GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS E O PAPEL DO PODER PÚBLICO MUNICIPAL: Estudo de caso em Cocal do Sul, SC Os sistemas convencionais de gerenciamento de resíduos sólidos são executados em sua maioria de forma desarticulada, sob responsabilidade, geralmente, do poder público municipal. Os serviços de coleta e transporte não atendem a totalidade dos habitantes e quando atendem, não são adotadas técnicas de tratamento como a reciclagem ou compostagem, as quais reduziriam a quantidade de resíduos sólidos destinada aos aterros sanitários. Tais problemas são observados, principalmente, em municípios de pequeno porte, desprovidos de recursos técnicos, operacionais e financeiros suficientes e adequados, para a execução de modelos de gerenciamento integrado. A partir da realização da pesquisa, buscou-se apontar diretrizes para a elaboração do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos (PGIRSU) no município de Cocal do Sul, com base nas exigências da Política Estadual de Resíduos Sólidos. Quanto aos procedimentos metodológicos, além do levantamento de referências relacionadas à proposta do trabalho, as quais contemplassem a temática em questão, fez-se uso da Metodologia de Análise e Solução de Problemas (MASP), que segundo Monteiro (2001, p. 161) consiste na elaboração da árvore de causa-efeito. Dessa forma, por meio do detalhamento do problema, foi possível visualizar mais claramente as causas e, por conseguinte, apontar alternativas e soluções que de fato contribuissem para o alcance da situação inversa: a eficiência no gerenciamento de resíduos sólidos. Baseado nos objetivos do trabalho trata-se, portanto, de uma pesquisa exploratória descritiva, cuja abordagem se dá quantitativa e qualitativamente, na forma de estudo de caso. Uma vez realizado o diagnóstico do serviço de limpeza urbana e da caracterização quantitativa e qualitativa dos resíduos sólidos urbanos, percebeu-se uma série de dificuldades ao longo de toda a cadeia de eliminação, provenientes do problema central de estudo. Logo, através da aplicação da Metodologia de Análise e Solução de Alternativas e Problemas (MASP), foram levantadas as deficiências e paralelamente, alternativas de melhorias, dentre as quais, a necessidade imprescindível de planejamento e execução de um programa de coleta seletiva, cuja implementação é possível somente mediante elaboração de um programa de educação ambiental participativo e crítico, bem como, da segregação na fonte geradora. Todavia, o gerenciamento não é responsabilidade somente do poder público, pois há a necessidade do envolvimento de toda a sociedade como fomentadora do processo. A participação ativa e cooperativa do primeiro, segundo e terceiro setor é essencial na operacionalização de todo o sistema. Contudo, fica evidente o descomprometimento dos vários setores da sociedade, especialmente, do poder público municipal, a quem compete a responsabilidade pelo serviço de limpeza urbana. Talvez a possibilidade de descontinuidade política não sirva de motivação para a elaboração de políticas públicas voltadas à temática em questão. Outros fatores que também dificultam a reversão desse quadro caracterizam-se pela aplicação de projetos inexequíveis que desconsideram a realidade socioeconômica local. Em suma, é possível afirmar que o município de Cocal do Sul está deixando de ganhar ambiental, social e economicamente quando encaminha a totalidade dos seus resíduos ao aterro sanitário. Não se pode pensar que a destinação final é a forma mais apropriada de se livrar dos resíduos. Afinal, preliminarmente, existem diversas técnicas de tratamento que garantem a reintrodução desses ao ambiente e consequentemente, a redução de muitos impactos. Além disso, os dispêndios mensais com o serviço de coleta, transporte e destinação final são bastante elevados, justificando a substituição do modelo atual, deficiente e ineficaz, por uma alternativa de gerenciamento, na qual os efeitos ambientais, sociais e econômicos são positivos, a médio e longo prazo. Palavras-chave: Gerenciamento Integrado; Resíduos Sólidos; MASP; Políticas Públicas. FERREIRA, J. A. Resíduos Sólidos: perspectivas atuais. In: SISINNO, C, L. S; OLIVEIRA, R. M. de (Org.). Resíduos Sólidos, Ambiente e Saúde. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2000. p. 19-40. JARDIM, N. S. et al. Gerenciamento Integrado de Lixo Municipal. In. D’ALMEIDA, Maria Luiza Otero de; VILHENA, André. Lixo Municipal: manual de gerenciamento integrado. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), e Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE), 2000. p. 3-25. MONTEIRO, T. C. N. (Coord.). Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Municipais e Impacto Ambiental: Guia para Preparação, Avaliação e Gestão de Projetos de Resíduos Sólidos Residenciais. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2001. 417 p. PEREIRA NETO, T. J. Gerenciamento de Resíduos Sólidos em Municípios de Pequeno Porte. Ciência & Ambiente, Universidade Federal de Santa Maria, RS: UFSM, v. 1, n. 18, p. 41-52, jan./jun. 1999. ZANTA, V. M; FERREIRA, C. F. A; Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos. In: CASTILHOS JÚNIOR, A. B. et al (Org.). Resíduos sólidos urbanos: aterro sustentável para municípios de pequeno porte. 1. ed. São Carlos – SP: Rima Artes e Textos, 2003. p. 1-18.