PROJETO SEMPRE-VIVA Campanha de erradicação de violência Doméstica – Ênfase Projeto Sempre-Viva. TERESA CRISTINA CABRAL SANTANA RODRIGUES DOS SANTOS Juíza de Direito da 2ª Vara Criminal de Santo André Projeto destinado à humanização do atendimento à vítima de violência doméstica. As vítimas de violência doméstica de ordinário não procuram ajuda. Permanecem em silêncio e não buscam soluções efetivas para o problema. Quando resolvem quebrar o silêncio, normalmente não conseguem obter respostas minimamente satisfatórias e acabam desistindo. Esse momento de coragem da mulher, de quebra de silêncio, tem que ser aproveitado. Uma das formas de proporcionar o aproveitamento desse momento consiste em conferir à vítima um bom atendimento na Delegacia de Defesa da Mulher, que, juntamente com a rede de saúde (hospitais e redes de pronto atendimento), são a porta de entrada da notícia da violência. O projeto consiste em proporcionar, junto à Delegacia de Defesa da Mulher um atendimento efetivo e eficaz que possa ajudar a vítima a quebrar o ciclo de violência. I - INTRODUÇÃO: A constatação de que a violência doméstica é um problema muito sério é inevitável. Quando começamos a estudar o tema, a conversar e a ouvir expoentes, Poderes constituídos, Instituições e a sociedade civil, conclusão inarredável é a pertinente à gravidade e seriedade do problema. II- DESENVOLVIMENTO 1- MAPEAMENTO DA VIOLÊNCIA As minhas ações visando pelo menos diminuir os alarmantes índices negativos que possuímos foram iniciadas através da consulta de expoentes sociais, instituições e sociedade civil. Procurei de início conhecer a realidade da comunidade e, a partir dela, aspectos da violência, estatísticas, e os instrumentos postos à disposição da sociedade para ajuda. Saber os locais onde o problema acontece com maior frequência, e as características do agressor e da vítima. Algumas descobertas foram feitas, logicamente, ou, talvez, infelizmente, não de forma inédita porque o problema se repete, a despeito da diversidade e das diferenças das distintas realidades do nosso território. Na realidade foram mais confirmações do que descobertas. Neste percurso ouvi muitas vezes e de distintas pessoas e expoentes uma pergunta recorrente: “por que a vítima não sai da situação da violência?” Essa pergunta me levou a fazer uma série de indagações. A pergunta, na realidade, é equivocada: nós não devemos perguntar por que a vítima não deixa a situação em que se encontra. Nós devemos perguntar por que nós, sociedade, Poderes, instituições, não conferimos à vítima as condições necessárias para que saia da situação de violência. Dentro desse panorama e acreditando que nós precisamos conferir à vítima essas condições, foram desenvolvidos alguns projetos. Dentre esses projetos o Projeto SEMPRE-VIVA, que foi elaborado em novembro de 2012. 2- NOME DO PROJETO Várias foram as possibilidades na escolha do nome do projeto. O nome SEMPRE-VIVA foi escolhido em razão de uma particularidade da flor que leva este nome. A SEMPRE-VIVA é uma flor que nasce em locais inóspitos, é submetida a condições adversas e, mesmo assim, não perde a sua beleza e vida. Além disso, o próprio nome carrega em sua construção e significado uma importante mensagem de vida. Proporcionar à mulher, vítima da violência, a esperança de que pode viver, a despeito e apesar de toda a adversidade, em condições saudáveis, assim como a SEMPRE-VIVA, propagando a sua força e beleza interior em um exemplo de que a perseverança é um instrumento importante na concretização de uma vida melhor. 3- ATENDIMENTO ÀS VÍTIMAS As vítimas de violência doméstica de ordinário não procuram ajuda. Permanecem em silêncio e não buscam soluções efetivas para o problema. Quando resolvem quebrar o silêncio, normalmente não conseguem obter respostas minimamente satisfatórias e acabam desistindo. Esse momento de coragem da mulher, de quebra de silêncio, tem que ser aproveitado. Uma das formas de proporcionar o aproveitamento desse momento consiste em conferir à vítima um bom atendimento na Delegacia de Defesa da Mulher, que, juntamente com a rede de saúde (hospitais e redes de pronto atendimento), são a porta de entrada da notícia da violência. Para que possa ser proporcionado um bom atendimento junto à Delegacia de Defesa da Mulher alguns elementos são necessários: A- Espaço físico adequado B- Valorização do trabalho dos profissionais que atuam junto às Delegacias de Defesa da Mulher C- Preparação e especialização dos profissionais 4MUDANÇA DELEGACIA DE DEFESA DA MULHER. DE LOCALIZAÇÃO DA As instalações da Delegacia de Defesa da Mulher, em Santo André, eram muito ruins. Não havia espaço para o atendimento; as vítimas, diante das instalações precárias, eram atendidas praticamente na rua. Assim para a consecução do projeto era necessária a mudança, a escolha de outro local que pudesse atender às necessidades e proporcionar melhores instalações para a Delegacia de Defesa da Mulher. 5- VALORIZAÇÃO DO TRABALHO DOS PROFISSIONAIS QUE ATUAM JUNTO ÁS DELEGACIAS DE DEFESA DA MULHER Assim como culturalmente existem barreiras bastante concretas que dificultam, senão impedem, a erradicação da violência doméstica, também existe uma barreira cultural considerável que leva os vários segmentos sociais a não valorizar e, não raras vezes, a desprezar os profissionais que atuam na erradicação do problema. Com os profissionais que trabalham nas Delegacias de Defesa da Mulher a situação não é diferente. Para que estes profissionais sejam incentivados a trabalhar, que tenham reconhecida a importante contribuição que dão ao problema, é necessário valorizar o trabalho, enaltecê-lo, conferir outra valoração cultural à atuação. A mudança do espaço físico contribui não somente para melhor atendimento à vítima, diante de instalações favoráveis, mas, também, a proporcionar aos profissionais que trabalham nas delegacias, melhores condições de trabalho. 6- ESPECIALIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS A mudança do espaço físico, logicamente, não seria suficiente para proporcionar o atendimento adequado. É necessário, também, preparar e especializar os profissionais, que, nas delegacias, atendem as vítimas e lidam com esse difícil problema. Para que isso aconteça, é necessário o envolvimento dos profissionais com a causa, proporcionar cursos, palestras, mesas de conversas e debates. Contudo, e, por melhores que sejam as intenções, os profissionais que trabalham nas Delegacias de Defesa da Mulher não têm conhecimento técnico específico que torne possível atender às necessidades da mulher, vítima da violência. A vítima faz parte de um ciclo de violência muito complexo e não é fácil proporcionar o atendimento adequado e necessário. Além disso, uma vez submetida ao percurso necessário para que todo o atendimento possa ser prestado, acaba não raras vezes desistindo, perdendo-se uma importante oportunidade de aproveitar o corajoso e difícil ato de procurar ajuda no seu nascedouro. 7- CRIAÇÃO DE CENTRO DE ATENDIMENTO JUNTO À DELEGACIA DE DEFESA DA MULHER A partir desta constatação, surgiu, então, a ideia de efetivar, junto à Delegacia de Defesa da Mulher um atendimento especializado nas áreas de psicologia, serviço social, médica e jurídica. III- IMPLANTAÇÃO O novo prédio para a instalação da Delegacia de Defesa da Mulher foi alugado. Tem linhas de ônibus e trem próximas. Tem bastante espaço disponível para a instalação do centro de atendimento; espaço inclusive que preserva a intimidade e privacidade das vítimas. A mudança foi realizada. Os parceiros para a realização do atendimento foram escolhidos: Professores e alunos das Faculdades ABC de Medicina e Metodista – curso de Psicologia; OAB e Defensoria Pública de Santo André. Resta, com relação aos parceiros, a celebração de convênio específico. A celebração já se encontra em andamento. IV- OBJETIVO FINAL Como derivação do PROJETO SEMPRE-VIVA, estabelecimento de protocolo definitivo com a extensão do atendimento nas Delegacias de Defesa da Mulher como elemento necessário para o cumprimento dos ditames da Lei 11.340/06. Autora: TERESA CRISTINA CABRAL SANTANA RODRIGUES DOS SANTOS Juíza de Direito Titular da 2ª Vara Criminal de Santo André