( ) todos(as) empregados(as) ( ) todos(as) + Cipa ( ) direção e gerências ( ) todos(as) empregados(as) ( ) todos(as) + Cipa ( ) segue as normas da OIT ( ) incentiva e segue a OIT ( ) não se envolverá ( ) seguirá as normas da OIT ( ) incentivará e seguirá a OIT ( ) direção ( ) direção e gerências ( ) direção e gerências ( ) serão sugeridos ( ) todos(as) empregados(as) ( ) todos(as) empregados(as) ( ) serão exigidos ( ) direção e ( ) todos(as) gerências empregados(as) ( ) direção e ( ) todos(as) gerências empregados(as) ( ) são sugeridos ( ) são exigidos ( ) direção ( ) não serão considerados ( ) não se envolve ( ) apóia ( ) organiza e incentiva ( ) não se envolverá ( ) apoiará ( ) organizará e incentivará na empresa ________ na empresa ________% no Procon ________ no Procon ________% na Justiça ________ na Justiça ________% na empresa ________ na empresa ________% no Procon ________ no Procon ________% na Justiça ________ na Justiça ________% Em 2004: Em 2003: ___% governo ___% colaboradores(as) ___% acionistas ___ % terceiros ___% retido ___% governo ___% colaboradores(as) ___% acionistas ___ % terceiros ___% retido 164 ANEXO II INDICADORES ESSENCIAIS DO GRI INDICADORES DE DESEMPENHO ECONÔMICO Impactos econômicos diretos Consumidores EC1. Vendas líquidas. EC2. Análise regional de mercado. Para cada produto ou linha de produto, apresentar sua participação no mercado nacional por país, caso esta seja de 25% ou mais. Apresentar participação de mercado e vendas em cada país onde as vendas no mercado interno representem 5% ou mais do PIB. Fornecedores EC3. Custo dos bens, materiais e serviços adquiridos. EC4. Porcentagem de contratos pagos segundo os termos estabelecidos, exceto disposições acordadas no que tange a penalidades. Os termos podem incluir condições tais como prazo e forma de pagamento ou outras condições. Este indicador é o percentual de contratos que foram pagos de acordo com os termos, independentemente dos detalhes. Empregados :EC5. Total da folha de pagamento e benefícios (incluindo salários, pensões, outros benefícios e pagamentos de indenização por demissão), agrupados por país ou região. Esse total deve corresponder a pagamentos atuais, não incluindo compromissos futuros. Observação: O indicador LA9, sobre treinamento, também fornece informações acerca de um aspecto do investimento da organização em capital humano. Investidores EC6. Distribuições para investidores, discriminadas por juros sobre dívidas e empréstimos, e dividendos em todos os tipos de ações, apontando-se qualquer atraso no pagamento de dividendos preferenciais. Inclui todas as formas de dívida e empréstimo, não apenas débitos de longo prazo. EC7. Aumento/decréscimo em ganhos retidos ao fim do período. Setor Público EC8. Soma de todos os tipos de impostos já pagos, discriminados por país. 165 EC9. Subsídios recebidos de acordo com o país ou região. Este item refere-se a subsídios, benefícios fiscais e outros tipos de benefício financeiro que não representem uma transação de bens e serviços. Explique as definições usadas para os tipos de subsídio. EC10. Doações à comunidade, à sociedade civil e a outros grupos, em dinheiro ou em espécie, discriminadas por tipo e por grupo. Fonte: GRI (2002, p. 45 e 46). INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL Material EN1. Uso total de materiais por tipo (exceto água). Fornecer as definições usadas para os tipos de material. Relatar em toneladas, quilogramas ou volume. EN2. Porcentagem de materiais utilizados que eram resíduos (processados ou não) de fontes externas à organização relatora. Refere-se a material reciclado e a resíduos industriais. Relatar em toneladas, quilogramas ou volume. Energia EN3. Consumo direto de energia, segmentado por fonte primária. Relatar todas as fontes de energia utilizadas pela organização relatora para suas próprias operações, assim como para a produção e distribuição de energia (eletricidade ou calor) a outras organizações. Relatar em joules. EN4. Consumo indireto de energia. Relatar a energia usada para produzir e distribuir energia comprada pela organização relatora (por exemplo, eletricidade ou calor). Relatar em joules. Água EN5. Consumo total de água. Biodiversidade EN6. Localização e tamanho das terras pertencentes à organização, arrendadas ou administradas por ela em habitats ricos em biodiversidade. Mais orientações a respeito de habitats ricos em biodiversidade em www.globalreporting.org. EN7. Descrição dos principais impactos sobre a biodiversidade associados a atividades e/ou produtos e serviços em ambientes terrestres, de água doce ou marítimos. 166 Emissões, efluentes e resíduos EN8. Emissões de gases causadores do efeito estufa. (CO2, CH4, N2O, HFCs, PFCs, SF6) Relatar os subtotais separados para cada gás em toneladas e em toneladas de CO2 equivalentes para o seguinte: • emissões diretas de fontes pertencentes ou controladas pela entidade relatora; • emissões indiretas (calor ou vapor) importados. Ver o Greenhouse Gas Protocol (protocolo de gases causadores do efeito estufa), da WRI (World Resources Institute) e da WBCSD (World Business Council for Sustainable Development). EN9. Uso e emissões de substâncias destruidoras de ozônio. Relatar cada número separadamente de acordo com os anexos A, B, C, D e E do Protocolo de Montreal, em toneladas de CFC-11 equivalentes (potencial inibidor de ozônio). EN10. NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, pelo tipo. Incluir emissões de substâncias reguladas por: • Controle e leis locais • Convenção de Estocolmo sobre poluentes orgânicos persistentes (Anexos A, B e C). • Convenção de Roterdã sobre Procedimento de Conhecimento Prévio Informado • Protocolos de Helsinque, Sófia e Genebra para a Convenção sobre Poluição Atmosférica Transfronteiriça a Longa Distância. EN11. Quantidade total de resíduos por tipo e destino. “Destino” refere-se ao método pelo qual o resíduo é tratado, incluindo composição, reutilização, reciclagem, recuperação, incineração ou aterro. Explicar o método de dissociação e de estimativa. EN12. Descargas significativas na água (especificar por tipo). EN13. Derramamento significativo de produtos químicos, óleos e combustíveis pelo número total de ocorrências e pelo volume total. A importância é definida de acordo com a extensão do derramamento e o impacto causado no meio ambiente ao seu redor. Produtos e serviços EN14. Impactos ambientais significativos dos principais produtos e serviços. Descrever e quantificar quando relevante. 167 EN15. Porcentagem recuperável dos produtos vendidos ao fim do seu ciclo de vida e porcentagem efetivamente recuperada. Recuperável refere-se à reciclagem ou reutilização dos materiais ou componentes do produto. Concordância EN16. Incidentes ou multas por não-cumprimento das declarações, convenções, tratados internacionais, legislação nacional, subnacional, regional e local sobre assuntos ambientais. Informar por país em que opera. Fonte: GRI (2002, p. 47 a 49). INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Práticas trabalhistas e trabalho decente Emprego LA1. Especificar a mão-de-obra, se possível por região ou país, status (empregados ou não), tipo de emprego (tempo integral ou parcial) e tipo de contrato de trabalho (permanente, por tempo determinado ou temporário). Identificar também a mão-de-obra mantida em associação com outros empregadores (trabalhadores temporários de agências ou terceirizados), discriminada por região/país. LA2. Criação de empregos e rotatividade, por região/país. Trabalho/Relações de Administração LA3. Porcentagem de empregados representados por organizações sindicais independentes ou outros representantes legítimos, ou porcentagem de empregados amparados por acordos de negociação coletiva, por região/país. LA4. Política e procedimentos envolvendo informação, consulta e negociação com empregados a respeito de mudanças nas operações da organização relatora (por exemplo, reestruturação). Saúde e segurança LA5. Práticas sobre registro e notificação de acidentes e doenças ocupacionais, e como elas estão relacionadas com o Código de Prática da OIT sobre Registro e Notificação de Acidentes e Doenças Profissionais. LA6. Descrição de comitês formais sobre saúde e segurança, incluindo representantes da administração e dos trabalhadores, e parcela da mão-de-obra atendida por qualquer um desses comitês. LA7. Lesões típicas, dias perdidos, índice de absenteísmo e número de óbitos relacionados ao trabalho (incluindo trabalhadores sub-contratados). 168 LA8. Descrição de políticas ou programas (para o ambiente de trabalho e fora dele) a respeito de HIV/Aids. Treinamento e educação LA9. Média de horas de treinamento por ano, por empregado e por categoria. (Por exemplo, diretoria, gerência, categoria profissional, técnica, administrativa, de produção e de manutenção). Diversidade e oportunidades LA10. Descrição de políticas ou programas de iguais oportunidades, bem como sistemas de monitoramento para garantir o seu cumprimento. As políticas de iguais oportunidades podem incluir a coibição de assédio no local de trabalho e ação afirmativa relativa aos padrões históricos de discriminação. LA11. Composição do corpo diretivo e do grupo responsável pela governança corporativa (incluindo o quadro de diretores), observando-se a proporção homem/mulher e outros indicadores de diversidade culturalmente apropriados. INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Direitos humanos Estratégia e administração HR1. Descrição de políticas, diretrizes, estrutura corporativa e procedimentos para lidar com todos os aspectos dos direitos humanos relevantes nas operações da organização, incluindo mecanismos de monitoramento e resultados. Especificar como as políticas se relacionam com padrões internacionais existentes, tais como a Declaração Universal e as Convenções da OIT sobre os direitos humanos fundamentais. HR2. Evidência de consideração dos impactos sobre os direitos humanos como parte de investimentos e tomadas de decisão de compra, incluindo a seleção de fornecedores ou contratados. HR3. Descrição de políticas e procedimentos para avaliar e abordar o desempenho em direitos humanos dentro da cadeia de fornecedores e contratados, incluindo sistemas e resultados de monitoramento. “Desempenho em direitos humanos” refere-se a aspectos dos direitos humanos a serem relatados nos indicadores de desempenho da GRI. Não-discriminação HR4. Descrição de política global e procedimentos ou programas que previnam todas as formas de discriminação, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento. Liberdade de associação e negociação coletiva HR5. Descrição da política de liberdade de associação e a extensão pela qual essa política é universalmente aplicada, independentemente das leis locais, bem como descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto. Trabalho infantil 169 HR6. Descrição de políticas que excluam o trabalho infantil, conforme definido pela Convenção 138 da OIT, e a determinação e aplicação visível dessa política, bem como a descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento. Trabalho forçado e compulsório HR7. Descrição de políticas para prevenir o trabalho forçado e compulsório, e a extensão pela qual essas políticas são visivelmente estabelecidas e aplicadas, bem como descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento. INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Sociedade Comunidade SO1. Descrição de políticas para gerenciar impactos sobre as comunidades que vivem em áreas afetadas pelas atividades da organização, bem como descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento. Incluir explicação de procedimentos para identificar e estabelecer diálogo com as partes interessadas da comunidade. Suborno e corrupção SO2. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade para organizações e empregados com relação a suborno e corrupção. Incluir uma descrição de como a organização satisfaz os requisitos da Convenção sobre o Combate à Corrupção, da OCDE. Contribuições políticas SO3. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade para a administração de lobbies e contribuições políticas. INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Responsabilidade sobre o produto Saúde e segurança do consumidor PR1. Descrição de políticas para preservar a saúde e a segurança do consumidor durante o uso de produtos e serviços, e a extensão pela qual essas políticas são visivelmente estabelecidas e aplicadas, bem como descrição de procedimentos ou programas para tratar do assunto, incluindo sistemas de monitoramento e resultados desse monitoramento. Explicar as razões para qualquer uso de padrões múltiplos em marketing e venda de produtos. Produtos e serviços PR2. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade relacionados a informações sobre o produto e sua rotulagem. Respeito à privacidade 170 PR3. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de respeito à privacidade do consumidor. Identificar as áreas geográficas de aplicação dessas políticas. Fonte: Adaptado de GRI (2002, p. 50 – 54). 171 ANEXO III INDICADORES ADICIONAIS DO GRI INDICADORES DE DESEMPENHO ECONÔMICO Impactos econômicos diretos Fornecedores EC11. Classificação de fornecedores por organização e país. Listar todos os fornecedores cujos produtos ou serviços no período de elaboração do relatório representem 10% ou mais das aquisições totais. Identificar também todos os países em que as aquisições totais representem 5% ou mais do PIB. Setor Público EC12. Total gasto no desenvolvimento de infra-estruturas para negócios nãocentrais. Refere-se a infra-estruturas construídas fora das principais atividades de negócios da entidade relatora, como uma escola ou um hospital para empregados e suas famílias. Impactos econômicos indiretos EC13. Impactos econômicos indiretos da organização. Fonte: GRI (2002, p. 45 e 46). INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL Energia EN17. Iniciativas para uso de fontes de energia renováveis e para aumentar a eficiência da energia empregada. EN18. Consumo anual de energia para os principais produtos, ou seja, exigências anuais de energia durante a vida do produto. Relatar em joules. EN19. Outros usos indiretos de energia (exploração, produção e comercialização) e suas implicações, tais como viagens de negócios, administração do ciclo de vida do produto e uso de materiais que requerem muita energia. Água EN20. Fontes de água e ecossistemas/habitats significativamente afetados pelo consumo de água. Incluir as zonas úmidas listadas pela Convenção Ramsar e a contribuição geral para as tendências ambientais resultantes. EN21. Remoção anual de solo e água de superfície em relação à quantidade anual renovável de água disponível. Apresentação em porcentagem, por região. 172 EN22. Reciclagem e reutilização total de água. Incluir águas residuais e outros tipos de água usada (em refrigeração, por exemplo). Biodiversidade EN23. Quantidade total de terras possuídas, arrendadas ou administradas para atividades de produção ou uso extrativo. EN24. Quantidade de superfície impermeável em relação a terras compradas ou arrendadas, em porcentagem. EN25. Impactos de atividades e operações sobre áreas protegidas ou sensíveis. Por exemplo, categorias de 1-4 de áreas protegidas da UICN (União Internacional para Conservação da Natureza), regiões de herança mundial e reservas de biosfera. EN26. Mudanças nos habitats naturais resultantes de atividades e operações e percentual protegido ou restaurado. Identificar o tipo de habitat afetado e seu status. EN27. Objetivos, programas e metas para proteger e restaurar ecossistemas e espécies nativas em áreas degradadas. EN28. Número de espécies na Lista Vermelha da UICN com habitat em áreas afetadas pelas operações. EN29. Unidades de negócios operando ou planejando operações em áreas protegidas ou sensíveis, ou ao seu redor. Emissões, efluentes e resíduos EN30. Outras emissões indiretas relevantes de gases causadores do efeito estufa. (CO2,CH4, N2O, HFCs, PFCs, SF6). Este item se refere a emissões resultantes de atividades da entidade relatora, mas que se originam de fontes pertencentes ou controladas por outra entidade. Relatar em toneladas de gás ou toneladas equivalentes de CO2. Ver o Greenhouse Gas Protocol (protocolo de gases causadores do efeito estufa), da WRI e da WBCSD. EN31. Toda a produção, transporte, importação e exportação de qualquer resíduo considerado prejudicial pelos termos da Convenção da Basiléia. EN32. Fontes de água (e ecossistemas ou habitats relacionados) significativamente afetados pela descarga e escoamento de água. Inclui as áreas úmidas citadas pela Convenção de Ramsar e a contribuição geral para tendências ambientais resultantes. Ver Protocolo de Águas da GRI*. Fornecedores EN33. Desempenho dos fornecedores relativo aos componentes ambientais de programas e procedimentos descritos em resposta à seção “Estrutura de Governança e Sistemas de Gestão” (3.16). Transporte EN34. Impactos ambientais significativos de transporte utilizado. Geral 173 EN35. Total de gastos ambientais e especificação por tipo. Fonte: GRI (2002, p. 47 a 49). INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Práticas trabalhistas e trabalho decente Emprego LA12. Benefícios de empregados além dos previstos por lei. Por exemplo, contribuição para assistência médica, invalidez, maternidade, educação e aposentadoria. Trabalho/Relações de Administração LA13. Provisão para representação formal de trabalhadores em tomadas de decisão ou administração, incluindo governança corporativa. Saúde e segurança LA14. Evidência de conformidade substancial com as Guidelines on Occupational Safety and Health Management Systems (Diretrizes sobre Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho). LA15. Descrição de acordos formais com sindicatos ou outros representantes legítimos dos trabalhadores, envolvendo saúde e segurança no trabalho; proporção da força de trabalho amparada por qualquer desses acordos. Treinamento e educação LA16. Descrição de programas para apoiar a continuidade da empregabilidade dos funcionários e para gerenciar fins de carreira. LA17. Políticas e programas específicos para gestão de habilidades ou aprendizado para toda a vida. INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Direitos humanos Estratégia e administração HR8. Treinamento de empregados em políticas e práticas concernentes a todos os aspectos dos direitos humanos relevantes para as operações. Incluir tipo de treinamento, número de empregados treinados e duração média dos treinamentos. Práticas de disciplina HR9. Descrição de processos judiciais, incluindo questões relativas aos direitos humanos. Descrever os processos e a representação. HR10. Descrição de política de não-retaliação e sistema efetivo e confidencial de recebimento das queixas dos funcionários (incluindo seus impactos sobre os direitos humanos). 174 Práticas de segurança HR11. Treinamento em direitos humanos para segurança dos funcionários. Incluir tipo de treinamento, número de pessoas treinadas e duração média do treinamento. Direitos indígenas HR12. Descrição de políticas, diretrizes e procedimentos para tratar das necessidades de indígenas. Este item inclui os indígenas que fazem parte da força de trabalho e os que vivem nas comunidades nas quais a organização opera atualmente ou deseja operar. HR13. Descrição de mecanismos para atendimento de queixas e de reclamações da comunidade indígena. HR14. Parte da receita operacional distribuída para comunidades indígenas locais. INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Sociedade Comunidade SO4. Prêmios recebidos que sejam relevantes para o desempenho social, ético e ambiental. Contribuições políticas SO5. Quantia de dinheiro paga a partidos políticos e instituições cuja principal função consiste em financiar partidos políticos ou seus candidatos. Competições e preços SO6. Decisões legais com respeito a casos referentes à legislação antitruste e de regulamentação de monopólio. SO7. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade para prevenção de práticas de concorrência desleal. INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL: Responsabilidade sobre o produto Saúde e segurança do consumidor PR4. Número e tipo de instâncias de não-conformidade com a legislação referente à saúde e segurança do consumidor, incluindo penalidades e multas impostas por essas violações. PR5. Número de reclamações recebidas por organismos regulatórios ou organizações oficiais similares para inspecionar ou regular a garantia de saúde e segurança no uso de produtos e serviços. PR6. Conformidade voluntária a um código de conduta, selos nos rótulos dos produtos que a organização está qualificada para utilizar ou prêmios referentes a responsabilidade social e/ou ambiental que recebeu. Incluir explicações sobre o processo e critérios envolvidos. Produtos e serviços PR7. Número e tipo de instâncias de não-conformidade com a legislação referente a informações e rotulagem do produto, incluindo qualquer penalidade ou multa imposta por essas violações. 175 PR8. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade relacionados à satisfação do consumidor, incluindo resultados de pesquisas sobre o assunto. Identificar áreas geográficas de aplicação dessas políticas. Propaganda PR9. Descrição de políticas, procedimentos, sistemas gerenciais e mecanismos de conformidade para adesão a padrões e códigos voluntários relacionados à propaganda. Identificar áreas geográficas de aplicação dessas políticas. PR10. Número e tipos de violação de regulamentações de propaganda e marketing. Respeito à privacidade PR11. Número de reclamações registradas com respeito à violação da privacidade de consumidores. Fonte: Adaptado de GRI (2002, p. 50 – 54). 176 ANEXO IV Indicadores de Desempenho Econômico Copesul EC1 EC2 EC3 EC4 EC5 EC6 EC8 Fonte: Adaptado COPESUL (2004, p. 6). 177 Indicadores de Desempenho Ambiental Copesul (1) EN1 EN3 EN4 EN18 EN5 EN23 EN26 EN7 EN16 EN27 Fonte: Adaptado COPESUL (2004, p. 6). 178 Indicadores de Desempenho Ambiental Copesul (2) EN8 EN9 EN10 EN8 EN11 EN12 EN13 EN30 EN11 EN11 Fonte: Adaptado COPESUL (2004, p. 7). 179 Indicadores de Desempenho Ambiental Copesul (3) EN35 Fonte: Adaptado COPESUL (2004, p. 7). Indicadores de Desempenho Social Copesul (1) LA1 LA2 LA1 Fonte: Adaptado COPESUL (2004, p. 7). 180 Indicadores de Desempenho Social Copesul (2) LA12 LA12 LA12 Fonte: Adaptado COPESUL (2004, p. 7). Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo