UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Kelly Souza dos Reis
A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais
especiais: uma analise das falas de educadores
São Paulo
2011
KELLY SOUZA DOS REIS
A INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM NECESSIDADES
EDUCACIONAIS ESPECIAIS: UMA ANALISE DAS FALAS DE
EDUCADORES
Monografia apresentada ao Centro de Ciências
Biológicas
e
Presbiteriana
da
Saúde,
Mackenzie
da
como
Universidade
parte
dos
requisitos exigidos para a conclusão do curso
de Licenciatura em Ciências Biológicas.
Orientador: Prof. Dr. Adriano Monteiro de Castro
São Paulo
2011
AGRADECIMENTOS
Ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana
Mackenzie.
Ao Prof. Adriano Monteiro de Castro, orientador, professor, amigo que está
sendo essencial para à minha formação.
Aos professores de licenciatura, que no decorrer desses cinco semestres
exerceram papel fundamental para o meu aprendizado e a minha formação, como o
Prof.° Dr. Adriano Monteiro de castro, a Prof.ª Dra. Rosana dos Campos Jordão e a
Prof.ª Dra. Magda Medhat Pechliye.
Aos convidados Prof.ª Ms. Maria Lucila Ribeiro Campos e a Prof.ª Ms. Célia
Regina Batista Serrão, que aceitaram prontamente meu convite para participar da
banca examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso.
Aos meus pais, Neudi e Maria de Lourdes, por estarem sempre ao meu lado, por
todo o amor, carinho e compreensão. E ao longo desses anos terem trabalhado para eu
me tornar uma pessoa digna. Por estarem sempre iluminando meu caminho e guiando
às escolhas certas. Vocês são tudo na minha vida!
Ao meu irmão Laércio por sempre me ajudar nas diversas etapas da minha vida.
Aos meus amigos da licenciatura, em especial ao Felipe Marchi, Flavia Zimbres,
Renata Palma, Rodrigo Generalli por ficarem ao meu lado ao longo desses anos e aos
meus amigos do bacharel, em especial à Carolina Araújo e Juliana Teixeira que sempre
me ajudaram ao longo da minha vida acadêmica.
Às irmãs que escolhi para a vida Anna Carolina Amoroso e Patrícia Rennó, por
estarem sempre ao meu lado, pelos conselhos e broncas dadas quando precisei e
pelos momentos de distração.
RESUMO
O presente estudo, de natureza qualitativa, teve como objetivo analisar as
concepções de “inclusão escolar” apresentadas por professores e equipe técnica e
identificar as principais barreiras reconhecidas por eles para inserção de alunos com
necessidades educacionais especiais em turmas de ensino regular. Os procedimentos
metodológicos constituíram na realização de três entrevistas com professores, diretores
e coordenadores de escola publica e particular e levantamento bibliográfico sobre a
inclusão escolar. A análise dos dados apontou que os educadores possuem uma visão
de integração dos alunos na escola e não sua inclusão e reconhecem as barreiras
encontradas para que a educação de alunos com necessidades especiais realmente
aconteça.
Palavras chave: alunos com necessidades especiais, inclusão, barreiras.
ABSTRACT
The present work of qualitative nature, aimed the analysis of the concepts of
inclusive education showed by teacher and technical staff and identify the main barriers
recognized by them for inclusion of pupils with special educational needs in regular
education. The methodological procedure consisted in conducting interview with three
teacher, principals and directors in public and private education and the literature about
school inclusion. The data analysis showed that educators have the vision for the
integration of students in school and not their inclusion and recognized the barriers on
students education with special needs to really happen.
Key words: students with special needs, inclusion, barriers.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 08
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 10
2.1. Educação Inclusiva ...................................................................................... 10
2.2. Barreiras ...................................................................................................... 13
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................. 17
4. RESULTADOS ......................................................................................................... 19
5. DISCUSSÃO ............................................................................................................. 32
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 37
7. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38
8. APÊNDICE A ............................................................................................................ 40
8
1. INTRODUÇÃO
A inclusão escolar vem sendo discutida no ambiente escolar e muitos
profissionais da educação, na época de sua formação, não tiveram possibilidades de
abordar tal tema. Esse campo de estudo é importante para que possamos identificar as
barreiras e então derrubá-las, oferecendo uma educação para todos os alunos sejam
eles ditos normais ou com necessidades especiais.
Esse trabalho poderá contribuir para a superação de preconceitos em relação à
educação inclusiva, oferecendo oportunidade de reflexão sobre a educação de
qualidade para todos.
Infelizmente na maioria das escolas não encontramos uma educação para todos.
Alguns tentam, mas nem sempre conseguem devido as grandes barreiras encontradas
como: arquitetônica, falta de profissional na área, relação com a família e,
principalmente, o preconceito. Com o presente trabalho buscarei identificar algumas
destas barreiras e com base nos autores analisar tais problemas.
Os dados oficiais, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (INEP), sobre as matriculas de alunos com necessidades especiais
indicam que entre 2007 e 2010 houve um aumento no número de matricula, em 2007
haviam 654.606 matriculados e em 2010 o número passou para 702.603, ou seja, um
crescimento de 7,33%.
Por meio do Censo escolar de 2010, o total de matrículas da educação especial
em classes especiais e de escolas exclusivas era de 218.271, sendo 142.887 em
escolas privadas e 75.384 em escolas públicas, distribuídas em: 776 em escolas
federais, 28.816 em estaduais e 45.792 em escolas municipais. Já o número de alunos
incluídos em classes comuns é maior tendo um total de 484.332 matrículas, sendo
9
27.096 em escolas privadas e 457.236 em escolas públicas, assim distribuídas: 702 em
escolas federais, 159.008 em escolas estaduais e um predomínio nas escolas
municipais com 297.526.
Assim, o objetivo do trabalho foi analisar as concepções de “inclusão escolar”
apresentadas por professores, coordenadores e diretores e identificar as principais
barreiras reconhecidas por eles para inserção de alunos com necessidades
educacionais especiais em turmas de ensino regular.
10
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
De acordo com Jannuzzi (2004), em 1954 já havia uma mobilização dos próprios
deficientes como cegos que fundaram o Conselho Brasileiro do Bem-Estar dos Cegos.
E em meados dos anos 60 e 70 houve uma iniciativa para que as pessoas com
deficiências tivessem acesso aos serviços sociais disponíveis para toda a sociedade
uma dessa era que ocorresse a aproximação desses com os demais alunos, para isso
houve uma estruturação de propostas de atendimento educacional para os alunos com
necessidades educacionais especiais (PRIETRO, 2006). Em 1994 ocorreu na Espanha
a Declaração de Salamanca um documento elaborado na Conferencia Mundial sobre
Educação Especial com o objetivo de fornecer diretrizes básicas para a formulação e
reforma de políticas e sistemas educacionais de acordo com o movimento de inclusão
escolar sendo considerada um dos principais documentos mundiais que visam a
inclusão social, proclama que a escola deve ser frequentada por todos os alunos
indistintamente e que a inclusão dos alunos com necessidades especiais pode
combater o preconceito.
Segundo Mantoan e Prietro (2006) para muitos o significado da educação
inclusiva consiste apenas na matrícula desses alunos, mas, de acordo com a
Constituição Federal de 1988, essa mudança no meio escolar significa conceder a
educação a todos os alunos tanto os encontrados em classes comuns como os alunos
com necessidades educacionais especiais.
Foi na década de 90 que a inclusão começa a se fortalecer ganhando sua
participação na legislação brasileira relacionada à educação, nos debates e em
11
publicações acadêmicas, porém há discordâncias que são encontradas no plano da
definição das propostas para sua concretização. (PRIETRO, 2006)
De acordo com Mantoan (2007) toda criança tem direito de ir a escola e para
muitos o ambiente escolar é onde poderão ter acesso ao conhecimento, assim tendo a
chance de tornar-se um cidadão digno com identidade social e cultural. E independente
de suas condições socioeconômicas, familiar, físicas possam viver sem discriminações
e ser bem sucedido em relação a sua aprendizagem no ambiente escolar (CARVALHO,
2007).
Independente das condições que os alunos se encontram, sejam elas, físicas,
mentais, sociais, psicossociais, jamais devemos desvaloriza- los pelas suas diferenças,
seja esse em escolas comuns ou especiais (MANTOAN, 2006). Apesar de citarmos
sempre as diferenças em crianças com necessidades especiais, precisamos ressaltar
que todos os indivíduos independentemente, possuem suas diferenças ao longo de
seu crescimento (CARVALHO, 2007). Segundo a Declaração de Salamanca (1994) a
educação inclusiva é baseada na educação de todos os alunos independente de suas
diferenças e dificuldades, as escolas devem se adequar as necessidades
apresentadas pelos alunos para isso precisa de uma boa organização no ambiente
escolar, ter seus currículos e projetos pedagógicos voltados para a aprendizagem de
todos os alunos. Como afirma Saviani (2003) a escola irá conceder aos alunos o
acesso ao conhecimento, proporcionando condições para descobertas.
Os alunos possuem diversos conhecimentos prévios e, assim como suas
especificidades, estes conhecimentos devem estar inseridos no planejamento de ensino
para que ocorra uma melhora na sua aprendizagem (PRIETRO, 2006). É de grande
importância entender que os alunos com necessidades especiais não são apenas os
12
alunos com deficiência, os alunos que apresentam distúrbios de aprendizagem ou
superdotados também estão inseridos nessa classe de alunos, pois para esses alunos
não é encontrado o atendimento “comum” quando comparados a alunos de mesma
faixa etária (CARVALHO, 2007). Os alunos ditos normais ao conviver com alunos com
necessidades especiais, acabam respeitando e valorizando as diferenças das pessoas
desenvolvendo assim o apoio, respeito e interesse ao próximo (STAINBACK e
STAINBACK, 2006). Nas escolas de ensino regular a convivência dos alunos torna-se
imprevisível e opulento quando comparada com uma escola especial, devido os alunos
na escola regular conviver com contínuos desafios aprendendo a resolver problemas,
tomar decisões, expressar suas opiniões, enquanto os alunos da escola especial
possuem um atendimento superprotetor e como consequência possuem um cotidiano
mais previsível (KERN, 2004). Caso haja uma melhora nas condições do ambiente
escolar, os alunos poderão viver sem preconceitos (MANTOAN, 2006).
Segundo o terceiro título do art. 4º. da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBEN),devemos conceder o atendimento educacional especializado gratuito
aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de
ensino. Não podemos permitir que o direito da educação desses alunos, seja apenas o
cumprimento da legislação de incluir esses alunos no ensino regular (PRIETRO, 2006).
É necessário que assumamos como pressuposto que todos os alunos devem
frequentar as salas de aula do ensino regular, não dividindo os alunos em salas dos
alunos com necessidades especiais e dos alunos “normais” (MANTOAN, 2007). Se
ocorrer a divisão das salas, os alunos com deficiência acabam recebendo uma
educação de menor qualidade, não sendo útil para a convivência com a sociedade,
13
enquanto os alunos sem deficiência acabam recebendo que não valoriza muito o
respeito pelos que são diferentes (STAINBACK e STAINBACK, 2006).
Segundo Mantoan (2007) para a educação inclusiva ocorrer livre de preconceito
é necessário que os planos escolares sejam voltados para cidadania, respeitando as
diferenças de todos os alunos e que haja uma melhoria e reorganização das escolas
especiais em relação a seus alunos. O que acaba não ocorrendo, pois os sistemas
escolares acabam dividindo as modalidades de ensino em regular e especial e como
consequência os alunos em normais e deficientes.
Ainda de acordo com a autora, a inclusão irá implicar nas mudanças da nossa
perspectiva educacional, atingindo todos os alunos, seja com necessidades especiais
ou não, para que esses possam obter sucesso na corrente educativa geral.
Segundo o primeiro parágrafo do 59° art. da LDB, os planos de ensino deverão
asseguras aos alunos com necessidades educacionais: currículo, métodos, técnicas,
recursos educativos e organização especificas, para atender às suas necessidades.
Então para a educação inclusiva ocorrer, precisamos estar dispostos a mudar e a
quebrar grandes barreiras encontradas no cotidiano escolar. As escolas devem
organizar e disponibilizar grandes recursos para remover os obstáculos da
aprendizagem dos alunos, melhorando e reorganizando o atendimento aos alunos.
(CARVALHO, 2007; MANTOAN, 2006)
2.2 BARREIRAS
Os alunos com necessidades educacionais especiais podem encontrar barreiras
no ensino, com maior frequência quando os comparamos com outros alunos de mesma
faixa etária. Essas dificuldades encontradas no inicio da sua vida escolar, podem se
14
tornar algo permanente, com isso há importância do atendimento educacional, para que
esses alunos não abandonem a escola. (CARVALHO, 2006)
Segundo Carvalho (2007) devemos remover os obstáculos existentes no
ambiente escolar, mas, para isso primeiramente devemos buscar conhecer as
dificuldades de todos os alunos como: a aprendizagem; acessibilidade; as diferenças
para que não haja preconceito; os materiais didáticos; o envolvimento familiar; o projeto
pedagógico se esse está adequado para todos os alunos, dentre outros fatores.
Segundo Amaral (1998) encontramos na sociedade preconceitos relacionado as
diferenças das pessoas. Esse preconceito acontece quando comparamos o real (a
pessoa em questão) com o que caracterizamos como o ideal e quanto mais distante
uma pessoa estiver do ideal significa que mais próximo da anormalidade ela se
encontra. Isso caracteriza o que chamamos de preconceito, esse termo que significa o
conceito formado antes da experiência.
Amaral (1998, p. 16-17) descreve três versões do preconceito dirigido a pessoas
com deficiência: chama de “generalização indevida” o juízo que transforma a condição
de limitação específica de uma pessoa em totalidade, ou seja, ela torna-se deficiente
por ter uma deficiência; “ correlação linear” é a disposição para elaborar relações do
tipo “ se...então”, simplificando de forma demasiada o raciocínio, consolidando o
preconceito pela economia do esforço intelectual.
E o “contágio osmótico” é o temor do contato e do convívio, numa espécie de
recusa em ser visto como um deficiente. Inúmeras são as formas pelas quais o
preconceito às pessoas com deficiência se constitui e é reforçado: pela educação
escolar, pela mídia, nas relações familiares, pelo trabalho, pela literatura, entre outras.
(AMARAL, 1998)
15
É muito comum encontrar nas escolas os obstáculos relacionados ao espaço
físico que dificultam a acessibilidade do aluno portador de necessidade especial pela
escola, essa barreira, segundo Carvalho (2007), é a barreira arquitetônica que é
encontrada desde a entrada na escola até a mobilização por toda ela, seja para ir às
salas, ao intervalo, ao banheiro. Nas escolas o espaço físico acaba sendo inadequado
para os alunos com algumas necessidades especiais ocorrendo a insuficiência e até a
inexistência das estruturas como: rampas; banheiros; superfície com desníveis; entre
outros.
Os professorem levam a culpa muitas vezes, apesar de não serem os únicos
culpados, pela não aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais isso
ocorre por muitas vezes na formação desses profissionais o assunto sobre educação
inclusiva não ter sido abordado (MANTOAN, 2006). Com isso é traçado diversos perfis
de professores, encontramos os que usam como argumento o despreparo em sua
formação e rejeitam a aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais
especiais, os interessados que desempenham um grande empenho na aprendizagem
de alunos com necessidades educacionais especiais, os que se sentem despreparados
e acabam criando um receio, os que através da ordem de seus superiores acabam
trabalhando com esses alunos sem escolha e por esse trabalho realizado através da
tolerância a aprendizagem dos alunos acaba não ocorrendo (CARVALHO, 2007).
Segundo Ainscow (2000) a presença de um especialista na sala pode ser uma
técnica de ensino, partindo das dificuldades dos alunos em determinadas atividades,
assim esses profissionais podem auxiliá-los nestas e melhorando o aprendizagem
desses alunos.
16
Apesar dos professores terem grandes dificuldades para que ocorra a inclusão
escolar, esses recebem grandes benefícios, como a melhoria das suas habilidades
profissionais, trabalho em equipe e participação no planejamento escolar (STAINBACK
e STAINBACK, 2006). Os professores que se identificam como responsáveis pela
aprendizagem fazem da sala de aula um ambiente de total aprendizagem, seja para os
alunos como para o educador (CARVALHO, 2007).
Os currículos escolares devem ser voltados para a valorização das diferenças
dos alunos, e não a sua desvalorização, para podermos ter um plano escolar sem
discriminação (MANTOAN, 2006). Para isso podemos reunir as pessoas envolvidas na
aprendizagem dos alunos como:
os pais,
professores,
diretores,
psicólogos
educacionais entre outros especialistas, para que possam achar soluções nos objetivos
escolares e interagi-los com determinados alunos e como podem relacionar esses
objetivos nas turmas de educação escolar regular (STAINBACK, STAINBACK,
STEFANICH e ALPER, 2006)
17
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a realização do presente trabalho analisamos o ponto de vista de
professores, coordenadores e diretores de escola pública e particular, uma vez que
estes são os principais envolvidos nas decisões que envolvem alunos com
necessidades educacionais especiais. Os indivíduos foram convidados a participar da
pesquisa pessoalmente, onde foi marcado um horário para retorno da visita.
A pesquisa foi feita através de um roteiro de entrevista semiestruturada, que
apresentou as seguintes questões:

O que você entende por inclusão escolar?

O que mais o (a) intriga ao pensar sobre a inclusão escolar?

Em sua formação acadêmica, houve alguma oportunidade de aprender sobre
educação inclusiva?

Você já trabalhou com algum aluno com necessidade educacional especial?
Qual o tipo de deficiência ou condição?

Como pode ser possível que as escolas ofereçam educação de qualidade para
todos os alunos indistintamente?

Na sua opinião quais são as maiores dificuldades para a educação inclusiva?

Quais as principais barreiras que existem na escola para a participação dos
alunos com necessidades educacionais especiais nas atividades propostas pelos
professores?
18
Segundo Lüdke e André (2004) nesse tipo de entrevista o entrevistado não
precisa seguir o seu roteiro podendo fazer mudanças dependendo de como a entrevista
fluir e fazer o esclarecimento das informações desejadas.
Foi apresentada uma carta de informação para a instituição e uma carta e
informação ao sujeito, onde consta o objetivo do trabalho propostos, os procedimentos
a serem realizados, o compromisso de sigilo quanto à identificação do participante.
O local para entrevista foi na instituição de ensino e as informações foram
registradas através de gravação.
Os dados coletados foram selecionados e separados e, para tal foram
estabelecidas 3 categorias, a saber: Concepção de inclusão; barreiras identificadas;
formação profissional. A partir daí foram identificadas as subcategorias a partir das
respostas analisadas, entretanto no Apêndice A deste trabalho podem ser visualizadas
as entrevistas na íntegra. Esta categorização será apresentada no próximo item do
estudo.
19
4. RESULTADOS
Os resultados obtidos foram subdivididos em 4 quadros:

Entrevista A – Entrevista realizada com a coordenadora da escola particular;

Entrevista B – Entrevista realizada com a diretora da escola estadual;

Entrevista C – Entrevista realizada com a coordenadora da escola municipal;

Entrevista D – Entrevista realizada com a professora da escola municipal;
As categorias utilizadas para a análise foram:

Concepção de inclusão;

Barreiras identificadas

Formação profissional
Além destas três categorias, foi possível identificar também nas falas dos
entrevistados subcategorias a elas relacionados, que serão apresentadas, a seguir, de
acordo com os temas.
4.1 CATEGORIA CONCEPÇÃO DE INCLUSÃO
A primeira categoria consiste em analisar a concepção de inclusão dos
entrevistados. Na analíse com base na concepção emergiram 3 subcategorias, sendo:

Integração social apenas;

Integração física apenas;
20

Respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem.
4.2 CATEGORIA BARREIRAS IDENTIFICADAS
A segunda categoria consiste na identificação das barreiras encontradas na
aprendizagem .dos alunos com necessidades educacionais especiais.
Obtivemos a partir dessa categoria, 7 subcategorias:

Número de alunos na sala de aula;

Falta de apoio familiar;

Materiais didáticos;

Associados à deficiência;

Arquitetônicas;

Falta de especialista;

Preconceito.
4.3 CATERGORIA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Está categoria reúne algumas considerações levantadas, as quais evidenciaram
algumas dificuldades na formação dos profissionais para a educação de alunos com
necessidades educacionais especiais.
Nesse contexto, podemos elencar as seguintes subcategorias:

É insuficiente;

Necessidade de formação continuada.
21
Quadro 1- Análise de conteúdo da Entrevista A
TRECHO DA ENTREVISTA
CATEGORIAS
"A inclusão escolar é colocarmos alunos que
tenham algum tipo de dificuldade mais
acentuada, juntamente numa sala com alunos
que não apresentam tais dificuldades, Concepção de
trabalhando de modo que eles sejam aceitos
inclusão
e que eles tenham as mesmas regalias e
oportunidades que os demais alunos
possuem".
"...nem sempre as escolas estão preparadas
para inclusão, principalmente as escolas
públicas, tenho conhecimento de colegas que
trabalham em escolas, onde tem alunos com
deficiências graves junto com outros alunos
que não apresentam essas deficiências e não Concepção de
é feito nenhum trabalho para que esse aluno
inclusão
realmente possa crescer e conviver junto aos
demais, então a inclusão é preocupante
nesse sentido, por que determinadas crianças
precisam de uma atenção especial e a escola
precisa estar preparada para isso".
"Não tive oportunidade nem na formação nem
no ambiente de trabalho, já trabalhei com
alunos com determinadas necessidades, mas
que não chegava a ser algum tipo de
inclusão".
"Primeiramente profissionais competentes,
que tenham uma formação adequada, porque
infelizmente hoje e dia com tantas faculdades
“fundo de quintal” o profissional acaba não
tendo formação nenhuma, e vão para uma
sala de aula, para uma escola, e sem uma
boa orientação e uma coordenação
pedagógica eles vão fazer coisas absurdas e
o maior prejudicado é a criança".
"E também que tenha uma reciclagem dos
professores".
"O espaço físico da escola, que não estando
preparada para uma deficiência visual, e
receber cadeirantes também nem todas as
escolas possuem esse espaço físico".
SUBCATEGORIAS
Integração física
apenas
Integração social
apenas
Formação
profissional
É insuficiente
Formação
profissional
É insuficiente
Formação
profissional
Necessidade de
formação continuada
Barreiras
identificadas
Arquitetônicas
22
Quadro 2- Análise de conteúdo da Entrevista B
"O que eu entendo não vai bater com que o
governo pensa sobre a inclusão escolar. Para
o governo a inclusão escolar é colocar junto
com as crianças “pseudonormais” a criança
com deficiência, seja ela física mental para ela
socializar. Pra mim há 30 anos no estado, não
é esse tipo de socialização que eu estou vendo
no meio de inclusão, o que estou vendo é uma
exclusão muito mais feia e muito mais triste,
porque a criança com problema ela não
socializa com o restante ela fica a parte e o
professor não tem condição de dar a ela a
atenção necessária".
"Primeiro eu acho que o professor não é
formado para trabalhar com crianças com
necessidades especiais, dependendo do tipo
de necessidade especial, eu digo, por
exemplo, uma deficiência mental severa, onde
está a formação do professor para atender
uma criança com deficiência mental severa?"
"Não, não vem do professor. O problema vem
de cima, você recebe e diz que está sendo
incluída essa criança. Não são todas as
deficiências, geralmente as mentais, você
pode ter um paraplégico e acompanhar muito
bem".
"Pois o problema dele é motor, então o que
precisa que o estado forneça rampa, portões
adequado, banheiro adequado, que também
não tem!"
"Mas é o que deve ter para o cadeirante, mas
a determinadas coisas que acho que só um
especialista tem condição de atender".
"Pessoalmente eu acho que a criança tem que
socializar conviver com crianças ditas normais,
desde que ela não vá servir de um quadro
triste e lamentável e no lugar de incluir acabar
excluindo".
"Mas continuo achando que não há estrutura
necessária para recebermos esses alunos".
CATEGORIAS
SUBCATEGORIAS
Concepção de
inclusão
Integração social
apenas
Formação
profissional
É insuficiente
Barreiras
identificadas
Associadas à
deficiência
Barreiras
identificadas
Arquitetônicas
Barreiras
identificadas
Falta de especialista
Concepção de
inclusão
Integração social
apenas
Barreiras
identificadas
Arquitetônicas
23
"Quando você imagina inclusão, você imagina
uma inclusão que traga para o seio da escola a
criança com a diferença e essa é incluída na
escola e que ela seja tratada igual e
diferentemente".
"Agora se é inclusão onde todos os alunos
tem um segmento que ninguém tem o
segmento igualzinho, mas que todos os alunos
tenham mais ou menos um segmento igual.
Tanto é que o currículo nacional agora é único,
então estou tratando diferentes e iguais sim!
Se eu tenho o mesmo currículo pra você, se
sua universidade tem que ser igualzinha da
minha, estamos tratando como iguais. Mesmo
que entrasse alguém “não igual” existe
inclusão acadêmica numa universidade? Acho
que depende muito do tipo de deficiência, com
o caso de um paraplégico eu acho válido, pois
esse ira participar, o que eu não acho justo é
uma inclusão que vai excluir".
"Na verdade os profissionais atuais são muito
mais fracos do que os antigos. Eu que o diga,
pois tenho muitos novos aqui e esses não
conseguem segurar uma sala de quinta série
parece que tem medo de aluno, então acho
que é da real competência do profissional".
"Eu fiz didática para nível superior, sou
graduada em história e fiz administração e
supervisão escolar, em nenhuma dessas me
dá aptidão de cuidar de determinadas
deficiências. Eu gostaria de fazer agora um
curso de libra, pois não consigo me comunicar
com surdo-mudo. Cada profissional na sua
área tem que ter competência e não é um
professor ganhando o salário que irá sair seu
horário de serviço para fazer um curso de
libras, de braille ou qualquer outro tipo de
curso".
"Eu trabalhei em uma escola particular 10 anos
e um dia o aluno disse assim pra mim”
Professora você não se zanga com o que eu
vou te dizer?, então eu disse não ele continuou
e disse “eu amo a senhora, mas eu tinha tanto
medo de negro” você entendeu? Era a visão
que ele tinha antes, porque ele não tinha
convivência".
Concepção de
inclusão
Integração física
apenas
Barreiras
identificadas
Associadas à
deficiência
Formação
profissional
É insuficiente
Formação
profissional
É insuficiente
Barreiras
identificadas
Preconceito
24
"Temos uma aluna que o problema é com ela,
o laudo dela diz que ela tem a síndrome do
alcoolismo fetal, ela tem umas crises muito
pavorosas, mas ela eu já não acho que está
bem incluída, acho que ela deveria (acho
porque eu não sou profissional) estar em uma
escola profissionalizante, a cabeça não vai
aprender, foi para a 8ª série agora, porque a
progressão continuada promove o aluno, mas
você sabe que ela não tem essa condição".
“... acho que em relação ao material didático
estamos nos preparando, a prefeitura
encontra-se um pouco na nossa frente".
"Por incrível que pareça você vai encontrar
empecilho da família ela não aceita, aqui de
uma aluna que seu pai é cego, ela possui
baixa visão, mas sua mãe não queria que ela
usasse o material especializado para sua filha
não sentir-se envergonhada diante dos
colegas, ela sempre diz que o óculos está
quebrado, ela usa óculos fundo de garrafa, ela
não enxerga na lousa, ela chora muito quando
é chamada aqui, por incrível que pareça ela
tem um pai cego e hiperindependente, ela não
depende de ninguém, ele é líder de uma ONG
é uma pessoa que não se deixa levar pela
deficiência, e mesmo ela tendo esse exemplo,
ela sofre de complexo, mas acho que a mãe
tem muita preocupação do que os coleguinhas
vão dizer pra ela, então por já ter o complexo
fica difícil. A família é uma grande barreira
principalmente quando não aceita, porque se
aceita vai tratar, cuidar, vai verificar no que
pode ajudar, mas quando não aceita e
complicado assim como uma aluna que possui
muitas deficiências relacionadas a dificuldades
e o pai dela não aceita nem ele levar ao
médico para trazer um laudo pra gente e ele
dizer que ela não tem nada e então vai
passando pela progressão continuada, ela
possui muita dificuldade de aprendizagem".
“... mais recursos humanos e materiais e falta
também recurso físico, espaço que aqui, por
exemplo, não tem, para nosso aluno foi criado
uma rampa, mas não temos um banheiro
especializado, é complicado”.
Barreiras
identificadas
Associadas à
deficiência
Barreiras
identificadas
Materiais didáticos
Barreiras
identificadas
Falta de apoio
familiar
Barreiras
identificadas
Arquitetônicas;
especialistas;
materiais didáticos
25
"Profissionais hábitos, espaço, menos alunos".
Barreiras
identificadas
Falta de especialista;
arquitetônica; número
de alunos na sala de
aula
Quadro 3- Análise de conteúdo da Entrevista C
CATEGORIAS
"E o professor sozinho em uma sala com 35
alunos, e com dois alunos desse porte na
sala de aula ele não da conta".
SUBCATEGORIAS
Barreiras
identificadas
Número de alunos na
sala de aula
"Temos os professores especialistas em suas
áreas, mas não temos especialista em
inclusão".
Barreiras
identificadas
Falta de especialista
"Também já é uma coisa que é uma grande
dificuldade, porque não temos nenhum
referencial.
Formação
profissional
Necessidade de
formação continuada
"...o professor acaba fazendo adaptações em
cima da vivência, de capacitações e
formações por conta própria, ele não tem um
referencial para ele seguir".
Formação
profissional
Necessidade de
formação continuada
"...o progresso na aprendizagem é bem
grande, acho que a questão de excluir seria
excluir da aprendizagem, não a exclusão do
aluno com os colegas de sala".
Concepção de
inclusão
Integração social
apenas
"Porque o professor não tem uma formação,
isso vem acontecendo em 2008 mais
fervorosamente em 2009. De 2008 vem se
fazendo o assunto sobre a inclusão, e esses
alunos vem aparecendo na escola, e é tudo
muito novo e então está tudo no processo".
Formação
profissional
É insuficiente
26
Sou professora de matemática, quanto
professora de matemática na época eu não
tive nenhum já os que eu tive eu que fui à
procura,
agora
como
coordenadora
pedagógica minha segunda faculdade, essa
sim nos temos todo um preparo, toda uma
formação e a rede ela te dá bastante
formação em cima disso, ela tem uma
formação bastante rigorosa em cima do
formador (que sou eu) que tenho que
informar os meus professores, pra gente
poder lidar com esse assunto.
"Eu acho que faz parte do meu papel
conscientizar esse pai que ele tem que ter
algumas rotinas de trabalho tanto dentro da
escola como fora da escola".
Eu acho que o que mais precisa é uma
conscientização
da
comunidade
da
progressão continuada
"...que a escola pública, ela oferece hoje
salas com 35 alunos e acho que esse é um
número muito grande perto do desafio que
tem em trabalhar com uma heterogeneidade,
pois nos temos no mínimo 2 alunos de
inclusão e temos por exemplo, dois ou três
alunos que não são inclusão não são NE,
mas
possuem
transtornos
como
hiperatividade ou uma certa dificuldade na
aprendizagem"
"...culturalmente porque não tem toda essa
bagagem cultural da família, então aqui ele
vai querer requerer tudo, tudo é dentro da
escola".
"Então eu acho que o número de alunos hoje,
é uma coisa que temos que repensar para a
qualidade de ensino".
Formação
profissional
É insuficiente
Barreiras
identificadas
Falta de apoio familiar
Formação
profissional
Necessidade de
formação continuada
Barreiras
identificadas
Número de alunos na
sala de aula
Barreiras
identificadas
Falta de apoio familiar
Barreiras
identificadas
Número de alunos na
sala de aula
27
"Formação de professor nem pensar tudo,
tudo de bom. A prefeitura tem uma hora e
meia de formação diária durante quatro dias,
mas eu acho que isso ainda é muito pouco
perto do trabalho que nos temos que fazer.
Eu costumo falar para os professores que a
escola pública ela fez um grande pecado,
pois antigamnente a escola pública na minha
idade, um pouco antes da minha idade por
que eu não peguei o exame de admissão,
mas existia um exame de admissão que
quem fazia parte da escola pública eram
aqueles alunos que passavam na admissão e
eram os bons alunos, e os alunos que não
conseguiam isso iam para a escola particular,
hoje nos abrimos as portas para receber
todos os alunos independente se eles tinham
feito exame de admissão, então o que
acabou acontecendo foi que os alunos
entraram por uma porta e a qualidade de
ensino saiu pela outra".
"durante esses 25 anos se ela não teve uma
formação e ele foi formado, não é nem culpa
dele, porque ele foi formado dessa forma,
formado em um modelo tecnicista então
acaba dando aula do jeito que ele foi formado
. Então se não tiver um leque pra pensar:
não hoje eu não trabalho com esse tipo de
aluno eu preciso diversificar minha prática,
hoje nos pensamos muito em mudanças de
prática é exatamente isso".
"Então hoje contamos apenas com dois
profissionais que ficam dentro da sala de
aula, um fica fora que é o AVE que será
responsável por toda essa parte de cuidar
como: escovar dente, como se fosse uma
babá e esse profissional tem toda uma
preparação de enfermagem, não que seja
formado em enfermagem, mas tem toda uma
preparação para dar um remédio, são esses
que leem as bulas e temos também a
estagiária que é uma moça que faz
pedagogia que foi contratada pela rede, ela
fica dentro da sala de aula ajudando o
professor nessas situações para a
aprendizagem. Eu acho que é muito pouco
para uma escola com tantos alunos".
Formação
profissional
É insuficiente
Formação
profissional
É insuficiente
Formação
profissional
É insuficiente
28
Quadro 4- Análise de conteúdo da Entrevista D
"eu acho que agora está maior, pois antes
não tinha tantos alunos de inclusão. Eu acho
bom, concordo com a inclusão, apesar de
muitos profissionais serem contra, mas eu
concordo porque eu acho que é um direito da
criança de conviver com outros alunos,
assim como os outros tem o direito de
conviver com crianças com necessidades
especiais acho que tem bastante troca,
conviver com o diferente é importante".
"Trabalho com crianças com problemas de
aprendizagem, e dentro das turmas eu tenho
também alunos de inclusão e eles aprendem
cada um no seu ritmo, mas eles aprendem e
vão avançando no ritmo deles e eu adoro
trabalhar com eles são mesmo crianças
especiais, eu gosto do trabalho, porque cada
avanço que eles tem é uma conquista e
percebo que as outras crianças ficam
melhores por conviver com eles em ver que
eles podem aprender como eles, a
colaboração a solidariedade que um tem com
o outro é muito bom".
"Acho que a criança não possui um
preconceito, acho que é mais da sociedade e
do adulto, do que da própria criança. É mais
fácil a criança tirar sarro de uma criança dia
normal, mais fácil “chinga-las” do que eles
tirar sarro de um especial, eu não vejo, pelo
menos nas
minhas aulas eu nunca
presenciei, pelo contrário eles querem cuidar
de poder participar. Eu nunca tive esse
problema de exclusão como: “ah porque é
deficiênte”, “ah porque é cadeirante” não tem!
Elescuidammesmo".
CATEGORIAS
SUBCATEGORIAS
Concepção de
inclusão
Integração social
apenas
Concepção de
inclusão
Respeitar os
diferentes ritmos de
aprendizagem
Barreiras
identificadas
Preconceito
29
"...para os cadeirantes eu não dou aula a
estrutura aqui não tem como, é uma das
barreiras que nos temos , é a barreira
arquitetônica que nos chamamos, na
realidade a escola não está preparada para
receber cadeirantes, devido a estrutura, pois
temos a sala de leitura, de informática que
são tudo aqui em cima, então para o
cadeirante participar o professor ou a mãe
fica aqui para poder fazer a locomoção desse
aluno. Então a esola aqui não tem estrutura
para receber um cadeirante".
"Número de alunos por sala de aula, porque
esse alunos precisam de um atendimento
mais individual, aqui nos temos 35 alunos por
sala".
"O professor que tem alunos especiais tinha
que ter menos alunos em sala de aula, para
poder atendê-los mais individualmente".
"...mas tem aluno que a gente precisa muito
sentar trabalhar de forma diferenciada com
jogos, um alfabeto móvel e dentro da sala de
aula nos não temos esse tempo o que me
deixava bem chateada de ver que aquele
aluno poderia estar avançando mais eu não
tinha condições de estar sentada ali do lado
dele".
"Uma barreira que a escola no geral tem é a
falta de documento, de laudo, pois nos
sabemos que aquele aluno é especial mas
raramente chega um papel de uma equipe
médica, dizendo é isso é aquilo, com o laudo
nos podemos ver o que melhorar, qual seria
o melhor atendimento para essa criança,
essa troca entre médcos e professor não
ocorre é muito dificil".
"...porque o pai não tem condições muitas
vezes de ter tempo de ir em um hosptal
público ou ir e não ser atendido. Por exemplo
nos temos um caso que não podemos dizer
que o aluno é autista porque não somos
profissionais da saúde pra dizer “Ah o menino
é autista!” mas a experiência que nos temos
com os alunos, pois já trabalhamos com
outros autistas, as características é de uma
criança autista".
Barreiras
identificadas
Arquitetônica
Barreiras
identificadas
Número de alunos na
sala de aula
Barreiras
identificadas
Número de alunos na
sala de aula
Barreiras
identificadas
Materiais didáticos
Barreiras
identificadas
Associadas à
deficiência
Barreiras
identificadas
Falta de apoio
familiar
30
"...a família é uma barreira porque muitas as
vezes não é nem por ele é pela condição que
vivem por não ter condição de pagar um
plano de saúde, então depende do posto de
saúde ai demora muito ou não acontece
muitos casos de NE nos não temos um
laudo, então identificamos esses alunos
pelas características, a dificuldade da
aprendizagem".
"...muitos professores já estudaram a muitos
anos atrás, quando a inclusão não era nem
discutida, então a gente faz mesmo de
acordo com nosso dia-a-dia, pelo que
sabemos, o que estudamos, pois nos temos
um horário fora de aula nos temos um horário
de discussões, por exemplo eu entro meio
dia fico até uma e meia discutindo o que
fazer com aqueles alunos como melhorar,
então nos já estudamos bastante sobre a
inclusão, fazia parte do nosso projeto
pedagógico, esse ano não mais, mas tudo
acaba na inclusão, ano passado o projeto
pedagogico foi bem voltado para a inclusão,
então eram textos relacionados, matérias, foi
bem voltado porque nos temos muitos casos
aqui, então não tem como fugir".
"...tem o que a escola compra, a gente vai se
virando, mas não tem um material próprio
para aquele aluno, na hora da avaliação
externa não vem uma avaliação pro nível
daquele aluno especial, então a avaliação
deles acaba sendo no nível da sala, então o
material também é uma barreira".
"Nos com convênio levamos meses para
conseguir uma consulta imagina essa mãe
que precisa trabalhar e não tem uma pessoa
que acompanhe essa criança, cosegue uma
consulta para daqui dois meses que não
sabe se estará trabalhando se terá alguém
que leve é muito complicado, eles não tem
culpa também, mas a criança que tem o
atendimento nos percebemos a diferença na
sala de aula. Eu acho que o governo deveria
dar um salário, mas acho que deve ter, um
salário para ajudar as mães, o problema que
a mãe não tem um laudo".
Barreiras
identificadas
Falta de apoio
familiar
Formação
profissional
É insuficiente
Barreiras
identificadas
Materiais didáticos
Barreiras
identificadas
Falta de apoio
familiar
31
Para melhor visualização a partir dos quadros acima será apresentado a seguir
um quadro síntese da análise de conteúdo.
Quadro 5 – Síntese da Analíse de Conteúdo
CATEGORIAS
SUBCATEGORIAS
ENTREVISTAS
Integração física apenas
AeB
Integração social apenas
A, B, C e D
Concepção de inclusão
Respeitar os diferentes
ritmos de aprendizagem
Barreiras identificadas
Número de alunos na sala
de aula
B, C e D
Falta de apoio familiar
B, C e D
Materiais didáticos
BeD
Associados à deficiência
BeD
Arquitetônicas
A, B e D
Falta de especialista
BeC
Preconceito
BeD
É insuficiente
Formação professional
Apenas D
Necessidade de formação
continuada
A, B, C e D
AeC
32
5. DISCUSSÃO
De acordo com o posicionamento dos profissionais entrevistados sobre a
concepção de inclusão, encontramos conceitos relacionados a integração do aluno na
escola para que este socialize com os demais alunos mas, apenas um dos
entrevistados relacionou o conceito de inclusão com a aprendizagem do aluno, ou seja,
a maioria concorda que o aluno precisa estar na escola mas, não sabe como o aluno
com necessidade especial íra aprender, assim os progressos desses alunos são
subestimados e sua capacidade de aprender não é estimulada, deixando os alunos
totalmente alienados e simplesmente preenchendo um lugar na classe regular, sem que
ocorra a aprendizagem. Podemos perceber isso na fala da Entrevistada C
"...o progresso na aprendizagem é bem grande, acho que a questão de excluir
seria excluir da aprendizagem, não a exclusão do aluno com os colegas de
sala".
Mantoan (2007) aborda sobre essa concepção como sendo uma integração dos
alunos na escola e não sua inclusão, ou seja, o aluno tem que se adaptar a escola e se
houver algum tipo de fracasso é de responsabilidade do aluno por não estar adaptado
as regras da escola que presta mais atenção nos impedimentos do que aos potenciais
das crianças.
Outro aspecto observado foi a relação com o respeito dos ritmos dos alunos,
este relacionado a sua aprendizagem como podemos observar no discurso da
entrevistada D.
33
"Trabalho com crianças com problemas de aprendizagem, e dentro das turmas
eu tenho também alunos de inclusão e eles aprendem cada um no seu ritmo,
mas eles aprendem e vão avançando no ritmo deles e eu adoro trabalhar com
eles são mesmo crianças especiais, eu gosto do trabalho, porque cada avanço
que eles tem é uma conquista e percebo que as outras crianças ficam melhores
por conviver com eles em ver que eles podem aprender como eles, a
colaboração a solidariedade que um tem com o outro é muito bom".
O que observamos nesse relato é que apesar da entrevistada ter uma visão do
aluno ter uma socialização na escola ele também possui o direito de aprender, por mais
que possuam dificuldades eles são capazes e precisam que seus ritmos sejam
respeitados. Porém há muitos obstáculos para que a aprendizagem desses alunos
ocorra efetivamente, as principais barreiras encontradas nas entrevistas foram a
quantidade de alunos na sala de aula; a falta de apoio familiar; arquitetônica e alguns
citaram como obstáculo a: falta de material didático; o tipo de deficiência; a falta de
especialista; o preconceito.
De acordo com Carvalho (2007, p.60)
“Esses e outros obstáculos têm representado sérios entraves para o acesso,
ingresso e permanência de pessoas portadoras de deficiência nas escolas,
infringindo seus direitos de ir e vir e, em consequência, criando barreiras para
sua aprendizagem e para sua participação. Apesar dos esforços, principalmente
desenvolvidos pelos próprios portadores de deficiência, ainda há muito por
fazer”.
34
São encontrados diversos obstáculos para esses alunos conseguirem frequentar
a escola, desde o momento da saída dos alunos de suas casas à sua entrada e
mobilização na própria escola. No relato seguinte é possível perceber a dificuldade
tanto do aluno como dos pais.
"... para os cadeirantes eu não dou aula a estrutura aqui não tem como, é uma
das barreiras que nos temos , é a barreira arquitetônica que nos chamamos, na
realidade a escola não está preparada para receber cadeirantes, devido a
estrutura, pois temos a sala de leitura, de informática que são tudo aqui em
cima, então para o cadeirante participar o professor ou a mãe fica aqui para
poder fazer a locomoção desse aluno. Então a escola aqui não tem estrutura
para receber um cadeirante".
Na Declaração de Salamanca (1994) para a educação inclusiva acontecer é
necessário que haja uma educação de todos os alunos independente de suas
dificuldades, o que não encontramos nesse relato, onde o aluno, devido suas
dificuldades, não possui determinadas aulas, ou seja, não há uma educação igual para
todos.
Também percebemos que há o apoio da mãe do aluno, para que ele possa
frequentar a escola mas, nem sempre o apoio familiar é encontrado, como podemos
observar no seguinte trecho:
"Por incrível que pareça você vai encontrar empecilho da família ela não aceita,
aqui de uma aluna que seu pai é cego, ela possui baixa visão, mas sua mãe
não queria que ela usasse o material especializado para sua filha não sentir-se
envergonhada diante dos colegas, ela sempre diz que o óculos está quebrado,
ela usa óculos fundo de garrafa, ela não enxerga na lousa, ela chora muito
35
quando é chamada aqui, por incrível que pareça ela tem um pai cego e
hiperindependente, ela não depende de ninguém, ele é líder de uma ONG é
uma pessoa que não se deixa levar pela deficiência, e mesmo ela tendo esse
exemplo, ela sofre de complexo, mas acho que a mãe tem muita preocupação
do que os coleguinhas vão dizer pra ela, então por já ter o complexo fica difícil.
A família é uma grande barreira principalmente quando não aceita, porque se
aceita vai tratar, cuidar, vai verificar no que pode ajudar, mas quando não aceita
e complicado assim como uma aluna que possui muitas deficiências
relacionadas a dificuldades e o pai dela não aceita nem ele levar ao médico
para trazer um laudo pra gente e ele dizer que ela não tem nada e então vai
passando pela progressão continuada, ela possui muita dificuldade de
aprendizagem".
Diante de tantas barreiras uma bem citada, foi a quantidade de alunos na sala de
aula. Quando pensamos na educação de alunos com necessidades especiais, a
complicação já surge para os próprios profissionais e o fato de haver uma grande
quantidade de alunos em uma sala, acaba restringindo uma maior atenção a estes,
dificultando muitas vezes a aprendizagem. Como solução alguns profissionais relatam
que a presença de especialistas na área poderia diminuir essa barreira.
Assim, a ajuda mais incisiva de um “ajudante” pode significar a redução da
qualidade do estímulo para a aprendizagem do aluno. Vale considerar que Ainscow
(2000) ainda pondera que arranjos da sala de aula que privilegiem o trabalho em grupo
onde alunos se ajudam nas tarefas curriculares podem ser mais efetivos que outras
medidas adotáveis no caso específico das salas de aula numerosas.
36
Por serem considerados diferentes os alunos com necessidades educacionais
especiais são alvo do preconceito, porém como observado nos relatos nota-se que as
crianças ao conviver com o “diferente” passa a respeitar as diferenças e o preconceito é
quebrado como podemos perceber no seguinte relato:
"Eu trabalhei em uma escola particular 10 anos e um dia o aluno disse assim
pra mim” Professora você não se zanga com o que eu vou te dizer?, então eu
disse não ele continuou e disse “eu amo a senhora, mas eu tinha tanto medo de
negro” você entendeu? Era a visão que ele tinha antes, porque ele não tinha
convivência".
Na pergunta sobre a formação dos profissionais, todos responderam que esta é
insuficiente e alguns percebem a necessidade da educação continuada. Muitos relatos
foram sobre o tempo em que o profissional foi formado e o tempo que a inclusão vem
sendo abordada, essa é uma barreira que podemos quebrar, buscando cursos que lhes
assegurem conteúdos voltados para a inclusão, e então oferecer a todos os alunos um
ensino de qualidade, mas segundo a entrevistada D:
“...Cada profissional na sua área tem que ter competência e não é um professor
ganhando o salário que irá sair seu horário de serviço para fazer um curso de
libras, de braille ou qualquer outro tipo de curso".
Então além de melhoramos a educação desses profissionais, cabe ao governo
valorizar financeiramente esses profissionais para que haja um incentivo. A questão
sobre a formação continuada é ao meu ver uma grande barreira, se na formação dos
professores ocorresse uma formação continuada muitos profissionais iriam começar ter
uma nova visão em relação a educação para todos os alunos.
37
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o presente trabalho foi possível concluir que para ocorrer a inclusão escolar
ainda são necessárias muitas mudanças nas escolas para proporcionar aos alunos com
necessidades
educacionais
especiais
uma
aprendizagem
de
qualidade,
e
independentemente da dificuldade possam ter oportunidades adequadas de ensino e
que sua inclusão não seja apenas uma integração física ou social, mas sim relacionada
a aprendizagem.
A partir da dificuldade do aluno é necessário rever as barreiras para que o
processo de ensino e aprendizagem ocorra efetivamente sem discriminação devido às
diferenças.
Com os dados das entrevistas foi possivel observar o reconhecimento das
barreiras como: o número de alunos na sala de aula; a falta de apoio familiar; a
disponibilização de materiais didáticos; associados à deficiência; a arquitetônica; a falta
de especialista; e o preconceito.
Deve-se melhorar a qualidade da formação dos profissionais da educação para
que possam obter mais conhecimento de como realizar a inclusão do aluno com
necessidades educacionais especias na classe regular, para que o primeiro contato
com a inclusão escolar não seja apenas na prática profissional.
O conjunto destes formam lacunas para que efetivamente aconteça a educação
dos alunos com necessidades educacionais especiais na classe regular.
38
REFERÊNCIAS
AMARAL, L. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças físicas, preconceitos
e sua superação. In: AQUINO, J.G. (Org.). Diferenças e preconceitos. São Paulo:
Summus, 1998. p.11-30.
AINSCOW, Mel. O processo de desenvolvimento de práticas mais inclusivas em sala de
aula. In Simpósio “Improving the Quality of Education for All”. Cardiff: British Education
Research Association, Setembro de 2000.
CARVALHO, R. E. Educação inclusiva com os pingos nos “is”. Porto alegre: Mediação,
2006.
CARVALHO, R. E. Removendo barreiras para a aprendizagem. Porto alegre: Mediação,
2007.
JANNUZZI, G. A educação do deficiente no Brasil dos primórdios ao início do século
XXI. São Paulo: Autores Associados, 2004.
KERN, E. A inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais no ensino
regular. In: RIES, B.E.; RODRIGUES, E.W. (Org.). Pisicologia e educação: fundamentos
e reflexos. Porto Alegre: PUCRS, 2004. p. 201-222.
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo:
Moderna
MANTOAN, M. T. E.; PRIETRO, R. G. Inclusão escolar: pontos e contrapontos. São
Paulo: Summus, 2006
STAINBACK, W.; STAINBACK, S.; STEFANICH, G.; ALPER, S. A aprendizagem nas
escolas inclusivas: e o curriculo? In: STAINBACK, W.; STAINBACK, S. Inclusão: um
guia para educadores. Porto Alegre: Artmed, 1999.
39
STAINBACK, W.; STAINBACK, S. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre:
Artmed, 1999.
Divulgação censo 2010 final. Disponivel em: < http://portal.mec.gov.br >. Acesso em:
04/maio/2011
Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Disponivel em:
<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em 25/abril/2011 as 18:23.
UNESCO. Declaração de Salamanca. Disponivel em:
<http://pt.scribd.com/doc/46436833/Declaracao-de-Salamanca-UA>.
23/abril/2011 as 01:34.
Acesso
em
40
8. APÊNDICE A – ENTREVISTAS TRANSCRITAS
8.1 Entrevista com a coordenadora da escola particular (Entrevista A)

O que você entende por inclusão escolar?
A inclusão escolar é colocarmos alunos que tenham algum tipo de dificuldade
mais acentuada, juntamente numa sala com alunos que não apresentam tais
dificuldades, trabalhando de modo que eles sejam aceitos e que eles tenham as
mesmas regalias e oportunidades que os demais alunos possuem.

O que mais a intriga ao pensar na inclusão escolar?
Me intriga sim que nem sempre as escolas estão preparadas para inclusão,
principalmente as escolas públicas, tenho conhecimento de colegas que trabalham em
escolas, onde tem alunos com deficiências graves junto com outros alunos que não
apresentam essas deficiências e não é feito nenhum trabalho para que esse aluno
realmente possa crescer e conviver junto aos demais, então a inclusão é preocupante
nesse sentido, por que determinadas crianças precisam de uma atenção especial e a
escola precisa estar preparada para isso.

Em sua formação acadêmica, houve alguma oportunidade de aprender sobre educação
inclusiva?
Não tive oportunidade nem na formação nem no ambiente de trabalho, já
trabalhei com alunos com determinadas necessidades, mas que não chegava a ser
algum tipo de inclusão.
41

Você já trabalhou com algum aluno com necessidade educacional especial? Qual tipo
de deficiência ou condição?
Com dificuldades de aprendizado, déficit de atenção, mas era um caso mais
leve.

O que a escola pode oferecer para ter uma educação de qualidade para todos os
alunos?
Primeiramente profissionais competentes, que tenham uma formação adequada,
porque infelizmente hoje e dia com tantas faculdades “fundo de quintal” o profissional
acaba não tendo formação nenhuma, e vão para uma sala de aula, para uma escola, e
sem uma boa orientação e uma coordenação pedagógica eles vão fazer coisas
absurdas e o maior prejudicado é a criança. E também que tenha uma reciclagem dos
professores.

Qual outra barreira além da profissional?
O espaço físico da escola, que não estando preparada para uma deficiência
visual, e receber cadeirantes também nem todas as escolas possuem esse espaço
físico.
A proposta pedagógica é voltada para alunos com necessidades especiais?
Não temos nada direcionado em nossa proposta para esses alunos, mas lógico que
iremos recebê-lo e oferecer condição de estudo e acompanhamento.

Na escola há algum caso?
42
Não, não temos. No terceiro ano do ensino médio temos um aluno, mas não é
um caso gritante para que tenha um preparo especial.
Há algum profissional especializado?
Não, que eu saiba não.
43
8.2 Entrevista com a diretora da escola estadual (Entrevista B)

O que você entende sobre a inclusão escolar?
O que eu entendo sobre inclusão escolar? O que eu entendo não vai bater com
que o governo pensa sobre a inclusão escolar. Para o governo a inclusão escolar é
colocar junto com as crianças “pseudonormais” a criança com deficiência, seja ela
física, mental para ela socializar. Pra mim a 30 anos no estado, não é esse tipo de
socialização que eu estou vendo no meio de inclusão, o que estou vendo é uma
exclusão muito mais feia e muito mais triste, porque a criança com problema ela não
socializa com o restante ela fica a parte e o professor não tem condição de dar a ela a
atenção necessária.

Quais são essas barreiras você acha que são encontradas pelos professores
para atender essas crianças?
Primeiro eu acho que o professor não é formado para trabalhar com crianças
com necessidades especiais, dependendo do tipo de necessidade especial, eu digo,
por exemplo, uma deficiência mental severa, onde está a formação do professor para
atender uma criança com deficiência mental severa?

Você acha que esse problema vem apenas do professor?
Não, não vem do professor. O problema vem de cima, você recebe e diz que
está sendo incluída essa criança. Não são todas as deficiências, geralmente as
44
mentais, você pode ter um paraplégico e acompanhar muito bem, pois o problema dele
é motor, então o que precisa que o estado forneça rampa, portões adequado, banheiro
adequado, que também não tem! Mas é o que deve ter para o cadeirante, mas a
determinadas coisas que acho que só um especialista tem condição de atender.
Pessoalmente eu acho que a criança tem que socializar, conviver com crianças
ditas normais, desde que ela não vá servir de um quadro triste e lamentável e no lugar
de incluir acabar excluindo.

Na escola há algum caso de inclusão escolar?
Nos temos uma aluna que eu acho que nesse caso é um deficiência severa, é
uma aluna, mas nesse caso é o contrário, ela que não se socializa, não sussega (risos).
Mas continuo achando que não há estrutura necessária para recebermos esses alunos.

O que mais a intriga ao pensar na inclusão escolar?
Quando você imagina inclusão, você imagina uma inclusão que traga para o seio
da escola a criança com a diferença e essa é incluída na escola e que ela seja tratada
igual e diferentemente. Agora se é inclusão onde todos os alunos tem um segmento
que ninguém tem o segmento igualzinho, mas que todos os alunos tenham mais ou
menos um segmento igual. Tanto é que o currículo nacional agora é único, então estou
tratando diferentes e iguais sim! Se eu tenho o mesmo currículo pra você, se sua
universidade tem que ser igualzinha da minha, estamos tratando como iguais. Mesmo
que entrasse alguém “não igual” existe inclusão acadêmica numa universidade? Acho
45
que depende muito do tipo de deficiência, com o caso de um paraplégico eu acho
válido, pois esse ira participar, o que eu não acho justo é uma inclusão que vai excluir.

Quais são as principais barreiras que existem na escolar?
Profissionais hábitos, espaço, menos alunos.
Seria uma barreira o fato de muitos professores terem ser formado a muito
tempo?
Na verdade os profissionais atuais são muito mais fracos do que os antigos. Eu
que o diga, pois tenho muitos novos aqui e esses não conseguem segurar uma sala de
quinta série parece que tem medo de aluno, então acho que é da real competência do
profissional.

Em sua formação acadêmica, houve alguma oportunidade de aprender sobre
educação inclusiva?
Eu fiz didática para nível superior, sou graduada em história e fiz administração e
supervisão escolar, em nenhuma dessas me dá aptidão de cuidar de determinadas
deficiências. Eu gostaria de fazer agora um curso de libra, pois não consigo me
comunicar com surdo-mudo. Cada profissional na sua área tem que ter competência e
não é um professor ganhando o salário que irá sair do seu horário de serviço para fazer
um curso de libras, de braile ou qualquer outro tipo de curso.

Como pode ser possível que as escolas ofereçam educação de qualidade para
todos os alunos indistintamente?
46
É aonde nos chegamos espaço e profissionais competentes e investimento, pois
tudo isso custa dinheiro.

Já trabalhou com algum aluno, sem ser apenas uma deficiência física?
Aqui nos temos um aluno que possui paralisia nos membros inferiores ele não
anda, mas em contrapartida ele é um bom aluno, além de ser um bom aluno a sala
desde que ele entrou foi sempre muito bem aceito, não sei se é devido à personalidade
dele, não sei se a gente consegui de alguma forma conscientizar, mas é um grupo que
tem um grande respeito por ele. Ele é um aluno que não tem problema com os outros
alunos não, o aluno vai buscar merenda pra ele sem ninguém pedir para que o aluno
faça isso. Eles possuem um cuidado com esse aluno, não gera constrangimento. Esse
aluno não tem problema de disciplina e nem de aprendizagem, tem dificuldade, mas
não uma preocupação maior do que os alunos “normais”, ele quando tira uma nota
vermelha e achava que não merecia essa nota, ele te pertuba até decobrir o que
aconteceu para poder entender o que era errado e o que não era.

Você acha que a convivência com alunos com necessidades especiais elimina o
preconceito?
Acho que elimina sim, a convivência faz com que você diminua aquela visão,
isso sim é algo bastante favorável.
Eu trabalhei em uma escola particular 10 anos e um dia o aluno disse assim pra
mim “Professora você não se zanga com o que eu vou te dizer?”, então eu disse não
ele continuou e disse” eu amo a senhora, mas eu tinha tanto medo de negro” você
47
entendeu? Era a visão que ele tinha antes, porque ele não tinha convivência. Que eu
saiba esse aluno nunca sofreu nenhuma discriminação aqui na escola e ele já está
terminando o terceiro colegial, todos nos brincamos com ele, como por exemplo,
dizendo que ele vai pular o muro e ele responde na brincadeira também como: “quem
me dera”, pedindo pra ele correr todo mundo brinca com ele, ele não tem nenhum
problema com discriminação não.
Temos uma aluna que o problema é com ela, o laudo dela diz que ela tem a
síndrome do alcoolismo fetal, ela tem umas crises muito pavorosas, mas ela eu já não
acho que está bem incluída, acho que ela deveria (acho porque eu não sou profissional)
estar em uma escola profissionalizante, a cabeça não vai aprender, foi para a 8ª série
agora, porque a progressão continuada promove o aluno, mas você sabe que ela não
tem essa condição. São quatro irmão todos possuem essa dificuldade, mas ela além da
dificuldade ela tem o problema da disciplina, os irmão dela possuem defasagem de
aprendizagem e não são indisciplinados, desrespeitoso, nada disso. Mas eu acho que
essa aluna sendo colocada em uma escola profissionalizante ela se daria bem.
E temos também duas alunas com baixa visão, mas nos temos nossa pcop de
necessidades especiais, então mandamos relatório sobre, manda material ampliado,
régua, é fornecido. Então acho que em relação ao material didático estamos nos
preparando, a prefeitura encontra-se um pouco na nossa frente. Por incrível que pareça
você vai encontrar empecilho da família ela não aceita, aqui de uma aluna que seu pai
é cego, ela possui baixa visão, mas sua mãe não queria que ela usasse o material
especializado para sua filha não sentir-se envergonhada diante dos colegas, ela
sempre diz que o óculos está quebrado, ela usa óculos fundo de garrafa, ela não
enxerga na lousa, ela chora muito quando é chamada aqui, por incrível que pareça ela
48
tem um pai cego e hiperindependente, ela não depende de ninguém, ele é líder de uma
ONG é uma pessoa que não se deixa levar pela deficiência, e mesmo ela tendo esse
exemplo, ela sofre de complexo, mas acho que a mãe tem muita preocupação do que
os coleguinhas vão dizer pra ela, então por já ter o complexo fica difícil. A família é uma
grande barreira principalmente quando não aceita, porque se aceita vai tratar, cuidar,
vai verificar no que pode ajudar, mas quando não aceita e complicado assim como uma
aluna que possui muitas deficiências relacionadas a dificuldades e o pai dela não aceita
nem ele levar ao médico para trazer um laudo pra gente e ele dizer que ela não tem
nada e então vai passando pela progressão continuada, ela possui muita dificuldade de
aprendizagem, ela foi alfabetizada na 6ª série por uma professora nossa de geografia,
quando viu que ela estava na 5ª série, e você não pode passar o aluno para trás,
resolveu por conta própria alfabetizar é um processo de estrutura, mais recursos
humanos e materiais e falta também recurso físico, espaço que aqui, por exemplo, não
tem, para nosso aluno foi criado uma rampa, mas não temos um banheiro
especializado, é complicado.
49
8.3 Entrevista com a coordenadora da escola municipal (Entrevista C)

O que você entende sobre a inclusão escolar?
Na verdade a inclusão escolar na escola pública vem perante uma lei
Nos temos mais ou menos 30 alunos de inclusão, com necessidades especiais,
desde transtorno global de desenvolvimento, até crianças que tem problemas físicos:
neurológicos, cadeirantes, autistas. Nos sentimos falta de mais funcionários na linha de
auxiliar da vida escolar, para o aluno que: não come sozinho; tem necessidade de
organização em determinado material, para o aluno que não tem concentração de
manter o material dele sempre organizado. E o professor sozinho em uma sala com 35
alunos, e com dois alunos desse porte na sala de aula ele não da conta.
Quando chega na quinta-série a coisa fica pior ainda, porque fragmenta oito
professores, seis todos os dias, no qual o aluno vai ter que ter essa rotina de trabalho.
Por exemplo, nos temos alunos autistas que é uma dificuldade muito grande para os
professores, então nos fazemos várias adaptações, trabalhamos em cima disso, mas é
uma dificuldade. Então hoje nos contamos com o AVE (assistente da vida escolar) que
não tem nada a ver com a parte pedagógica, que é cuidador mesmo e também
contamos com uma estagiária que faz todos os alunos com necessidades especiais do
período da manhã, essa sim fica na sala de aula auxiliando eles nas atividades.

Há professores especializado nessa área?
Não temos, temos os professores especialistas em suas áreas, mas não temos
especialista em inclusão. Também já é uma coisa que é uma grande dificuldade,
50
porque não temos nenhum referencial. No ciclo I, de primeira a quarta série, nos temos
um referencial, existe um documento que dá a você uma clareza do que você pode ser
trabalhado, de que forma se avalia, de que forma você trabalha com esse aluno.
Quando isso vem para o ciclo II não existe esse material, o professor acaba fazendo
adaptações em cima da vivência, de capacitações e formações por conta própria, ele
não tem um referencial para ele seguir.

Você acha que os professores estão dando conta disso?
De forma alguma de jeito nenhuma.

Você acha que acaba ocorrendo uma exclusão no lugar da inclusão?
Eu não digo excluindo, mas, o progresso na aprendizagem é bem grande, acho
que a questão de excluir seria excluir da aprendizagem, não a exclusão do aluno com
os colegas de sala. Porque o professor não tem uma formação, isso vem acontecendo
em 2008 mais fervorosamente em 2009. De 2008 vem se fazendo o assunto sobre a
inclusão, e esses alunos vem aparecendo na escola, e é tudo muito novo e então está
tudo no processo.

Em sua formação acadêmica, houve alguma oportunidade de aprender sobre
educação inclusiva?
Sou professora de matemática, quanto professora de matemática na época eu
não tive nenhum já os que eu tive eu que fui à procura, agora como coordenadora
51
pedagógica minha segunda faculdade, essa sim nos temos todo um preparo, toda uma
formação e a rede ela te dá bastante formação em cima disso, ela tem uma formação
bastante rigorosa em cima do formador (que sou eu) que tenho que informar os meus
professores, pra gente poder lidar com esse assunto.

O que as escolas podem oferecer para que haja uma educação de qualidade
para todos os alunos indistintamente?
Quanto a material nenhum porque nos temos tudo aqui, temos caderno de apoio,
livros didáticos de ótima qualidade. Eu acho que o que mais precisa é uma
conscientização da comunidade da progressão continuada. O que é uma progressão
continuada? E por que esse aluno dentro do módulo tem que passar pelo processo de
aprendizagem sem ser apenas uma responsabilidade da escola. Você entendeu? Eu
acho que faz parte do meu papel conscientizar esse pai de que ele tem que ter algumas
rotinas de trabalho tanto dentro da escola como fora da escola. Eu também acredito
que a escola pública, ela oferece hoje salas com 35 alunos e acho que esse é um
número
muito
grande
perto
do
desafio
que
tem em trabalhar
com uma
heterogeneidade, pois nos temos no mínimo dois alunos de inclusão e temos, por
exemplo, dois ou três alunos que não são inclusão não são NE, mas possuem
transtornos como hiperatividade ou uma certa dificuldade na aprendizagem, até
culturalmente porque não tem toda essa bagagem cultural da família, então aqui ele vai
querer requerer tudo, tudo é dentro da escola. Então eu acho que o número de alunos
hoje, é uma coisa que temos que repensar para a qualidade de ensino. Formação de
professor nem pensar tudo, tudo de bom. A prefeitura tem uma hora e meia de
52
formação diária durante quatro dias, mas eu acho que isso ainda é muito pouco perto
do trabalho que nos temos que fazer. Eu costumo falar para os professores que a
escola pública ela fez um grande pecado, pois antigamente a escola pública na minha
idade, um pouco antes da minha idade por que eu não peguei o exame de admissão,
mas existia um exame de admissão que quem fazia parte da escola pública eram
aqueles alunos que passavam na admissão e eram os bons alunos, e os alunos que
não conseguiam isso iam para a escola particular, hoje nos abrimos as portas para
receber todos os alunos independente se eles tinham feito exame de admissão, então o
que acabou acontecendo foi que os alunos entraram por uma porta e a qualidade de
ensino saiu pela outra. Então foi um grande pecado, porque nos não preparamos os
professores que estavam ali e muitos ainda estão na rede ou foram formados por esse
mesmo modelo de só dar aula para aquela “elite” que realmente é capaz de aprender,
acho que isso é um grande nó da escola pública hoje, porque nos temos alunos que
não tem esse perfil da elite e que estão aqui para aprender.

Mas como você definiria o aluno capaz de aprender?
Por exemplo, quando você tem uma prova para entra na faculdade como a USP,
você concorda que foi excluído uma série de pessoas? E você só estará com aquele
elite e você só está acostumado a trabalhar com aquele tipo de pessoa então quando
eu não tenho uma seleção de alunos eu recebo os alunos que tem os pré requisitos e
os que não possuem os pré requisitos. Então acabamos tendo um perfil de escola e
temos um perfil diferente de professores. São no mínimo 25 anos que um professor fica
dentro de uma escola e durante esses 25 anos se ela não teve uma formação e ele foi
53
formado, não é nem culpa dele, porque ele foi formado dessa forma, formado em um
modelo tecnicista então acaba dando aula do jeito que ele foi formado. Então se não
tiver um leque pra pensar: não hoje eu não trabalho com esse tipo de aluno eu preciso
diversificar minha prática, hoje nos pensamos muito em mudanças de prática é
exatamente isso.
Mudar é o problema.
E fazer com que a mudança aconteça é um problema, e acho que isso não é
uma coisa que aconteça em um prazo de um ano de dois anos acho que nem de dez
anos, por exemplo, a LDB fez 10 anos agora, grandes coisas nos já conquistamos, mas
a aprendizagem que é o mais importante que era o foco!?
Nos temos em media 30 anos alunos, a escola pública tem uma sala que se
chama SAAE (sala de apoio as crianças com déficits de inteligência) que são
agrupados desde casos com síndrome de down ou crianças que apresentam algum
retardamento mental, crianças que possuem problemas de modalidade (não escreve
porque ainda apresenta ainda alguma objeção física) então você recebe de tudo dentro
dessa sala. Essa sala aqui na escola bombou muito em 2008 tivemos um trabalho
bacana, mas, já fazem dois anos que estamos sem especialistas na área, para
podermos colocamos nessas salas, porque o professor precisa ter um perfil específico,
eu, por exemplo, não posso assumir essa sala, poderia se eu fizesse um curso que é
dado dentro da rede todo específico. Depois temos esses alunos mais ou menos 19,
pois dentro desses 30 mesmo alunos com alguma necessidade especial, temos, por
exemplo, alunos, mas perfeitamente acompanham, temos alunos que possui um grau
de hiperatividade muito grande, mas dentro da sala de aula ele acompanha então esses
alunos formam esses outros que irão formar 30 que estão permeando a escola. Então
54
hoje contamos apenas com dois profissionais que ficam dentro da sala de aula, um fica
fora que é o AVE que será responsável por toda essa parte de cuidar como: escovar
dente, como se fosse uma babá e esse profissional tem toda uma preparação de
enfermagem, não que seja formado em enfermagem, mas tem toda uma preparação
para dar um remédio, são esses que lêem as bulas e temos também a estagiária que é
uma moça que faz pedagogia que foi contratada pela rede, ela fica dentro da sala de
aula ajudando o professor nessas situações para a aprendizagem. Eu acho que é muito
pouco para uma escola com tantos alunos.
55
8.4 Entrevista com a professora da escola municipal (Entrevista D)
 O que você entende sobre a inclusão escolar?
A inclusão é... eu acho que agora está maior, pois antes não tinha tantos alunos
de inclusão. Eu acho bom, concordo com a inclusão, apesar de muitos profissionais
serem contra, mas eu concordo porque eu acho que é um direito da criança de conviver
com outros alunos, assim como os outros tem o direito de conviver com crianças com
necessidades especiais acho que tem bastante troca, conviver com o diferente é
importante. Trabalho com crianças com problemas de aprendizagem, e dentro das
turmas eu tenho também alunos de inclusão e eles aprendem cada um no seu ritmo,
mas eles aprendem e vão avançando no ritmo deles e eu adoro trabalhar com eles são
mesmo crianças especiais, eu gosto do trabalho, porque cada avanço que eles tem é
uma conquista e percebo que as outras crianças ficam melhores por conviver com eles
em ver que eles podem aprender como eles, a colaboração a solidariedade que um tem
com o outro é muito bom.
Não há um preconceito, no intervalo os próprios alunos levam os cadeirantes,
levam os lanches para os cadeirantes, às vezes fico aqui em cima só observando o
intervalo deles e eles possuem um grande cuidado, eles buscam, eles avisam os
professores sobre um aluno nosso que é sapeca, ele tem síndrome de down e ele corre
pra lá e pra cá, não fica na fila, entra na fila depois, então os próprios alunos se
preocupam, avisam cuidam colocam na fila. Acho que a criança não possui um
preconceito, acho que é mais da sociedade e do adulto, do que da própria criança. É
mais fácil a criança tirar sarro de uma criança dia normal, mais fácil “chinga-las” do que
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eles tirar sarro de um especial, eu não vejo, pelo menos nas minhas aulas eu nunca
presenciei, pelo contrário eles querem cuidar de poder participar. Eu nunca tive esse
problema de exclusão como: “ah porque é deficiente”, “ah porque é cadeirante” não
tem! Eles cuidam mesmo.
 Quais são as necessidades especiais encontradas nesses alunos?
Tenho alunos que possuem retardo metal, uma aluna com dislexia muito grave,
cadeirantes, para os cadeirantes eu não dou aula a estrutura aqui não tem como, é uma
das barreiras que nos temos , é a barreira arquitetônica que nos chamamos na
realidade a escola não está preparada para receber cadeirantes, devido a estrutura,
pois temos a sala de leitura, de informática que são tudo aqui em cima, então para o
cadeirante participar o professor ou a mãe fica aqui para poder fazer a locomoção
desse aluno. Então a escola aqui não tem estrutura para receber um cadeirante.
 Quais outras barreiras podem ser encontradas?
Número de alunos por sala de aula, porque esse alunos precisam de um
atendimento mais individual, aqui nos temos 35 alunos por sala. Nos temos uma aluno
no primeiro ano e o pai não trouxe o laudo ainda, fala que é hiperatividade, mas vai
além e temos que ficar de olho porque as vezes ele se machuca e machuca o colega e
se deixar ele faz umas artes que é perigosa até pra ele, então é uma preocupação do
alfabetizar os outros alunos e cuidar desse aluno.
O professor que tem alunos especiais tinha que ter menos alunos em sala de
aula, para poder atendê-los mais individualmente, aqui nos temos uma estagiária a AVE
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é uma cuidadora, elas ajudam esses alunos, porque temos alunos que precisam trocar
a fralda, uma cuidadora mesmo. Nos precisamos de mais gente para estar auxiliando
na hora do intervalo.
 E o projeto pedagógico?
A parte do projeto pedagógico envolve a coordenadora ela está trabalhando
bastante para fazer uma adaptação do currículo pro aluno especial. Fundamental I nos
temos mais controle, porque é uma única professora que está ali com aquele aluno com
4 horas, então a adaptação no currículo para esse aluno do fundamental I eu acho que
ele acontece mais do que no fundamental II, porque a cada 45 minutos eles trocam de
professor então eu acho mais difícil para o aluno de fundamental II.

O que mais a intriga ao pensar sobre a inclusão escolar?
É que agora estou em uma turma de menos alunos, então eu consigo dar esse
atendimento individual, mas quando eu estava em sala de aula, porque meu projeto é
diferenciado de uma sala de aula tenho de 10 a 15 alunos eu consigo atender melhor,
mas o que me intrigava dentro da sala de aula é não poder dar aquela atenção que
aquele aluno precisa para ele poder avançar, porque um aluno com necessidades
especiais, não físico, um cadeirante ele acompanha tudo direitinho, mas tem aluno que
a gente precisa muito sentar trabalhar de forma diferenciada com jogos, um alfabeto
móvel e dentro da sala de aula nos não temos esse tempo o que me deixava bem
chateada de ver que aquele aluno poderia estar avançando mais eu não tinha
condições de estar sentada ali do lado dele porque ele tem essa aula se chama SAAIA,
58
projeto também da prefeitura, mas faltam especialistas na área, sala de apoio, agora eu
não lembro o nome da sigla, tinha professora que fazia atendimento só para alunos
com alunos especiais fora do horário de aula, mas já tem dois anos que a escola ta sem
professor porque não tem professor especializado, está difícil de achar professor para
essa turma. Esses alunos do SAAIA vem antes do horário de aula. ..... eles também
vem fora do horário de aula, a gente não tira o aluno da sala de aula e o Saaia é a
mesma coisa, são turmas de dois, três, se a professora achar melhor seja uma turma
de um, que é o caso que a gente tinha um aluno com autismo, então ele era atendido
sozinho. Nos estamos lutando faz uns dois anos atrás de professor. A professora saiu
foi trabalhar na coordenadoria e até hoje não conseguimos um profissional nessa área.

Em sua formação acadêmica, houve alguma oportunidade de aprender sobre
educação inclusiva?
Tive, eu fiz um magistério só que na época a inclusão não era tão falada, mas
depois quando fiz a faculdade de pedagogia sim, e eu já dava aula.
Como pode ser possível que as escolas ofereçam educação de qualidade para
todos os alunos sem essa diferença do “normal” e do especial?
Acho que a escola, pelo menos aqui, ela já oferece, acho que a escola está com
a porta aberta mesmo. Não sei as outras, mas aqui acho que já estamos fazendo isso.
Acho que a escola púbica tem que atender sim e não são poucos casos nos temos
muitos casos. Uma barreira que a escola no geral tem é a falta de documento, de laudo,
pois nos sabemos que aquele aluno é especial, mas raramente chega um papel de uma
equipe médica, dizendo é isso é aquilo, com o laudo nos podemos ver o que melhorar,
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qual seria o melhor atendimento para essa criança, essa troca entre médicos e
professor não ocorre é muito difícil. Até porque o pai não tem condições muitas vezes
de ter tempo de ir a um hospital público ou ir e não ser atendido. Por exemplo, nos
temos um caso que não podemos dizer que o aluno é autista porque não somos
profissionais da saúde pra dizer “Ah o menino é autista!”, mas a experiência que nos
temos com os alunos, pois já trabalhamos com outros autistas, as características é de
uma criança autista. O aluno já está na 6ª série e até hoje a mãe não trouxe um laudo.
A escola á chamou já conversou para poder ajudar o aluno, a mãe não aceita, a família
é uma barreira porque muitas às vezes não é nem por ele é pela condição que vivem
por não ter condição de pagar um plano de saúde, então depende do posto de saúde ai
demora muito ou não acontece muitos casos de NE nos não temos um laudo, então
identificamos esses alunos pelas características, a dificuldade da aprendizagem.
Acadêmico não, quando eu fiz minha faculdade eu estudei sobre a inclusão, mas
muitos professores já estudaram a muitos anos atrás, quando a inclusão não era nem
discutida, então a gente faz mesmo de acordo com nosso dia-a-dia, pelo que sabemos
o que estudamos, pois nos temos um horário fora de aula nos temos um horário de
discussões, por exemplo, eu entro meio dia fico até uma e meia discutindo o que fazer
com aqueles alunos como melhorar, então nos já estudamos bastante sobre a inclusão,
fazia parte do nosso projeto pedagógico, esse ano não mais, mas tudo acaba na
inclusão, ano passado o projeto pedagógico foi bem voltado para a inclusão, então
eram textos relacionados, matérias, foi bem voltado porque nos temos muitos casos
aqui, então não tem como fugir.
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 E o material didático?
É uma barreira, porque nos não temos, tem o que a escola compra, a gente vai
se virando, mas não tem um material próprio para aquele aluno, na hora da avaliação
externa não vem uma avaliação pro nível daquele aluno especial, então a avaliação
deles acaba sendo no nível da sala, então o material também é uma barreira.
Aqui nos temos muitos casos, muitos casos mesmo. Eu trabalho com 7 alunos,
mas tem muito mais. A média por sala eu não tenho essa noção.
Nos indicamos lugares que atendem esses alunos, muitas vezes não tem
retorno, a família não leva, por falta de condições financeiras, muitas vezes não tem
dinheiro pra pagar uma condução, o governo podia ajudar essas famílias, o tratamento,
dinheiro para levar essas crianças ao médico e não tem essas famílias também estão
abandonadas. Nos com convênio levamos meses para conseguir uma consulta imagina
essa mãe que precisa trabalhar e não tem uma pessoa que acompanhe essa criança,
consegue uma consulta para daqui dois meses que não sabe se estará trabalhando se
terá alguém que leve é muito complicado, eles não tem culpa também, mas a criança
que tem o atendimento nos percebemos a diferença na sala de aula. Eu acho que o
governo deveria dar um salário, mas acho que deve ter um salário para ajudar as mães,
o problema que a mãe não tem um laudo.
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Estou ciente do conteúdo da Monografia “A INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS: UMA ANALISE DAS FALAS DE
EDUCADORES”
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Prof. Dr. Adriano Monteiro de Castro
(Orientador – Universidade Presbiteriana Mackenzie)
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Kelly Souza dos Reis
(Aluno – Código de Matrícula 30765676-6)
Trabalho a ser apresentado em: Junho/2011
Download

A Inclusão Escolar de Alunos com Necessidades