ÉRIKA ANDERSON NUNES PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL PUC – Campinas 2007 ÉRIKA ANDERSON NUNES PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia apresentada como exigência para obtenção do título de Psicopedagoga no curso de especialização em Educação e Psicopedagogia junto à Faculdade de Educação do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, sob a orientação da Profa. Ms. Maria Regina Peres. PUC – Campinas 2007 2 DEDICATÓRIA A minha querida mãe Cristina pelo esforço dedicado a minha formação. 3 AGRADECIMENTOS A toda equipe do curso de Especialização em Psicopedagogia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e em especial a orientadora Maria Regina Peres. Agradeço também a participação fundamental neste trabalho de Aline Sturion e Maria Teresa Coelho. 4 SUMÁRIO SUMÁRIO....................................................................................................................4 RESUMO.....................................................................................................................5 APRESENTAÇÃO.......................................................................................................6 INTRODUÇÃO ............................................................................................................7 1. HISTÓRIA DA MOTRICIDADE HUMANA ...............................................................8 2. DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA ..........................................17 2.1 Esquema de desenvolvimento infantil dos dois aos cinco anos ......................22 3. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DECORRENTES DOS DISTÚRBIOS PSICOMOTORES .....................................................................................................32 3.1 Dificuldades do grafismo..................................................................................36 3.2 Disortografias...................................................................................................37 3.3 Discalculias ......................................................................................................38 3.4 Deficiência motora fina ....................................................................................38 3.5 Dislexia ............................................................................................................39 3.6 Hiperatividade ..................................................................................................40 3.7 Dispraxia..........................................................................................................41 4. METODOLOGIA....................................................................................................42 5. RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISES ...............................................................43 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................64 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................65 5 RESUMO O presente trabalho evidencia a importância da psicomotricidade na educação infantil. Tivemos como objetivo pesquisar sobre o desenvolvimento psicomotor e as contribuições do psicopedagogo para os distúrbios psicomotores. Para isto utilizamos como referencial a pesquisa qualitativa por meio de uma revisão bibliográfica sobre o assunto, enfatizando seus principais aspectos. Dentre os aspectos evidenciados destacamos: a história e o desenvolvimento psicomotor e os distúrbios psicomotores. Apresentamos também algumas sugestões de exercícios possíveis de serem trabalhados pelo educador. Os resultados indicam a importância do trabalho do psicopedagogo junto a crianças com distúrbios psicomotores. Palavras-Chave: Psicomotricidade, Psicopedagogo, Aprendizagem, Educação e Desenvolvimento 6 APRESENTAÇÃO Esse trabalho aborda o tema a importância da psicomotricidade na educação infantil, buscando respostas para a problemática das dificuldades motoras das crianças em idade pré-escolar que ingressam no ensino fundamental. O interesse pelo tema surgiu à partir de minha prática profissional onde ao trabalhar com crianças de educação infantil, percebi a importância do trabalho com psicomotricidade. Juntamente a isto, tive oportunidade de ampliar meus estudos no curso de especialização em Psicopedagogia e conseqüentemente em temas que envolvem o trabalho com a psicomotricidade. Assim visando ampliar os estudos já iniciados organizamos esta pesquisa bibliográfica tendo como objetivo investigar a importância do trabalho com psicomotricidade e as contribuições do psicopedagogo nas ações a serem realizadas em instituições de ensino. Diante disto, no capítulo 1 abordaremos a história da motricidade humana enfatizando temas relativos a psicomotricidade. No capitulo desenvolvimento 2, psicomotor destacaremos da criança as questões bem como os relacionadas ao esquemas de desenvolvimento infantil. No capítulo 3, será enfatizado os distúrbios de aprendizagem decorrentes dos distúrbios psicomotores. A seguir apresentaremos os resultados obtidos neste trabalho de pesquisa bibliográfica, as considerações finais e as referências utilizadas neste estudo. 7 INTRODUÇÃO A psicomotricidade como uma técnica que busca conhecimentos nas várias ciências apresenta como seu objeto de estudo o corpo em movimento. Partindo do pressuposto de que o corpo em movimento é essencial para o convívio, para as interações sociais, é que este tema foi escolhido. Como educadora de pré-escola percebi a importância de melhor compreender os fenômenos que envolvem a maneira adequada e efetiva de se trabalhar com o desenvolvimento da psicomotricidade especialmente com crianças da educação infantil. Assim partimos do pressuposto de que estaremos contribuindo para a otimização corporal dos potenciais neuro e psico-cognitivos funcionais. Esses potenciais estão sujeitos às leis de desenvolvimento e maturação, manifestadas pela dimensão simbólica corporal própria, original e especial do ser humano. Diante disto temos como objetivos: • Realizar um levantamento bibliográfico sobre o tema psicomotricidade; • Refletir sobre a importância do trabalho de psicomotricidade especialmente para crianças da educação infantil; • Apresentar alguns dos distúrbios de aprendizagem mais comuns, decorrentes de distúrbios psicomotores; • Apresentar as contribuições do psicopedagogo visando superar alguns distúrbios de aprendizagem decorrentes de distúrbios psicomotores. Assim considerando esses objetivos estaremos iniciando nossos estudos com alguns dos aspectos mais significativos da história da motricidade humana. 8 1. HISTÓRIA DA MOTRICIDADE HUMANA Desde o momento da concepção, o organismo humano segue uma lógica biológica dentro de uma organização maturativa, evolutiva e integrada. Entre o nascimento e a idade adulta no organismo humano se produzem profundas modificações que o leva a interação e a estimulação. As possibilidades motoras da criança evoluem de acordo com sua idade, sendo cada vez mais variadas, completas e complexas. Durante a gravidez, os sinais de vida do feto em relação ao mundo exterior, se dá fundamentalmente pela atividade motora, que evolui amplamente. O movimento contém em si mesmo sua verdade, tem sempre uma orientação significativa em função da satisfação das necessidades que o meio promove, portanto, o movimento e o seu fim são uma unidade relacional. Esses dois aspectos se aperfeiçoam cada vez mais como resultado de uma diferenciação progressiva das estruturas do ser humano (NETO, 2002, p. 11). Os estudos da motricidade, (GUILMAIN, 1981, P.24) empreendidos no começo do século XX e orientaram em quatro direções, ainda que complementares: * A elaboração da síndrome de debilidade motriz e busca das relações entre essa e a debilidade intelectual. * Estudo da evolução das funções motrizes na criança e busca de testes de níveis de desenvolvimento da habilidade manual e das aptidões motrizes em função da idade. * Estudo da lateralidade dominante, dos transtornos perceptivos motores e da busca de suas correlações com as dificuldades de aprendizagem das técnicas escolares de base (leitura, escrita, cálculo) em crianças com inteligência lógica normal. * Elaboração de teste motores que permitam a determinação das características afetivas motrizes na criança e o estudo das relações existentes entre o comportamento motor de um sujeito e as características fundamentais de seu caráter. 9 O ponto de partida da corrente de reflexão foram os primeiros trabalhos de Dupré (1925), trabalhos estes publicados em 1907, em uma revista de neurologia que trazia o nome “Síndrome da Debilidade Motriz” e dois anos depois, ele a relacionará à “debilidade mental”. Dupré afirma que a síndrome não era atribuída a uma lesão cerebral do sistema piramidal, mas a uma insuficiência, a qual ele denominou “paratomia”. Em 1925, Haeuyer, partindo da perspectiva de Dupré, empregou o termo psicomotricidade a fim de ressaltar a associação estreita entre o desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade. Dedicou-se a isolar os transtornos das funções motrizes que acompanham as do caráter. Através de suas investigações comprovou a aplicação de um tratamento motriz ás crianças instáveis, com ligeiras paranóias, e as jovens delinqüentes, emotivos, dentre outros. Heuyer propôs uma prática reeducativa para os transtornos da motricidade em uma criança normal e em outra anormal: “Em crianças que apresentam retardamento intelectual, é necessário conceder um lugar importante à educação motriz ao lado da instrução pedagógica particular que deve receber um débil mental (1936, p. 46) É importante destacar as contribuições de Wallon (1963), que conduzirá sua análise sobre os estágios e os transtornos do desenvolvimento motor e mental da criança; de Piaget por considerá-las pilares fundamentais na construção teórica do campo da motricidade; e de Freud e Spitz, pelo olhar psicanalítico contribuindo imensamente com seus estudos. No período que prossegue de 1947 a 1959, no Hospital Henri-Rousselle de Paris, Ajuriaguerra e Diatkine dão inicio ao trabalho que busca a identidade da motricidade, impulsionando de maneira significativa à história moderna da motricidade. Ambos eram alunos de Heuyer e tinham preferência pelo estudo crítico da debilidade motriz. Contribuíram de maneira a dar um avanço na prática motriz, constituindo base científica para seqüência do tratamento em crianças. Suas publicações, uma série delas, deram lugar à primeira carta de reeducação motriz na França, publicada em 1960, tendo como conteúdo a fundamentação teórica do exame motor, uma série de métodos e técnicas de tratamento de diversos transtornos motrizes. 10 A nova metodologia pode ser considerada como a estrutura que configura as grandes bases da motricidade atual: Coordenação Dinâmica e Oculomanual; Equilíbrio; Organização Espacial e Temporal; Esquema Corporal e Lateralidade. Seguidor de Ajuriaguerra, Bergés estudo quase todos os temas que podem ser suscitados no desenvolvimento motor normal ou patológico. Outros trabalhos importantes surgem de autores russos, como Ozeretsky, Vygotsky e Luria, sobre o desenvolvimento do cérebro, entre outros aspectos (Rosa Neto, F. 2002). 1.1 Psicomotricidade O estudo da psicomotricidade surgiu na França, por volta de 1950, sua evolução veio da Psquiatria. É uma técnica em que se misturam vários olhares e que se utiliza das várias ciências: a Biologia, a Psicologia, a Psicanálise, a Sociologia e a Lingüística (Coste, 1975). Seu objeto de estudo é o homem, através de seu corpo em movimento, esse mesmo homem em relação com o mundo nas suas possibilidades de perceber, atuar e agir consigo mesmo, e com o outro e com os objetos. Segundo o Dr. Julian Ajuriaguerra, médico psiquiatra, laureado pela École de France, considerado pela comunidade cientifica como “pai da psicomotricidade”, ele a define assim: a “Psicomotricidade se conceitua como ciência da saúde e da educação, pois indiferentes das diversas escolas, psicológicas, condutista, evolutista, genética, etc, ela visa à representação e a expressão motora, através da utilização psíquica e mental do individuo”, (COSTE, 1989, p.33) A Psicomotricidade como Ciência da Síntese, segundo Dalila de Costallat (1976), com a pluralidade de seus enfoques, procura elucidar os problemas que afetam as inter-ralações harmônicas, que constituem a unidade do ser humano e sua convivência com os demais. Sendo a Psicomotricidade a educação da integridade do ser, através do seu corpo, visa privilegiar a qualidade da relação efetiva, a mediatização, a disponibilidade tônica, a segurança gravitacional e o controle postural; a noção do 11 corpo, sua lateralização e direcionalidade e a planificação práxica, enquanto componentes essenciais e globais da aprendizagem e do seu ato mental concomitante. Nela o corpo e a motricidade são abordadas como unidade e totalidade do ser. Seu enfoque é, portanto, psicosomática, psicocognitivo, psiquiátrico, somato analítico, psiconeurológico e psicoterapêutico. PSICO - intelectual - emocional - mental Motricidade COMANDO NEUROLÓGICO - gestos -movimentos 1.1.1 Elementos Básicos da Motricidade Apresento os elementos básicos da motricidade, inspirados nos referenciais propostos por Jean Claude Coste (A Psicomotricidade, 1989) e Vitor da Fonseca (Psicomotricidade: Filogênese, Ontogênese e Retrogênese, 1998) • Motricidade fina (óculo manual) Os três componentes utilizados nesta coordenação, que representa a atividade mais freqüente e mais comum no homem, é o objeto/olho/mão. O homem utiliza-se da coordenação para pegar um objeto e lançá-lo, para escrever, desenhar, recortar, etc. Ela inclui uma fase de transporte de mão, seguida de uma fase de agarre e manipulação. A atividade manual, guiada por meio da visão, faz intervir, ao mesmo tempo, no conjunto dos músculos que asseguram a manutenção dos ombros, braços, do antebraço e de mão que é responsável pelo ato motor ou manual de agarrar. Já os músculos oculomotores regulam a fixação do olhar, as sacudidas oculares e os movimentos de perseguição. 12 Para a coordenação desses atos, participam diferentes centros nervosos motores e sensoriais que se fazem pela organização de programas motores e pela intervenção de várias sensações vindas dos receptores sensoriais, articulares e cutâneos do membro a ser utilizado. O córtex pré-central corresponde a motricidade fina e tem um papel fundamental no controle dos movimentos isolados das mãos e dedos paras pegar algo. A importância das áreas córtico-sensomotoras das mãos e dos dedos faz ressaltar a fineza extrema dos controles táteis e motores. As explorações táteis e palmatórias permitem o reconhecimento das formas sem a intervenção da visão. Por si só, as informações cutâneas e articulares associadas à motricidade digital proporcionam as indicações a partir das quais as formas podem ser reconstituídas. A coordenação viso motora é um processo de ação existente na coincidência do ato motor e da estimulação visual percebida, portanto esse tipo de dinamismo só pode se dar em indivíduos videntes. Os não videntes transferem as percepções visuais, que não possuem, para outros meios de informação: guias sonoros, percepções táteis, entre outros. A atividade motriz usual que requer o controle de músculos e articulações de um membro superior associada à coordenação viso manual é a escrita, considerando que a mão e o olho não são absolutamente indispensáveis, a escrita manual guiada pela visão proporciona o modelo gráfico mais regular e rápido. Essa coordenação se elabora de modo progressivo com a evolução motriz da criança e do aprendizado. Visão e feedback perceptivo motor adaptado em qualquer situação. • Motricidade global O movimento motor global, seja ele mais simples, é um movimento sinestésico, tátil, labiríntico, visual, espacial, temporal, e assim por diante. Os movimentos dinâmicos corporais desempenham um importante papel na melhora dos comandos nervosos e no afinamento das sensações e das percepções. 13 O que é educativo na atividade motora não é a quantidade de trabalho efetuado, mas sim o controle de si mesmo obtido pela qualidade do movimento executado, da precisão e da maestria de sua execução. O equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos segmentos corporais. Quanto mais defeituoso for o movimento, mais energia o corpo consome e dessa luta constante, mesmo que inconsciente, contra o desequilíbrio, resulta uma fadiga corporal, mental e espiritual, aumentando o nível de estresse, ansiedade e angústia do indivíduo. Com efeito, existem relações estreitas entre as alterações ou as insuficiências do equilíbrio estático e dinâmico e os latentes estados de ansiedade ou insegurança. Num breve retomar da história humana, em relação à complexibilidade motora, citaremos, a postura que é a atividade reflexa do corpo com relação ao espaço, vinda de uma experiência pessoal e subjetiva, única e personalizada. Esses reflexos podem fazer intervir músculos, segmentos corporais ou o corpo todo, como, por exemplo, a postura tônica em flexão ou com extensão. A postura está estruturada sobre o tonus muscular. O equilíbrio é o resultado de um corpo quando forças distintas que atuam sobre ele se compensam e anulam-se mutuamente. Do ponto de vista biológico, a possibilidade de manter posturas, posições e atitudes indicam a existência de equilíbrio. • Esquema corporal A imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio que, sendo o núcleo da personalidade, se organiza em um contexto de relações mútuas do organismo e do meio. A construção do esquema corporal é a organização das sensações relativas a seu próprio corpo em associação com os dados do mundo exterior exercendo um papel fundamental no desenvolvimento da criança, já que essa organização é o ponto de partida de suas possibilidades de ação, então, esquema 14 corporal é a organização das sensações relativas a seu próprio corpo em associação com os dados do mundo exterior. • Organização espacial A noção de espaço é ao mesmo tempo concreta e abstrata, finita e infinita, envolve tanto o espaço do corpo, como o espaço que nos rodeia. A idéia de espaço está imbuída em nossas sensações, resultante de experiências e aprendizagens. O espaço psicológico, associado à nossa atividade mental, revela-se em nosso nível de consciência. A nossa atividade perceptiva baseada na experiência do aprendizado é que nos permite dar significado à organização espacial. A organização espacial depende, ao mesmo tempo, da estrutura do nosso próprio corpo (estrutura anatômica, biomecânica, fisiológica, etc.), da natureza do meio que nos rodeia e de suas características. Todas as modalidades sensoriais participam em certa medida na percepção espacial: a visão, a audição, o tato e o olfato. A evolução da noção espacial destaca a existência de duas etapas: uma ligada à percepção imediata do ambiente, caracterizada pelo espaço perceptivo ou sensório-motor e a outra baseada nas operações mentais que saem do espaço representativo e intelectual. • Organização temporal O tempo é, antes de tudo, memória: à medida que leio, o tempo passa. Dessa maneira existem dois grandes componentes da organização temporal: a ordem e a duração que o ritmo reúne. A ordem define a sucessão que existe entre os acontecimentos que produzem, uns sendo continuação dos outros, em uma ordem física irreversível. 15 A duração permite a variação do intervalo que separa o principio e o fim de um acontecimento. Essa medida possui diferentes unidades cronométricas como o dia e suas divisões, as horas, os minutos e os segundos. A organização temporal inclui uma dimensão lógica (conhecimento da ordem e da duração), uma dimensão convencional (sistema cultural de referencias, horas dias, semanas, etc.) e um aspecto de vivencia que surge antes dos outros dois. Os aspectos relacionados à percepção do tempo evoluem e amadurecem com a idade. No tempo psicológico, organizamos a ordem dos acontecimentos e estimamos a sua duração, construindo, assim, nosso próprio tempo. • Lateralidade O corpo humano está caracterizado pela presença de partes anatômicas pares e globalmente simétricas. A lateralidade é a preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo: mão, olho, ouvindo, perna; a lateralização cortical é a especialidade de um dos dois hemisféricos quanto ao tratamento da informação sensorial ou quanto ao controle de certas funções. A lateralidade está em função de um predomínio que outorga a um dos dois hemisférios a iniciativa da organização do ato motor, o qual chegará à aprendizagem e na consolidação das praxias. A seguir apresentamos uma pirâmide psicomotora. Essa pirâmide foi apresentada por Vitor da Fonseca no Congresso Mundial de Psicomotricidade neste ano de 2007. 16 PIRÂMIDE PSICOMOTORA Pirâmide psicomotora extraída da palestra do Dr. Vitor da Fonseca no Congresso mundial de psicomotricidade (outubro de 2007). PRAXIA FINA PRAXIA GLOBAL TEMPO ESPAÇO SOMATOGNOSIA LATERALIZAÇÃO EQUILIBRAÇÃO TONICIDADE 17 2. DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA A interação existe entre o pensamento, consciente ou não, e o movimento efetuado pelos músculos, com a ajuda do sistema nervoso, compreende-se como desenvolvimento psicomotor. Dessa maneira, o cérebro e músculos influenciam-se e educam-se mutuamente, agindo de maneira que leve o individuo a evoluir, progredindo no plano do pensamento e da motricidade (CONCEIÇÃO, 1984, p.2324). O desenvolvimento humano implica transformações contínuas que ocorrem através da interação dos indivíduos entre si e com o meio em que vivem, então quanto mais dinâmicas forem as experiências da criança, à partir de sua liberdade de sentir e agir, através de brincadeiras e jogos, maiores serão as possibilidades de enriquecimento psicomotor (CONCEIÇÃO, 1984). No processo evolutivo do ser humano, vê-se que há dois momentos interessantes: inicialmente, as aprendizagens, ou seja, o método de estabelecer conexão entre certos estímulos e determinadas respostas. Para aumentar a adaptação do individuo ao ambiente, fica uma dependência maior dos aspectos internos, isto é, da maturação do Sistema Nervoso Central (SNC); em seguida, as aprendizagens dependem mais das informações provindas do meio externo que são captadas pelos órgãos sensoriais. Portanto, há uma relação bastante íntima entre as influências internas e externas, criando a integridade do SNC e subsídios para o estabelecimento de conexões com os estímulos do ambiente para um desenvolvimento percepto-motor. Harlow Bromer (1942) citado por Fonseca (1995), demonstra que o córtex motor exerce uma função determinante em todas as funções de aprendizagem efetivamente inter-relacionadas em termos de desenvolvimento psiconeurológico. A importância de um adequado desenvolvimento motor está na íntima relação desta condição com o desenvolvimento cognitivo. A cognição é compreendida como uma interação com o meio ambiente, referindo-se a pessoas e objetos. 18 A diferente fase do desenvolvimento motor tem grande importância, porque colabora para a organização progressiva das demais áreas, tal como a inteligência. O desenvolvimento motor é o resultado da maturação de certos tecidos nervosos, aumento em tamanho e complexibilidade do sistema nervoso central, crescimento dos ossos e músculos, portanto comportamento nato, espontâneo. Somente em casos de extrema privação ou de algum tipo de distúrbio ou doença, esses comportamentos não se desenvolverão. O desenvolvimento funcional de todo o corpo e suas partes é englobado pelo desenvolvimento psicomotor. É através dele que a criança deixa de ser criatura frágil da primeira infância e se transforma numa pessoa livre e independente do auxílio alheio. As atividades motoras desempenham na vida da criança um papel importantíssimo, em muitas das suas primeiras iniciativas intelectuais. Enquanto explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos dos sentidos, ela percebe também os meios com os quais fará grande parte dos seus contatos sociais. Durante o primeiro ano, a rapidez de desenvolvimento da criança é extraordinária. Ao nascer o bebê conta apenas com os reflexos hereditários, no entanto, ao final do primeiro ano, entre outros comportamentos, será capaz de colocar-se na posição de pé e caminhar alguns passos sem apoio, compreender o significado de várias palavras, obedecer a ordens simples, etc. Durante a primeira infância, ate os 3 anos, a inteligência é função imediata do desenvolvimento neuromuscular. Mais tarde, esta associação é rompida e a inteligência e a motricidade se torna independente; essa associação só será mantida nos casos de retardamento mental, em que o consciente intelectual diminuído corresponde um rendimento motriz também deficiente. Um desenvolvimento psicomotor normal apresenta qualidades nos movimentos que se integram numa certa ordem, ou seja, seguido por etapas como, por exemplo: • precisão: dos 0 aos 7 anos; • rapidez: dos 7 aos 10 anos; • muscular: dos 10 aos 15 anos; 19 A coordenação geral da criança alcança seu desenvolvimento definitivo aproximadamente aos 15 anos, o que vem a facilitar uma educação progressiva e normal. Durante a evolução motora da criança vão ocorrendo dois processos que se completam e se inter-relacionam: a diferenciação e a integração; e ambos acontecem de maneira recíproca e simultânea o que resulta num desenvolvimento psicomotor normal que leva ao aumento de força, de rapidez, de precisão e facilidade de movimento. Exemplo: pular com o pé direito ou esquerdo. Orientação espacial: Localizar-se no espaço e situar as coisas uma em relação ás outras. Orientação temporal: Situar-se no tempo Desenho e grafismo: Expressar-se no papel. Como acontece nas outras áreas da educação, também no que diz respeito à psicomotricidade o educador deve conhecer e ter sempre em mente os aspectos principais do desenvolvimento psicomotor em cada faixa etária. Vejamos a escala à seguir: 20 ESCALA DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR (0 aos 5 anos) Período de Processo Perceptivo Processo Motor Processo Desenvolvimento Visual Psicomotor O olhar procura sons Nascimento estímulos visuais estranhos reação global e desorganizada do momentos reflexos(memória do espécie Distaxa focal (20/30 cm) 1 mês Perseguição Levanta a cabeça e o tronco Segura horizontal vertical e enquanto em por circular períodos no olhar. Decúbito facial Olha para as mãos 2 meses objetos longos de tempo Convergência Manutenção das vértebras Primeiras binocular cervicais e dorsais relações entra a visão e a mão 3 meses Observa movimentos os Pode realizar uma rotação Mão orientada a dos do corpo para um dos lados dedos das mãos Acomodação visual Abra as mãos abordagem frequentemente com suporte decúbito senta-se atração roda dorsal decúbito facial objetos de objeto dos contata para com os objetos através de preensões Mais precisa e eficientes 21 6 meses Alerta em 12 horas Preferência manual começa Pode segurar do dia a emergir dois objetos Persegue (lateriadades) simultaneamente visualmente ou pontos Senta-se com ajuda objetos espaços passa um objeto no de uma mão para em outra opõe diferentes polegar velocidades preensão Discriminação de o na dos objetos formas simples 12 meses Preferência (1ano) preensão manual dos na Anda com objetos suporte receptação e quadrupedia 18 meses Sobe escadas engatinhando Realiza anda reação autonomamente pequenas anti-gravítica imitações nos preferência manual menos gestos diferenciada faz imitações espontâneas Faz pequenos jogos simples apanha a bola 2 anos A discriminação de Corre Imita movimentos formas verticais se desenvolve- horizontais e 22 3 anos Melhor visual percepção Equilibra-se de num pé por Controla-se em espaço pequeno período de tempo equilíbrio com os primeiro grafismos equilibra-se na ponta do pé olhos fechados dissociação de movimentos dos braços e das pernas 4 anos Coordenação Coordena oculomotora corrida preensão de objetos salta marcha e a Coordena simples constrói formas praxias utilitários 5 anos Grafismos Pé coxinho e salta com os Lateralidade simbólicos desenhos pés juntos sobe escadas em Direcionalidade dos corpos da casa corridas Noção do corpo copia Manipula recebe de figuras geométricas e atira objetos com intencionalidade Fonte: Psicomotricidade (FONCECA, p. 273) Um professor da pré-escola, tendo em conta a idade cronológica de seus alunos, deve prever o que pode esperar deles do ponto de vista da linguagem, da inteligência e do corpo. A partir daí ele tem condições de dosar a estimulação em cada uma dessas áreas, a fim de encaminhar seus alunos para um amadurecer equilibrado intelectual, afetivo e corporalmente. 2.1 Esquema de desenvolvimento infantil dos dois aos cinco anos Apresentamos algumas das idéias propostas por Gesell, Pcq e Vayer, Savastano, Piaget e Holle em relação ao desenvolvimento infantil dos dois aos cinco anos. 23 2 anos Características físicas e cognitivas • Pesa de dez a treze quilos. • Necessita de mais ou menos treze horas de sono a noite e repouso à tarde. • A bexiga tem capacidade para conter mais urina, mas o desenvolvimento neuromuscular ainda é insuficiente para que consiga um controle esfincteriano perfeito. • Apresenta alguma noção de quantidade e começa a enumerar. • Lembra o lugar onde deixou certos brinquedos e objetos. • Mantém atenção concentrada por aproximadamente cinco minutos. Comunicação e expressão • Usa freqüentemente a palavra não. • Atende pelo próprio nome. • Sua linguagem torna-se útil. • Começa a construir frases curtas e simples. • Descreve objetos em termos de suas funções. Percepção • Tem preferência por cores. • Nomeia objetos, reconhece figuras. • Percebe-se em fotos e espelho. • Explora o mundo pelos sentidos. • Distingue o preto do branco. • Classifica algumas figuras geométricas em termos de forma. Coordenação global, equilíbrio e conhecimento corporal. • Coloca-se em posição bípede e anda. • Corre com dificuldade, embora não caia muito. • Sobe escadas, a cada movimento apoiando os dois pés em cada degrau. • Percebe-se no espelho e aponta algumas partes do corpo. • Desenha garatujas. • Salta desajeitadamente. 24 • Mantém-se de pé e imóvel sobre um banco, como os pés juntos, durante dez segundos. Coordenação fina • Começa a comer sozinha; usa colher, xícara ou copo sem derramar muito. • Copia linhas nos sentidos vertical e horizontal. • Constrói torres de seis a oito cubos com 3cm de lado. • Fecha zíper. • Tira os próprios sapatos. • Apresenta preensão fina nos dedos para: segurar objetos, colocar objetos um ao lado do outro, folhear, enfiar contas grandes em fio. • Aponta objetos com o indicador e transporta coisas. • Apresenta dificuldade para dobrar papel e pintar. Orientação temporal • Tem noção do agora. • Compreende seqüência simples, sem referência ao passado. Orientação espacial • É capaz de grandes explorações do espaço. • Apresenta noções de localização: em cima/embaixo, dentro/fora. • Compreende as expressões aqui e lá. • Com demonstração, encaixa quadrado, círculo e triângulo nos respectivos lugares. Características sócio-afetivas • Chama-se pelo seu próprio nome. • Distingue meninos e meninas. • A afetividade é viva e explosiva. • Manifesta emoções sem controle. • A sociabilidade é pouco diferenciada, com atividade lúdica solitária. Ainda não divide brinquedos. • Conhece a diferença entre “eu” e “tu”, mas não entende o que seja o “nós”. • Mantém distância de estranhos. 25 • Mostra dificuldade para fazer escolhas e manifesta ansiedade quando fracassa. • Revela ritualismo: faz as coisas a seu modo e irrita-se se alguém interfere. • Gosta de controlar os outros e dar ordens. • Mostra algumas tendências consideradas agressivas: bate, morde, belisca. • É teimoso, negativista. 3 anos Características físicas e cognitivas • Pesa de treze a dezesseis quilos. • Necessita de repouso após o almoço. • Concentra atenção por aproximadamente dez minutos. Comunicação e expressão • Entra na fase dos porquês (pensamento finalista: a criança quer saber na realidade a finalidade, o “para quê” das coisas). • É muito curiosa. • Sabe sua idade. • Não discrimina realidade e fantasia (pensamento mágico). • Fala consigo mesma e com pessoas imaginárias. • Forma frases completas. • Nomeia o que constrói. • Sabe dizer seu nome e sobrenome. • Pode passar por fase de gagueira. Percepção • Reconhece as cores primárias. • Observa detalhes e começa a identificar, classificar e comparar. • Classifica objetos por cor ou forma. • Aumenta o interesse em ouvir. • Discrimina quente/frio. 26 Coordenação global, equilíbrio e conhecimento corporal. • Apresenta postura automatizada e melhor equilíbrio. • Pode correr saltar, pular e subir escadas (com um pé em cada degrau). • Reconhece as diferentes partes do corpo e sabe nomeá-las. • Coloca o sapato correspondente em cada pé. • Pára com um pé só por uns momentos. • Salta com os pés juntos sobre uma corda estendida no solo. • Sabe se é menino ou menina. • Tenta desenhar uma pessoa. Coordenação fina • Pode guardar suas próprias roupas, vestir-se e desamarrar cordões, embora não dê laços. Não consegue distinguir frente/atrás, de certas roupas, escova os dentes com ajuda e abotoa apenas botões grandes. • Constrói torre de nove cubos. • Realiza construções ordenadas e equilibradas. • Usa corretamente a colher e o garfo. • Começa a segurar xícara pela asa e a comer sozinha sem derramar. • Utiliza tesoura e manipula massa de modelar. • Não consegue despejar líquido de um a outro recipiente, mas pode treinar sob supervisão. • Pode copiar um círculo, uma cruz e dobrar papel na horizontal e vertical. Orientação temporal • Vocabulário de doze palavras para designar o tempo. Orientação espacial • Reconhece a ordem dos objetos familiares. • Percebe o espaço onde se dá a ação. • Tem noção de “casa” e de suas partes. • Orienta-se em itinerários simples. Características sócio-afetivas • Trata-se por “eu”! E fala de “meu” (noção do eu e de posse). 27 • Percebe os outros e a diferença entre “eu” e “nós”. • Interessa-se pelas diferenças fisiológicas entre os sexos. • Pode julgar e escolher entre duas opções. • Imita principalmente os adultos. • É capaz de dramatizar. • Consegue esperar sua vez nos jogos. • Apresenta expressão emocional variável: ora tímida, ora extrovertida. • Mostra mais conformismo com a rotina do que aos dois anos. • É ainda ritualista. • Passa pela fase de birra, dos gritos. 4 anos Características físicas e cognitivas • Pesa de dezesseis a dezoito quilos. • Recorda-se de objetos, mesmo na ausência destes. • Necessita de algum repouso durante o dia. • Concentra a atenção por períodos de aproximadamente quinze a vinte minutos. Comunicação e expressão • Aumenta rapidamente seu vocabulário. • Não pára de fazer perguntas. • Fala sozinha. • Tem imaginação fértil. • Apresenta curiosidade aumentada, quer saber “como” e “por que”. • Sabe dizer seu nome, sobrenome e idade quando lhe perguntam. • Canta bem pequenas canções. • Gostam de palavras bobas, sem sentido, palavrões. Percepção • Reconhece cores e tonalidades tamanhas e formas geométricas. • Reconhece objetos pelo tato, mesmo sem vê-los. 28 Coordenação global, equilíbrio e conhecimento corporal. • Apresenta integração do automatismo postural. • Pode andar de bicicleta, jogar bola, aprender a nadar. • Fica de pé sobre uma perna só, salta para frente com os pés juntos, dá saltos no mesmo, lugar, caminha na ponta dos pés. • Reconhece as diversas partes do corpo e interessa-se pelas roupas e gestos dos adultos. • Demonstra curiosidade pelos órgãos genitais, pelo nascimento dos bebês e pelas diferenças sexuais. Coordenação fina • Realiza construções mais difíceis e combina construções. • Veste-se e abotoa suas roupas, distingue frente/atrás, lava suas mãos e pode tomar banho sozinho. • Consegue enfiar fio grosso em agulha para bordar em talagarça. • Desenha uma pessoa. • Recorta papel, segura pincel e cola com mais precisão. • Desenha coisas que já viu. Orientação temporal • Demonstra noção de duração das situações. • Aumenta o vocabulário sobre o tempo. Orientação espacial • Tem noção de cidade e de rua. • Representa mentalmente itinerário. • Emprega com exatidão o vocabulário relativo ao espaço (sentido de direção e posições). Características sócio-afetivas • Desenvolve o sentido do “eu”. • Tem mais noção dos limites (meu/teu/nosso, certo/errado). • Segrega o sexo nos jogos. • Demonstra autoritarismo, expansividade e iniciativa. 29 • Tem grande capacidade de imitação. • Adora ser elogiada e se elogia. • É fisicamente afetuosa. • Demonstra alguns medos e por isso não deve ser assustada e nem ouvir muitas estórias que venham a aumentar seus medos. • Suas emoções são extremas: gosta muito, detesta muito. • Gosta de exageros: “maior que o céu” etc. 5 anos Características físicas e cognitivas • Pesa de dezessete a vinte quilos. • Planeja atividades, a idéia precede a ação e é menos impulsiva (pensa antes de agir). • É mais responsável e organizada. • Pode começar a perder os dentes de leite. • Começa a perceber a correspondência termo a termo, quando compara dois conjuntos. • Concentra a atenção por períodos de aproximadamente quinze a trinta minutos. Comunicação e expressão • Vence as maiores dificuldades de pronúncia. • Domina vocabulário rico. • Faz muitas perguntas. • Pode começar a ler algumas palavras. • Define os objetos segundo seu uso. • Começa a fazer distinção entre realidade e fantasia. É mais realista. • Escreve seu primeiro nome. Percepção • Aprendem os conceitos e noções básicas de cor, forma, tamanho, espessura, temperatura, sabor, cheiro e peso. • Tem percepção de detalhes e é capaz de comparar e seriar. 30 Coordenação global, equilíbrio e conhecimento corporal • Demonstra precisão e destreza na motricidade: pode sentar-se ereta, correr, pedalar, pular, nadar, saltitar, atirar, virar cambalhotas. • Tem melhor conhecimento das partes e das proporções corporais. • Com os pés juntos, salta sem impulsos, por cima de um elástico colocado a 20 cm do solo e mantém-se na ponta dos pés por dez segundos. • Apresenta independência total em suas necessidades (bexiga e intestino). Coordenação fina • Apresenta motricidade fina mais hábil: da nós simples; escreve, modela, constrói, manipula, veste-se, alimenta-se, lava-se, colore dentro de limites, utiliza faca ao comer, abotoa, amarra. Orientação temporal • Interessa-se pelo tempo presente. • Compreende as diferenças: dia/noite, manhã/tarde. • Maneja adequadamente os termos referentes ao tempo. Orientação espacial • Começa a diferenciar direito-esquerda. • Reconhece alguns limites geográficos e consegue-se orientar-se na rua. • Arma quebra-cabeças. Características sócio-afetivas • Demonstra sentido mais seguro do “eu”. • A mãe continua sendo o centro de seu universo, embora esteja mais independente dela. • Inicia atividades grupais, embora com fins mais individuais do que coletivos. • Começa a interessar-se pelos vizinhos, por pessoas novas. • Aceita regras e limites e consegue jogar cooperativamente. É mais sociável. • Aparecem juízos de valor sobre seu próprio comportamento. • Tem iniciativa e idéias próprias. • É mais autocrítica e segura. 31 • Continua a apresentar ansiedade com relação a coisas cuja explicação desconhece Assim, considerando os esquemas de desenvolvimento psicomotor infantil apresentado, podemos perceber a importância do também do psicopedagogo ,junto a essas crianças. trabalho do professor e 32 3. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DECORRENTES DOS DISTÚRBIOS PSICOMOTORES O desenvolvimento do conhecimento é um processo espontâneo ligado ao processo global, inicia-se na infância e só termina na vida adulta. Aprendizagem é um processo em que suas unidades básicas ocorrem quando o indivíduo relaciona-se com outros, essa relação concretiza as aprendizagens significativas. Segundo Roger (1998), por aprendizagem significativa entende-se uma aprendizagem que é mais do que um acúmulo de fatos, é uma aprendizagem que provoca uma modificação quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação futura que escolhe ou nas atitudes e personalidade. É uma atitude penetrante que não se limita a um aumento de conhecimento, mas que penetra profundamente todas as parcelas de sua existência. O conceito de aprendizagem em muitas situações é restrito aos conhecimentos escolares, entretanto é bem mais amplo, abrangendo todo ambiente social, vida afetiva e valores culturais. O processo de aprendizagem sofre uma intervenção de vários fatores: social, físico, intelectual, psicomotor. Na educação infantil o foco principal é o emocional. Há quatro elementos que fazem parte da aprendizagem como processo de comunicação: - Comunicador: professor ou meios de informação - Mensagem: conhecimento transmitido adequado à idade - Receptor: aluno devendo ser crítico - Meio ambiente: escola, família e social. Todos devem ser estimulados na aprendizagem. Esses quatro elementos têm um papel fundamental no processo ensinoaprendizagem, se ocorrer falhas e barreiras entre a comunicação desses elementos, poderá causar problemas de aprendizagem. Baseados nos conceitos teóricos em que estou estudando, compreendo que existem vários distúrbios de aprendizagem: na fala, na escrita, física, comportamental e psicomotores, sendo o último o meu objeto de estudo. 33 IDADE QUADRO DAS APRENDIZAGENS ESQUEMA CORPORAL O LATERALIDADE corpo Primeira ORIENTAÇÃO ESPACIAL TEMPORAL Conhecimento vivido abordagem por das noções Grande meio dos “Jogos Ponto motricidade. de lateralidade” Motricidade De 2 anos e meio a 4 anos ESTRUTURAÇÃO refinada. de vista Conhecer o motor: espaço imediato. Conheci- Desenvolver mento do diferentes corpo noções. Ponto de vista motor: Perceber as partes do corpo Conhecer sua denomina- De 4 a 5 anos ção Conheci- Todos os “Jogos Desenvolver mento do de lateralidade” noções corpo Membros espaço plano e Ordem inferiores em espaço com Membros três dimensões. Ponto de vista perceptomotor: Discriminação visual. superiores Ponto de vista em motor e sucessão: - empregar os termos “antes” e “depois”; PRÉ-ESCRITA IDADE 34 ESQUEMA CORPORAL Desenvolv er ESTRUTURAÇÃO ORIENTAÇÃO PRÉ- ESPACIAL TEMPORAL ESCRITA Exercícios de - empregar os termos “ontem” reprodução de: várias noções - Formas e “hoje”; corporais. - Grandezas - - Movimentos... ordem em que uma figura Orientação as coisas são humana espacial vistas; Reproduzir De 4 a 5 anos LATERALIDADE colocar vista - descobrir a Orientação Ponto espaço- motor: corporal Noções de: fila, cronológica dos Ponto fileira, de de na ordem frente costas cotidiana. vista frente, motor: contra costas. Apurar os sentidos Aprendiza- a gestos da vida Duração Memória espacial: - Descobrir lugar, gem das - memorizar diversas espaço criado. posições e Desenvolver conseguir orientações: do tempo: se - associar um material à um manhã, à noite; - associar um as material estações reproduzilas. FONTE: Psicomotricidade e Educação e Reeducação (1984, p. 45-46) às 35 Distúrbios Psimotores são aqueles que se relacionam com dificuldades na execução de movimentos e deficiência perceptíveis. As crianças que demonstram distúrbios no seu esquema corporal apresentam dificuldades na percepção de partes do seu corpo, a relação entre elas e o conhecimento da lateralidade. A não realização dessas necessidades manterá a criança em posição de desigualdade diante da sua turma ou de crianças da mesma idade, causando inquietação, ansiedade, tensão, insegurança e consequentemente, problemas emocionais que interferem nas suas atividades intelectuais e na sua adaptação sócio-afetiva. Nota-se que atualmente há um incidente de crianças com distúrbios psicomotores. Essas crianças aparentemente normais para pais e responsáveis apresentam dificuldades na leitura, na escrita, no cálculo, na fala, falhas em imagem e esquemas corporais, noção e posição espaciais, orientação tempo espacial, lateralidade, direcionalidade, atenção e memória, equilíbrio e coordenação motora. As atividades motoras desempenham um grande papel na vida da criança, no momento em que explora o mundo que a cerca e que é seu meio de convívio. Distúrbios psicomotores e afetivos estão estreitamente ligados. Eles se influenciam e reforçam mutuamente, com isso, as dificuldades se traduzem no comportamento criando novas dificuldades. A psicomotricidade leva em conta o indivíduo como um todo, pesquisando as causas no corpo, na inteligência ou na afetividade. Antes de 1 ano de idade, podemos detectar precocemente distúrbios psicomotores na criança. Se não correr, à medida que for se desenvolvendo outros se associam à perturbação motora, e só quando ela inicia na escola para uma aprendizagem formal, eles ficam acentuados. As características mais acentuadas além das existentes são os transtornos no ritmo, atenção e no comportamento. Haim Grunspun (1985), em Distúrbios Neuróticos da Criança, classifica os distúrbios como: instabilidade psicmotora onde a criança apresenta instabilidade emocional e intelectual, falta de atenção e concentração, atividade muscular contínua falta de coordenação geral e motora final e também comportamento com dificuldades de relacionamentos; debilidade psicomotora. Assim a criança pode apresentar: 36 1. paratomia que é a regidez muscular, que pode aparecer nas quatro extremidades do corpo ou só em duas. pernas e braços. A criança se movimenta rigidamente. 2. sincinesia que é o conjunto dos músculos em movimento, sendo que não são necessários; inibição psicomotra. A criança apresenta estados de ansiedade constante, problemas na coordenação motora e tiques, mas possue um rendimento diferenciado podendo permanecer em uma classe comum. Pode apresentar também lateralidade cruzada com a mão, o pé, o olho e ouvido, não apresentam a dominância do mesmo lado. Quando isso ocorre, os distúrbios psicomotores são claros e resultam em deformação no esquema corporal;imperícia onde a criança não consegue realizar uma série de atividades manuais como amarrar o cadarço, comer sozinha. Enfim, muitas vezes esses distúrbios são apresentados no início da escolaridade, porém os pais devem ficar atentos a outros sinais perfeitamente notáveis, antes do início da escolaridade. Eles poderão se tornar a causa de problemas de aprendizagem seríssimos. “Tais problemas podem fazer-se notar tanto na Pré-escola como nas séries iniciais do primeiro grau, com maior ou menor intensidade e decorrendo das mais variadas causas como: debilidade intelectual, problemática emocional, retardo de maturação, certas desarmonias tônico-motoras, etc”. (José e Coelho, 1995) 3.1 Dificuldades do grafismo Entende-se como dificuldades do grafismo: má coordenação motora, rigidez dos dedos e problemas psicológicos como por exemplo instabilidade da criança e escrever com rigidez. A evolução gráfica da criança é resultado de uma tendência natural, expressiva, representativa que revela o seu mundo articular. Irei destacar a seguir o quadro do desenvolvimento do grafismo. Veja: 37 ESTÁGIO FAIXA ETÁRIA CARACTERÍSTICA Pré- caligráfico De 5-6 a 8-9 anos -a criança não possui perfeito domínio motor para os traçados gráficos; -não tem controle na inclinação edimensão das letras; -não faz margens ou apresenta-as de forma desordenada; -têm postura errada do tronco, cabeça e braços ao escrever; -copiar as palavras letra por letra. 3.2 Disortografias Entende-se como disortografias a dificuldade ligada à ortografia da escrita, envolvendo planos espaço-temporais, ritmo, atenção, concentração, noção de lateralidade, entre outros. Essas dificuldades estão relacionadas a características pedagógicas do processo de escrita dos país. Omissões, inversões, acréscimos de letras com características visuais. Exemplos: -X/CH, Z/S, S, SS,Ç - Final e intermediário U eL - J/G, M/N, AO/AM,P/Q, D/Q, P/D Exemplos como esses são quase sempre reflexos de um esquema corporal mal vivenciado e pouco conscientizado, envolvendo também a dificuldade específica de discriminação do grafema x fonema. 38 3.3 Discalculias Entende-se por discalculia a dificuldade de transcrever, associar, seriar, reconhecer, parear, discriminar o símbolo numérico com características de imaturidade de espaço-temporal. Características: rotação e espelho. Exemplo: ROTAÇÃO 4 4 2 7 Exemplos como esses são quase sempre reflexos de dificuldades de dominância lateral, lateralidade e esquema corporal. 3.4 Deficiência motora fina Entende-se por deficiência motora fina a dificuldade de controle dos pequenos músculos das mãos, o empenho escolar é prejudicado pela capacidade de comunicação pela escrita. A criança que possui essa dificuldade não consegue escrever bem e tem uma caligrafia ilegível. Apresentaremos a seguir uma lista de verificação de sintomas para a deficiência motora fina. Essa lista foi proposta por SMITH e STRICK em 2001. 39 FONTE: Dificuldades de Aprendizagem de A a Z (SMITH e STRICK, 2001, p. 59) Nesta listagem podemos perceber que as observações dos sintomas de deficiência motora fina consideram não somente as situações que envolvem a sala de aula, mas também situações extra-classe. Assim não se pode emitir um diagnóstico somente por meio de observações pontuais de sala de aula. Todas as atividades devem ser consideradas, inclusive as desenvolvidas em casa. 3.5 Dislexia Entende-se como dislexia a dificuldade de leitura e escrita, caracterizadas por falta de orientação temporo-espacial, sequencialização do raciocínio, classificação, uso do pensamento lógico-estrutural, que envolve trocas, omissões, acréscimos e inversões de letras, palavras e em muitos casos, frases. É prejudicada a compreensão e a elaboração do texto ou do conteúdo gráfico, quase sempre ligado aos fatores do tônus, dominância lateral, lateralidade, ritmo e esquema corporal, fazendo com que o complexo psicomotor de base quando 40 mal organizado, vivenciado ou estruturado, provoque de maneira significativa este distúrbio. Podem também ser conseqüências de lesões neurológicas sérias, deficiência mental, deficiências sensoriais, síndromes ou desorganizações psicológicas. 3.6 Hiperatividade Entende-se que a hipertividade é um aumento da atividade motora, o sujeito hiperativo é inquieto e quase sempre está em movimento. Na escola a criança hiperativa se levanta da cadeira a todo instante, mexe com o amiguinho e fala muito. Fonte: Dificuldades de A a Z (SMITH e STRICK2001, página 39) 41 Diante da tabela apresentada, podemos constatar que muitas crianças têm dificuldade em se interessar por uma brincadeira em que tenha que ficar quieta, sempre está correndo, subindo em móveis, árvores e frequentemente em locais perigosos. Assim a hiperatividade pode ser constatada através dos vários fatores elencados acima e não somente pela presença de alguns fatores. 3.7 Dispraxia Entende-se por dispraxia um distúrbio da motricidade. Praxias são sistemas de movimentos coordenados em função de uma intenção ou de um resultado. A criança com esse distúrbio apresenta dificuldade em vestir-se, amarrar sapatos, cai com facilidade e possui os movimentos desajeitados, lentos e pesados. DISTÚRBIOS PSICOMOTORES DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM CAUSAS PRINCIPAIS COGNITIVAS MOTORAS EMOCIONAIS FUNCIONAIS NEURLÓGICAS Quadro extraído da palestra da Dra. Beatriz Loureiro (Congresso Mundial de Psicomotriciade, 2007) As crianças que possuem distúrbios psicomotores costumam apresentar alguns sintomas na educação infantil, por isso que é de suma importância que os educadores observem seus alunos e apliquem uma educação psicomotora de acordo com o desenvolvimento da criança. A realização de um diagnóstico de distúrbio psicomotor é realizado por uma equipe interdisciplinar composta por neurologista, psicólogo, psicopedagogo, psicomotricista e pedagogo. 42 4. METODOLOGIA Visando atingir aos objetivos propostos, para a realização deste trabalho, realizaremos uma pesquisa qualitativa. Essa pesquisa se dará através de um levantamento bibliográfico sobre o tema psicomotricidade, bem como sobre as contribuições do psicopedagogo para esta questão. Para a coleta e análise de dados existem várias técnicas bem como vários métodos que podem ser utilizados em uma abordagem qualitativa. Um deles é a pesquisa bibliográfica. Essa técnica consiste na revisão detalhada da literatura existente sobre o tema. Existem vários métodos e técnicas de coleta e análise de dados em uma abordagem qualitativa. Esse método em nada desmerece um trabalho de pesquisa. Ao contrário ele reforça a importância de retomarmos determinados assuntos e ampliarmos as pesquisas já existentes. Desta forma iremos pesquisar em livros, artigos de revistas psicopedagógicas, internet e textos de palestras. Esse tema estará articulado aos níveis iniciais de escolarização, portanto a educação infantil. A bibliográfica utilizada terá autores como: Jean Claude Coste, Vitor da Fonseca, Maria Teresa Coelho entre outros. A seguir apresentaremos exercícios de educação psicomotora elaborados por De Meur e L. Staes no livro: “Psicomotricidade Educação e Reeducação” Após o levantamento bibliográfico sobre o tema, nossa contribuição reside na apresentação de alguns exercícios para crianças de educação infantil possíveis de serem realizados em escolas comuns. Juntamente a isto enfatizaremos as contribuições da psicopedagogia e do psicopedagogo neste tema. 43 5. RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISES Tomando como referencial os dados obtidos na pesquisa bibliográfica, podemos constatar a importância do trabalho de psicomotricidade para crianças de educação infantil. Desta forma apresentaremos algumas contribuições do trabalho com psicomotricidade. Também enfatizaremos a relação e as possíveis contribuições da psicopedagogia com o tema em questão. Assim algumas atividades relacionadas ao corpo podem considerar: • O Corpo Vivido Objetivo Para a criança, não se trata de conhecer já o nome as diferentes partes de seu corpo, mas de movimentar-se livremente, de sentir-se bem à vontade. Para isso nós a ajudamos fazendo com que execute movimentos globais e movimentos precisos. EXERCÍCIOS DE GRANDE MOTRICIDADE A partir de 2 anos e meio Estar atendo para que a criança adquira gesto harmônico, bom equilíbrio, tenha descanso durante e após o exercício. • Arrastar-se no chão... (passar por baixo das cadeiras...). • Rolar de lado (como se a criança descesse uma ladeira). • Andar: - andar normal, - andar por cima de objetos colocados no chão, - andar de quatro, - andar de joelhos, 44 - andar de joelhos dobrados (posição de cócoras). • Corridas: - livres, - com um vencedor, - de revezamento, - corrida de obstáculos, • Saltos (alguns deles podem ser realizados com pés unidos ou não): - por cima de uma corda, - por cima de objetos pequenos, - de um ou de dois degraus de escada, - por baixo de uma cadeira, - de uma mesa, - o mais longe possível (executar sobre areia ou tapete), - de arco em arco. • Amarelinha: empurrar com o pé um saquinho, um pequeno ladrilho, bloco de madeira, etc. • Jogos de bola (lançar e apanhar): - lançar uma bola contra uma parede e apanhá-la quando retorna; - lançar uma bola ao ar e apanhá-la; - lançar uma bola em direção de um companheiro, que deve apanha-la após um ou vários pulos; - rolar uma bola; - driblar. • Jogos de equilíbrio: - andar sobre um banco (não-virado, se for um banco de ginástica); - passar de uma cadeira a outra; - andar de quatro por baixo de bancos; - pular com um pé; - ficar equilibrado em um pé. • Jogos de inibição: - parar de correr ao toque do apito; - parar diante de um obstáculo; 45 - jogo de “estátuas”. EXERCÍCIOS DE MOTRICIDADE REFINADA A partir de 3 anos • Trabalho livre das crianças sem exigência de rapidez: - enfiar miçangas; - vestir, ela própria, uma boneca; - plasticina: rolos, bolas, etc.; - martelo e pregos; - fazer rolar bolas de gude; - xilofone; - fazer rodar carrinhos; - costura com fio plástico; - corte em linha reta; - amassar papel; - torcer papéis de bala. • A criança enfia um botão em um barbante de 50 a 75 cm; pega uma extremidade do barbante em cada mão e tenta girar o botão. • Jogo de pião. • Ensinar a girar uma corda. • Brincar de cobra com uma corda: ondulações verticais e horizontais. • Brincar de embrulhar objetos miúdos... preparar assim surpresas. • Conhecimento das partes do corpo Objetivo A criança conhecerá as diferentes partes de seu corpo pela percepção vivida e também pelas vias que a conduzem à reflexão, à abstração. Será levada a apontar determinado membro, a dizer o nome, a localizar oralmente uma percepção. 46 PONTO DE VISTA MOTOR E SENSORIOMOTOR A partir de 2 anos e meio 1. Perceber as partes do corpo • O educador faz com que as crianças toquem as diversas partes do corpo e simultaneamente vai dizendo o nome dessas partes. • Brigas de galo (com os braços). • Carrinho (mãos, braços). • Pedalar (pernas). • Andar com uma bola entre as pernas. • Aplaudir (mãos). • Andar descalça na areia, em chão liso, no tapete. • Colocar-se sobre uma bola grande: rolar nas costas e no ventre. • Fazer um buraco na areia com o dedo. • Brincar na água: faze-la espirrar com os dedos. • Formar um número de telefone (dedos). • Bater cotovelos na mesa. • Amuar-se colocar os cotovelos nos joelhos. • Andar de joelhos. • Ficar de olhos vendados. • Imitar os olhos do chinês. • Apanhar com a boca uma bala dependurada. • Passar uma caixa de fósforos frente a frente. • Tapar os ouvidos. • Estalar a língua. • Morder uma maçã e observar a marca dos dentes. 2. OUTROS EXERCÍCIOS A partir de 3 anos 47 • Brincar com uma boneca: lavar as diversas partes do corpo. • Colocar um lenço de seda ou saquinho de areia na cabeça, em um braço, nos joelhos... • Brincar com uma bola de borracha, recebe-la na mão, na cabeça. • As fecham os olhos. O educador toca uma criança, com uma varinha, no pescoço... nas costas... no calcanhar... A criança diz onde foi tocada. • Uma canção: uma criança pede às outras mostrem os olhos, os cabelos, o punho, etc. • As crianças circulam pela sala e cada uma segura um saquinho contendo grãos; deve-se andar sem parar, mas, dado o toque do tambor, é preciso colocar o saquinho em diferentes partes do corpo: no ventre, em seguida nas costas, andando de quatro, depois entre as pernas, na cabeça, etc. • Jogo: vestir-se ou despir-se dizendo o nome das vestimentas e da parte do corpo por elas coberta. Exemplos: chapéu... cabeça luva... mão meias... pés, pernas. 48 • Jogos de lateralidade Objetivos Esta seqüência de exercícios levará a criança descobrir seu lado dominante. Todavia fortalecer-se-á o lado não dominante por meio de exercícios simétricos, a fim de estabelecer um equilíbrio de força e de destreza entre os dois lados. JOGOS PARA OS MEMBROS INFERIORES • Pular em um só pé. • Pode-se organizar este jogo em foram de corrida de revezamento. O trajeto será feito na ida com a perna que a criança escolher espontaneamente, a volta deverá ser feita com a outra perna. • Coloca-se um saco de grãos em um dos pés da criança e pede-se-lhe que vá em frente sem deixá-lo cair. • Exercício de equilíbrio: manter-se, durante o maior tempo possível, sobre um pé e depois sobre o outro. • Jogos de reconhecimento esquerda-direita Objetivo Quando a criança está lateralizada, pode-se ensina-la a distinguir a esquerda direita e a dominar o emprego dos termos “esquerda” e “direita”. CRUZAR AS INSTRUÇÕES A partir de 5 anos 49 • Todos põem a mão direita na orelha esquerda. • Pôr o calcanhar esquerdo no joelho direito. • Colocar a mão esquerda no tornozelo direito. • Em fila, todas as crianças andam ao som de uma música de disco. Caminhando, cada criança pega, com a mão direita, o ombro esquerdo da anterior ou, com mão esquerda, o tornozelo direito da anterior. Este jogo é bastante divertido, mas exige muita variedade (inventar outros gestos). FAZER A TRANSPOSIÇÃO PARA OUTREM E FAZER PERCEBER A REVERSIBILIDADE A partir de 5 anos • Todas as crianças estão em fila e olham o educador que diz: “Levantem o braço direito!” Todos os braços se levantam do mesmo lado. • Depois o educador coloca, em fila e frente, as crianças divididas em dois grupos. O mesmo pedido: “Levantem o braço direito!”. Perceber-se-ão hesitações em muitas crianças: elas imitam a fila que lhes fica de frente. Nesta fase convém retomar os pontos de referência (bracelete ou elástico) e refazer diversos exercícios. Começar-se-á com todas as crianças orientadas, da mesma forma, depois colocadas frente a frente. Elas deverão, antes da execução, refletir bem sobre o que lhes é pedido. Pedir-se-á também às crianças que fechem os olhos, em seguida lhes diremos: “Levantem o braço direito!”... A criança deve refletir: “Meu bracelete está no braço direito, portanto...” FRENTE A FRENTE A partir de 5 anos 50 • “Mostre a mão direita de seu amigo que está de frente para você”. • “Toque com a mão esquerda a mão direita de seu amigo... a mão esquerda de seu amigo”. • “Mande-o levantar p joelho direito e verificar se ele não se enganou”. • Dêem todos um passo para esquerda... vocês se afastam. Dêem um passo para direita... vocês se aproximam”. • “Batam primeiro sua mão esquerda, depois sua mão direita, uma contra a outra”. Adquire-se esta reversibilidade com perfeição apenas aos 8-9 anos. • Conhecimento das noções espaciais Objetivo A criança tomará conhecimento dos diferentes termos espaciais e da realidade que eles representam. PONTO DE VISTA MOTOR E SENSORIOMOTOR A partir de 2 anos e meio 1. Conhecer espaço imediato Nessa idade, a criança deve conhecer o espaço imediato em que vive, nele se movimentar sem esbarrar nos móveis, ir sozinho de um lugar para outro. • A criança deverá: - ir jogar um papel no lixo; - ir ao banheiro; - reconhecer sua cadeira; - dispor as cadeiras em círculo; - empurrar ou puxar uma mesa; - reconhecer seu cabide para casado. 51 • A criança vai aprender a se movimentar em classe e no pátio. Assim, ela perceberá o espaço ativamente, mesmo sem saber designar pelo nome seus deslocamentos. Através dos jogos, a criança aprende a se orientar, de forma livre e agradável, em um espaço relativamente amplo. • Obstáculos: - colocar na sala diversos obstáculos e pedir para que as crianças façam um trajeto simples sem esbarrar em nada. 2. Trabalhar diferentes noções A partir de 2 anos e meio • Noções de situações: dentro ___ fora frente ___ atrás no alto ___ embaixo sobre ___ sob contra ___ entre à esquerda ___ à direita longe ___ perto ___ ao lado em volta • Noções de tamanho Grosso ___ fino (espesso ___ delgado) Grande ___ médio ___ Estreito ___ largo ___ Côncavo ___ plano ___ pequeno convexo • Noções de posição: Em pé ___ deitado Ajoelhado ___ sentado com as pernas crizadas 52 Agachado ___ de quatro Apoiado ___ iinclinado Ereto ___ curvado Afastado (aberto) ___ fechado Levantados ___ abaixados ___ cruzados ___ carregar • Noções de movimentos: Levantar ___ abaixar Empurrar ___ puxar Dobrar ___ estender Andar ___ correr Avançar ___ retroceder Girar ___ rolar Cair ___ levantar-se Inclinar-se ___ saúda Subir ___ descer Galgar ___ escorregar • Noções de formas: Circulo ___ Triângulo Quadrado ___ retângulo • Noções de qualidade: Cheio ___ vazio Mais que ___ menos que Pouco ___ muito Inteiro ___ metade 53 • Orientação Espacial Objetivo A criança já conhece os termos. Agora, deve aprender a se orientar e a orientar as coisas. Ela se posicionará ou colocará os objetos em uma certa direção: para frente... para a esquerda... para o alto. É neste nível que se situa o conhecimento “esquerda-direita”. PONTO DE VISTA MOTOR E SENSORIOMOTOR A partir de 4 anos Noções de fila, fileira frente a frente... Adquirir a noção de • Fila: - Passar uma bola sob a perna das crianças. - As crianças ficam em fila e passam uma após a outra: através de um arco... sobre um banco... • Fileira: dispor as crianças em fileira... • Frente a frente: - Dança a dois. - Duas crianças içam sentadas com as pernas afastadas, frente a frente, uma jogando a bola para a outra. • Costas contra costas: - Duas crianças, costa contra costas, pegam-se pelos braços e devem se sentar; depois, devem tornar a se levantarem juntas. 54 • Memória espacial Encontrar seu lugar • As crianças são dispostas em fileiras conforme uma ordem bem determinada. Ao dom de uma música, deixam as fileiras e se deslocam pela sala. Quando a música parar, elas deverão formar novamente as fileiras na mesma ordem. • Mesmo jogo, mas com as crianças dispostas em círculo. • Mesmo jogo com arcos colocados ao acaso pela sala. • Todas as crianças estão sentadas, em círculo, em cadeiras. Uma delas sai da sala. As outras crianças mudam de lugar e uma delas ocupa a cadeira da que saiu. A criança que saiu volta para a sala e deve reconhecer sua cadeira. • Grafismo Trabalho em plano vertical A partir de 4 anos Esses exercícios podem ser feitos na lousa ou em papel a ser pintado com caneta hidrocor ou pincéis. • Traçar horizontais (desenho: campo arado). O movimento deve começar na altura dos olhos e terminar quando o braço estiver inteiramente estendido, sem movimento do tronco nem deslocamento dos pés. • Traçar verticais: - Ponto de partida do movimento o mais alto possível. No início, o braço está estendido; a criança vai dobra-lo durante a execução do movimento. - A criança traça quatro ou cinco linhas sem mexer os pés; depois dá um passo para a direita e traça de novo quatro ou cinco verticais. • O quadrado. • Para que a criança perceba os cantos, pede-se que levante o giz a cada mudança de direção. O quadrado a ser traçado deve ser grande, para que assim a criança 55 reconheça os mesmos gestos já executados durante os exercícios de horizontais e de verticais. • Traçar semicírculos (da esquerda inferior para a direita inferior): - No início, o movimento é executado com o cotovelo estendido, durante toda a duração do traçado. - No início do movimento, o cotovelo poderá estar ligeiramente dobrado, devendo ser estendido durante a execução. - Mais tarde, o movimento será executado na altura do punho: evidentemente, os traçados serão menores. • O círculo. - O movimento será executado sempre da direita para a esquerda. - No momento da aprendizagem, a criança traça a metade superior do círculo vai depender do comprimento de seu traço. - Mais tarde, o diâmetro do círculo vai diminuir, pois a criança será incentivada a trabalhar com o cotovelo. - Finalmente, ela deverá executar pequenos círculos, fazendo movimentos na altura do ombro. - É importante que a professora mantenha o antebraço da criança bem firme, enquanto ela estiver traçando o círculo. A partir de 5 anos • O caracol - Ponto de partida: o interior do caracol. - A criança começa o movimento na altura dos olhos. - Para as primeiras curvas, é o cotovelo que trabalha; progressivamente, o ombro será o centro do movimento. - A criança para o movimento quando traçar um círculo com o cotovelo estendido; não é necessário que ele fique na ponta dos pés ou dobre os joelhos para obter um traçado maior. 56 - Exercício seguinte: começa-se pelo exteriro do caracol; as instruções são as mesmas, só que na ordem inversa. • As ondas. - Em “a”, as ondas são bem acentuadas nas duas direções. - Em “b”, o desenho ficou muito plano. Isto significa que a criança não movimenta suficientemente o ombro na direção vertical. Por isso ela será incentivada a traçar ondas profundas e estreitas (como no traçado “c”). - Se o desenho ficar muito estreito, como “c”, é porque a criança não está movimentando suficientemente o ombro no eixo horizontal. Por isso, ela deverá realizar o traçado “b” para depois retomar o traçado “a”. - Deve-se pedir às crianças que executem os três traçados, um após o outro, para que se possa saber se são capazes de variar rapidamente os traçados gráficos. 57 • As pontes. - Explica-se à criança que, ao contrário do exercício das ondas, aqui ela pode descansar algumas vezes. Entretanto, é preciso que ela realize o traçado completo sem levantar o giz ou o pincel. - assim, o professor poderá observar se a criança destaca a separação entre cada ponte ou se traça “espirais” (d). - Se a criança traçar espirais, é porque não está se movimentando para a direita, mas volta para a esquerda. - As mesmas observações feitas no exercício das ondas (ver mais acima) são válidas para os traçados a, b, c. • As espirais. - As espirais devem ser suficientemente grandes. Após cada três ou quatro espirais a criança deve se deslocar, senão, ao final do movimento, o traçado acabará descendo, em vez de se manter na horizontal. - Para que as espirais fiquem uniformes, é preciso que a criança possua um bom ritmo. Eventualmente, pode-se convidar a criança a traçar uma espiral a cada pausa de uma canção, (“Meu sininho”, por exemplo). - Fig.a: Espirais para o alto. Essas são as espirais mais fáceis de aprender, pois giram na direção contrária dos ponteiros de um relógio. - Fig. b: espirais, que giram conforme os ponteiros de um relógio, já são mais difíceis para executar, pois a criança está menos habituada a elas. 58 - Fig. c e d: É preciso com que a criança perceba que deve estender o braço e d para traçar a espiral grande, e que para traçar a espiral pequena o cotovelo deve ficar dobrado. - Fig. c e f: A criança deve traçar espirais entre duas linhas verticais. Para conseguilo, ela deve controlar o abaixamento progressivo do braço no sentido vertical. No início, ela ultrapassará a linha direita, pois está muito acostumada a trabalhar no sentido horizontal; pode-se, então, fazer os exercícios suplementares de traçados verticais (ver mais acima). • A linha e os telhados. - A criança recebe desenos variados que a façam perceber a noção de ponta. a. Como por exemplo, a ponta de um lápis, as tesouras da professora, o telhado de uma casinha de madeira. b. – Solicita-se às crianças que desenhem uma casinha quadrada com um telhado pontudo (fig. b). Algumas crianças desenharão um telhado arredondado. A estas pediremos que tracem duas linhas: a primeira sobe... levantar o lápis... a segunda desce. - Quando traçarem os telhados bem simétricos, elas são convidadas a traçar uma linha quebrada: como se estivessem desenhando os telhados de uma rua inteira... e sem parar! (Fig. a). 59 Para conseguirem isso, as crianças terão de movimentar suficientemente o ombro e se deslocar lateralmente. Por fim, elas devem destacar a ‘quebra”: é preciso desenhar corretamente uma linha que sobe, depois uma linha que desce. • O triângulo Depois de assimilar corretamente a linha quebrada, a criança chegará facilmente ao triângulo: bastará fechar o teto da casa. Trabalho em Plano Horizontal A partir de 4 anos Os primeiros exercícios retomam os que foram descritos para o plano vertical. Eles serão executados em pé, diante da mesa. Cada criança receberá uma folha grande. A partir de 5 anos • Pouco a pouco, solicita-se às crianças que se sentem e trabalhem com o lápis. Mas, muitas vezes, o próprio ato de pegar no lápis é executado incorretamente. Para corrigi-lo, as crianças devem adquirir força muscular e flexibilidade articular suficiente. Cada criança deve ser corrigida individualmente para que possa perceber a posição de seus dedos no lápis. • Os mesmos exercícios descritos acima serão retomados a seguir. Para os exercícios que exigem deslocamento lateral, as crianças trabalharão com o cotovelo livre, isto é, sem colocá-lo sobre a mesa: assim, elas vão adquirir um movimento lateral correto na altura do ombro. 60 Adquirido este hábito, as crianças colocarão naturalmente o cotovelo sobe a mesa, conservando o movimento do ombro. Assim o traçado ficará correto, sem sair fora da linha. • A esses exercícios serão adicionados os exercícios de pressão do lápis no papel: - traçar uma linha sem apertar o lápis; - uma linha traçada pressionando o lápis. Recomenda-se com o lápis de cor. • Outros exercícios: - Exercícios em que a criança deve contornar um traçado previamente desenhado. - Exercícios em que a criança deve traçar um caminho entre duas linhas paralelas. - Exercícios com normógrafo: a criança deve seguir a lápis o interior de uma forma. Estes exercícios exigem moderação da força e velocidade de trabalho para que o traçado não saia fora do normógrafo. - Colorir: a criança não pode virar sua folha durante o exercício. Também, é preciso exigir que ela trace todas as linhas na mesma direção; cabe à criança perceber quando deve aumentar ou diminuir o comprimento dos traços. Terminado o trabalho, o professor mostrará a ela que o colorido ficou mais bonito nos lugares onde a pressão do lápis foi uniforme. Exemplos: A estrela: parte-se do ponto 1, vai-se para 2, para 3 etc.. 61 Para ajudar as crianças a traçarem as primeiras linhas, é necessário utilizar lápis de cor para as três primeiras linhas e preto para as duas últimas. A casa: a partir de 1, ir para 2, de 2 para 3, de 3 para 4, de 4 para 1, de 1 para 5, de 5 para 4. Para esse grafismo: desenhar com lápis de cor as quatro primeiras linhas. • Existem obras que oferecem diversos exercícios preparatórios para a escrita. • Em particular, as seguintes: • A. de Meur, “J’écris, J’efface”: - Tomo 1: Apprentissage du geste graphique - Tomo 2: Apprentissage de l’écriture Edições Decalud, difusão: Editions De Boeck, Bruxelas. 62 A relação: Psicopedagogia/Psicomotricidade O psicopedagogo tem a sensibilidade de entender e intervir nas dificuldades de aprendizagem assim ajudando as crianças na superação de obstáculos, associando o privilégio do exercício simultâneo da psicopedagogia e da psicomotricidade. Essas práticas se dirigem a ações que têm como alvo o intelectual e o corporal. “Não se concebe um psicopedagogo que trabalhe com o corpo estático e desconheça os movimentos desse no aprender. Não se concebe um psicomotricista que trabalhe com o corpo em movimento e não conheça o corpo discursivo do sujeito que aprende. É preciso que haja uma interdisciplinaridade na ação ensinaraprender, para que o sujeito que aprende seja compreendido em sua totalidade, mesmo dentro de uma abordagem específica” (AUREDITE CARDOSO COSTA, 2002). Os fundamentos da psicanálise faz com que a psicopedagogia e a psicomotricidade construam uma prática de ação reeducativa, o olhar psicanalítico é fundamental no trabalho dos psicopedagogos e dos psicomotricistas. Segundo Costa (2002), a psicopedagogia e a psicomotricidade são áreas do conhecimento que tem um caráter interdisciplinar e, no processo de evolução, recebem contribuições da psicanálise. Em sua abordagem terapêutica, dirigem o olhar para o sujeito desejante, embora cada uma tenha sua especificidade de trabalho e linha de ação diferentes. No meu estágio de psicopedagogia, pude observar um caso em que a criança possui atraso no desenvolvimento neuro-psicomotor. Neste caso foi trabalhado o cognitivo e o corporal de maneira simultânea. Foram elaboradas atividades psicomotoras focada no conteúdo pedagógico da instituição, como por exemplo, a brincadeira “Toca do Coelho”. Nela, foi desenhado no chão, formas geométricas e pedido ao “coelhinho” (a criança) entrar na toca do círculo, assim trabalhando a matemática e a orientação espacial. Nesse caso que observei pude perceber a grande dificuldade motora fina da criança, ela precisava de estímulo para pegar no lápis, montar jogos, recortar, 63 alinhavar. A atividade psicomotora foi essencial para o desenvolvimento motor do aluno. Neste sentido, ressaltamos novamente a importância do desenvolvimento psicomotor para crianças da educação infantil. Ao situarmos o psicopedagogo neste contexto, temos que ele poderia atuar junto a grupo de professores enfatizando a necessidade do desenvolvimento psicomotor ou mesmo trabalhar diretamente com crianças que apresentam dificuldades de movimento. 64 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao finalizarmos este trabalho e resgatarmos nossos objetivos de ampliar os estudos sobre psicomotricidade, bem como sobre a importância das contribuições do psicopedagogo para o desenvolvimento psicomotor da criança, podemos aformar que a psicomotricidade se constitui em um tema de estudo altamente relevante. Isto se deve especialmente ao considerar que a criança se desenvolve a medida que interage com seu corpo, com os objetos de seu meio e com as pessoas ao seu redor. Acreditamos ser de suma importância que o educador desenvolva o habito de observar se o seu aluno possui um desenvolvimento psicomotor adequado. Diante das observações ele poderá buscar e também aplicar exercícios psicomotores adequados, que ajudem no processo de desenvolvimento da criança. A educação psicomotora também pode ser utilizada em caráter preventivo. Assim os fatores possíveis fatores que influenciariam as dificuldades de aprendizagem decorrentes dos distúrbios psicomotores poderiam ser prevenidos, isto é, evitados. O psicopedagogo institucional deve estar atento a educação psicomotora aplicada pelos professores. Neste sentido, ele poderá contribuir auxiliando na busca por atividades psicomotoras diferenciadas que atendam a necessidade dos docentes, conseqüentemente dos alunos. Esta orientação aos docentes deverá ser um trabalho rotineiro e de parceria com outros profissionais. Isto reforça a idéia de que a psicopedagogia é uma área de conhecimento interdisciplinar, portanto deve também considerar a possibilidade de uma atuação integrada e interdisciplinar. Diante destas considerações esperamos ter contribuído com a ampliação dos estudos sobre o desenvolvimento psicomotor, na certeza de que este tema não se esgota aqui. Certamente outros trabalhos, novos estudos merecem ser desenvolvidos. 65 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Maria Luiza de Araújo Andrade. Distúrbios Psicomotores. São Paulo: Editora E.P.U., v.6, 1984. CORIME, Smith; STRICK, Lisa. Porto Alegre: Artmed, 2001. COSTE, Jean Claude. A Psicomotricidade. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989. DROVET, Ruth Caribe da Rocha. Distúrbios da Aprendizagem. 4ªed. São Paulo: Ática, 2003 FONSECA, Vitor da. Psicomotricidade: Filogênese, Ontogênese e Retrogênese. 2ª ed. Editora Artmed, 1998. JOSÉ, Elisabete da Assunção e Coelho, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. 12ªed. São Paulo: Ática, 2002. MEUR, De A.; STAES, L. Psicomotricidade Educação e Reeducação. 1ªed. Barueri: Manole, 1991 NETO, Francisco Rosa. Manual de Avaliação Motora. 1ªed. Porto Alegre: Artmed, 2002. Artigos: ALCÂNTAR, Cássia Regina Moreira de. Psicopedagogia & Psicomotricidade: pontos de intersecção nas dificuldades de aprendizagem. Psicopedagogia. p. 87-9, 2003. PAROLIN, Isabel C. H. A Psicopedagogia e a Psicomotricidade – Um encontro. Psicopedagogia. Vol. 17, nº 46, p. 11-12, 1996. Consulta a sites: www.geocities.com/lourdes_mimura/desenvolvimento/motor0a6anos.html acesso em 01/09/2007 www.ispegae-oipr.cpm.br/psico_oque.php acesso em 17/09/2007